Respire e grite, coluna publicada n'O Diário do Norte do Paraná

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O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ Domingo, 08 de março de 2015 CULTURA D4 TAVARES y [email protected] Sérgio Tavares Iria prestar vestibular. Minha única vontade era ser escritor, trilhar um caminho muito além do quarto de solteiro, na casa dos pais Respire e grite m dos momentos marcantes da minha vida foi a primeira vez que ouvi “Smells Like Teen Spirit”, do Nir- vana. Tenho o retrato da cena fixado na minha mente. Eu cruzava a sala, onde meu avô assistia televisão, quando o videoclipe sur- giu numa reportagem do Fantástico. Lembro- me de entrar num tipo de transe, como se tives- se um botão desconhecido dentro de mim acio- nado pela primeira vez. Havia uma necessidade inquietante naqueles acordes que, a partir da- quele instante, faziam parte de mim. Fincava-se o marco zero do meu gosto musical. Alguns dias depois regressava do ginásio, quan- do me deparei com uma edição da revista Bizz cuja capa trazia Kurt Cobain de suéter marrom, mostrando os dentes para o microfone. Era, de fato, um especial sobre Seattle, a cidade estadu- nidense onde residiam as bandas que encabeça- vam o novo fenômeno sociocultural, o grunge. O foco, obviamente, era o Nirvana, mas, próxi- mo ao desfecho da reportagem, um box chama- va a atenção para outros grupos. No aniversário daquele ano, minha madrinha me levou até a Mesbla e me presenteou com “Nevermind”, do Nirvana; “Ten”, do Pearl Jam; e “Dirt”, do Alice in Chains. Diuturnamente, os elepês se reveza- vam no 3 em 1 da sala. Foi quando comecei a assistir a MTV Brasil, no canal 9. Usava o videocassete para gravar meus clipes favoritos em fitas VHS. Parecia um tipo de gincana. Tinha de ficar atento o tempo todo e, ao reconhecer a música, pular do sofá e aper- tar o REC. Revistas e televisão eram os únicos meios para se informar sobre bandas. Não exis- tia internet doméstica; não existia celular! E, ei!, eu não tenho 80 anos. Era o começo da década de 90. Impeachment do Collor, guerra do Golfo, telescópio Hubble e “Ghost - Do outro lado da vida” lotava as salas de cinema. Estreava também, nos Estados Unidos, um filme independente chamado “Singles”. Eu soube por uma edição do MTV no Ar, apresen- tado pelo Zeca Camargo. Uma comédia român- tica centrada na ascensão do grunge. Mas o que realmente explodiu minha cabeça foi o anún- cio da trilha sonora, que trazia músicas inéditas das minhas bandas favoritas. Passei a percorrer as lojas de discos, sem efeito. Até que, numa festa na minha casa, o amigo de um amigo sur- giu com uma fita cassete com a trilha do filme gravada. Não acreditei! Quando todos foram em- bora, a fita escolheu ficar. Dentre as faixas ali, logo uma se destacou: “Bre- ath”, do Pearl Jam. É uma canção distinta, pois os acordes dão a impressão de um fim iminen- te, como se evoluísse sem fôlego. A despeito disso, a letra incita um despertar, alguém que tenta salvar um outro. As últimas frases dizem assim: “Veja o mundo. Há muito mais que isso”. Eu era um adolescente. Iria prestar vestibular, mas não tinha ideia do que fazer. Minha única vontade era ser escritor, trilhar um caminho muito além do quarto de solteiro, na casa dos pais. Ver o mundo, encontrá-lo. Faz alguns dias, eu estava deitado na cama à meia-luz. No quarto ao lado, minha esposa e minha filha assistiam televisão. O celular repro- duzia um aplicativo no qual são selecionadas algumas bandas e suas músicas tocam de ma- neira aleatória. De repente, começaram os acor- des de “Breath”, uma versão demo em que se chamava “Breath and Scream”. Lembrei-me na hora daquele quarto pequeno, inundado pelas angústias juvenis. Foi então que senti o corpi- nho da minha filha deslizando pelo lençol e se aninhando ao meu. Ficamos assim, em silên- cio, apenas ouvindo a canção no quase escuro. E quando chegaram as frases finais, a abracei com força, certo de que finalmente havia encon- trado o mundo, um mundo só meu. U Elisson & Anderson À base de hist “universitários”, sertanejos maringaenses soltam a voz no Butiquim. A dupla Júnior & Santa Fé completa a programação. Domingo, às 19h. Onde: Praça Manoel Ribas, 255. Tel: 3224- 7115. Monte Líbano O falafel, bolinho de fava com grão-de-bico, é um dos destaques do cardápio. Onde: Av. Anchieta, 1055, Centro. Tel: 3227-2047. Árabi’s Esfiharia Esfihas, quibes, beirutes e pratos executivos compõem o cardápio. Onde: Av. Cerro Azul, 1780. Tel: 3029-2029. Boteco do Neco Hambúrguer de linguiça de pernil. Segunda à sexta: 18h à 1h. Sábado e domingo: 17h à 1h. Onde: Av. Tiradentes, 133. Tel: 3269-1588. Churrascaria Vento Sul Rodízio para casal, de segunda a sábado no jantar, sai por R$ 64,90. Segunda a sábado, das 11h30 às 15h e das 19h30 as 23h30. Domingo das 11h30 às 15h. Onde: Av. Colombo, 3791. Tel: 3034-4501. Escritório Bar Para acompanhar a cerveja de 600 ml, a dica é ficar com a porção de frango à passarinha ou a de polenta. Onde: Av. Brasil, 1635. Tel: 3031-1300. Montenegro Café e Bistrô Salmão grelhado com linguini ao molho cítrico. Onde: Av. Luiz Teixeira Mendes, 2227. Tel: 3024-2227. Taberna Portuguesa Casa serve o Bacalhau à Brás, salteado no azeite com alecrim, cebola, alho, azeitona e há, por cima dele, clara em neve e batata palha. Segunda PAMONHAS DO CEZAR. No Festival da Panqueca, casa oferece 15 opções de pratos individuais a R$ 12,90, como a panqueca de estrogonofe (foto). Os preços especiais valem até o dia 31 deste mês. Onde: Av. São Paulo, 3094 (Shopping Avenida Center). Tel: 3227- 3252. —FOTO: DIVULGAÇÃO RÁDIO CADILLACS. Casa oferece duas opções de soƇatelli: com recheio de ricota e Ƈgo e recheio de to- mate seco e mussarela. Terça a sábado: 11h às 23h. Domingo: 16h às 22h. Onde: Rua Arthur Thomas, 288, Centro. Tel: 3305Ǥ1312. —FOTO: DIVULGAÇÃO a sábado das 11h30 às 14h e 18h30 às 23h. Domingo das 11h30 às 14h30. Onde: Av. Luiz Teixeira Mendes, 554. Tel: 3225-2823. Ma Chérie Patissêrie Há um ano na Avenida Herval, casa serve 25 opções de doces. O dome chocolat, mousse de chocolate recheado com creme de maracujá, é um dos destaques. No comando da cozinha, quem prepara os acepipes é a chefe Daniele Shirabe, graduada em Pâtisserie - tipo de padaria francesa voltada aos doces e aos bolos - pela conceituadíssima Cordon Bleu, de Tóquio (matriz em Paris). Segunda a sábado, das 10h às 19h. Onde: Av. Herval, 382, Centro. Tel: 3023-1877 Os estabelecimentos podem modificar cardápios, atrações e horários sem aviso prévio.

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Respire e grite, de Sérgio Tavares, publicado n'O Diário do Norte do Paraná, em 8 de março de 2015

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O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ Domingo, 08 de março de 2015CULTURAD4

TAVARES

[email protected]

Sérgio Tavares

Iria prestar vestibular. Minha única vontade era ser escritor, trilhar um caminho muito além do quarto de solteiro, na casa dos pais

Respire e grite m dos momentos marcantes da minha vida foi a primeira vez que ouvi “Smells Like Teen Spirit”, do Nir-vana. Tenho o retrato da cena fixado

na minha mente. Eu cruzava a sala, onde meu avô assistia televisão, quando o videoclipe sur-giu numa reportagem do Fantástico. Lembro-me de entrar num tipo de transe, como se tives-se um botão desconhecido dentro de mim acio-nado pela primeira vez. Havia uma necessidade inquietante naqueles acordes que, a partir da-quele instante, faziam parte de mim. Fincava-se o marco zero do meu gosto musical. Alguns dias depois regressava do ginásio, quan-do me deparei com uma edição da revista Bizz cuja capa trazia Kurt Cobain de suéter marrom, mostrando os dentes para o microfone. Era, de fato, um especial sobre Seattle, a cidade estadu-nidense onde residiam as bandas que encabeça-vam o novo fenômeno sociocultural, o grunge. O foco, obviamente, era o Nirvana, mas, próxi-mo ao desfecho da reportagem, um box chama-va a atenção para outros grupos. No aniversário daquele ano, minha madrinha me levou até a Mesbla e me presenteou com “Nevermind”, do Nirvana; “Ten”, do Pearl Jam; e “Dirt”, do Alice in Chains. Diuturnamente, os elepês se reveza-

vam no 3 em 1 da sala. Foi quando comecei a assistir a MTV Brasil, no canal 9. Usava o videocassete para gravar meus clipes favoritos em fitas VHS. Parecia um tipo de gincana. Tinha de ficar atento o tempo todo e, ao reconhecer a música, pular do sofá e aper-tar o REC. Revistas e televisão eram os únicos meios para se informar sobre bandas. Não exis-tia internet doméstica; não existia celular! E, ei!, eu não tenho 80 anos. Era o começo da década de 90. Impeachment do Collor, guerra do Golfo, telescópio Hubble e “Ghost - Do outro lado da vida” lotava as salas de cinema. Estreava também, nos Estados Unidos, um filme independente chamado “Singles”. Eu soube por uma edição do MTV no Ar, apresen-tado pelo Zeca Camargo. Uma comédia român-tica centrada na ascensão do grunge. Mas o que realmente explodiu minha cabeça foi o anún-cio da trilha sonora, que trazia músicas inéditas das minhas bandas favoritas. Passei a percorrer as lojas de discos, sem efeito. Até que, numa festa na minha casa, o amigo de um amigo sur-giu com uma fita cassete com a trilha do filme gravada. Não acreditei! Quando todos foram em-bora, a fita escolheu ficar. Dentre as faixas ali, logo uma se destacou: “Bre-

ath”, do Pearl Jam. É uma canção distinta, pois os acordes dão a impressão de um fim iminen-te, como se evoluísse sem fôlego. A despeito disso, a letra incita um despertar, alguém que tenta salvar um outro. As últimas frases dizem assim: “Veja o mundo. Há muito mais que isso”. Eu era um adolescente. Iria prestar vestibular, mas não tinha ideia do que fazer. Minha única vontade era ser escritor, trilhar um caminho muito além do quarto de solteiro, na casa dos pais. Ver o mundo, encontrá-lo. Faz alguns dias, eu estava deitado na cama à meia-luz. No quarto ao lado, minha esposa e minha filha assistiam televisão. O celular repro-duzia um aplicativo no qual são selecionadas algumas bandas e suas músicas tocam de ma-neira aleatória. De repente, começaram os acor-des de “Breath”, uma versão demo em que se chamava “Breath and Scream”. Lembrei-me na hora daquele quarto pequeno, inundado pelas angústias juvenis. Foi então que senti o corpi-nho da minha filha deslizando pelo lençol e se aninhando ao meu. Ficamos assim, em silên-cio, apenas ouvindo a canção no quase escuro. E quando chegaram as frases finais, a abracei com força, certo de que finalmente havia encon-trado o mundo, um mundo só meu.

U

Elisson & Anderson À base de hist “universitários”, sertanejos maringaenses soltam a voz no Butiquim. A dupla Júnior & Santa Fé completa a programação. Domingo, às 19h. Onde: Praça Manoel Ribas, 255. Tel: 3224-7115. Monte Líbano O falafel, bolinho de fava com grão-de-bico, é um dos destaques do cardápio. Onde: Av. Anchieta, 1055, Centro. Tel: 3227-2047. Árabi’s Esfiharia Esfihas, quibes, beirutes e pratos executivos compõem o cardápio. Onde: Av. Cerro Azul, 1780. Tel: 3029-2029. Boteco do Neco Hambúrguer de linguiça de pernil. Segunda à sexta: 18h à 1h. Sábado e domingo: 17h à 1h. Onde: Av. Tiradentes, 133. Tel: 3269-1588. Churrascaria Vento Sul Rodízio para casal, de segunda a sábado no jantar, sai por R$ 64,90. Segunda a sábado, das 11h30 às 15h e das 19h30 as 23h30. Domingo das 11h30 às 15h. Onde: Av. Colombo, 3791. Tel: 3034-4501.

Escritório Bar Para acompanhar a cerveja de 600 ml, a dica é ficar com a porção de frango à passarinha ou a de polenta. Onde: Av. Brasil, 1635. Tel: 3031-1300. Montenegro Café e Bistrô Salmão grelhado com linguini ao molho cítrico. Onde: Av. Luiz Teixeira Mendes, 2227. Tel: 3024-2227. Taberna Portuguesa Casa serve o Bacalhau à Brás, salteado no azeite com alecrim, cebola, alho, azeitona e há, por cima dele, clara em neve e batata palha. Segunda

PAMONHAS DO CEZAR. No Festival da Panqueca, casa oferece 15 opções de pratos individuais a R$ 12,90, como a panqueca de estrogonofe (foto). Os preços especiais valem até o dia 31 deste mês. Onde: Av. São Paulo, 3094 (Shopping Avenida Center). Tel: 3227-3252. —FOTO: DIVULGAÇÃO

RÁDIO CADILLACS. Casa oferece duas opções de so atelli: com recheio de ricota e go e recheio de to-mate seco e mussarela. Terça a sábado: 11h às 23h. Domingo: 16h às 22h. Onde: Rua Arthur Thomas, 288, Centro. Tel: 3305 1312. —FOTO: DIVULGAÇÃO

a sábado das 11h30 às 14h e 18h30 às 23h. Domingo das 11h30 às 14h30. Onde: Av. Luiz Teixeira Mendes, 554. Tel: 3225-2823. Ma Chérie Patissêrie Há um ano na Avenida Herval, casa serve 25 opções de doces. O dome chocolat, mousse de chocolate recheado com creme de maracujá, é um dos destaques. No comando da cozinha, quem prepara os acepipes é a chefe Daniele Shirabe, graduada em Pâtisserie - tipo de padaria francesa voltada aos doces e

aos bolos - pela conceituadíssima Cordon Bleu, de Tóquio (matriz em Paris). Segunda a sábado, das 10h às 19h. Onde: Av. Herval, 382, Centro. Tel: 3023-1877 Os estabelecimentos podem modificar cardápios, atrações e horários sem aviso prévio.