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MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO - MAPA

SECRETARIA DE INOVAÇÃO, DESENV. RURAL E IRRIGAÇÃO - SDI

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA - INMET

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RESUMO DOS FORTES VENTOS E TEMPESTADES ASSOCIADOS À FORMAÇÃO

DO CICLONE EXTRATROPICAL E AO DESENVOLVIMENTO DE UMA

“CICLOGÊNESE EXPLOSIVA” OU “CICLONE BOMBA”.

Entre o final da noite de segunda-feira (29/06/20) e a manhã da terça-feira

(30/06/2020), o forte contraste de massas de ar (quente ao norte e fria ao sul), associado à

perturbação dos ventos e deslocamento de cavado atmosférico (área de baixa pressão) em

médios e altos níveis, foram os responsáveis pela formação e rápida intensificação de um

ciclone extratropical (fenômeno comum, sempre associado às frentes frias, e que se forma

tipicamente entre a Argentina/Uruguai, sul do Paraguai, sul do Brasil e costa Atlântica dessas

áreas). Pelo fato da rápida queda da pressão atmosférica em seu centro (maior ou igual do

que 24 Hectopascais – hPa - em 24h) pode ser denominado de ciclogênese explosiva ou

simplesmente ciclone bomba.

(a) (b) (c)

Figura 1: (a) Cartas de pressão atmosférica ao nível do mar, (b) vento e umidade em 500 hPa

(cerca de 5 km de altitude) e (c) temperatura do ar a 2 metros em 30/06/2020 às 00 UTC

ou 21h (horário de Brasília). Fonte: INMET.

A grande questão em relação a esse ciclone é que ele teve uma abrangência muito

maior do que geralmente é registrado, na verdade todo ano há, pelo menos, uma ocorrência

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de um ciclone bomba ou a chamada ciclogênese explosiva (que é o outro nome técnico) com

estas características na costa Atlântica da América do Sul. Neste caso, a grande diferença

foi a abrangência e aonde ele se aprofundou; geralmente ele se aprofunda mais no oceano

e, desta vez, ele se aprofundou intensamente já no continente.

Houve queda extraordinária da pressão atmosférica na região do aeroporto de

Florianópolis, capital de Santa Catarina. A pressão atmosférica caiu exatamente 24 hPa de

um dia para o outro, queda de 1020 hPa para 996 hPa, situação rara. O informe abaixo, a

cada 6 horas, do relatório METAR, mensagem de observações meteorológicas do

Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) em aeródromos, do aeroporto de

Florianópolis (SBFL), em negrito destacado o período de 24h e, em amarelo, os registros de

pressão atmosférica:

SBFL 301900Z 35020KT 9999 FEW030 FEW035TCU 21/18 Q0996

SBFL 301300Z 36005KT 9999 BKN014 20/18 Q1010

SBFL 300700Z 34010KT 9999 -RA BKN014 BKN020 19/18 Q1012 RERA

SBFL 300100Z 35004KT 9999 -DZ SCT005 BKN011 16/16 Q1016

SBFL 291900Z 28002KT 9999 FEW025 BKN040 18/13 Q1020

A Figura 2 apresenta as imagens de satélite entre a manhã do dia 30 de junho e a

noite do dia 01 de julho de 2020. No dia 30 de junho, Figura 2a, observa-se muitas nuvens

no estado do Rio Grande do Sul; nesse horário, o ciclone já estava formado sobre o Rio

Grande do Sul. Os ventos mais intensos ocorreram na tarde e noite de terça-feira

30/06/2020, quando a formação e rápido desenvolvimento do ciclone propiciou o

deslocamento de uma frente fria e fortes áreas e linhas de instabilidade, capazes de

promover ventos destrutivos (alguns destes com possíveis tornados), desde o norte do Rio

Grande do Sul (área de Iraí, Vacaria, Lagoa Vermelha e Muitos Capões, até áreas de Santa

Catarina e do Paraná (Chapecó, Indaial, Balneário Camboriú, Clevelândia) com ventos de

até 120 km/h. Na Figura 2b, na noite do dia 30 (00UTC do dia 01 de julho representa imagem

às 21h do dia 30 de junho), o ciclone já havia se deslocado para leste, em direção ao Oceano

Atlântico. Na manhã do dia 01/07, Figura 2c, o centro do ciclone encontrava-se sobre o

Atlântico, porém sua borda oeste ainda influenciava nas condições de tempo especialmente

no litoral do Rio Grande do Sul. Na madrugada do dia 01/07 (quarta-feira) as rajadas de

vento chegaram a 116 km/h em Santa Vitória do Palmar no extremo sul Gaúcho, quando do

estágio de ciclone maduro produziu fortes ventos em sua borda. A Figura 2d, refente a noite

do dia 01/07, já apresenta o ciclone mais afastado do continente e a frente fria sobre o Rio

de Janeiro.

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(a) 30/06/2020 12UTC (b) 01/07/2020 00UTC

(c) 01/07/2020 12UTC (d) 01/07/2020 1950UTC

Figura 2: Imagens de satélite no canal infravermelho, áreas em tons escuros indicam poucas/sem

nuvens, enquanto que tons laranja-avermelhados indicam pancadas de chuva. Fonte: INMET.

A Figura 3 apresenta a análise do campo de pressão atmosférica e os estágios na

evolução do ciclone. O sistema de baixa pressão atmosférica ou ciclone, é identificado pela

letra “L” (do Inglês, Low Pressure). A Figura 3a apresenta o campo de pressão atmosférica

na manhã do dia 30/6. Nesse horário observa-se o ciclone posicionado entre o Rio Grande

do Sul. Nas Figuras 3b, 3c e 3d é possível acompanhar o deslocamento de oeste para leste

do ciclone, em direção à alto mar, no Oceano Atlântico Sul. Na Figura 3d, referente à noite

do dia 01/07, destaca-se que, com o afastamento do ciclone para alto mar, a sudeste do Rio

Grande do Sul, os ventos perdem força em todas as regiões costeiras. Apenas restam

rajadas no litoral do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, por onde uma frente fria se desloca.

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(a) 30/06/2020 12UTC (b) 01/07/2020 00UTC

(c) 01/07/2020 12UTC (d) 02/07/2020 00UTC

Figura 3: Análise da pressão atmosférica e os estágios na evolução do ciclone bomba.

Fonte: INMET.

A Figura 4 apresenta a evolução das rajadas de vento a partir do modelo numérico COSMO

do INMET. As cores em laranja e roxo indicam os maiores valores de rajadas de vento. Na manhã

do dia 01/07, Figura 4c, observa-se a indicação de ventos entre 100 e 115 Km/h no leste do Rio

Grande do Sul e de Santa Cataarina. Em seguida, na Figura 4d, referente à noite do dia 01/07, com

o deslocamento do ciclone em direção a alto mar, observa-se a diminuição da intensidade dos ventos

no continente e, em especial, na costa sul e sudeste do Brasil.

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(a) 30/06/2020 12UTC (b) 01/07/2020 00UTC

(c) 01/07/2020 12UTC (d) 02/07/2020 00UTC

Figura 4: Análise da evolução das rajadas de vento (em m/s) conforme o modelo COSMO

nos dias 30/06 e 01/07/20. Fonte: INMET.

O destaque para os próximos dias é a chegada de uma massa de ar frio nas Regiões

Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste do país. Na manhã do dia 02 de julho houve registro

de neve em áreas do município de São Joaquim (SC) e, registro de geada no sul de Minas

Gerais. A temperatura mínima na manhã do dia 02/07 em Monte Verde, no sul de Minas

Gerais, foi de -0,8°C.

A partir do dia 03 de julho as geadas deverão ocorrer também na Região Sul do Brasil.

Para maiores detalhes acesse: http://www.inmet.gov.br/portal Instituto Nacional de Meteorologia