Resumo de Introdução a Sociologia

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Herança Intelectual da Sociologia Texto de Florestan Fernandes resumido por Josenilson dos Santos Silva A Sociologia tem como um de seus principais pilares, a fundamentação e encorajamento da curiosidade humana quando ela está direcionada às condições de existência social dos indivíduos que compõem uma determinada sociedade. Os investimentos e considerações científicas começaram a ter mais impulso no mundo moderno, contudo, sempre foi existente a indagação humana sobre sua origem, vida, destino e comportamento. Tal ciência nunca esteve separa das condições em que seus objetos de estudo se encontram. Apesar da estranheza e lentidão na cronologia de sua evolução, a Sociologia continuou a desenvolver-se como um instrumento de reflexão sobre os aspectos existentes nas sociedades modernas, tanto industriais quanto de classes. A peculiaridade na posição ocupada pela Sociologia no meio social se dá pela divergência entre a maneira como a própria sociedade se desdobra e traça novos caminhos, e o processo mais complexo de averiguação e estudo que a Sociologia requer para fluir de forma correta. Isso ocorre desde a fundação da disciplina, pois, o pensamento exercido por certos intelectuais vai além do conhecimento testemunhado e vivenciado. E mesmo havendo vários pontos de conflito entre os conservadores, reformistas e revolucionários, todos visavam tal conhecimento sociológico como um instrumento de ação, ou seja, não basta apenas pensar, é preciso agir. Tendo em mente que o foco da mudança não era a natureza humana, mas o meio em que ela está estabelecida, é importante destacar a trajetória e a força que a Sociologia construiu ao exercer o papel de uma ferramenta cultural que influencia o amadurecimento intelectual. Ela não se deixou dobrar diante das necessidades lógicas, nem participou da

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Herança Intelectual da Sociologia

Texto de Florestan Fernandes resumido por Josenilson dos Santos Silva

A Sociologia tem como um de seus principais pilares, a fundamentação e encorajamento da curiosidade humana quando ela está direcionada às condições de existência social dos indivíduos que compõem uma determinada sociedade. Os investimentos e considerações científicas começaram a ter mais impulso no mundo moderno, contudo, sempre foi existente a indagação humana sobre sua origem, vida, destino e comportamento.

Tal ciência nunca esteve separa das condições em que seus objetos de estudo se encontram. Apesar da estranheza e lentidão na cronologia de sua evolução, a Sociologia continuou a desenvolver-se como um instrumento de reflexão sobre os aspectos existentes nas sociedades modernas, tanto industriais quanto de classes.

A peculiaridade na posição ocupada pela Sociologia no meio social se dá pela divergência entre a maneira como a própria sociedade se desdobra e traça novos caminhos, e o processo mais complexo de averiguação e estudo que a Sociologia requer para fluir de forma correta. Isso ocorre desde a fundação da disciplina, pois, o pensamento exercido por certos intelectuais vai além do conhecimento testemunhado e vivenciado. E mesmo havendo vários pontos de conflito entre os conservadores, reformistas e revolucionários, todos visavam tal conhecimento sociológico como um instrumento de ação, ou seja, não basta apenas pensar, é preciso agir.

Tendo em mente que o foco da mudança não era a natureza humana, mas o meio em que ela está estabelecida, é importante destacar a trajetória e a força que a Sociologia construiu ao exercer o papel de uma ferramenta cultural que influencia o amadurecimento intelectual. Ela não se deixou dobrar diante das necessidades lógicas, nem participou da evolução setorial do sistema de ciências. Isso ocorreu porque, embora a medidas comportamentais tomada pelos seres em suas determinadas sociedades sejam mais que suficiente para o reconhecimento de sua importância, a organização social fruto de tais atitudes ainda é ignorada como um dos principais fatores determinantes das diferenças e acontecimentos evolucionais das espécies.

Vários modelos de análise aprofundamento sobre o objeto foram estabelecidos pela Sociologia, no entanto, os obstáculos gerados pelo desenvolvimento da mesma proporcionam atrasos na sua evolução. Por exemplo, a identificação da Sociologia com a Filosofia, que tornou possível a redução dela à uma “Filosofia Social”. A pressa em apresentar teses e resultados também é uma inimiga da integridade da Sociologia, uma vez que tal caminho não deve ser percorrido sem ter todos os atalhos desconsiderados.

Não se deve taxar a Sociologia da mesma forma que Georges Gurvitch o fez, é preciso considerá-la como muito mais que uma ciência, buscar explorar e entender seus processos e resultados. Existem múltiplos fatores que contribuem para a formação de um ou mais conceitos, é inviável e incabível tomar apenas um ponto de vista ou conclusão a partir de uma única concepção.

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Para que o “julgamento” da Sociologia seja justo, é necessário a consideração de pelo menos três pontos: 1º) A atual situação da sociedade em questão; 2º) as possíveis reações ao implante de determinadas práticas; e 3º) a origem dos pensamentos, motivos e interesses estão em discussão. É também importante preservar o desejo e a cede de conhecimento para que a composição de um estado saudável seja cogitada.

Para aplicar um pensamento sociológico é de suma importância considerar a ordem de eventos, condições, fatores, meios e produtos da vida em sociedade. Portanto, tal racionalidade não é estritamente composta de conceitos pós formação da Sociologia, mas também apresenta elementos de entendimento e elaboração da mesma.

Com a queda do feudalismo e instalação ampla do capitalismo como modelo regente da sociedade, o “estado de espírito” que torna possível o entendimento da vida social foi desenvolvimento pela necessidade de fazer com que a atividade humana fosse cada vez mais voluntária. Uma vez que o indivíduo desenvolve uma certa tarefa com prazer, ele irá fazê-la com mais precisão, cuidado e dedicação. O bem estar e acomodamento de todas as classes é a chave para o bom funcionamento da sociedade, e a progressão das instituições capitalistas em busca do sucesso.

A transcendência na percepção do âmbito intelectual é outro fator que influenciou na metamorfose da maneira de explicar o mundo, ou seja, ir além da Religião e da Metafísica para ampliar o campo de compreensão. Contudo, tal processo está sempre sujeito a herdar determinados pontos de vistas pré-formados com base na sociedade habitada. A bagagem cultural pode prejudicar a vista panorâmica do meio social, isso quando o indivíduo, de alguma maneira, se prende às tradições, doutrinas e noções religiosas e acaba formando uma crítica condicionada, de julgamento comprometido e raciocínio limitado.

Ao fechar-se para novos horizontes e ignorar diferentes métodos de análise, o membro da sociedade contribui, mesmo que sem saber, para um certo regresso em relação ao melhoramento das relações sociais entre os demais indivíduos. Tal pensamento não passa de uma herança dos tempos medievais, isso ocorre porque a transição não foi totalmente pacífica nem homogênea. Por outro lado, quando o cidadão vai em busca de clareza, observa a mesma situação a partir de outros pontos de vista, considera argumentos variados e enriquece sua capacidade intelectual, sua função na sociedade é exercida com mais competência e positividade.

A transformação no nível intelectual das pessoas se dá através de dois pontos de pensamento diferentes, o que origem no conhecimento do senso comum, e no que estabelece uma relação de adaptação evolutiva no pensamento racional sistemático. As vezes subestimadas, as modificações na conduta do intelecto humano foram e são essencial para o amadurecimento e fixação do progresso em relação à economia, política e cultura.

Por sua vez, o conhecimento do senso comum foi o pioneiro na exploração e defesa de novos e mais eficientes mecanismo de raciocínio. Tendo que enfrentar as exigências apresentadas pelo novo terreno recém descoberto, ele manteve uma relação bastante estável e serviu como ferramenta de cristalização das categorias de pensamento, que se adequam à inúmeras situações. Tal direção é mais fácil de ser tomada porque, ao

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determinar o senso comum como a base para o desenvolvimento de novas regras, linhas de pensamento e condutas, o processo de assimilação e entendimento por parte do ser humano se torna mais moldável e claro.

A procura pela organização e aceleração no processo industrial fez com que a Sociologia fosse utilizada como ferramenta de manipulação das massas. Ao direcionar tal ciência para o faturamento e aumento de produção, os conservadores, liberais ou socialistas visaram o controle das situações de existência social. Sendo assim, as preocupações tomaram um rumo mais reflexivo e focado no desempenho avançado da sociedade, no seu eixo reprodutor de capital.

Contudo, as técnicas e métodos falhavam quando tentaram se acomodar. A imutabilidade de um sistema não foi viável para uma sociedade em constante transição. Sendo assim, a busca pelo aprofundamento na relação entre a teoria e pratica foi cada vez mais explorada e valorizada.

Os motivos das ambições sociais são primordialmente filosóficos que científicos, logo, em sua forma objetiva, a Filosofia Social pode ser apresentada em três níveis: 1º) a histórica, com suas referências aos acontecimentos passados; 2º) a social, que se liga às questões do desenvolvimento civil, sejam elas dinâmicas, de sentido universal e até mesmo da natureza humana; e 3º) a política, que se interessa pela crítica do comportamento do sistema político do mundo moderno, e também os reflexos que as considerações filosóficas podem ter sob a Filosofia da História e a Social. Com tais relações (Filosofia da Ação Humana sendo coroada pela Política e com base Histórica e na Social), as indagações filosóficas passaram a exercer um papel mais ativo, com um estilo mais analítico e crítico.

Os impactos sofridos pelo pensamento filosófico no mundo moderno, têm ligação direta com os esforços gerados pela Filosofia Política para se manter forte na luta pela coexistência em meio os sistemas políticos em busca de poder. Embora ela tenha tomada as outras duas como base, ainda foi necessário resolver problemas formados a partir da evolução do questionamento e atitudes antes inexistentes ou insignificantes.

Os móveis e ambições intelectual, que deram sentido e orientaram o estudo da Sociologia tiveram nascente filosófica, mesmo sendo corrigida e ampliada pela visão científica. Logo, a Sociologia manteve-se forte ao resistir o processo de injeção científica, isso e suas consideração como disciplina de científica deve-se à sua origem filosófica.

Essa prevalência pode ser comprovada por dois fatores: 1. A revolução copernicana, que trouxe a impulsionou a consideração dos modos de conceber e explicar o mundo, ou seja, a explicação da natureza humana de suas relações com as situações sociais através de instâncias empíricas, pela análise indutiva e com um novo esforço em compreender, ao máximo, que os sentimentos, ideias preconcebidas não trazem benefícios para as atividades cognitivas. 2. A natureza humana só poderia ser estudada como parte de um sistema, pois suas ações são governadas por normas, valores e instituições sociais. Portanto, a observação da e interpretação da vida social humana necessitavam de categorias especificas de investigação, para que certos pontos não fossem omitidos ou perdidos no processo.

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Nessa imensidão de sistemas, categorias e opções, cabia à Sociologia lidar com os vários conceitos para que a complexidade de certos fenômenos sociais não comprometessem as conclusões finais. Isso é possível graças a Filosofia da Ação Humana, caso contrário, a Sociologia estaria sujeita a desdobrar somente situações adequadas à realidade social, ou seja, incapaz de ir além do que está explícito para entender um determinado aspecto da sociedade.

Houve também uma dificuldade em materializar o objeto da Sociologia, que no fundo, era algo lógico. A escassez de conhecimento sociológico, por exemplo, foi um dos principais fatores que contribuíram para o equilíbrio das duas vertentes. Apesar de parecer simples, tal processo foi lento, seu progresso é acompanhando de rigor na resolução dos problemas encontrados.

Já os recursos de natureza científica foram elaborados antes na área filosófica, e só depois na do conhecimento científico. Logo, a assimilação da ordem dos acontecimentos sociais foi acelerada graças ao princípio da “uniformidade do mundo exterior”, que basicamente diz que os fenômenos sociais estão submetidos a uma mesma regra de organização, independentemente de seu conteúdo. No entanto, o ponto de vista sociológico nunca foi descartado, ou seja, as investigações mais aprofundadas continuaram a ser consideradas essenciais. Como consequência disso, as fontes e métodos de contribuição eram questionadas constantemente, como por exemplo, no período em que documentos pessoais não eram considerados válidos.

A insistência em tornar a Sociologia uma ciência mais rígida acabou apagando a presença consistente e determinante da teoria no processo de investigação científica. Contudo, tal característica trouxe consigo a oportunidade de explorar pequenos massas, assim descobrindo que as leis sociológicas não podem ser as mesmas ao longo da história, sendo assim, elas tem que se transformar para melhor atender os tipos sociais que se formam.

A influência científica tornou a Sociologia mais racional e criteriosa. Ao contrário da Filosófica, ela busca clareza dos fatos e do comportamento em sociedade, além disso, soube criar instrumentos de identificação, que permitiram reconhecer que a adequação de objetos que a ciência jamais considerou importante: a natureza e as formas da existência humana em sociedade.

A praticidade estabelecida pela Sociologia “Filosófica” se dá pelo fluxo da produtividade de conteúdo, porém, as pesquisas baseadas na investigação dos problemas sociais também têm seu peso. Apesar disso, ela não dispôs de recursos metodológicos e teóricos que facilitassem a superação das barreiras com que se deparou.

Conclui-se que, apesar dos inúmeros progressos obtidos ao longo de sua evolução, a Sociologia obteve conflitos quando a direção tomada foi a investigação cientifica, deixando o eixo teórico, conceptual e metodológico com pontos fracos. Ou seja, ela teve que processar, de maneira vasta e retrógrada, toda sua herança intelectual recebida pela mesma.

Objetividade e Identidade na Análise da Vida Social

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Texto de Émile Durkheim resumido por Josenilson dos Santos Silva

Os fatos sociais devem ser tratados como coisas, pensamentos e conhecimentos que não são naturalmente estabelecidos no senso crítico das pessoas, ou seja, que requerem estudo e análise para serem compreendidos e propriamente utilizados. Seu estudo deve ser feito de maneira neutra, sem a presença de considerações que remetam à suas características, origens ou qualquer aspecto do tipo, para que não haja ambiguidades na tese final.

Tais fatos não podem ser algo conhecido, ou previamente assimilados. É necessário que o assunto em questão seja quase totalmente novo, e que as opiniões do indivíduo sejam formadas a partir do momento em que ele comece a averiguar tal fenômeno social.

O processo em questão é essencial para o estudo da vida social, pois para melhor compreensão dos fatos, é preciso acompanha-los do lado de fora, ou seja, como coisas que nos pertencem e que podem passar a integrar nossa mente de alguma forma. Isso se torna mais complicado quando a atividade de descobrimento de certo fato requer o acesso de traços que foram herdados, que não foram constituídos pela ação intelectual pessoal do indivíduo. Logo, é importante ser cuidadoso para não limitar-se durante a consideração dos elementos presentes, nem mesmo deixar que conclusões prévias comandem seu julgamento atual.

É necessário considerar-se virgem de experiência, abraçar a dormência da descoberta. Estar preparado para ser maravilhado e espantado, considerar todas as possibilidades e opções, ter paciência e sempre, sem exceções, voltar ao mesmo método de determinação.

Tratando-se da maneira como a sociedade funciona, é incorreto pensar que todos reagiram a um certo fato da mesma maneira, assim como dizer que ao repetir uma ação, uma pessoa irá agir de acordo com a primeira vez. Isso acontece porque absorvemos e transformamos informação, fazemos dela degraus, pontes, escudos ou espadas. A constante modificação na avenida do comportamento permite e exige que os estudiosos da sociedade não se prendam a um conceito definido, mas o usem como referência para fundamentar um novo.

Para entender a maneira como a sociedade se vê, é preciso tomar como ponto de partida sua natureza, e não a de seus indivíduos. Se ela condena certos modos de comportamento, é porque eles vão de encontro com um ou mais de seus princípios fundamentais. Assim, a solução de determinados problemas nunca será apresentada, pois as informações necessárias para tal conclusão foram ignoradas pela mesma.

Entretanto, o reconhecimento das divergências e a busca por um consenso entre as variadas características são um bom caminho a ser seguido. Por exemplo, observar os fatores que as atraem ou repelem pode ser produtivo, pois, embora elas apresentem passados e destinos diferentes, elas se manifestam nos indivíduos de maneira homogênea.

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Para que tal tarefa seja desenvolvida com integridade e sucesso, é preciso que o pesquisador não confunda os aspectos e características dos objetos investigados. Trata-se do cientista não se perder em um emaranhando de intuições preconcebidas em experiências passadas. Parte disso é não exprimir todas as características de um fato social, e assim, não constituir uma única definição possível.

Questiona-se também a definição de fato social, de que ele é tudo que se produz na sociedade, mas a sociedade, não é necessariamente a causa do fato. Ademais, existe a consideração das condutas tomadas pelos indivíduos; que pode ser fruto da moral ou do meio físico, individual ou em grupo, voltada para uma razão pessoal ou para algo além de sua esfera de influência.

Apesar de absorver o impacto gerado pelas crenças e cultura no geral, a maneira com que lidamos com determinada situação é diferente. Quando o indivíduo discorda de tal realidade, com o tempo, acaba se conformando, pois não a pode impedir de existir. Com isso, é obrigado a considerá-la e mesmo que seja difícil, tomá-la com ferramenta para tentar mudar algo imposto pela sociedade.

Para que tal ação seja “classificada” como fato social, é preciso que vários indivíduos misturem opiniões e pensamentos diversos para a geração de um produto novo, algo fora do campo de reflexão, que instigue e fixe e estabeleça essa nova maneira de julgamento. Essa ação grupal pode ser definida como instituição, ou seja, uma atitude tomada em coletividade, sendo assim, a Sociologia seria denominada uma ciência das instituições.

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Assim como possuímos duas consciências (uma regida pela sociedade e outra totalmente ligado à nossa essência), há também dois tipos de solidariedade positiva que devemos discutir –a mecânica e a orgânica. A primeira liga o indivíduo à sociedade, sem nenhum ponto intermediário, já a segunda utiliza a sociedade para extrair partes que a compõem.

Na solidariedade mecânica, o indivíduo é apenas parte de um todo, uma coisa da qual a sociedade dispõe. Sendo assim, nesses tipo social, os direitos pessoais não o valor que deveriam, ou seja, ainda não são distinguidos dos direitos reais.

Já na orgânica, a divisão do trabalho e a libertação da interatividade individual é necessária. Nela implica-se que os indivíduos sejam diferentes entre si, e mesmo desenvolvendo a mesma tarefa, ele devem introduzir características pessoais, e quanto mais especializada a atividade for, mais espaço para demonstrar sua individualidade será exigido.

As consciências individuais e coletivas funcionam de maneira diferente, mas não estão localizadas em locais distintos. Embora desiguais, as duas estão ligadas uma à outra, pois em suma importância, têm o benefício do indivíduo como função mútua, logo, são solidárias.

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A singularidade pode significar um risco para um modelo de sociedade onde a solidariedade presente é a mecânica, por isso, as vezes certas ações são punidas como crime, sem que sejam nocivas para a sociedade. A causa desses atos não é recente, as diversas formas de intenção constituídas ao longo da história tornam possível o constante surgimento de pensamentos que, de alguma maneira, não vão de acordo com algum fim útil.

A influência gerada pelas atitudes coletivas exercem bastante poder na sociedade, podem por exemplo, tornar algo velho novo. No entanto, para que a decisão seja desfeita, ou seja, as regras sejam mudadas, é preciso que haja cuidado para que as conquistas do vínculo social não fiquem perdidas no processo.

Quando alguma lei e infringida, a pena nem sempre serve para punir o culpado ou intimidar possíveis futuros infratores, porém, estabelece um sentido de manutenção da coesão social, fazendo prevalecer toda a vitalidade da consciência comum. A dor repara o dano que o crime fez a sociedade, ela não tem o papel de espalhar a crueldade gratuitamente; mas simboliza a necessidade de preservar a integridade dos sentimentos coletivos. Certifica-se que as penas são aplicadas nos criminosos, mas tem seu maior impacto nas pessoas honestas, pois é nelas que o espírito de coletividade ainda está vivo, e tal medida drástica serve para reforçar a barreira protetora do mesmo.

Ao valorizar e depositar energia nas ações coletivas, o indivíduo consegue obter resultados mais expressivos na sociedade em que habita. Incrementar a relação grupal com suas ânsias pessoais é uma medida que torna a relação menos restrita às normas iniciais. A vida social não depende apenas da herança intelectual, nem das descobertas realizadas atualmente; é preciso manter-se aberto para mudanças e atualizações. Reconhecer que, mesmo que a união seja forte, ela necessita da sociedade, de suas problemáticas e facilidades para sobreviver.

A divisão do trabalho dá origem a regras jurídicas que determinam a natureza e as relações das funções divididas, e que caso sejam violadas, acarretam em medidas reparadoras. Logo, há usos de costumes comuns a uma mesma ordem de funcionários e que nenhum deles pode infringir sem incorrer na censura da corporação. Entretanto, a força presente nas infrações profissionais e menor que as quebras da moral pública.

Contudo, as normas do meio profissional são tão dominadoras quanto as outras, obrigam o indivíduo a agir em prol de fins que não lhe são próprios. No entanto, há um órgão onde nosso grau dependência sempre aumenta: o Estado. Quanto mais estamos em contato com ele, mais estamos à mercê de lidar com a solidariedade comum.

A ascensão da divisão do trabalho se dá a partir da regressão da estrutura segmentar, ou seja, a extinção de vários pontos similares isolados. Esse vazios morais perdem força quando os indivíduos são colocados em um mesmo local, seguindo as mesmas regras, e sujeitos a ter punições bastante severas. Portanto, a potencialização da divisão do trabalho está ligada diretamente à dinâmica de sociedade imposta pelo Estado, onde as pessoas devem agir umas sobre as outras.

A densidade moral cresce junto com a material, como consequência, as sociedades se tornam mais densas e mais volumosas, ou seja, crescem mais rápido e geram mais resultados. Geralmente as grandes cidades começam no meio rural, ou via migração,

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com a divisão do trabalho mais avançada, é possível acelerar o processo de desenvolvimento. No entanto, há o risco do aumento do volume não necessariamente significar aumento na densidade, e com isso, surgem grandes sociedades desenvolvedoras de atividades repetidas e segmentadas, sem organização nem futuro promissor.

Para que esse processo seja bem sucedido é essencial que todos os eixos da sociedade saibam agir em conjunto visando um só objetivo.

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As representações são como filtros dos acontecimentos, pois, apesar ações serem tomadas no meio material, há inúmeros processo psíquicos pelos quais o indivíduo passa para determinar seu próximo movimento. Quando isso não acontece, o julgamento é comprometido, e sua pureza é questionada.

Outra vertente na área do substrato da vida social é a representação coletiva que, de alguma maneira, está presente na consciência de todos, mas ela não está inteira em nenhum.

Para que os fatos ocorram, por mais simples que pareçam, eles passam por uma purificação de conteúdo, onde as experiências selecionadas como mais importantes pelo portador conferem mais peso na conclusão do raciocínio.

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Não se pode simplesmente julgar uma instituição, prática ou uma máxima moral como se fossem boas ou más. Existem fatos a serem considerados que vão muito além desses dois extremos.

Também não se pode esperar que todos os indivíduos de uma sociedade reajam a determinada ação da mesma forma. Suas concepções, experiências, e trajetórias são variadas, logo, não produziram um resultado uniforme. Essa diferenças também valem para como os organismos iram processar certos assuntos e problemas.

Já que nem todos assimilam informações da mesma forma, o que pode ser complicado para uns, pode ser extremamente fácil na visão de outros. Entender e tentar nivelar essa desigualdade é a chave para o desenvolvimento da sociedade, o acolhimento das diversas formas de percepção é essencial para o fortalecimento da intelectualidade coletiva.

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Quanto aos fenômenos sociais, é importante considerar, quando analisando-os, que sua natureza e características estão diretamente ligadas às condições de existência da espécie em questão. Logo, a determinação de normal ou anormal não é o primeiro critério a ser considerado nessa atividade. Ademais, essa denominação se torna mais difícil quando a sociedade ainda está em desenvolvimento e/ou é recente, pois o sociólogo encontra barreiras extras para estabelecer tal aspecto, já que, a sociedade em questão ainda não atingiu seu nível máximo de evolução na história.

Com a perda de força da consciência coletiva, a divisão do trabalho ganha mais influência. Em certos casos, a solidariedade orgânica não exerce todo o poder que deveria porque nem todas as suas condições de existência estão realizadas. Para que ela prevaleça, é de suma importância que os órgãos regentes não só ajam em conjunto, mas que suas ações sejam predeterminadas.

Para que tal modelo obtenha sucesso, a manutenção periódica é vital.

Há um certa segmentação de direitos e deveres para que a divisão do trabalho funcione. Entretanto, hoje não há mais regras que determinem o número de empresas da economia e, em cada eixo industrial, a produção raramente não ultrapassa o nível de consumo, ou seja, produzimos mais do que precisamos, porque estamos sempre tentando vender mais do que os consumidores necessitam.

No emaranhando de opções, problemas e discussões, quase não existem alianças de disciplinas que se unam em prol de um mesmo objetivo. Isso ocorre principalmente nas áreas jurídicas de sociológicas; enquanto em nas ciências matemáticas, biológicas e físicas a relação não se apresenta de maneira tão estranha. Esse atrito gera atrasos e alimento os defeitos encontrados na sociedade.

Unir e direcionar os mercados em uma mesma faixa de desenvolvimento ao invés de limitá-los ao permitir que eles trabalhem de forma isolada, esse é um dos fundamentos do Estado. A focalização de esforços conjuntos em torno de uma única vontade fortalece a economia e estabelece um sentimento de segurança.

Contudo, o avanço dos meios de produção e a expansão do que antes era algo local traz desafios que, ao não ser superados tornam possível a ocorrência de faltas ou excessos. É daí que surgem as crises que perturbam a esfera econômica.

A rapidez com os processos industriais se transformam não traz consigo o equilíbrio entre as inovações e os interesses. As novas condições de trabalho são incomodas porque tudo ocorre muito rápido, muitas vezes visando apenas a progressão da economia e deixando os indivíduos de lado. Contudo, para que a ciência seja uma, não é precisa estar inteira no campo de interesse, mas basta que todos os envolvidos sintam que colaboram para uma mesma obra.

A preservação do valor do trabalhador não pode ser extinta. Ao rebaixar o indivíduo à função da máquina, o princípio da divisão do trabalho de que a pessoa deve ter seus direitos como membro efetivo da sociedade atribuídos e mantidos está sendo violado. Com isso, a boa continuidade do processo de desenvolvimento pode ser comprometida, ou seja, o contribuinte não é só uma ferramenta, mas sim parte essencial de toda a engrenagem.

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A Mercadoria: Os Fundamentos da Produção da Sociedade e do seu Conhecimento

Texto de Karl Max resumido por Josenilson dos Santos Silva

1. Os dois fatores da mercadoria: valor-de-uso e valor (substância e quantidade do valor)

Mercadoria: um objeto externo usado para a satisfação humana. Com valor-de-uso que depende, não da quantidade de trabalho, mas da maneira como é administrado, que só se realiza com a utilização ou consumo.

Na sociedade em questão, elas são, ao mesmo tempo, materiais dos valores-de-troca. Que podem ser relativos e casuais, dependendo na proporção ou maneira que se trocam.

Como valores-de-uso, as mercadorias só podem expressar qualidade, já quando exercem o papel de valor-de-troca só podem diferir-se na quantidade.

Apesar de haver vários modos de efetuar as trocas, quando uma certa proporção é estabelecida não se pode mudá-la em apenas uma das extremidades.

O que determina a grandeza do valor, portanto, é a quantidade de trabalho ou o tempo socialmente necessário para a produção do mesmo.

Existe ainda, uma coisa que pode ser valordeuso sem ser valor. É o que sucede quando sua utilidade para o ser humano não decorre do trabalho. Exemplo: o ar, a terra virgem, seus pastos naturais, a madeira etc. Quem, com seu produto, satisfaz a própria necessidade, gera valordeuso, mas não mercadoria. Para criar mercadoria, é essencial não só produzir valordeuso, mas produzi-lo para outros, dando origem a valor-de-uso social.

2. O duplo caráter do trabalho materializado na mercadoria

O valordeuso de cada mercadoria representa determinada atividade produtiva subordinada a um fim, isto é, um trabalho útil particular. Valoresdeuso não podem se opor como mercadorias, quando neles não estão inseridos trabalhos úteis qualitativamente distintos. 

Se o trabalho contido na mercadoria, do ponto de vista do valorseuso, só interessa qualitativamente; do ponto de vista da grandeza do valor, também só demonstra esse interesse e depois de ser convertida em trabalho humano, puro e simples. Ou seja, no primeiro não importa como o trabalho é desenvolvido, já no outro, é considerada a quantidade e a duração de seu tempo.

Quanto maior for a quantidade do valor-de-uso, mais abrangente será sua riqueza material. Isso é uma questão lógica, já que mais mercadoria pode ser distribuída para

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um número mais expressivo de pessoas. Porém, o grande aumento da existência de tal produto pode acarretar na queda do seu valor.

3. A forma do valor ou o valordetroca

Só podem ser consideradas mercadorias quando desempenham o papel de objetos úteis e de veículos de valor, portanto, demonstram duplicidade. Ou seja, para que cumpram sua função, devem estar presentes nas duas formas, como a mercadoria em si, e como valor.

As mercadorias, no entanto, só expressão valor se estiverem se manifestando em uma mesma situação social, caso contrário, a troca se torna injusta. Em condições diferentes, as mercadorias podem assumir valores, origens e destinos diversos, logo, não podem estabelecer uma relação homogênea e concreta.

Tratando-se das relações entre as mercadorias, elas podem ser relativamente dependentes umas das outras, como equivalentes. A matéria-prima e o produto final compartilham uma relação de dependência, a qualidade da primeira influencia no valor da segunda.

Também vale mencionar a forma relativa do valor, que basicamente sintetiza a proporção entre duas os mais mercadorias para gerar um determinado valor. Seja ela primária ou secundária, a mercadoria tem poder sob a direção tomada no gráfico de valores.

4. O Fetichismo da mercadoria: seu segredo

Como valor-de-uso não mistério. Ela existe para satisfazer as necessidades humanas, mas só adquire tal valor quando passa pelo trabalho humano. Evidentemente, o ser o humano a molda de acordo com suas prioridades, principalmente quando a mercadoria vem de origem natural.

A mercadoria é misteriosa simplesmente por encobrir as marcas sociais do trabalhado dos homens, apresentando-as como propriedade social e parte integrada do trabalho total. Através desse processo, os produtos do trabalho se tornam mercadorias, coisas sociais, com características notáveis e omissas aos sentidos.

Os homens estabelecem um sistema de igualdade entre seus trabalhos, mesmo eles tendo suas diferenças. Ao longo da história, esse método de aceleração no processo produtivo ganhou mais força e constituiu a economia burguesa.

Todos os modos de produção e formas de mercadoria são mais pluralizados e uniformes na cultura burguesa, porém, nas formas mais desenvolvidas se desvanece essa aparência de praticidade.

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A aparência de relação direta entre coisas e não pessoas resume o conceito do fetichismo, que basicamente representa a supervalorização dos produtos e negligencia em relação aos responsáveis pela sua confecção.