Resumo a Era Do Economista Cap. I a V
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7/24/2019 Resumo a Era Do Economista Cap. I a V
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FUSFELD, Daniel R. A Era do Economista. São Paulo: Saraiva, 2001, cap.1-5
Surge a economia de mercado (Cap.1)
A economia de mercado se desenvolveu em larga escala somente após
a Idade Média, após o século XV. As mudanças trazidas pelo novo sistema – o
comércio – afetou até os aristocratas e clérigos. No séc. XVI Bencon criticou e
condenou o sistema de mercado aonde reinava a ganância dos homens.
Thomas Wilson, contemporâneo de Thomas Bencon, relatou que tanto
os camponeses quando os homens mais nobres mediam seus atos a fim de
conseguirem maiores lucros.
O modelo tradicional de trabalho e troca de serviços foi gradativamente,
da Idade Medieval à Moderna, modificando-se e tomando mais características
de mercado. Os camponeses que passaram a ser arrendatários de terras de
seus senhores tinham que pagar-lhes uma quantia pelo uso da terra, para
conseguirem pagar a taxa de uso e, ainda, ter com que sobreviverem
começaram a vender algumas insumos que sobravam de suas produções. Os
donos de terra com o dinheiro que ganhavam das taxas de arrendamento
conseguiam comprar mais propriedade, muitas vendidas pelos próprios
camponeses que precisavam do dinheiro para sobreviver, e conseguiam
produzir mais e lucrar mais. Os proprietários, ávidos por maiores lucros,
aumentavam as taxas e os camponeses se viram obrigados a cultivar mais
para que pudessem vender. E assim, esta busca por sobrevivência e lucro fez
nascer um ciclo de comércio – compra e venda de insumos.
Antes da popularização do comércio já existiam as trocas, compra e
venda, porém estava delimitada ao comércio a distância ou troca de materiais
preciosos e raros. Foi na Idade Moderna que a Economia de Mercado de fato
se estabeleceu. Além dos fatores já mencionados houve outros que
influenciaram significativamente para a instauração do mercado, como: As
descobertas marítimas, o surgimento do Estado-Nação e novas estratégias de
guerra.
As descobertas marítimas do século XV e XVI abriram enormesoportunidades de negócio e desencadearam um intenso fluxo de
capital rumo à Europa na forma de ouro e prata (...). O surgimento
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dos „Estado-Nacionais‟ destruiu boa parte do poder político dos dois
pilares da velha ordem: a nobreza e o clero. Novas estratégias de
guerra (...) requeriam dinheiro e controle. Assim, criaram-se sistemas
de impostos nacionais e fluxos de renda (...) estimulando ainda mais
o crescimento dos mercados. (FUSFELD; 2001, p.12)
Esta nova fase fez com que os hábitos mudassem, assim como foi
apontado no texto A crítica à Economia Política Clássica, a Economia é
multidisciplinar, ou seja, tem relação com a política, cultura e sociedade. Neste
caso a Economia promoveu uma transformação nos velhos hábitos (mudanças
culturais) como o costume de guerrear que foi deixado de lado (deixou de ser
um hobe) para dedicação de mais tempo aos afazeres que rendiam lucros e
não prazer. “O futuro residia na riqueza e nos lucros advindos do comércio.”1
Religião e Economia
A igreja2 sempre tentou, e podemos dizer que conseguiu, manter seus
fiéis no caminho correto. Este caminho correto significava seguir o caminho do
Cristo, ou seja, manter uma vida como a de Jesus Cristo (na humildade e
pobreza). Trabalhar enfatidiosamente e ter muitas privações fazia parte do
pagamento pelos pecados, a vida para um camponês era um verdadeiro
purgatório. Mas, com a mudança de um sistema de produção de subsistência
para um sistema de trocas comerciais a igreja se viu na obrigação de orientar
seus fiéis para que eles não caíssem num mundo de perdições. Em outras
palavras, a igreja condenava a busca por lucros – o enriquecimento. “A busca
de riqueza em benefício próprio era uma atividade pecaminosa (...) que
desviava a atenção da salvação e da condução de uma vida moralmente
correta.”3
No entanto, o que percebeu-se foi que os homens estavam se
importando mais com seus lucros do que com a salvação de suas almas. A
igreja não podia mais lutar contra essa força maior – a Economia de Mercado –
então passou a buscar conceitos éticos para embasar esta prática. A igreja
encontrou a solução na aplicação de fundamentos de justiça – o preço justo.
No séc. XIII escolásticos, filósofos, católicos e professoresdesenvolveram pensamentos sobre a questão do preço justo. Idéias que se
relacionavam, porém, próprias de cada seguimento.
“... identificavam o preço justo como aquele que garantia a contínua
reprodução da ordem social [...]. Eliminando-se todas as formas de
monopólio e controle de mercado, a concorrência entre os
1 FUSFELD, Daniel. A era do Economista. São Paulo: Saraiva, 2001, p.12
2 Quando dito igreja para este período, início da Idade Moderna, refere-se à religião católica.
3 FUSFELD, Daniel. A era do Economista. São Paulo: Saraiva, 2001, p.13
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revendedores manteria o preço de mercado em um nível que caberia
apenas o custo de produção e um lucro normal.”4
A análise de preços justos de mercado iniciou-se com a igreja e a
análise de preços de mercado, propriamente dita, começou com os
escolásticos. Eles também se preocupavam com a busca e manutenção dobem-estar das pessoas conseguido através dos processos de mercado.
Para Thomas Middleton, monge inglês, e Duns Scotus, professor, as
trocas, compras e vendas beneficiavam tanto compradores como vendedores.
Segundo eles, se não beneficiassem a ambos simplesmente não ocorreriam.
Eles ainda acreditavam que estes processos “aumentavam o bem-estar dos
indivíduos.”5
A questão do preço justo entre compradores e comerciantes mais
gananciosos continuava sendo um problema religioso. As pessoas estavammuito mais preocupadas, mesmo depois das intervenções religiosas, ainda
com o enriquecimento e com a conquista de um status quo. Na virada da era
Medieval para a Moderna o dilema da moral religiosa versus o enriquecimento
pelo mercado se impôs diante às pessoas. Ou ser fraterno e justo para com os
outros ou ser rival e obter cada vez mais bens e sucesso. As pessoas
começaram a questionar se Deus6 realmente desaprovava o novo modo de
vida aonde as pessoas tinham a possibilidade de ter condições melhores. Este
questionamento levou à heresia protestante e deu embasamento para a
Reforma Protestante7. Uma nova moral dizia que Deus confiou a cada
indivíduo uma vocação, qualquer vocação levaria à plenitude desta pessoa,
mesmo que sua vocação fosse para o comércio. A descoberta da vocação era
percebida quando se conseguia prosperar através dela (ter estabilidade
econômica). Ter posses e bens não era condenável por está nova moral, mas
se perder no luxo e ociosidade sim. Esta nova concepção adequou-se às
realidades da classe média urbana e contribuiu para o acúmulo de riquezas
pelas pessoas, que por sua vez, contribuiu para a expansão econômica.
Trabalhar várias horas por dia e conseguir poupar não mantendo vícios
ou esbanjando era a nova meta para se ser um bom homem. Mas, uma novaquestão se colocou, quem não conseguia ter uma vida economicamente
estável era então um mal cristão?
Primórdios da Ciência Econômica (Cap. 2)
4 Idem, p.14
5
Idem6 Quando dito Deus, neste caso, refere-se à divindade monotéica católica cristã.
7 A Reforma Protestante foi um movimento reformista cristão culminado no início do séc. XVI
por Martinho Lutero. Este movimento questionava a doutrina da Igreja Católica Romana.
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A ciência econômica moderna preocupava-se em saber qual era a fonte
última de riqueza de uma Nação. Se era o comércio, a agricultura ou o próprio
trabalho humano.
Os Mercantilistas
Os mercantilistas foram os primeiros a se preocuparem com a questão
da fonte de riqueza nacional. Este era um questionamento que enfrentava dois
problemas: um interno e outro externo. O problema interno era o uso da
unidade: era preciso se criar um sistema interno de moedas unificadas. Na luta
pela instauração de um sistema monetário interno os monarcas tinham apoio
dos mercadores, que se beneficiariam com a unificação da economia e a
diminuição das barreiras comerciais locais. Os monarcas também tinham o
apoio dos pequenos possidentes de terra. Os pequenos proprietários de terraestavam preocupados com o aumento do poder do Estado para assegurar o
equilíbrio entre o poder da Nobreza e assim, pouco a pouco, assegurar que
seus bens também crescessem. Além desses apoios também contavam com
os juristas, pessoas que entendiam das complicadas relações econômicas que
se impuseram; os funcionários do governo e a Corte Real. Embora estes
últimos estivessem em menor número tinham grande influência.
A aliança político-econômica desses grupos deu origem ao pensamento
mercantilista. Os mercantilistas formavam o “primeiro corpo teórico organizado
de pensamento econômico moderno.” [Eles] visavam a unificação da nação
sob o comando de um único e poderoso dirigente, desenvolvimento de suas
forças militares e naval (...) [e] crescimento (...) [da] riqueza” 8.
Os mercantilistas apoiavam a manufatura. O comércio exterior, que
surgiu com as colônias, era controlado por tarifas, leis de navegação e
restrições alfandegárias. Apoiavam o desenvolvimento agrícola sobretaxando
as importações para que produtos agrícolas não fossem importados e sim
plantados, e taxavam as exportações para que os produtos permanecessem
dentro do país. Acreditavam que quando mais acumulassem de riqueza dentroda nação mais desenvolvida ela se tornaria. Então, efetuava essas práticas de
dificultação da importação e exportação, além, de também não permitirem que
as trocas fossem feitas com metais preciosos (ouro e prata mais
especificamente) e com somente produtos agrícolas supérfluos.
Nesse tempo os mercados eram limitados e havia baixo poder aquisitivo.
Não havia dinheiro nem crédito para que o comércio fluísse. O governo acabou
tendo que recomendar a “política monetária frouxa” que significou o aumento
de dinheiro disponível para a facilitação do comérc io e “manter baixa as taxas
8 FUSFELD, Daniel. A era do Economista. São Paulo: Saraiva, 2001, p.22
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de juros”9. Mas, também tinha o problema da inflação, então não se podia
aumentar o fluxo de moedas no mercado. A inflação criava problemas para “os
trabalhadores e para os mais pobres porque os aumentos salariais tendiam a
ficar defasados em relação aos aumentos de preços (...) [além de reduzir] a
demanda externa por manufaturados domésticos e, por fim, resultavam em
piora das condições econômicas domésticas.” 10
Políticas econômicas e internacionais (...) tornaram-se estreitamente
inter-relacionadas (...). Aprenderam (...) que, se a oferta interna de
moeda e o poder de compra se expandissem mais rapidamente do
que a oferta de bens disponíveis para venda, os preços internos
aumentariam, as importações cresceriam e as exportações
diminuiriam (...). Argumentavam que, se as exportações excedessem
as importações, ouro e prata adentrariam o país, mas dinheiro tornar-
se-ia disponível, o crescimento econômico seria estimulado e a
riqueza da nação aumentaria. (FUSFELD; 2001, p.24)
Ilustração11
Oposição ao Mercantilismo
As políticas do mercantilismo eram favoráveis aos grandes mercadores
e financistas que trabalhavam na economia internacional. A manutenção do
poder nacional satisfazia os dirigentes e funcionários do governo. Mas, o
crescimento da economia e suas políticas pareciam não favorecer a agricultura
nem a indústria. Então inicia-se o questionamento do mercantilismo em
meados do século XVIII.
9 Idem, p.2310
Idem, p. 23-2411
Séfora Semíramis
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As pequenas empresas sentiam-se prejudicadas com o monopólio
concedido às grandes empresas. Também os pequenos proprietários de terra
se ressentiam com as taxas lhes impostas para a manutenção do poder
nacional. Começou-se a questionar essa dependência com o Estado e, além
da dependência, as imposições que só visavam o poder do Estado e dos
poderosos que o apoiavam. Questiona-se se a nação estava realmente
crescendo com todas as imposições sobre os de poder minoritário.
Os questionamentos dessa minoria (em posse de poder e bens) tinham
razão de serem feitos. Mas, nada era feito por que o sistema econômico, da
forma como era, era benéfico para os que detinham o poder. Entre estes havia
o favorecimento mútuo e aos outros a exploração.
Problemas do mercantilismo
Alta tributação e taxação aos pequenos proprietários, pequenoscomerciantes, camponeses e pobres em geral;
Permissão do monopólio de grandes indústrias pelo governo;
Sonegação de impostos e taxas, burlagem das sistemáticas
imposições mercantilistas pelos poderosos;
Governo que também participava da corrupção e passivo às
sonegações dos nobres.
Os fisiocratas
Os fisiocratas eram antimercantilistas. Eram um grupo francês lideradopor Quesnay, os fisiocratas não compreendiam as regras mercantis como a
melhor forma de se obter uma economia crescente que beneficie o Estado e
sua população. Não viam, primeiramente, no comércio e na indústria a força
motora para o crescimento econômico nacional. Com esta negação aos
princípios mercantilistas, exploração da indústria e comércio, associado ao
naturalismo nasceu a fisiocracia. Quesnay acreditava que a riqueza vinha da
natureza, portanto, valorizava a agricultura. Dizia ele que a produção de
excedentes agrícolas seria capaz de formar a renda, os salários e o poder de
compra.
Quesnay “acreditava piamente que toda riqueza provinha (...) de um
processo gerador criado por Deus. Por crer na supremacia das leis naturais ele
defendia que um regime de liberdade econômica não era apenas natural, como
também benéfico e auto-regulável.” 12
Liberalismo econômico
O pensamento liberalista econômico iniciou-se no final do século XVII à
início do XVIII, mas foi predominante no século XIX e vive até hoje, porém,
como “ideologia capitalista clássica”. Os primeiros liberalistas, antes de Adam
12 FUSFELD, Daniel. A era do Economista. São Paulo: Saraiva, 2001, p.27
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Smith, defendiam a libertação das barreiras comerciais (comércio
internacional), das tarifas abusivas, do monopólio e da regulamentação.
Os liberalistas defendiam a tese de que a busca particular por
manutenção da vida e acúmulo de bens em benefício próprio também geram
benefícios à sociedade com um todo.
Bernard de Mandeville afirmava que “os avanços da civilização resultam
de vícios, não de virtudes. O progresso provinha de interesses egoístas do
indivíduo – desejo de levar uma vida fácil, confortável, luxuosa e prazerosa –
não de alguma propensão natural a trabalhar intensamente e poupar [como
contribuía a igreja no fim da idade média a fazer] (...). A prosperidade e o
crescimento econômico seriam ampliados caso se desse espaço à motivação
egoísta dos indivíduos (...). O vício do egoísmo incitaria as pessoas a
maximizar seus ganhos e, em conseqüência, aumentar a riqueza da nação.” 13
“Vícios privados geram benefício públicos.”
Já Cantillon une as idéias de North e Hume sobre a competitividade do
mercado e de Mandeville sobre o incentivo ao egoísmo ao racionalismo
cartesiano para afirmar que “o auto interesse racional por parte dos
comerciantes operando num sistema de mercados competitivos ajustáveis
levaria a uma rede de preços e quantidades mutuamente compatíveis.”14
Teoria do valor-trabalho
Segundo o pensamento liberalista a fonte de riqueza da nação repousa
sob o trabalho humano por que as pessoas precisam se alimentar, vestir,
abrigar e ter algum conforto e se elas conseguirem satisfazer suas
necessidades através do trabalho se sentiriam cada vez mais motivadas a
produzir. A motivação para a produção resultará no crescimento econômico de
toda nação.
Para que o crescimento seguro se fizesse por esta perspectiva era
necessário que a riqueza fosse acessível a todos que trabalhassem para galgá-
la. Dito de outra forma era preciso que o Estado-nação com sua nobrezapoderosa permitissem que os pobres enriquecessem. Metaforicamente, isso
era como tirar um osso da boca de um cão faminto.
13 Idem, p.29
14 Idem, p.30
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Ilustração15
Propriedades privadas
John Locke associou a idéia da motivação para o trabalho e “produção
da riqueza à propriedade privada” 16. Ao ter motivos para trabalhar os
indivíduos adicionam o sentido de propriedade ao produto, então é como se
elas estivessem produzindo seu próprio produto, ou seja, para seu consumo
(como de certa forma não deixa de ser). O homem deu algo de si ao produto,
seu esforço, portanto, torna-se de sua propriedade, segundo Locke.
Outros economistas, posteriormente, também argumentam a idéia de
Locke e dizem que o governo precisa proteger a propriedade privada para que
este tecido de crescimento econômico, que é favorável a todos, possa se
desenvolver e crescer.
Bases do Liberalismo em seus primórdios
Comércio competitivo (North e Hume);Incentivo ao egoísmo, trabalho humano (Mandeville);
Propriedade privada (John Locke).
Fontes de riqueza para as Nações segundo os principais pensamentos
econômicos
Comércio .......... Mercantilistas
Natureza .......... Fisiocratas
15 Séfora Semíramis
16 FUSFELD, Daniel. A era do Economista. São Paulo: Saraiva, 2001 p.30