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718 IMAGENS DA CIDADE DO RIO GRANDE: URBANISMO E MODERNIDADE EM REGISTROS FOTOGRÁFICOS (1956-1961) MARIA CLARA L. HALLAL Mestranda História na Universidade Federal de Pelotas – bolsista CAPES [email protected] Resumo Esse trabalho pretende analisar o conceito de urbanismo e modernidade entendido e transposto para o Brasil, durante o governo de Juscelino Kubistchek (1956-1961). Para isso, será analisado o que a bibliografia sobre o período discute, e como estudo de caso será analisado a cidade de Rio Grande e a possível aplicabilidade desses conceitos na cidade. Serão utilizadas como fontes, quatro fotografias da época que exprimem as categorias mencionadas. A fotografia, com a metodologia adequada, fornece uma série de informações multidisciplinares. Ao ser analisada, é necessário compreender que a imagem exprime desejos, anseios e “realidades” sob um determinado objeto. Com base nisso, será realizada a “leitura da cidade” de Rio Grande a partir dos conceitos de modernidade e urbanístico. Palavras chave: Juscelino Kubistcheck – Rio Grande – Urbanismo 1. Cenário da cidade do Rio Grande durante 1950-1960: Esse trabalho baseia-se na história da cidade do Rio Grande durante os anos de 1956 a 1961. Pretende-se analisar como a estética de linhas modernistas, ou edificação de linhas modernistas em vigor durante o período de Juscelino Kubistchek, se revela na cidade do Rio Grande. Para isso, serão estudadas fotografias das décadas de 1950 e 1960. O objeto desse trabalho é a cidade do Rio Grande. A estética modernista será estudada e analisada com base em fotografias e a partir de elementos visuais urbanos presentes nessas imagens, tais como: eletricidade, arborização, prédios conservados e ruas capazes de comportar os carros e a calçada adequada para os transeuntes. Nos anos 1950, a construção da modernização era pautada pelo desenvolvimento nacional 1 e a necessidade de superação do atraso brasileiro. Desenvolvimento esse que começa em 1940, durante o governo Vargas, mas intensifica no governo de Juscelino Kubistchek 2 . Nesse cenário, Gilmar Arruda observou que: 1 Importante ressaltar que o desenvolvimento nacional era vinculado ao capital estrangeiro, especificamente norte-americano. 2 Para fins práticos, será utilizado a sigla JK.

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IMAGENS DA CIDADE DO RIO GRANDE: URBANISMO E MODERNIDADE EM REGISTROS FOTOGRÁFICOS (1956-1961)

Maria Clara l. Hallal

Mestranda História na Universidade Federal de Pelotas – bolsista [email protected]

Resumo

Esse trabalho pretende analisar o conceito de urbanismo e modernidade entendido e transposto para o Brasil, durante o governo de Juscelino Kubistchek (1956-1961). Para isso, será analisado o que a bibliografia sobre o período discute, e como estudo de caso será analisado a cidade de Rio Grande e a possível aplicabilidade desses conceitos na cidade. Serão utilizadas como fontes, quatro fotografias da época que exprimem as categorias mencionadas. A fotografia, com a metodologia adequada, fornece uma série de informações multidisciplinares. Ao ser analisada, é necessário compreender que a imagem exprime desejos, anseios e “realidades” sob um determinado objeto. Com base nisso, será realizada a “leitura da cidade” de Rio Grande a partir dos conceitos de modernidade e urbanístico.

Palavras chave: Juscelino Kubistcheck – Rio Grande – Urbanismo

1. Cenário da cidade do Rio Grande durante 1950-1960:

Esse trabalho baseia-se na história da cidade do Rio Grande durante os anos de 1956 a 1961. Pretende-se analisar como a estética de linhas modernistas, ou edificação de linhas modernistas em vigor durante o período de Juscelino Kubistchek, se revela na cidade do Rio Grande. Para isso, serão estudadas fotografias das décadas de 1950 e 1960. O objeto desse trabalho é a cidade do Rio Grande.

A estética modernista será estudada e analisada com base em fotografias e a partir de elementos visuais urbanos presentes nessas imagens, tais como: eletricidade, arborização, prédios conservados e ruas capazes de comportar os carros e a calçada adequada para os transeuntes.

Nos anos 1950, a construção da modernização era pautada pelo desenvolvimento nacional1 e a necessidade de superação do atraso brasileiro. Desenvolvimento esse que começa em 1940, durante o governo Vargas, mas intensifica no governo de Juscelino Kubistchek2.

Nesse cenário, Gilmar Arruda observou que:

1    Importante  ressaltar  que  o  desenvolvimento  nacional  era  vinculado  ao  capital  estrangeiro,  especificamente norte-americano.

2   Para fins práticos, será utilizado a sigla JK.

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a fotografia aparece como o meio mais adotado para registrar/representar e empreender uma mudança nas noções de natureza. As novas noções seriam as pensadas a partir do novo cenário brasileiro, especialmente o processo de urbanização e industrialização (2000, p.81).

O novo cenário brasileiro apresentado pelo autor é o governo de JK; a urbanização e industrialização viriam consolidar esse novo desenvolvimento e progresso nacional do Brasil nos anos 1950.

Em Rio Grande, o cenário geográfico dessa pesquisa, a industrialização sempre acompanhou sua gênese. Pode-se elencar que houve duas periodizações industriais que ocorreram na cidade.3 Com isso, segundo Martins: “A primeira compreende o período da industrialização dispersa na cidade, que tem início em 1874 e se estende a década de 1960. (...) por último (...) começa na década de 1970 e vai até os dias de hoje (...). (2006, p.27)”.

Sendo assim, compreende-se que a primeira fase da industrialização que vai de 1874 até a década de 1960 é marcada pela fundação do complexo Rheingantz4 até o fechamento de grande número de fábricas instaladas na cidade.5A segunda fase, é marcada por um impulso industrial na cidade, começando na década de 1970 e se estendendo até a atualidade. Sendo característica desse período a intervenção estatal e iniciativa privada, constituída predominantemente de indústrias químicas.

Dentre as propostas de JK havia o havia o Plano de Metas, cujo objetivo estava à expansão das metas de energia, alimentação, indústria de base e transporte para todo o Brasil, inclusive o interior do País.

Para a concretização do Plano, o presidente JK usufruiu toda a infraestrutura deixada pelo governo anterior, como informa Draibe:

Na  verdade,  o  mapeamento,  o  planejamento,  e  projeção  para  o  futuro  das  necessidades  de investimento  público  (em  energia,  petróleo,  carvão,  siderurgia,  transportes,  comunicações) já haviam sido, como vimos, estudadas e amadurecidas durante aquele período  (de Vargas). A classificação das indústrias de base e o elenco de incentivos que a CDI (Conselho de Desenvolvimento Industrial)  havia  elaborado  no  início  dos  anos  50  constituíram  material  importante  para  os trabalhos do BNDE, do CDE (Conselho de Desenvolvimento Econômico), e dos grupos executivos na definição e implementação das metas (1985, p.246).

JK aperfeiçoou e possivelmente tinha como objetivo colocar em prática o que Vargas tinha projetado para investimentos no futuro, tais como: energia, transportes, comunicações e eletricidade.

2. Metodologia para analisar as fotografias:

A metodologia desse trabalho ainda está em construção, contudo será apresentada as fotografias e como ocorreu a aplicabilidade dessa “nova” metodologia nas imagens.

Foram coletadas 700 fotografias ao longo da graduação até o inicio do mestrado6. Foram pesquisadas de três locais: Biblioteca Rio Grandense, Fototeca Municipal Ricardo Giovannini e Redação site Papareia. O que não excluiu a possibilidade de utilizar algumas fotografias do Jornal Rio Grande.

3   Foi analisado o processo industrial de 1873 a 1990.

4  A fábrica Rheingantz foi fundada em 1873.

5  O fechamento de boa parte das fábricas da cidade de Rio Grande ocorre entre 1950 e 1960.

6   Entre 2010 a 2012.

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Estão armazenadas no computador, em pastas, conforme os locais de coleta. Nos locais de pesquisa, na maioria dessas fotos, foram atribuídos anos específicos. Porém, analisando essas fotografias, alguns elementos, fizeram acreditar, que em algumas fotografias, a datação dada não é a correta.

A partir desses problemas, optou-se por “criar” uma metodologia que se adequasse melhor ao trabalho e fontes. Essa metodologia consiste em três etapas:

1ª) Analisar, estudar, compreender através de bibliografias (incluindo teses e dissertações), revistas, jornais rio grandinhos, imagens visuais de rio grande, elementos dos anos 50 e 60.

2º) Escolher que descritores vão ser utilizados para analisar a fotografia. Por exemplo: lambreta, penteado, edifício, automóveis.

3ª) Construir uma tabela, conforme exemplo abaixo:

Nº fotografia DescritoresSim (elementos são da década

de 50 e 60)

Não(elementos não

são da década de 50 e 60)

B 01 LambretaPentrado

F 01 Edifício 

Pap 01 Automóveis

Tabela 01 – Exemplo da tabela de descritores 

Apresentada a metodologia, passamos para a análise visual:

3. Fotografias: representações e visualidade da urbe rio-grandina

As fotografias expressam conteúdo, obviamente que assim como qualquer fonte, não “falam” por si. Porém, com metodologias adequadas, elas fornecem informações e decifração do que expressam.

Luciene Lehmkuhl exemplifica um dos aspectos da leitura das imagens:

Ao  olhar  com  atenção  e  não  simplesmente  ver,  as  imagens  adquirem  um  aspecto  diferente, detalhes se tornam visíveis, gradações de cor, de forma, de elementos podem ser identificadas até mesmo pelo mais leigo dos observadores. (2010, p.61)

No caso de fotografias, a leitura deve ser feita e refeita para assim compreender o(s) significado(s) aparente e subentendidos.

François Soulanges exprime que “a fotografia não dá a realidade. Em contrapartida, ela pode questioná-la” (2010, p.77). E é tal objetivo que se pretende ao considerar fotografias como fonte. O objetivo não é uma resposta exata, mas sim margem para questionamentos, deduções e análises.

Como exemplifica Susan Sontag, no livro “Ensaios sobre a Fotografia”, a “fotografia, na verdade, incapaz de explicar o que quer que seja, é um convite inexaurível à dedução, à

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especulação e à fantasia” (1981, p. 22). Sendo assim, a fotografia não pode ser considerada como a exata realidade do objeto, contudo, dentro daquele momento e contexto, ela é a realidade, ou melhor, dizendo a representação dessa.

Discutindo a metodologia e suas interfaces no estudo da fotografia, Ana Maria Mauad,

no artigo Através da Imagem: Fotografia e História Interfaces7, afirma que:

(…) entre o sujeito que olha e a imagem que elabora há muito mais que os olhos podem ver. A fotografia - para além da sua gênese automática, ultrapassando a ideia de analogon da realidade - é uma elaboração do vivido, o resultado de um ato de investimento de sentido, ou ainda uma leitura  do  real  realizada mediante  o  recurso  a  uma  série  de  regras  que  envolvem,  inclusive,  o controle de um determinado saber de ordem técnica. (1996, p.3)

Sendo assim, esse trabalho está buscando, discutindo e rediscutindo a metodologia que mais se adequará as fontes. Diante disso, tem-se a primeira imagem:

Imagem 1:

Rua Andradas – Década de 1950 , fotografia: gelatina/prata, colorida, 11x16,5         Fonte: Biblioteca Rio Grandense

Essa foto foi tirada no período noturno, existe a presença de alguns carros e abundância de luzes. A Rua Andradas era uma rua comercial na época, porém nota-se ausência de calçadão, onde os cidadãos poderiam andar livremente, apenas a calçada para os transeuntes.

Observa-se a calçada com “buracos”, desníveis, evidenciando ausência ou pouco cuidado com a mesma.

A foto transmite ideia de longitudidade / continuidade, possivelmente consequência do ângulo em que foi tirada. Como hipótese interpretativa, podemos delinear que o fotógrafo

7   Tempo, Rio de Janeiro, vol. 1, n º. 2, 1996, p. 73-98.

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optou por evidenciar o prédio da joalheria (a esquerda de quem lê), e podemos observar que tal prédio é característico do período JK: estilo arquitetônico de linhas retas.

O fotografo, teoricamente, poderia obter essa imagem de qualquer angulo, mas optou por tirar a fotografia evidenciando esses traços modernos e, além disso, dando amplitude a rua. É convencional fotografar de determinado angulo para obter um determinado resultado e construção visual.

Nesse sentido, Charles Monteiro afirma que:

A  fotografia é  também uma  redução ou  recorte do  real. Primeiramente, um corte no fluxo do tempo, o congelamento de um instante separado da sucessão dos acontecimentos. Em segundo lugar,  ela  é  um  fragmento  escolhido  pelo  fotógrafo  pela  seleção  do  tema,  dos  sujeitos,  do entorno, dos objetos, do enquadramento, do sentido, do foco, da luminosidade, do formato e do equipamento, por exemplo.   Em terceiro  lugar,  transforma o tridimensional em bidimensional, reduz a gama das cores e simula a profundidade do campo de visão. (2007, p.160)

Conforme Monteiro elucida, a fotografia é um fragmento de uma determinada realidade, sendo essa, fruto de escolhas e decisões por parte do fotógrafo, capacidade da câmera e posteriormente, do analisador dessas imagens.

A segunda imagem, ainda é na Rua Andradas, porém em outra extremidade da rua:

Imagem 2:

Rua Andradas – Praça Xavier Ferreira, Década de 1950, fotografia: gelatina/prata, p&b, 18x24cmFonte: Biblioteca Rio-Grandense 

Em comparação com a foto anterior, essa imagem pode ser considerada mais amadora. Elementos a serem observados nessa foto: o angulo da foto está cortado, o ângulo da Praça Xavier Ferreira está cortado, pode-se observar má conservação dos prédios, como evidencia a seta verde e praça bem cuidada e razoavelmente arborizada. Existe um terreno vazia,

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conforme a seta azul.A Praça está de acordo com os conceitos modernos em voga: em forma de esplanada,

bem cuidada, poucas árvores e iluminada.Outro elemento a ser observado: A rua ao lado da praça é mais larga do que a sua

continuidade, conforme a seta vermelha. O alargamento da rua está de acordo com a praça moderna.

Um dos elementos notórios do moderno nos anos 1950 é o alargamento das ruas, principalmente para dar espaço para os novos carros – mais velozes – que estavam surgindo. E, também, nota-se a presença de asfaltamento, outro elemento moderno e inovador.

Importante ter alguns cuidados, como salienta Luciene Lehmkuhl, “No domínio da situação da escolha do que olhar, o espectador acredita que apreende o significado da obra num primeiro olhar e passa a identificar seu motivo.” (2010, p.66).

Ao analisar fotografias, não basta olhar para as mesmas que as respostas surgirão. É necessário analisar diversas vezes e sempre “olhar” essa fotografia de acordo com o contexto apresentado.

Nessa mesma conjectura Paulo Knauss salienta “(…) que o olhar é múltiplo e que requer conhecer características intrínsecas às imagens, mas também admitir que o olhar precisa ser preparado para ver e analisar as imagens.” (2006, p.113)

Naquele documento, no caso as fotografias, estão congeladas vidas e valores, prontos para serem analisados e estudados.

A terceira fotografia é da Rua General Bacellar:

Imagem 3:

Rua General Bacellar – Década de 1950, fotografia: gelatina/prata, colorida, 9x14 cm.Fonte: Redação Site Papareia

Através da leitura da imagem, pode-se observar que era uma rua comercial, com um forte aparato publicitário, por vezes, até poluindo a imagem visual desses prédios. Entende-se um contraponto, onde os prédios continuam com suas fachadas antigas, de cunho eclético, porém os aparatos publicitários vêm introduzir a modernização nesses prédios, conforme setas azul e vermelha.

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Também, é notório que o espaço publico era aproveitado pelas pessoas, além do passeio também para fins comerciais. No século XIX as praças que eram utilizadas para o lazer e confraternização, no século XX as ruas, especificamente as comerciais, tinham esse fim.

Outro elemento importante moderno é a presença de rua asfaltada e a borda (cordão) da rua pintada, conforme a seta verde, possivelmente indicando orientações para os motoristas. Elementos esses considerados de cunho modernizadores, que reconfiguraram o espaço da cidade.

A rua era dividida entre condutores/automóveis e pedestres, e ambos deviam conviver de forma harmônica, principalmente para evitar acidentes. O fato de a calçada ser estreita e a rua mais larga podem ser devido ao fato que os carros sendo mais velozes, ocupavam mais espaços e possivelmente tinham maior importância nesse cenário.

A quarta fotografia é da Rua Duque de Caxias:

Imagem 4:

Rua Duque de Caxias – década de 1950, fotografia: gelatina/prata, p&b, 11x16,5 cm.Fonte: Jornal Rio Grande

Essa foto foi retirada do Jornal Rio Grande, a mesma está reproduzida em outra materialidade, contudo devido a qualidade foi optada pela foto do jornal.

Há presença de carros modernos, principalmente o fusca, elemento marcante da modernização de JK. Contraste entre prédios ecléticos e modernos, ao fundo da fotografia, olhando a direita (de quem lê) existe a presença de um prédio de estilo eclético, conforme a seta azul, deteriorado, sem cuidado, e a esquerda, um prédio com linhas modernas, com vários andares, bem conservado, conforme seta verde.

Nisso, tem-se a contradição entre cidade eclética e moderna, onde novos elementos

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modernos acabam por serem difundidos nos antigos.Há presença de arvores, contudo, ao contrário da foto 2 (Praça), a arborização não está

cuidada, visto que está invadindo o prédio a direita, como mostra a seta verde.Ainda que não fosse uma rua essencialmente comercial, isso é notório devido a ausência

ou escassez de banners, há uma boa quantidade de transeuntes, fazendo com que a rua fosse mais do uma simples ruas com prédios, mas sim um espaço publico aproveitado.

Considerações Finais

Esse trabalho ainda está em construção, e acredito que como historiadora, o fim de um trabalho geralmente ocorre devido ao tempo e/ou necessidade de entregar o mesmo. Pois, a pesquisa é incansável e as fontes são inesgotáveis, basta saber procurar e analisar.

Contudo, para esse momento, através das fontes já estudadas, pode-se entender que os elementos visuais urbanos, presentes na cidade do Rio Grande, durante a década de 1950, podem estar presentes, principalmente, na estética e edificação da cidade. Os prédios até então ecléticos, fornecem espaço, para prédios de linhas modernistas ou até mesmo para a repaginação desse eclético, seja na forma de banners comerciais, e as ruas, de acordo com a estética de modernização, recebem asfaltamento, alargamento das ruas, modificação de praças e iluminação noturna farta.

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