Resumo Karl Polanyi

4
4. Atores sociais, instituições e desenvolvimento rural: um “duplo movimento” em curso Dentre as principais idéias no que se refere à contribuição dos estudos de Polanyi entre outros estudiosos policy makers está o da construção do desenvolvimento rural, que vez sendo discutido como referencias comuns ao temas como ruralidade, territórios e desenvolvimento, ruralidade entendida como heterogênea e não circunscrita às atividades agrícolas; já os territórios são espaços adequados para se pensar a articulação entre escalas regionais e locais e a globalização; e em relação ao desenvolvimento precisa ser levando em consideração não apenas questões econômicas, tecnológicas e produtivas, mas também culturais e ambientais, além desse temas em comuns deve-se considerar que a mudança é um processo lento, que precisa trazer efeitos práticos como melhorar a renda e a qualidade de vida, mas também incidir sobre a mentalidade das pessoas envolvidas e ser capaz de ser assimilado pelas instituições. Refletido sobre a idéia de Polanyi sobre o papel dos atores sociais no desenvolvimento rural, compreendendo-o como um “processo instituído” de mudança social, para ele tais medidas são adotadas pela sociedade para não sucumbir diante do mercado autorregulável, de modo que sua dúvida central consiste em entender “as origens política e econômica desse acontecimento, bem como com a grande transformação que daí decorreu”. A teoria polanyiana do contramovimento, que reforça o papel do Estado na linha da defesa da sociedade e do meio ambiente frente ao ciclo do capitalismo de mercado, parte do argumento da necessidade de desincrustar as relações sociais subordinadas à economia, como é o caso da reação à conversão do ser humano e da natureza como puras “commodities”, pilar do mercado autorregulável. (Dutra, acessado 2015) A exemplo disto o processo de globalização, sobre a consolidação do mercado mundial, que promove uma nova divisão internacional e territorial do trabalho, e que causa impactos nas áreas rurais, tornando-as cada vez mais abertas e interconectadas com as dinâmicas tecnológicas, mercantis e político- institucionais do capitalismo contemporâneo. Esses processos vêm ampliando

description

Resumo do Artigo SCHNEIDER, Sergio & ESCHER, Fabiano. A contribuição de Karl Polanyi para a sociologia do desenvolvimento rural. Sociologias, n.27, p. 180-219, 2011.

Transcript of Resumo Karl Polanyi

Page 1: Resumo Karl Polanyi

4. Atores sociais, instituições e desenvolvimento rural: um “duplo

movimento” em curso

Dentre as principais idéias no que se refere à contribuição dos estudos

de Polanyi entre outros estudiosos policy makers está o da construção do

desenvolvimento rural, que vez sendo discutido como referencias comuns ao

temas como ruralidade, territórios e desenvolvimento, ruralidade entendida

como heterogênea e não circunscrita às atividades agrícolas; já os territórios

são espaços adequados para se pensar a articulação entre escalas regionais e

locais e a globalização; e em relação ao desenvolvimento precisa ser levando

em consideração não apenas questões econômicas, tecnológicas e produtivas,

mas também culturais e ambientais, além desse temas em comuns deve-se

considerar que a mudança é um processo lento, que precisa trazer efeitos

práticos como melhorar a renda e a qualidade de vida, mas também incidir

sobre a mentalidade das pessoas envolvidas e ser capaz de ser assimilado

pelas instituições.

Refletido sobre a idéia de Polanyi sobre o papel dos atores sociais no

desenvolvimento rural, compreendendo-o como um “processo instituído” de

mudança social, para ele tais medidas são adotadas pela sociedade para não

sucumbir diante do mercado autorregulável, de modo que sua dúvida central

consiste em entender “as origens política e econômica desse acontecimento,

bem como com a grande transformação que daí decorreu”.

A teoria polanyiana do contramovimento, que reforça o papel do Estado

na linha da defesa da sociedade e do meio ambiente frente ao ciclo do

capitalismo de mercado, parte do argumento da necessidade de desincrustar

as relações sociais subordinadas à economia, como é o caso da reação à

conversão do ser humano e da natureza como puras “commodities”, pilar do

mercado autorregulável. (Dutra, acessado 2015)

A exemplo disto o processo de globalização, sobre a consolidação do

mercado mundial, que promove uma nova divisão internacional e territorial do

trabalho, e que causa impactos nas áreas rurais, tornando-as cada vez mais

abertas e interconectadas com as dinâmicas tecnológicas, mercantis e político-

institucionais do capitalismo contemporâneo. Esses processos vêm ampliando

Page 2: Resumo Karl Polanyi

a dependência do meio em relação às forças externas e reduzindo a autonomia

que era mantido em relação á sociedade abrangente, que vem promovendo

uma heterogeneidade social e espacial nas áreas rurais. E se há um

movimento em ação, capitalista e de intercâmbio mercantil na agricultura e no

espaço rural, sem duvidas a outro movimento de contraposição em curso ao

qual Polanyi chama de “contramovimentos”.

Segundo os estudos de Polanyi existe uma crescente preocupação

quando pensamos o desenvolvimento, e ele não deve ser entendido apenas

com resultado das leis da economia política, pela lógica da mercatilização e

dos padrões de acumulação do capital, ou até das políticas dos Estados

nacionais e das agencias multilaterais, mas sim pensando em consonância

com os processos das particularidades dos territórios.

Desta maneira o que apontando pela idéia segundo os estudo feito de Polanyi

é, que a questão do desenvolvimento é mais dialética do que pendular, porque

para ele, os dois princípios têm raízes materiais e sociais que convivem de forma

necessária, permanente e contraditória dentro do capitalismo. Isso que dizer que

há também uma interação dialética entre os agricultores os modelos de agricultura

e sobre as estruturas econômicas hegemônicas que vão produzido padrões

diferenciados e heterogêneos de reprodução social e de dinâmicas territoriais.

Segundo os autores para conseguirmos compreender essas mudanças

estruturais, precisamos entender que parte de um processo bastante complexo é

continuo, na qual envolve a interação entre os atores e as estruturas em que estão

envolvidos. Vem dai a importância da diversidade de inovações sociotécnicas e

institucionais, na qual estabelece práticas locais de trabalho e produção e de

arranjos sociopolíticos territorialmente institucionalizados, possibilitado a

adaptação dos agricultores pela reprodução socioeconômica, ou seja,

considerando as experiências dos atores envolvidos, suas perspectivas,

valores, interesses e procedimentos. Isso representa a resistência das

tendências tecnológicas e institucionais hegemônicas, que vem intervindo e

alterando diretamente os processos de trabalho e produção e, assim, os

próprios espaços de produção e vida.

Para Ploeg (2007), esses fenômenos estão imersos nas práticas

diversas e heterogêneas dos agricultores familiares e camponeses, os quais

buscam defender e criar autonomia e melhores condições de vida como

Page 3: Resumo Karl Polanyi

respostas locais para problemas globais. Tais fenômenos efetivamente

representam aquilo que Polanyi (2000) chama de “contramovimentos”.

Para isso á uma necessidade da desconstrução da idéia do agricultor

enquanto empresário rural que se especializou e que está integrado à lógica do

capital pelo mercado de commodities, como exemplo a ser seguido e copiado,

assim como a desconstrução do pensamento do camponês considerado

autárquico, que vive e apenas produz para a sua subsistência. O desafio

colocado por Polanyi é ainda maior, é o de (re) construção dos processos que

iram garantir a diversidade produtiva e tecnológica, assim com os princípios da

reciprocidade e da redistribuição enraizadas nas relações sociais pela troca e

pela distribuição, no que diz respeito ao dar e receber baseado na premissa de

que se oferece hoje para se ganhar amanhã. (Moura, 2010)

Uma outra importante necessidade são as iniciativas das “cadeias

alimentares curtas” pelas agroindústrias familiar, redes de associação e

cooperação e mecanismos de redistribuição. Segundo Polanyi para garantir

distintas “formas de integração” entre produtores e consumidores entre o papel

das políticas publicas e da atuação do Estado, a exemplo dessas políticas

publicas as redes organizadas de comercio justo e solidário e as políticas de

PAA e PNAE, que estão sendo desenvolvida mesmo em uma economia

capitalista, que somente estão sendo possíveis através dos processos

politicamente orientados e que consideração de padrões de troca e distribuição

mais autônomas, constituídos sobre relações de reciprocidade, de troca

socialmente regulada e de redistribuição. Por isso a importância do movimento

de bens e serviços em direção a centros determinados, e de seu retorno aos

consumidores por meio de mecanismos institucionalizados em dispositivos

coletivos e públicos, articulados entre instâncias do estado e da sociedade civil.

Para Polanyi um elemento de força, e que abre uma nova perspectiva

análise estão ligadas as posições tomada socialmente, sobre política e

economia, que podem resultar em processos de mudança das estruturas

econômicas e políticas que estão na base do ordenamento social. Estes

processos dizem respeito às formas como são organizadas as relações sociais

de troca e distribuição, a divisão do trabalho, as relações de propriedade, a

separação entre consumidores e produtores e o modo de atuação do Estado.

Desta maneira é destacado á importância da matriz institucional que ordena

Page 4: Resumo Karl Polanyi

tanto as relações econômicas entre os homens como os direitos e obrigações

que sancionam os movimentos situacionais de bens e pessoas articulados com

os meios naturais e sociais, ou seja o desenvolvimento rural precisa ser

construído através da ação coletiva, expressa por meio da política, e para

esses processos acontecerem depende da capacidade dos atores sociais de

produzirem “contramovimentos” para a autoproteção do tecido humano, da

natureza externa ao homem e da própria organização do processo econômico.

Para isso o ritmo da mudança muitas vezes não é menos importante do que a

direção da própria mudança; mas enquanto essa última freqüentemente não depende

da nossa vontade, é justamente o ritmo no qual permitimos que a mudança ocorra que

pode depender de nós.(Polanyi, 2000. Pg. 55)

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA:

SCHNEIDER, Sergio & ESCHER, Fabiano. A contribuição de Karl Polanyi para

a sociologia do desenvolvimento rural. Sociologias, n.27, p. 180-219, 2011.

POLANYI, Karl. A Grande Transformação: as origens de nossa época. Rio

de Janeiro, Editora Campus. 2000 – Arquivo em PDF.

Moura, Larissa Geórgia Bráulio. As origens de nossa época na Grande Transformação

de Karl Polanyi – Resenha. Revista de Artes e Humanidade, nº5, Nov-Abr 2010.

Acessado em 08/04/2015.

A TEORIA DO CONTRAMOVIMENTO DE POLANYI E A “VIRADA

ENERGETICA”: POR UMA NOVA “GRANDE TRANSFORMAÇÃO”

http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=e024a97d9de60d7f Acessado

10/04/2015.

Resumo de Livro: Polanyi e A Grande Transformação

http://www.infoescola.com/sociologia/resumo-de-livro-polanyi-e-a-grande-

transformacao/ - Acessado em 08/04/15 ÁS 10:01