Responsabilidade Cultural

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Módulo Responsabilidade Educativa UNIVERSIDADE COLUMBIA DEL PARAGUAY CURSO: MESTRADO EM CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO ACADÊMICOS: ELIANA SILVA GALVÃO CLARICE FERREIRA NOGUEIRA ELISABETH TOLEDO DO COUTO MARINEIDE SOUSA CARVALHO RESPONSABILIDADE CULTURAL O analfabetismo funcional “Viajando nas palavras” Trabalho apresentado como cumprimento às exigências da Universidade del Columbia no curso Mestrado em Ciência da Educação, como parte do conteúdo da disciplina de Responsabilidade Social. Orientação: Prof. Dr.Osvaldo Olivera. Profesor Dr. Osvaldo Olivera

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Módulo Responsabilidade Educativa

UNIVERSIDADE COLUMBIA DEL PARAGUAY

CURSO: MESTRADO EM CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO

ACADÊMICOS: ELIANA SILVA GALVÃO CLARICE FERREIRA NOGUEIRA ELISABETH TOLEDO DO COUTO MARINEIDE SOUSA CARVALHO

RESPONSABILIDADE CULTURAL

O analfabetismo funcional

“Viajando nas palavras”

Trabalho apresentado como cumprimento às exigências da Universidade del Columbia no curso Mestrado em Ciência da Educação, como parte do conteúdo da disciplina de Responsabilidade Social.Orientação: Prof. Dr.Osvaldo Olivera.

Asunción - PYJaneiro 2016

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Nome: Viajando nas palavras

“Soberana y alta señora:

El herido de punta de ausencia, y el llagado de las telas del corazón, dulcísima Dulcinea

del Toboso, te envía la salud que él no tiene. Si tu fermosura me desprecia, si tu valor no

es en mi pro, si tus desdenes son en mi afincamiento, maguer que yo sea asaz de sufrido,

mal podré sostenerme en esta cuita, que además de ser fuerte es muy duradera. Mi buen

escudero Sancho te dará entera relación, ¡oh bella ingrata, amada enemiga mía!, del modo

que por tu causa quedo. Si gustares de socorrerme, tuyo soy; y si no, haz lo que te viniere

en gusto, que con acabar mi vida habré satisfecho a tu crueldad y a mi deseo.

Tuyo hasta la muerte,

El caballero de la triste figura”

Don Quixote de La Mancha Miguel de Cervantes &Saavevra - 1547

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Introdução

ANALFABETISMO FUNCIONAL

A definição sobre o que é analfabetismo vem sofrendo revisões nas últimas décadas. Em 1958, a UNESCO definia como alfabetizada uma pessoa capaz de ler ou escrever um enunciado simples, relacionado à sua vida diária. Vinte anos depois, a UNESCO sugeriu a adoção do conceito de alfabetismo funcional. É considerada alfabetizada funcional a pessoa capaz de utilizar a leitura e escrita para fazer frente às demandas de seu contexto social e de usar essas habilidades para continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo da vida. Em todo o mundo, a modernização das sociedades, o desenvolvimento tecnológico, a ampliação da participação social e política colocam demandas cada vez maiores com relação às habilidades de leitura e escrita. A questão não é mais apenas saber se as pessoas conseguem ou não ler e escrever, mas também o que elas são capazes de fazer com essas habilidades.

O individuo que não utiliza ou não possui habilidades em identificar letras e números, não conseguem interpretar textos e realizar operações matemáticas mais elaboradas é considerado pela UNESCO como sendo analfabeto funcional.

O analfabeto funcional não consegue extrair sentido das palavras nem colocar ideias no papel por meio do sistema de escrita, como acontece com quem realmente foi alfabetizado. No Brasil, o analfabetismo funcional é atribuído às pessoas com mais de 20 anos que não completaram quatro anos de estudo formal.

Segundo a Declaração Mundial sobre Educação para Todos, mais de 960 milhões de adultos são analfabetos, sendo que mais de um terço dos adultos do mundo não têm acesso ao conhecimento impresso, às novas habilidades e tecnologias, que poderiam melhorar a qualidade de vida e ajudá-los a perceber e a adaptar-se às mudanças sociais e culturais. Na declaração, o analfabetismo funcional é considerado um problema significativo em todos os países industrializados ou em desenvolvimento. Mais de um terço da população adulta brasileira é considerada analfabeta funcional.

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Justificativa:

“... na atualidade, uma pessoa letrada deve ser capaz de atribuir sentidos a mensagens oriundas de múltiplas fontes de linguagem, bem como ser capaz de produzir mensagens, incorporando múltiplas fontes de linguagem.”

Dionísio (2005, p.159)

 A partir do que nos é dado em termos de conceitos pelos documentos oficiais (PCN e PCNEM), "nas funções sócio discursivas da escrita e nas condições de produção das diferentes interações verbais" , constatamos que o trabalho com gêneros textuais de circulação na sociedade pode tornar as aulas muito mais produtivas e interessantes para os alunos. Levando-os a efetivamente saber distinguir o gênero, falar sobre ele, e usá-lo como meio de comunicação de seu pensamento e sentimentos.

Assim, o trabalho pedagógico com gêneros textuais pode ser o caminho para um ensino e aprendizagem efetuados de forma eficaz, contribuindo de maneira significativa para que os estudantes sejam mais competentes não só em suas atividades escolares mas, principalmente, em suas práticas sociais.

  

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Razão:

Compreender a importância do trabalho com os gêneros textuais para a boa produção escrita, numa dinâmica vivenciada pelo gênero - carta – Escrevendo um texto epistolar para comunicar sentimentos e contar novidades para um interlocutor ausente.

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Metodologia:

A classe deve estar com as carteiras em círculo, o professor traz uma maleta antiga, conta a história de Don Quixote, tira da maleta o poema conhecido de Miguel de Cervantes: “ Carta de Don Quixote a Dulcinea” e então descreve a importância da escrita de Gêneros textuais epistolar Carta (Textos epistolares: O texto epistolar é toda comunicação que estabelece um diálogo à distância, entre duas ou mais pessoas, por meio da linguagem escrita: cartas, ofícios, telegramas, e outros tipos. É o portador de texto que possui maior variação textual. De acordo com seu caráter, o texto epistolar pode ser:

• Particular ou social – quando se trata de assuntos pessoais ou íntimos (entre particulares).

• Oficial – quando emana de órgãos do serviço público, civil, eclesiástico ou militar.

• Comercial – quando trata de assuntos comerciais entre empresas.

Fala sobre o livro de Don Quixote e pede aos alunos que pensem em algo que gostariam de dizer a uma pessoa que não está presente.

Entrega um papel de carta (decorado, perfumado).

Os alunos irão escrever com sentimento tudo o que necessitarem dizer ao interlocutor ausente sob a forma do gênero carta.

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Resultados esperados

Que os alunos compreendam que a escrita tem uma função social e que cada gênero se destina a um objetivo.

Que se utilizem do gênero para produzir escrita de próprio punho.

Além disso, a vivência dessas atividades de linguagem, (escrever para ser lido por alguém) permite que os alunos experimentem adequar sua linguagem a diversas situações sociais de interação verbal e a diferentes interlocutores, construindo deles uma imagem. Dessas intuições (a quem me dirijo e para quê?) advém uma maior ou menor formalidade no tratamento do interlocutor e no uso que se faz da linguagem.

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Benefícios Adicionais

Os participantes aprendem ao mesmo tempo a função social da escrita características da carta: Diante disso, vale ressaltar que a produção da leitura e escrita de textos epistolares, permite aos alunos exercitar a interação verbal, pois propõem como condição, determinar:

• a quem se escreve – os alunos devem, portanto, construir a noção de interlocutor, de destinatário;

• por que se escreve – devendo-se prever a necessidade de haver um motivo para o de comunicação entre sujeitos;

• sobre o que se escreve – o assunto a ser tratado;

• como se escreve – as escolhas discursivas - eu ou nós? Vocabulários simples ou requintados, específicos? – seus elementos constituintes, a organização que devem ter, isto é, sua silhueta.) e utilizam o gênero para produzir um instrumento de comunicação da linguagem escrita pouco usual nos días atuais.

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Logística

Maleta;

Poema de Miguel de Cervantes: “Carta de Don Quixote a Dulcinea”

Papéis de carta decorados;

Canetas coloridas.

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Descrição da atividade:

Com inspiração na obra “Dom Quixote de Lobato”, na qual Dona Benta reúne as crianças do Sítio do Picapau Amarelo para ouvir as histórias de Dom Quixote de La Mancha, um fidalgo que ao ler romances de cavalaria, acredita que tenham sido verdadeiros e decide sair pelo mundo para viver sua própria aventura. A simpática vovó incorpora em cada fala todas as emoções do guerreiro aventureiro e consegue envolver tanto os personagens quando os leitores em uma atmosfera de emoção e diversão.

O professor resgata essa história de Monteiro Lobato e lança mão do recurso da escrita de cartas, prática que vem se perdendo ao longo dos anos, para envolver os alunos. A primeira atividade proposta é escrever uma carta, sem destinatário obrigatório. “Histórias emocionantes, Os alunos escrevem para entes queridos, contam sua trajetória de vida, sentimentos ou mesmo escrevem o que não têm coragem de falar frente a frente para alguém.

O professor pode interpretar Dom Quixote, e para seu fiel escudeiro Sancho Pança pode convidar um aluno que carregará sua maleta – inicia então a leitura de cartas, trazendo à tona toda a emoção colocada no papel. A atividade continua com todos lendo cartas de outros participantes e mostrando como é possível se encantar com cada linha.

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Para saber mais:

Dom Quixote de la Mancha

Quem é? Quando nos encontramos frente a frente com a figura de D. Quixote nos perguntamos: estamos diante de um homem sensato ou de um louco? Da nossa resposta dependerá todo conhecimento sobre a imortal obra de Cervantes.

“afinal, rematado já de todo juízo, deu no mais estranho pensamento em que nunca jamais caiu louco algum do mundo, e foi: parecer-lhe conveniente e necessário, assim para aumento de sua honra própria, como para proveito da república, fazer-se cavaleiro andante, e ir-se por todo o mundo, com as suas armas e cavalo, à cata de aventuras(...) desfazendo todo o gênero de agravos, e pondo-se em ocasiões e perigos, donde, levando-os a cabo, cobrasse perpétuo nome e fama” (pág. 30).

Sancho fora levar ao Toboso, terra da “sem par Dulcinéia” a carta que D. Quixote escrevera em Sierra Morena para a sua amada. Como Sancho era um homem prático e via que tudo não passava de uma bobagem, nem se preocupou em entregar a carta. Deu uma olhada em Dulcinéia, comprovou que, de fato, era mesmo uma loucura do seu amo, e voltou disposto a fazer ver a D. Quixote que Dulcinéia não era Dulcinéia, mas simplesmente Aldonza Lorenzo.Sancho diz que Aldonza não leu a carta porque estava atarefada moendo o trigo...

“– Discreta senhora – responde D. Quixote –. Isso deve ser para poder lê-la depois mais devagar e saboreá-la melhor”.

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Concluindo:

“Quem está louco? Quem tem razão o cavaleiro ou o escudeiro? Não se pode esquecer que D. Quixote é um homem com um projeto a realizar, enquanto Sancho não tem projeto algum. E só o homem com projetos é que consegue captar que a realidade é sempre muito maior do que se vê. Depende do sentido que a vida tiver. E só o homem com projetos é capaz de descobrir e atualizar o sentido e significado da vida.

“Escrever é, do começo ao fim, reproduzir a vida ao meu redor através do meu interior, o qual o absorve tudo, o combina tudo, o recria de novo, o amassa e o reproduz em formas e matérias próprias. A criação não é criar e descobrir do nada, mas infundir o entusiasmo do espírito na matéria”

RUIZ, Rafael. Resenha do livro Dom Quixote. Disponível em http://www.portrasdasletras.com.br  

Pintura =   http://www.proa.org/

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BAKHTIN, Michael. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa, área de linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: MEC/ SEF. 1998.

BRONCKART, Jean Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sócio discursivo. EDUC- São Paulo: PUC, 2003.

MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete analfabetismo funcional. Dicionário Interativo da Educação Brasileira - Educabrasil. São Paulo: Midiamix, 2001.

Disponível em: <http://www.educabrasil.com.br/analfabetismo-funcional/>. Acesso em: 20 de jan. 2016.

RUIZ, Rafael. Resenha do livro Dom Quixote. Disponível em http://www.portrasdasletras.com.br Pintura = http://www.proa.org/

http://www.faccamp.br/letramento/GERAIS/analfabetismo.pdf

http://www.cartacapital.com.br/revista/758/analfabetismo-funcional-6202.html

Bibliografia:

Profesor Dr. Osvaldo Olivera