Resumo de Filosofia
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RESUMO DE FILOSOFIA
Cultura: o cosmo humano
Ser humano Ser biológico e cultural que modifica o estado de natureza, graças ao desenvolvimento do seu
psiquismo Síntese entre características hereditárias e adquiridas, aspectos individuais e sociais, elementos do
estado de natureza e cultura
Ponto de transição da natureza-cultura Linguagem e comunicação Claude Levi-Strauss Trabalho Karl Marx
Cultura Resposta oferecida pelos grupos humanos aos desafios da existência; modo de ser Manifesta-se em termos de conhecimento (logos), paixão/sentimento (pathos) e
comportamento/ação (ethos) Características
o adquirida pela aprendizagem, e não herdada pelos instintoso transmitida de geração a geração, através da linguagemo criação exclusiva dos seres humanoso múltipla e variável, no tempo e no espaço, de sociedade para sociedade
A cultura a qual pertencemos é invisível no nosso cotidiano crença de que nossa verdade é a única intolerância
Trabalho: liberdade e submissão
Trabalho Toda atividade na qual o ser humano utiliza sua energia para satisfazer necessidades ou atingir um
objetivo Aspectos
o Individualo Social
Históriao Pré-história: divisão de trabalho por sexo, força física, idade; comunidades nômades ou
sedentáriaso Antiguidade: valorizava-se o trabalho intelectual; o trabalho manual era considerado menor,
desprezível o Idade Média: trabalho como forma de provação e fortalecimento do espírito, para se
alcançar o reino celestialo Idade Moderna: burguesia, protestantismo, revalorização do trabalho e interpretação do
sucesso econômico como benção de Deuso Idade Contemporânea: elemento de autoconstrução do homem (Hegel) x processo de
alienação (Marx)
Processo de alienação Dois momentos:
o Objetivação: o homem se exterioriza nos objetos que criao Alienação: o homem, após transferir suas potencialidades para os produtos, deixa de
identificá-los como obra sua Trabalho alienado (Marx, “Manuscritos econômico-filosóficos”)
o Não permite ao trabalhador decidir sobre o resultado final do seu trabalho, nem sobre sua finalidade; assim, ele produz bens estranhos à sua pessoa e seus desejos
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o Submissão a um sistema de exploração que não lhe permite desfrutar os benefícios de sua própria atividade
o Produz para satisfazer as necessidades do mercado, e não do trabalhador “Como o homem moderno se sente ao mesmo tempo como o vendedor e a mercadoria a ser
vendida no mercado, sua auto-estima depende de condições que escapam a seu controle. Se ele tiver sucesso, será “valioso”; se não, imprestável. O grau de insegurança daí resultante dificilmente poderá ser exagerado.” (Erich Fromm)
Consumo alienado o Relação produção-consumo: produção e consumo, propaganda, exclusão e permanente
busca por mais lucro o “Acumula-se mais capital a fim de se acumular mais capital" (Immanuel Wallerstein)o Cultura do consumo
“A lógica do consumo se baseia na impossibilidade de que todos consumam” (Jean Baudrillard) forma de afirmar a diferença entre os indivíduos
Status Consumo como fim em si mesmo Produção de objetos que logo se tornam obsoletos
Lazer alienado o Indústria cultural (Adorno e Horkheimer): padronização e produção em série
Perspectivas Sociedade do tempo livre (Domenico de Massi) Sociedade do desemprego – opressiva e anti-social
Consciência crítica e filosofia
Desenvolvimento da consciência Homo sapiens sapiens (o homem que sabe que sabe) Harmonia e conflito entre o ser, saber e fazer 2 dimensões:
o Consciência de si reflexão o Consciência do outro atenção
Depende da superação do isolamento (excesso de consciência de si) e alheamento (excesso de consciência do outro)
Modos da consciência São 4:
o Consciência mítica: uso de elementos simbólicos para explicar a realidade e dar sentido à vida humana; uso de ritos sagrados
o Consciência religiosa: crença no elemento sobrenatural, em um poder superior inteligente; crença em verdades reveladas pela fé
o Consciência intuitiva: saber imediato, insight; há intuição intelectual (conhecimento universal) e intuição sensível (conhecimento particular)
o Consciência racional: busca compreender a realidade por meio de certos princípios estabelecidos pela razão; busca adequação entre pensamento e realidade; comum à ciência e à filosofia (separados no séc. XVII)
Hegel considera que há 3 formas de compreensão do mundo, cujas diferenças estariam no modo de consciência; as 3 formas são:
o Religião: apreende o mundo pela féo Arte: apreende o mundo pela intuição o Filosofia: apreende o mundo pelo conhecimento racional
Senso comum Vasto conjunto de opiniões aceitas como verdadeiras, mas sem uma fundamentação de sua
realidade As pessoas não sabem o porquê dessas noções Terreno favorável ao desenvolvimento da ideologia
Ideologia
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Originalmente, quer dizer a ciência das idéias (origem e desenvolvimento), que elaboram uma compreensão da realidade
Depois, passou a significar as idéias próprias de certos grupos sociais e políticos Dissimulação dos interesses, conjunto de idéias parciais e ilusórias, que dissimulam a realidade
(Marx) função de preservar a dominação das classes apresentando uma explicação apaziguadora para as diferenças sociais; evitar conflito aberto entre opressores e oprimidos
3 traços gerais, segundo Marilena Chauí:o Anterioridade: predetermina o pensamento e a ação, desprezando a história o Generalização: finalidade produzir um senso coletivo em torno de certas teses e valores
(interesses específicos dos grupos dominantes), ocultando sua origemo Lacuna: lógica construída com lacunas, omissões, silêncios e saltos
A eficiência de uma ideologia depende de sua capacidade para ocultar sua origem, sua lacuna e sua finalidade (Chauí)
Ideologia se presta à orientação da vida prática (György Lukács) Ideologia é o cimento que garante coesão social (Antonio Gramsci) “Não digam nunca: isto é natural/Diante dos acontecimentos de cada dia” (Bertold Brecht) "Pergunte sempre a cada idéia: a quem serves?" (Bertold Brecht)
Razão instrumental Razão que se tona simples instrumento para se atingir algum fim Está voltada para ser um instrumento de poder e dominação Desenvolve-se nas sociedades marcadas por alienação e ideologias Expressão utilizada pelos filósofos da Escola de Frankfurt, em especial Adorno e Horkheimer A nossa sociedade se caracteriza por uma “colonização” da vida humana por essa lógica da razão
instrumental, que rege o processo de produção material (Jürgen Habermas)
Filosofia – do senso comum ao senso crítico Filosofia = “amor à sabedoria” – expressão atribuída a Pitágoras Uso metódico da razão para obter conhecimento Idade Moderna: separação entre ciência (específica) e filosofia (universalista) Papel atual: buscar a unidade do saber
Teoria do conhecimento (epistemologia): investigando o saber
Epistemologia Teoria do conhecimento (gnosiologia) – 95%
o Investiga as origens, possibilidades, fundamentos, extensão e valor do conhecimentoo Uma das disciplinas centrais da filosofiao Descartes, Locke, Kant
Crítica à ciência (epistemologia) – 5%
Correntes filosóficas no processo de conhecimento Realismo
o Dá mais importância ao objetoo As percepções que temos dos objetos são reais
Idealismoo Dá mais importância ao sujeitoo A percepção da realidade é construída por nossas idéias e nossa consciência o Realidade é a representação que o sujeito faz do objeto
Possibilidades do conhecimento 2 correntes filosóficas básicas:
o Ceticismo: impossibilidade de conhecermos a verdade Ceticismo absoluto: tudo é ilusório
Górgias (485-380 a.C.) Pirro (365-275 a.C.): impossível conhecer a verdade, devido a 2 fontes de
erro: os sentidos e a razão Ceticismo relativo: o domínio do provável; doutrinas:
Subjetivismo: conhecimento é uma relação subjetiva e pessoal entre o sujeito e a realidade; Protágoras; a verdade é uma construção humana
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Relativismo: não existem verdades absolutas, apenas relativas, limitadas a um certo tempo/espaço/contexto
Probabilismo: não podemos alcançar certeza plena, apenas uma verdade provável
Pragmatismo: abandona a pretensão de alcançar a verdade; o conceito de verdade deve ser outro: o que é útil, dá certo, serve aos interesses das pessoas na sua vida prática; correspondência entre pensamento e objetivo a ser atingido
o Dogmatismo: há possibilidade de conhecermos a verdade (ex.: fundamentalistas) Dogmatismo ingênuo: predominante no senso comum; confia plenamente nas
possibilidades de conhecimento; crê que vemos o mundo tal qual é Dogmatismo crítico: capacidade de conhecer a verdade mediante esforço
conjugado dos sentidos e da inteligência, e de um trabalho metódico, racional, científico
3ª corrente, que busca superar o impasse: Criticismo o Desenvolvido por Kant o Acredita na possibilidade do conhecimento, mas se pergunta pelas reais condições nas
quais seria possível esse conhecimento conhecimento limitado e sob condições específicas
Verdade = correspondência entre o que se pensa e que se diz e a realidade que se quer conhecer ou expressar
Origens do conhecimento 2 correntes filosóficas básicas:
o Empirismo Origem no termo empeiria (experiência sensorial) Defende que todas nossas idéias são decorrentes de nossas percepções sensoriais Idéias provêm da experiência, que supre nosso conhecimento por meio da
sensação e reflexão John Locke: “nada vem à mente sem ter passado pelos sentidos”; ao nascermos,
nossa mente é um papel em branco o Racionalismo
Atribui exclusiva confiança na razão humana como instrumento para conhecer a verdade, universalmente aceita
Os princípios lógicos fundamentais seriam inatos Experiência sensorial é uma fonte de erros e confusões sobre a realidade René Descartes: “Penso, logo existo”
3ª corrente, que conjuga essas duas correntes: apriorismo kantiano o Conhecimento começa com a experiência, que fornece a matéria do conhecimento (seres
do mundo), mas ela sozinha não nos dá conhecimento; é preciso um trabalho para organizar os dados da experiência de acordo com as próprias formas existentes a priori no pensamento
o Buscou saber como é o sujeito a priori (antes de qualquer experiência) e concluiu que existem no homem certas faculdades (“formas da sensibilidade e do entendimento”) que possibilitam a experiência e determinam o conhecimento
A aurora da filosofia: os pré-socraticos
Cidade grega e filosofia Filosofia nasce na Grécia entre VI e VII a.C.: passagem do saber mítico (alegórico) ao pensamento
racional (logos) Mitologia grega Uso do logos (razão) vincula-se ao surgimento das pólis criação dos cidadãos, e não dos
deuses; discussões políticas em praça pública valorizou o logos
Mitologia Tentativa de explicar o real em toda sua extensão Na época, verdade inquestionável Conotativo Não há distinção entre o real e o sobrenatural Conhecimento primordial
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Criadores: poetas itinerantes Base social, econômica, política, religiosa Homens são vítimas das vontades dos deuses Deuses antropomórficos 2 tipos de mitos: religiões públicas (Homero) e religiões mistéricas (mistérios órficos – Orfeu, Platão,
Pitágoras) Cosmogonia (razão pré-reflexiva) para cosmologia (razão lógica)
Pré-socráticos Características
o Busca da substância primordial ou princípio substancial/unificador de todas as coisas (arché)
o Natureza (physis) o Construção de uma cosmologia (explicação racional do universo) para substituir a
cosmogonia (explicação do universo baseada em mitos) Escola Jônica
o Pensadores de Mileto Tales de Mileto (623-546 a.C.)
Pai da filosofia Estudou astronomia, geometria Arché: água “Tudo é água”; a água é indispensável à vida
Anaximandro de Mileto (610-547 a.C.) Aprofundou as concepções de Tales, mas acreditava não ser possível
eleger uma única substancia material, pois esta transcende os limites do observável
Arché: apeíron (“o indeterminado”, indefinido, ilimitado) Anaxímenes de Mileto (588-524 a.C.)
Admitia que a origem de todas as coisas é indeterminada Tentou conciliar as concepções de Tales e Anaximandro Arché: ar
o Heráclito de Éfeso (aprox. 500 a.C.) “Tudo flui, nada persiste, nem permanece o mesmo. O ser não é mais que o vir-a-
ser” 1º grande representante do pensamento dialético Realidade dinâmica, em constante transformação escola filosófica mobilista Vida como um fluxo constante, impulsionado pela luta das forças contrárias “A luta é mãe, rainha e princípio de todas as coisas” “Não podemos entrar 2 vezes no mesmo rio, pois suas águas se renovam a cada
instante”o Empédocles de Agrigento (490-430 a.C.)
Quis conciliar as concepções de Parmênides e Heráclito Arché: 4 elementos primordiais: fogo, terra, ar e água Esses elementos são movidos em função de 2 princípios universais opostos: amor
(atração, união) e ódio (repulsão, desagregação, dissolução) Escola italiana
o Reflexões entre o ser e o conhecero Início da lógica (estudos sobre o conhecer) e a ontologia (estudos sobre o ser)o Pitágoras de Samos (570-490 a.C.)
"O universo é uma harmonia de contrários" Em Crotona, fundou uma sociedade pitagórica, de caráter filosófico, religioso e
político Números são a essência de todas as coisas, representam ordem e harmonia
o Pensadores eleáticos (Escola eleática) Parmênides de Eléia (510-470 a.C.)
“O ente é; pois é ser e nada não é” Oposição a Heráclito Existência de 2 caminhos para a compreensão da realidade:
o Filosofia, razão, essênciao Crendice, opinião pessoal, aparência enganosa (“via de Heráclito")
O caminho da essência nos leva a concluir que existe o ser, e não é concebível sua não-existência; e o ser é, o não-ser não é
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Concepção estática do homem É no mundo da ilusão, aparências e sensações que os homens vivem seu
cotidiano Formulou os princípios lógicos da identidade e de não-contradição,
desenvolvidos depois por Aristóteles Zenão de Eléia (488-430 a.C.)
Discípulo de Parmênides Pretendeu demonstrar que a própria noção de movimento era inviável e
contraditória paradoxo de Zenão (corrida entre Aquiles e tartaruga) Escola atomista
o Demócrito de Abdera (460-370 a.C.) “O homem, um microcosmo” Atomismo: crença que todas as coisas que formam a realidade são constituídas por
partículas invisíveis e indivisíveis (átomo), que seria equivalente ao “conceito de ser” em Parmênides
Átomo = sem parte (será sempre a menor parte) Além do átomo, existiria o vácuo (o não-ser) É o acaso e a necessidade que promove a aglomeração e repulsão dos átomos Concepção mecanicista: tudo nasce do acaso ou necessidade; nada nasce do
nada, tudo tem uma causa
A filosofia da Grécia clássica ao helenismo
Sofistas – os mestres da argumentação Nova fase filosófica, caracterizada pelo interesse no próprio homem e nas relações políticas do
homem com a sociedade Sofistas eram professores viajantes que vendiam ensinamentos práticos de filosofia, tais como a
arte de argumentar em público para fazer valer seus interesses Favoreceram surgimento de concepções filosóficas relativistas as opiniões dos homens são
infindáveis e diversas, não existe conhecimento verdadeiro, pois ele depende do lugar e da época São contra Sócrates Sofister = sábios por excelência (como eles se autodenominavam) Sofística: arte de manipular raciocínios, produzir o falso, iludir os ouvintes Protágoras de Abdera (480-410 a.C.)
o “O homem é a medida de todas as coisas” princípio básico de sua doutrina o Relativismo, subjetivismo
Górgias de Leontini (487-380 a.C.)o “O bom orador é capaz de convencer qualquer pessoa sobre qualquer coisa”o Ceticismo absoluto: “nada existe; se existisse, não poderia ser conhecido; se conhecido,
não poderia ser comunicado”
Sócrates de Atenas (469-400 a.C.) “Ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber.
Parece que sou um pouco mais sábio que ele exatamente por não supor que saiba o que não sei” Não deixou nada escrito; seus pensamentos vieram de seus discípulos Considerado subversivo, foi condenado a beber cicuta, mas não renunciou aos seus valores morais Concentrou-se na problemática do homem, e não da natureza Opunha-se ao relativismo e à retórica para atingir interesses particulares Homem = sua alma = consciente intelectual e moral Psique = alma (sede do conhecimento e caráter) Princípio básico: autoconhecimento: “conhece-te a ti mesmo” (frase do Oráculo de Delfos) Filosofia desenvolvida por meio de diálogos críticos (divididos em ironia e maiêutica), discussão
lógica para resolver pendências Princípios socráticos
o Uma vida sem busca não merece ser vivida (sentido da vida)o Sentido da vida é a busca pela verdadeo Esta verdade está dentro do homemo Para chegar a essa verdade: reconhecimento da ignorância
Método socrático o Exortação: convite/provocação/chamado
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o Indagação (perguntas e respostas): Ironia: interrogação, destruição do orgulho e da presunção, e reconhecimento da
ignorância Maiêutica: reconstrução das idéias, “parto” da verdade
Platão de Atenas (427-347 a.C.) Discípulo de Sócrates Fundou sua escola filosófica, a Academia “Diálogos Socráticos” Conhecimento é uma recordação, anamnésia, intuição intelectual Teoria das idéias (essência = eidos)
o 1ª grande teoria metafísica do Ocidente o Procura explicar como se desenvolve o conhecimento humano: por meio da passagem do
mundo das sombras e aparências para o mundo das idéias e essências o 1ª etapa: impressões e sensações, que dão origem à opinião mundo sensível: seres
incompletos e imperfeitoso 2ª etapa: conhecimento, que ultrapassa as impressões sensoriais e penetra na esfera
racional da sabedoria mundo das idéias: domínio do ser absoluto, eterno e imutável o Método para alcançar essa passagem: dialética (contraposição de uma opinião com a
crítica que dela podemos fazer)o Passagem da doxa (opinião) à episteme (ciência): Filodoxia (amor às opiniões) x filosofia
(amor ao saber)o Mito da caverna: alegoria para explicar a teoria das idéias o Grande influência no imaginário religioso ocidental o Demiurgo = criador, que participa dos 2 mundos (ser intermediário)
Em “A República”, imaginou uma sociedade ideal, habitada por reis-filósofos
Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.) “Amicus Plato sed magis amica veritas” Nasceu na Macedônia; aos 18 anos ingressou na Academia de Platão; 20 anos depois, voltou para
a Macedônia, onde foi professor de Alexandre, o Grande; fundou sua escola filosófica, o Liceu; depois da morte de Alexandre, passou a ser perseguido, e fugiu de Atenas
Rejeitava a Teoria das Idéias de Platão; para ele, a observação da realidade leva-nos à constatação da existência de inúmeros seres individuais, concretos, mutáveis, que são captados por nossos sentidos filosofia realista, pertence a este mundo
Para ele, virtude representa o meio-termo Universo geocêntrico A partir da existência, buscar a essência processo do conhecimento do individual para o
universal (indução) Também se deve distinguir nos seres: a substância (necessária - estrutura, essência) e o acidente
(contingente - circunstância, não-essencial) Física aristotélica: composição dos corpos: 4 elementos (mundo sublunar) e éter (mundo
supralunar) Teoria metafísica do ato e da potência
o Conhecimento é a passagem da potência para o atoo Nova interpretação ontológica para dirimir a polêmica entre Heráclito e Parmênides: em
todo ser devemos distinguir o ato (manifestação atual do ser, realidade) da potência (o vir-a-ser, possibilidade)
o Passagem da potência para o ato é causada; há 4 causas fundamentais: material, formal, eficiente (quem produziu a coisa), final (objetivo, finalidade da coisa); a causa final é que comanda o movimento da realidade (potência ato)
o Ato puro: motor e imóvel Conhecimento
o Teorético: conhecimento per seo Prático: política e ética o Poiético: ligado à capacidade de transformação (engenharia, medicina)
Filosofias Helenísticas – a busca da felicidade interior Inicio com a conquista da Grécia pelos Macedônios, em 322 a.C. interação entre a cultura grega
clássica e a cultura dos povos orientais
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A antiga liberdade dos gregos é desfigurada pelo domínio macedônio mudança das reflexões filosóficas da vida pública à privada; das preocupações coletivas às individuais
Pirronismo o Fundado por Pirro de Elida (365-275 a.C.)o Nenhum conhecimento é seguro; tudo é incerto o Se deve contentar com as aparências das coisas, desfrutar o imediato captado pelos
sentidos e viver em paz, em vez de buscar a verdade plena, inalcançávelo Forma de ceticismo
Estoicismo o Fundado por Zenão de Cicio (336-263 a.C.)o Toda realidade existente é racional o Somos desse mundo, e, ao morrermos, dissolvemos nesse mundoo Dever de compreensão do mundo como caminho para a felicidadeo Atitude de austeridade física e moral o Ideal perseguido: busca da plena serenidade
Epicurismo o Fundado por Epicuro (324-271 a.C.)o Ser humano deve buscar o prazer, que é o princípio e o fim de uma vida felizo Prazeres duradouros (espírito) x prazeres imediatos (paixões, que podem causar
sofrimento)o Busca da ataraxia estado de ausência de dor, de quietude e serenidadeo Administração equilibrada do prazer, evitando ceder aos desejos insaciáveis
Cinismo o Homem deve procurar conhecer a si mesmo e desprezar todos os bens materiais o Diógenes: o “Sócrates demente” questionava os valores e convenções sociais;
“cosmopolita”
Período grego-romano A partir da expansão militar de Roma (264 a.C.) Assimilação da cultura grega por Sêneca, Cícero, Plotino, Plutarco Difusão do cristianismo visa à dissolução da filosofia grega clássica (“a filosofia pagã”)
O pensamento cristão: a patrística e a escolástica
Filosofia medieval e cristianismo Igreja católica difunde o cristianismo, e assume importante papel político Conflitos e conciliação entre razão e fé; fé cristã pressupõe crença irrestrita nas verdades reveladas
por Deus nenhuma investigação filosófica poderia contrariar as verdades estabelecidas pela fé católica; aos filósofos, restava apenas demonstrar racionalmente as verdades da fé
Alguns pensadores cristãos defenderam o conhecimento da filosofia grega, para usá-lo a serviço do cristianismo, possibilitando à Igreja enfrentar os descrentes e derrotar os hereges com as armas racionais da argumentação lógica atração pela razão, depois aceitação dos mistérios divinos pela fé
4 momentos:o Patrística apostólica (séc I e II): dos padres apostólicos (apóstolos e suas epistolas)o Patrística apologética (séc. III e IV): dos padres apologistas; apologia (defesa) do
cristianismo contra a filosofia pagã o Patrística medieval (séc. IV ao VIII): conciliação entre razão e fé; se destaca Santo
Agostinho e a filosofia platônica o Escolástica (séc. IX a XVI): sistematização da filosofia cristã, sobretudo a partir da
interpretação distorcida de Aristóteles; se destaca São Tomás de Aquino
Patrística medieval Principal teórico: Santo Agostinho (354-430) “Crer para compreender, compreender para crer” Até os 32 anos, teve uma vida voltada aos prazeres do mundo Deixou-se influenciar pelo maniqueísmo (mundo dominado pelo bem e pelo mal); depois, entrou em
contato com o ceticismo e o neoplatonismo; crise existencial e conversão ao cristianismo Fé e razão são complementares Separação entre corpo e alma
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Crenças: superioridade da alma humana (espírito sobre o corpo); homem pecador inverte essa relação; liberdade seria a harmonia das ações humanas com a vontade de Deus
Salvação somente mediante esforço pessoal e graça divina (aleatória, que só receberão os predestinados à salvação, doada por Deus aos seus eleitos)
Essa questão da graça marcou profundamente o pensamento medieval cristão Combateu o pelagianismo (doutrina pela qual o homem pode alcançar a salvação através da boa
vontade e boas obras), que foi considerado heresia, pois não servia aos interesses da Igreja a idéia de que o homem pudesse não se submeter completamente aos mandamentos de Deus
A liberdade humana seria própria da vontade e não da razão; por isso, seria fonte de pecado, e justificativa para a submissão do homem
Teoria da Iluminação: substitui a teoria platônica da reminiscência (Deus é quem ilumina)
Escolástica Séc. VIII: Carlos Magno funda as escolas ligadas às instituições católicas; com isso, a cultura greco-
romana voltou a ser divulgada renascença carolíngia Ensino do trivium e quadrivium, subordinados à teologia Séc. XIII: redescoberta de Aristóteles Aristotelismo + cristianismo = base da Escolástica 3 fases
o Séc. IX a XIII: confiança na perfeita harmonia entre a fé e a razãoo Séc. XIII a XIV: elaboração de grandes sistemas filosóficos; harmonização da fé e razão
pode ser parcialmente obtida; teórico: São Tomas de Aquinoo Séc. XIV a XVI: decadência, mas influência vai até a revolução científica
Método escolástico de investigação: estudo da linguagem (trivium) e depois das coisas (quadrivium), e da relação entre elas; discussão sobre a existência ou não das idéias gerais (“questão dos universais” – relação entre as coisas e seus conceitos); 3 posições:
o Realismo: universais existiam (idéias existem por si mesmas)o Nominalismo: termos universais são apenas palavras, sem existência real o Realismo moderado: tais conceitos seriam discursos mentais, que fazem a ligação entre o
mundo do pensamento e o mundo do ser fortalecimento de uma razão autônoma em relação à teologia (séc XII)
São Tomas de Aquino (1226-1274)o Apogeu do pensamento medieval católico o Objetivo de sua doutrina: não contrariar a fé; organizar argumentos para defender as
revelações do cristianismo uso do pensamento aristotélico para explicar a fé cristã o Princípios básicos: não-contradição, substância, causa eficiente, finalidade (todo ser existe
em função de uma finalidade), ato e potência o Distinção entre ser e essência o Em “Suma Teológica”, apresenta “provas” da existência de Deus: o 1º ser movente, a causa
eficiente, ser necessário e contingente, os graus da perfeição, a finalidade do sero Bertrand Russel, sobre São Tomás de Aquino: “Ele não está empenhado numa pesquisa
cujo resultado não possa ser conhecido de antemão. Antes de começar a filosofar, ele já conhece a verdade; está declarada na fé católica”
o Influenciado por Avicena e Averróis (árabes) Escolástica pós-tomista – início da decadência da escolástica
o São Boaventurao Roberto Grosseteste e Roger Bacon: investigação experimental no campo das ciências
naturais abriu caminho para a ciência moderna o Guilherme de Ockham: proclamou a distinção absoluta entre a fé e a razão; pensador
empirista e nominalista, iniciou o método da pesquisa científica moderna
Filosofia Moderna: a nova ciência e o racionalismo
Idade Moderna – transformações: Passagem do feudalismo para o capitalismo comércio e burguesia Formação dos Estados nacionais monarquias absolutas e mercantilismo Movimento da Reforma quebra da unidade religiosa, razão humana como extensão do poder
divino Desenvolvimento da ciência natural novos métodos de investigação científicos Invenção da imprensa humanismo, divulgação das obras
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Antropocentrismo, racionalismo, individualismo, filosofia laica
Renascimento Revalorização do homem e da natureza Inspirado no humanismo (ideais de razão e liberdade) Desenvolvimento de uma mentalidade racionalista Literatura: Camões, Shakespeare, Cervantes, Thomas More, Dante, Erasmo Ciências:
o Nicolau Copérnico (1473-1543): teoria heliocêntrica (1543) Ética, educação e política:
o Thomas Morus (1478-1535): autor de “A Utopia”, onde propõe a sociedade ideal o Michel de Montaigne (1523-1592): pensamento ceticista, e também epicurista e estoicista;
defende importância da reflexão e consciência pessoal o Nicolau Maquiavel (1469-1527): abordagem realista da política e do exercício do poder
político pelo Estado; em “O Príncipe”, desvincula as razões políticas das razões morais; uso da força para conter a maldade humana
Ameaças: Concílio de Trento (1545-1563), Tribunal da Inquisição, Index
Razão e experiência Representação da realidade através de modelos matemáticos e geométricos Procura de um método, uma base segura que garantisse a verdade de um raciocínio
Expoentes Galileu Galilei (1564-1642)
o Um dos fundadores da física moderna o Deu início à Revolução Científica, que separou a ciência da filosofiao Apoio à teoria heliocêntrica de Copérnicoo Condenado pelo Tribunal da Inquisição em 1633, retratou-se publicamenteo Método matemático-experimental: nova postura de investigação científica, cuja metodologia
se baseava na observação dos fenômenos, realização de experimentações para comprovar uma tese, aplicação da matemática ao estudo experimental da natureza
Francis Bacon (1561-1626)o “Saber é poder” o “As pessoas preferem acreditar naquilo que elas querem que seja verdade”o Empirista o Autor de “Novum Organum” (Nova Ordem), foi um dos fundadores do método indutivo de
investigação científica: observação, organização racional dos dados colhidos empiricamente, formulação de explicações gerais (hipóteses), comprovação da hipótese mediante repetidas experimentações
o Questão: encontrar um caminho seguro para o conhecimento; passos: 1º: livrar-se de preconceitos 2º: aderir ao método experimental indutivo
o Disposição de fazer dos conhecimentos científicos um instrumento prático de controle da realidade
o Teoria dos ídolos: a ciência deveria valorizar a pesquisa experimental, mas para isso, os cientistas deveriam se libertar dos ídolos (falsas noções, preconceitos), que são 4:
Ídolos da tribo: falsas noções provenientes das limitações da espécie humana Ídolos da caverna: falsas noções do ser humano como indivíduo Ídolos do mercado/foro: falsas noções provenientes da linguagem e comunicação Ídolos do teatro: falsas noções provenientes da filosofia, ciência e cultura vigentes
(espécie de fundamentalismo ideológico) René Descartes (1596-1650)
o “Penso, logo existo” (cogito ergo sum)o Racionalistao Um dos pais da filosofia moderna efeito demolidor o Esforçou-se por decifrar “o grande livro do mundo”o Dúvida metódica e o cogito: para conhecer a verdade, é preciso colocar todos os
conhecimentos em dúvida (dúvida cartesiana); a única verdade absoluta era a de que pensava princípio básico de sua filosofia tendência idealista (sujeito > objeto)
o Matemático: criador da geometria analítica, que possibilitou as coordenadas cartesianas o Método cartesiano: em “Discurso do Método”, 4 regras básicas para a busca da verdade:
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o Regra da evidênciao Regra da análise: divisãoo Regra da síntese: problemas mais simples aos mais complexoso Regra da enumeração: verificações completas para assegurar que nenhum aspecto
foi omitidoo Concepção de idéias inatas inatismo o Concepção de um “Deus das verdades geométricas”
Espinosa (1632-1677)o Racionalismo radical, crítica às superstições religiosas, políticas e filosóficas o Fonte da superstição: imaginação, incapaz de compreender a verdadeira ordem do universo o “Ética”: busca combater as superstições, e provar a natureza racional de Deus, que se
manifesta em todas as coisas (Deus imanente); Deus não está fora nem dentro do universo, ele é o próprio universo
o Deus = Natureza Blaise Pascal (1623-1662)
o “O silêncio eterno dos espaços infinitos apavora”o Em “Pensamentos”, questiona a situação paradoxal do homem em meio a toda a realidade
existente o O homem não pode conhecer o princípio e o fim das realidades que busca compreender; a
razão humana seria impotente para provar a existência de Deuso Crítico de Descartes e seu “Deus das verdades geométricas”
Isaac Newton (1642-1727)o Pai da física clássica o Em “Princípios matemáticos da filosofia natural” (1687), estabelece regras baseadas na
simplicidade e uniformidade da naturezao Visão do mundo como uma grande máquina, que pode ser conhecida através de
observação e experimentação; esse mundo seria obra de um “Regente universal”o A partir do século XV com o renascimento e a revolução científica, essa concepção de
um universo orgânico, vivo e espiritual foi substituída pela noção do mundo como máquina (Fritjof Capra, 1982); a imagem do mundo como uma máquina perfeita, que tinha sido introduzido por Descartes era então considerada um fato comprovado, e Newton tornou-se o seu símbolo
Filosofia Moderna: Empirismo e Iluminismo
Empirismo Conhecimento depende da experiência sensível (concreta); por isso, criticou filosofia cartesiana e
sua tese das idéias inatas, e o racionalismo Inglaterra: fim do absolutismo monárquico (Revolução Gloriosa) e ascensão da burguesia;
liberalismo
Expoentes Thomas Hobbes (1588-1679)
o “O homem é o lobo do homem”o Influenciado por Bacon e Galileuo Investigação das causas e propriedades das coisaso Filosofia seria a ciência dos corpos: corpos naturais (filosofia da natureza) e corpo artificial
ou Estado (filosofia política)o Realidade explicada através de corpo e movimento o Materialismo: concepção de que a matéria é a realidade primeira de tudo que existe, e
despreza seres imateriaiso Mecanicismo: fenômenos se explicam por conjuntos de causas mecânicas, isto é, de forças
e movimentoso Não há lugar para acaso e liberdadeo Bem e mal não são valores universais; bem é aquilo que buscamos, e mal, aquilo de que
fugimos; o valor fundamental para o indivíduo é a conservação da vida o Em “Leviatã”, defende que a convivência entre os homens necessita um poder absoluto
que os mantenha em sociedade e impeça que eles se destruam mutuamente John Locke (1632-1704)
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o Pai do Iluminismo o Influenciado por Bacon e Descartes o Em “Ensaio acerca do entendimento humano”, combateu a doutrina de idéias inatas, e
defendeu que a mente, no nascimento, é uma tábula rasa tese empirista o Idéias adquiridas através da experiência sensorial e da reflexão o Assim como não existiam idéias inatas, não deveria existir poder inato crítico do
absolutismo o Pacto socialo Defende o liberalismo político, os direitos naturais do homem e a propriedade privada o Influência na fundamentação ideológica da democracia liberal burguesa
George Berkeley (1685-1753)o Em “Tratados sobre os princípios do conhecimento humano”, defende a tese empirista, mas
também que a existência das coisas é a percepção que temos dessa experiênciao A realidade depende da idéia que fazemos das coisaso Nega a existência da matéria como algo independente da mente imaterialidade do
mundoo Defendeu a existência de uma mente cósmica, representada por Deus
David Hume (1711-1776)o Nova Era no Empirismo o Em “Investigação acerca do conhecimento humano”, formulou sua teoria do conhecimento:
dividiu o que percebemos em impressões (dados sensoriais) e idéias (representações mentais das impressões)
o Crítica ao raciocínio indutivo, que diz não possuir fundamento lógico; será sempre um salto do raciocínio impulsionado pela crença ou hábito ceticismo teórico / mitigado (reduzido)
o Somente o raciocínio dedutivo utilizado na matemática fundamenta-se numa lógica racional o Crítica ao princípio da causalidade e aos princípios universais o Defesa das teses como probabilidades, e não certezas absolutas o Agnóstico
Iluminismo Valores fundamentais: igualdade, tolerância, liberdade e propriedade privada (que podem ser
relacionados à atividade comercial) Contexto: burguesia, racionalismo, Revolução Industrial, crença na razão, ciência e tecnologia como
motores do progresso Esforço por aplicar as doutrinas críticas e analíticas aos diversos campos da atividade humana Crítica ao Iluminismo: “O que os homens querem aprender da natureza é como aplicá-la para
exercer completo domínio sobre ela e sobre os homens” (Horkheimer e Adorno)
Expoentes Montesquieu (1689-1755)
o Jurista o Em “O Espírito das Leis”, formula a teoria da separação dos poderes em Legislativo,
Executivo e Judiciário, como forma de evitar abusos de governantes e proteger as liberdades individuais
o Defensor da monarquia constitucional Voltaire (1694-1778)
o Poeta, dramaturgo e filósofo o Crítica à prepotência dos poderosos, ao clero católico e à intolerância religiosa o Necessidade social da crença em Deus (“se Deus não existisse, seria preciso inventá-lo”)o Defensor de uma monarquia respeitadoras das liberdades individuais, e de um soberano
esclarecido o Defensor da liberdade de pensamento
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)o Em “Do Contrato Social”, defende que o soberano deve governar segundo a vontade geral
do seu povo, visando ao atendimento de um bem comum; somente um Estado de bases democráticas poderia oferecer a todos os seus cidadãos um regime de igualdade jurídica
o Em “Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens”, glorifica a vida natural e ataca os vícios da sociedade civilizada; elogia a liberdade do selvagem, na pureza do seu estado natural (“o bom selvagem”)
o Defensor da pequena burguesia e inspirador das idéias da Revolução Francesa
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Diderot e D`Alembert (1713-1784 / 1717-1783)o Pensadores franceses, organizaram a Enciclopédia de 33 volumes, que defendeu o
racionalismo, Estado laico, confiança no progresso Adam Smith (1723-1790)
o Economista e filosofo escocês o Principal representante do liberalismo econômico economia regida pela livre oferta e
procura; o mercado se auto-regularia (“mão-invisível”)o Em “Ensaio sobre a riqueza das nações”, defende que o trabalho é a verdadeira fonte de
riqueza de um país, devendo ser conduzido pela livre iniciativa dos particulares Immanuel Kant (1724-1804)
o Filosofo e astrônomo alemãoo Revolução Epistemológica Kantiana
Criticismo kantiano: síntese entre racionalismo (sujeito, forma) e empirismo (objeto, matéria)
Sujeito capta e pensa o mundo objetivo a partir de suas possibilidades Conhecimento = interação entre sujeito (forma, a priori) e objeto (matéria, a
posteriori) O objeto/matéria é que se adequa à forma/sujeito Quer estabelecer limites e extensão da razão humana e da experiência objetiva no
processo de conhecimento interação entre sujeito e universo objetivo o Em “O que é a ilustração” (1784), diz que é a saída do homem de sua menoridade o Em “Crítica da razão pura” (1781), investiga as condições nas quais se dá o conhecimento,
e desenvolve um exame crítico da razãoo 2 formas de conhecer:
Conhecimento puro (a priori): não depende dos sentidos, é anterior à experiência, nasce de uma operação racional conhecimento (juízo) universal e necessário
Conhecimento empírico (a posteriori): dados fornecidos pelo sentido, posterior à experiência, fora do sujeito
o 2 tipos de juízo: Juízo analítico ou de elucidação: o predicado já está contido no sujeito (ex.: o
quadrado tem 4 lados); não conduz a conhecimento novo Juízo sintético ou de ampliação (de conhecimento): o predicado não está contido
no sujeito, por isso amplia nossas informações (ex.: os corpos se movimentam) Juízo sintético a priori : informações novas, não limitadas pela experiência, e
por isso, é um juízo universal e necessário é o juízo mais importante; ex.: física, matemática, geometria
Juízo sintético a posteriori : amplia o conhecimento sobre o sujeito, mas sua validade está condicionada ao tempo e espaço da experiência, portanto não possui um juízo universal e necessário
o Estruturas subjetivas (a priori) no ser humano que possibilitam a experiência e determinam o entendimento:
Formas a priori da sensibilidade: percepção da realidade no tempo e espaço intuições puras; “sentir o mundo”
Formas a priori do entendimento: dados são organizados de acordo com certas categorias “conceitos puros” existentes a priori no entendimento, tais como conceito de causa, necessidade, relação base para emissão de juízos sobre a realidade; “pensar o mundo”
o Conclusão: não conhecemos as coisas em si mesmas, mas tal como a percebemos; ou seja, as coisas são percebidas de acordo com nossas estruturas mentais
o A teoria kantiana inverteu a questão tradicional do conhecimento, já que propunha que os objetos é que eram regulados pelo nosso conhecimento
Filosofia Contemporânea – séc. XIX
Contexto histórico 2ª Revolução Industrial Avanços técnicos, industrialização, conflitos sociais Progresso, desumanização, lutas e correntes socialistas, desconfiança em relação ao progresso Cientificismo, otimismo Consolidação da sociedade capitalista
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Romantismo Exaltação do indivíduo e da emoção Idealização da natureza como força vital (sensação de pertencimento a uma totalidade, em
oposição à fragmentação racionalista do mundo social) Ênfase na intuição, aventura e fantasia valorização da sensibilidade e subjetividade Desenvolvimento do nacionalismo e do amor pela pátria Defesa da liberdade, simpatia por movimentos sociais libertários Grandes nomes
o na literatura: Schlegel, Novalis, Hölderlin, Schiller, Goetheo na música: Beethoven, Schuman, Brahms, Schubert, Chopino na pintura: Delacroix (“A liberdade guiando o povo”)
Rousseau seria um pré-romântico Influencia o idealismo alemão
Idealismo alemão Base: Kant Johann Gottlieb Fichte (1726-1814)
o Tomou o “Eu” de Kant e transformou-o de princípio da consciência em princípio criador de toda a realidade a realidade objetiva é produto do espírito humano
Friedrich Schelling (1775-1854)o Existe um único princípio, uma Inteligência superior ao próprio Eu, que rege todas as coisas
Hegel (1770-1831)o Ponto culminante do racionalismoo Tentou conciliar a filosofia com a realidadeo Obras: “Fenomenologia do espírito”, “Princípios da filosofia do direito”, “Lições sobre a
história da filosofia”o Princípios básicos
Entendimento da realidade como Espírito realidade como substância e sujeito; como processo e movimento, e não somente coisa (substância)
A realidade, enquanto espírito, possui uma vida própria, um movimento dialético (movimentos sucessivos e contraditórios pelos quais a realidade se apresenta) todas as coisas passam por um processo dinâmico de transformação que leva a uma síntese superior, em 3 momentos:
1) Ser em-si 2) Ser outro, ou fora-de-si 3) Retorno, do ser para-si Exemplo: a semente é em-si a planta, mas ela deve morrer como semente
e, portanto, sair fora-de-si, a fim de poder se tornar, desdobrando-se, a planta para-si
Esses 3 momentos são também chamados de tese, antítese e sínteseo Conclusões
Realidade é dinâmica, não estática; é um contínuo devir, no qual um momento prepara o outro, negando o anterior; se sucedem com um movimento em espiral
O conceito de dialética não é um método de pensar a realidade, mas o movimento real da realidade
A razão alcançaria a unidade entre ser e pensar, harmonizando subjetividade e objetividade
Trabalho da filosofia: consciência rumo ao saber absoluto, a partir da consciência finita
o Críticas à Hegel Ao englobar situações históricas como desdobramentos do Espírito objetivo,
terminou por legitimar todas as formas de governo e instituições, mesmo as mais nefastas
Sua dialética se torna instrumento de legitimação da realidade existente Arthur Schopenhauer (1788-1860)
o "As religiões, assim como as luzes, necessitam de escuridão para brilhar"o Atacou com mais veemência o pensamento hegeliano, e chamou Hegel de acadêmico
mercenário o Em “O mundo como vontade e representação”, sustenta, assim como Kant, que o homem
não conhece as coisas como elas são, mas como elas podem ser percebidas e interpretadas
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o Não existe uma realidade exterior absoluta; a representação do mundo seria uma ilusão, pois o objeto conhecido é condicionado pelo sujeito
o Admite ser possível alcançar a essência das coisas através do insight intuitivo; nesse processo, a arte teria grande relevância
o Visão pessimista do homem e da vida; o homem seria vontade, o que o levaria a desejar sempre mais, levando à insatisfação origem das lutas, dor e sofrimento
o Apenas pela arte e ascese (abandono de si) pode o homem se libertar da dor Ludwig Feuerbach (1804-1872)
o Crítica à filosofia hegeliana; chamou seu idealismo de “especulação vazia” o Propôs que a filosofia deveria partir do concreto, do ser humano como ser natural e social
materialismoo Posteriormente, influenciou o pensamento inicial de Karl Marx
Sören Kierkegaard (1813-1855)o Filosofo dinamarquês, “pai do existencialismo”o Contestou a razão como único instrumento capaz de descobrir a verdade, como supunha
Hegel o Como cristão, defendeu o conhecimento que se origina da féo 3 dimensões mutuamente exclusivas da existência humana: estética (prazer), ética
(liberdade e prazer x dever), religiosa (fé); cabe ao homem escolher a suao Trata de temas como amor, sofrimento, angústia e desespero o Influenciará as correntes irracionalistas e existencialistas questão da verdade a partir do
processo da existência o Procurou analisar os problemas da relação existencial
do homem com o mundo: dominada pela angústia, devido ao excesso de possibilidades
do homem consigo mesmo: marcada pela inquietação (insatisfação com o que já realizou) e desespero (não-realização do que pretendia)
do homem com Deus: única via para superação da angústia e desespero; contudo, marcada pelo paradoxo de ter de compreender pela fé o que é incompreensível pela razão
Positivismo de Augusto Comte (1798-1857) “Amor por princípio, ordem por base, progresso por fim” 3 palavras-chave: cientificismo, otimismo, burguesia Confiança nos benefícios da industrialização, otimismo em relação ao progresso capitalista, guiado
pela técnica e pela ciência doutrina muito influente no plano prático criação do mito do cientificismo
Doutrina fundada na extrema valorização do método científico das ciências positivas (baseada nos fatos e na experiência) e na recusa das discussões metafísicas
1ª corrente teórica sistematizada de pensamento sociológico: baseia-se na física da natureza para criar uma física social (sociologia), leis para controlar e prever fenômenos
Física socialo 2 áreas
Dinâmica: movimento – Progresso Estática: estrutura – Ordem
o Quanto maior a ordem, maior o progresso, mas sem questionar justiça Lei dos 3 estados – sustenta que o conhecimento humano tem 3 estágios:
1. Teológico: conhecimento fictício; apresenta causas sobrenaturais aos fenômenos naturais2. Metafísico: conhecimento abstrato; agentes sobrenaturais são substituídos por idéias
abstratas inerentes a todas as coisas, e que são geradoras dos fenômenos3. Científico/positivo: especulações são deixadas de lado, para que a observação e o
raciocínio investiguem os fenômenos Objetivo: pesquisa das leis gerais que regem os fenômenos naturais Limitação: só busca descrevê-las Conhecimento científico torna-se instrumento de transformação da realidade, de domínio do homem
sobre a natureza As características que distinguem o positivismo das demais filosofias são: realidade, certeza,
utilidade, precisão, organização, relatividade Tema central de sua obra: reorganização completa da sociedade; tratava-se de uma reestruturação
intelectual das pessoas, e não uma revolução das instituições sociais; passos: reorganização intelectual, moral, política
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Verdadeira finalidade: restabelecer a ordem na sociedade capitalista industrial, inclusive legitimando a exploração industrial, a divisão da sociedade em classes e a existência de capitalistas e do proletariado
Criou a “Religião da Humanidade”, laica, sem Deus; visa proporcionar o bem e a evolução da humanidade
Outras escolas: organicismo, Darwinismo social
Realismo na literatura Dostoievski (1821-1881)
o “Se Deus está morto, tudo é permitido” Anton Chekhov (1860-1904)
o "Um cão faminto só tem fé na carne"
Materialismo dialético de Karl Marx (1818-1883) “Até agora, os filósofos se dedicaram a interpretar o mundo; resta, de agora em diante, transformá-
lo” “Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência” "A religião é o ópio do povo" Crítica ao idealismo hegeliano Crítica ao sistema capitalista Objetivo: propor ampla transformação econômica, política e social Materialismo dialético ou Dialética marxista
o Maneira de explicar a evolução da história através da luta de classes o Permite compreender a história em seu movimento, em que cada etapa é vista não como
estática, mas como transitória, que pode ser transformada pela ação humana; assim, em sua dialética os homens (e não o Espírito ou a Razão de Hegel) podem alterar sua realidade social
o Dialética: método de análise da realidade; modo de pensar as contradições da realidade, modo de compreender a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação
o Dialética de Hegel: elementos do esquema básico do método dialético: Tese : afirmação ou situação inicialmente dada Antítese : oposição à tese Síntese : do conflito entre tese e antítese surge a síntese, que é uma situação nova
que carrega dentro de si elementos resultantes desse embate; a síntese torna-se uma nova tese, que contrasta com uma nova antítese gerando uma nova síntese, em um processo em cadeia infinito
“Ideologia alemã” (1846)o Diz que seus pressupostos são os indivíduos reais, a sua ação e as suas condições
materiais de vida; busca compreender a história real dos homens em sociedade a partir das condições materiais em que vivem materialismo histórico
Materialismo históricoo Corrente revolucionária de pensamento social a estrutura de uma sociedade reflete a
forma como os homens organizam a produção social de bens (forças produtivas + relações de produção) modos de produção
o As pessoas são influenciadas pelo contexto histórico; a vida é que determina a consciência o Não existe o indivíduo formado fora das relações sociais: “a essência humana é o conjunto
das relações sociais”; essas relações sociais são determinadas pela forma de produção da vida material (maneira como os homens trabalham e produzem os meios necessários para a sustentação material da sociedade), que por sua vez condiciona o processo geral de vida social, política e espiritual
o Revolução socialista como uma possibilidade “Manifesto comunista” (1848)
o A luta de classes é o motor da história, e cabe à classe social revolucionária (no caso, o proletariado) intervir através de ações concretas para que essas transformações ocorram
o Classes sociais: tem sua base nas desigualdades relações entre os homens são de oposição e exploração
o A passagem de um modo de produção para outro se dá no momento em que o nível de desenvolvimento das forças produtivas (homem e máquina) entra em contradição com as relações sociais de produção
“O capital” (1867)
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o Analisa a lógica do modo de produção capitalista, reconhece o trabalho como atividade fundamental do ser humano, e analisa os fatores que o tornaram uma atividade massacrante e alienada no capitalismo
o Mais-valia: valor excedente produzido pelo operário; quanto o trabalho rende ao capitalista Absoluta: tempo Relativa: tecnologia
o Alienação: do trabalhador em relação aos meios de produção e aos frutos do seu trabalho o homem só pode recuperar sua condição humana pela crítica radical ao sistema econômico, à política e a filosofia das classes dominantes, que o excluíram da participação na vida social práxis: ação política consciente e transformadora
o Infra-estrutura: base econômica vigente (ex.: capitalismo)o Superestrutura: aquilo que protege o que está a serviço do sistema econômico vigente
(ex.: leis, Estado, educação, arte, cultura, religião, meios de comunicação) Trabalho no capitalismo:
o Negativo e injustoo Trabalho como mercadoria e fator de alienaçãoo Coisificação do homemo Fetichização
Ao perceber que seu pensamento estava se transformando em dogma, disse, no fim de sua vida: “Posso dizer que não sou marxista”
Nomes importantes da discussão marxistao Alemanha
Eduard Bernstein (1850-1932): revisão da teoria marxista; revolução proletária negada em favor de reformas políticas que favoreçam a democracia revisionista
Karl Kautsky (1854-1938): processo de derrocada do capitalismo rumo ao socialismo seria uma evolução natural e inevitável determinismo
Rosa Luxemburgo (1870-1919): socialismo era uma tendência, mas só seria alcançado com a ação do proletariado organizado e consciente
o URSS Lênin (1870-1922): considerava necessária a existência de uma direção para a
classe operária, que forneceria as bases teóricas e práticas ao operariado Leon Trotsky (1879-1940): defendia a idéia de uma revolução permanente, pela
qual se evitasse a burocratização do PC, e a necessidade de estender a revolução socialista para outros países
Josef Stálin (1878-1953): fortaleceu o marxismo-leninismo como um dogma, na tentativa de consolidar o socialismo “em um só país”
o Hungria György Lukács (1885-1971): enfatizou necessidade de pensar a sociedade como
um todo. A consciência de classe seria o elo entre a teoria e a prática. Em “Ontologia do ser social”, analisa as categorias do ser social (o homem em sua existência social)
o Itália Antonio Gramsci (1891-1937): dizia que a classe dominante, para governar,
necessita criar o consentimento popular (hegemonia), através da ideologia, por meio da educação, religião e mídia. Por isso, necessário o desenvolvimento de uma contra-ideologia, uma ideologia proletária constituída por intelectuais ligados à classe operária
o França Louis Althusser (1918-1990): diz que Marx pensava que “o sujeito nada mais é do
que o suporte das relações de produção”; assim, ele reduz a dimensão do sujeito no processo histórico
o Outros: Eric Hobsbawm e os filósofos da Escola de Frankfurt
Sociologia de Durkheim Emile Durkheim (1858-1917) 1º grande teórico da sociologia Objeto da sociologia: fatos sociais (coesão social, exteriores ao indivíduo, generalidade)
o Fatos normais: não extrapolam os limites dos acontecimentos mais gerais, refletem os valores e condutas aceitas pela população
o Fatos patológicos: fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente; põem em risco a harmonia e o consenso
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Observação e medição dos fatos sociais de forma objetiva Sociologia deveria explicar a sociedade e oferecer soluções para a vida social Consciência
o Coletiva : crenças e sentimentos comuns à média dos membros de uma sociedade; como o grupo vê o mundo
o Individual : tipo psíquico; conjunto básico de suas crenças, normas e convicções que condiciona sua cosmovisão
Morfologia social: espécies sociais; classificação das sociedades Solidariedade: maneira como os homens se relacionam no contexto social; maneira como a
sociedade se organiza para produzir, em torno do trabalho humano o Mecânica : simples, pré-capitalista, baixa produtividade, pouca divisão do trabalho, homens
são parecidos, consciência coletiva forte o Orgânica : divisão do trabalho social, interdependência, união social, autonomia pessoal,
consciência coletiva frouxa Estado: organismo administrativo que se caracteriza pelo uso da força, e tem como base a
manutenção da ordem Sociedade de anomia: sociedade onde as leis não existem, ou não são efetivas
Sociologia alemã Sistematizador: Max Weber (1864-1920) Pensamento alemão: diversidade, importância dada à história Em “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, estuda as relações entre a religião e a
sociedade Avesso ao positivismo Método compreensivo: esforço interpretativo do passado e de sua repercussão nas sociedades
contemporâneas Objeto: ação social, conduta humana dotada de sentido Relação social: quando os sentidos são compartilhados, e têm um objetivo comum Objetivo: estabelecer relações entre a motivação dos indivíduos e os efeitos de sua ação no meio
social Caráter social da ação individual Perspectiva do cientista: sempre parcial Tendência ideológica: histórico-compreensivo Tipologia das ações sociais
o Ação social racional por valores: motivada por certos valoreso Ação social racional por fins: motivação é a finalidade últimao Ação social afetiva: motivada por nosso estado de ânimo o Ação social tradicional: motivada por tradições
Estado organiza a burocracia e tem o monopólio legítimo da força Tipos de dominação:
o Burocrática, racional, legalo Carismática (imagem): totalitarismos, populismoso Tradicional: vem da tradição (social, religião)
Diferenças sociais: não se resumem ao viés econômico (como Marx); se devem também à política, meios de comunicação, autoridade religiosa
Tipo ideal: parâmetro/modelo para ser comparado à realidade “A crescente intelectualização e racionalização não indicam, portanto, um conhecimento maior e
mais geral das condições sobre as quais vivemos. Significa antes, que sabemos ou acreditamos que, a qualquer instante, poderíamos, bastando que quiséssemos, provar que não existe, em princípio, nenhum poder misterioso e imprevisível no decurso de nossa vida, ou, em outras palavras que podemos dominar tudo por meio do cálculo. Isto significa que o mundo foi desencantado"
Esse desencantamento do mundo, conceito fundamental do pensamento weberiano, pode explicar o sentimento de angústia que experimentamos hoje em dia
Pragmatismo Fundadores:
o Charles Sanders Peirce (1839-1914), em “Como tornar claras nossas idéias” (1878)o William James (1842-1910): método pragmático voltado exclusivamente para o concreto e
a adequação dos conceitos aos fatos e conseqüências das ações Principal representante: John Dewey (1859-1952)
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Escola de filosofia, com origem nos EUA, caracterizada pela descrença no fatalismo, e a certeza de que só a ação humana, movida pela inteligência e pela energia, pode alterar os limites da condição humana
Caracteriza-se, pois, pela ênfase dada às conseqüências, utilidade e sentido prático como componentes vitais da verdade
Refuta a perspectiva de que o intelecto e os conceitos humanos podem, só por si, representar adequadamente a realidade
Defende que as teorias e o conhecimento só adquirem significado através da luta de organismos inteligentes com o seu meio. Não defende, no entanto, que é verdade meramente aquilo que é prático ou útil ou que nos ajude a sobreviver em curto prazo
Argumenta que se deve considerar como verdadeiro aquilo que mais contribui para o bem estar da humanidade em geral, tomando como referência o mais longo prazo possível
Filosofia Contemporânea – séc. XX
Contexto histórico “Era da incerteza” e contradições Guerras Mundiais, Revolução Russa Progresso tecnológico-científico
Existencialismo Tem na existência humana o ponto de partida e objeto fundamental de reflexões Visão dramática da condição humana – “A única questão filosófica séria é o suicídio” (Albert Camus
– 1913-1960) Características:
o Ser humano: realidade imperfeita e inacabadao Liberdade humana: condicionada às circunstâncias históricaso Vida humana: marcada por sofrimento, angústia, exploração social
Pré-existencialistas: Schopenhauer, Kierkegaard, Nietzsche, Husserlo Friedrich Nietzsche (1844-1900)
“Não há fatos, só interpretações” Distinção entre 2 princípios ou dimensões da realidade: apolíneo (razão, clareza,
ordem) e dionisíaco (aventura, fantasia, desordem) Crítica aos valores morais, propondo nova abordagem: a genealogia da moral
(estudo da formação histórica dos valores morais); não existem noções absolutas de bem e de mal; as concepções morais são elaboradas pelos homens a partir dos interesses humanos (são produtos histórico-culturais); as pessoas acomodam-se a uma “moral de rebanho”, baseada na submissão irrefletida aos valores da civilização cristã e burguesa
Niilismo: rejeição à crença num ser absoluto e transcendental e aos valores consagrados da civilização; por meio do niilismo, o homem moderno vivencia a perda de sentido dos valores superiores de nossa cultura, que já não podem atuar para o conhecimento e a ação
Defesa dos valores afirmativos da vida, capaz de expandir as energias latentes em nós; sem conformismo, resignação ou submissão
o Edmund Husserl (1859-1938) Formulou um método de investigação filosófica conhecido como fenomenologia,
que consiste na observação do fenômeno (aquilo que se manifesta) Existencialistas
o Martin Heidegger (1889-1976) Discípulo de Husserl (judeu) Aderiu ao partido nazista Em “Ser e tempo”, retomou a questão da ontologia (estudo do ser); para ele, a
questão central da filosofia é o ser; 3 etapas que marcam a existência: Fato da existência : o homem é lançado ao mundo; ao despertar a
consciência, já está aí Desenvolvimento da existência : estabelecimento de relações com o mundo,
realização; existir é construir um projeto Destruição do eu : confronto do eu com os outros, no qual o homem comum
é geralmente derrotado; seu eu é destruído, e em vez de tornar-se si-
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mesmo, torna-se o que os outros são, é absorvido no com-o-outro e para-o-outro
o sentimento que faz o homem despertar da “existência inautêntica” é angústia, que revela a destruição do eu
O ente é a existência (a manifestação dos modos de ser); o ser é a essência (aquilo que fundamenta a existência)
2 fases em sua filosofia: estudo do ente e estudo do sero Jean-Paul Sartre (1905-1980)
Em “O ser e o nada” (1943), atacou a teoria aristotélica da potência; para ele, o ser é o que é (ente em-si). O ente para-si é específico do humano, é o nada, um “espaço aberto”, acessível a mudanças
Não-ser assegura consciência e liberdade; não podemos falar de natureza humana predeterminada, o que existe é uma condição humana (limites a priori que esboçam a situação fundamental do homem no universo); um dos valores fundamentais da condição humana é a liberdade
Filosofia analítica ou filosofia da linguagem Investigação da linguagem e suas relações com o real Percebendo que a linguagem comum contém expressões geradoras de equívocos, Frege propôs a
constituição de uma linguagem formal Bertrand Russel (1872-1970)
o “O maior desafio para qualquer pensador é enunciar o problema de tal modo que possa permitir uma solução”
o Matemático e filosofo bretão o Grande defensor das causas humanitárias, campanhas pelo desarmamento nuclear,
liberdades democráticas e emancipação feminina o Submeteu a linguagem humana à análise da lógica, desmontando armadilhas da
linguagem, que podem fazer perguntas que não têm sentido Ludwig Wittgenstein (1889-1951)
o Lógico e filosofo austríaco o Muitos problemas filosóficos seriam falsos problemas, simples problemas de linguagem
necessário fazer uma “terapia da linguagem”o 2 fases:
1ª: busca de uma estrutura lógica para explicar o funcionamento da linguagem; linguagem deveria corresponder aos fatos
2ª: passou a afirmar a impossibilidade de uma redução legítima entre um conceito lógico (linguagem) e um conceito empírico (realidade); linguagem como jogo, que adquire significado no uso social, não individualmente
Escola de Frankfurt Grupo de pensadores (sociólogos, psicólogos, filósofos) alemães do IPSF, fundado na década de
1920, por Horkheimer Pontos de partida: teoria marxista e teoria freudiana Influências: Kant, Hegel, Max Weber (marxistas revisionistas) Preocupação comum de estudar vários aspectos da vida social Questionam a capacidade das classes trabalhadoras em levar a cabo transformações sociais
importantes. Esta desconfiança, que os afasta progressivamente do marxismo "operário", se consuma na “Dialética do Esclarecimento” (1947)
Teoria Crítica da Sociedadeo Análise da sociedade de massa (tecnologia a serviço do capitalismo, enfatizando consumo
e diversão como formas de garantir apaziguamento dos problemas sociais)o Razão instrumental: crise da razão iluminista (Horkheimer e Adorno), que se subverteu em
razão instrumental, cuja função é ser instrumento do capitalismo e instrumentalizador do homem
o Indústria cultural: instrumento da razão instrumental, que serve para instrumentalizar o homem; características: padronização, imposição, sutileza, produção de baixa qualidade e larga escala
o Homem unidimensional (Marcuse)o Política da Traição o Solução: mudança de paradigma no modelo de racionalidade, do paradigma instrumental
para o paradigma comunicativo (razão comunicativa de Habermas) Expoentes
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o Max Horkheimer (1895-1973) e Theodor Adorno (1906-1969) “O avanço dos recursos técnicos de informação se acompanha de um processo de
desumanização” Análise da sociedade de massa; crítica da razão Em “A dialética do esclarecimento” (1947) fazem uma crítica ao iluminismo; dizem
que a razão iluminista terminou por levar a uma maior dominação das pessoas; o problema estava na razão controladora e instrumental, que busca sempre a dominação (da natureza e do homem); denunciam também o desencantamento do mundo, a deturpação das consciências individuais morte da razão crítica, asfixiada pelo capitalismo
Desesperança em relação à possibilidade de mudança dessa realidade social, devido à ausência de consciência revolucionária no proletariado, assimilado pelo capitalismo, seja pelas conquistas trabalhistas, seja pela alienação de suas consciências, promovida pela indústria cultural (indústria de diversão de massa)
o Walter Benjamin (1892-1940) Postura mais otimista em relação à indústria cultural Esperançoso de que a arte se torne acessível a todos; crença de que a arte dirigida
às massas pode servir como instrumento de politização Alertou para o fato de que a história deve ser escrita e compreendida também do
ponto de vista dos derrotados o Herbert Marcuse (1898-1979)
Influências: Marx e Freud Em “Eros e civilização” retomou o tema de Freud da necessidade de repressão dos
instintos para a manutenção e desenvolvimento da civilização; mas, possibilidade de uma civilização menos repressiva através do desenvolvimento tecnológico, que possibilitaria mais liberdade em relação ao trabalho e mais tempo livre. Para isso, necessário intervenção humana, em especial dos filósofos, senão teríamos a perpetuação do desenvolvimento tecno-científico a serviço da dominação e homogeneização dos indivíduos homem unidimensional, preso à ideologia, incapaz de criticar a opressão e construir alternativas futuras; única dimensão: instrumental
o Jürgen Habermas (1929-) Discorda de Adorno e Horkheimer Novo conceito de razão: razão comunicativa (dialógica), que brota do diálogo
igualitário e da argumentação entre os agentes livres. Razão que surge da ação comunicativa, do uso da linguagem para conseguir o consenso
Novo conceito de verdade: verdade como fruto da ação comunicativa, como verdade intersubjetiva, que surge do diálogo; validade maior quanto melhores forem as condições em que se dê o diálogo, o que se consegue através do aperfeiçoamento da democracia
Teoria da razão comunicativa: maneira de tentar “salvar” a razão, e reorientar a razão instrumental
Filosofia pós-moderna Ponto comum: crítica ao projeto da modernidade (emancipação humano-social através da razão) Sem perspectiva de uma transformação social radical, passou a analisar a vida social, denunciando
formas de opressão na vida cotidiana Denúncia feita de forma fragmentada Valorização das pluralidades culturais e respeito à diferença Debilitação das esperanças de transformação da vida social Expoentes
o Michel Foucault (1926-1984) “De homem a homem verdadeiro, o caminho passa pelo homem louco” Microfísica do poder: poder político não se encontra apenas no setor político e
nas suas formas de opressão, pois está disseminado pelos vários âmbitos da vida social; o poder se fragmentou em micropoderes e se tornou mais eficaz (disciplina social)
Objetivo de colocar à mostra estruturas veladas de poder, e a relação entre saber e poder
Em “Vigiar e punir”, discorre sobre a genealogia do poder: valores formulados em função dos interesses relativos ao poder poder criador, não de censura, pois
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produz a realidade; análise dos mecanismos de controle social e punição sociedade disciplinar
Resistência caberia à ação de múltiplos pontos de resistência o Jacques Derrida (1930-2004)
Um dos pensadores da “Geração de 68” Logocentrismo: toda a filosofia ocidental partilha a idéia de um centro, que unifica
sua construção teórica; a cada um desses centros corresponde uma antítese, seu oposto (logos x mito)
Desconstrutivismo: Derrida propõe desconstruir o conceito de logos; nega as verdades absolutas, que seriam construções culturais; desconstrução através da análise da origem da construção de certas noções, sua função na cultura ocidental, e seu uso como forma de dominação
o Jean Baudrillard (1929-2007) Estuda a sociedade de massa, indústria cultural e consumismo No processo de massificação ocorre uma neutralização das perspectivas de
transformação social, e os indivíduos aderem à banalização da vida cotidiana Hiper-realidade: capacidade da mídia de criar uma realidade virtual sociedade
do espetáculo
Filosofia da ciência
Ciência e filosofia Reflexão sobre a ciência e seus métodos Destacou-se como ramo da filosofia no fim do séc. XIX a partir de uma polêmica entre William
Whewell (1794-1866) e John Stuart Mill (1806-1973) Principais contribuições iniciais: Ernst Mach (1838-1916), Pierre Duhem (1838-1916) e pensadores
do Circulo de Viena Um dos objetivos da ciência: tornar o mundo compreensível, proporcionando ao ser humano meios
para exercer controle sobre a natureza Método científico experimental: procedimentos, modo de conduzir investigações; etapas:
o 1º: enunciado de um problema: observação dos fatos e formulação de um problemao 2º: Formulação de uma hipótese: resposta possível a ser avaliada e comprovadao 3º: Testes experimentais da hipótese: teste da validade da hipóteseo 4º: Conclusão: confirmação ou refutação da hipótese
Leis científicas: conclusões gerais aplicáveis a todos os fenômenos semelhantes explicação e previsão
Transitoriedade das teorias científicas
Crise da ciência Geometrias não-euclidianas do séc. XIX abalaram a matemática Novas descobertas no séc. XX romperam certos paradigmas: teoria da relatividade, princípio da
incerteza, física quântica Física
o Albert Einstein (1879-1955) 1905: E=mc² Teoria da relatividade
o Werner Karl Heisenberg (1901-1976) Um dos fundadores da física quântica Princípio da incerteza (impossibilidade de determinar com precisão a velocidade e
posição de um elétron; certo irracionalismo): abalou a física clássica newtoniana, determinista e mecanicista
o Fritjof Capra (1939-) Em “O Tao da física” (1975), relaciona a física quântica à metafísica, que levariam
ao mesmo conhecimento Biologia
o Charles Darwin (1809-1882) Teoria da evolução (1859): o homem irmanou-se aos demais seres vivos,
deixando de ser uma criação especial de Deuso Gregor Mendel (1822-1884)
Leis da hereditariedade (1866)
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o Watson e Crick (séc. XX) Descoberta dos cromossomos e genes, do DNA (1953)
Epistemologia contemporânea Circulo de Viena
o Formado na década de 1920, por filósofos e cientistas (físicos, matemáticos, economistas)o Desenvolveu o neopositivismo (positivismo lógico ou empirismo lógico ou fisicalismo), que
pretendeu formular uma concepção científica do mundo, oposta às especulações o Reformulação no estatuto da ciência
Banimento da metafísica (tudo o que não conduz a resultados práticos) Adoção da física como modelo de ciência e linguagem oficial; ciências têm que se
submeter ao rigor da física Toda teoria poderá ser chamada científica se puder ser verificada pela experiência
Princípio da cientificidade de uma teoria: verificabilidade o “Neutralidade” científica
Gaston Bachelard (1884-1962)o “Não há verdades primeiras, mas erros primeiros”o Estudo da história da ciência como instrumento de análise da racionalidadeo A ciência caminha por saltos, rupturas epistemológicas, quando supera obstáculos
epistemológicoso Destacou o papel da imaginação e criatividade
Karl Popper (1902-1994)o Criou o princípio da verificabilidade para validar uma teoria científica: teoria se mantém
como verdadeira até que seja refutada, mostrada falsa (somente a falsidade pode ser provada) Princípio da cientificidade de uma teoria: falseabilidade (Falseabilismo popperiano”)
o Condição transitória da validade de uma teoria o Ninguém é uma tábula rasa, nem existe observação pura; observações são realizadas à luz
de pressupostos e teorias prévias o Não era neopositivista
Thomas Kuhn (1922-1996)o História da ciência como uma sucessão de paradigmas que se confrontam entre si, não-
lineares o Às vezes o paradigma se altera, provocando uma revolução o Ciência normal (inserida em um paradigma) x ciência extraordinária (propõe novo
paradigma)
Ciência e sociedade 3 questões/mitos:
o Questão da superioridade: mito do cientificismoo Questão da correção/perfeição: não há certezas absolutaso Questão da neutralidade: saber x poder, e não-neutralidade do conhecimento científico e de
seu uso quem controla a finalidade e fundos da pesquisa científica? A ciência está atrelada a interesses econômicos e políticos que controlam sua própria ação
Outras questões: sentido, valor e limites éticos ao conhecimento científico Crítica pelos filósofos da Escola de Frankfurt, e Foucault Hannah Arendt (1906-1975)
o Investigou o regime nazista, apontando como uma das características a forma cientificista, a racionalidade perversa
o Uma das condições: “banalização do mal”, obtida através de uma prática cientificamente programada e racionalizada da violência; surge quando se condescende com o sofrimento, a tortura e a própria prática do mal; daí conclui que é fundamental manter uma permanente vigilância para garantir a defesa e preservação da liberdade
o Seu 1º livro, "As origens do totalitarismo" (1951) consolida o seu prestígio como uma das figuras maiores do pensamento político ocidental. Assemelha de forma polêmica o nazismo e o comunismo, como ideologias totalitárias, isto é, com uma explicação compreensiva da sociedade, mas também da vida individual, e mostra como a via totalitária depende da banalização do terror, da manipulação das massas, do acriticismo face à mensagem do poder. Hitler e Stalin seriam duas faces da mesma moeda tendo alcançado o poder por terem explorado a solidão organizada das massas
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o Defendia que a preservação da liberdade só é possível se as instituições pós-revolucionárias interiorizarem e mantiverem vivas as idéias revolucionárias
Filosofia moral
Ética – do ser ao que deve-ser Julgamento moral, de acordo com valores como o bem e liberdade Aplica-se à disciplina filosófica que investiga os diversos sistemas morais elaborados pelo homem,
buscando sua fundamentação e pressupostos Consciência moral pressupõe liberdade para escolher entre o bem e o mal Virtude = qualidade ou ação que dignifica o homem; liberdade com responsabilidade moral “O bem é a afirmação da vida, o desenvolvimento das capacidades do homem. A virtude consiste
em assumir a responsabilidade por sua própria existência. O mal constitui a mutilação das capacidades do homem; o vício reside na irresponsabilidade perante si mesmo” (Erich Fromm)
Liberdade x determinismo x dialética entre os dois Causas do mal – 3 concepções:
o Instintivista – Konrad Lorenz e Sigmund Freudo Socioambientalista – Watson e Skinner (psicólogos behavioristas)o Multideterminado
Conflito ético: quando o indivíduo recusa conscientemente uma norma moral por entendê-la inadequada ou ilegítima ruptura com a moral vigente
Niilismo ético x permissivismo ético
A Ética na história Antiguidade: a ética grega
o Sofistas: concepção ética relativista ou subjetivista – não existem normas e verdades universais
o Sócrates: concepção racionalista – há uma moral universal, com base na razão o Platão: aprofundou a visão de Sócrates, e ainda defendeu a necessidade de purificação do
mundo material, para se alcançar a Idéia de Bem; dualismo corpo-almao Estoicismo: ética baseada na busca da paz interior e autocontrole – apathéia (aceitação de
tudo o que acontece) o Epicurismo: tinha como princípio a ataraxia (desvio da dor e procura do prazer)o Aristóteles: ética mais realista; fim: felicidade (razão ou hábito); ética do meio-termo, do
ponto de equilíbrio Idade Média: a ética cristã
o Abandono do racionalismo; busca da perfeição no amor a Deus e na boa vontadeo Emergência da subjetividade; relação entre cada indivíduo e Deuso Santo Agostinho (séc. III): ética do livre-arbítrio; liberdade de escolha entre se aproximar de
Deus ou não, e o afastatamento de Deus seria o mal o Santo Tomas de Aquino (séc XIII): ética cristã-aristotélica; Deus como fonte da felicidade
Idade Moderna: a ética antropocêntricao Moral centrada na autonomia humana o Concepção de uma natureza humana racional o Kant: ética formal; ética do dever; normas morais têm origem na razão
Idade Contemporânea: a ética do homem concretoo Recusa de uma fundamentação exterior, transcendental para a moralidadeo Hegel: vinculou a ética à história e à sociedadeo Marx: fundamentação ideológica da moral; moral como produção social que atende a
determinada demanda da sociedade, que deve contribuir para a regulação das relações sociais
o Habermas: ética discursiva, fundada no livre diálogo e no consenso entre indivíduos; busca de uma ética democrática e não-autoritária
o Sartre: “O homem está condenado a ser livre. Condenado porque não se criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que foi lançado no mundo, é responsável por tudo o que faz"
o “Carta da Terra” da ONU: código ético planetário; princípios: integridade ecológica, justiça social e econômica, democracia e paz
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Filosofia política
Política e poder “Política é o processo de formação, distribuição e exercício do poder” (Lasswell e Abraham Kaplan) “Política”, de Aristóteles, sobre a arte e a ciência de governar a pólis; para ele, a política era uma
continuação da ética, só que aplicada à vida publica Conceito grego de política como esfera de realização do bem comum Conceito moderno de política está ligado ao poder (Norberto Bobbio) Poder: capacidade de produzir efeitos, influência, liderança, controle sobre os outros Força: capacidade de obtenção e manutenção do poder Poder social (do homem sobre o homem), de acordo com o meio que utiliza para exercê-lo:
o Poder econômico: uso de bens economicamente desejáveis domínio da riqueza, através do controle das forças produtivas (ex.: grandes corporações)
o Poder ideológico: uso de idéias, valores, doutrinas domínio do saber, através do controle da organização do consenso social (meios de comunicação de massa)
o Poder político: uso da posse dos meios de coerção social (força física legal ou autorizada pelo direito vigente na sociedade) domínio da força institucional e jurídica, através do controle dos instrumentos de coerção social
Tentativas de legitimação do poder dão origem às várias formas de governo Para Norberto Bobbio, o poder político é o mais importante, e a guerra é o recurso extremo do
poder político
Estado Max Weber (1864-1920): Estado é a instituição política que, dirigida por um governo soberano,
reivindica o monopólio legitimo da força física em determinado território, subordinando os membros da sociedade que nele vivem
Funções – 2 correntes:o Corrente liberal: o que “deve ser” o Estado; mediador dos conflitos entre os diversos grupos
sociais, para evitar a desagregação da sociedade e preservar os interesses do bem comum o Corrente marxista: o que “é” o Estado; instituição que interfere na luta de classes de modo
parcial, quase sempre tomando partido das classes sociais dominantes; sua função seria garantir o domínio de classe
Partidos políticos: ponte entre o Estado e a sociedade civil Regime político: modo pelo qual o Estado se relaciona com a sociedade civil
o Democracia: participação política do povo Direta Representativa
Características atuais: Participação política do povo (voto direto e secreto, em eleições
periódicas) Divisão funcional do poder político Vigilância do Estado de direito (a lei subordina tanto o Estado como
a sociedade) Abertura, conflito, rotatividade
Formal: voto, CF, burocracia Substancial: de fato
o Ditadura: concentração do poder político Características atuais:
Eliminação da participação popular nas decisões políticas Concentração do poder político (ditadura pessoal ou colegiada) Inexistência do Estado de direito
Fatores de sustentação: Fortalecimento dos órgãos de repressão Controle dos meios de comunicação de massa
Fundamentalismo democrático: sacralização dos princípios e fundamentos pertinentes à democracia
“Liberalismo de esquerda” = social-democracia, segundo Bobbio
O pensamento político na história Platão
o Aristocracia do espírito (governo dos melhores)
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o Em “A república” (em grego: “Politéia” – Constituição), dividiu a pólis em 3 grupos sociais: produtores, guardiões/guerreiros e governantes; a justiça (objetivo do bem comum) na cidade dependeria do equilíbrio entre esses três grupos sociais, com base na educação, mas a esfera preponderante deveria ser a dos governantes
o Sofocracia ou aristocracia sofocrática: idéia do rei-filósofo, que conhece a essência da justiça e deve governar a cidade
o Calípolis = cidade bela, perfeita o Conceito de justiça: harmonia entre as classes sociais; todas as classes têm consciência da
importância da outra) Aristóteles
o “O todo deve ter precedência sobre as partes”o Homens não são naturalmente iguais, pois uns nascem para a escravidão e outros para o
domínioo “A Política”
Homem é um animal político A pólis é produto natural do desenvolvimento do homem 3 níveis de articulação social: 1º família, 2º povoado, 3º pólis Finalidade da política: cidade feliz (justa) Governo da cidade feliz: prudência, ética e racionalidade, que promove a justiça
distributiva “tratar os desiguais de maneira desigual”o Sistemas de governo
Um: realeza (honra) x tirania (vilania) Poucos: aristocracia (ética) x oligarquia (domínio de poucos) Muitos: politéia (liberdade e igualdade) x democracia (demagogia e pobreza)
Idade Médiao Aliança entre poder eclesiástico e poder políticoo Como a Igreja entendia que o poder pertencia a Deus, surgiu a idéia de que os governantes
seriam representantes de Deus na terra (teoria do direito divino de governar); essa teoria teve seu apogeu com o absolutismo europeu
o Política baseada na fé, de caráter normativo (Política normativa)o Igreja (Bíblia + magistério) tinha o poder político e temporal
Maquiavel (1469-1527)o Fundador do pensamento político moderno (ciência política)o Em “O príncipe”, diz que o poder político tem como objetivo a manutenção do poder do
Estado, e a ação política não cabe nos limites do julgamento moral (“os fins justificam os meios”)
o Princípios norteadores de uma nova política: Autonomia: normas próprias (auto; nomos), independente, não depende de fatores
exógenos, mas não os despreza, e até os usa Laicidade: caráter secular, não admite a influência da religião, mas pode usá-la Realismo: parte de exemplos históricos, não de utopia; concepção real (e não ideal)
da política Utilitarismo: o que é útil é bom
o Visão pessimista do homem (realismo)o Política é a arte de obter e manter o poder, e parecer bom o Príncipe: virtuoso (virtu – coragem, força, astúcia), que domina sua fortuna (sorte, futuro)o Ruptura com as concepções medievais o Problemas: interpretativos
Jean Bodin (1530-1596)o Em “A República”, defendeu o conceito de soberano perpétuo e absoluto, “imagem de Deus
na terra”, e a monarquia, com respeito do Estado pelos súditos Thomas Hobbes (1588-1679)
o Contexto: Inglaterra absolutista; durante a Revolução Burguesa, trabalhava para Jaime IIo Em “Leviatã”, diz que os homens livres são obrigados a abandonar sua liberdade e
estabelecer um pacto social ou contrato social, que dá origem ao Estado, como solução para a brutalidade social primitiva (teoria contratualista)
John Locke (1632-1704)o Mais moderado que Hobbes; normatização geral necessária devido aos problemas nas
relações entre os homenso Função do Estado seria garantir a segurança dos indivíduos, de seus direitos naturais,
como a liberdade e a propriedade Estado liberal
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Montesquieu (1689-1755)o Em “O espírito das leis” (1748) propõe a divisão funcional do poder político em 3 instâncias
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)o Em “Do contrato social”, defende que o fundamento legítimo do poder político é o pacto
social pelo qual cada cidadão concorda em submeter sua vontade particular à vontade geralo Povo como fonte legítima da soberania do Estadoo Concepção liberal do Estado
Friedrich Hegel (1770-1831)o Criticou a concepção liberal do Estado; o indivíduo é parte orgânica de um todo, o Estadoo O Estado precede o indivíduo
Marx e Engels (1818-1893)o Estado como instrumento de dominação de classeo Estado necessário devido à forma anti-social da vida civil; nasce da desigualdade para
manter a desigualdade
Estética
Estética Teoria do belo e de suas manifestações através da arte (Alexander Baumgarten) Tipo específico do conhecimento: aquele que é captado pelos sentidos (em oposição à razão) Principal objeto de investigação: obra de arte Tipos de juízo:
o de fato: o que são as coisaso de valor
moral estético: julga-se a beleza (de pessoas, coisas, acontecimentos)
Tipos de interpretações:o Idealista: beleza existe em si mesma (Platão) – juízo objetivoo Empirista-materialista: beleza não está nos objetos, mas depende do gosto de cada um
(Hume) – juízo subjetivo o Interpretação de Kant: busca superar o impasse: capacidade subjetiva, mas há aspectos
universais na percepção estética dos indivíduos; vinculação universal entre o belo e o sentimento de prazer
o Interpretação de Hegel: trabalhou a questão da beleza numa perspectiva histórico-cultural; arte tem como função mostrar, de modo sensível, a evolução espiritual dos homens ao longo da história; beleza como construção social, que depende do alargamento da capacidade de recepção do indivíduo (capacidade estética) e relações objetivas
Arte Expressão criativa da sensibilidade “Prática de criar formas perceptíveis expressivas do sentimento humano” (Susanne Langer) Função: objetivar o sentimento de modo que possamos contemplá-lo e entende-lo Artes enfatizam o belo, enquanto as técnicas enfatizam a utilidade (aplicação prática) Arte como fenômeno social, pois o artista é um ser social, e a obra é um elemento social de
comunicação da mensagem de seu criador Arte como fenômeno universal – encontro do homem com a eternidade Indústria cultural e cultura de massa – podem perverter a arte, ao transformá-la em negócio
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