Resumo Acadêmico

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HERNANDEZ, Leila Leite; HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. Selo Negro, 2005. Márcio Henrique Macedo Vinicius Galvino do Nascimento 1 A obra “A África na Sala de Aula: Visita á História Contemporânea” em seu quinto capítulo traz a tona o tema os movimentos de resistência na África. Dentro da referida temática a autora busca apresentar uma visão menos eurocêntrica de como o continente africano fora colonizado, para isso ela tece três parâmetros usados para explicar erroneamente a invasão europeia: o primeiro argumento seria a aceitação coletiva dos povos nativos a essa dominação de forma pacífica; a segunda eleva o fato de que os movimentos de resistência não possuíam unidade e eram norteados por crenças e ideologias irracionais e dessa forma não deveriam ser levados em consideração; e por último a tentativa de diminuição na organização social e política das tribos autóctones, onde eram classificadas em “naturalmente belicosas” quando detinham o poder centralizado e “naturalmente pacíficas” quando detinham poder descentralizado. Este exemplo denota claramente o objetivo dos conquistadores europeus, para eles a África era um grande e rico território com farta mão-de-obra que precisava ser desmitificada e cristianizada para servir aos caprichos das novas potências. Porém os povos tribais não 1 Acadêmicos do Curso de Licenciatura Plena em História da Faculdade de Itaituba, resumo para obtenção de nota parcial na disciplina de História da África, ministrada pelo Prof. MSc. Ricardo Nei de Araújo.

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REsumo do sexto capítulo do Livro A África na Sala de Aula: visita à história contemporrânea

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HERNANDEZ, Leila Leite; HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. Selo Negro, 2005.

Márcio Henrique MacedoVinicius Galvino do Nascimento1

A obra “A África na Sala de Aula: Visita á História Contemporânea” em seu

quinto capítulo traz a tona o tema os movimentos de resistência na África.

Dentro da referida temática a autora busca apresentar uma visão menos

eurocêntrica de como o continente africano fora colonizado, para isso ela tece

três parâmetros usados para explicar erroneamente a invasão europeia: o

primeiro argumento seria a aceitação coletiva dos povos nativos a essa

dominação de forma pacífica; a segunda eleva o fato de que os movimentos de

resistência não possuíam unidade e eram norteados por crenças e ideologias

irracionais e dessa forma não deveriam ser levados em consideração; e por

último a tentativa de diminuição na organização social e política das tribos

autóctones, onde eram classificadas em “naturalmente belicosas” quando

detinham o poder centralizado e “naturalmente pacíficas” quando detinham

poder descentralizado. Este exemplo denota claramente o objetivo dos

conquistadores europeus, para eles a África era um grande e rico território com

farta mão-de-obra que precisava ser desmitificada e cristianizada para servir

aos caprichos das novas potências. Porém os povos tribais não estavam

dispostos a perder sua soberania e muito menos serem cristianizados, uma vez

que estes em sua maioria já haviam sido islamizados há muito tempo e outros

continuavam com seus cultos em religiões tradicionais. Vale ressaltar que o

poder político de algumas sociedades africanas estavam atreladas a religião,

portanto a rejeição as novas políticas burocráticas dos estados europeus foi

massiva ocasionando diversas rebeliões e conflitos, é importante destacar: Os

sudaneses (nas Revoluções de 1881 a 1884 e nos levantes de 1900 a 1904),

egípcios (na Revolução urabista entre 1860 e 1882) e somalis (entre 1884 e

1894). Todas essas sufocadas pelo exército britânico, que posteriormente

exigia o pagamento de impostos através de lideres nomeados por eles para

chefiar as tribos, o que causou a revolta da população e a prisão e deportação 1 Acadêmicos do Curso de Licenciatura Plena em História da Faculdade de Itaituba, resumo para obtenção de nota parcial na disciplina de História da África, ministrada pelo Prof. MSc. Ricardo Nei de Araújo.

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de lideres e generais. Inúmeras outras revoltas eclodiram no continente por

diversos motivos de ordem econômica, cultural e social.

A historiografia do século XX busca analisar também outro ator deste processo

de resistência, o bandido social, destacando-se Mapondera. O bandido social

tinha o papel de defender a população, principalmente do interior, dos

exploradores e cobradores de impostos, além de organizar saques e ações

para tentar destruir o poder exercido nesses territórios, legitimado por forças

policiais milicianas que tinha a função de intimidar a população e assegurar o

controle da metrópole sobre os chefes locais. Esta nova análise nos

desmistifica a ideia de que as tribos autóctones aceitaram pacificamente

dominação dos colonizadores europeus e apresenta a figura do bandido como

um herói local que é o símbolo da organização social conservadora desses

povos.

É necessário ponderar a respeito da colonialismo que a África sofreu, pois ele

deixou marcas que dificilmente serão apagadas, mas que por muito tempo

foram maquiadas para não se ver a dimensão da interferência deste processo.

A dissolução dos modelos sociais e políticos encontrados no continente

africano no século XIX, que estavam arraigados nas sociedades, e a

implantação do modelo europeu-ocidental ocasionou inúmeros conflitos civis

que perduram até os dias de hoje, já que o colonizador demarcou fronteiras de

acordo com seus parâmetros juntando povos e culturas diferentes. Os

movimentos de resistência persistem até hoje pelo fato de ainda haver

interferência nas formas organizacionais dos territórios feitas aleatoriamente

sem levar em consideração os traços antropológicos das populações. Diante

disso é importante ressaltar o revisionismo e a busca por novas fontes que

denotam mudanças na forma como a África é vista e analisada, a visão

eurocêntrica vai a cada dia se tornando o formato “pacífico” e cômodo que os

colonizadores gostam de entoar.