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CARLOS HENRIQUE VIEIRA FELÍCIO RESPOSTA CRÔNICA E AGUDA DA GLICEMIA A UM PROTOCOLO DE TREINAMENTO MISTO PARA MELHORA DA SAÚDE DE DIABÉTICOS TIPO 2 Dissertação apresentada à Universidade de Franca, como exigência, para a obtenção do título de Mestre em Promoção de Saúde. Orientador: Prof. Dr. Cassiano Merussi Neiva. FRANCA 2008

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CARLOS HENRIQUE VIEIRA FELÍCIO

RESPOSTA CRÔNICA E AGUDA DA GLICEMIA A UM PROTOCOLO DE TREINAMENTO MISTO PARA MELHORA DA SAÚDE DE

DIABÉTICOS TIPO 2

Dissertação apresentada à Universidade de Franca, como exigência, para a obtenção do título de Mestre em Promoção de Saúde. Orientador: Prof. Dr. Cassiano Merussi Neiva.

FRANCA 2008

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CARLOS HENRIQUE VIEIRA FELÍCIO

RESPOSTA CRÔNICA E AGUDA DA GLICEMIA A UM PROTOCOLO DE TREINAMENTO MISTO PARA A MELHORA DA SAÚDE DE DIABÉTICOS TIPO 2

Presidente: ____________________________________________________ Nome: Prof. Dr. Cassiano Merussi Neiva Instituição: Universidade de Franca

Titular 1: _____________________________________________________ Nome: Profa. Dra. Lucia Helena Pelizer Instituição: Universidade de Franca

Titular 2: _____________________________________________________ Nome: Profa. Dra. Maria Georgina Marques Tonello Instituição: CEUCLAR – Centro Claretiano de Batatais

Franca, ___/___/___

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DEDICO à minha esposa, meu filho, meus pais e a todos os professores que colaboraram nesta tese.

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AGRADEÇO a DEUS ao ter me dado a chance de alcançar e finalizar esta etapa de minha vida, e pelo meu orientador e amigo Cassiano.

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RESUMO

FELÍCIO, C. H. V. Resposta crônica e aguda da glicemia a um protocolo de treinamento misto para a melhora da saúde de diabéticos tipo 2. 2008. 58 f. Dissertação (Mestrado em Promoção de Saúde) - Universidade de Franca, Franca.

Caracterizada como uma disfunção crônica do metabolismo, de natureza genética ou fenótipica, que causa a deficiência total ou parcial de insulina, a Diabetes Mellitus (DM), é uma doença que levou a Sociedade Brasileira de Diabetes a classificá-la como uma epidemia que está em curso. O número de indivíduos diabéticos está crescendo devido ao crescimento e ao envelhecimento populacional, à maior urbanização, à crescente prevalência de obesidade e sedentarismo, bem como à maior sobrevida do paciente com DM. Atualmente, cerca de 12 milhões de brasileiros são diabéticos. Dados epidemiológicos, estimam cerca de 7,8 milhões de indivíduos tem o diagnóstico confirmado com DM, devido as modificações agressivas nos hábitos dietéticos e no estilo de vida das pessoas, acarretando enorme redução nos níveis de atividade física. Há muito tempo a prática de atividade física é recomendada no tratamento de indivíduos portadores de DM. O exercício físico promove aumento na utilização de glicose e ácidos graxos livres intramusculares e extramusculares para o fornecimento de energia. O nível de aumento atingido, bem como a proporção de utilização de cada substrato, está diretamente relacionado com a intensidade e duração do exercício, sendo influenciado também pelo estado de saúde, nutricional e de treinamento do indivíduo. O objetivo da pesquisa foi avaliar o efeito de um programa de treinamento de exercícios físicos mistos (aeróbio/anaeróbio circuito-condicionante com pausa ativa), incluindo exercícios de caminhada, musculação e bola suíça, sobre possíveis modificações provocadas no seu sistema metabólico, como alterações agudas e crônicas, de indivíduos portadores de DM2. A metodologia utilizou-se um modelo de delineamento experimental de pré-teste e pós-teste aplicado ao grupo. Foram analisadas a glicemia em jejum pré-teste e pós-teste, e glicemia capilar em três períodos do exercício físico: pré, durante e pós treino, sendo o tratamento estatístico realizado pelo uso do Software Estatístico para PC- SPSS® For Windows®, V. 12.0.. Com os resultados foi possível observar uma queda significativa nos valores glicêmicos entre as 6 semanas de treinamento, com um delta negativo médio de 68 mg/dl. Além disso, resultados semelhantes foram também encontrado nas variações diárias da glicemia entre os momentos pré e pós sessão aguda de treinamento. Assim concluímos que, independentemente do mecanismo biológico responsável, o programa misto aeróbio e anaeróbio circuito-condicionante com pausa ativa foi eficiente na diminuição e controle crônico e agudo da glicemia de sujeitos diabéticos tipo 2.

Palavra-chave: Diabetes Mellitus; glicemia; resposta crônica e aguda; treinamento misto.

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ABSTRACT

FELÍCIO, C. H. V. Resposta crônica e aguda da glicemia a um protocolo de treinamento misto para melhora da saúde de diabéticos tipo 2. 2008. 58 f. Dissertação (Mestrado em Promoção de Saúde) – Universidade de Franca, Franca.

Characterized as a chronic dysfunction of the metabolism, genetic nature or fenótipica, that causes total or partial disability of insulin, the Diabetes Mellitus (DM) is a disease that prompted the Brazilian Society of Diabetes to classify it as an epidemic that is ongoing. The number of people with diabetes is growing because of the growth and aging population, greater urbanization, the increasing prevalence of obesity and inactivity, and the greater survival of the patient with DM. Currently, about 12 million of Brazilians are diabetics. Epidemiological data, estimate about 7.8 million people have the confirmed diagnosis with DM, due to aggressive changes in dietary habits and lifestyle of people, causing enormous reduction in levels of physical activity. For a long time the practice of physical activity is recommended for the treatment of individuals bearers of DM. Exercise promotes increase in the use of glucose and free fatty acids intra muscle and extra muscle for energy supply. The level of increase achieved, and the proportion of use of each substrate, is directly related to the intensity and duration of exercise, and is also influenced by the state of health, nutrition and the training of the individual. The goal of the research was to evaluate the effect of a training program of physical exercises mixed (aerobic / anaerobic conditioning circuit-break with active), including exercises, walking, weight training and Swiss ball, caused about possible changes in their metabolic system, as changes acute and chronic, individuals bearers of DM2. The methodology used is a model of experimented design of pre-test and post-test applied to the group. The blood glucose levels were analyzed in fasting pre-test and post-test, and capillary glycemia in three periods of physical exercise: pre, during and post training, and the statistical processing done by the use of Statistical Software for PC-For SPSS ® Windows ®, V. 12.0 .. With the result has been a drop in the values significant glucometers between 6 weeks of training, with a negative delta average of 68 mg / dl. Furthermore, similar results were also found variations in the daily glycemic between the moments before and after the training session acute. Thus we find that, regardless of the biological mechanism responsible, the program mixed aerobic and anaerobic conditioning circuit-break with active was effective in reducing and controlling chronic and acute glycemic of subjects type 2 diabetic.

Key words: Diabetic’s Mellitus; glycemia; chronic and acute response; training.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 12

I REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 13

1.1. O DIABETES MELLITUS................................................................................................13

1.1.1. EPIDEMIOLOGIA DO DIABETES MELLITUS...................................................... 15

1.1.2 INSULINA .................................................................................................................. 16

1.1.3 CLASSIFICAÇÃO E DIAGNÓSTICO DO DIABETES MELLITUS........................17

1.1.4 DIABETES MELLITUS TIPO 2 .................................................................................20

1.1.5 RESISTÊNCIA INSULINÍCA ................................................................................... 21

1.2. EFEITO DO EXERCÍCIO FÍSICO..................................................................................22

1.2.1.O TRASPORTE E A OXIDAÇAO DA GLICOSE E O EXERCÍCIO FÍSICO.............24

1.2.2.O EXERCÍCIO FÍSICO COMO FATOR TERAPÊUTICO...........................................28

1.2.3. EXERCÍCIO AERÓBIO PARA DM 2 ........................................................................31

1.2.4. EXERCÍCIO RESISTIDOPARA DM 2 ......................................................................32

1.3. USO DE MEDICAÇÃO ORAL PARA DM ...................................................................34

II OBJETIVOS .............................................................................................................. 37

III METODOLOGIA ......................................................................................................38

3.1 EMBASAMENTO TEÓRICO .................................................................................... 37

3.1.1 Procedimentos experimentais ...................................................................................... 37

3.1.2 Seleção dos sujeitos ..................................................................................................... 37

3.1.3 Protocolo de treinamento físico ................................................................................... 39

3.1.4 Variáveis estudadas e procedimentos de coleta........................................................... 40

3.2 TRATAMENTO ESTATÍSTICO ............................................................................... 41

IV RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................... 43

V CONCLUSÃO .................................................................................................................... 48

VI REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 49

VII ANEXOS ......................................................................................................................... 55

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1. Regulação do metabolismo de glicose no fígado 27 Figura 1.2. Transporte de glicose (GLUT4) no exercício 28 Figura 1.3. Mecanismo sanguíneo na resistência insulínica. Mecanismo de

clearence sanguíneo, promovido pelo condicionamento físico, diminuindo as concentrações de triglicérides plasmáticos e potencializando a sinalização insulínica no músculo

30 Tabela 3.1. Programas de exercícios do programa de DM 35 Figura 4.1. Comportamento médio da Glicemia basal, observado ao longo

das sessões de treinamento para todos os sujeitos do estudo

43 ANEXOS 55 Figura 4.2. Comportamento Glicêmico Capilar, observado ao longo das

sessões de treinamento para Sujeito P

56 Figura 4.3. Comportamento Glicêmico Capilar, observado ao longo das

sessões de treinamento para Sujeito S

56 Figura 4.4. Comportamento Glicêmico Capilar, observado ao longo das

sessões de treinamento para Sujeito M

57 Figura 4.5. Comportamento Glicêmico Capilar, observado ao longo das

sessões de treinamento para Sujeito R

57 Figura 4.6. Comportamento Glicêmico Capilar, observado ao longo das

sessões de treinamento para Sujeito B

58 Figura 4.7. Comportamento Glicêmico Capilar, observado ao longo das

sessões de treinamento para Sujeito C

58

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1.1. Avaliação do paciente com DM antes do início do programa de exercício.

33

Tabela 1.2. Tratatamento do DM 2 com angentes antidiabéticos 35 Tabela 1.3 Anamnese inicial 38

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Avaliação do paciente com DM antes do início do programa de exercício. Recomendações para teste de esforço em DM

33

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LISTA DE ABREVIATURAS

AA - Aminoácidos

ADA - American Diabetes Association

AGL - Ácidos graxos livres

CDC - Center for Disease Control

CHO - Carboidratos

DCC - Diabetes Control and Complication Trial

DCV - Doença Cardiovascular Cerebral

DM - Diabetes Mellitus

DM1 - Diabetes Mellitus tipo 1

DM2 - Diabetes Mellitus tipo 2

DMID - Diabetes insulino-dependente

DMNID - Diabetes não insulino-dependente

DMG - Diabetes Mellitus Gestacional

GLUT1 - Transportador de glicose na membrana plasmática

GLUT2 - Transportador de glicose no fígado

GLUT3 - Transportador de glicose no fígado

GLUT4 - Transportador de glicose no músculo

GLUT5 - Transportador de glicose no intestino delgado

NIH - National Institute of Health

OMS - Organização das Nações Unidas

SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes

UKPDS - United Kingtom Prospective Diabetes Study Group

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INTRODUÇÃO

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD-2006), uma epidemia de

Diabetes Mellitus (DM) está em curso. O número de indivíduos diabéticos está crescendo

devido ao crescimento e ao envelhecimento populacional, à maior urbanização, à crescente

prevalência de obesidade e sedentarismo, bem como à maior sobrevida do paciente com DM.

Esse processo provocou modificações agressivas nos hábitos dietéticos e no

estilo de vida das pessoas, acarretando enorme redução nos níveis de atividade física. O DM é

um dos mais importantes problemas de saúde mundial, tanto em número de pessoas afetadas

como de incapacitação e de mortalidade prematura, bem como dos custos envolvidos no seu

tratamento (SILVA; LIMA, 2002).

Há muito tempo à prática de atividade física é recomendada no tratamento de

indivíduos portadores de DM. O exercício físico pode gerar importantes mudanças nos

aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais dos indivíduos. Em nível fisiológico o

treinamento físico regular proporciona adaptações crônicas no sistema metabólico (ACSM,

1996).

Para Jessen (2005) apesar da melhora no controle glicêmico não ser um achado

universal para pacientes com Diabetes tipo 2 (DM2) treinados, a redução da resistência à

insulina induzida pelo treinamento físico dinâmico pode promover outros efeitos benéficos,

incluindo melhora cardiovascular e no perfil lipídico, os quais potencialmente poderiam

reduzir a morbidade e a mortalidade nessa população.

Estudos apóiam a evidência de que o exercício físico reduz os níveis de

glicemia em diabéticos (SILVA; LIMA, 2002). Frente a esses dados, o presente estudo tem

como objetivo observar as respostas do efeito aguda e crônica ao treinamento aeróbio /

anaeróbio regular sob o controle glicêmico em indivíduos com DM 2.

A justificativa do trabalho é assegurar-se pelo fato da falta de informações,

esclarecimentos e cuidados com relação ao exercício e DM tipo 2, no tratamento da glicemia,

associado aos cuidados para evitar a hipoglicemia pré e pós treino. SILVA et al 2001,

afirmam a importância do exercício físico diário, reduzindo a glicemia crônica do paciente.

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1 REVISÃO DE LITERATURA

1.1. O DIABETES MELLITUS

O diabetes foi descoberto pela primeira vez há mais de dois mil anos. Portanto,

é considerada uma doença milenar, que acompanha a humanidade até os dias de hoje. A

palavra diabetes, em grego, quer dizer sifão (um tubo que aspira água) e foi um médico grego,

chamado Aretaeus (aproximadamente 150 a C.) que lhe deu esse nome.

O DM é uma disfunção crônica do metabolismo, de natureza genética, que

causa a deficiência total ou parcial de insulina, que é um hormônio hipoglicemiante

produzido por algumas células encontradas especificamente no pâncreas. Atualmente, cerca

de 12 milhões de brasileiros são diabéticos. No entanto, estima-se cerca de 7,8 milhões de

indivíduos tem o diagnóstico confirmado (SBD, 2003).

Conforme McArdle, Katch e Katch (2003), o DM2 consiste em subgrupos de

distúrbios que acometem milhares de pessoas no mundo todo, representando fator de risco

independente para doença cardiovascular. A doença está relacionada a uma incapacidade do

corpo de responder adequadamente à insulina, associada a uma resistência significativa às

ações da insulina, especialmente no músculo esquelético, a uma secreção anormal de insulina,

porém relativamente bem preservada e níveis plasmáticos de insulina normais a altos. Um

distúrbio nas capacidades glicolíticas e oxidativas do músculo esquelético também se

relaciona com a resistência à insulina no DM2.

Krall, Levine e Barnett (1994), citam em 1909, a substância hipotética

produzida pelas ilhotas de Langerhans é consagrada por Meyer com o nome de insulina. Só

em 1921, entretanto, esse hormônio é descoberto. Apesar da descoberta da insulina,

infelizmente, diversos portadores de diabetes tipo 1 (DM1) faleceram, em razão da

insuficiente quantidade de medicamento disponível. Em 1950, contudo, a insulina começa a

ser amplamente utilizada e os efeitos de sua administração passam a ser relacionados com:

- um aumento da expectativa de vida para o paciente DM1;

- o surgimento de maiores interesses acerca da ação da insulina e sua

repercussão no metabolismo intermediário;

- diminuição das complicações crônicas desenvolvidas pelos diabéticos.

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Nas primeiras décadas do século passado também já se conhecia o efeito

depressor do exercício sobre os níveis de glicose sangüínea.

A história natural da doença pressupõe o encadeamento de três fatores

fundamentais, os quais são o agente, o suscetível e o ambiente. Em princípio dirigido às

doenças infecciosas, são fatores determinantes na gênese da doença, de natureza física,

biológica, social e propiciatório para ocorrência da doença e influentes no nível da qualidade

vida, sendo este conceito adaptado e aplicado também aos agravos não infecciosos, e

incluindo a exposição, a suscetibilidade e as características do meio, determinadas por esses

diversos fatores. Os fatores determinantes incluem as causas necessárias e suficientes para que

a doença ocorra, podendo ser considerados sob dois grandes grupos, o dos endógenos, os

quais se referem ao organismo e dos exógenos, que se referem ao ambiente (FORATTINI,

2004).

O autor acima citado acredita que, a atuação gênica da doença não se limita a

afecções que estão assim diretamente envolvidas e que se manifestam desde a época do

nascimento, pois ela se acresce também a determinantes ambientais e sociais. São as

denominadas como predisposições, que se referem tanto às doenças não-infecciosas como

também a suscetibilidade às infecciosas. O DM, por exemplo, é reconhecida como

determinante familiar, com quadros gênicos envolvendo a forma insulino-dependente e a não

insulino-dependente.

De acordo com Rogatto, Luciano e Oliveira (2002) a elevada taxa de glicose no

DM não tratado, pode levar a desidratação das células teciduais, resultando em aumento

relativo da taxa de leucócitos. A grande perda de líquido na urina aumenta relativamente o

número de células sanguíneas, podendo induzir uma leucocitose fisiológica. Conforme os

autores, diversos estudos demonstram que o exercício físico regular melhora as condições do

diabetes, facilitando a captação periférica da glicose, o metabolismo de glicogênio e proteínas,

etc.

O DM é a constelação de anormalidades causada pela deficiência de insulina,

atribuída à alteração pancreática em que há uma menor secreção de insulina ou a menor ação

hormonal ao nível periférico. Médicos gregos e romanos usavam o termo “diabetes” para se

referirem às situações nas quais o achado principal era um grande volume urinário, e dois

tipos eram distinguidos: “diabetes melittus”, no qual a urina tinha um gosto doce; e “diabetes

insípido”, no qual a urina não tinha gosto. Hoje o termo diabetes insípido é reservado para

situações nas quais há deficiência da produção ou da ação da vasoressina, e a palavra diabetes

não-modificada é geralmente usada como sinônimo de diabetes melittus (HOUSSAY, 1980).

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De acordo com McArdle, Katch e Katch (2003), o aumento na concentração de

glicose sangüínea após uma refeição induz a liberação de insulina pelas células β do nas ilhas

de Langerhans. Esta migra no sangue para células-alvo em todo o corpo, se fixando nas

moléculas receptoras presentes nas superfícies das células. Esta interação insulina-receptor

aprimora a captação de glicose e seu catabolismo ou armazenamento na forma de glicogênio

e/ou de gordura.

Segundo os autores, um desequilíbrio em qualquer ponto deste processo para a

captação de glicose sinaliza a presença de diabetes, onde as possíveis causas incluem

destruição das células β, síntese anormal de insulina, liberação de insulina deprimida,

inativação da insulina ou um menor número de receptores nas células periféricas,

processamento defeituoso da mensagem da insulina dentro das células-alvo e metabolismo

anormal da glicose.

Estudos epidemiológicos sustentam a hipótese de uma relação direta e

independente entre os níveis sangüíneos de glicose e a doença cardiovascular (DCV). Nesse

sentido, a ausência de um limiar glicêmico em indivíduos diabéticos e a persistência dessa

relação em não-diabéticos sugerem que a glicemia é uma variável contínua de risco, da

mesma forma que os outros fatores de risco cardiovascular (LEBOVITZ, 2004).

1.1.1. Epidemiologia do diabetes mellitus

Conforme Silva e Lima (2002), a rapidez e a extensão da urbanização são

características do século XX.

Em 1985 estimava-se que existiam 30 milhões de adultos com DM no mundo;

esse número cresceu para 135 milhões em 1995, atingindo 173 milhões em 2002, com

projeção de chegar a 300 milhões no ano 2030. Cerca dois terços desses indivíduos com DM

vivem nos países em desenvolvimento, onde a epidemia tem maior intensidade, com crescente

proporção de pessoas afetadas em grupos etários mais jovens (SBD, 2006).

No Brasil, no final dos anos 1980, a prevalência de DM na população adulta foi

estimada em 7,6%; dados mais recentes apontam para taxas mais elevadas, como 12,1% no

estudo em Ribeirão Preto, SP (TORQUATO et al., 2003) o que também foi comprovado em

estudos mais atuais (dados ainda não publicados), por pesquisadores da UNIFESP e da USP

de Ribeirão Preto, que admitem que os valores atuais de diabéticos no Brasil, já ultrapassaram

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a casa dos12% e ainda que 12,3% de índios xavantes do estado do Mato Grosso, também

desenvolveram a doença.

A SBD (2006) destacou a mudança no estilo de vida, em curto período de

tempo, em grupos de migrantes. No Brasil, estudo realizado na comunidade nipo-brasileira

mostrou aumento vertiginoso na prevalência do DM, cuja taxa passou de 18,3% em 1993 para

34,9% em 2000, evidenciando o impacto de alterações no estilo de vida, em particular do

padrão alimentar, interagindo com uma provável suscetibilidade genética.

A incidência do DM2 é difícil de ser determinada em grandes populações, pois

envolve seguimento durante alguns anos com medições periódicas de glicemia. Os estudos de

incidência são geralmente restritos ao DM1, pois suas manifestações iniciais tendem a ser

bem características. A incidência do DM1 demonstra acentuada variação geográfica,

apresentando na década de 90 significativas variações nas taxas por 100 mil indivíduos com

menos de 15 anos de idade, sendo: 38,4% na Finlândia, de 7,6% no Brasil e de 0,5% na

Coréia, por exemplo. Em estudos mais recentes é possível perceber que a incidência do DM1

vem aumentando, particularmente na população infantil com menos de 5 anos de idade

(FRANCO, 2004).

1.1.2. Insulina

A insulina foi isolada pela primeira vez do pâncreas por Banting e Best, em

1922, e a partir disso, o prognóstico do paciente gravemente diabético modificou-se passando

de uma nova evolução de rápido declínio e morte para um curso quase normal. A deficiência

de insulina acarreta um grande número de distúrbios, que afetam, obviamente, a utilização e a

disponibilidade de glicose pelos tecidos dependentes de insulina (HOUSSAY, 1980).

Segundo Ropelle, Pauli e Cavalheira (2005), Maia et al. (2004) e Cofee (1999),

a insulina é o hormônio anabólico mais conhecido e é essencial para a manutenção da

homeostase de glicose e de crescimento e diferenciação celular. Esse hormônio e secretado

pelas células β das ilhotas pancreáticas em resposta dos níveis circulantes de glicose e

aminoácidos após as refeições. A insulina promove a homeostase de glicose em vários níveis,

reduzindo a produção hepática de glicose (via diminuição da gliconeogênese e

gliconeogenólise) e aumentando a captação periférica de glicose, principalmente nos tecidos

musculares e adiposos. Promove ainda crescimento e diferenciação célular A insulina também

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estimula a lipogênese no fígado e nos adipócitos, e a redução da lipólise. A ação da insulina

desencadeia também a atividade enzimática intracelular que facilita a síntese protéica. Isso

ocorre através de uma ou de todas as seguintes ações: (1) aumento do transporte de

aminoácidos através da membrana plasmática, (2) aumento dos níveis celulares de RNA e (3)

aumento da captação e agregação dos aminoácidos citoplasmáticos na formação de proteínas

pelos ribossomos.

Os autores citam que, as células possuem diferentes proteínas para o transporte

de glicose, que variam em sua resposta às concentrações de insulina e de glicose. As fibras

musculares contêm GLUT -1 e GLUT-4, onde a maior parte da glicose penetra pelo carreador

GLUT-1 durante o repouso. Quando as concentrações sangüíneas de glicose ou de insulina

estão altas, como após uma refeição ou durante o exercício, as células musculares recebem

glicose pelo transportador GLUT-4, o qual depende da insulina. Sua ação é mediada por um

segundo mensageiro, estimulado pela contração muscular, que permite a migração da proteína

GLUT-4 intracelular para a superfície para a captação da glicose.

McArdle, Katch e Katch (2003), reforçam ainda que a insulina exerce também

um efeito pronunciado sobre a síntese das gorduras. Uma elevação dos níveis sangüíneos de

glicose (como ocorre normalmente após uma refeição) estimula a liberação de insulina, o que

acarreta alguma captação da glicose pelas células adiposas e sua subseqüente transformação

(síntese) para triglicerídeo.

1.1.3. Classificação e diagnóstico do diabetes mellitus

Existem dois tipos de diabetes: um causado pela ausência de produção de

insulina pelo pâncreas, que costuma ser designado como tipo 1, e outro causado pela

resistência dos tecidos periféricos (músculos esqueléticos) à captação da glicose estipulada

pela insulina, conhecida como tipo 2.

Segundo a American Diabetes Association (ADA-1998), a classificação divide

o diabetes em quatro grupos diagnósticos principais, com base na etiologia:

- Diabetes Mellitus tipo 1: destruição das células leva a deficiência absoluta

de insulina. O dano pode ser auto-imune ou idiopático;

- Diabetes Mellitus tipo 2: a forma mais comum da doença é caracterizada

por uma deficiência relativa, com deficiência relativa de insulina. Os pacientes

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podem variar desde predominantemente resistentes à insulina, até um defeito

predominantemente secretório, com apenas leve ou moderada resistência à

insulina;

- Diabetes associados a defeitos genéticos da função da célula ou ação

insulínica (ou doença do pâncreas endócrino); diabetes induzida por várias

drogas endocrinopáticas ou químicas; diabetes causadas por infecções (formas

incomuns de diabetes auto-imune) e outras síndromes genéticas associadas às

vezes com diabetes;

- Diabetes mellitus gestacional (DMG) refere-se ao diabetes que aparece pela

primeira vez durante a gravidez, geralmente durante o segundo ou terceiro

trimestre. Na maioria dos casos, a tolerância à glicose retorna ao normal após o

parto; mas mulheres com histórico de DMG estão em risco futuro de

desenvolvimento de DM2. O DMG não tratado está associado freqüentemente

a macrossomia fetal, parto complicado e aumento da morbidade neonatal.

Ainda para a ADA (1998), os seguintes critérios abaixo, são utilizados para

diagnosticar o DM:

a - O método diagnóstico recomendado é a dosagem da glicemia em jejum; até

este momento a determinação da hemoglobina glicada (A1C) não é

recomendada para diagnóstico;

b - Uma glicemia de jejum de 126 mg/dl ou mais (confirmada por nova coleta)

confirma o diagnóstico de diabetes mellitus; define-se jejum como abstenção

de ingesta calórica por pelo menos 8 horas;

c - Os outros critérios de diagnóstico laboratorial de diabetes mellitus são: uma

glicemia duas horas após sobrecarga superior a 200 mg/dl, ou valor superior a

200 mg/dL em amostra colhida a qualquer hora do dia e em quaisquer

condições, desde que acompanhada de sintomas característicos; amostra

colhida a qualquer hora do dia implica em não haver nenhuma relação com

jejum; sintomas considerados característicos são poliúria, polidipsia e perda de

peso sem causa aparente;

d - Os novos critérios são para o diagnóstico e não para o tratamento.

Do ponto de vista metodológico algumas considerações devem ser feitas

quanto aos métodos empregados para a aplicação dos critérios descritos acima, bem como

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para o emprego dos métodos utilizados para o seguimento dos pacientes em tratamento

(SACKS, 2003).

O autor cita que atualmente a metodologia empregada da glicemia em jejum,

quase que universalmente é a enzimática (glicose oxidase/hexoquinase) ficando, pois as

discussões sobre diferenças metodológicas totalmente superadas. A dosagem pode ser feita no

plasma (sangue colhido em fluoreto) ou no soro; a preferência por plasma fluoretado advém

do fato de que no soro a glicose pode decair com o tempo. Quando houver disponibilidade

apenas de soro, o material deverá ser rapidamente armazenado a -20ºC, sendo descongelado

no momento da dosagem. O limite máximo de normalidade, como descrito acima, é de 99

mg/dL, para amostras colhidas em jejum. Evidentemente, tal consideração só é valida se a

dosagem for feita em condições técnicas apropriadas, estando o paciente em jejum de oito

horas.

Até 2003 a Sociedade Brasileira de Diabtes (SBD), que seguia as clasificações

da ADA, considerava que valores de glicemia acima de 126 mg/dL em jejum são suspeitos de

diabetes. Valores da glicemia acima de 200 mg/dL em qualquer ocasião fazem o diagnóstico

desta característica. As pessoas com diabetes que fazem monitorização da glicose

rotineiramente podem detectar aumentos da glicemia, sem, entretanto, apresentar quaisquer

sintomas de hiperglicemia.

Contudo, em novembro de 2003 a ADA sugere que o valor de normalidade

para a glicemia em jejum seja reduzido para no máximo 99 mg/dl (DIABETES CARE 26:

3160-3176, 2003). Isso, modificaria a classificação anterior, proposta em 1997 pela mesma

associação.

O DM é uma doença de etiologia múltipla caracterizada por hiperglicemia,

glicosúria e um amplo espectro de manifestações clínicas e patológicas. Os dados referentes

ao estudo do DCC (Diabetes Control and Complications Trial), publicados em 1993, vieram a

reforçar a importância de uma série de aspectos relativos ao diagnóstico, tratamento e

seguimento de pacientes com diabetes do tipo 1, sendo validados também para pacientes com

DM2 nas publicações posteriores do estudo do UKPDS (United Kingdom Prospective

Diabetes Study Group) (LANCET, 1998). Em função destes novos dados, procurou-se uma

melhoria nas recomendações quanto ao diagnóstico e à classificação do DM. Os novos

conceitos foram apresentados pela primeira vez no Congresso da Associação Americana de

Diabetes (ADA), realizado em Boston, em junho de 1997, e publicados em seguida. As novas

recomendações, que são reavaliadas a cada ano, têm o aval também do National Institute of

Health (NIH) e do Center for Disease Control (CDC), entidades norte-americanas, assim

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como da Sociedade Brasileira de Diabetes. Recentemente. Em 2003 foi sugerido novo valor

para o limite máximo de normalidade para a glicemia de jejum (ADA 2003).

Em resumo o que essas novas recomendações sugerem são critérios baseados

na patogênese, não na condição de dependência ou não de insulina, e são as seguintes:

Classificação:

a – Eliminam-se os termos “diabetes insulino-dependente” (DMID) e “não-

insulino-dependente” (DMNID);

b – Mantém-se as designações “tipo 1” e “tipo 2”, com números arábicos;

c – O DM1 é caracterizado por destruição das células beta, levando usualmente

a uma deficiência absoluta de insulina;

d – O DM2 é característico de indivíduos com resistência à insulina e que

usualmente têm uma deficiência relativa de insulina;

e - O valor máximo da normalidade da glicemia de jejum passa a ser de 99

mg/dl. Valores entre 100 e 125 mg/dl definem glicemia de jejum inapropriada

(pré-diabetes) e, nesses casos, deve-se realizar o teste oral de tolerância à

glicose. O estágio designado de "tolerância à glicose diminuída" (também

caracterizando um estado de pré-diabetes), definido como uma glicemia entre

140 e 200 mg/dl duas horas após sobrecarga, é mantido;

f - o termo diabetes mellitus gestacional é mantido.

1.1.4. Diabetes Mellitus tipo 2

O DM2 é uma forma presente em 90%-95% dos casos e caracteriza-se por

defeitos na ação e na secreção da insulina. Em geral, ambos os defeitos estão presentes

quando a hiperglicemia se manifesta, porém pode haver predomínio de um deles (DE

ANGELIS, 2006).

A doença não está associada à destruição das células e deficiência absoluta de

insulina, como no DM1, mas sim a defeitos na regulação da secreção e ação da insulina

(SAVALL; CREPALDI; FIAMONCINI, 2005).

Fatores genéticos indeterminados contribuem para a resistência à insulina e o

comprometimento da função das células. A mais importante e freqüente causa da resistência à

insulina é a obesidade (particularmente a deposição de gordura intra-abdominal), inatividade

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física e idade avançada. Pouco se conhece, entretanto, a respeito de seus mecanismos

específicos. A hiperfagia, por si só, é responsáveis por alguns níveis de resistência à insulina,

como se pode comprovar pelo declínio nos níveis de glicose plasmática ocorrido nos

pacientes tipo 2 que se submetem a uma dieta de restrição calórica (OLIVEIRA, 1995).

O mecanismo exato pelo qual a obesidade central causa a resistência à insulina

ainda permanece desconhecido. Porém, uma sugestão hipotética diz que a liberação de ácidos

graxos na circulação porta promove a gliconeogênese e interfere na ação insulínica no fígado.

Outra possível explicação para a resistência insulínica da obesidade é uma redução nas

ligações de insulina ao receptor (CARVALHEIRA; ZECCHIN; SAAD, 2002).

1.1.5. Resistência à insulina

A resistência à insulina ocorre com freqüência na população em geral a partir

de uma combinação de fatores genéticos e/ou ambientais como dieta, sedentarismo,

obesidade, entre outros. Manifesta-se nos principais sítios relacionados ao metabolismo

energético, podendo desta forma atingir na periferia do músculo esquelético e do tecido

adiposo, bem como o fígado, sendo denominada resistência insulínica hepática. Caracteriza-se

por uma diminuição da sensibilidade destes tecidos em captar glicose em resposta ao estímulo

hormonal, havendo um transporte e metabolização de glicose inadequados, além de uma

prejudicada supressão da liberação de glicose hepática (CARVALHEIRA, 2002).

Para Ciolac e Guimarães (2004), a relação entre resistência à insulina e

inatividade física foi feita pela primeira vez em 1945, e desde então se começou a estudar a

relação direta entre atividade física e sensibilidade à insulina.

McArdle (1992) afirma que, as anormalidades da insulina e, em menor grau, da

secreção e ação do glucagon são de fundamental importância na patogenia do DM2, que se

caracteriza pela presença simultânea de deficiência e resistência à insulina, e produção

acelerada de glicose hepática, favorecendo, todos esses fatores, o desenvolvimento da

hiperglicemia. A principal conseqüência metabólica dessa deficiência é que, sem insulina, a

síntese de glicogênio no fígado é diminuída, e ocorre um aumento na síntese de glicose, por

meio da via gliconeogênica, e simultaneamente, há um decréscimo da captação da glicose

pelo músculo e pelas células adiposas e um aumento do catabolismo do glicogênio nas células

musculares.

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Para Simão (2004), ocorre também aumento da proteólise, com a liberação de

aminoácidos (AA) das células musculares, e maior lipólise, com liberação de ácidos graxos e

glicerol dos adipócitos.

Alguns aminoácidos e o glicerol liberados pelas células servem como substrato

para a gliconeogênese no fígado. Distúrbios excessivos, como a hiperglicemia e a

hiperlipedimia, podem ser causados podem pela grave deficiência de insulina, associada ao

excesso de glucagon. Quando não há insulina, há um aumento na quantidade maciça de

corpos cetônicos, que provem de uma taxa de produção hepática altamente acelerada, tal que

a capacidade de tecidos não hepáticos em metabolizá-los é excedida, acarretando assim a

cetoacidose diabética, ativando a oxidação de ácidos graxos e produção de cetonas fisiológica,

na qual a secreção de insulina a partir das células pancreáticas limita a disponibilidade de

ácidos graxos livres para o fígado, esse mecanismo de restrição está ausente nos indivíduos

diabético, o que leva a produção de cetonas hepáticas a quantidades máximas (CARTEE,

1994).

Tudo isso segunda Freitas et al. (2002), são conseqüências das anormalidades

da insulina e, em menor grau, da secreção e ação do glucagon são de fundamental importância

na patogenia do DM2 .

1.2. EFEITO DO EXERCÍCIO FÍSICO

O músculo esquelético representa aproximadamente 40 % de massa corporal

total e exerce papel primordial no metabolismo da glicose. Este tecido é responsável por 30%

do dispêndio de energia, e é um dos principais tecidos responsáveis pela captação, liberação e

estocagem da glicose (ROPELLE; PAULI; CAVALHEIRA, 2005).

McArdle (2003), afirma que no estado em repouso, a principal fonte de energia

para a musculatura esquelética resulta da oxidação dos ácidos graxos livres (AGL). No início

do exercício os carboidratos assumem maior importância e tornam-se fontes de produção

energética. Dos primeiros segundos até alguns minutos de exercício, quando o aumento do

transporte de oxigênio na circulação está apenas começando, a utilização anaeróbica do

glicogênio muscular com formação de lactato representa fonte imediata de compostos

altamente energéticos, necessários para o processo de contração muscular.

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As atividades contráteis induzem aumentos significativos na captação de

glicose pelo músculo em exercício, a homeostase da glicose sangüínea é mantida minuto a

minuto, em decorrência da concomitante elevação da produção hepática de glicose, via

glicogenólise e gliconeogênese. A contribuição relativa de cada uma das vias de produção

hepática de glicose é dependente da duração e da intensidade do exercício (VIVOLO et al.,

1996).

O autor afirma que, na fase inicial do exercício, a glicogenólise hepática é

primariamente responsável pelo aumento da produção de glicose. À medida que o exercício

continua a via gliconeogênica torna-se progressivamente mais importante.

Os transportadores de glicose GLUT-1 e 4 no tecido muscular, correlacionam

com sua capacidade oxidativa, indicando que a expressão dessa proteína relaciona-se com o

padrão de atividade dos vários tipos de fibras musculares conhecidos. O aumento do

transporte de glicose durante a estimulação muscular máxima com insulina e contração

muscular, pode estar relacionado com o conteúdo de GLUT-4, existindo uma boa correlação

entre conteúdo muscular de GLUT-4 e o consumo de glicose (RICHTER, 1996).

A contração muscular aumenta o transporte de glicose independentemente da

presença da insulina, e seu efeito relaciona-se com a presença de GLUT-4. A melhor

correlação entre transporte de glicose e presença de GLUT-4 é obtida quando se associa a

estimulação por insulina à contração muscular (VOET et al., 2002).

Estudos demonstraram que a velocidade de transporte de glicose no músculo é

alta, tanto em fibras de contração rápida (brancas), como em fibras vermelhas. Estes dois tipos

de fibras musculares possuem praticamente o mesmo conteúdo de GLUT-4 (PEREIRA,

2004).

O exercício físico promove aumento na utilização de glicose e ácidos graxos

livres intramusculares e extramusculares para o fornecimento de energia. O nível de aumento

atingido, bem como a proporção de utilização de cada substrato, está diretamente relacionado

com a intensidade e duração do exercício, sendo influenciado também pelo estado de saúde,

nutricional e de treinamento do indivíduo (ZINMAN, 2003).

Para Ciolac e Guimarães (2004), uma única sessão de exercício físico aumenta

a disposição de glicose mediada pela insulina em sujeitos normais, em indivíduos com

resistência à insulina, parentes de primeiro grau de diabéticos do tipo 2, em obesos com

resistência à insulina, bem como em diabéticos do tipo 2. Já o exercício físico praticado

cronicamente melhora a sensibilidade à insulina em indivíduos saudáveis, em obesos não-

diabéticos e em diabéticos dos tipos 1 e 2.

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De acordo os autores, o efeito do exercício físico sobre a sensibilidade à

insulina demonstra-se de 12 a 48 horas após a sessão de exercício, entretanto, volta aos níveis

pré-exercício cerca de três a cinco dias após a última sessão, enfatizando assim a necessidade

da prática de atividade física com freqüência e regularidade. O fato de que uma sessão de

exercício físico já melhora a sensibilidade à insulina e que o efeito causado pelo exercício

regride em poucos dias sem prática da atividade física, leva a acreditar que esse efeito do

exercício físico sobre a sensibilidade à insulina seja apenas agudo. Porém, é demonstrado em

estudo que indivíduos com resistência à insulina, melhoram sua sensibilidade a esta em 22%

após a primeira sessão de exercício e em 42% após seis semanas de treinamento,

demonstrando desta forma, que o exercício físico apresenta um efeito agudo e um efeito

crônico sobre a sensibilidade à insulina. Assim, o efeito positivo do exercício físico sobre a

sensibilidade à insulina existe tanto com exercício aeróbico como em exercício resistido,

sugerindo que uma combinação dos dois tipos de exercício pode ser benéfica.

Em indivíduos não diabéticos observa-se durante o exercício prolongado um

aumento na captação muscular de glicose, apesar da redução na liberação e concentração

sanguínea e a insulina circulante. Estudos mostram que o exercício e a insulina têm ação

sinérgica no aumento da captação de glicose e, além disso, o exercício aumenta a

sensibilidade periférica à insulina (PEREIRA, 2005).

1.2.1.O transporte e a oxidação da glicose e o exercício físico

O carboidrato estocado no corpo, os presentes no fígado e no sangue podem ser

usados diretamente como glicose. O glicogênio muscular pode ser utilizado diretamente pelo

músculo esquelético em exercício. Sua utilização, contudo, não se dá na forma de glicose,

porque o músculo esquelético ao contrário do fígado, não possui a enzima glicose-6-fosfatase

responsável pela hidrólise da glicose e fosfato (PEREIRA, 2004).

O autor cita que os músculos durante a realização de exercício podem liberar

grande quantidade de lactato, que são consumidos pelos músculos exercitados ou convertidos

em glicose no fígado. Essa glicose pode ser captada pelos músculos em exercício. Portanto, a

glicose e o glicogênio são as principais fontes de carboidratos para o músculo durante o

exercício. Conhecimentos relativos à utilização muscular de glicose já existem a mais de 100

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anos. Atualmente sabemos que a oxidação de glicose responde por 75-89% da oxidação total

de carboidratos durante o exercício leve prolongado ate a exaustão.

Durante o exercício prolongado, quando o glicogênio torna-se depletado, o

consumo de glicose responde por 100% do metabolismo de carboidratos. Porém, durante o

exercício intenso de curta duração, a utilização muscular de glicose não tem importância,

sendo o glicogênio muscular a principal fonte energética utilizada (HARGREAVES, 2000).

De acordo com Guyton (1989), os efeitos da insulina no metabolismo dos

carboidratos são imediatos, pois logo após a ingestão dos carboidratos a insulina é secretada e

promove a utilização e armazenamento da glicose por todos os tecidos, incluindo o fígado que

a armazena na forma de glicogênio hepático, sendo utilizado (degradado em glicose)

posteriormente quando os índices de glicose estão escassos.

O movimento da molécula de glicose do capilar para o interior muscular é

dependente do gradiente de concentração de glicose, que é mantido pelo transporte sanguíneo

de glicose para o músculo e pela velocidade de fosforilação da glicose à Glicose 6-Fosfato

(G6P) no interior da fibra muscular (DOHM, 1998 apud PEREIRA, 2004).

Em 1887, Chauveau e Kaufman reportaram redução da quantidade de glicose

proveniente da musculatura do masseter de cavalos enquanto eles mastigavam (CHAUVEAU;

KAUFMAN 1887 apud ROPELLE; PAULI; CAVALHEIRA, 2005). Quatro décadas mais

depois, foi demonstrado que a insulina tem o mesmo efeito do exercício na indução de

captação de glicose pelos músculos (BURN; DALE, 1924 apud ROPELLE; PAULI;

CAVALHEIRA, 2005).

A velocidade do transporte de glicose muscular nos diferentes tipos de fibras

musculares é diferente, sendo menor nas de contração rápida do que nas lentas, e as fibras de

contração rápida não são capazes de sustentar altos valores de transporte de glicose, como

ocorre nas fibras de contração lenta (PEREIRA, 2004).

A concentração de glicose livre na face interna do sarcolema determina o

componente intramuscular do gradiente de glicose (DOHM, 1998 apud PEREIRA, 2004).

Como conseqüência, a capacidade de mobilizar a glicose transportada é fundamental na

determinação do fluxo tecidual de glicose. Portanto, a fosforilação da glicose pela

hexoquinase, o primeiro passo no metabolismo da glicose no músculo, torna-se importante,

pois mantém baixa a concentração intramuscular de glicose livre. No exercício intenso ou

durante sua realização, ocorre o acúmulo de glicose livre no meio intramuscular em razão da

rápida ativação da glicogenólise e também da migração de glicose sanguínea (RICHTER et

al., 1998).

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O exercício é o fenômeno do maior transporte de glicose para o meio

intracelular. No interior do músculo a primeira reação da via catabólica da glicose é a

fosforilação desta na posição 6 formando o composto glicose 6-fosfato, que resulta em grande

concentração de G6P,muitas vezes acima da capacidade da via glicolítica. A enzima

responsável pela fosforilação é a hexoquinase, que esta presente na maioria das células

animais, vegetais e microbianas. A hexoquinase também pode fosforilar outras hexoses, tais

como, frutose e manose, embora isso seja incomum no Homem.

Esse processo de fosforilação tanto pode ocorrer com a entrada da glicose

sanguínea, como também pela quebra do glicogênio muscular estocado no citoplasma. A

hexoquinase é uma enzima reguladora, pois esta é inibida pelo seu próprio produto [G6P],

assim portanto, toda vez que a concentração deste no interior celular sobe acima de seu nível

normal, ela passa a inibir temporária e reversivelmente a hexoquinase. Isso acontecerá

principalmente em sob o exercício intenso, quando o indivíduo não apresentar grande

atividade da enzima muscular fosfoglicose-isomease (ocorrência típica em sedentários e

diabéticos, a qual melhora sua atividade com o condicionamento físico), e assim diminuirá a

capacidade de oxidação muscular de glicose. Com o prosseguimento do exercício em

intensidade moderada, e também com o ganho de condicionamento físico, esse efeito deixa de

ser significativo (VOET et al., 2002).

Já no fígado ocorre uma forma não encontrada em outros tecidos: a

glicoquinase (também chamada de hexoquinase D). A glicoquinase é uma isoenzima da

hexoquinase porém se difere desta de três maneira:

1 - é específica para a glicose, não atuando em outras hexoses;

2 - não é inibida pela glicose 6-fosfato;

3 - seu Km comparado aos das isoenzimas de hexoquinases é bem maior.

A glicoquinase hepática entra em atividade quando as concentrações de glicose

no sangue estiveram altas, como, por exemplo, após uma refeição. Ela atua sobre a glicose

transformando-a em G6P, a qual será armazenada no fígado na forma de glicogênio. No DM

há uma deficiência na produção de glicoquinase em virtude da falta de insulina o que impede

que o fígado consiga controlar sua liberação de glicose para a corrente sanguínea facilitando

assim ahiperglicemia. Acredita-se que essa dificicencia também possa a se desenvolver com

anos de sedentarismo.

Já, durante o exercício, o fígado promoverá a quebra acentuada do glicogênio

armazenado também resultará em grande concentração de G6P. Isso provocará a ação enzima

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hepática glicose 6-fosfatase o que acarretará em conseqüente liberação da glicose para a

corrente sanguínea ou mesmo em seu catabolismo hepático. Contudo, caso a ação de dessa

enzima hepática esteja diminuída (o que também ocorre com o avanço do sedentarismo), o

acúmulo de G6P poderá prover a inibição da hexoquinase D e a longo prazo até mesmo a

esteatose hepática.

Figura 1.1 - Regulação do metabolismo de glicose no fígado. Fonte: ROPELLE, 2005.

Estudos verificaram que o transporte de glicose funciona como comporta, e

após a ligação desta à proteína transportadora, seu transporte ocorre mediante mudança

conformacional entre o estado aberto e fechado das comportas externas e internas. Esse

modelo é baseado em estudos realizados com o transportador GLUT-1, que é ubíquo e

responsável pelo transporte basal de glicose em muitas células, incluindo o músculo

esquelético. Pesquisas estimaram que a proteína GLUT-1 encontra-se principalmente nos

tecidos nervosos e em pequena parte no sarcolema (VOET et al., 2002).

O autor afirma que, proteína GLUT-1 muscular não é translocada à plasmática

em resposta à insulina ou à contração muscular, que contrasta com o tecido adiposo em que a

insulina aumenta a quantidade de GLUT-1 na membrana plasmática em 2-5 vezes, as

proteínas GLUT-2 e GLUT-3 são expressas principalmente no fígado (Figura 1.1).

A proteína GLUT-4 é expressa quase exclusivamente nos músculos cardíaco e

esquelético e tecidos, adiposos, branco e marrom, denominado transporte de glicose

dependente de insulina (VOET et al., 2002).

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Figura 1.2 – Transporte de glicose (GLUT4) no exercício. Fonte: Adaptado de VOET et al., 2002, p.89.

Para Ropelle, Pauli e Cavalheira (2005), para quantidade de GLUT-4 presente

no tecido muscular, foi determinado que somente 10% encontram-se na membrana do

sarcolema no estado basal. Esta proteína é o maior transportador de glicose expresso no

músculo esquelético, e sua translocação do meio intracelular até a membrana plasmática,

constitui no principal mecanismo através do qual ambos insulina e exercício efetuam o

transporte de glicose no músculo esquelético (Figura 1.2).

O GLUT-5 é expresso principalmente no intestino delgado. Sua principal

função é transportar frutose. O GLUT-7 é expresso no fígado. Quando a glicose é formada

pela gliconeogênese ou glicogenólise, o passo final é a remoção do fosfato da G6P. A Glicose

6-Fosfatase é responsável por isso, e a glicose liberada fica confinada no reticulo

endoplasmático. Para ser liberada do fígado, a glicose deve ser transportada para fora desse

compartimento celular, o que é executado pelo GLUT-7 (VOET et al., 2002).

1.2.2.O exercício físico como fator terapêutico

Intervenções que reduzem a resistência à insulina, como redução de peso e

aumento da atividade física, são o primeiro passo para prevenção e tratamento do DM 2.

Estudos mostram, que o exercício físico regular diminui o risco de desenvolvimento do DM 2

(FRONTEIRA; DAESON; SLOVIK, 2001).

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O papel do exercício no manuseio do DM 2 é bastante diferente do mesmo DM

1. Aproximadamente 80% das pessoas com DM 2 são obesas e resistente a insulina, sendo

que apenas 35% necessitam de tratamento com insulina. A hipoglicemia induzida pelo

exercício é rara, mesmo em pacientes tratados com insulina, dieta e hipoglicemia orais, para

atingir e manter a redução do peso e melhorar o controle glicêmico. O exercício previne e

protege contra o desenvolvimento do DM 2 em populações de alto risco. O exercício físico é

um componente importante da modificação do estilo de vida em pessoas com

comprometimento da tolerância à glicose, com uma história de DM 2 ou com outros fatores

de risco para o seu desenvolvimento (FRONTEIRA; DAESON; SLOVIK, 2001).

Em 1972, Bjorntorp e colaboradores sugeriram, pela primeira vez, o uso do

exercício físico para tratar da resistência à insulina associada com a obesidade e o DM 2.

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Figura 1.3 - Mecanismo sanguíneo na resistência insulínica. Mecanismo de clearence sanguíneo, promovido pelo condicionamento físico, diminuindo as concentrações de triglicérides plasmáticos e potencializando a sinalização insulínica no músculo. Fonte: Adaptado de NEIVA, BUNC; MELLO, 1999, p. 20-30.

Foi observado que homens de meia-idade, fisicamente ativos, tinham

concentrações de insulina de jejum significativamente menores e respostas menores da

insulina à glicose oral do que homens não-treinados com a mesma idade e peso corporal,

porém com maior eficiência no controle glicêmico.

As anormalidades ocorridas após a ligação da insulina são as grandes

responsáveis pela resistência à insulina apresentada pelos DM 2 que possuem significante

hiperglicemia. Esses defeitos incluem uma marcante diminuição no transporte de glicose e

outros processos envolvidos no metabolismo da glicose, especialmente a estimulação da

síntese de glicogênio (SILVEIRA, 2000).

Existem evidencias de que o exercício aumenta a ligação da insulina a seu

receptor (Figura 1.3), além de provocar elevação no número e na atividade nos

transportadores de glicose (GLUT-4) em miócitos. Com conseqüência, a captação de glicose

pelo músculo é incrementada, independentemente de alterações na concentração de insulina

circulante (TSUI, 1995). A contração muscular ocorre de forma sucessiva durante a atividade

física, assim os mecanismos de captação de glicose, normalmente modulados pela insulina,

passam a ocorrer independentemente desse hormônio. Assim, após a atividade física, a

musculatura exercida passa a realizar maior captação de glicose, na qual permanece elevada

por um período de, aproximadamente, quatro horas após a atividade (BARROS, 1999).

Ativação da insulina bloqueada pelas moléculas de triglicéries

Ativação insulíca normalizada

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A estimulação dos GLUT-4 e conteúdo do glicogênio muscular por meio da

maior captação da glicose foram mostrados em 2003, por DERAVE et all, que suplementaram

os indivíduos com creatina combinada com proteínas.

Um programa de atividade física melhora em 40% a sensibilidade muscular à

insulina, devido, sugeridamente, à perda de peso corporal (induzido por treinamento físico) e,

sobretudo, pelo aumento da atividade enzimática, em particular da hexoquinase e do

glicogênio sintase. Esse efeito é mantido até 48 horas após a última sessão de exercício.

Quando o exercício é interrompido, as melhoras obtidas, tanto na sensibilidade à insulina

como na tolerância à glicose, desaparecem, o que pode no entanto, ser rapidamente

recuperado com o retorno à atividade física (PEREIRA; 2004).

1.2.3. Exercício aeróbio para DM2

O exercício aeróbio aumenta a sensibilidade e a responsabilidade da captação

de glicose estimulada pela insulina em indivíduos não-treinados (SIMÃO, 2004).

Segundo Googyear et al. (1992), uma única sessão de exercício aeróbio

aumentava a captação de glicose, e o efeito durava, pelo menos, dois dias, mas não era

observado após cinco dias. Em adição, indivíduos treinados fisicamente (quando comparados

com não-treinados) tinham um aumento na ação da insulina por 15 horas após a última sessão

de exercício. Cinco dias após a última sessão de treinamento, a responsividade da insulina

permanecia elevada se comparada com a de indivíduos não-treinados, sugerindo que o

treinamento produzisse um aumento adaptativo em longo prazo na responsividade do

organismo à insulina. Esse mecanismo pode estar relacionado ao aumento da densidade

capilar nos músculos esqueléticos, à maior capacidade oxidativa dos mesmos músculos ou a

outras adaptações ao treinamento como um conteúdo aumentado de GLUT-4 dos músculos

esqueléticos.

Para Fronteira, Daeson e Slovik (2001), indivíduos normais e com DM 2, têm

um aumento de 30 a 35% na disponibilidade de glicose estimulada pela insulina após o

treinamento físico, quando estudado pela técnica de clampeamento hiperinsulinêmico-

euglicêmico. Essa sensibilidade aumentada à insulina correlaciona-se com o aumento do VO2

máximo induzido pelo treinamento. Isso se deve à maior captação de glicose nos músculos

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esqueléticos, já que nenhuma alteração foi observada na velocidade de produção de glicose

hepática.

1.2.4. Exercício resistido para DM 2

O treinamento de força (resistido) pode proporcionar melhoras na

disponibilização da glicose sem alterar o VO2 máximo, diferente dos treinamentos

predominantemente aeróbios, em que o aumento do VO2 máximo é bem evidente. Um estudo

realizado por ISHII e colaboradores, 1998, verificou o efeito do treinamento resistido na

sensibilidade à insulina em pacientes não obesos com DM 2. Sabe-se que a procura pelos

exercícios resistidos com pesos vem aumentando enormemente, podendo ter muitas

complicações, as quais variam de acordo com os objetivos, dentre elas: preparação de atletas,

estética, reabilitação e desenvolvimento de aptidão física relacionada à saúde (SANTARÉM,

1997).

Nos exercícios resistidos com pesos, o impacto sobre as articulações é

diminuído, fator de extrema importância para os diabéticos com excesso de massa corporal,

visto que esses devem evitar a prática de exercícios físicos nos quais tenham que suportar o

próprio peso, visando minimizar os riscos de lesões ortopédicos e irritações nos pés (PIERCE,

1999; AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2000).

Para OLIVEIRA et al. (2006), programas de exercícios resistidos têm sido

recomendados não apenas para a melhoria da aptidão funcional de atletas sedentários

saudáveis, mas também como forma de tratamento não medicamentoso de algumas

patologias, uma vez que se têm mostrado eficazes na melhora das funções metabólica,

neuromuscular, cardiovascular e da composição corporal de populações especiais. Assim, é

relevante que métodos individualizados de avaliação funcional em exercícios resistidos sejam

investigados.

SILVA e LIMA , 2002, realizaram um estudo que apóiam a evidência de que o

exercício físico reduz os níveis de glicemia em pacientes com DM 2. Os autores citam que,

houve uma diminuição crônica da glicemia, demonstrando alterações significativas, por um

programa de exercício físico regular. Os indivíduos com DM2 tiveram suas glicemias

diminuídas pelo efeito agudo do exercício físico, mostrado na glicemia capilar, a qual foi

coletada antes e após cada sessão de exercício.

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PRATLEY et al, 2000, durante um estudo com exercícios aeróbios e

anaeróbios, verificaram os efeitos agudos do treinamento na glicemia capilar em DM2. O

grupo era composto por 8 sedentários voluntários de ambos os sexos, com idade entre 47 e 58

(média de 52,86 ± 3,40 anos), 3 tratados com antiabéticos orais e insulina. Foram submetidos

a um programa em três vezes por semana, durante 12 semanas, com treinamento resistido na

academia de ginástica. Foram coletadas amostras de sangue antes e após uma das sessões

semanais, sendo que as concentrações glicêmicas encontradas após as sessões de treino foram

progressivamente menores ao longo das 8 primeiras semanas, estabilizando-se em valores

normais até o final do estudo.

Benefícios adicionais na melhora da força muscular e da massa muscular

magra identificam o treinamento de alta intensidade como possível e efetivo componente de

administração de programas para pacientes com DM 2 (DUNSTAN et al., 2002).

Contudo, como última observação é importante citar o estudo recente de Sigal

et al. (2004) onde os pesquisadores apresentam um quadro as recomendações (Quadro1.1)

para realização prévia de teste de esforço e liberação médica para o esforço físico em alguns

pacientes com DM, antes do início do programa de treinamento.

Quadro 1.1. - Avaliação do paciente com DM antes do início do programa de exercício. Recomendações para teste de esforço e autorização médica de liberação para o treinamento. Sedentarismo com um dos seguintes fatores de risco: Idade > 35 ans com ou sem fatores de risco cardiovascular, além do DM Idade > 25 anos e > 15 anos de DM1 ou > 10 anos de DM2 Dislipidemia, Tabagismo Nefropatia, incluindo microalbuminúria ou insuficiência renal Retinopatia proliferativa e pré-proliferativa Neuropatia autonômica Na ausência de contra-indicação, em todos os indivíduos com DM, para obtenção da FCMáx, determinar os objetivos de intensidade e a capacidade Fonte: SIGAL et al., 2004, p.2524.

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1.3. USO DE MEDICAÇÃO ORAL PARA DM

Os agentes antiabéticos orais são substâncias que, quando ingeridas, têm a

finalidade de baixar a glicemia e mantê-la normal (jejum<100mg/dl e pós-prandial <

140mg/dl) (OLIVEIRA, 2004).

De acordo a SBD (2006), os antiabéticos orais são separados em:

medicamentos que incrementam a secreção pancreática de insulina (sulfoniluréias e glinidas);

reduzem a velocidade de absorção de glicídios (inibidores das alfaglicosidades); diminuem a

produção hepática de glicose (biguanidas); e os que aumentam a utilização periférica de

glicose (glitazonas).

Os antidiabéticos orais podem ser classificados em duas categorias principais:

os que aumentam a secreção de insulina (hipoglicemiantes) e os que não aumentam (anti-

hiperglicemiantes).

Os secreatagogos de insulina, compreendem as sulfoniluréias, que

desenvolvem uma ação hipoglicemiante mais prolongada durante todo o dia (clorpropamida),

glibenclamida, gliclazida, glipizida e glimepirida) e promovem queda de 1,5% a 2% na

hemoglobina glicada; e as meglitinidas ou glinidas, com menor tempo de ação, cobrindo

principalmente o período pós-prandial, com redução de hemoglobina glicada de 1% com a

nateglinida e de 1,5% a 2% com a repaglinida (SBD, 2006).

Esses medicamentos, quando usados em monoterapia, em geral estão

relacionados a um risco bem reduzido de hipoglicemia. Portanto, podem ser utilizados com a

segurança desde o início da enfermidade. Fazem parte desse grupo:

• Acarbose (inibidor da alfaglicosidade);

• Metformina (biguanida);

• Rosiglizonas e pioglitazona (tiazolidinedionas ou glitazonas).

A acarbose reduz a velocidade de absorção intestinal de glicose; age; portanto,

numa fase mais precoce, ainda no tubo digestivo, predominantemente na glicemia pós-

prandial (e, posteriormente, também na glicemia de jejum), com redução de 0,7% a 1% na

hemoglobina glicada (SBD, 2006).

A Tabela 1.1. apresenta um síntese do uso de farmacoterápicos e seus efeitos

esperados no DM 2.

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Tabela 1.2 – Tratamento do DM2 com agentes antidiabéticos.

Medicamentos (posologia Mecanismo de ação Redução Contra-indicação Efeitos colaterais Outros efeitos em mg) glicemia de benéficos Sulfoniluréias Clorpropamida 125 a 500 Aumenta da 60-70 Gravidez Hipoglicemia e Glibenclamida 2,5 a 20 secreção de insulina insuficiência renal ganho ponderal Glipizida 2,5 a 20 ou hepática (clorpropamida Gliclazida MR 30 a 120 favorece o aumento Gliclazida 40 a 320 da pressão arterial e Glimepirida 1 a 8 não protege contra Uma a duas tomadas/dia retinopatia) Metiglinidas Repaglinida 0,5 a 16 Aumento da 20-30 Gravidez Hipoglicemia e ganho Redução do Nateglinida 120 a 360 secreção de insulina ponderal discreto espessamento Três tomadas/dia médio intimal Carotídeo (repaglinida) Biguanidas Metformina 1.000 a 2.550 Reduz a produção 60-70 Gravidez, Desconforto Diminuição de Duas tomadas/dia hepática de glicose insuficiência renal, abdominal, cardiovasculares com menor ação hepática, cardíaca diarréia Prevenção de sensibilizadora da pulmonar e acidose DM2. Redução Inibidores da alfaglicose Acarbose 50 a 300 Retardo da 20-30 Gravidez Meteorismo Diminuição de Três tomadas/dia absorção de flatulência e eventos carboidratos diarréia cardiovasculares Prevenção de DM2 Melhora do perfil lipídico

Glitazonas Rosiglitazona 4 a 8 Aumento da 35-65 Insuficiência Edema, anemia Prevenção de Pioglitazona 15 a 45 sensibilidade à cardíaca classes e ganho ponderal DM2 insulina em músculo, III e IV Redução do adipócito(sensibilizadores Insuficiência espessamento da insulina) hepática médio intimal Gravidez lipídico Redução da Gordura hepática

Fonte: SBD, 2006, p. 31.

As medicações acima citadas atuam predominantemente na insulinorresistência

periférica em nível de músculo, adipócito e hepatócito, sensibilizando a ação da insulina

produzida pelo próprio paciente.

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II OBJETIVOS

O objetivo geral do estudo foi analisar o efeito crônico do treinamento físico

resistido na queda da glicemia e sua relação com a melhora da qualidade de vida.

Como objetivo específico, procurou-se avaliar o efeito de um programa de

treinamento de exercícios físicos mistos (aeróbio/anaeróbio com pausa ativa), incluindo

exercícios de caminhada, musculação e bola suíça, sobre possíveis modificações provocadas

no seu sistema metabólico, como alterações agudas e crônicas, de indivíduos portadores de

DM 2.

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III METODOLOGIA

3.1 EMBASAMENTO TEÓRICO

O trabalho foi realizado através de estudo bibliográfico, sendo utilizados

artigos e livros dos últimos 30 anos. Empregou-se através do processo de investigação, a

busca de referencial em órgãos indexados como MEDLINE, LILCS, entre outros.

3.1.1 Procedimentos experimentais

O estudo desenvolvido, caracterizou-se por pesquisa de campo com indivíduos

portadores de DM 2, a partir da intervenção de um programa de treinamento físico.

3.1.2 Seleção dos sujeitos

Para a realização do estudo foram selecionados uma população diabética da

Casa do Diabético de Franca, mantida pela Secretaria Municipal de Saúde, em uma amostra

inicial de 12 (doze) e término de 06 (seis) sujeitos, 05 (cinco) sedentários e 01 (um) ativo,

com idade entre 37 a 76 anos de ambos os gêneros, sendo 01 (um) pré diabético e 05

(cinco),identificados como M, P, S, C, R e B, tratados com insulina e antidiabéticos orais,

associados ao acompanhamento nutricional, médico e psicológico pela Casa do Diabético de

Franca, medicamente diagnosticados como portadores de DM 2. Cinco sujeitos tinha

diagnóstico da diabetes acima de 05 anos, e, 04 sujeitos apresentaram percentual de gordura

elevado (Tabela 1.3).

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Tabela 1.3 – Anamnese inicial Sujeitos Idade Cond. Físico Diagnóstico do DM2 Insulínico Observações

M 57 anos sedentário há 18 anos Sim teve AVC

P 58 anos sedentário há 19 anos Sim início de retinopatia

S 57 anos sedentário há 22 anos Sim teve câncer no rim direito

C 76 anos sedentário há 30 anos teve AVC e câncer no seio

R 37 anos sedentário Pré- diabética Não retirou um nódulo no seio

B 44 anos ativo 8 anos Sim início de retinopatia

Tabela das características dos sujeitos selecionados de uma amostra inicial de 12 e término de 6 sujeitos. Os sujeitos foram selecionados por aceitação voluntária após convite formal

dos pesquisadores, o qual foi acompanhado por Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,

sendo este assinado (duas vias iguais), onde uma, ficou em poder dos voluntários do estudo e

outra em poder dos pesquisadores. A inclusão dos sujeitos ocorreu após a assinatura do

referido termo acompanhado por atestado de liberação médica para participação em um

programa de condicionamento físico misto aeróbio/anaeróbio (treinamento circuito-

condicionante com pausa ativa) para grupos musculares e membros superiores e inferiores

alternados com exercícios de potência aeróbio.

Cabe aqui ressaltar que, apesar de ser alto número de pacientes portadores de

DM 2 cadastrados na Casa do Diabético de Franca, e de que o convite foi feito a todos, a

baixa adesão de participantes no estudo ocorreu em função da distância entre o local de

execução do programa de exercícios (Centro Esportivo da Unifran – Academia) e as

residências dos respectivos pacientes. Uma das razões para a não participação de muitos deles

foi a impossibilidade de locomoção de suas casas até a universidade. Outro fator limitante foi

a falta de interesse em participar de muitos pacientes, visto que muitos relataram não gostar

de fazer exercícios físicos e também a dificuldade de aceitação da própria doença e da

importância dos exercícios como meio auxiliar de tratamento, sendo que todos os benéficos e

ausências de riscos à saúde foram amplamente explicados.

Aos sujeitos previamente selecionados foram apresentados todas as

características e objetivos do estudo bem como a ausência de risco a integridade de sua saúde.

Além disso, foi assegurado total anonimato na divulgação dos resultados, bem como ampla e

contínua informação dos resultados por parte de cada sujeito por meio de acesso específico

aos seus respectivos prontuários. Foi assegurada ainda a cada sujeito do estudo a opção de

abandono do estudo sem qualquer necessidade de justificativa prévia e a qualquer momento,

se assim o decidisse.

O projeto, seguiu rigorosamente as deliberações da Resolução CNS 196/96 e

iniciou, após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade.

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3.1.3 Protocolo de treinamento físico

O trabalho iniciou-se com a submissão dos indivíduos a um programa de

condicionamento físico, subdividido em programas de treinamento aeróbio e anaeróbio

(treinamento condicionante com exercícios para grupos musculares de membros superiores e

inferiores alternados com exercícios de potencia aeróbia).

Os sujeitos selecionados foram então submetidos ao protocolo de treino

(treinamento condicionante-circuito, adaptado do sistema circuito com ação periférica com

pausa ativa) (FLECK; KRAEMER, 2006), durante um período de 06 semanas, com

freqüência de três vezes por semana, no período matutino, em sessões de 60 minutos. Cada

sessão estava assim dividida: 15 minutos de aquecimento (exercícios de alongamentos de

membros superiores e membros inferiores e caminhadas na esteira “LX 160 Moviment”, na

velocidade 4,5 Km), 40 minutos de exercícios de resistência muscular localizada de MS e MI

(circuito-condicionante, com descanso ativo na esteira), utilizando de aparelhos de

musculação (Buik, Fitness Equipament), bola suíça (Gynastic Ball) e halteres; e completando

o treinamento, 10 minutos de volta a calma, divididos em exercícios de alongamentos,

flexibilidade e relaxamento. Os exercícios obedeceram a um período de adaptação (4

semanas), e foram progressivos e dependentes da percepção subjetiva de esforço de cada

indivíduo (carga justa – resistido / esteira – velocidade moderada) mensurada e corrigida pela

Escala Subjetiva de Esforço (nível 13) de Borg (BORG, 1982), sendo que os exercícios

utilizados bem como suas seqüências são apresentados na Tabela 3.1.

Os programas de exercício foram progressivos e dependentes da percepção

subjetivas de esforço de cada indivíduo.

Tabela 3.2. – Programas de exercícios do programa de DM. Grupo muscular Seqüência 01 Seqüência 02 Seqüência 03

Dorsais Puxador costa Puxador frente

Tríceps Francês Francês

Abdômen inferior na Bola Reto (Supra)

Membro inferior Extensora Leg Press 90º

Bíceps Rosca Bíceps

Peitoral Crucifixo Reto

Exercícios em 3 séries de 12 a 15 repetições pela Escala de Borg, com intervalo ativo de 3 minutos na esteira

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O programa de exercícios foi constituído do seguintes exercícios:

• Tríceps bilateral + ponte adutora no solo (utilização de bola pequena de

borracha);

• Abdominal reto com elevação da bolinha (utilização de bola de borracha) /

abdominal reto na bola com elevação da bolinha (utilização de bola suíça e

bola pequena de borracha);

• Cadeira extensora;

• Puxador vertical aberto;

• Abdominal infra solo (utilização de bola suíça);

• Leg press 90°;

• Rosca simultânea com rotação de antebraço na bola (utilização de bola suíça);

• Crucifixo aberto + ponte no solo (utilização de bola pequena de borracha).

Após aquecimento e alongamento inicial, os exercícios eram realizados de dois

em dois (exercícios diferentes para grupos musculares distintos) séries alternadas (três séries

de 15 repetições inicialmente e a partir da quarta semana três séries de 12 repetições), Sendo

que após o termino das três séries em dois exercícios distintos, eram realizados três minutos

na esteira e assim sucessivamente com os outros exercícios (3 para 3).

3.1.4 Variáveis estudadas e procedimentos de coleta

Foram efetuadas duas coletas sanguíneas para a elaboração das análises do

perfil bioquímico do sangue em dois momentos distintos: pré e pós-programa de treinamento,

sendo que os dados encontrados foram empregados para comparação pareada dos

participantes, e os valores pré treinamento utilizados como seus próprios controles.

Foram feitas também nos dias de treino, três coletas da glicemia capilar (a

primeira antes do início dos exercícios, a segunda 30 minutos após o início e a última após o

término da sessão de exercícios, para controle da glicemia, e juntamente com estas foram

feitas três aferições da pressão arterial e freqüência cardíaca nos dias de treino. Todos os

participantes também utilizaram frequencímetro (Polar S1) durante a sessão de exercícios.

Utilizou-se um modelo de delineamento experimental de pré-teste e pós-teste

aplicado ao grupo. Foram analisadas a glicemia em jejum pré-teste e pós-teste, e glicemia

capilar em três períodos do exercício físico: pré, durante e pós treino.

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Para a coleta de dados, foram feitas duas rotinas: a rotina de laboratório e a

rotina de campo. A rotina do laboratório foi por meio de coleta de sangue em jejum: para

medir a glicemia em jejum (método reativo seco vitrus para glicose). A rotina de campo:

foram feitas coletas da glicemia durante o exercício físico. As coletas foram feitas no lóbulo

da orelha direita, por aparelho glicosímetro Accucheck Active® (Accurex®) por fotometria

de refletância com memória para 200 resultados com data e hora faixa de medição de 10 a 600

mg/dl, codificado por meio de “chip” de código e coleta de sangue com a tira de teste fora do

monitor.

No início dos procedimentos, foi realizada uma anamnese inicial, onde foram

relatados os remédios orais e insulinoterapia, e assim foram respeitados seus efeitos

hipoglicemiantes. Após um período de adaptação, as intensidades dos exercícios foram

aumentando, tendo a necessidade em alguns pacientes da diminuição da dosagem dos

fármacos, assim seguidos por ordem médica, após contato ocorrido pelo professor responsável

do projeto.

3.2 TRATAMENTO ESTATÍSTICO

Os dados coletados foram primariamente analisados de forma descritiva, para

normalização e elaboração de médias e desvios amostrais. A amostra foi subdividida em 2

momentos, sendo um pré e outro pós 06 semanas de treinamento.

Após este procedimento, os resultados dos valores da glicemia, foram

comparados entre os pares pré e pós (test T Student, dados pareados), em duas diferentes

condições:

→ rotina laboratorial de jejum (basal);

→ fase aguda nas sessões de treinamento.

Todo o tratamento estatístico, foi realizado pelo uso do Software estatístico

para PC- SPSS® For Windows®, V. 12.0. Foram considerados significativos valores de

p<0,05.

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IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a análise dos resultados, é possível observar duas respostas claramente

categorizadas. A primeira delas se refere às alterações da glicemia de jejum em relação às

fases pré e pós treinamento.

A Figura 4.1 apresenta os valores médios para todos os sujeitos do grupo entre

as 6 semanas de treinamento.

0

50

100

150

200

250

300

350

M P S C R B

pré pós

Figura 4.1 - Comportamento médio da Glicemia basal, observado ao longo das sessões de treinamento para todos os sujeitos do estudo. Valores da glicemia basal, significativamente menores com delta negativo médio de 68 mg/dl (excluído valores do sujeito “C”), após período de 6 semanas de treinamento misto. *Diferença significativa em relação a fase pré treinamento, teste T, P≤ 0,05. .

Nela é possível obesrvar uma queda significativa nos valores glicêmicos entre

as 6 semanas de treinamento, com um delta negativo médio de 68 mg/dl. Esses resultados

bastante expressivos refletem a eficiência do protocolo de treinamento empregado em um

curto espaço de tempo e com uma densidade mínima de 3 sessões semanais (conforme

especificações da WHO).

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Estes resultados nos apontam também à eficiência do protocolo de treinamento

de circuito-condicionante misto empregado, envolvendo exercícios aeróbios, anaeróbios e

resistido. Tais resultados se assemelham aos de outros autores (PRATLEY, 2000; OLIVEIRA

2006; SILVA & LIMA, 2002), porém, valores semelhantes foram conseguidos com no

mínimo de 90 dias de treinamento e com densidade de treino bastante superiores às praticadas

no presente estudo.

Isso indica que a demanda energética imposta pelo programa do treinamento

aqui proposto, associado as prováveis alterações moleculares relativas ao complexo

mecanismo de sinalização insulínica e interiorização muscular da glicose, conforme já

demonstrado anteriormente, por Neiva, Bunc e Mello (1999) em estudos com animais,

Schmitz et al. (2002) e Brandou et al. (2005), foram eficientes em reduzir as concentrações

médias desse nutriente na circulação sanguínea dos sujeitos em condições basais de

metabolismo.

Se observarmos ainda as variações médias da glicemia de jejum excluindo os

resultados do sujeito “C”, a magnitude dos valores alterados sobe para um delta negativo

médio 68 mg/dl. Nesse caso vale considerar que o sujeito “C” teve um conjunto de diferenças

relacionadas ao comportamento e a seu estado clínico em relação aos demais sujeitos do

grupo. Entre elas uma menor assiduidade às sessões de treinamento físicos, além de

agravamentos clínicos já avançados, tais como comprometimentos vasculares de membros

inferiores (varizes), hipertensão arterial, vasculopatias de fundo de olho, além de outros

fatores associados, que limitaram sua evolução no programa de treinamento.

Não obstante, outros indicadores relacionados ao seu estado de saúde e

qualidade de vida, apresentaram melhoras significativas, tais como aumento de sua autonomia

funcional, melhora na qualidade do sono e redução da pressão arterial, muito embora esses

parâmetros também avaliados, não configuraram entre os objetivos do presente estudo.

CAUZA et al, 2005, comparou, em dois estudos, os benefícios da musculação

com o treinamento de endurance no tratamento da DM. O treinamento de força consistiu em

três a seis dias semanais, para cada grupo muscular, com 10 a 15 repetições até a falha

concêntrica. O treinamento aeróbio foi realizado durante 45 a 90 minutos semanais. Os

resultados mostraram que os indicadores de diabetes, se mostraram mais reduzidos no grupo

que praticou musculação, com percentual maior para aqueles que se envolveram em

programas mistos, quando comparados aos resultados apresentado pelo grupo que praticou

apenas exercícios aeróbios.

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Nesse estudo ainda, os autores relatam também uma diminuição significativa

na pressão arterial e taxas de colesterol sanguíneo, resultados estes que também foram

observados entre nossos sujeitos (dados não apresentados aqui, pois serão apresentados em

outro trabalho) no programa misto aeróbio e anaeróbio circuito-condicionante com pausa

ativa.

Resultados semelhantes foram também encontrado nas variações diárias da

glicemia entre os momentos pré e pós sessão aguda de treinamento, onde é possível observar

através das Figuras em anexo (4.2. a 4.6.) a involução progressiva da glicemia durante a

progressão de quase todas das sessões de treinamento. Apenas os resultados referentes ao

sujeito de número C (Figura 4.7.) não seguiram o padrão de comportamento de declínio, o que

pode ser explicado pelas mesmas razões já comentadas anteriormente para esse mesmo sujeito

em relação a sua glicemia de jejum. Além disso, uma resposta adrenérgica elevada,

caracterizada nesse sujeito em todas as sessões de treinamento (fato que pode ter sido

acarretado em virtude da falta de ganho de condicionamento físico em virtude de razões já

comentadas), pode ter diferenciado-o significativamente do grupo.

Isso porque, uma possível influência do estresse simpático, pode ter acarretado

uma liberação hepática de glicose acentuada durante as sessões de treinamento o que

promoveu uma sensível elevação das concentrações de glicose sanguínea, as quais não

conseguiram ser compensadas pela demanda energética promovida pela intensidade do

esforço físico realizado por esse sujeito.

No presente estudo, podemos observar uma redução da glicemia, o que é

provavelmente explicado pelo fato de que durante a prática de exercício físico moderado e

intenso houve aumento significativo da taxa metabolismo da glicose pelo músculo, o que

pode ter sido indutor de uma possível elevação nas concentrações de proteína GLUT4 no

interior da célula muscular.

Este comportamento foi semelhante ao descrito por SILVA e LIMA (2002),

em estudo experimental do qual foram retirados de população de diabéticos de uma Clínica da

Associação dos Diabéticos de Blumenau, uma amostra de 33 sujeitos, todos com DM2, sendo

8 (24%) tratados e 25 (75%) não-tratados com insulina, com idades entre 45 e 75 anos. No

estudo os autores utilizaram um modelo de delineamento experimental de pré-teste e pós-teste

aplicado ao grupo. Foram medidas e analisadas as variáveis: glicemia de jejum medida pré-

teste e pós-teste; glicemia capilar (calculada a média das medidas em três dias alternados de

exercício físico) antes e em jejum e depois do exercício físico; hemoglobina glicada,

colesterol; triglicerídeos e lipídeos plasmáticos. Como tratamento experimental, foi elaborado

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um programa de exercícios físicos, com 10 semanas de duração, sendo 4 sessões por semana

de 60minutos cada, divididos em exercícios aeróbios e anaeróbios.

Os autores apontam para uma diminuição crônica da glicemia. Além disso, os

indivíduos com DM2 tiveram sua glicemia diminuída pelo efeito agudo do exercício físico,

mostrado na glicemia capilar (coletada antes e após as sessões de exercícios), semelhante ao

ocorrido em nosso experimento.

Finalmente, os autores afirmam que isso poderia ser justificado pelo efeito

benéfico do exercício, tal como a melhora da captação de glicose que se encontra aumentada

durante o exercício físico, mesmo com baixos níveis insulinêmicos.

PRATLEY et al, 2000, observaram a mesma queda glicêmica capilar e de basal

como efeitos agudo e crônico de ERP realizando um estudo com exercícios aeróbios e

anaeróbios, em DM2. O estudo em grupo, era composto por 8 sedentários voluntários de

ambos os sexos, com idade entre 47 e 58 (média de 52,86 ± 3,40 anos), 3 tratados com

antidiabéticos orais e insulina. Foram submetidos a um programa em três vezes por semana,

durante 12 semanas, com treinamento resistido na academia de ginástica com coletas de

amostras sangüíneas antes e após uma das sessões semanais. Os autores apontam ainda que

além da redução dos níveis de glicose, o exercício físico ajudou na redução de fatores ao risco

de problemas cardiovasculares.

Resultados semelhantes foram também apresentados por OLIVEIRA et al,

2006, em estudo com exercícios resistidos distintos no qual foi possível investigar as

respostas da glicemia durante exercícios incrementais. Foram utilizados 12 (doze) voluntários

jovens do sexo masculino, com idade, peso corporal total e altura média (± erro padrão) de

24,4 ± 1,2 anos, 81 ± 3,7 kg e 177,3 ± 1,9cm, respectivamente. Os pacientes foram

submetidos, em dias distintos, a duas sessões de exercícios, sendo para membros superiores e

inferiores. O treinamento foi em circuito, em estágios, com duração de um minuto, com um

total de 20 repetições por estágios e intervalo de dois minutos entre os estágios para o

acréscimo de carga e coleta de amostras sangüíneas para dosagem de lactato e glicose

sanguínea. Neste estudo os autores evidenciaram que, durante o exercício ocorreu um

aumento da fosforilação de proteínas intracelulares sinalizadoras (Pi3-kinase e Jânus-kinase)

relacionadas sinalização da insulina e, portanto, à captação de glicose pelo músculo

esquelético, o que resultou em uma elevação da quantidade de GLUT4 translocados para a

membrana celular, com conseqüente aumento na captação de glicose pelo músculo ativo.

Em relação ao nosso estudo, e aos sujeitos 1 a 5, representados nas Figuras 4.2.

a 4.6, é possível observar que, com exceção a primeira série de treinamento, onde o estresse

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físico promovido pelo baixo estado de condicionamento apresentado pelos pacientes,

promoveu ligeira elevação da glicemia (fato ocorrido em função de uma provável

glicogenólise hepática motivada em resposta a descarga adrenérgica), as demais séries de

treino apresentaram significativa diminuição da glicemia ao longo de suas durações,

apresentando valores pós treinamento sempre inferiores ao inicias (-55.93 ± 43.17). Isso

concorda com os autores aqui revisados, inclusive com aqueles que um número baixo de

sujeitos na amostra.

Dessa forma é possível sugerir que em nosso programa de treinamento,

resultados como a melhora nos mecanismos moleculares de sinalização da insulina e

conseqüentemente aumento da captação de glicose, podem ter sido conseguidos de forma

semelhante às citadas pelos autores revisados, porém em curto período de tempo (6 semanas).

Entre as prováveis causas para isso, acredita-se que tanto mecanismos

intracelulares induzidos pelas respostas bioquímicas do exercício (durante e após as sessões),

bem como, aumento da taxa de metabolismo basal demandada pelas sessões de treinamento

tenham sido os responsáveis pelas alterações satisfatórias ocorridas entre os diabéticos aqui

estudados, em período de tempo.

Finalmente, o comportamento do sujeito C, que diferiu sensivelmente do grupo

(elevação do delta glicêmico), pode ser parcialmente explicado como resposta estressiva

conseqüente ao baixo condicionamento físico, que teria como efeito uma acentuada

glicogenólise hepática, o que assemelha-se a uma parte do estudo de OLIVEIRA et al, (2006)

que os autores apontam, uma seqüência de eventos promovendo um aumento da glicemia em

intensidades supra limiares.

Nesse caso, bem como no sujeito de nosso estudo, pode ter ocorrido uma maior

atividade adrenérgica induzindo glicogenólise hepática, bem como por maior atividade

gliconeogênica mediada pelo glucagon, acarretando na elevação acentuada da glicemia

durante as sessões.

Além disso, outra possível causa dos resultados ocorridos pode ter sido as

constantes alterações arbitrárias que o sujeito realizou nas dosagens de seu tratamento

farmacológico, sem prévia consulta e ou orientação médica.

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CONCLUSÃO

Finalizadas as discussões sobre os resultados encontrados, os mesmos nos

permitem concluir que o programa misto circuito-condicionante com pausa ativa de

treinamento foi eficiente em promover alterações do comportamento glicêmico, tanto em

condições basais, assim como quando obesrvadas as condições capilares pré e pós as sessões

de treinamento, do grupo de pacientes diabéticos tipo 2, envolvidos no estudo.

Esse fato foi provavelmente motivado por duas razões independentes, porém

coadjuvantes:

1 - elevação da taxa metabólica basal promovida e metabolismo da glicose

nesses sujeitos após o início das 6 semanas de condicionamento físico

acarretando numa menor disponibilidade desse substrato energético na

circulação sanguínea ao longo do ciclo circadiano;

2 - melhora dos mecanismos moleculares de sinalização insulínica e transporte

da glicose para o músculo também refletindo em sua diminuição na circulação

sanguínea.

Independentemente do mecanismo biológico responsável, é possível afirmamos que o

programa misto circuito-condicionante foi eficiente na diminuição e controle crônico e agudo

da glicemia de sujeitos diabéticos tipo 2, promovendo estabilidade do quadro clínico e

contribuindo para melhorias na saúde dos sujeitos já em curto período de tempo.

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ANEXOS

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GL inicial GL durante GL pós

Figura 4.2 - Comportamento Glicêmico Capilar, observado ao longo das sessões de treinamento para Sujeito P. Valores da glicemia capilar final, significativamente menores (96 ± 67,5 mg/dl) do que os valores inicias. Teste T, P≤ 0,05

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GL inicial GL durante GL pós

Figura 4.3. - Comportamento Glicêmico Capilar, observado ao longo das sessões de treinamento para Sujeito S. Valores da glicemia capilar final, significativamente menores (108 ± 48 mg/dl) do que os valores inicias. Teste T, P≤ 0,05

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GL inicial GL durante GL pós

Figura 4.4. - Comportamento Glicêmico Capilar, observado ao longo das sessões de treinamento para Sujeito M. Valores da glicemia capilar final, significativamente menores (27 ± 45 mg/dl) do que os valores inicias. P≤ 0,05

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GL inicial GL durante GL pós

Figura 4.5. - Comportamento Glicêmico Capilar, observado ao longo das sessões de treinamento para Sujeito R. Valores da glicemia capilar final, significativamente menores (27,4 ± 45 mg/dl) do que os valores inicias. P≤ 0,05.

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GL pré GL Dur. GL pós Figura 4.6. - Comportamento Glicêmico Capilar, observado ao longo das sessões de treinamento para Sujeito B Valores da glicemia capilar final, significativamente menores (21,25 ± 32.5 mg/dl) do que os valores inicias. P≤ 0,05.

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GL inicial GL durante GL pós

Figura 4.7 - Comportamento Glicêmico Capilar, observado ao longo das sessões de treinamento para Sujeito C. Valores da glicemia capilar final, significativamente maiores (60.88 ± 29.12 mg/dl) do que os valores inicias. P≤ 0,05.

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