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RESPONSABILIDADE SOCIAL ORGANIZACIONAL: A BUSCA DE UM MODELO EDUCACIONAL SUSTENTÁVEL NO CEFET/RJ NELSON MENDES CORDEIRO, ELIZABETH MARINO LEÃO DE MELLO (CEFET/RJ) Resumo: A Responsabilidade Social Corporativa - RSC é uma temática cada vez mais discutida nos últimos anos. Na sociedade atual vem sendo consolidada a crença que as organizações devem assumir um papel mais amplo perante a sociedade. Nesse artigo, discute-se a Responsabilidade Social Corporativa a luz do conceito da Teoria da Institucionalização e as suas relações com a governança, com os stakeholders e com a sustentabilidade, tendo como estudo de caso o CEFET/RJ – Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, instituição pública de educação comprometida em formar talentos humanos de modo responsável e sustentável. A busca por uma postura socialmente responsável é o principal desafio institucional, sempre presente, nas ações estratégicas onde estejam presentes o ensino, a pesquisa e a extensão. Palavras-chaves: EDUCAÇÃO - RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA - SUSTENTABILIDADE ISSN 1984-9354

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RESPONSABILIDADE SOCIAL ORGANIZACIONAL: A BUSCA DE UM MODELO EDUCACIONAL SUSTENTÁVEL NO CEFET/RJ

NELSON MENDES CORDEIRO, ELIZABETH MARINO LEÃO DE MELLO

(CEFET/RJ)

Resumo: A Responsabilidade Social Corporativa - RSC é uma temática cada vez mais discutida nos últimos anos. Na sociedade atual vem sendo consolidada a crença que as organizações devem assumir um papel mais amplo perante a sociedade. Nesse artigo, discute-se a Responsabilidade Social Corporativa a luz do conceito da Teoria da Institucionalização e as suas relações com a governança, com os stakeholders e com a sustentabilidade, tendo como estudo de caso o CEFET/RJ – Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, instituição pública de educação comprometida em formar talentos humanos de modo responsável e sustentável. A busca por uma postura socialmente responsável é o principal desafio institucional, sempre presente, nas ações estratégicas onde estejam presentes o ensino, a pesquisa e a extensão.

Palavras-chaves: EDUCAÇÃO - RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA -

SUSTENTABILIDADE

ISSN 1984-9354

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INTRODUÇÃO

No contexto educacional do Brasil, encontramos os Centros Federais de Educação

Tecnológica – CEFETs que ao longo de sua trajetória, refletem a evolução sustentável e

responsável de um tipo de instituição educacional que, no século XX, acompanhou e ajudou a

desenvolver o processo de industrialização do país.

Trazendo, em sua história, o reconhecimento social da antiga Escola Técnica, o CEFET/RJ

expandiu-se academicamente e em área física. Hoje, a instituição conta com uma unidade-sede

(Maracanã), e quatro unidades de ensino descentralizadas – uma em Nova Iguaçu, município da

Baixada Fluminense; outra em Maria da Graça, bairro da cidade do Rio de Janeiro; duas outras

nos municípios de Petrópolis e de Nova Friburgo, respectivamente –, além de um Campus em

Itaguaí. Sua atuação educacional inclui a oferta regular de cursos de ensino médio e de educação

profissional técnica de nível médio, cursos de graduação (superiores de tecnologia e bacharelado),

cursos de mestrado e doutorado, além de atividades de pesquisa e de extensão, estas incluindo

cursos de pós-graduação lato sensu, entre outros.

Este artigo busca apresentar elementos teóricos, que contribuirão para uma melhor

compreensão de como a Teoria da Institucionalização e seus níveis de relacionamento, podem

auxiliar no desenvolvimento e elaboração de planos estratégicos com foco na responsabilidade

social e sustentabilidade educacional no âmbito do CEFET/RJ.

1. TEORIA DA INSTITUCIONALIZAÇÃO Berger e Luckmann (1967 apud TOLBERT e ZUCKER, 2007) identificam a

institucionalização como processo central na criação e perpetuação de grupos sociais duradouros.

Definem “instituição” como resultado ou estágio final de um processo de institucionalização, em

outras palavras, uma caracterização de ações habituais por diferentes tipos de atores.

Giddens (1989) define instituições como “tipos de estruturas sociais que envolvem regras

fortemente suportadas por recursos mais fortificados.” Estruturas sociais envolvem padrões de

atividade social e relações ao longo do tempo e do espaço.

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As estruturas sociais são atividades padronizadas e reproduzidas por atores individuais que

cumprem práticas limitadas e fortalecidas por estruturas sociais existentes, as quais são compostas

por regras, procedimentos em geral utilizados na vida social e por recursos, “objetos, humanos e

não humanos usados para aumentar ou manter o poder” (SEWELL,1992 apud GUIMARÃES,

2005).

Essas regras e recursos são criados e seguidos por atores que são capazes de

entender e considerar situações diárias e monitorar os resultados de suas próprias ações e dos

outros. Nesse contexto, agência é a habilidade do ator ter algum efeito no mundo social, alterando

as regras ou a distribuição de recursos. Todos os atores individual ou coletivamente, possuem

algum tipo de agência, mas a quantidade de agência varia entre os atores, assim como entre os

tipos de estruturas sociais (GIDDENS, 1989; SCOTT, 2001 apud GUIMARÃES,2005).

Agência refere-se à capacidade que as pessoas têm de fazer as coisas. Nesse sentido,

subentende-se poder. Ser agente é ser capaz de exibir uma gama de poderes causais, incluindo os

de influenciar os manifestados por outros (GIDDENS, 1989 apud GUIMARÃES,2005).

Na visão de SEWELL (1992 apud GUIMARÃES, 2005), agência é a capacidade do autor

de reinterpretar e mobilizar uma série de recursos em termos de esquemas culturais diferentes dos

recursos iniciais.

Por um lado, os recursos são propriedades estruturadas de sistemas sociais e, por outro, os

recursos são definidos e reproduzidos por agentes dotados de capacidade cognoscitiva no decorrer

da interação (GIDDENS,1989 apud PEIXOTO, 2000).

A visão de Giddens (1989) ajuda a reunir e associar observações sobre o objetivo de estudo

mediante interação de informações fundamentadas tanto pelo funcionalismo, como pelo

interpretativismo, considerando o funcionalismo como a teoria que explica as instituições como

estruturas que exercem funções específicas na sociedade e o interpretativismo como a teoria que

faz análises focadas na interpretação dos símbolos e dos significados.

Conforme Berger e Luckmann (1967 apud TOLBERT E ZUCKER, 2007), o início e o

desenvolvimento de uma instituição segue um processo denominado de processo de

institucionalização. Tolbert e Zucker (2007) resumem o processo de institucionalização por meio

da Figura I.1:

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Figura 1 Processo de Institucionalização

Fonte: Tolbert e Zucker (2007)

As inovações surgem a partir de mudanças tecnológicas, atualização da legislação e forças

do mercado. Dentro de uma organização, a “habitualização” gera novos arranjos estruturais que

têm como objetivo resolver problemas ou conjunto de problemas específicos inerentes à

organização propriamente dita. Esses arranjos estruturais são formalizados em políticas e

procedimentos (teorização) para uma organização específica ou para demais organizações que

apresentem problemas iguais ou semelhantes.

A “objetivação” envolve o desenvolvimento de consenso social entre os decisores da

organização sobre o valor da estrutura, podendo gerar impactos positivos, resistência de grupos e

defesa de grupo de interesse.

Finalmente, encontra-se a finalização do processo de institucionalização ou

“sedimentação”, o qual representa a continuidade histórica da estrutura que é transmitida pelas

várias gerações da organização. A baixa resistência de grupos de oposição e a promoção e apoio

cultural continuado por grupos de defensores contribuem para a sedimentação.

Segundo Nelson e Winter (1982 apud TOLBERT e ZUCKER, 2007), quanto mais

institucionalizadas as rotinas nas organizações, mais prontamente elas eram transmitidas às partes

interessadas. A transmissão é casual e está relacionada à institucionalização.

Os mesmos autores concluem que, para que a teoria institucional se desenvolva como

paradigma coerente e contribua para a análise organizacional, questões sobre processos de

institucionalização demandam respostas conceituais e também empíricas.

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1.2 Governança

A governança está relacionada a Governo, ato de governar. Essa é a definição mais simples

encontrada no Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (FERREIRA, 2011).

Entretanto, o termo está sendo utilizado de forma bastante ampla.

Boyer (1990) definiu: “Governança é a ação do governo mais a interação com seus

parceiros não-governamentais no processo de governar – na sua relação coletiva com a economia

e com a política pública”.

O relatório apresentado pela Comissão sobre Governança Global da ONU (1996) definiu

Governança como sendo a totalidade das diversas maneiras pelas quais os indivíduos e as

instituições, públicas e privadas, administram seus problemas comuns. No plano global, a

governança foi vista primeiramente como um conjunto de relações intergovernamentais, mas

agora deve ser entendida de forma mais ampla, envolvendo organizações não governamentais

(ONG), movimentos civis, empresas multinacionais e mercados de capitais globais. Com estes

interagem os meios de comunicação de massa, que exercem hoje enorme influência.

Essa comissão relata ainda que a governança diz respeito não só a instituições e regimes

formais autorizados a impor obediência, mas também a acordos informais que atendam ao

interesse das pessoas e instituições.

Governança é o exercício da autoridade, controle, administração, poder de governo.

Detalhando essa definição, é a maneira pela qual o poder é exercido na administração dos recursos

sociais e econômicos de um país visando ao desenvolvimento, implicando ainda na capacidade

dos governos de planejar, formular e implementar políticas e cumprir funções (BANCO

MUNDIAL, 1992 apud DINIZ, 1995 apud GONÇALVES, 2005).

Uma boa governança é um requisito fundamental para um desenvolvimento sustentado,

que incorpora ao crescimento econômico equidade social e também direitos humanos (SANTOS,

1997 apud GONÇALVES, 2005).

O termo governança, definido por FOLKE et al. (2005), corresponde às estruturas e

processos pelos quais as pessoas na sociedade tomam decisões e partilham o poder.

Furtado (2009) não distingue governança de governabilidade e diz que pode ser entendida

como ato de conduzir, orientar e controlar a maneira como as responsabilidades são atribuídas e

cumpridas, as atividades são executadas, os objetivos são perseguidos e as metas métricas globais

são atingidas – no âmbito das organizações públicas ou privadas. Governança para

sustentabilidade constitui sistema flexível e continuamente adaptável de alocação de decisões,

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controle, informação e distribuição de recursos e recompensas, envolvendo todos os tipos de

atores, no nível local e global, para uso de elementos normativos no contexto do desenvolvimento

sustentável.

Para precisar o real significado da expressão “governança”, é necessário analisar o

contexto em que é utilizada.

Governança e Governabilidade se confundem em determinadas situações, mas há real

distinção dos respectivos significados. A governança tem maior amplitude e engloba a sociedade

como um todo. Refere-se a padrões de articulação e cooperação entre atores sociais e políticos e

arranjos institucionais que coordenam e regulam transações dentro e através das fronteiras do

sistema econômico, incluindo-se aí não apenas os mecanismos tradicionais de agregação e

articulação de interesses, tais como os partidos políticos e grupos de pressão, como também redes

sociais informais (de fornecedores, famílias, gerentes), hierarquias e associações de diversos tipos.

A governabilidade está ligada à atuação do governo de um Estado. Refere-se às condições

sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como as características do

sistema político, a forma de governo, as relações entre os poderes, o sistema de intermediação de

interesses (SANTOS, 1997 apud GONÇALVES, 2005).

Pode-se dizer que governabilidade está relacionada às condições necessárias para o

exercício do poder, enquanto que a governança representa a capacidade do governo administrar,

articular os diversos interesses e implantar as políticas públicas (Ibidem).

BOYLE et al. (2001) apud FOLKE et al. (2005) sugerem que a governança é o processo

de resolução de trade-offs2 e proporciona uma visão e direção para a sustentabilidade. A gestão é

a operacionalização dessa visão e o monitoramento fornece feedback e sintetiza as observações a

uma narrativa de como a situação emergiu e pode ocorrer no futuro.

Para LEACH et al. (2007) governança é um rótulo descritivo usado para realçar a mudança

da natureza do processo de elaboração de políticas públicas nas últimas décadas. A governança

passa a exigir a atuação de todos os atores além do governo central.

1.3 Relacionamento com Stakeholders

A expressão stakeholder não tem tradução literal para a língua portuguesa. É utilizada para

identificar os diversos atores que atuam direta ou indiretamente sobre as organizações.

Stakeholder em uma organização é, por definição, qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou

ser afetado pela realização dos objetivos dessa empresa (FREEMAN, 1984 apud GOMES et al.,

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2009). Stakeholder inclui aqueles indivíduos, grupos e outras organizações que têm interesse nas

ações de uma empresa e que têm habilidade para influenciá-la (SAVAGE, NIX, WHITEHEAD,

BLAIR, 1991 apud GOMES et al., 2009). Ao negligenciarem esses grupos, algumas empresas já

foram devastadas ou destruídas (TAPSCOTT e TICOLL, 2005 apud GOMES et al., 2009).

Campbell (1997 apud MARTINS, 2001) acredita que a organização deve ter

responsabilidade social diante do ambiente em que vive. Para ele, existem stakeholders que atuam

diretamente sobre a empresa, os quais são classificados como stakeholders ativos, pois são

influenciadores imediatos do processo de gestão organizacional. Esse mesmo autor classifica

ainda outros agentes que afetam a organização de forma mediata como stakeholders passivos.

Ernest e Young et al. (1999) classificam os stakeholders ativos como “chaves”, pois são

essenciais para o desenvolvimento do negócio, uma vez que atuam diretamente no processo

produtivo, influenciando de forma efetiva e decisiva na tomada de decisão organizacional. Para

ele, a organização deve saber identificar os seus stakeholders-chave e obter o máximo de

informações para estabelecer um diálogo produtivo que venha a gerar novas oportunidades e

evitar conflitos.

Para Althkinson e Waterhouse (1997 apud CALIXTO, 2010), os stakeholders podem ser

classificados em primários e secundários. Os primários seriam aqueles sem os quais a organização

não sobreviveria (acionistas, empregados, fornecedores e consumidores). Os stakeholders

secundários têm algum grau de importância, sem, entretanto, comprometer a existência da

organização (comunidade, governo e outras organizações).

Borenstein (1999, apud MARTINS, 2001) explica que “as ações dos stakeholders

provocam modificações no ambiente externo, restringindo as ações da organização”.

2 SUSTENTABILIDADE 2.1 Sustentabilidade: um conceito ético e sistêmico

Segundo a UNESCO (1999), o desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade foi

definido e descrito de várias formas. Representa um processo de mudança das relações entre os

sistemas e os processos sociais, econômicos e naturais. A Comissão Mundial sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento definiu desenvolvimento sustentável fazendo um paralelo entre

presente e futuro: “O desenvolvimento sustentável é o que satisfaz as necessidades do presente

sem comprometer a capacidade das gerações futuras para satisfazer as suas”.

Na prática, a sustentabilidade pode ser entendida como uma forma de adequação entre as

exigências ambientais e as necessidades de desenvolvimento. A sustentabilidade compreende as

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ciências naturais e a econômica, mas está bem mais relacionada com a cultura, o saber, com os

valores que as pessoas cultivam e com a forma como percebem sua relação com os demais. Nesse

contexto, está relacionada às novas bases para as relações entre os indivíduos e com o habitat que

sustenta a vida humana. (UNESCO, 1999).

Segundo Delai (2008), esse conceito se tornou popular a partir da definição da Agenda 21,

durante a Rio-92. De acordo com essa agenda, um fator imprescindível para a operacionalização

desse conceito na tomada de decisão empresarial e governamental é a integração das decisões

sociais, econômicas e ambientais por meio do uso de indicadores que mensurem o

desenvolvimento sustentável em todos os níveis da sociedade. Vários estudos afirmam que a

sustentabilidade é composta por três dimensões (social, econômico e ambiental) que mantêm

relacionamento entre si, também conhecida pela expressão Triple Bottom Line. Essa expressão se

refere a um índice corporativo que mede as inter-relações entre as dimensões do desenvolvimento

sustentável.

John Elkington salientou, em 1994, o termo Triple Bottom Line e desde então o conceito

tem se tornado referência para muitas organizações na busca pela responsabilidade social

corporativa de suas atividades ou, em uma perspectiva mais ampla, pela sustentabilidade. O Triple

Bottom Line carrega o significado de que as organizações devem levar em consideração aspectos

sociais, econômicos e ambientais, que se relacionem com suas respectivas atividades

(ELKINGTON, 2004 apud BOECHAT e LAURIANO, 2012).

O termo sustentabilidade varia, conforme a categoria social ou profissional à qual pertence

o indivíduo (ALIROL, 2001; GLIESSMAN, 2000 apud CLARO, CLARO e AMANCIO, 2008).

A difusão da sustentabilidade nas esferas organizacionais acontece por meio da gestão

organizacional. O papel da alta administração é fundamental para que as iniciativas e os esforços

da organização rumo à proteção e às responsabilidades socioambientais tenham sucesso.

O ideal é que a empresa, como importante ator social, seja capaz de influenciar seus

funcionários, consumidores, fornecedores e a sociedade para que juntos com o Estado possam

contribuir para a transformação do conceito de sustentabilidade em uma ferramenta prática de

gestão. Acredita-se que empresas com práticas gerenciais sustentáveis são capazes de influenciar a

interpretação dos funcionários em relação ao termo sustentabilidade, pois ele está em contato

direto na rotina de trabalho com aspectos práticos desse conceito.

Torna-se cada vez mais necessário implementar políticas pautadas pelo binômio

sustentabilidade e desenvolvimento, num contexto de crescentes dificuldades para promover a

inclusão social. Uma sociedade sustentável socialmente deve ser capaz de promover o acesso aos

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recursos básicos de saúde, educação, trabalho, renda, segurança, alimento e condições de trabalho;

promover a justiça, a educação e o desenvolvimento do potencial humano, preservar a cultura e a

conexão do homem com o meio-ambiente, promover a cidadania e a harmonia da convivência,

promover a democracia e a participação e o envolvimento de seus cidadãos (HANCOCK, 2005

apud NEW CITY INSTITUTE, 2008).

Do enfoque sistêmico extrai-se a ideia de que a organização é um sistema composto de

elementos ou componentes interdependentes. A organização revela-se como um conjunto de pelo

menos dois sistemas que se influenciam mutuamente: sistema técnico, que compreende os

recursos e componentes físicos e abstratos que até certo ponto independem das pessoas e sistemas

sociais, que são todas as manifestações do comportamento dos indivíduos e dos grupos (BEER,

1985).

O conhecimento do Enfoque Sistêmico permite uma ampla compreensão dos sistemas,

com o melhor entendimento de como as partes se relacionam e como o sistema aprende e evolui.

Assim, sustentabilidade reveste-se de um conceito ético e sistêmico, relacionado com a

continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana.

2.2 O PARADIGMA DA SUSTENTABILIDADE NO SETOR EDUCACIONAL

No contexto da educação, o Fórum Global para o Desenvolvimento Sustentável, realizado

em Johanesburgo em 2002, propôs à Assembleia Geral das Nações Unidas a proclamação da

“Década Internacional da Educação para o Desenvolvimento Sustentável para o período 2005-

2014”. Seu principal objetivo é o de integrar os princípios, os valores e as práticas do

desenvolvimento sustentável a todos os aspectos da educação e da aprendizagem com o intuito de

fomentar mudanças de comportamento que permitam criar uma sociedade sustentável e mais justa

para todos.

A Assembleia Geral das Nações Unidas enfatizou que a educação é um elemento

indispensável para que se atinja o desenvolvimento sustentável e designou a UNESCO como a

agência líder para promover a Década e para sua coordenação internacional.

A UNESCO (2005) afirma que o capítulo 36 da Agenda 21 enfatiza a importância da

educação para promover o desenvolvimento sustentável e melhorar a capacidade das pessoas em

entender os problemas do meio ambiente e do desenvolvimento. A Agenda 21 tem o objetivo de

preparar o mundo para os desafios do século XXI. Reflete um consenso mundial e um

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compromisso político no nível mais alto, no que diz respeito a desenvolvimento e cooperação

ambiental.

A reorientação do sistema educacional voltado para os princípios e valores do

desenvolvimento sustentável deve facilitar a construção do conhecimento não apenas dentro da

sala de aula, mas também espontaneamente, no conjunto da vida e de suas relações. A

aprendizagem ao longo da vida é fundamental para resolver questões globais e desafios

educacionais. É uma filosofia, um marco conceitual e um princípio organizador de todas as formas

de educação, baseada em valores inclusivos, emancipatórios, humanistas e democráticos, sendo

abrangente e parte integrante da visão de uma sociedade do conhecimento.

Segundo o documento final do esquema internacional de implementação da Década da

Educação das Nações Unidas para um Desenvolvimento Sustentável, as organizações sociais,

econômicas e ambientais também devem incentivar os valores, relações e práticas referentes à

sustentabilidade para que estes se tornem a base para padrões de trabalho diários e

comportamentais das organizações.

Todos os atores devem ser envolvidos. Tanto governos como sociedade civil deveriam

manter um diálogo permanente, no qual as questões sejam divulgadas e agendas comuns

planejadas por intermédio de amplo debate de aprendizagem mútua.

O desenvolvimento social, político e econômico, assim como o exercício dos direitos

humanos têm como pré-requisito a educação. A elevação das taxas de retorno social e de

empregabilidade só é possível por meio de investimentos em educação. É essencial que a

população seja educada para que possa participar efetivamente na estrutura de competição

econômica globalizada (PNUD, 2005).

A globalização trouxe mudanças significativas para a sociedade. Silva e Cunha (2002)

afirmam que o conceito de emprego mudou, está sendo substituído pelo de trabalho. O

conhecimento passa ser fundamental na atividade produtiva. A empregabilidade depende da

qualificação profissional e as competências técnicas deverão estar associadas à capacidade de

decisão e de adaptação às novas situações.

Para Drucker (1997 apud SILVA e CUNHA, 2002), os principais grupos sociais da

sociedade do conhecimento serão os “trabalhadores do conhecimento”, pessoas capazes de alocar

conhecimentos para incrementar a produtividade e gerar inovação. Ele ainda afirma que a

sociedade do conhecimento coloca a pessoa no centro e isso levanta desafios e questões a respeito

de como preparar a pessoa para atuar nesse novo contexto.

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Com relação às universidades, o mesmo relatório sugere que estas devem ocupar o centro

do sistema educacional e desempenhar funções essenciais, tais como, preparação para a pesquisa e

para o ensino, oferta de uma formação em diferentes áreas adaptada às necessidades da vida

econômica e social e cooperação internacional.

3. AS ESTRATÉGIAS DO CEFET/RJ E A RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA E SUSTENTÁVEL NO SETOR EDUCACIONAL

O Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – CEFET/RJ é

desafiado e se desafia, permanentemente, a contribuir no desenvolvimento sustentável de suas

ações.

Atento às Diretrizes ambientais, empresariais, científica e tecnológica do país e do mundo,

volta-se a uma formação profissional que deve ir ao encontro da inovação e do desenvolvimento

tecnológico, da modernização industrial e potencialização da capacidade e escala produtiva das

empresas, da inserção externa e das opções estratégicas de investimento em atividades portadoras

de futuro – sem perder de vista a dimensão socioambiental do desenvolvimento.

Assim se reafirma como uma instituição pública que deseja continuar a formar talentos

humanos de modo sustentável, o que significa, nos dias atuais e também nos próximos anos, a

grande preocupação do mundo com os destinos e capacidade de suporte do Planeta Terra. A busca

pelo Desenvolvimento Sustentável é o desafio sempre presente em nossas ações estratégicas onde

estejam presentes o ensino, a pesquisa e a extensão.

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Figura 2 – Interações do CEFET na sociedade

Fonte: PDI (2010)

No início desta segunda década do milênio, O CEFET/RJ buscou inserir-se na proposta de

um novo ciclo de desenvolvimento brasileiro, empreendido pelo Conselho de Desenvolvimento

Econômico e Social (CDES), que elege democracia, liberdade, equidade, identidade nacional,

sustentabilidade, respeito à diversidade sociocultural e soberania como valores que dão base à

visão de futuro.

Segundo análise do CDES, “o ciclo de desenvolvimento em curso no Brasil está sendo

impulsionado pela consolidação da democracia e ampliação dos espaços de diálogo e participação;

por políticas distributivas ancoradas numa visão de justiça social e de racionalidade econômica,

pelo investimento nas pessoas por meio das políticas sociais universais e inclusivas; pelos

investimentos em infraestruturas; por um sistema de financiamento público capaz de alavancar

políticas de desenvolvimento; pela estabilidade macroeconômica e gradual incorporação das

dimensões da sustentabilidade ambiental, econômica e social ao conjunto dos processos

decisórios”.

Subsidiado por sua trajetória histórica e com visão de futuro, o CEFET/RJ reafirma a

intenção de ter sua institucionalidade reconhecida como IES – Instituição de Ensino Superior, a

fim de assim garantir condições de continuar a ministrar ensino verticalizado da educação

profissional em nível de educação básica à educação superior de graduação e pós-graduação,

desenvolver pesquisa e promover atividades de extensão. O CEFET/RJ, mais que

institucionalidade legalmente constituída, representa construção social singular produzida ao

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longo de uma trajetória de pioneirismo e vanguarda na concepção, desenvolvimento e realização

de projetos de educação profissional e tecnológica, que criaram, e continuam criando, expectativas

e compromissos com a sociedade.

O CEFET/RJ expandiu-se academicamente e em Unidades de Ensino, passando a

estruturar-se como Sistema Multicampi.

A consolidação da atuação institucional em Sistema Multicampi, ora entendida, demanda

persistir em projetos viabilizadores de um modelo de gestão que dê conta da unidade na

diversidade, garantindo a identidade da atuação do CEFET/RJ nas diferentes realidades em que as

Unidades de Ensino se circunscrevem, junto ao conjunto de municípios de mesorregiões,

aproveitando o potencial de desenvolvimento, a proximidade com Arranjos Produtivos Locais, a

possibilidade de parcerias e de infraestrutura existente.

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para implantação de todas as políticas institucionalizadas e com foco na gestão responsável

e sustentável o Centro é constituído por três diretorias sistêmicas, com status de pró-reitorias no

modelo universitário: a Diretoria de Ensino (DIREN), a Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação

(DIPPG) e a Diretoria de Extensão (DIREX). Essas diretorias, diretamente implicadas na

construção do projeto pedagógico, sinalizam, nesse sentido, a ampliação, o aperfeiçoamento e a

sustentabilidade das atividades acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão do CEFET/RJ, como

continuidade de um processo em curso.

A seguir a análise e discussão de cada ação institucionalizada nas diretorias sistêmicas.

3.1 Atividades de ensino

O desenvolvimento das atividades de ensino do CEFET/RJ – cursos regulares de educação

profissional técnica, de ensino médio e de graduação – é coordenado, planejado, avaliado e

controlado no âmbito da DIREN, em consonância com as diretrizes de desenvolvimento das

atividades de pesquisa e pós-graduação e de extensão.

Com a expansão das Unidades de Ensino, cresceu a oferta de cursos, que, ao final de 2009,

apresentava um quadro expressivo com a implantação de novas habilitações técnicas e

oportunidades de graduação.

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No que toca à educação profissional técnica, desde que esta, por força da legislação,

passou a ter organização curricular própria e independente do ensino médio, foram revisitados os

cursos segundo as novas diretrizes e parâmetros curriculares, sem perder de vista a qualidade de

desempenho dos técnicos formados ao longo do tempo pela Instituição. Longe de uma preparação

instrumental, sempre se valorizou, na proposta pedagógica, a integração dos conteúdos de

formação geral com aqueles de caráter específico da habilitação profissional, entendendo-se a

importância do embasamento técnico-científico, histórico, cultural e social para a atuação no

mundo do trabalho. Na impossibilidade de oferecer a oportunidade de concomitância interna do

ensino médio para todos os alunos matriculados nos cursos técnicos, estreitaram-se os convênios

firmados com instituições públicas de ensino, a fim de se democratizar a possibilidade de ingresso

no sistema CEFET/RJ, em cursos disputados por seu reconhecimento junto à sociedade.

A atuação em mesorregiões onde o CEFET/RJ se implantou e, também, demandas

circunstanciadas pela conjuntura de desenvolvimento experimentada no país apontam a

necessidade de novas formas de interação escola – setor produtivo e de adoção de modalidades de

ensino, visando a um permanente aprimoramento da formação de técnicos, seja do ponto de vista

do conteúdo e da metodologia dos cursos, seja das condições materiais e de pessoal que interferem

na sua realização.

Norteada pelo princípio da verticalização do ensino, a Instituição desde sempre assumiu

ser possível levar a oferta de cursos de graduação às suas Unidades fora de sede. Assim o fez em

Nova Iguaçu, onde implantou cursos de Engenharia a partir das primeiras iniciativas de uma

Universidade Pública da Baixada Fluminense, participando, com a UFF e a UFRRJ, do Consórcio

de instituições federais de educação superior sediadas no Estado do Rio de Janeiro.

Nas cidades-polo de Petrópolis, Nova Friburgo, Itaguaí e Angra dos Reis, com a

inauguração das novas Unidades de Ensino Descentralizadas, também chegou com cursos dessa

natureza, em resposta ao pleito da população de mesorregiões que não contam ou contam

incipientemente com a presença da educação superior pública e gratuita de qualidade.

3.2 Atividades de pesquisa e ensino de pós-graduação

As atividades de pesquisa e de pós-graduação do CEFET/RJ têm sua orientação no âmbito

da DIPPG – Diretoria de Pesquisa e Pós-graduação, órgão responsável pela coordenação,

planejamento, avaliação e controle dessas atividades nas diferentes unidades do Sistema

Multicampi.

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O desenvolvimento da pesquisa leva em consideração o caráter público da instituição e a

busca de articulação com o ensino e a extensão. Essa atividade, formalizada em 1986 com a

criação do NPT- Núcleo de Pesquisa Tecnológica, foi sendo construída, de forma gradativa e

consistente, a partir das competências institucionais, inserindo-se nas políticas de pesquisa e

desenvolvimento do país. Tem como orientação a sustentabilidade global, abrangendo as

dimensões sociais, culturais, econômicas, ambientais e outras. Focaliza sua atuação no

desenvolvimento local e regional, sem negligenciar as demandas da nação como um todo.

Abrangendo projetos vinculados às linhas de pesquisa dos Grupos de Pesquisa do

CEFET/RJ cadastrados no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq e outros projetos, isolados,

a institucionalização das atividades se dá a partir de um banco de dados em que são cadastrados os

Projetos de Pesquisa desenvolvidos por professores e alunos. O cadastramento dos projetos é

realizado na COPET – Coordenadoria de Pesquisas e Estudos Tecnológicos, que, ao receber e

centralizar as informações, tem favorecidos o acompanhamento e a avaliação dos mesmos. Alguns

desses projetos, ou conjunto de projetos, são também vinculados aos Programas de Pós-Graduação

Stricto Sensu da instituição.

3.3 Atividades de extensão As atividades extensão do CEFET/RJ têm sua orientação no âmbito da Diretoria de

Extensão - DIREX, órgão responsável pela coordenação, planejamento, avaliação e controle

dessas atividades nas diferentes unidades do Sistema Multicampi, em consonância com as

diretrizes de desenvolvimento das atividades de ensino e de pesquisa e pós-graduação.

Como se afirmou no PDI - Plano de Desenvolvimento Institucional, a natureza singular do

CEFET/RJ – instituição do sistema educacional capaz de contribuir para o desenvolvimento

tecnológico e socioeconômico local e regional mediante interação com o setor produtivo – já

denota um viés da extensão na finalidade institucional.

Reconhecida como atividade acadêmica na Constituição de 1988, a extensão traduz o

compromisso de disponibilização e produção de conhecimentos em resposta a demandas da

sociedade e, em se tratando de grupos da população cujas necessidades básicas ainda não foram

atendidas, a responsabilidade social de utilização desse conhecimento a serviço da melhoria de

condições de sua qualidade de vida.

Na trajetória de ações tipificadas como de extensão, desde a década de 90 o CEFET/RJ

vem desenvolvendo, consolidando e fortalecendo experiências exitosas, entendendo esse tipo de

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realização acadêmica como um processo educativo, cultural e científico que articula o ensino e a

pesquisa e viabiliza a relação transformadora entre a instituição e a sociedade.

Consoante a política e as diretrizes de ação da DIREX, ao se reafirmar, na Instituição,

ações de promoção e garantia dos valores democráticos, de igualdade e desenvolvimento social

como práxis educativa, a extensão acaba por favorecer o processo dialético teoria – prática e a

interdisciplinaridade, princípios político-pedagógicos da educação tecnológica, além de se

constituir em forte instrumento de política de inclusão social. Nessa perspectiva, o CEFET/RJ

acompanha a concepção e os marcos para o trabalho da extensão definidos no Plano Nacional de

Extensão Universitária, elaborado e aprovado pelo Fórum de Pró-Reitores de Extensão das

Universidades Públicas Brasileiras – FORPROEX, do qual a instituição participa com direito a

voz e voto.

É assim que vem se promovendo a nucleação de projetos e ações de extensão que se

caracterizam por áreas temáticas e atuação em uma mesma linha programática, buscando o apoio

de programas de fomento, especialmente o PBEXT - Programa de Bolsas de Extensão, e

integrando os projetos e programas de extensão ao plano pedagógico dos cursos de graduação e

técnicos, em um processo de complementaridade curricular. São exemplos disso o Programa

Turma Cidadã, a Empresa Cefet Jr., o Time Sife, o NETS - Núcleo de Empreendedorismo e

Tecnologias Sociais, as atividades da Semana de Extensão, a Feira de Estágio e Emprego (FE&E),

a Incubadora de Empresas Tecnológicas (IETEC) e a Incubadora Tecnológica de Cooperativas

Populares (ITCP), além das ações de apoio e permanência do aluno na instituição por meio de

PAA-Programa de Auxílio Alimentação e PAEM – Programa de Auxilio Emergencial, mantidos

pelo DEAC – Departamento de Assuntos Comunitários.

4 CONCLUSÃO

Por meio da teoria da institucionalização foi possível entender como são definidas as

diretrizes do sistema educacional brasileiro, considerando a responsabilidade social organizacional

e o desenvolvimento sustentável de suas ações. A teoria da institucionalização contribuiu para o

entendimento de como implantar as diretrizes da educação, em ações sistematizadas no sistema

CEFET/RJ.

Após analisar o contexto das diretrizes educacionais, foi necessário conhecer melhor a

instituição CEFET/RJ. Para isso foi feita uma pesquisa documental que permitiu resgatar o

histórico da instituição, desde o inicio das suas atividades em 1917, até os dias atuais.

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Este artigo apresentou como resultado um processo de gestão pública da educação, bem

como ações organizacionais que precisam ser aprimoradas. Assim, mais uma vez a Teoria da

Institucionalização vem diante das mudanças tecnológicas, da legislação e das forças do mercado

objetivando a inovação servirão de importantes instrumentos para o monitoramento

interorganizacional de ação estratégica para implantar medidas de reorganização que atenda às

necessidades no curto, médio e longo prazo onde estiver inserida a instituição. Entretanto; também

demonstrou este estudo que as potencialidades do Sistema CEFET/RJ está se desenvolvendo de

forma satisfatória quanto ao cumprimento das suas finalidades institucionais, que incluem

qualificar profissionalmente a população onde está inserido e contribuir para o desenvolvimento

sustentável da nação, em consonância com uma perspectiva de responsabilidade social

corporativa. REFERÊNCIAS BOECHAT, Cláudio; LAURIANO, Lucas Amaral. “Abordagens para a sustentabilidade nas organizações.” Caderno de Ideias, v.1, pp. 1-11, março 2012. Disponível em <http://www.fdc.org.br/pt/publicacoes/Paginas/cadernodeideias.aspx?CODACERVO=2 314>. Acesso em 12/06/2013. ______. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Brasileira. ______. MEC. Plano de Desenvolvimento da Educação: Razões, Princípios e Programa.Brasília, 2007. Disponível em <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me004 370.pdf>. Acesso em 14/12/2013. CALIXTO, Laura. “Responsabilidade Socioambiental: A Percepção das Ongs Ambientalistas.” Revista Alcance - Eletrônica, v.17, n. 4 - pp. 367-382, outubro/dezembro 2010. Disponível em < http://www.ead.fea.usp.br/semead/11semead/resultado/trabalhosPDF/ 319.pdf>. Acesso em 12/10/2013. COMISSÃO SOBRE GOVERNANÇA GLOBAL. “Nossa Comunidade Global”. Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 1996. DELORS, Jackes. (Org.). “Educação: um tesouro a descobrir”. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. Brasília: UNESCO, 1998. Disponível em <http://unesdoc.unesco.org/images/0010/001095/109590por.pdf>. Acesso em 14/09/2013. FERREIRA Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Versão on line. Disponível em <http://www.dicionariodoaurelio.com/Governanca>. Acesso em 26/07/13.

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