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RESISTÊNCIA MICROBIANA: UMA ANÁLISE DOS CASOS DE
TUBERCULOSE RESISTENTE1
MICROBIAN RESISTANCE: AN ANALYSIS OF CASES OF RESISTANT TUBERCULOSIS
Tais Sá Teles, Caio Michel de Souza Almeida, Carine Souza Lucena, Jéssica Simas Pedrosa, Lara de Oliveira
Rodrigues da Silva, Leidiane Cavalcante Tupinambás, Marcielle dos Santos Silva e Rita Terezinha de
Oliveira Carneiro
Universidade Estadual de Feira de Santana; E-mail: [email protected]
Resistência microbiana é um fenômeno de grande preocupação para saúde pública mundial devido a três principais
motivos: i) número elevado de notificação; ii) gravidade dos casos e iii) dificuldade de conter a disseminação dos agentes
etiológicos causadores das respectivas infecções. Esse fenômeno resulta primordialmente de alterações que ocorrem no
genoma dos micro-organismos causadores das doenças (resistência primária). Não obstante, má qualidade de vida, a
vulnerabilidade socioeconômica e a negligência com o tratamento farmacológico pelo ser humano contribuem fortemente
para sua ocorrência (resistência secundária). Dados atuais divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
revelaram que a tuberculose (TB) é considerada como a principal causa de óbito por doença infectocontagiosa por único
agente microbiano, e os registros das formas de TB resistentes têm crescido no curso de poucas décadas.
Contraditoriamente, a tuberculose é uma doença passível de cura obtida por meio da fidelização ao tratamento com os
fármacos anti-TB, que são distribuídos gratuita e universalmente pelos programas municipais de controle e prevenção da
doença. Todavia, o que se observa é um aumento expressivo nos índices de morbimortalidade em decorrência da
tuberculose de resistência secundária. Esse fato justifica a realização desse trabalho cujo objetivo é descrever as
características da tuberculose resistente, ressaltando as possíveis formas de prevenir a sua ocorrência. Trata-se de uma
revisão da literatura, abordando aspectos de interesse para saúde pública, pois suscita informações valiosas no tocante ao
tratamento e prevenção da tuberculose, especialmente à doença causada por isolados resistentes aos fármacos anti-TB.
PALAVRAS-CHAVE: Epidemiologia. Fármacos. Resistência microbiana. Saúde pública. Tuberculose
CONTEXTUALIZAÇÃO
A resistência microbiana surge no decorrer de tratamento farmacológico incorreto e se caracteriza pela
ineficiência nos mecanismos de ação dos fármacos sobre a fisiologia e proliferação dos micro-organismos, os
quais até então eram susceptíveis aos seus efeitos [DUARTE et al., 2019]. Nesse contexto, e de maneira
indireta, o tratamento farmacológico pode atuar como fator que seleciona as linhagens microbianas capazes de
resistir aos efeitos adversos à sua sobrevivência impostos pela terapia farmacológica [DALMANN-SAUER et
al., 2018; DUARTE et al., 2019].
A resistência microbiana configura-se como um dos piores agravantes relacionados a doenças
infectocontagiosas pois: i) seus registros são mundialmente expressivos; ii) dificulta o tratamento e agrava
seus casos e iii) a dispersão das linhagens resistentes é intensificada pelo trânsito de seres humanos em nível
continental [WHO, 2012]. Apesar desse cenário desfavorável, há possibilidades de mitigar e até mesmo
erradicar a resistência microbiana por meio do uso racional dos fármacos, pela adoção de hábitos saudáveis de
vida (i.e.: alimentação balanceada, eliminação de vícios como alcoolismo entre outras) e com melhorias na
1 Anais da XV Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, 15 a 21 de Outubro de 2018, UEFS, Feira
de Santana.
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qualidade de vida do ser humano [BRASIL, 2011; BRITES e GAGNEUX, 2015; DUARTE et al., 2019].
Todavia, essa ainda não é a realidade.
A atualização nos registros da tuberculose (TB) no ano de 2017 impactou negativamente a saúde
pública mundial, haja vista que a doença é passível de cura, mas na atualidade se configura como a principal
causa de óbito por infecção causada por único agente [BRASIL, 2018; WHO, 2017]. A preocupação é ainda
maior quando consideramos o crescente fenômeno da resistência aos fármacos anti-TB, manifestado por
diferentes linhagens de Mycobacterium tuberculosis (Mtb), que, por sua vez, é o agente causador da doença
[GHAZAEI, 2018; WHO, 2017].
A resistência aos fármacos anti-TB é produto de mudanças na composição e/ou na regulação gênica
dos isolados de Mtb, podendo ser classificada como primária (quando surge em virtude de mutações em seu
genoma), ou secundária (adquirida por meio da pressão ambiental que seleciona linhagens mais bem
adaptadas às condições hostis que lhes são impostas) [BRASIL, 2011; BRITES e GAGNEUX, 2015].
Mutações em genes de resistência, bem como a ocorrência de epistasia, nos isolados de Mtb, são
consensualmente descritas como causa primordial para a sua capacidade de neutralizar a ação dos fármacos
utilizados no tratamento da tuberculose [BORREL et al., 2013]. Não obstante, o uso irracional dos
antimicrobianos, a não adequação e/ou abandono ao regime de tratamento, estilo inadequado de vida como
uso de drogas injetáveis e abuso de álcool, presença de comorbidade, além das condições de vulnerabilidade
socioeconômica do portador da doença contribuem para que os isolados de Mtb evoluam para formas
resistentes [DALMANN-SAUER et al., 2018].
A classificação da tuberculose como mono, poli, multi e extensivamente resistente aos fármacos anti-
TB se fundamenta na quantidade e na classe dos fármacos que a linhagem infectante do M. tuberculosis
consegue neutralizar [GARRIDO, 2009]. Ressaltamos que todas as formas de tuberculose resistente
necessitam de vigilância, todavia a tuberculose multi-droga resistente (TBMR) despende de maior atenção
devido aos seus expressivos índices de notificação mundial, os quais, em 2017, atingiram a marca de 480.000
novos casos [WHO, 2017].
A TBMR consiste numa infecção causada por linhagem de M. tuberculosis capaz de resistir
concomitantemente aos efeitos da rifampicina (R) e isoniazida (H), que, por sua vez, são os fármacos
utilizados na primeira linha de tratamento anti-TB [BRASIL, 2011; WHO, 2017]. No Brasil, a quase
totalidade dos casos de TBMR é do tipo secundária e o uso indiscriminado de antimicrobianos, o abandono do
tratamento, estilo de vida ou a re-infecção de pacientes são apontadas como suas principais causas [BRASIL,
2014]. Esse dado justifica a realização desse trabalho, que consiste numa breve revisão, cujo objetivo é
debater sobre a tuberculose resistente, além de estimular a sensibilização para adoção dos bons hábitos de
saúde e, especialmente enfatizar a importância do diagnóstico prévio e adesão ao tratamento contra a
tuberculose, visando à cura e à minimização dos registros da tuberculose.
TUBERCULOSE NO CONTEXTO DA SAÚDE PÚBLICA
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Em 2017, foram registrados 10,4 milhões de novos casos mundiais de tuberculose, adicionalmente os
óbitos notificados em decorrência exclusiva da TB foram de 1,4 milhões de pessoas. Apesar de expressivos,
esses números podem estar subestimados devido à inconsistência na notificação dos casos da doença em
países como África e Ásia [WHO, 2017].
Não obstante, os dados apresentados acima contribuíram para que a tuberculose se configurasse, na
atualidade, como a principal causa de morte por infecções causadas por único agente infeccioso, superando
inclusive a taxa de morbimortalidade pelo vírus HIV (human immunodeficiency virus) [BRASIL, 2018].
De maneira geral, mas não exclusivamente, a tuberculose é uma doença que afeta países
superpopulosos e sua ocorrência é fortemente associada à condição de pobreza, aqui caracterizada por
agregados de casebres com baixa ventilação, responsáveis por abrigar uma população semianalfabeta e de
baixa renda salarial, durante um intervalo constante de tempo [ERAZO et al., 2014; GOMES et al., 2016].
Essa população tem acesso restrito aos serviços de saúde, o que explica a ocorrência de diversas situações de
agravo (AIDS, alcoolismo, diabetes, desnutrição, tabagismo e uso de drogas ilícitas, por exemplo) e que,
indiretamente, contribuem para disseminação e evolução dos isolados dos Mtb [BRASIL, 2014; SOUZA et
al., 2015].
Os fatores descritos acima fazem da tuberculose uma doença prioritária para a saúde pública e,
portanto, requer o diagnóstico precoce e, principalmente, adesão ao tratamento farmacológico pelos seus
portadores [WHO, 2017].
TRATAMENTO ANTI-TB
O tratamento da tuberculose é realizado a partir de esquemas padronizados com fármacos que são
distribuídos universal e gratuitamente por unidades básica de saúde (UBS) e acompanhado por profissionais
filiados aos programas municipais de controle de prevenção da tuberculose [BRASIL, 2011]. Há uma
expressiva recomendação para que os fármacos anti-TB sejam ingeridos/administrados pelos pacientes sob
observação dos profissionais de saúde que os acompanham (tratamento diretamente observado – TDO),
justificada como forma de reduzir a taxa de abandono ao tratamento e/ou uso irracional dos fármacos anti-TB
[BRASIL, 2011; WHO, 2017].
No Brasil, os esquemas de tratamento são preconizados pelo Programa Nacional de Controle da
Tuberculose (PNCT), que também estabelece as bases, princípios e as possibilidades de mudanças no
esquema de tratamento da doença [BRASIL, 2011]. De maneira geral, a escolha do esquema poli terapêutico
utilizado contra a tuberculose é realizada com base em dois parâmetros: status metabólico do paciente e da
localização do bacilo [BRASIL, 2011; GARRIDO, 2009].
Para atender as demandas específicas de cada tratamento no tocante à aquisição da resistência pelos
isolados de Mtb ou para adequar o regime farmacológico às necessidades fisiológicas dos pacientes de
tuberculose é que os fármacos anti-TB são classificados como sendo de 1ª e 2ª linha, os quais,
respectivamente, são empregados durante a fase inicial do tratamento e são empregados quando há falhas
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terapêuticas com os fármacos de primeira escolha [ARBEX et al 2010a; 201b; GARRIDO, 2009; RABAHI et
al., 2017]
Os fármacos utilizados no tratamento da tuberculose e seus respectivos mecanismos de ação são
descritos na Tabela 1.
Tabela 1: Identificação dos fármacos anti-TB e seus respectivos mecanismos de ação e indicação, utilizados
no Brasil.
FÁRMACOS MECANISMO DE AÇÃO INDICAÇÃO
Grupo 1: Fármacos de primeira linha
isoniazida (H) Inibe a síntese do ácido micólico
Tratamento de todos os tipos de tuberculose,
pode ser administrada em combinação com
outros fármacos, caso haja comprovação da
resistência aos seus efeitos pelos isolados
infectantes.
rifampicina (R)
Inibe a atividade da RNA
polimerase
DNA-dependente
Indicada para o tratamento inicial da TB
pulmonar, e nas situações em que haja
resistência do Mtb pelos demais fármacos
anti-TB.
etambutol (E)
Bloqueia a síntese de
arabinogalactano (principal
carboidrato da parede celular do
Mtb)
Tem ação bacteriostática sobre isolados de
Mtb com crescimento rápido, encontrados nos
ambientes intra e extracelular.
pirazinamida (Z)
Supostamente, pode induzir a
acidose celular após ser assimilado
pelo Mtb inativando seu
metabolismo devido à desnaturação
enzimática
Tratamento de todos os tipos de tuberculose
em associação com a rifampicina e isoniazida.
Grupo 2: Injetáveis
estreptomicina (S)
Inibição irreversível da síntese
proteica nos isolados de Mtb
Quando ocorre falha terapêutica com os
fármacos de 1ª linha, desde que o paciente TB
seja alérgico à sua estrutura e seja confirmada
a sensibilidade dos isolados de Mtb, ou para
atender necessidade particular do paciente
(estado metabólico).
kanamicina (Km)
amikacina (Am)
Grupo 3: Fluoroquinolonas
ofloxacina (Ofx)
Bloqueiam atividade das enzimas
DNA girase ou da topoisomerase II
Quando ocorre falha terapêutica com os
fármacos de 1ª linha, desde que o paciente TB
seja alérgico à sua estrutura e seja confirmada
a sensibilidade dos isolados de Mtb, ou para
atender necessidade particular do paciente
(estado metabólico).
levofloxacina (Lfx)
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FÁRMACOS MECANISMO DE AÇÃO INDICAÇÃO
Grupo 4: Bacteriostáticos de segunda linha
etionamida (Et)
Ação análoga à isoniazida, pois
inibe síntese
proteica e impede a biossíntese do
ácido micólico
Quando ocorre falha terapêutica com os
fármacos de 1ª linha, desde que o paciente TB
seja alérgico à sua estrutura e seja confirmada
a sensibilidade dos isolados de Mtb, ou para
atender necessidade particular do paciente
(estado metabólico).
capreomicina (Cap) Supostamente, interfere na síntese
proteica do Mtb
cicloserina (Cs)
Inibição competitiva das enzimas D-
alanil-D-alanina sintetase, alanina
racemase e alanina permeasse
necessárias para estruturação da
membrana celular do Mtb.
ácido p-aminosalicilico
(PAS)
Possivelmente interfere na síntese
de ácido fólico bacilar e por inibição
da captação de ferro pelo Mtb
A cura da tuberculose é garantida, quando os fármacos que constituem o esquema de tratamento são
administrados respectivamente com suas doses e tempo em conformidade com o que foi prescrito pelo
receituário para cada paciente. Essa postura, também, minimiza o risco de desenvolvimento da resistência
medicamentosa pelos isolados de M. tuberculosis [BRASIL, 2011; 2014].
Entretanto, os registros de tuberculose são mundialmente relevantes e adicionalmente representa uma
grande preocupação devido à dificuldade de restringir a dispersão dos isolados resistentes [DALMANN-
SAUER et al., 2018].
A resistência microbiana é considerada como um dos principais problemas de ordem pública para à
saúde mundial, pois onera gastos e dificulta o tratamento e prevenção de infecções, além de afetar, em
especial, uma população carente cujas características contribuem para a aquisição e propagação das linhagens
resistentes [WHO, 2012; 2017]. Dada a sua importância, discutiremos os mecanismos pelos quais os
microrganismos adquirem resistência aos fármacos mais detalhadamente a seguir.
FORMAS DE TB RESISTENTE
A confirmação da tuberculose resistente é realizada por meio de cultura in vitro dos isolados de Mtb e
pelo teste de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA), utilizando os fármacos anti-TB nas concentrações
preconizadas universalmente. O resultado de ambos os testes determina fenotipicamente o tipo de resistência
da doença, classificando-a das seguintes formas: i) tuberculose mono resistente, quando os isolados, que
causam a infecção, têm resistência a apenas um dos fármacos anti-TB; ii) TB poli resistente, no caso dos
isolados serem resistentes a dois fármacos anti-TB, desde que estes não sejam a combinação de isoniazida e
rifampicina; iii) tuberculose multi-droga resistente (TBMR) que se caracteriza pela infecção causada pelos
isolados capazes de resistir concomitantemente aos efeitos da isoniazida e a rifampicina, podendo ou não
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estarem combinados com outros medicamentos e iv) tuberculose extremamente resistente (TBXR), quando os
isolados de Mtb são resistentes a isoniazida e a rifampicina, a qualquer fármaco da classe das
fluoroquinolonas e a pelo menos um dos fármacos injetáveis (i.e.: amikamicina, kanamicina ou capreomicina)
[BRASIL, 2011; GARRIDO, 2009; RABAHI et al., 2017].
MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS E SEUS MECANISMOS PARA AQUISIÇÃO DE
RESISTÊNCIA AOS FÁRMACOS ANTI-TB
O fenômeno da antibiose microbiana (do grego, Anti = “contra”; Bios = “vida”) ocorreu ao acaso e
graças à perspicácia de Alexander Flemming (1928), ao notar a morte de bactérias próximas ao micélio do
fungo contaminante, pertencente ao gênero Penicillium. Surgia, naquele momento, a Penicilina [CARLIXTO
e CAVALHEIRO, 2012; PEREIRA e PITA, 2005].
Inicialmente a descoberta de Flemming teve uma aplicabilidade prática e de grande valia para os
soldados em front de batalha no decorrer da II Guerra Mundial (1943-1945), preservando milhares de suas
vidas contra os inimigos invisíveis e causadores de doenças como: febre tifoide e malária tão comuns e fatais
naquele contexto histórico [PEREIRA e PITA, 2005]. No período pós-guerra, os antimicrobianos foram
levados às cidades e utilizados ampla e irracionalmente por civis, criando o ambiente favorável para evolução
e seleção de micro-organismos resistentes. Já em meados da década de 70, casos de infecções resistentes
começam a ser mundialmente notificados [CARLIXTO e CAVALHEIRO, 2012].
A aquisição de resistência microbiana não é um fenômeno fácil de ser elucidado, no entanto existem
dois mecanismos fortemente associados à sua ocorrência, a saber: mutações genéticas (resistência primária) e
seleção natural (resistência secundária) [ZHANG e YEW, 2015]. Abordaremos a seguir os mecanismos
supracitados, e para uma melhor contextualização, usaremos M. tuberculosis, o agente causador da
tuberculose, considerada como a principal causa de óbito por doença infectocontagiosa de único agente
[BRASIL, 2018].
RESISTÊNCIA PRIMÁRIA
Via de regra, bactérias modificam sua composição gênica por meio dos chamados mecanismos de
transferência horizontal de genes, dentre os quais descrevemos: i) Conjugação – compartilhamento de
plasmídios2 através de estruturas sexuais (i.e.: pili, nas bactérias gram negativa e moléculas adesivas, nas
bactérias gram positivas) entre bactérias compatíveis; ii) Transdução – inserção de genes bacterianos e/ou
virais por meio da infecção por fagos3; iii) Transformação – assimilação de genes disponíveis no ambiente no
qual se encontram as bactérias competentes4. Algumas linhagens bacterianas podem ainda apresentar os
elementos genéticos móveis (transpossomos). Por fim e não menos importante, as bactérias também podem
alterar seu genoma por meio das mutações gênicas [TORTORA et al., 2017].
2Material genético extra cromossômico presente em bactérias doadoras. 3 Vírus capaz de infectar bactérias. 4 Bactérias com poros em suas paredes celulares.
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Em particular, o M. tuberculosis não apresenta plasmídio nem transpossomos e sua taxa de
transferência horizontal de genes é baixa em comparação às demais bactérias [COLE et al., 1998]. Esses
dados sugerem que as modificações gênicas no Mtb, inclusive aquelas capazes de promover a resistência aos
fármacos, se devem quase que exclusivamente à ocorrência de mutações [CHEN et al., 2016; COLL et al.,
2015; MISHRA et al., 2015; NAVARRO et al., 2017; WANG et al., 2015].
O genoma do M. tuberculosis é constituído por aproximadamente 4.400 genes organizados em único
cromossomo circular, apresenta composição de 65% de pares de bases G-C e regiões com sequências
repetidas, além claro dos genes codificadores de proteínas que desempenham funções essenciais à vida dessa
bactéria [COLE et al., 1998].
Tabela 2: Descrição das principais mutações que ocorrem em genes que conferem resistência aos fármacos
anti-TB identificadas no genoma de isolados do M. tuberculosis.
Fármacos
1ª linha* 2ª linha**
H R E Z Injetáveis
K, A, S
Fluoroquinonas
Ofx, Lev
Etionamida
Et
Genes que
conferem
resistência
katG,
inhA,
ahpC,
kashA
Ndh
rpoB embB pncA
Rrs
rpsL
tlyA
eis
gyA sem dados***
*Identificação dos fármacos de 1ª linha: H – isoniazida; R – rifampicina; E – etambutol; Z – pirazinamida;
**Identificação dos fármacos de 2ª linha: Injetáveis (K – kanamicina; A – amicanina; S – estreptomicina);
Fluoroquinonas (Ofx – ofloxacina; Lfx – levofloxacina);
***Não foram encontrados dados sobre os genes que conferem resistência ao fármaco Etionamida (Et).
O real efeito dessas mutações ainda perturba alguns estudiosos, tendo em vista que os fármacos anti-
TB interagem farmacodinamicamente com estruturas e/ou com reações essenciais à sobrevivência do M.
tuberculosis [NAIDOO e PILLAY, 2017].
Com o intuito de neutralizar a ação dos fármacos, os isolados de Mtb mutantes alteram drasticamente
suas rotas metabólicas para que não apresentem déficit em suas taxas de reprodução, crescimento e
metabolismo. No entanto, o que se observa em amostras clínicas é o predomínio das linhagens mutantes
muito bem adaptadas e evoluindo em meio aos respectivos grupos populacionais que lhes servem como
hospedeiro [BRITES e CAGNEUX, 2015; DATTA et al., 2016; NAVARRO et al., 2017; PERRIN et al.,
2015; WANG et al., 2015].
Esse contexto favorece o emprego do termo “fitness cost” (i.e.; “custo de aptidão”, em tradução livre),
amplamente utilizado em denotação das vantagens evolutivas que os isolados de Mtb adquirem por meio de
mutações em genes de resistência. O termo “custo” é associado a essas mudanças gênicas que ocorrem nos
isolados, na expectativa de que seus efeitos sejam negativos, contudo os mesmos não são percebidos na
análise fenotípica desses isolados [NAIDOO e PILLAY, 2017; NAVARRO et al., 2017].
Autores como Borrel et al., (2013), Koch et al., (2014), Muller et al., (2013), Salvadore et al., 2016
discutem sobre o fenômeno da epistasia, que corresponde à interação sinérgica de duas ou mais mutações de
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maneira que uma neutralize o possível efeito deletério da outra. Apesar de bastante estudado e amplamente
relatado em estudos com isolados clínicos de Mtb, a epistasia é um mecanismo que ainda não foi totalmente
compreendido.
RESISTÊNCIA SECUNDÁRIA
A ocorrência da tuberculose de resistência secundária é fortemente influenciada pela ação do ser
humano e pelas condições ambientais, haja vista que esses fatores criam o cenário favorável para as mudanças
na fisiologia do M. tuberculosis, ao passo que selecionam os isolados mais bem adaptados ao ambiente. Uma
dessas mudanças consistem na modulação genética que resulta na resistência aos fármacos anti-TB [BRITES
e GAGNEUX, 2015; DATTA et al., 2016; PERRIN et al., 2015].
O abandono ao tratamento anti-TB é a principal causa para a ocorrência da tuberculose de resistência
secundária [BRASIL, 2011; 2014]. A descontinuidade espontânea do tratamento favorece a proliferação de
isolados que já entraram em contato com fármacos, e que, ao longo de tempo, foram capazes de estabelecer
mecanismos (genéticos e metabólicos) que neutralizam sua ação [COSCOLLA e GAGNEUX. 2014].
Por sua vez, a não adesão, a inadequação, os efeitos colaterais e o tempo prolongado do tratamento
anti-TB são apontadas como razões para o abandono ao tratamento da doença [ABREU e FIGUEREDO,
2013; BRYANT et al., 2013; BRITES e GAGNEUX, 2015].
O estilo de vida e as condições de habitação dos portadores da tuberculose também contribuem para a
disseminação e evolução dos isolados para formas mais resistentes da doença [ABREU e FIGUEREDO,
2013; PERRIN et al., 2015]. O uso de drogas injetáveis, maus hábitos de vida (alcoolismo, tabagismo por
exemplo), desnutrição e co-morbidades (diabetes, HIV entre outras) são fatores intimamente relacionados
com a TBMR [BRASIL, 2011; 2014].
Erazo e colaboradores (2014) descrevem os chamados “bolsões de pobreza”, caracterizados por
aglomerados de casebres, sem pouca ou nenhuma ventilação e ausência de saneamento básico, que abrigam
diariamente um grande número de pessoas por pelo menos um terço do dia. Esse cenário precário é
consensualmente associado aos altos índices de tuberculose e aos mais agressivos surtos de tuberculose
resistente [BRITES e GAGNEUX, 2015; COSCOLA e GAGNEUX, 2014].
No Brasil, a maioria dos casos da tuberculose resistente é caracterizada como secundária, e a principal
causa para sua ocorrência é o abandono ao tratamento anti-TB [BRASIL, 2018]. Erazo e colaboradores (2014)
destacam que a erradicação da tuberculose extrapola os campos da saúde, pois se tratando de uma doença que
afeta um grupo populacional caracterizado por sua pobreza e limitação em seu nível educacional, é necessário
redirecionar as rendas e aumentar as campanhas de educação e sensibilização para a importância do
diagnóstico precoce da doença, início rápido do tratamento e, principalmente, fidelização e completitude ao
esquema farmacológico prescrito.
O esquema abaixo ilustra as etapas necessárias para obter a cura da tuberculose.
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*sintomas da tuberculose pulmonar
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A resistência microbiana agrava o contexto das infecções, mas é algo que pode ser evitado pelo uso
racional dos fármacos associado às medidas não-terapêuticas, tais como: adoção de bons hábitos de
alimentação e higiene e através de melhorias na qualidade de vida dos seres humanos.
Dentre as doenças infectocontagiosas com maiores índices mundiais destacamos a tuberculose que
continua sendo uma doença de grande preocupação para saúde pública mundial não somente pelos seus
expressivos índices de morbimortalidade, como também pelo aumento nos casos das formas resistentes da
doença.
É consensual que o fenômeno da resistência aos fármacos utilizados no tratamento anti-TB está
fortemente vinculado às alterações que ocorrem no genoma dos isolados de M. tuberculosis, os quais podem
surgir ao acaso (resistência primária), ou para atender as demandas fisiológicas a que esses estão submetidos
(resistência secundária).
A resistência secundária se manifesta como produto de ações negligentes do ser humano frente ao
tratamento da doença, somadas as condições precárias da sua sobrevivência. Nesse sentido, reforçamos a
importância da adesão ao tratamento anti-TB e da busca por melhorias na qualidade de vida dos seus
portadores e familiares.
Também ressaltamos que a tuberculose, apesar de na atualidade se configurar como a principal causa
de óbito por infecção por único agente, é uma doença passível de cura. E, para que a erradicação da
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tuberculose se torne uma realidade, se faz necessário ações educativas sobre a doença, seu diagnóstico
precoce e correto tratamento.
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