Resumo

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TEXTO 1 Contemporaneidade e seus efeitos de subjetivação – Deise Mancebo Iniciando a discussão: a complexidade global As mudanças em curso no mundo atual são atribuídas aos processos de globalização (pós-modernidade); uma nova era de universalização do capitalismo como modo de produção e processo civilizatório. Globalização: extrapola a esfera econômica e encontra representação em todos os aspectos da vida social; forte agente de subjetivação. “Seja qual for a sua categoria social, etnia, religião, nacionalidade ou convicção política, independentemente do seu entendimento sobre as suas próprias vinculações, todos movem-se também no âmbito do globalismo” (Ianni, 1997). No processo de globalização, no entanto, não há uma homogeneidade social, pelo contrário, as mudanças globais intensificam a desigualdade em dimensões econômicas, sociais, políticas e culturais. Subjetividades em loop Neoliberalismo: indivíduos introjetam os valores mercantis e passam a reconhecer o mercado como o âmbito em que se desenvolverão como pessoas humanas. A subjetividade diante da complexidade contemporânea: diversidade de universos se miscigenam em cada subjetividade, tornando suas figuras e formas de expressão obsoletas com muita velocidade. Ocorrem rearranjos e reconfigurações permanentes. A revolução da microeletrônica é responsável pelo volume e velocidade das informações e a redução dos custos de comunicação e transporte; produz um impacto direto nas relações comerciais e, por conseguinte, na vida das pessoas – individual e coletivamente -, através dos meios de comunicação de massa. A estabilidade moderna cede espaço para o dinamismo frenético do loop de uma montanha-russa; sua intensidade nos impele a reagir e, assim, aceitamos passivamente ser conduzidos até o fim. Palavras-chave: velocidade, volatilidade, efemeridade, descartabilidade, obsolescência. A acelerada velocidade e a multiplicidade de experiências e sentidos afetam as subjetividades; passa-se a impor o “viver-consumir” como modo de vida. Deve-se aderir a uma vida rasa e sem densidade, onde o presente é descontextualizado e autonomizado; é arrancado do passado e da história.

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TEXTO 1Contemporaneidade e seus efeitos de subjetivação – Deise Mancebo

Iniciando a discussão: a complexidade global

As mudanças em curso no mundo atual são atribuídas aos processos de globalização (pós-modernidade); uma nova era de universalização do capitalismo como modo de produção e processo civilizatório.

Globalização: extrapola a esfera econômica e encontra representação em todos os aspectos da vida social; forte agente de subjetivação.

“Seja qual for a sua categoria social, etnia, religião, nacionalidade ou convicção política, independentemente do seu entendimento sobre as suas próprias vinculações, todos movem-se também no âmbito do globalismo” (Ianni, 1997).

No processo de globalização, no entanto, não há uma homogeneidade social, pelo contrário, as mudanças globais intensificam a desigualdade em dimensões econômicas, sociais, políticas e culturais.

Subjetividades em loop

Neoliberalismo: indivíduos introjetam os valores mercantis e passam a reconhecer o mercado como o âmbito em que se desenvolverão como pessoas humanas.

A subjetividade diante da complexidade contemporânea: diversidade de universos se miscigenam em cada subjetividade, tornando suas figuras e formas de expressão obsoletas com muita velocidade. Ocorrem rearranjos e reconfigurações permanentes.

A revolução da microeletrônica é responsável pelo volume e velocidade das informações e a redução dos custos de comunicação e transporte; produz um impacto direto nas relações comerciais e, por conseguinte, na vida das pessoas – individual e coletivamente -, através dos meios de comunicação de massa.

A estabilidade moderna cede espaço para o dinamismo frenético do loop de uma montanha-russa; sua intensidade nos impele a reagir e, assim, aceitamos passivamente ser conduzidos até o fim.

Palavras-chave: velocidade, volatilidade, efemeridade, descartabilidade, obsolescência.

A acelerada velocidade e a multiplicidade de experiências e sentidos afetam as subjetividades; passa-se a impor o “viver-consumir” como modo de vida. Deve-se aderir a uma vida rasa e sem densidade, onde o presente é descontextualizado e autonomizado; é arrancado do passado e da história. Perde-se a perspectiva de longo prazo, vive-se uma instabilidade que leva à exacerbação do individualismo no mundo contemporâneo, uma vez que, frente às pressões sociais, o indivíduo fecha-se em si mesmo.

Subjetivar: história e processualidade

“Homem modulado” (Ernest Gellner): alusão à mobília modulada que não possui um formato “certo” e predeterminado, mas um conjunto infinito de formas e expansões possíveis, “o homem modulado não tem perfil nem função predeterminados, (...) é um homem com qualidades móveis, disponíveis e cambiáveis”.

“Personalidade pastiche”, “camaleonismo social”: utilizar-se de pedaços de identidade de quaisquer fontes disponíveis. Atualmente, a identidade é fragmentada, descentrada e deslocada. Conflitos entre ter versus ser; ideal versus real.

Considerações ético-políticas sobre o contemporâneo e a subjetividade

Idealização da globalização: transformações tecnológicas e expansão do mercado derrubariam as fronteiras e libertariam o mundo; a partir daí, a globalização econômica promoveria a homogeneização das esferas social, cultural e política.

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O processo de globalização teria como característica positiva o fato de trazer consigo a inovação, a liberdade e a criatividade.

Consequências da globalização: o incremento da desigualdade social e espacial, a brutal concentração de renda, o desemprego estrutural, a flexibilização dos direitos sociais e o sentimento generalizado de insegurança e instabilidade no trabalho, o debilitamento das antigas referências e formas de solidariedade, a intensificação da degradação ambiental, o consumismo desenfreado e o fundamentalismo reativo dos cidadãos não incluídos.

“O contemporâneo não é um tempo acachapante de servidão, de controle e disciplina, mas também não é um tempo só de invenções, de liberdades e de novos fluxos de práticas e pensamentos. O contemporâneo precisa ser produzido”. Desta forma, a Psicologia Contemporânea diz respeito à Psicologia em transição.

TEXTO 2 Psicologia e sua ideologia: 40 anos de compromisso com as elites – Ana Mercês Bahia Bock

Psicologia no Brasil marcada pelo compromisso com os interesses das elites; tem se constituído como uma ciência e uma profissão para o controle, a higienização, a categorização e a diferenciação.

Medicina e educação: higienização da sociedade;

Educação marcada por práticas autoritárias e disciplinares; busca do controle de impulsos considerados inadequados nas crianças, caracterizou-se por práticas disciplinares e moralistas.

Medicina marcada pela criação de hospícios como asilos higiênicos e de tratamento moral; falava da degenerescência das raças e da imoralidade que isso acarretava na sociedade.

Final do século XX: a Psicologia ganha o status de ciência nos EUA e Europa.

Escola Nova: indivíduo como eixo de sua construção; ênfase à preocupação cientificista, transformando as escolas em verdadeiros laboratórios. A valorização e preservação da infância levaram à abolição dos castigos e vigilância disciplinar. Houve aplicação dos conhecimentos da Psicologia do Desenvolvimento para embasar o trabalho pedagógico.

Guerras trouxeram o desenvolvimento de testes psicológicos; prática diferenciadora e categorizadora. Com esse lugar social, a Psicologia se institucionalizou como profissão em 1962, comprometida com os interesses das elites brasileiras.

Os 40 anos de profissão regulamentada

Psicologia: uma profissão que serviu às elites, sendo um serviço de difícil acesso aos que têm pequeno poder aquisitivo. Uma profissão com pouca inserção social, baixo poder organizativo, com entidades frágeis, com pequeno poder de pressão e que negociou pouco com o Estado suas demarcações e possibilidades de contribuição social.

Muitos psicólogos atuando em consultórios particulares, como autônomos. Inacessível à população pobre do país.

Carvalho (1988): atuação de psicólogos pouco diversificada; 5 a 7 atividades como aplicação de testes, psicodiagnósticos e Aconselhamento psicológico.

Psicologia se instituiu na sociedade como uma profissão e uma ciência conservadoras que não constroem e nem debatem um projeto de transformação social.

Psicologia: uma profissão feminina; possibilidade de conciliar o trabalho doméstico, a maternidade e o trabalho profissional (pelo caráter assistencial e pela possibilidade de adaptar horários de trabalho)

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Alguns elementos ideológicos da profissão

1. A Psicologia tem naturalizado o fenômeno psicológico:O fenômeno psicológico é identificado como um “verdadeiro eu”, natural ao indivíduo e diferente do que aparece no social. A Psicologia surge para dar suporte ao desenvolvimento do natural, reencaminhando para o “seu trilho” quando se percebe um desvio.

Psicologia como uma profissão corretiva, que deve ser utilizada quando há desvios, doenças, conflitos, desequilíbrios, desajustes ou patologias; caso contrário, não há necessidade da Psicologia. Assim não há possibilidade de desenvolver uma profissão que contribuía para a qualidade de vida, promovendo saúde.

2. Os psicólogos não têm concebido suas intervenções como trabalho:A partir do conceito naturalista na Psicologia, o mundo social passa a ser visto como “ruim”, e as ações do psicólogo se voltam para “corrigir”, “remediar”, “curar”, “consertar”, o que desviou.

Missão do psicólogo: “ajudar as pessoas a se desenvolverem” O trabalho da Psicologia é desvelar, desvendar as “verdades” sobre o sujeito, para que ele mesmo possa se conduzir.

A Psicologia auxilia a retomada de um “caminho desviado”; auxilia a redução do sofrimento, o autoconhecimento necessário para o equilíbrio e a adaptação ao meio social. Porém, a Psicologia construiu um discurso que nega a intervenção direcionada, escondendo-se atrás de um discurso que o homem se autodetermina e se autodesenvolve.

3. A Psicologia tem concebido os sujeitos como responsáveis e capazes de promover seu próprio desenvolvimento:

Barão de Münchhausen: o barão saiu do pântano, em que caiu com seu cavalo, puxado pelos seus próprios cabelos; alusão às teorias em Psicologia: o homem possui em si mesmo uma força motriz que o movimenta para o destino de seu desenvolvimento.

A sociedade é algo externo ao sujeito que o ajuda ou atrapalha, por isso os psicólogos se puseram de costas para a realidade social. Isso isola o sujeito e sua subjetividade do mundo social.

Fechando a reflexão

A Psicologia tem ocultado a produção social do humano e de seu mundo psicológico; explica as questões sociais a partir de mecanismos naturais do mundo psicológico.

É preciso incluir o mundo cotidiano e o mundo cultural e social na produção e na compreensão do mundo psicológico.

TEXTO 3

Psicologia e compromisso social: desafios para a formação do psicólogo – Albertina Mitjáns Martínez

Há uma dificuldade para definir o qual é o compromisso social da Psicologia. Visão de egressos sobre o compromisso social da Psicologia:

1. Uma prática profissional de qualidade, com respeito e consideração pelo outro e pelo seu desenvolvimento;2. Utilização da Psicologia para contribuir na solução de alguns dos grandes problemas da realidade nacional

como a miséria, a fome e o analfabetismo.

Significados diferentes atribuídos ao compromisso social da Psicologia em decorrência da formação, ideologia, contextos de constituição e de atuação.

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A necessidade de discutir o compromisso social da Psicologia se dá pela emergência de se construir um conceito de referência para que se possa contribuir, a partir da Psicologia, para uma sociedade mais justa.

Quem é o sujeito do compromisso social da Psicologia: a Psicologia enquanto ciência ou o psicólogo que produz esse conhecimento científico?

O compromisso social da Psicologia na formação dos psicólogos como sujeitos capazes de promover mudanças em prol de uma maior equidade social.

Quem faz a psicologia? O psicólogo como sujeito

Os psicólogos ocupam um lugar central quando se trata de analisar o compromisso social da Psicologia. Sua participação se dá de duas formas: na produção de conhecimento científico e na sua utilização em práticas profissionais concretas; ambas são expressão da concepção de mundo, da ideologia e dos valores de seus autores.

O psicólogo é considerado eixo da produção e utilização do conhecimento psicológico numa prática comprometida com o desenvolvimento, a justiça e equidade social.

Deve-se considerar a subjetividade do psicólogo e sua condição de sujeito. Assim, a subjetividade na perspectiva histórico-cultural do desenvolvimento humano está implicada na produção teórica da Psicologia.

Sujeito e subjetividade: uma perspectiva histórico-cultural (Gonzáles Rey, 2003):: 1. A defesa ao caráter ontológico da subjetividade: não redutível a nenhum outro tipo de fenômeno, seja de

ordem biológica, seja de ordem social;2. A complexidade e a singularidade da expressão do psicológico nos sujeitos humanos.3. A quebra da dicotomia entre o individual e o social.

Subjetividade: “a organização dos processos de sentido e de significação que aparecem e se organizam de diferentes formas e em diferentes níveis no sujeito e na personalidade, assim como nos diferentes espaços sociais em que o sujeito atua” (González, Rey)

Subjetividade individual:Configurações de sentido e de significado em que o psicológico se expressa nos indivíduos concretos.

Personalidade e sujeito são entendidos como formas de expressão da subjetividade individual. Integram a personalidade um conjunto muito diverso de elementos psicológicos, estabelecidos na história do sujeito.

É o sujeito psicológico quem se relaciona com os outros nos contextos sociais em que está inserido, vivencia emoções, toma decisões e constrói representações de realidade.

A ação do sujeito se dá num contexto que é percebido pelo sujeito não pelas suas características “reais”, mas pela construção que faz da situação, e do sentido subjetivo que vai configurando no curso da própria ação._

Subjetividade social: Configurações de sentido e de significado que caracterizam os diferentes espaços sociais onde o sujeito está inserido.

A subjetividade social constitui-se de um sistema de configurações subjetivas (grupais ou individuais) que se articulam nos diferentes níveis da vida social; está constituída pelos processos de significação e de sentido que caracterizam os cenários da vida social.

Não é uma entidade intrapsíquica, mas um sistema que se expressa na tanto na dimensão social quanto individual; expressa a dimensão subjetiva dos espaços sócias e tem um importante papel na constituição e na ação do sujeito._

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Uma ação social compromissada do psicólogo não pode ser compreendida nem incentivada sem ter em conta as dimensões subjetivas (individual e social) que possibilitam e se expressam nessa ação.

A subjetividade não é um processo inato e natural, mas constituída nos espaços sociais de relação e ação dos indivíduos. Assim, existe a possibilidade de delinear esses espaços sociais para contribuir para a constituição de recursos subjetivos necessário para uma ação compromissada socialmente.

Necessita-se privilegiar a dimensão pessoal da formação nos cursos de formação dos psicólogos, e assim utilizar-se de recursos subjetivos que possibilitam a utilização da Psicologia numa determinada direção.

A Psicologia na formação do psicólogo: uma questão esquecida?

Os conhecimentos psicológicos deveriam ser utilizados na formação dos psicólogos para favorecer o desenvolvimento de recursos subjetivos necessários para um trabalho profissional com compromisso social, criativo e transformador.

Porém, o desenvolvimento de características subjetivas relevantes não tem sido objeto de atenção na formação dos psicólogos. Algumas hipóteses que justificam essa afirmação:

1- A Psicologia tem se caracterizado pela fragmentação: do indivíduo concreto em características; do conhecimento em teorias, em campos com objetos de estudos específicos. Tais fragmentações surgem no interior das instituições acadêmicas e gera problemas quanto a maneira que se lida com as diferenças. (Ex.: Comportamentalistas contra psicanalistas)

2- Psicologia do Desenvolvimento centrada na compreensão da infância e da adolescência, porém os estudantes de psicologia estão na juventude e na idade adulta. Não há um olhar para o período de desenvolvimento que os alunos passam na universidade, o que seria desejável para contribuir com o desenvolvimento de recursos subjetivos desejáveis.

3- Grade curricular que não privilegia o papel dos contextos sociais de atuação e interação na constituição do sujeito. Isso dificulta ao estudante enxergar que o contexto social participa da constituição da subjetividade. (Ex.: A Psicanálise enfoca a infância, assim fica difícil enxergar o meio acadêmico como constituinte de subjetividade).

4- Produção cientifica privilegia a visão racional do homem, processos da cognitivação e aprendizagem (pesquisas quantitativas). Assim, pouco se produz a respeito do desenvolvimento da personalidade, o que dificulta a utilização desses conhecimentos para o desenvolvimento pessoal dos psicólogos em formação.

Educação superior: conteudista, centrada na transmissão de conhecimentos e apenas em algum grau no desenvolvimento de habilidades profissionais e mesmo assim essencialmente operacionais.

Sensibilidade humana e social, o sentido de justiça, a solidariedade e a capacidade de assumir posições são características pessoais importantes para o psicólogo, porém a discussão destas não é vista como necessária por parte dos que formam os psicólogos.

Habilidades requeridas pelos movimentos inovadores no exercício profissional: apreender demandas sociais e políticas, atentar para a abertura e redefinição dos espaços, repensar abordagens e alternativas: visão pluralista, capacidade para sensibilizar e engajar parceiros, ser proativo, empreendedor; a persistência, a capacidade de problematização e de reflexão personalizadas, o olhar crítico e reflexivo sobre a realidade social, etc.

Clarifica-se o que o psicólogo tem que “saber” e o que ele tem que “saber fazer”, porém falta clarificar o que ele tem que “ser”. “Saber” e “saber fazer” são expressões de um sujeito que “é”. As habilidades profissionais não “funcionam” fora do sujeito, e tais habilidades são parte daquilo que o constitui.

E os formadores dos psicólogos? A significação de seu compromisso social

Necessita-se abertura, flexibilidade e audácia, bem como um compromisso profissional e social dos formadores de psicólogos para que estes possam utilizar suas capacidade, criatividade e energia para contribuir com a mudança da situação atual da formação.

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No entanto, muitos professores não possuem essas características. O individualismo, a competição, a falta de sensibilidade, a incapacidade para o trabalho em equipe e o desinteresse pela produção e o saber dos pares infelizmente constituem parte das instituições acadêmicas onde os psicólogos se formam.

Trabalhar no complexo eixo da formação pessoal do profissional demanda um clima organizacional que estimule e favoreça o diálogo construtivo, a experimentação e a inovação; implica essencialmente um trabalho em equipe que não é favorecido nem é estimulado na maioria das instituições formadoras de psicólogos.

O compromisso social do psicólogo e em primeiro lugar dos que formam psicólogos é hoje mais que nunca necessário se pretendemos uma prática profissional e social na qual a Psicologia possa ser utilizada a serviço de uma sociedade mais justa.

TEXTO 4Psicoterapia cognitiva –Fábio Pinheiro Santos

Judith S. Beck em sua obra (1997) refere que a Terapia Cognitiva ensina ferramentas para avaliar os pensamentos de uma forma consciente, estruturada, especialmente quando eles resultam em sofrimento e desadaptação.

Beck e Alford (2000) definem Cognição como a função que envolve dedução sobre nossas experiências e sobre a ocorrência e o controle de eventos futuros.

Objetivo da Teoria Cognitiva: descrever a natureza de conceitos (resultados de processos cognitivos) envolvidos em determinada psicopatologia de maneira que quando ativados dentro de contextos específicos podem caracterizar-se como mal adaptativos ou disfuncionais, bem como fornecer estratégias capazes de corrigir estes conceitos idiossincrásicos e verificar os Pensamentos Automáticos que influenciam as emoções e comportamentos dos indivíduos.

Funcionamento Cognitivo: As interpretações que um indivíduo faz do mundo, estruturam-se progressivamente, durante seu desenvolvimento, formando regras ou esquemas.A partir desses esquemas (fórmulas) que o indivíduo utilizará para organizar, interpretar, selecionar os eventos em sua vida, bem como estabelecer novos padrões

Os três níveis cognitivos: A terapia cognitiva trabalha basicamente com a identificação e reestruturação de três níveis de cognição:

1. Pensamento automático;2. Crenças intermediarias;3. Crenças nucleares.

Pensamento automático: pensamentos automáticos são um fluxo de pensamento que coexiste com um fluxo de pensamento mais manifesto (BECK,1964). Rangé e Pereira (2011), complementam que pensamentos automáticos são espontâneos, telegráficos, repetitivos e sem questionamento quanto sua veracidade ou utilidade.

Outro conceito refere que é tudo aquilo que passa por sua cabeça e você não questiona, aceita como verdadeiro simplesmente porque lhe passou pela cabeça. Se refere a toda percepção, interpretação, julgamento, ideia, lembrança, etc. Refere a todo conteúdo mental que não temos consciência (MORAIS, 2013).

Crenças e Psicologia Cognitiva:

Crenças intermediárias: são regras e pressupostos criados pelo indivíduo para que possa conviver com ideias absolutas, negativas e não adaptativas.

Crenças nucleares: são de origem infantil, demonstra uma forma absoluta, negativa, rígida e inflexível, é mais difíceis de serem acessadas e modificadas.

Distorção cognitiva: As distorções cognitivas advêm de falhas no processamento de informações, erros de interpretação e raciocínios ilógicos no pensamento de um indivíduo (PEÇANHA e RANGÉ, 2000).

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O novo inconsciente: Percussor da Terapia Cognitiva: Aaron Beck.

Callegaro (2011) menciona sobre o novo “Inconsciente Cognitivo”, define como todo o processamento cognitivo.

Transferência: Memória sócio-cognitiva referente a construção do Self (visão de si) a partir da relação com o outro. Essas memórias são disparadas a partir do contexto e as pessoas revivem essas experiências.

Contratransferência: uma resposta emocional do terapeuta frente ao comportamento do paciente, que está enraizada nos esquemas do terapeuta.

Modelo cognitivo básico:

Acontecimentos ambientais / situação e/ou eventos → Processamento cognitivo → Afetos e comportamentos

Psicoterapia cognitiva:

Morais (2013) exemplifica a influência dos pensamentos automáticos, conforme abaixo descrito:

Exemplo:

Situação: Você olhando pro seu carro na garagem, aquele que você sempre dirigiu, mas agora não consegue nem chegar perto.

Pensamento automático: “Não vou conseguir dirigir nunca mais”.

Emoção: Medo, angustia.

Reação física: A perna fica bamba, ou começa a suar frio.

Comportamento: Vai para rua e pega um ônibus.

Modelo cognitivo:

CRENÇA CENTRALEu sou incompetente

CRENÇA INTERMEDIÁRIA“Se eu não entendo algo perfeitamente, então eu sou burro”

SITUAÇÃO Estudar para uma prova

PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS“Isto é difícil demais, eu jamais entenderia isso” REAÇÕES:

EMOCIONALTristeza

COMPORTAMENTALDesiste de estudar, fecha o livro

FISIOLÓGICAPeso no abdome, mal estar