RESPONSABILIDADE SOCIAL: UMA VISˆO PSICOLÓGICA Rocha Carbo… · social, diga as palavras ou...

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Pontifcia Universidade Catlica de Sªo Paulo Faculdade de Psicologia RESPONSABILIDADE SOCIAL: UMA VISˆO PSICOLGICA Mayra Rocha Carbone Sªo Paulo - SP 2008

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Faculdade de Psicologia

RESPONSABILIDADE SOCIAL: UMA VISÃO PSICOLÓGICA

Mayra Rocha Carbone

São Paulo - SP 2008

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MAYRA ROCHA CARBONE

RESPONSABILIDADE SOCIAL: UMA VISÃO PSICOLÓGICA

Trabalho de conclusão de curso como exigência parcial para graduação no curso de Psicologia, sob orientação do Prof. Dr. Odair Furtado

Pontifícia Universidade Católica São Paulo

2008

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AVALIAÇÃO:..........................................................................................................................

ASSINATURA DO ORIENTADOR:.......................................................................................

ASSINATURA DO PARECERISTA:......................................................................................

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer primeiramente aos meus pais, Geraldo e Marjorie, que me

guiaram por todos esses anos, sempre me apoiando nos momentos certos e me contrariado

nos duvidosos. Amo muito vocês!

Agradeço também as professoras Elisa Zaneratto e Ciça Vilhena que foram muito

importantes no inicio da construção desse trabalho. E por falar em construção, o meu muito

obrigado ao meu namorado Renato, que me ajudou imensamente ao longo de todo o

caminho.

Um agradecimento especial ao meu supervisor Odair Furtado, que me agregou

tantos conhecimentos e me ajudou a fazer esse trabalho dar certo. Muito obrigada!

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Sumário

Introdução..............................................................................8

Capítulo 1. O Conceito de Responsabilidade Social............12

Capítulo 2. O Conceito de Representação Social................17

Capítulo 3. Método..............................................................21

3.1 Amostra..................................................................21

3.2 Instrumento............................................................24

3.3 Procedimento.........................................................25

Capítulo 4. Análise dos Dados.............................................26

Conclusão.............................................................................32

Referências Bibliográficas...................................................36

Anexo I.................................................................................39

Anexo II...............................................................................40

Anexo III..............................................................................43

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Resumo

Atualmente o tema responsabilidade social vem ganhando espaço nas empresas

brasileiras, porém pouco se sabe sobre o que este conceito realmente significa para os

profissionais que nelas trabalham.

Dentre as três grandes visões de responsabilidade social: como obrigação social,

como aprovação social e como abordagem sistêmica dos stakeholders, este trabalho aborda

um dos elementos desta terceira visão, ou seja, a representação social que os funcionários

de uma empresa de engenharia da cidade de São Paulo tem com relação a responsabilidade

social.

O estudo foi desenvolvido segundo a Teoria das Representações Sociais, no âmbito

da Psicologia Social, utilizando uma proposta complementar a esta teoria: a teoria do

núcleo central.

Para responder o problema de pesquisa foi usado o método da associação oi

evocação livre, no qual pede-se a cada participante que a partir do termo responsabilidade

social, diga as palavras ou expressões que lhe tenham vindo imediatamente à lembrança.

Concluiu-se que as palavras consciência, responsabilidade, sociedade e educação

são o núcleo central da representação social da responsabilidade social desta empresa.

Palavras-Chave: responsabilidade social, representação social, núcleo central, psicologia social, associação livre.

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Abstract

Nowadays social responsibility has been growing in Brazilian companies. However,

little is known about what this concept mean for the employees.

Among the three different visions of social responsibility: as social obligation, as

social approval and as systemic approach of the stakeholders, this paper focus on one of the

elements of this third vision: the social representation of the employees of an engineering

company in São Paulo, Brazil of social responsibility.

The research was developed based on the Social Representation Theory, applied to

social Psychology, using a complementary proposal to this theory: the central nucleon

theory.

In order to address the survey problem, it was used a method known as �free

association�, in which the participants have to make spontaneous association to the

expression �social responsibility�.

The conclusion was that the words conscious, responsibility, society and education

are the central nucleon of the social representation of the social responsibility of this

company.

Key-Words: social responsibility, social representation, central nucleon, social psychology,

free association.

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Atualmente o tema responsabilidade social vem ganhando espaço nas empresas

brasileiras, porém pouco se sabe sobre o que este conceito realmente significa para os

profissionais que nelas trabalham.

Tal fato é relevante, pois para que a instituição de fato assuma a sua

responsabilidade social, é importante que os envolvidos tenham clareza quanto ao que isso

significa. Nesse sentido, para estudar o conjunto de crenças, informações, de opiniões e de

atitudes a propósito da responsabilidade social, utilizaremos a teoria da representação

social, considerando que sua metodologia tem se mostrado muito eficiente para situações

como a que pesquisamos.

Embora não seja um fenômeno novo, a responsabilidade social vem ganhando cada

vez mais força nas empresas brasileiras. Dentre as diversas razões para explicar tal fato, há

a crescente complexidade que veio permeando as práticas comerciais e industriais, levando

as empresas a começarem a adotar parâmetros que atendessem e identificassem os

interesses de todos os grupos envolvidos (Silva, 2003).

Desde o século XIV, com a emergência do capitalismo no mundo europeu,

comerciantes e mercadores faziam a aquisição e venda de produtos, extraindo da operação

o maior lucro possível, sempre baseado na lei da oferta e da procura e do acordo

estabelecido entre as partes. O capitalismo mercantilista, que perdurou na Europa até o

século XIX, estimulava a busca por novos mercados e a ampliação das transações

comerciais (Silva, 2003).

Com o advento da revolução industrial, em meados do século XIX, emergiram as

empresas, inaugurando uma nova fase que envolvia transformação de matérias-primas em

produtos manufaturados. Nessa época, acreditava-se que a quantidade de riqueza produzida

era diretamente proporcional ao número de pessoas beneficiadas. Além disso, o principal

instrumento de trabalho era o próprio operário, pois a produção dependia da habilidade e da

atenção do trabalhador (Freire, 1980).

Na fase inicial da industrialização, quando as máquinas começaram a tomar o lugar

do operário, o maior interesse dos acionistas ou proprietários era o lucro, sendo sempre os

seus empregados deixados para segundo plano de importância (Freire, 1980). O modelo

industrial de trabalho, tal como desempenhado pelo paradigma da administração científica,

instituiu, portanto, uma relação entre o ser humano e o trabalho que dificultava a utilização

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de seu potencial de atividade laboriosa na realização de sua condição ontológica,

desconsiderando, desta forma, o trabalhador como sujeito (Malvezzi, 2007). Inclusive, com

o passar do tempo e o desenvolvimento do capitalismo, os operários passam a ser

separados, classificados e reunidos na produção de acordo com sua capacidade de

adaptação à máquina e ao trabalho, sendo que aqueles que não conseguissem, eram

excluídos do processo de trabalho (Freire, 1980).

Já em relação ao consumidor, o descaso decorria da produção padronizada e da

concorrência incipiente, que reduzia a gama de escolhas. Além disso, não se pode esquecer

que na sociedade capitalista a mercadoria cria necessidades nos sujeitos; segundo Freire

(1980):

Nessa sociedade, até mesmo o espírito do homem se transformou em mercadoria. A mercadoria faz parte de sua organização e do seu funcionamento, da mesma maneira que o coração faz parte do funcionamento do corpo humano. Dito de outro modo: a sociedade de consumo não é baseada na produção de objetos de uso, destinados à satisfação das necessidades de todo mundo, de maneira igualitária, mas exclusivamente na produção de mercadorias, isto é, objetos destinados à troca (Freire, 1980, p.71).

Como tanto os consumidores quanto os trabalhadores eram pouco organizados para

exercer pressão e enfrentamento dessa estrutura, terminavam sendo praticamente ignorados,

pois não conseguiam reivindicar seus direitos (Silva, 2003).

No final do século XIX, o surgimento dos conglomerados empresariais, cartéis e

monopólios ampliou o problema, pois o principal objetivo era reduzir custos e maximizar o

retorno aos acionistas. No entanto, nessa mesma época, foram surgindo na Europa e nos

Estados Unidos as primeiras leis trabalhistas e, além disso, a partir de 1890, as indústrias

também começaram a receber imposições ao seu crescimento desenfreado, pois as

primeiras leis para regular as atividades comerciais estavam entrando em vigência. Tais leis

visavam coibir abusos existentes que versavam sobre a formação de contrabando,

falsificações de produtos, propaganda enganosa, desrespeito aos direitos dos empregados,

dentre outras (Silva, 2003).

Com o agravamento da situação econômica durante a Primeira Guerra Mundial e a

Revolução Russa em 1917, o fortalecimento do movimento operário e o acirramento da luta

entre capital e trabalho, a empresa começou a ser apontada pela opinião pública como

instrumento do capitalismo na exploração das pessoas (Silva, 2003).

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É, inclusive, em 1919 que ocorre a primeira discussão pública formal de que se tem

notícia sobre a função social da empresa. A Suprema Corte de Michigan, nos Estados

Unidos, foi chamada para julgar o caso Dodges versus Ford, pois Henry Ford, então

presidente e acionista majoritário da empresa Ford, havia decidido não distribuir uma parte

dos dividendos aos demais acionistas para realizar novos investimentos na produção e

aumentar os salários dos empregados. A Suprema corte deu ganho de causa aos Dodges,

justificando que o objetivo da corporação era beneficiar seus acionistas e que os diretores

não poderiam usar o lucro para outros objetivos (Ashley, 2002).

Nesse momento, vemos claramente a intervenção do Estado enquanto regulador na

produção capitalista e mais voltado ao ser humano trabalhador. Tal fato contribuiu muito

para o início da concepção e da prática da responsabilidade social.

Entre 1930 e 1950, a reconstrução econômica, a intervenção do governo na

economia, o abandono da política do laissez-faire1 e a crescente imposição de diretrizes

reguladoras para as atividades industriais e comerciais favoreceram o despontar da

responsabilidade social. Isso se deu, pois houve incentivo para um contato mais intenso

entre dirigentes de empresas e a administração pública através do lançamento de cursos de

educação profissional para o comércio e a indústria promovidos pelas faculdades e

universidades norte-americanas e a criação de comissões consultivas e conselhos (Silva,

2003).

Nesse período, algumas questões específicas começaram a ganhar ênfase, como

segurança do produto, propagandas honestas, ação afirmativa, proteção ambiental,

comportamento ético e direito dos empregados, incluindo aspectos que garantissem o bem-

estar destes últimos, como por exemplo, pensão e planos de seguridade, segurança,

cuidados médicos e programas de aposentadoria (Carrol & Buchholtz, 2000). Mesmo

assim, até a década de 50, poucas mudanças ocorreram, porque na mente de muitos 1 Laissez-faire é parte da expressão em língua francesa "laissez faire, laissez aller, laissez passer", que significa literalmente "deixai fazer, deixai ir, deixai passar". A expressão refere-se a uma filosofia econômica que surgiu no século XVIII, que defendia a existência de mercado livre nas trocas comerciais internacionais, ao contrário do forte protecionismo baseado em elevadas tarifas alfandegárias que se sentia na altura. Segundo esta teoria, que teve em Adam Smith um dos seus principais defensores, o comércio internacional sem impostos tem maiores benefícios para as nações envolvidas, do que a proteção da produção nacional face às importações de bens. O laissez faire tornou-se o chavão do liberalismo na versão mais pura de capitalismo de que o mercado deve funcionar livremente, sem interferência. Esta filosofia tornou-se dominante nos Estados Unidos e nos países ricos da Europa durante o final do século XIX até o início do século XX (Mattos, 2007).

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gestores, a única obrigação das empresas continuava sendo a de empregar pessoas, fabricar

seus produtos e gerar lucros (Silva, 2003).

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1. O Conceito de Responsabilidade Social A literatura indica que é em 1953, com a publicação do livro de Howard Bowen,

Responsabilidades sociais do homem de negócios, que o tema da responsabilidade social

vem à tona. A obra alcançou repercussão nos meios acadêmicos e empresariais, sendo logo

traduzida para vários idiomas, inclusive o português quatro anos depois. A partir de uma

análise crítica da atuação dos donos e diretores de grandes empresas, o autor coloca o

conceito responsabilidade social como um alerta aos dirigentes para que eles modificassem

sua postura, pois suas decisões impactavam acionistas, consumidores e sociedade. O

conceito responsabilidade social, no entanto, ganhou outras definições que serão vistas

mais a frente. O surgimento do tema, aliado a sua divulgação em 1960 por programas de

televisão, ajudou a difundi-lo pelo mundo.

A mudança de percepção da sociedade em relação ao papel da empresa pode ser

ilustrada com o julgamento de outro caso ocorrido em 1953 nos Estados Unidos,

semelhante ao dos Dodges versus Ford, em 1919, só que com um desfecho diferente. A

Suprema Corte de Nova Jersey permitiu que uma empresa doasse recursos para uma

universidade, contrariando o interesse de um grupo de acionistas, partindo da premissa de

que uma corporação pode buscar o desenvolvimento social, estabelecendo em lei a

filantropia corporativa (Ashley, 2002).

Nos anos 60 as idéias sobre responsabilidade social também chegaram à Europa e

passaram a ganhar notoriedade pelo mundo. Dessa forma, essa propagação da idéia é

sustentada por alguns autores como fato ligado diretamente ao jogo político/econômico

existente na época (Lima, 2005), ao mesmo tempo em que refletia uma mudança ocorrida

nos valores da sociedade (Silva, 2003).

Para Duarte & Dias (1986):

Nos países em via de democratização política, aumentam as pressões sobre as instituições e os governantes, buscando alterações substanciais nas regras do jogo econômico. O terreno é favorável à difusão das idéias de responsabilidade social da empresa que contam, nesses países, com o apoio da Igreja e de outras entidades e movimentos atuantes (Ibid., p. 47).

Em 1965, a participação da Igreja marcou o início das discussões sobre o tema em

solo brasileiro através da �Carta de Princípios do Dirigente Cristão de Empresas� publicada

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pela ADCE � Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresa � entidade formada por

empresários ligados à Igreja católica cuja missão era e continua sendo a de:

Mobilizar os dirigentes de empresa para que, às luzes do pensamento social cristão, se comprometam com sua melhoria pessoal, e no trabalho coletivo, a transformação de sua empresa e do meio empresarial como um todo, contribuindo para uma sociedade solidária, justa, livre e humana. (ADCE, 2007).

Essa entidade promove seminários, congressos, palestras e outras atividades de

consolidação e propagação da temática, estimulando as pessoas a adotarem uma postura

ética na condução de seus negócios.

Na década de 80 surge outra entidade que também pode ser considerada pioneira na

difusão do tema no Brasil: a FIDES � Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial

e Social � que surgiu a partir da união de ex-integrantes da ADCE-Brasil. Sua criação foi

determinada pela necessidade de se ter uma entidade que trabalhasse fundamentalmente o

aspecto prático do balanço social e da ética empresarial. Dessa forma, alguns ex-

�adeceanos" optaram por constituir esta entidade sem perder o vínculo institucional com a

ADCE-Brasil (Lima, 2005).

A FIDES realiza pesquisas, estudos, debates e eventos voltados para a disseminação

da responsabilidade social, refletindo sobre alternativas para o desenvolvimento de todas as

partes da empresa. A sistemática de trabalho da entidade é focada no diálogo e

entendimento entre as partes envolvidas, visando o desenvolvimento harmonioso das

empresas e da sociedade (Silva, 2003).

É exatamente nesse desenvolvimento harmonioso que atualmente o conceito está

sendo construído, mostrando que a atuação da empresa causa impacto e ao mesmo tempo

sofre influência do ambiente ao redor.

A partir dessa constatação, pode-se afirmar que a empresa pode ter um amplo

espectro de inserção social em seu relacionamento com a sociedade. Nesse sentido,

Martinelli (1997) analisa as formas mais comuns de como uma companhia age nesse

processo interativo: a) de forma predatória em relação ao bem comum, prejudicando

pessoas, poluindo o meio ambiente; b) com neutralidade e indiferença, fazendo o

recolhimento dos impostos e esperando que o governo resolva os problemas sociais; c)

adotando uma postura pró-ativa visando encaminhar soluções para os problemas sociais.

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Diferentes definições foram identificadas tentando discutir o tema responsabilidade

social, levando, inclusive, Silva (2003) a afirmar que embora ainda não exista um consenso

sobre o que é responsabilidade social, há uma busca por uma linguagem compartilhada que

delimite o campo e norteie as ações nele empreendidas no Brasil e no mundo.

Aliglieri e Borinelli (2001) destacam três grandes visões de responsabilidade social:

como obrigação social, como aprovação social e como abordagem sistêmica dos

stakeholders. De acordo com Freeman (1984), os stakeholders podem ser definidos como

"qualquer grupo ou indivíduo que é afetado ou que afeta o alcance dos objetivos das

organizações" (p.46).

A primeira visão pode ser percebida através da definição do Geset

(www.bndes.gov.br):

Esse conceito expressa compromissos que vão além daqueles já compulsórios para as empresas, tais como o cumprimento das obrigações trabalhistas, tributárias e sociais, da legislação ambiental, de usos do solo e outros. Expressa, assim, a adoção e a difusão de valores, condutas e procedimentos que induzam e estimulem o contínuo aperfeiçoamento dos processos empresariais, para que também resultem em preservação e melhoria da qualidade de vida das sociedades, do ponto de vista ético, social e ambiental.

Nesse contexto, a empresa passa a incorporar outro significado para a sua

existência. Suas estratégias ganham dimensão que agregam valores alheios ao seu aspecto

de agente econômico. Dessa forma, pode-se dizer que a empresa amplia o seu escopo de

atuação, mobilizando recursos em prol do desenvolvimento sustentável.

É forçoso reconhecer que a empresa é mais do que isso, uma vez que além da realidade econômica, ela é também uma realidade humana e social. Mais do que os estoques acumulados ou os lucros contabilizados, a empresa vale pelas pessoas que a integram (Gonçalves, 1979, p.28).

Todo esse movimento crescente em torno da responsabilidade social da empresa

quase sempre é pautado por um interesse estreitamente ligado à questão da melhoria de sua

imagem institucional. Isso tem sua lógica, pois, de qualquer movimento empresarial,

espera-se algum ganho para a organização (Lima, 2005).

Todavia, é muito difícil relacionar ganhos de competitividade com responsabilidade

social. De acordo com Lima (2005), não existem casos no Brasil de empresas que tenham

aumentado os seus índices de competitividade por meio de uma postura socialmente

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responsável. O que pode haver, no entanto, é uma melhora do conceito da empresa na

sociedade, mediante o reconhecimento de que ela possui uma postura ética na condução de

seus negócios, não agredindo o espaço ecológico, investindo em projetos sociais para os

seus públicos interno e externo, não exercendo práticas abusivas de preços, não realizando

fraudes, não sonegando impostos, etc.

Já entrando, portanto, na visão de responsabilidade social como aprovação social

Cappelin & Giuliani (1999) destacam que não parece ser mais satisfatória, na busca da

eficiência e excelência empresarial, a tradicional alquimia do cálculo custo-benefício com o

aumento da produtividade e a ampliação das vendas ao mercado. Os critérios de avaliação

do sucesso começam a incorporar dimensões que vão além da organização econômica e

dizem respeito à vida social, cultural e à preservação ambiental.

Essas afirmações mostram a importância da responsabilidade social não apenas

como um mero conceito, mas como incentivadora de uma nova postura do meio

empresarial em relação à sociedade, concebendo valores que contribuam não somente para

o aperfeiçoamento dos mecanismos que sustentam a própria empresa, mas, sobretudo, que

promovam a produtividade social (Lima, 2005).

A relevância da responsabilidade social deve ser entendida de forma clara e precisa

pela sociedade, logo, todos os públicos da empresa devem ser beneficiados. É nesse sentido

que a terceira visão de responsabilidade social se encaixa.

Apoiar o desenvolvimento da comunidade e preservar o meio ambiente não são suficientes para atribuir a uma empresa a condição de socialmente responsável. É necessário investir no bem-estar dos seus funcionários e dependentes e num ambiente de trabalho saudável, além de promover comunicações transparentes, dar retorno aos acionistas, assegurar sinergia com os seus parceiros e garantir a satisfação dos seus clientes e/ou consumidores (Neto e Froes, 1999, p.78).

Nesse mesmo sentido, Carroll (2000) e a Business for Social Responsibility (2007) �

entidade norte-americana sem fins lucrativos - afirmam que a empresa tem que ser

lucrativa, porém, deve: respeitar as leis e normas; atingir ou exceder expectativas éticas,

legais, comerciais e públicas que a sociedade possui; adotar políticas e práticas que

considere as expectativas de consumidores, empregados, acionistas e comunidade; além de

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fazer atividades em favor deste último grupo por conta própria, ou seja, sem ter sido

obrigada.

O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (2007) � associação sem

fins lucrativos que visa mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerirem seus negócios

de forma socialmente responsável, para a construção de uma sociedade mais justa e

próspera � define o conceito seguindo esta mesma linha, ou seja, como uma forma de

conduzir os negócios da empresa de tal maneira que a torna parceira e co-responsável pelo

desenvolvimento social. Dessa forma, a empresa socialmente responsável deve ter a

capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes e conseguir incorporá-los no

planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas dos

acionistas ou proprietários.

Este trabalho pretende focar na terceira visão � responsabilidade social como

abordagem sistêmica dos stakeholders � por acreditar que a empresa, além de estar

preocupada com a sua imagem institucional e com sua obrigação e aprovação social, deve

estar comprometida com a sociedade no sentido de buscar atender às demandas de um

coletivo maior.

Atender a essas demandas implica estar mais próximo de todas as diferentes partes e

procurar entender as suas necessidades. Além disso, implica fazer com que o indivíduo se

sinta integrante de um todo chamado empresa e que essa sensação reverbere para um

sentimento de pertencimento a uma sociedade.

Como mostrado acima, o conceito de responsabilidade social não é claro para a

sociedade. Da mesma forma, é possível que os próprios profissionais de uma dada empresa

não tenham uma noção exata do que isso significa. Uma vez que a responsabilidade social

de uma empresa envolve necessariamente seus profissionais e que a compreensão do

conceito é de suma importância para o sucesso do projeto nessa área, é importante

investigar como a responsabilidade social é entendida, como primeiro passo para o

envolvimento dos colaboradores na promoção de uma contribuição mais efetiva da empresa

para a sociedade.

Entretanto, para que a empresa de fato assuma a sua responsabilidade social, é

importante que os envolvidos tenham clareza quanto ao que isso significa. O conceito de

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representação social pode contribuir para a investigação de como os funcionários de uma

empresa compreendem a responsabilidade social em uma determinada instituição.

2. O Conceito de Representação Social

Apesar de ser considerado um conceito complexo (Sá, 1996) e multifacetado

(Wargner, 2002), a representação social foi definida por Moscovici (1981) como:

(...) um conjunto de conceitos, proposições e explicações originados na vida cotidiana no curso de comunicações interpessoais. Elas são o equivalente, em nossa sociedade, dos mitos e sistemas de crenças das sociedades tradicionais; podem também ser vistas como a versão contemporânea do senso comum (Moscovici, 1981, p.181).

Tal noção foi baseada no conceito de representações coletivas de Durkheim2 e se

configura a partir de três dimensões: informação, campo de representação ou imagem e

atitude (Moscovici, 1976). A primeira se refere à �organização dos conhecimentos que um

grupo possui a respeito de um objeto social� (p.61); a segunda �remete a idéia de imagem,

de modelo social, ao conteúdo concreto e limitado das proposições acerca de um aspecto

preciso do objeto da representação social� (p.67); e a terceira foca a �orientação global em

relação ao objeto da representação social� (p.69).

Seguindo esta mesma linha de raciocínio, Minayo (2002) afirma que a

representação social é um termo filosófico que significa a reprodução de uma percepção

retida na lembrança ou do conteúdo do pensamento, ou seja, imagens construídas sobre o

real.

Completando a definição, Ibañez (1988) aponta as questões sociológicas como

fundamentais para a constituição do conceito já que está sendo influenciado por elementos

de natureza muito distintos: fatores afetivos, inserções sociais, sistemas de valores,

processos cognitivos.

2 Para Durkheim, a vida coletiva é integrada pelos fatos sociais e a consciência coletiva de que esta dotada é, por sua vez, integrada por representações coletivas: efeitos que se sobrepõem aos indivíduos que compõem a coletividade e que refletem a própria coletividade. As representações coletivas diferem das representações individuais, assim como a associação de seres humanos produz um todo que se sobrepõe as partes que o formam (Durkheim, 1998).

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Outros autores também têm proposto definições que não comprometem a

integridade do conceito e que merecem ser elucidadas: Jodelet (1989) o apresenta como

�uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, que tem um objetivo

prático e concorre para a construção de uma realidade comum a um conjunto social� (p.

36). Acrescenta ainda que considera esta noção um saber prático que liga um sujeito a um

objeto de natureza social, material ou ideal.

Nesse sentido, a representação se encontra em uma relação de simbolização (está no

seu lugar) e de interpretação (confere-lhe significados) ao mesmo tempo em que é uma

construção e uma expressão do sujeito (Jodelet, 1989).

Segundo Jovchelovitch (2000), as representações sociais são, portanto, fenômenos

simbólicos produzidos na esfera pública e são sempre a representação de um objeto, ou

seja, elas ocupam o lugar de alguma coisa. Nesse sentido, elas ativamente re-constroem a

realidade, de uma forma autônoma e criativa. Expressam, por assim dizer, o trabalho do

psiquismo humano sobre o mundo e representam e espaço do sujeito social, lutando para

dar sentido, interpretar e construir o mundo em que ele se encontra (Jovchelovitch, 2000).

Repudiando uma perspectiva consensual, pois acredita que a pluralidade permite

explicar a variedade das expressões individuais de uma representação, Doise (1990), a

define como sendo princípios geradores de tomadas de decisão referentes a inserções

específicas em um conjunto de relações sociais e que organizam os processos simbólicos

que intervém nessas relações.

Abric (2001) toma como hipótese geral que toda e qualquer representação se

organiza em torno de um núcleo central (elemento fundamental da representação), que, por

ser estruturante da representação, tem função geradora (cria ou transforma a significação

dos outros elementos da representação) e organizadora (determina a natureza dos vínculos

que unem entre si os demais elementos da representação).

O núcleo central é um subconjunto da representação cuja ausência desestruturaria

ou daria uma significação radicalmente diferente à representação em seu conjunto. Por

outro lado, é o elemento mais estável da representação, o que mais resiste à mudança. Uma

representação é suscetível de evoluir e de se transformar superficialmente por uma

mudança no sentido ou na natureza de seus elementos periféricos. Contudo, o núcleo só

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muda de significação quando é questionado firmemente pela sociedade (Assis; Avanci;

Santos; Malaquias & Oliveira, 2004).

Nos diversos textos que lidam com as representações sociais enquanto formas de

conhecimento prático, são destacadas diversas funções, entre elas: orientação das condutas

e das comunicações (função social); proteção e legitimação de identidades sociais (função

afetiva) e familiarização com a novidade (função cognitiva) (Spink, 1993).

A função cognitiva de familiarização com a novidade, ou seja, transformar algo

potencialmente ameaçador em familiar, permite evidenciar os dois principais processos

envolvidos na elaboração das representações: ancoragem e objetivação (Moscovici, 1981).

A ancoragem refere-se à inserção orgânica do que é estranho no pensamento já constituído. Ou seja, ancoramos o desconhecido em representações já existentes. (...) um processo de domesticação da novidade sob a pressão dos valores do grupo, transformando-a em um saber capaz de influenciar, pois "nos limites em que ela penetrou numa camada social, também se constitui aí num meio capaz de influenciar os outros e, sob esse aspecto, adquire status instrumental". Em suma, a ancoragem é feita na realidade social vivida, não sendo, portanto, concebida como processo cognitivo intra-individual (Spink, 1993, p.132).

A cristalização de uma representação nos leva ao segundo processo: a objetivação.

Ela é essencialmente uma operação que forma imagens, ou seja, o processo através do qual

noções abstratas são transformadas em algo concreto, quase tangível. Este processo implica

três etapas: primeiramente, a descontextualização da informação através de critérios

normativos e culturais; em segundo lugar, a formação de um núcleo figurativo, a formação

de uma estrutura que reproduz de maneira figurativa uma estrutura conceitual; e,

finalmente, a naturalização, ou seja, a transformação destas imagens em elementos da

realidade (Spink, 1993).

As representações sociais se manifestam em palavras, sentimentos e condutas e se

institucionalizam, sendo necessário, portanto, serem analisadas a partir da compreensão das

estruturas e dos comportamentos sociais (Minayo, 2002). Sua medição é a linguagem,

tomada como forma de conhecimento e de interação social (Minayo, 2002).

Segundo Bakhtin (1986), �a palavra é o fenômeno ideológico por excelência. A

palavra é o modo mais puro e sensível de relação social� (p.36). Particularmente quando se

trata da comunicação da vida cotidiana, a palavra é fundamental, pois é tecida a partir de

uma multidão de fios ideológicos e servem de trama para as relações sociais em todos os

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domínios (Minayo, 2002). Indo mais além, a mesma autora afirma que �porque as palavras

não são a realidade, mas uma fresta iluminada: representam!� (p. 110).

Por serem ao mesmo tempo ilusórias, �verdadeiras� e contraditórias, as

representações podem ser consideradas matéria-prima para a análise social, pois retratam e

refratam a realidade segundo determinado segmento da sociedade (Minayo, 2002). Além

disso, é exatamente na esfera pública, ou seja, nos cafés, nas ruas, nos meios de

comunicação, nas instituições sociais e assim por diante que as representações sociais estão

radicadas (Moscovici, 1984). Segundo Jovchelovitch (2000):

Este é o espaço em que elas incubam, se cristalizam e são transmitidas. É no encontro público de atores sociais, nas várias medições da vida pública, nos espaços em que sujeitos sociais reúnem-se para falar e dar sentido ao quotidiano que as representações sociais são formadas. Enquanto fenômeno elas expressam, em sua estrutura interna, permanência e diversidade, tanto a história como realidades atuais (p.40).

Em suma, a representação social é uma ferramenta que o ser humano utiliza para

explicação da realidade, sendo que tal explicação pode ser baseada em informações

adquiridas ou experiências concretas. Nesse sentido, como a representação social é uma

dessas interrogações, o conceito de representação social será útil para a investigação que

este trabalho propõe.

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3. Método 3.1 Amostra

O estudo foi desenvolvido segundo a Teoria das Representações Sociais, no âmbito

da Psicologia Social, utilizando também uma proposta complementar a esta teoria: a teoria

do núcleo central.

As representações sociais são um conjunto de conceitos, proposições e explicações

originados na vida cotidiana e no curso de comunicações interpessoais, conferindo às

representações uma definição de ciências coletivas destinadas à interpretação e à

elaboração do real (Moscovici, 1978). Dentro da mesma abordagem processual, define-se

representações sociais como uma forma de conhecimento socialmente elaborada e

partilhada, tendo uma orientação prática e concorrendo para a construção de uma realidade

comum a um conjunto social (Jodelet, 2001).

Nesse sentido, uma representação é constituída de um conjunto de crenças,

informações, de opiniões e de atitudes a propósito de um dado objeto social (Abric, 1994).

Além disso, o mesmo autor ainda comenta que a organização de uma representação social

apresenta uma característica específica de ser organizada em torno de um núcleo central,

constituindo-se em um ou mais elementos, que dão significado à representação.

Abric (1994) propõe, então, a organização das representações sociais ao redor do seu

núcleo central, sendo este o elemento que subsidia seu sentido fundamental e inflexível.

Dessa forma, como característica ontológica de um núcleo central de determinada

representação, ressalta-se a natureza do objeto representado, o tipo de relações que o grupo

mantém com este objeto e o sistema de valores e padrões sociais que constituem o ambiente

de vida, em sua dimensão objetiva ou subjetiva, do indivíduo e do grupo.

Para a busca da existência e constituição do núcleo central de responsabilidade

social, será utilizada a técnica de Pierre Vergès (1992), na qual há a combinação da

freqüência de emissão das palavras e/ou expressões e a ordem que são evocadas, criando

categorias. As palavras e/ou expressões que aparecem mais de duas vezes são agrupadas em

categorias e depois ranqueadas pela ordem média que foram evocadas pelos sujeitos.

22

Com esses dois dados em mãos, é realizada uma média da posição ocupada pela

palavra/expressão nos dois rankings (freqüência e ordem de evocação), para estabelecer

aquelas que mais representam o conceito.

A combinação desses dois critérios, freqüência de evocação e ordem médias de

evocações de cada palavra, permite o levantamento das que mais provavelmente refletem a

representação social de responsabilidade social.

Após a aprovação do Comitê em Ética e Pesquisa da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo, foram entrevistados 23 funcionários de uma empresa do ramo de

engenharia da cidade de São Paulo. Trata-se de uma amostra conveniente, uma vez que a

pesquisadora trabalha nessa companhia, embora não diretamente com os participantes.

O número de participantes foi determinado a partir de dados estatísticos baseados na

variável aleatória responsabilidade social, mais especificamente como os funcionários da

Empresa se colocam sobre este tema.

Tal variável pode ser classificada como qualitativa nominal, pois, de acordo com

Moretin & Bussab (2006) pode-se classificar as variáveis objetos de estudo em dois grupos

distintos: (i) quantitativas, aquelas que podem ser mensuradas através de unidades de

contagem (metro, grama, unidades monetárias, etc.) ou (ii) qualitativas, as quais tem como

resposta diferentes categorias sem valores numéricos associados de forma natural a essas

categorias. Além disso, dentro do grupo de variáveis qualitativas, pode-se dividir em dois

subgrupos: (i) categóricas, variáveis que podem ser classificáveis (exemplo ótimo, bom,

regular e ruim) e (ii) nominais, as quais não é possível classificar (exemplo raça, cor,...).

Além de responsabilidade social ser uma variável qualitativa nominal, a forma

como este trabalho pretende abordar o problema, via entrevista aberta, a torna mais difícil

quando se trata da utilização de uma metodologia quantitativa na determinação do tamanho

amostral.

Como forma de solucionar esta problemática, assumiu-se a hipótese de que o nível

hierárquico dos funcionários tem alta correlação com a resposta dos mesmos sobre

responsabilidade social. Desta forma, criou-se uma nova variável, também qualitativa

nominal, como proxy para variável objetivo.

Dado que tanto a proxy quanto responsabilidade social são variáveis qualitativas

nominais, a primeira vista parece que a primeira não trouxe ganho para a metodologia do

23

presente trabalho. Entretanto, vale ressaltar que o universo de resposta dos funcionários

com relação à variável objetivo tende ao infinito, enquanto a �proxy� apresenta apenas seis

respostas possíveis: diretor, coordenador, engenheiro, técnico, analista e assistente.

Com base nesta nova variável, criou-se uma escala de valores que varia de 0 (zero) a

1 (um) para classificar cada nível hierárquico:

Hierarquia Categoria

Diretor 1,00 Coordenador 0,75 Engenheiro 0,60

Técnico 0,50 Analista 0,45

Assistente 0,20

Com base na tabela acima e em posse das informações dos trezentos e quarenta e

três funcionários da empresa, calculou-se a média e a variância populacional da variável,

que são, respectivamente, 0,54 e 0,05.

Além disso, para o cálculo do tamanho amostral, dois fatores interferiram

diretamente no seu dimensionamento:

a. Estabelecimento do erro máximo permissível ε (erro-padrão)

b. O valor do intervalo de confiança (probabilidade de acerto)

Estes dois fatores quando combinados informam qual o tamanho máximo do erro

que se está cometendo (erro-padrão) ao inferir um resultado com uma determinada

probabilidade de acerto (nível de confiança) (Nogueira, Monico & Tachibana, 2004). Por

exemplo, se escolhêssemos um erro padrão de 10% com 90% de nível de confiança, pode-

se dizer que com 90% de certeza o erro máximo entre a resposta obtida na pesquisa e o

resultado real não ultrapassa 10%.

Neste trabalho, assumiu-se erro-padrão de 5% e um nível de confiança equivalente a

75% e, baseado na fórmula abaixo,

222

22

*)1( σεσ

zNNzn+−

=

24

onde:

n é o tamanho amostral

N é o número de funcionários da Empresa 2σ é a variância populacional

2z é o valor da distribuição normal baseado no nível de confiança

ε é o erro-padrão

chegou-se em um número de 23 funcionário.

Como salientado anteriormente, este é o tamanho da amostra para a variável

�proxy�, porém dada a correlação assumida pela presente autora entre nível hierárquico e

responsabilidade social, tomou-se a liberdade de utilizar este número como o necessário

para caracterizar o que representa responsabilidade social para os funcionários da Empresa.

Sendo a participação totalmente voluntária, aqueles que aceitaram, assinaram um

Termo de Consentimento (anexo I).

3.2 Instrumento

Para responder o problema de pesquisa foi usado o método da associação ou

evocação livre proposto por Abric (1994): pede-se a cada participante que, a partir do

termo responsabilidade social, diga as palavras ou expressões que lhe tenham vindo

imediatamente à lembrança.

Segundo o autor, o caráter espontâneo, logo, menos controlado, e a dimensão

projetiva dessa produção, deveriam permitir o acesso aos elementos que constituem o

universo semântico do termo estudado. �A associação livre permite a atualização de

elementos implícitos ou latentes� (Abric, 1994, p.66) e utiliza o discurso como produção de

sentido que é uma prática social, essencialmente dialógica, que freqüentemente implica o

uso de conceitos expressos em linguagem (Spink, 1996).

Como conhecer a realidade é conhecer um ou mais discursos, pois estes podem

competir entre si ou criar versões da realidade que são distintas e incompatíveis, este

trabalho pretende focar no discurso dos participantes, nas suas vozes, nos seus pontos de

vista, para uma compreensão total da produção de sentido da representação social.

25

3.3 Procedimento

O método foi aplicado individualmente no próprio local de trabalho, em um

ambiente reservado. As sessões foram gravadas e sem uma duração pré-estabelecida para

que o máximo de associações pudessem ser feitas e registradas com precisão.

Com o intuito de acessar espontaneamente o universo semântico do conceito de

responsabilidade social, não houve nenhum preparo do participante, pois acredita-se que

dessa forma as relações vieram de maneira mais pura, não sendo atravessadas por nenhuma

explicação prévia.

Quando o participante estava acomodado, a entrevistadora explicava que se tratava

de um trabalho de conclusão de curso, que buscava entender o que profissionais daquela

empresa entendem por um determinado conceito que seria dito em breve. Era pedido para

que lesse o Termo de Consentimento (anexo I) e assinasse as duas vias caso não se

opusesse a nenhuma das condições. Uma das vias ficava com a entrevistadora e a outra era

entregue ao participante.

Com o Termo assinado, fazia-se a seguinte pergunta ao participante: Diga-me todas

as palavras ou expressões que lhe vem à cabeça referente ao termo responsabilidade

social.

Iniciava-se a gravação, que só era parada quando o participava sinalizava que não

lhe vinha à mente mais nenhuma palavra ou expressão.

26

4. Análise dos Dados Para a análise dos dados, foi utilizada a técnica de Pierre Vergès (1992), na qual há

a combinação da freqüência de emissão das palavras e/ou expressões e a ordem que são

evocadas, criando categorias. As palavras e/ou expressões que apareceram mais de duas

vezes foram agrupadas em categorias e depois ranqueadas pela ordem média que foram

evocadas pelos vinte e três sujeitos.

Com esses dois dados em mãos, foi realizada uma média da posição ocupada pela

palavra/expressão nos dois rankings (freqüência e ordem de evocação), para estabelecer

aquelas que mais representam o conceito.

A combinação desses dois critérios, freqüência de evocação e ordem médias de

evocações de cada palavra, permitiu o levantamento das que mais provavelmente reflitam a

representação social de responsabilidade social.

Após a transcrição das entrevistas, foram listadas todas as palavras e/ou expressões

citadas (anexo II). A partir delas, formou-se categorias provisórias por similaridade de

conteúdo, independentemente da freqüência com que foram evocadas (anexo III).

Para que as categorias finais de análise fossem organizadas, uniu-se palavras das

categorias provisórias que tinham o mesmo sentido, e as classificou por ordem de

freqüência de evocação, excluindo agora aquelas que apareceram apenas uma vez.

A categoria �ação� (Fig.1) foi subdividida em ação de conduta da empresa e ação

de conduta do indivíduo, englobando palavras/expressões que tem como sentido as atitudes

necessárias, de ambas as partes, para exercer a responsabilidade social. Relacionadas à

palavra controle (9% de freqüência de evocação), por exemplo, estão o controle de

encargos trabalhistas e controle de hora extra, ou seja, medidas que a empresa deve tomar

para, de acordo com os participantes, praticar a responsabilidade social.

No mesmo sentido, a expressão relacionamento externo, que teve uma freqüência

de 9% de evocação pelos participantes, diz respeito a relacionamento com clientes e

fornecedores, demonstrando outra atitude que a empresa deve ter para exercer a

responsabilidade social.

Dentro da subdivisão ação de conduta do indivíduo, a palavra economia (13% de

freqüência de evocação) se refere à economia de luz, água e produtos poluentes, ou seja,

27

atitudes que o ser humano deve ter para, segundo alguns participantes, ser socialmente

responsável.

Tabela 1

Palavras/Expressões da Categoria �Ação� Categoria "Ação"

Ação de conduta da empresa Ação de conduta do cidadão Palavra/Expressão Freqüência Palavra/ Expressão Freqüência Trabalho Voluntário 7 (30%) Trabalho Voluntário 10 (43%)

Controles 2 (9%) Agir 6 (26%) Relacionamento Externo 2 (9%) Doar 3 (13%)

Economia 3 (13%) Reciclar 2 (9%) Não sujar a rua 2 (9%)

A categoria �os envolvidos� (Fig.2) englobou palavras/expressões que remetiam aos

participantes diretos da responsabilidade social, sendo executores � sociedade, ser humano,

empresa, governo, etc. - ou receptores � instituição de caridade, meio ambiente, cultura, etc.

Tabela 2 Palavras/Expressões da Categoria �Os Envolvidos�

Categoria "Os Envolvidos" Palavra/Expressão Freqüência

Sociedade 15 (65%) Meio Ambiente 10 (43%)

Ser humano 5 (22%) Empresa 5 (22%) Governo 2 (9%)

Instituição de Caridade 2 (9%) Saúde 2 (9%)

Cultura 2 (9%) Sustentabilidade 2 (9%)

Criança 2 (9%) Alimentação 2 (9%)

A categoria �objetivo� (Fig.3) seguiu o critério de palavras/expressões que tem

como sentido a meta que se deseja alcançar ao ser exercida a responsabilidade social.

Dentro de futuro, por exemplo, foram mencionados, com uma freqüência de 26%, tanto o

28

futuro do planeta como o futuro das crianças, demonstrando uma preocupação e uma

vontade de melhoria de ambos.

Tabela 3

Palavras/Expressões da Categoria �Objetivo� Categoria "Objetivo"

Palavra/Expressão FreqüênciaFuturo 6 (26%)

Bem Coletivo 4 (17%) Impacto 3 (13%)

Salvar o mundo 2 (9%)

A categoria �características� (Fig.4) englobou palavras/expressões que tem o

sentido de qualidades necessárias para quem quer ser, de acordo com os participantes,

socialmente responsável.

A palavra responsabilidade, que teve 65% de freqüência de evocação, foi

relacionada tanto ao governo como ao indivíduo, demonstrando ser uma característica

necessária a todos para a prática da responsabilidade social.

Com relação à palavra direitos (17% de freqüência de evocação), alguns

participantes citaram o direito de ter e o direito de ser, novamente ligados tanto a pessoa

física, como a pessoa jurídica. Portanto, independentemente de quem seja, ser responsável e

exercer seus direitos, são características necessárias, de acordo com os participantes, para a

realização da responsabilidade social.

29

Tabela 4 Palavras/Expressões da Categoria �Características�

Categoria "Características" Palavra/Expressão FreqüênciaResponsabilidade 15 (65%)

Cuidado 7 (30%) Comprometimento 5 (22%)

Preocupação 4 (17%) Direitos 4 (17%)

Ética 4 (17%) Trabalho em Equipe 4 (17%)

Força de Vontade 3 (13%) Deveres 2 (9%)

Altruísmo 2 (9%)

A categoria �cognição� (Fig.5) possui apenas uma palavra, pois todas as

mencionadas tinham exatamente o mesmo sentido: ser necessário ter a consciência do que

significa o termo responsabilidade social para poder exercê-la. Em outras palavras, a

internalizar o conceito por trás do termo é fundamental.

Dentre as que foram citadas pelos participantes estão conscientização e awarness.

Tabela 5 Palavras/Expressões da Categoria �Cognição�

Categoria "Cognição" Palavra/Expressão Freqüência

Consciência 15 (65%)

Na categoria �educação� (Fig.6) buscou-se agrupar palavras/expressões que

remetiam à informação necessária para se praticar a responsabilidade social. Apesar de

possuir apenas uma palavra, ela engloba desde educação escolar até o ensinamento que os

pais devem dar à criança e o entendimento de povos e do mundo.

Tabela 6

Palavras/Expressões da Categoria �Educação� Categoria "Educação

Palavra/Expressão FreqüênciaEducação 12 (52%)

30

Como para a análise também é necessário considerar a ordem média em que a

palavra/expressão é evocada, fez-se um ranking (Fig.7) para levantar essa informação.

Nesse ranking, no entanto, considerou-se apenas aquelas palavras com freqüência maior de

6 (26%), para que todas as categorias fossem englobadas e a análise refletisse com mais

precisão a representação social da responsabilidade social.

Tabela 7

Ordem média de evocação da palavra/expressão

Palavra/Expressão Posição ocupada Média das posições

Responsabilidade 6ª; 7ª; 8ª; 5ª; 1ª; 7ª; 1ª; 3ª; 4ª; 2ª; 3ª; 2ª; 10ª; 4ª 4ª Cuidado 2ª; 2ª; 5ª; 6ª; 3ª; 4ª; 3ª 4ª

Meio Ambiente 5ª; 10ª; 4ª; 2ª; 11ª; 2ª; 1ª; 2ª; 6ª; 3ª 5ª Futuro 4ª; 6ª; 2ª; 1ª; 8ª; 11ª 5ª

Consciência 1ª; 1ª; 10ª; 2ª; 9ª; 8ª; 14ª; 2ª; 1ª; 11ª; 12ª; 6ª; 3ª; 4ª; 9ª 6ª Trabalho Voluntário (indivíduo) 2ª; 4ª; 9ª; 5ª; 5ª; 9ª; 10ª 7ª

Sociedade 4ª; 8ª; 4ª; 8ª; 1ª;3ª; 9ª; 12ª; 3ª; 13ª; 15ª; 4ª; 5ª; 4ª;11ª 7ª Trabalho Voluntário (empresa) 16ª; 18ª; 18ª; 5ª; 2ª; 3ª; 7ª 7ª

Agir 3ª; 15ª; 21ª; 7ª; 2ª; 3ª 8ª Educação 10ª; 3ª; 7ª; 8ª; 16ª; 9ª; 11ª; 12ª; 12ª; 1ª; 19ª; 10ª; 10ª

Cruzando os dois dados: freqüência e ordem média de evocação das

palavras/expressões, através de média aritmética (Fig.8), conclui-se que responsabilidade,

sociedade, educação e consciência são as palavras que refletem a representação social da

responsabilidade social.

31

Tabela 8 Média aritmética entre freqüência e média das posições

Palavra/Expressão Freqüência Média das posições Média AritméticaResponsabilidade 15 4 11.5

Cuidado 7 4 5.5 Meio Ambiente 10 5 7.5

Futuro 6 5 5.5 Consciência 15 6 10.5

Trabalho Voluntário (indivíduo) 10 7 8.5 Sociedade 15 7 11

Trabalho Voluntário (empresa) 7 7 7 Agir 6 8 7

Educação 12 10 11

32

Conclusão Uma vez que a responsabilidade social de uma empresa envolve necessariamente

seus profissionais e que a compreensão do conceito é de suma importância para o sucesso

do projeto nessa área, é importante investigar como a responsabilidade social é entendida,

como primeiro passo para o envolvimento dos colaboradores na promoção de uma

contribuição mais efetiva da empresa para a sociedade.

Nesse sentido, como no processo de elaboração da representação há predominância

do social sobre o individual, pois o pensamento social é produzido coletivamente, as

representações sociais orientam a conduta e a comunicação social e estabelecem uma

realidade sócio-cultural comum.

Tal fato leva, inclusive, Minayo (2002) a afirmar que a razão pela qual as palavras

representam é porque não são realidade, mas uma fresta iluminada. No caso desse trabalho

conclui-se que as palavras responsabilidade, sociedade, educação e consciência iluminaram

o termo representação social, trazendo a tona a forma que uma empresa de engenharia da

cidade de São Paulo vê este conceito.

Não deixando de levar em consideração que o próprio termo responsabilidade social

já trás em si mesmo as palavras responsabilidade e sociedade, é possível, através da análise

do sentido de cada uma dessas palavras, enxergar o panorama completo de como o termo é

compreendido.

Responsabilidade foi colocada tanto individual quanto coletiva, sendo a palavra

sociedade vindo automaticamente ligada à ela nas explicações espontâneas dos

participantes. Um exemplo é quando é dito �(...) responsabilidade dos indivíduos e das

empresas. Dos indivíduos é não jogar papel no chão, reciclar e tal. Da empresa é se

preocupar com o funcionário, controlar os encargos trabalhistas, pagar em dia e controlas as

horas extras� (sic).

Englobada na palavra consciência estão os termos conscientização e awarness,

sendo que cada um deles foi relacionado pelos participantes a diversas instâncias: governo,

indivíduo e empresa.

Educação foi colocada como necessária na escola, de pai para filho e da sociedade

para o indivíduo, demonstrando que vai além de qualquer muro ou ambiente formal.

33

Observa-se, portanto, uma retroalimentação entre todos os termos. Um exemplo

seria: a partir da educação e da experiência concreta, o indivíduo adquire consciência do

seu pertencimento e da sua responsabilidade para com a sociedade e esta o fornece mais

informações e vivências para que o ciclo se inicie novamente (Fig. 9).

Fig. 9 � Esquema de retroalimentação da representação social de responsabilidade social

No entanto, esse seria apenas uma possibilidade, já que uma palavra retroalimenta a

outra, sem ter necessariamente uma ordem pré-determinada (Fig. 10).

Fig.10 � Retroalimentação das palavras do núcleo central

Esta retroalimentação representada na Fig.10 gera a objetivação da representação de

responsabilidade social, pois noções abstratas são transformadas em algo concreto, ou seja,

há a cristalização da representação.

34

Sociedade, consciência, responsabilidade e educação constituem o núcleo central,

pois sua ausência desestruturaria ou daria um significado radicalmente diferente à

representação em seu conjunto. Como núcleos periféricos estariam todas aquelas palavras

com freqüência maior ou igual a 6 (Fig.10), ranqueadas na Tabela 8.

Fig. 11 � Núcleo central e núcleos periféricos

O que produziu esse núcleo central é chamado de ancoragem, ou seja, a resposta à

pergunta do porquê são exatamente essas palavras que o compõe.

No caso da responsabilidade social, um tema muito em pauta nos dias de hoje, uma

das explicações pode ser o bombardeamento de informações com relação ao provável breve

fim do planeta e a globalização. Tais fatos podem ter conscientizado a população da

necessidade do coletivo e de uma ação responsável pró-ambiente.

Com a globalização, as fronteiras se expandiram e a noção de que os interesses

coletivos devem estar acima do individual foram se sedimentando. Percebeu-se o quanto se

tem para fazer e o quanto não será eficaz se não houver uma noção de sociedade. Essas

ações, além de recuperativas devem ser preventivas. É nesse momento que se ouve falar,

através dos meios de comunicação, de consumo responsável e outras responsabilidades que

o indivíduo e o grupo devem ter.

35

Como solução para esse problema, é sempre colocado a educação e a

conscientização da população, sendo ela em casa, na escola ou no convívio em sociedade.

Conclui-se, portanto, que os profissionais dessa empresa específica entendem

responsabilidade social por educação, consciência, responsabilidade e sociedade.

Entretanto, para que a instituição de fato assuma a sua responsabilidade social, é importante

que os envolvidos tenham clareza quanto ao que isso significa.

Nesse sentido, a empresa que deseja que seu programa seja efetivo deve investigar o

que seus profissionais entendem por responsabilidade social e analisar se é essa imagem

que se pretende passar.

O presente trabalho traz uma contribuição inédita sobre a representação social da

responsabilidade social. No entanto, reconhece as suas limitações por ter sido realizado em

apenas uma empresa da cidade de São Paulo. Essa complementação dependeria de maior

incursão no campo e abrangência da amostra.

36

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ANEXO I

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Eu, ___________________________________________, R.G:

______________, declaro, por meio deste termo, que concordei em ser entrevistado(a) na pesquisa de campo referente à pesquisa intitulada �Responsabilidade Social: uma visão psicológica� desenvolvida pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Fui informado(a), ainda, de que a pesquisa é orientada por Mayra Rocha Carbone, a quem poderei contatar a qualquer momento que julgar necessário através do telefone nº 9999 6809 ou e-mail [email protected].

Afirmo que aceitei participar por minha própria vontade, sem receber qualquer incentivo financeiro e com a finalidade exclusiva de colaborar para o sucesso da pesquisa. Fui informado(a) dos objetivos estritamente acadêmicos do estudo, que, em linhas gerais é investigar a representação social de responsabilidade social de profissionais de uma empresa da cidade de São Paulo.

Fui também esclarecido(a) de que os usos das informações por mim oferecidas estão submetidos às normas éticas destinadas à pesquisa envolvendo seres humanos, da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde.

Minha colaboração se fará de forma anônima, por meio de uma entrevista aberta a ser gravada a partir da assinatura desta autorização. O acesso e a análise dos dados coletados se farão apenas pela pesquisadora e seu orientador.

Estou ciente de que, caso eu tenha dúvida ou me sinta prejudicado(a), poderei contatar a pesquisadora responsável ou seu orientador, ou ainda o Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, situado na Rua Ministro Godói, 969. Perdizes. - São Paulo (SP) � Brasil, CEP 05015-001, telefone (11) 3670 8466, e-mail: [email protected].

A pesquisadora principal da pesquisa me ofertou uma cópia assinada deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme recomendações da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).

Fui ainda informado(a) de que posso me retirar dessa pesquisa a qualquer momento, sem prejuízo para meu acompanhamento ou sofrer quaisquer sanções ou constrangimentos.

São Paulo, ____ de _________________ de _____

Assinatura do(a) participante: ______________________________

Assinatura da pesquisadora: ____________________________

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ANEXO II Consciência Informação Participação Humanidade Senso Comum Responsabilidade Responsabilidade por si Responsabilidade pelo ambiente Criança Ensinar os filhos Não desperdiçar água Reciclar lixo Economizar ou não usar produtos que não dependam de embalagens Conscientização Cuidado Educação Futuro Responsabilidade de todos Marketing Escolas ensinam pouco Pais ensinam pouco Mais do que Amazônia Brasil está melhor do que países de primeiro mundo Pessoas não acreditam, acham que a água não vai acabar Ricos acham que sempre vão conseguir comprar água, ela não vai acabar Alimentação Fome Começa em casa, desde criança Pais têm que dar exemplo

Prédios não têm lixo reciclável Não tem no meu prédio, então não vou reciclar Gratificante quando fazemos a nossa parte Pessoas não fazem a parte delas Pessoas deixam para o governo Educação Não jogar chiclete Economia de água Economia de luz Cuidar do próximo Ajudar Bem coletivo Benefício maior do que o individual Qualidade de vida Preocupação com gerações futuras Meio ambiente Preocupação com desenvolvimento acadêmico Educação Conscientização Meio Ambiente Doações Instituições de Caridade Doação de sangue Ajuda Fuga da Rotina Direitos Deveres Respeito Civilidade Meio Ambiente Equilíbrio Sociedade Coletivo

Participação Consciência Ação Comunidade União Comunicação Grupo Conhecimento Consciência Política Entendimento do mundo Entendimento de povos Conhecimento Econômico Atitude Garra Força de Vontade Apoio de todas as partes Responsabilidade Solidariedade Direitos Direito de ser Direito de ter Sociedade mais justa Pé no chão Consciência Serviço Social Mundo mais justo Pessoa Empresa Cumprir Preocupação Ética Cultura Dever Conhecimento Comportamento Responsabilidade Respeito Ser humano Ambiente Comunidade Educação

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Conscientização Desenvolvimento Ação Resultado Transformação Sustentabilidade Formação Processos Conduta Impacto Abrangente Várias Vertentes Economia Ecologia Relação Trabalho-Homem Relação Empresa-Trabalhador Segurança do Trabalho Não é só Filantropia Questões ambientais Questões trabalhistas Relação trabalho-máquina Relação máquina-homem Macro Envolve todas as áreas Saúde Norma SA8000 Hora extra Controle e monitoramento de acidentes Controle de horas extras Controle de encargos trabalhistas Mão de obra infantil Mais abrangente que assistência social Responsabilidade Comprometimento Saúde Valores Ética Salvar o mundo Futuro

Consciência Responsabilidade Viver bem Conscientização Humildade O que as pessoas acreditam Educação Futuro Cidadania Criança Serviço Social Bondade Compromisso Dedicação Beneficente Caridade Respeito Compartilhar Grupo Conjunto Pessoas que se envolvem em uma causa Ambiente Sociedade Apoio Futuro Aquecimento Global Comprometimento Dedicação Envolvimento Responsabilidade Seriedade Preocupação Interesses Sociais Empresas Privadas União de empresas Governo precisa se preocupar mais Conscientização Responsabilidade Altruísmo Sociedade Senso de colaboração com a sociedade Papel na sociedade

Importância Colaboração Trabalho em equipe Contribuição social Grupo Empresa Diferentes focos Evitar Generalização Não é obrigação Solidariedade Deve vir de dentro Mídia Formação pessoal Visão crítica O que fiz para contribuir? Que marca eu deixei? Não está atrelada a gente carente Preocupação com o outro Preocupação com a cultura de todos Não corrigir racismo Não é filantropia Não jogar papel no chão Pegar papel do chão Órfão Idosos Pessoas Carentes Massagem de ego Ética Honestidade Preocupação com o futuro Preocupação em criar um ambiente melhor Contradição social Engajamento pessoal Reciclagem Pró-atividade Trabalho voluntário Educação Consciência Awarness Modelo insustentável Solidariedade

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Amor Cuidado Atenção Preocupação com o próximo Preocupação com o ambiente Preocupação com o mundo Ética Relacionamento com público interno Responsabilidade com os funcionários Benefícios adequados Pagamento no dia certo Impacto no meio ambiente Minimizar impacto Melhorar a sociedade

Melhor infra-estrutura Melhor Educação Relacionamento com clientes Relacionamento com fornecedores Compromisso Meio ambiente Sociedade Família Empresa Governo Si próprio Colaborar com o mundo Cultura Responsabilidade Cuidado Conhecimento Reconhecimento Conscientização

Ação Poucas empresas fazem Ações sociais Voluntariado Meio ambiente União entre empresas Individual Grupo Obrigação de empresas Ação Cidadão Pessoa Creche Floresta Conscientização Comunidade Sociedade Grupo Programas Sociais

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ANEXO III Observação: Entre parênteses aparece a freqüência de evocação da palavra. CATEGORIA �AÇÃO�: - Participação - Não desperdiçar água - Reciclar (2) - Economizar ou não usar produtos tóxicos - Não jogar chiclete no chão (2) - Economizar luz - Ajudar (2) - Doar - Doar Sangue - Agir (5) - Trabalho Voluntário (7) - Controle de encargos trabalhistas - Norma SA8000 - Controle de hora extra - Caridade (2) - Pegar papel no chão - Comportamento - Pagamento no dia certo - Benefícios adequados - Relacionamento com clientes - Relacionamento com fornecedores CATEGORIA �OS ENVOLVIDOS�: - Humanidade (2) - Criança (2) - Mais do que a Amazônia - Alimentação - Fome - Meio Ambiente (10) - Instituição de caridade (2) - Sociedade (6) - Comunidade (2) - Grupo (5) - Pessoa (3) - Empresa (6) - Cultura (2) - Ser humano (2) - Sustentabilidade (2) - Economia - Ecologia

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- Relação trabalho X homem - Relação empresa X trabalhador - Segurança do trabalho - Relação trabalho X máquina - Saúde (2) - Mão de obra infantil - Aquecimento global - Governo (2) - Órfão (2) - Idoso - Brasil - Mídia - Família CATEGORIA �OBJETIVO�: - Futuro (5) - Preocupação com gerações futuras (2) - Sociedade mais justa - Bem coletivo (2) - Qualidade de Vida (2) - Mundo mais justo - Desenvolvimento pessoal - Resultado - Transformação - Impacto (2) - Salvar o mundo (2) - Massagem de ego - Fuga da rotina - Melhor infra-estrutura CATEGORIA �CARACTERÍSTICAS�: - Responsabilidade (15) - Cuidado (4) - Garra - Força de Vontade - Atitude - Comunicação - Apoio (3) - Respeito - Civilidade - Equilíbrio - Solidariedade - Pé no chão - Comprometimento (3) - Bondade - Dedicação (2)

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- Preocupação (4) - Compartilhamento - Envolvimento - Seriedade - Altruísmo (2) - Trabalho em equipe (4) - Honestidade - Atenção (2) CATEGORIA �COGNIÇÃO�: - Consciência (6) - Conscientização (7) - Consciência Política - Awarness CATEGORIA �CIDADÃO�: - Direitos (2) - Deveres (2) - Direito de ser - Direito de ter - Ética (4) - Conduta - Valores - Cidadania CATEGORIA �EDUCAÇÃO�: - Informação - Educação (7) - Escolas ensinam pouco - Pais ensinam pouco (3) - Conhecimento (3) - Entendimento do povo - Entendimento do mundo - Conhecimento econômico - Formação (2) - Senso Comum CATEGORIA �SENTIMENTOS�: - Gratificação - Amor