RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS NO PROCESSO PRODUTIVO: O CASO DE...

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CINTIA MADUREIRA ORTH RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS NO PROCESSO PRODUTIVO: O CASO DE UMA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA – UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MELHORIAS NA GESTÃO DE RESÍDUOS JOINVILLE, SC 2010

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CINTIA MADUREIRA ORTH

RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS NO PROCESSO PRODUTIVO: O CASO DE UMA

INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA – UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MELHORIAS

NA GESTÃO DE RESÍDUOS

JOINVILLE, SC

2010

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CINTIA MADUREIRA ORTH

RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS NO PROCESSO PRODUTIVO: O CASO DE UMA

INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA - UMA CONTRIBUIÇÃO PARA MELHORIAS

NA GESTÃO DE RESÍDUOS

Dissertação apresentada ao programa de Mestrado em Saúde e Meio Ambiente da Universidade da Região de Joinville como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente. Orientadora: Profa. Dra. Nelma Baldin

JOINVILLE, SC

2010

Catalogação na publicação pela Biblioteca Universitária da Univille

Orth, Cíntia Madureira O77r Resíduos sólidos gerados no processo produtivo : o caso de uma indústria

automobilística – uma contribuição para melhorias na gestão de resíduos / Cíntia Madureira Orth ; orientador Dra. Nelma Baldin – Joinville: UNIVILLE, 2010.

194 f. : il. color. ; 30 cm Orientador: Dra. Nelma Baldin Dissertação (Mestrado em Saúde Meio Ambiente –

Universidade da Região de Joinville) 1. Resíduos sólidos industriais. 2. Sistema de gestão ambiental. 3. Educação

ambiental. 4. Indústria automobilística. 5. Desenvolvimento sustentável. I. Baldin, Nelma. II. Título.

CDD 628.4

Termo de aprovação

“RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS NO PROCESSO PRODUTIVO: O Caso de uma Indústria Automobilística – uma Contribuição para Melhorias na Gestão de Resíduos”

por

Cíntia Madureira Orth

Dissertação julgada para obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de

concentração Meio Ambiente e aprovada em sua forma final pelo Programa de Mestrado em

Saúde e Meio Ambiente.

_______________________________________

Profa. Dra. Nelma Baldin Orientadora (UNIVILLE)

________________________________________

Prof. Dr. Gilmar Sidnei Erzinger Coordenador do Programa de Mestrado em Saúde e Meio Ambiente

Banca Examinadora:

________________________________________ Profa. Dra. Nelma Baldin

(UNIVILLE)

________________________________________ Prof. Dr. Joel Dias da Silva

(FURB)

________________________________________ Profa. Dra. Therezinha Maria Novais de Oliveira

(UNIVILLE)

Joinville, 07 de julho de 2010.

“O que eu faço é uma gota no meio de um oceano.

Mas sem ela, o oceano será menor. ”

Madre Teresa de Calcutá

Aos amores da minha vida,

Leonardo Orth e Gabriel Madureira Orth.

AGRADECIMENTOS

Ao meu marido, Leonardo Orth, meu grande incentivador, pelo amor, paciência, compreensão e palavras de apoio. Ao nosso filho, Gabriel Madureira Orth, a quem tantas vezes me fiz ausente, pelo carinho e compreensão. Aos meus pais e irmãos, que mesmo de longe sempre me apoiaram. À Professora Cladir Teresinha Zanotelli, por acreditar em mim desde o início, pela contribuição, competência, empenho e paciência. À minha orientadora, Professora Nelma Baldin, por tão boa vontade em dar continuidade a este trabalho, pela confiança, contribuição, competência e empenho. À Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (FAPESC) e à Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE), pelo apoio financeiro. À Empresa estudada, por ter aberto as suas portas; e a todos os seus colaboradores, pelas valiosas contribuições para a realização deste trabalho. A todos os professores do Programa de Mestrado em Saúde Meio Ambiente, pelos relevantes conhecimentos transmitidos. Aos colegas do Mestrado, pelas horas de estudo, amizade e companheirismo. Às funcionárias Débora e Maria Patrícia, pelo auxílio durante todo o curso. Aos professores Cleiton Vaz e Therezinha Maria Novais de Oliveira, pelo apoio durante o estágio de docência. E, finalmente, a DEUS, que me deu condições, em todos os sentidos, de alcançar mais este objetivo em minha vida.

SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................................... 11 ABSTRACT ........................................................................................................................... 12 LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................... 13 LISTA DE TABELAS E QUADROS .................................................................................. 15 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS........................................................................... 16 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 18 2. REVISÃO........................................................................................................................... 25 2.1. RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS........................................................................... 25 2.1.1. O Gerenciamento de resíduos sólidos industriais.................................................... 28 2.2. SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS .......................................... 34 2.2.1. A série ISO 14.000....................................................................................................... 37 2.2.2. Política dos 3 R’s ........................................................................................................ 39 2.2.3. Produção mais Limpa ................................................................................................ 43 2.2.4. Educação Ambiental .................................................................................................. 45 2.3. OS PLÁSTICOS E A INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA............................................48 2.3.1.1. Riscos do processo de fabricação de compósitos de PRFV para a saúde humana ...........................................................................................................54 2.3.1.2. Implicações ambientais da produção e do uso de plásticos, em especial, de PRFV...................................................................................................................... 56 3. METODOLOGIA.............................................................................................................. 60

3.1. O MÉTODO ..................................................................................................................... 60 3.2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO............................................................ 61 3.2.1. Descrição do processo de Moldagem e Acabamento em PRFV............................. 62 3.3. INSTRUMENTOS DE COLETAS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................................................................... 64 3.3.1. O processo produtivo e as fontes de geração de resíduos......................................... 64 3.3.1.1 Riscos do processo para a saúde do trabalhador.......................................................... 65 3.3.2. A quantificação dos resíduos ...................................................................................... 65 3.3.2.1. A produção total de resíduos pela unidade estudada ................................................. 66 3.3.2.2. Resíduos do processo de Moldagem e Acabamento em PRFV.................................. 66 3.3.3. Classificação dos resíduos do processo...................................................................... 70 3.3.4. Gerenciamento dos resíduos do processo................................................................... 70 3.3.5. Ações para melhorias na gestão de resíduos sólidos................................................. 71 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 72 4.1. O PROCESSO DE MOLDAGEM E ACABAMENTO EM PRFV..................................75 4.1.1. Principais fontes de geração de resíduos ................................................................... 78 4.1.1.1. O desperdício de materiais ......................................................................................... 87 4.1.1.2 As emissões sonoras e atmosféricas e suas principais implicações para a saúde do trabalhador ................................................................................................. 91 4.1.1.3. Efluentes líquidos ....................................................................................................... 94 4.2. CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS DO PROCESSO DE MOLDAGEM E ACABAMENTO EM PRFV........................................................................................ 95 4.3. GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DO PROCESSO DE MOLDAGEM E ACABAMENTO EM PRFV............................................................... 98 4.3.1. Segregação .................................................................................................................. 99 4.3.2. Acondicionamento e armazenagem Temporária .................................................. 106 4.3.3. Coleta e transporte .................................................................................................... 111

4.3.4. Tratamento e sistema de destinação final .............................................................. 112 4.4. APRESENTAÇÃO DE AÇÕES PARA MELHORIAS NA GESTÃO DE

RESÍDUOS...................................................................................................................... 113 4.4.1. Redução na fonte geradora .......................................................................................115 4.4.2. Reciclagem das aparas de PRFV ............................................................................. 116 4.4.3. Acondicionamento e armazenagem temporária ..................................................... 119 4.4.4. Educação Ambiental...................................................................................................121 4.4.4.1. Atividades de Educação Ambiental para o ambiente fabril...................................... 123 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 133 REFERÊNCIAS....................................................................................................................139 APÊNDICES ........................................................................................................................ 147 Apêndice A – Planilha para coleta de dados sobre o processo produtivo e suas fontes de geração de resíduos no processo (MODELO)................................. 148

Apêndice B – Planilha para coleta de dados referentes à produção de peças em PRFV e ao consumo de matérias-primas no processo de Moldagem e Acabamento em PRFV (MODELO) ........................................................... 148

Apêndice C – Planilha para quantificação (pesagem - kg) das aparas de PRFV geradas no Ponto 1 – laminação dos tetos (MODELO).................................. 149 Apêndice D – Planilha para quantificação (pesagem - kg) das aparas geradas no Ponto 2 – desmoldagem dos tetos e das entre-janelas e no Ponto 3 – Acabamento dos tetos (MODELO)................................................................. 149

Apêndice E – Planilha para cálculo e organização de dados referentes à quantidade de aparas geradas para produzir cada uma das cinco peças nas duas

etapas do processo produtivo - Moldagem e Acabamento (MODELO) ....................................................................................................149

Apêndice F – Planilha para coleta, cálculo e organização de dados referentes à quantidade de aparas geradas nas duas linhas de produção (tetos

e entre-janelas) do processo de Moldagem e Acabamento em PRFV (MODELO) .........................................................................................150

Apêndice G – Planilha para coleta de dados e cálculo dos principais resíduos gerados

no processo de Moldagem e Acabamento em PRFV (MODELO) ................151

Apêndice H – Planilha para coleta de dados referentes ao gerenciamento dos resíduos sólidos gerados no processo de Moldagem e Acabamento em PRFV

(MODELO) ....................................................................................................151 Apêndice I – Artigo científico submetido ao Journal of Cleaner Production: “Diagnosis of solid waste generation in a production process of an automobile industry: a contribution to reduction” ………………. 152 Apêndice J – Artigo científico submetido à Revista Gestão e Produção (UFSCar): “Gerenciamento dos resíduos sólidos em uma indústria automobilística: uma contribuição para melhorias” ................................. 173

RESUMO A necessidade da busca por modelos de Desenvolvimento Sustentável tem levado a sociedade, o governo e o mercado a pressionar as indústrias a tornarem seus processos produtivos mais limpos. A adoção da Política dos 3 R’s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), da Produção mais Limpa, dos Planos de Gerenciamento de Resíduos (PGR), da Educação Ambiental, dentre outros, ajudam a reduzir a quantidade de resíduos. Entretanto, a implantação desses procedimentos deve ser precedida de um diagnóstico ambiental. O objetivo desta pesquisa consistiu em elaborar um diagnóstico dos resíduos sólidos gerados num processo produtivo de uma indústria do setor automobilístico, visando a apresentação de ações para melhorias. Os objetivos específicos foram: estudar o processo produtivo e suas fontes de geração de resíduos, levantar os riscos do processo para o trabalhador, estudar o gerenciamento dos resíduos do processo, bem como classificá-los e quantificá-los; e, ao final, apresentar medidas preventivas e corretivas. O estudo do processo, das fontes de geração e dos riscos do processo para a saúde e gerenciamento de resíduos se deu por meio de observações in loco e consultas aos arquivos da Empresa.. A classificação se deu conforme a ABNT NBR 10004/2004. E, a quantificação foi feita por meio de medições e estimativas. A empresa analisada fabrica carrocerias para ônibus. O processo estudado foi o de Moldagem e Acabamento em Plástico Reforçado com Fibra de Vidro (PRFV). O período analisado foi de maio de 2008 a abril de 2009. Constatou-se que o processo adotado pela unidade é o Spray-

up, que usa moldes abertos e gera grandes quantidades de aparas, sendo esta a principal fonte de geração de resíduos no processo. A perda de matéria-prima é de 9% na laminação dos tetos e de 30% nas entre-janelas. Outra fonte de geração é o desperdício de materiais. As emissões sonoras, de estireno e de pó de fibra, em alguns pontos, estão acima dos limites tolerados. Os resíduos Classe I se constituem de sólidos contaminados e os resíduos Classe II, em sua maioria, de aparas de PRFV. Em se tratando do gerenciamento, os maiores problemas se referem à segregação, acondicionamento e armazenagem temporária. A inexistência de Educação Ambiental, a mistura de resíduos incompatíveis e a desorganização da área de acondicionamento e armazenagem comprometem o sistema de destinação final: reciclagem, reutilização e disposição em aterros. A maioria dos resíduos do processo (67%) segue para o aterro. Diante dos resultados obtidos, a implantação de um PGR que organize a área de acondicionamento e armazenagem temporária; que promova a redução de resíduos na fonte geradora por meio da migração para um processo produtivo mais limpo; que trate da reciclagem das aparas de processo e inclua um Programa de Educação Ambiental que sensibilize os funcionários para as questões de desperdício e coleta seletiva deve ser considerada pela unidade. Ações como as mencionadas podem contribuir de forma significativa para minimizar a quantidade de resíduos destinados ao aterro. Recomenda-se a continuidade deste estudo no sentido de implantar na unidade estudada um Sistema de Gestão Ambiental, que por sua vez, engloba o PGR e o Programa de Educação Ambiental, atualmente, ausentes na unidade. Palavras-chave: Resíduos Sólidos Industriais; Sistema de Gestão Ambiental Empresarial; Educação Ambiental; Indústria Automobilística; Diagnóstico Ambiental.

ABSTRACT The need to seek for Sustainable Development models has led the society, the government and the market to press industries to make their production processes cleaner. The adoption of the 3-Rs Policy (Reduce, Reuse and Recycle), of the Cleaner Production, of the Waste Management Planning (WMP) and of the Environmental Education, among others, helps reduce the quantity of waste. However, the implementing of those procedures should be preceded by an environmental diagnosis. The objective of this research was to elaborate a diagnosis of the solid waste generated by a production process of a company from the automobile sector in order to present improvement actions. The specific objectives were the following: study the productive process and its sources of waste, evaluate the risks of the process for the operator; and study the management of the waste of the process; perform the classification and quantification of this waste; and, at the end, present preventive and corrective measures. The study of the process, of the sources of waste, of the risks of the process for the operator and of the waste management occurred through in loco observations and consultation of the records of he company, The classification was carried out according to ABNT NBR 10004/2004., and the quantification by means of measurements and estimates. The analyzed company manufactures bus bodies. The studied process was the Shaping and Finishing in Fiberglass Reinforced Plastic (FRP). The analysis period was from May 2008 to April 2009. It was observed that the process adopted by the unit is the Spray-up, which uses open molds and generates large amounts of scrap, this being the main source of waste generation in the process. The loss of raw material is of 9% in the rolling of the roofs and 30% in the space between windows. Another source is the waste of materials. The sound emission of styrene and “fiber dust”, in some points, are above the permitted limits. Class I waste is composed of contaminated solids and Class IIA waste mostly of FRP scrap. In terms of management, the main problems refer to segregation, packing and temporary storage. Lack of Environmental Education, mixture of waste and disorganization in the area of packaging and storage jeopardize its final destination: recycling, reuse and disposal in dumps. Most waste of the process (67%) goes to the dump. Based on the obtained results, the implementing of a WMP which organizes the packing and temporary storage area; which promotes waste reduction at source shifting to a cleaner production process; which addresses the recycling of process scrap and includes an Environmental Education Program to make the employees aware of the issues of waste and selective waste collection should be considered by the unit. Actions as the ones mentioned above may contribute meaningfully to minimize the amount of waste sent to the dump. It is recommended to continue this study in order to implement in the unit studied an Environmental Management System, which, in turn, includes the SWMP and the Environmental Education Program, currently not present in the unit. Keywords: Industrial Solid Waste; Environmental Management in Companies; Environmental Education; Automobile Industry; Environmental Diagnosis.

LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Mapa de localização de Joinville, SC .................................................................... 22 Figura 2 – Hierarquia para gerenciamento de resíduos sólidos industriais.............................. 30 Figura 3 – Imagens do processo spray-up............................................................................... 52

Figura 4 – Moldes (macho-fêmea) de uma pequena embarcação usados no RTM light.......................................................................................................... 53

Figura 5 – Esquema do RTM light........................................................................................... 54 Figura 6 - Fluxograma do processo de Moldagem e Acabamento em PRFV......................... 62 Figura 7 – Distribuição percentual dos resíduos reutilizados ou reciclados e dos Resíduos Classes I e II dispostos mensalmente na CTRIJ pela unidade estudada .................................................................................................... 74 Figura 8 - Laminação de uma entre-janela: aplicação da manta de fibra; do jato de resina, catalisador; e roleteamento ......................................................................... 76 Figura 9 – Laminação de um teto com o uso de uma laminadora semi-automática ............... 76 Figura 10 - Resíduos do processo de Moldagem e Acabamento em PRFV (gerados em um mês de produção)........................................................................ 80 Figura 11 – Uso de papelão ondulado no piso, embaixo e em volta do molde ....................... 80 Figura 12 – Uso de papelão no piso sob a laminadora e em uma de suas paredes laterais ..... 81 Figura 13 – Uso de papelão ondulado na moldagem das entre-janelas .................................. 81 Figura 14 – Uso de plástico na proteção da parte final (não laminada) do molde .................. 82 Figura 15 – Uso de plástico na proteção de moldes que não estão em uso.............................. 82 Figura 16 - Moldes usados no processo de Moldagem e Acabamento em PRFV ............................................................................................................... 84 Figura 17 - Percentual médio de resíduos gerados no processo de Moldagem e Acabamento em PRFV em todo o período estudado.......................................... 86 Figura 18 - Recipientes encontrados abertos durante, praticamente, toda a jornada de trabalho................................................................................................ 88 Figura 19 - Desperdício de materiais decorrente de seu uso excessivo .................................. 88

Figura 20 - Perda de fio roving por problemas mecânicos na laminadora ou por falhas humanas................................................................................................ 89

Figura 21 - Rebarba “gigante” decorrente de um erro de delimitação no comprimento de um teto....................................................................................... 90

Figura 22 - Bombonas de catalisador dispostas como resíduos, ainda contendo restos do produto................................................................................................... 90 Figura 23 – Recipientes encontrados em alguns dos pontos da unidade e destinados à coleta

seletiva de resíduos menos volumosos................................................................ 100 Figura 24 – Caçambas coletoras de resíduos Classe I e Classe II na unidade estudada .............................................................................................................. 100 Figura 25 - Resíduos recicláveis dispostos em caçambas destinadas ao aterro industrial..... 101 Figura 26 – Uniformes (EPI) dispostos na caçamba de recicláveis comuns (papel, papelão e plástico).................................................................................. 102 Figura 27– Posicionamento dos coletores e placas destinados aos resíduos Classe I e Classe II... .......................................................................................... 105 Figura 28 – Região inferior da área de armazenagem temporária destinada aos resíduos que seguem para aterro industrial........................................................ 107 Figura 29 – Região superior da área de armazenagem temporária destinada aos resíduos vendidos a terceiros ou devolvidos aos fornecedores......................... 107 Figura 30 – Disposição de embalagens de produtos perigosos na área de armazenagem

temporária representando riscos de contaminação do solo................................. 108 Figura 31– Placas indicativas de resíduos encontradas na área de armazenagem temporária............................................................................................................109 Figura 32 – Depósito de resíduos de uma indústria de tintas e solventes.............................. 120 Figura 33 – Painel do Dojo Ambiental.................................................................................. 126

LISTA DE TABELAS E QUADROS Tabela 1 – Geração de resíduos sólidos industriais em alguns Estados brasileiros ............... 26 Quadro 1 – Legislação brasileira aplicável ao gerenciamento de resíduos sólidos industriais ........................................................................................................... 29 Tabela 2 – Retorno do investimento da Suzano Papel e Celulose em seu SGA ..................... 36 Quadro 2 – Benefícios da Gestão Ambiental .......................................................................... 36 Quadro 3 – Número de certificados ISO 14001 válidos, por Estado, no Brasil ..................... 38 Quadro 4 – Vantagens e desvantagens do uso de plásticos nos automóveis em substituição a outros materiais ............................................................................ 50 Quadro 5 – Produção média mensal da unidade de plásticos de Joinville no período estudado ................................................................................................. 72 Tabela 3 - Quantidade (toneladas) de resíduos recicláveis ou reutilizáveis e de resíduos depositados na CTRIJ pela unidade estudada...........................................73 Quadro 6 – Consumo médio mensal das matérias-primas usadas no processo de Moldagem e Acabamento em PRFV no período estudado............................. 77 Quadro 7 – Fontes geradoras de resíduos no processo de Moldagem e Acabamento em PRFV .............................................................................................................. 79 Tabela 4 – Produção de peças em PRFV; matéria-prima usada para produzi-las, quantidade de aparas geradas e percentual de perda de matéria-prima na

forma de aparas nas duas linhas de produção do processo de Moldagem e Acabamento em PRFV.......................................................................................... 83

Tabela 5 – Produção de resíduos sólidos (ton) no processo de Moldagem e Acabamento em PRFV na unidade estudada......................................................... 85 Tabela 6 - Avaliação quantitativa dos riscos físicos e químicos nas duas etapas do processo de Moldagem e Acabamento em PRFV da unidade estudada ................ 92 Quadro 8– Classificação dos principais resíduos sólidos gerados no processo de Moldagem e Acabamento em PRFV ................................................................... 96 Quadro 9 – Resumo da segregação, acondicionamento e armazenagem temporária dos resíduos gerados no processo de Moldagem e Acabamento em PRFV......... 98 Quadro 10 – Código de cores para a coleta seletiva dos resíduos gerados na unidades estudada (Resolução CONAMA 275 de 25 de abril de 2001).................... 120

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABETRE – Associação Brasileira de Empresas de Tratamento, Recuperação e Disposição de

Resíduos Industriais ABMACO – Associação Brasileira de Materiais Compósitos ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ABS – Acrilonitrila Butadieno de Estireno ACC – American Chemistry Council

ATRP – Autorização para Transporte de Resíduos perigosos CBE – Companhia Brasileira de Estireno CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável CNTL – Centro Nacional de Tecnologias Limpas CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente CTRJ – Central de Tratamento de Resíduos de Joinville EA – Educação Ambiental EPI – Equipamento de Proteção Individual FISPQ – Ficha de informações de Segurança de Produto Químico IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial ISO – International Organization for Standardization LTCAT – Laudo Técnico de Condições Ambientais no Trabalho NBR – Norma Brasileira OSHA - Occupational Safety and Health Administration 3 R’s – Reduzir, Reutilizar e Reciclar

P + L – Produção mais Limpa PE – Polietileno PCPM – Planejamento e Controle de Produção e Materiais PP – Polipropileno PGR – Plano de Gerenciamento de Resíduos PRFV – Plástico Reforçado com Fibra de Vidro PVC – Policloreto de Vinila RTM – Resin Transfer Moulding

SAGE – Strategic Adivisory Group on Environment

SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SGA – Sistema de Gestão Ambiental SIMPESC – Sindicato da Indústria de Material Plástico em Santa Catarina STEL – Short-term Exposure Limite TC-207 – Comitê Técnico 207 UNEP – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente UNIDO – Organização da Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial

INTRODUÇÃO

Dentre os inúmeros problemas ambientais que assolam a humanidade, a produção de

resíduos industriais, além de ser uma ameaça à saúde pública, constitui-se numa das principais

formas de degradação do meio ambiente. Segundo Borges (2000), os problemas relacionados

à produção de resíduos se intensificaram a partir da segunda metade do século XVIII com a

Revolução Industrial, a partir da qual houve um aumento na quantidade, no volume, na

variedade e na periculosidade dos resíduos.

No que se refere ao processo de industrialização brasileira, embora este tenha sido

tardio, o Brasil fechou 2009 como a oitava maior economia do mundo e hoje, dispõe de

indústrias dos mais diversos segmentos, o que também o enquadra entre os países que mais

geram resíduos industriais (ÉPOCA NEGÓCIOS, 2010). Não há dados precisos e atualizados

da geração e destinação de resíduos industriais no Brasil, as estatísticas ainda são

insuficientes. Porém, segundo dados da FIESP (2003), já em 2001, a quantidade de resíduos

industriais perigosos no país girava na casa dos 2,9 milhões de toneladas/ano, das quais

somente 21% recebia algum tipo de tratamento. Essa ausência de dados se deve ao fato de que

somente em 2002 o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) aprovou uma

Resolução que dispõe sobre a obrigatoriedade do Inventário Nacional de Resíduos Sólidos

Industriais. Mas, foram poucos os Estados brasileiros que se preocuparam em realizar esse

inventário (IBAM, 2008).

Em se tratando, especificamente, da indústria de plásticos e da indústria

automobilística no Brasil, o país é o sexto maior produtor de veículos do mundo, e também se

encontra entre os maiores produtores de plásticos (SILVA, 2009; RIOS, 2003). Destaca-se

que a interdependência entre essas indústrias é crescente, uma vez que o setor automobilístico

vem aumentando o uso de plásticos em seus veículos automotores.

Dentre as razões para a substituição de autopeças tradicionais por plástico, estão as

crises do petróleo de 1973 e de 1979 que contribuíram para a conscientização do problema da

escassez de combustível e para a vulnerabilidade do uso dos recursos naturais. Houve, então,

uma busca por carros mais eficientes que consumissem menos combustível. Uma solução foi

tornar os veículos mais leves, o que ocorreu por meio da substituição de alguns materiais por

plástico (MEDINA, 2002). Entretanto, a produção e o uso de materiais plásticos, não só pela

indústria automobilística, mas pela sociedade como um todo, implica em sérios problemas

ambientais, dentre eles, a geração de resíduos sólidos.

No Brasil, somente a indústria de compósitos de Plástico Reforçado com Fibra de

Vidro (PRFV) gera cerca de 13 mil toneladas de resíduos por ano, entre rebarbas de processos

e peças com defeito (LIMA, 2010). A maior parte desses resíduos tem como destino final os

aterros industriais. As montadoras de veículos são um grande contribuinte para a imensa

quantidade desse tipo de resíduo, uma vez ser este um dos principais segmentos consumidores

de materiais compósitos.

Entre os problemas ambientais em torno produção e do uso de plásticos pela indústria

automobilística está o fato do petróleo ainda ser a principal fonte de matéria-prima para a

fabricação desses materiais, embora já existam fontes alternativas. As indústrias, dentre elas,

as montadoras, precisam investir na substituição de materiais tradicionais por produtos

biodegradáveis, já que os plásticos à base de petróleo podem levar até 500 anos para se

decompor no meio ambiente. Além disso, fabricantes de plásticos que usam processos

produtivos de baixa tecnologia e considerados “sujos” em termos ambientais, devem

considerar a adoção de tecnologias mais modernas e mais limpas, cuja geração de resíduos

seja a menor possível. O fato é que as indústrias precisam sempre buscar meios de reduzir a

quantidade, o volume ou o potencial contaminante de seus resíduos.

Diante de toda essa problemática em torno dos resíduos industriais, bem como da

crescente pressão por parte da sociedade, do governo e do mercado para que as indústrias

adotem processos menos agressivos, o setor industrial precisa incorporar com mais eficiência

a Sustentabilidade em suas rotinas de trabalho, procurando a compatibilização de práticas

econômicas e conservacionistas.

O Desenvolvimento Sustentável é definido como sendo aquele que “atende as

necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras

atenderem as suas próprias necessidades” (ONU, 1988). Um dos pontos fortes deste modelo

de Desenvolvimento é que ele trata de forma interligada e interdependente as variáveis

econômica, social e ambiental. Ou seja, um desenvolvimento sem a melhoria da qualidade de

vida e da qualidade ambiental, não pode ser considerado desenvolvimento.

Neste sentido, são muitas as políticas e ações ambientais disponíveis para

organizações empresariais que queiram reduzir seus resíduos e/ou tratá-los e destiná-los

corretamente. Dentre elas, citam-se a Política dos 3 R’s (Reduzir, Reusar, Reciclar), a

Produção mais Limpa (P+L), os Planos de Gerenciamento de Resíduos (PGR), os Programas

de Educação Ambiental (PEA) e outras. Ressalta-se que qualquer medida ambiental voltada

para a redução da produção final de resíduos seja precedida de um diagnóstico que busque,

dentre outros, identificar as fontes de geração de resíduos, a quantidade e a periculosidade dos

mesmos, e assim, propor medidas preventivas e corretivas envolvendo a redução, a

reutilização, a reciclagem, o tratamento e a disposição final em locais apropriados.

Seguindo essa tendência, uma solução mais completa para indústrias que queiram

reduzir seus impactos ambientais é a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA)

que pode incluir, dentre outras, as medidas ambientais citadas anteriormente (3 R’s, PGR,

PEA, P+L).

Um Sistema de Gestão Ambiental empresarial envolve as diferentes atividades

administrativas e operacionais realizadas por uma empresa para abordar problemas ambientais

decorrentes da sua atuação ou para evitar que eles ocorram no futur. Um SGA requer ações

como: a formulação de diretrizes; a coordenação de atividades; a avaliação de resultados; o

envolvimento de diferentes segmentos da empresa; o comprometimento por parte da alta

direção e/ou proprietários; a avaliação dos impactos ambientais atuais e futuros, planos

fixando objetivos e metas e outras (BARBIERI, 2007).

Entretanto, algumas empresas que investem em SGA o fazem mais preocupadas em

conseguir a Certificação ISO 14.001 do que em promover a melhoria da qualidade ambiental

em si. A série ISO 14.000 teve início em 1991 em Genebra, na Suíça, através da International

Organization for Standardization (ISO) e trata-se de um grupo de normas que fornece

ferramentas e estabelece um padrão de SGA. Tem como objetivo contribuir para a melhoria

da qualidade ambiental diminuindo a poluição ao integrar o setor produtivo na otimização do

uso dos recursos naturais (CASTRO et al, 1996). Embora a adoção dessas normas seja de

caráter voluntário, elas têm passado a ser uma imposição de mercado, levando em conta os

seus benefícios empresariais, gerenciais, comerciais e ambientais (CHAIB, 2005).

Conforme relatório emitido em junho de 2010 pelo Instituto Nacional de Metrologia,

Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), no Brasil, o número de certificações

válidas ISO 14.001 concedidas a empresas nacionais é de 341 certificados e a maior parte

deles, no Estado de São Paulo. Santa Catarina é o terceiro Estado brasileiro com o maior

número de certificações válidas (INMETRO, 2010).

O Estado de Santa Catarina tem sua economia baseada na indústria, no extrativismo e

na agropecuária. O município de Joinville localizado na região nordeste do Estado (Figura 1)

se destaca como o mais populoso e industrializado de Santa Catariana e é considerado o

terceiro maior pólo industrial do sul do país.

Figura 1 – Mapa de localização do município de Joinville, SC. Fonte: IBGE (2009).

O parque fabril do município conta com mais 3.000 indústrias, com destaque para os

setores metal-mecânico, têxtil, plástico, metalúrgico, químico e farmacêutico (IBGE, 2006).

Diante disto, é de se esperar que Joinville também se enquadre entre os maiores causadores de

impactos ambientais do Estado de Santa Catarina, principalmente no que se refere à geração

de resíduos industriais. Em 2001 a Associação Brasileira de Empresas de Tratamento,

Recuperação e Disposição de Resíduos Industriais (ABETRE) efetuou o levantamento

estimativo em alguns Estados brasileiros. Neste estudo, denota-se que a região de Joinville

gerava, em 2002, cerca de 251.280 toneladas de resíduos sólidos industriais por ano (FIESP,

2003).

Até a finalização da pesquisa aqui em destaque, a Empresa estudada, com sede em

Joinville, não possuía registros completos de seus resíduos, quer seja da quantidade de

matéria-prima perdida no processo, da quantidade de resíduos gerados, das fontes de geração

desses resíduos ou, ainda, do seu atual sistema de gerenciamento. Sendo assim, este

diagnóstico é de suma importância para a identificação de pontos críticos no processo

produtivo e na gestão de resíduos, bem como na tomada de decisões.

Diante desta questão e tendo em vista os impactos ambientais causados pelo setor

industrial, principalmente, no que se refere à produção e à gestão inadequada de resíduos, o

objetivo geral desta pesquisa consistiu em elaborar um diagnóstico da produção e do

gerenciamento dos resíduos sólidos gerados no processo produtivo de uma indústria do setor

automobilístico de Joinville, SC, visando a apresentação de ações para melhorias.

Os objetivos específicos desta pesquisa foram os seguintes: estudo do processo

produtivo; identificação das fontes de geração de resíduos sólidos nesse processo; estudo de

seus principais riscos para a saúde do trabalhador; classificação dos principais resíduos

sólidos gerados no processo produtivo analisado; estimativa da quantidade dos principais

resíduos sólidos gerados no processo; estudo do atual gerenciamento desses resíduos;

apresentação, após o término do diagnóstico, de ações para melhorias a serem consideradas

pela empresa se esta optar por otimizar o seu atual sistema de gestão de resíduos sólidos.

A formatação do estudo está assim estruturada: Capítulo 1 – Introdução, com uma

abordagem geral sobre o tema, sua relevância, justificando a importância deste estudo;

Capítulo 2 – Revisão da Literatura, onde foram abordados temas como: Resíduos Sólidos

Industriais, enfatizando a classificação e o gerenciamento; Sistema de Gestão Ambiental nas

Empresas, incluindo a Política dos 3 R’s, a Produção Mais Limpa e a Educação Ambiental; e

finalizando com o tema: Os Plásticos e Indústria a Automobilística que trata do uso dos

plásticos pela indústria automobilística, principalmente, dos Plásticos Reforçados com Fibra

de Vidro e suas principais implicações sobre o meio ambiente e sobre a saúde do trabalhador;

Capítulo 3 – Metodologia, onde estão descritas todas as etapas contempladas como o tipo de

pesquisa, a caracterização do local de estudo, em especial, do processo produtivo analisado,

além dos instrumentos de coleta de dados e procedimentos metodológicos; Capítulo 4 –

Resultados e Discussões, que envolve o diagnóstico em si, enfatizando os problemas

relacionados à produção e à gestão dos resíduos, além da apresentação de ações para

melhorias visando à redução da produção final de resíduos e a otimização do atual sistema de

gestão de resíduos adotado pela unidade fabril; e, por fim, as Considerações finais, onde

apresenta-se uma abordagem geral dos resultados obtidos e uma análise crítico-descritiva das

constatações deste diagnóstico, além, ainda, da necessidade da continuidade do estudo, em

especial, no sentido da implantação das melhorias recomendadas, tendo em vista os resultados

obtidos com a pesquisa.

2. REVISÃO

2.1. RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS

Foi a partir da industrialização que os resíduos sólidos urbanos passaram a ter uma

composição variada. Embora mantendo a predominância dos resíduos orgânicos, a

industrialização foi a responsável pelo surgimento de um novo tipo de resíduo, o industrial

perigoso, com efetiva periculosidade tanto à saúde humana quanto ao meio ambiente quando

dispostos inadequadamente (BORGES, 2000). Esta periculosidade é decorrente,

principalmente, dos aspectos de inflamabilidade, patogenicidade, corrosividade, reatividade,

toxicidade e capacidade de bioacumulação.

Em se tratando da produção de resíduos sólidos industriais, no Brasil não há dados

precisos e atualizados, uma vez que somente em 2002 o CONAMA aprovou a Resolução n°

313 de 29 de outubro de 2002, que dispõe sobre o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos

Industriais.

Art. 7° - Em até três anos contados a partir de 2002, deverão ser elaborados os Programas Estaduais de Gerenciamento de Resíduos Industriais, e, em até quatro anos, o Plano Nacional para Gerenciamento de Resíduos Industriais. Art. 8º - As indústrias, a partir de sessenta dias da data de publicação desta Resolução (21/11/02), deverão registrar mensalmente e manter na unidade industrial os dados de geração e destinação dos resíduos gerados para efeito de obtenção dos dados para o Inventário Nacional dos Resíduos Industriais. Art. 9º - O não cumprimento do disposto nesta Resolução sujeitará os infratores as penalidades e sanções previstas na Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e no Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de 1999 (CONAMA, 2002, p. 2).

Entretanto, desde 2001, apenas 10 Estados brasileiros realizaram seus inventários de

resíduos industriais. A Tabela 1 traz dados relacionados à geração de resíduos sólidos

industriais desses Estados (IBAM, 2008).

Tabela 1 – Geração de resíduos sólidos industriais em alguns Estados brasileiros.

UF Perigosos (ton/ano)

Não perigosos (ton/ano)

Total (ton/ano)

AC* 5.500 112.765 118.265 AP* 14.341 73.211 87.552 CE* 115.238 393.831 509.069 GO* 1.044.947 12.657.326 13.702.273 MG* 828.183 14.337.011 15.165.194 PE* 81.583 7.267.930 7.349.513 RS* 182.170 946.899,76 1.129.070 PR** 634.543 15.106.393 15.740.936 RJ** 293.953 5.768.562 6.062.515 SP** 535.615 26.084.062 26.619.677 Total 3.736.073 82.747.991 86.484.064

Fonte: * Inventários Estaduais de Resíduos Sólidos Industriais ** Panorama das Estimativas de Geração de Resíduos Industriais – ABETRE/FGV (IBAM. 2008).

Segundo inventário realizado pela Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental

do Governo de São Paulo (CETESB), em 1996 as indústrias do Estado de São Paulo geraram

por ano mais de 500 mil toneladas de resíduos sólidos perigosos, cerca de 20 milhões de

toneladas de resíduos sólidos não-inertes e não-perigosos e acima de um milhão de toneladas

de resíduos inertes. Os estudos revelaram, ainda, que 53% dos resíduos perigosos são tratados,

31% são armazenados e os 16% restantes são depositados no solo (CETESB, 2009).

Já no Estado do Rio de Janeiro são gerados mais de 24.496,11 toneladas/mês de

resíduos perigosos e 505.209,56 toneladas/mês de resíduos não perigosos. Na bacia da Baía

de Guanabara, o município do Rio de Janeiro é o maior gerador de resíduos perigosos - cerca

de 4.000 toneladas/mês, seguido do município de Duque de Caxias, com uma geração mensal

em torno de 3.500 toneladas/mês (IBAM, 2008).

A segregação, a destinação, o tratamento e a disposição final de resíduos seguem a

NBR 10.004/2004 que classifica os resíduos de acordo com a sua periculosidade considerando

os riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública. Segundo ABNT NBR (2004), os

resíduos sólidos devem ser assim classificados:

1. Resíduos Classe I (Perigosos): são os resíduos sólidos ou mistura de resíduos sólidos que em função de suas características apresentam periculosidade ou uma das características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e/ou patogenicidade, ou constem nos anexos A (Resíduos Perigosos de Fontes Não Específicas) ou B (Resíduos Perigosos de Fontes Específicas) da norma NBR 10.004/2004. 2. Resíduos Classe II (Não perigosos), que por sua vez estão subdivididos em:

Resíduos Classe IIA - não inertes: são classificados como resíduos não inertes os resíduos sólidos ou mistura de resíduos sólidos que não se enquadram na Classe I (Perigosos) ou na Classe IIB (Inertes). Estes resíduos podem ter propriedades como combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água.

Resíduos Classe IIB - inertes: são classificados como resíduos inertes os resíduos

sólidos ou mistura de resíduos sólidos que, submetidos ao teste de solubilização em água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, não tenham nenhum de seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água definidos na Norma NBR 10.0061. Como exemplos desses materiais têm-se as rochas, tijolos, vidros, etc.

Segundo Tocchetto (2005, p. 48), a classificação é um processo no qual os

“constituintes perigosos de um resíduo são comparados com listagem de produtos e

substâncias cujo impacto à saúde e meio ambiente são conhecidos” e envolve a avaliação das

características de periculosidade. Para tanto, a ABNT NBR 10.004 dispõe de uma série de

anexos que facilitam essa comparação, além de um fluxograma que auxilia no processo de

classificação.

Se o gerador de um resíduo questionar sua classificação, pode-se fazer uma

amostragem do resíduo e enviá-la para uma análise laboratorial. Como essas análises

geralmente são dispendiosas, a ABNT NBR 10.004 contribui para a diminuição da

necessidade desse tipo de análise. O laudo de classificação pode ser baseado exclusivamente

na identificação do processo produtivo quando o resíduo for enquadrado nas listagens dos

1 NBR 10.006/2004 – Procedimento para obtenção de extrato solubilizado.

anexos A (Resíduos Perigosos de Fontes Não Específicas) ou B (Resíduos Perigosos de

Fontes Específicas).

2.1.1. O gerenciamento de resíduos sólidos industriais

Legalmente, responsável pelo gerenciamento dos resíduos industriais é o gerador,

“que tem a responsabilidade de adotar práticas de manejo que impeçam a contaminação do

meio ambiente” (ALBERONI et al., 2002, p.4). Ressalta-se que o Brasil dispõe de uma

variedade de normas e leis aplicáveis aos resíduos industriais que reforçam essa

responsabilidade (Quadro1).

Em Santa Catarina, os estabelecimentos geradores de resíduos industriais são

obrigados a elaborar Planos de Gerenciamento de Resíduos (PGR) que contemplem, dentre

outros, procedimentos apropriados para as operações de manuseio, coleta, acondicionamento,

transporte, tratamento e disposição final.

O Plano de Gerenciamento de Resíduos se constitui num documento integrante do sistema de gestão ambiental, baseado nos princípios da não geração e da minimização da geração de resíduos, que aponta e descreve as ações relativas ao seu manejo, contemplando os aspectos referentes à minimização na geração, segregação, acondicionamento, identificação, coleta e transporte interno, armazenamento temporário, tratamento interno, armazenamento externo, coleta e transporte externo, tratamento externo e disposição final (MEDEIROS, 2002, p.1).

Segundo a Política Estadual de Resíduos Sólidos do Estado de Santa Catarina, a

responsabilidade administrativa, civil e penal nos casos de ocorrências envolvendo resíduos

industriais, de qualquer natureza ou origem, recairá sobre os estabelecimentos geradores, no

tocante ao transporte, tratamento e destinação final de seus produtos e embalagens, em

especial quando podem comprometer o meio ambiente e colocar em risco a saúde pública.

Esta responsabilidade dar-se-á deste a geração até a disposição final dos resíduos sólidos

(SANTA CATARINA, 2005).

Quadro 1 – Legislação brasileira aplicável ao gerenciamento de resíduos sólidos industriais

NORMAS LEGAIS REGULAMENTAÇÃO

Lei nº 9.605/1998 Lei de Crimes Ambientais

Lei n° 14.675/2009 Código Ambiental do Estado de Santa Catarina

Lei n° 13.557/2005 Dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos (Santa Catarina) Lei Complementar n° 29/1996

Institui o Código Municipal de Meio Ambiente (Joinville,SC)

ABNT NBR 10.004 Resíduos sólidos - Classificação

ABNT NBR 10.005 Lixiviação de resíduos - Procedimento

ABNT NBR 10.006 Solubilização de resíduos - Procedimento

ABNT NBR 10.007 Amostragem de resíduos - Procedimento Dec. Federa l n° 96044/88

Regulamenta o transporte rodoviário de Produtos Perigosos

Res. ANTT nº 420/04

Aprova as instruções complementares ao regulamento do transporte terrestre de produtos perigosos e suas modificações.

ABNT NBR 7.500 Identificação para transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos

ABNT NBR 7.501 Transporte de cargas perigosas - terminologia

ABNT NBR 7.503 Ficha de emergência e envelope para o transporte de produto perigoso - Características, dimensões e preenchimento.

ABNT NBR 9.735 Conjunto de equipamentos para emergências no transporte terrestre de produtos perigosos

ABNT NBR 13.221 Transporte de resíduos - Procedimento

CONTRAM n° 404 Classifica a periculosidade das mercadorias a serem transportadas

ABNT NBR 14619 Transporte terrestre de produtos perigosos – Incompatibilidade química

ABNT NBR 11.174 Armazenamento de resíduos não perigosos (não inertes e inertes)

ABNT NBR 12.235 Armazenamento de resíduos sólidos perigosos

ABNT NBR 13.463 Coleta de resíduos sólidos - Classificação

NR 25 Resíduos Industriais Res. CONAMA n° 06/88

Dispõe sobre o licenciamento ambiental de atividades geradoras de resíduos perigosos

Res. CONAMA n° 313/02

Dispõe sobre inventario nacional de resíduos sólidos industriais

Res. CONAMA n° 275/01

Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva.

Res. CONAMA n° 09/93

Estabelece definições e torna obrigatório o recolhimento e destinação adequada de todo óleo lubrificante ou contaminado

Res. CONAMA n° 362/05

Estabelece diretrizes para recolhimento e destinação de óleo lubrificante usado ou contaminado

ABNT NBR 10.157 Aterros de resíduos perigosos - Critérios para projetos, construção e operação.

ABNT NBR 8.418 Apresentação de projetos de aterros de resíduos industriais perigosos

ABNT NBR 13.896 Aterros de Resíduos não perigosos - Critérios para Projeto, Implantação e operação

ABNT NBR 11.175 Incineração de resíduos sólidos perigosos - Padrões de desempenho Res. CONAMA n° 316/02

Dispõe sobre procedimentos e critérios para funcionamento de sistemas de tratamento térmico de resíduos.

Port. MINTER n° 53/79

Determina que os projetos específicos de tratamento e disposição de resíduos sólidos, ficam sujeitos à aprovação do órgão estadual competente.

Port. INMETRO Aprova o Regulamento Técnico "Inspeção em equipamentos destinados ao

n° 221/91 transporte de produtos perigosos a granel não incluídos em outros regulamentos". Fonte: MP-SC (2009); FUNDEMA (2009); MEDEIROS (2002); CETESB (2009); MMA (2009).

Num PGR o primeiro e mais importante aspecto a ser considerado deve ser a redução

de resíduos em sua fonte geradora. Conforme Tocchetto (2005) e Medeiros (2002), a

hierarquização do gerenciamento de resíduos deve obedecer uma seqüência lógica e natural,

expressa pelas seguintes providências:

• Redução na fonte, que consiste na prevenção da geração de resíduos por meio da implementação de técnicas e procedimentos que visem reduzir a geração ou minimizar a presença de contaminantes de um resíduo. Uma redução pode acontecer com modificações no processo, adoção de novas tecnologias, mudanças de matérias-primas, insumos e outros materiais, etc;

• Reutilização ou reprocessamento de resíduos, que consiste em usá-los diretamente como

matéria prima ou transformá-los novamente em matéria-prima ou para gerar energia; • Separação de substâncias tóxicas das não tóxicas, reduzindo o volume de resíduos a ser

tratado ou disposto de forma controlada e evitando a mistura de resíduos incompatíveis; • Processamento físico, químico ou biológico do resíduo, de forma a torná-lo menos

perigoso ou até inerte, possibilitando sua utilização como material reciclável; • Incineração, com o correspondente tratamento dos gases gerados e a disposição adequada

das cinzas resultantes; • Disposição dos resíduos em locais apropriados, projetados e monitorados de forma a

assegurar que não venham, no futuro, a contaminar o meio ambiente.

A Figura 2 mostra que as soluções no gerenciamento de resíduos sólidos industriais

devem partir de um conceito de eliminação do problema (evitar e minimizar a geração do

resíduo), de forma que ao final tenha-se o menor volume possível de resíduos a serem

dispostos em locais apropriados (aterro ou lagoa).

Figura 2 – Hierarquia para gerenciamento de resíduos sólidos industriais. Fonte: Adaptado de Tocchetto (2005).

A implantação de um PGR envolve o desenvolvimento de procedimentos técnicos

visando a adequada gestão dos resíduos. Esses procedimentos incluem:

a) Inventário de resíduos industriais

Numa indústria, a implantação de um plano de gestão de resíduos deve ser precedida

do Inventário de Resíduos Industriais, instrumento no qual “as empresas identificam dados e

informações técnicas sobre as quantidades de resíduos gerados, a caracterização e os sistemas

de destinação que adotam” (ALBERONI et al., 2002, p.5). Os resíduos devem ser

identificados quanto à natureza e classificados segundo as normas técnicas.

b) Segregação de resíduos

A segregação consiste na operação de separação dos resíduos, buscando formas de

acondicioná-los adequadamente e a melhor alternativa de armazenamento temporário e

destinação final (MEDEIROS, 2002). O objetivo da segregação é evitar a mistura de

resíduos incompatíveis, preservar a qualidade dos resíduos com potencial de reutilização,

recuperação e reciclagem e diminuir o volume de resíduos a serem tratados ou dispostos de

forma controlada (ALBERONI et al., 2002).

A segregação deve se iniciar na instituição geradora do resíduo e constitui um dos

aspectos mais importantes do gerenciamento de resíduos sólidos que, aliado ao processo de

classificação correta dos resíduos, eleva a potencialidade de reaproveitamento e reciclagem de

um determinado resíduo (CASTRO, 2005). Um dos meios de se garantir a segregação

realizada nos locais de geração é por meio da identificação correta dos resíduos, que deve

estar presente nas embalagens, contêineres, nos locais de armazenamento e nos veículos de

coleta. Para a identificação podem ser usadas placas e simbologias baseadas na NBR 7.500 à

7.504 e na Resolução CONAMA n° 275/01 (MEDEIROS, 2002).

c) Acondicionamento e armazenagem temporária

Conforme Medeiros (2002), o acondicionamento de resíduos industriais deve estar de

acordo com a NBR 11.174/90 (armazenamento de resíduos não perigosos) e com a NBR

12.235/92 (armazenamento de resíduos perigosos). Para o acondicionamento devem ser

utilizados recipientes constituídos por materiais compatíveis com os resíduos a serem

acondicionados, observando a resistência física a pequenos impactos, durabilidade e

adequação com o equipamento de transporte (ALBERONI et al., 2002). O acondicionamento

pode ser realizado em contêineres, tambores, tanques e/ou à granel (ABNT, 1990; ABNT,

1992).

A armazenagem consiste na contenção temporária de resíduos que estejam à espera de

reciclagem, reutilização, recuperação, tratamento ou disposição final adequada. Esta pode

ocorrer tanto em área externa autorizada pelo órgão de controle ambiental quanto em área da

empresa, desde que em ambos os casos, atendam às condições básicas de segurança (ABNT,

1992; ALBERONI et al., 2002). De acordo com a ABNT (1992), os resíduos devem ser

armazenados de maneira que sejam minimizados os riscos de danos ambientais; resíduos não

perigosos não devem ser armazenados juntamente com resíduos perigosos, uma vez que a

mistura resultante poderá ser caracterizada como perigoso; aspectos como isolamento,

sinalização, acesso à área, medidas de controle de poluição, treinamento de pessoal e

segurança da instalação devem ser considerados na execução e operação de um local de

armazenagem temporária.

d) Coleta e transporte

Compreende as operações de transferência dos resíduos acondicionados do local da

geração para o armazenamento temporário (transporte interno) e deste para o seu destino ou

disposição final - transporte externo (MEDEIROS, 2002). O mecanismo de transporte deve

compreender, no mínimo, a identificação de rotas pré-estabelecidas; habilidades e treinamento

de motoristas; adequação do equipamento ao peso da carga e à sua forma e estado físico

(ALBERONI et al. 2002). Ressalta-se que resíduos perigosos precisam de uma autorização

para o seu transporte - Autorização para o Transporte de Resíduos Perigosos (ATRP),

conforme disposto no Art. 177 do Regulamento da Lei Estadual n° 7.799, de 07 de fevereiro

de 2001, aprovado pelo Decreto Estadual n° 7.967, de 05 de junho de 2001.

e) Sistema de destinação final

O sistema de destinação final consiste no conjunto de instalações, processos e

procedimentos que visam à destinação ambientalmente adequada dos resíduos em

consonância com as exigências ambientais, sempre priorizando a reutilização, reciclagem, e

recuperação. A disposição final deve ser realizada de acordo com as características e

classificação dos resíduos, podendo ser este objeto de tratamento (descontaminação,

reprocessamento, incorporação, incineração, etc) e/ou disposição em aterros (MEDEIROS,

2002).

f) Plano de emergência

Um plano de emergência “deve especificar medidas alternativas para o controle e

minimização de danos causados ao meio ambiente e ao patrimônio quando da ocorrência de

situações anormais envolvendo quaisquer das etapas do gerenciamento do resíduo”

(MEDEIROS, 2002, p.3).

g) Educação Ambiental e treinamento

O PGR deve incluir um Programa de Educação Ambiental que envolva a

conscientização e treinamento dos funcionários da empresa ou terceirizados, uma vez que o

desempenho de uma organização e o sucesso de um PGR está fortemente associado à

qualidade de seus recursos humanos (MEDEIROS, 2002; ALBERONI et al. 2002).

Outros procedimentos que devem estar presentes para que um Plano de

Gerenciamento de Resíduos seja bem sucedido incluem: monitoramentos e observações;

divulgação de desempenho ambiental e auditorias ambientais (ALBERONI et al., 2002).

2.2. SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS

Os sistemas de gestão em uma empresa podem ser analisados sob diferentes aspectos

que incluem qualidade, meio ambiente, saúde e segurança do trabalho, recursos humanos,

dentre outros. No que se refere ao meio ambiente, as organizações empresariais vêm sofrendo

uma grande pressão para que promovam a adequação dos seus processos produtivos,

tornando-os menos agressivos ao meio ambiente.

O crescente envolvimento das empresas nas questões ambientais é uma conseqüência

da pressão de três forças: o governo; a sociedade e o mercado (BARBIERI, 2007). Diante

disto, as organizações empresariais estão adotando uma série de atividades que impliquem,

dentre outros, numa menor geração de resíduos e no menor uso possível de matéria-prima e

de recursos naturais. Uma das maneiras de se chegar a tais resultados é por meio dos

chamados Sistemas de Gestão Ambiental (SGA).

Entende-se por gestão ambiental empresarial as diferentes atividades administrativas e operacionais realizadas pela empresa para abordar problemas ambientais decorrentes da sua atuação ou para evitar que eles ocorram no futuro. Sistema é um conjunto de partes inter-relacionadas e sistema de gestão ambiental é um conjunto de atividades administrativas e operacionais inter-relacionadas para abordar os problemas ambientais atuais ou para evitar o seu surgimento (BARBIERI, 2007, p. 153).

Um SGA requer a formulação de diretrizes, a definição de objetivos, a coordenação de

atividades e a avaliação de resultados. O envolvimento de diferentes segmentos da empresa é

essencial. “Um alto grau de envolvimento facilita a integração das áreas da empresa e permite

a disseminação das preocupações ambientais entre funcionários, fornecedores, prestadores de

serviços e clientes” (BARBIERI, 2007, p.153). Um SGA exige, ainda, outros elementos,

dentre eles, o comprometimento por parte da alta direção e/ou proprietários, o

estabelecimento de uma política ambiental, a avaliação dos impactos ambientais atuais e

futuros, os planos fixando objetivos e metas, os instrumentos para acompanhar e avaliar as

ações planejadas e o desempenho do SGA como um todo.

Embora existam exemplos de empresas que conseguiram reduzir seus custos em

decorrência da economia de água, energia, matéria-prima, dentre outros, alguns empresários

ainda pensam que investir em meio ambiente resultaria em mais despesas e,

conseqüentemente, em um acréscimo nos custos do processo produtivo. Porém, tal

pensamento vem mudando. Algumas empresas têm demonstrado que é possível proteger o

meio ambiente e ganhar dinheiro (DONAIRE, 1999). Foi nos anos 80, na Alemanha

Ocidental, que as empresas começaram a perceber que as despesas realizadas com a proteção

ambiental poderiam transformar-se numa vantagem competitiva.

Vilhena e Politi (2005) trazem um bom exemplo de retorno de investimentos em SGA

obtido pela Empresa Suzano Papel e Celulose (Tabela 2), no qual é possível observar que do

segundo ano em diante, após a aplicação do SGA, as reduções de custos foram significativas,

e, segundo os autores, percebidas em economia de energia, matéria-prima, água, entre outros.

Tabela 2 – Retorno do investimento da Suzano Papel e Celulose em seu SGA.

Ano Investimento (US$) Redução de custos (US$) 1994 997.394

1995 211.000 850.000

1996 257.000 1.496.000

1997 333.000 826.000

Fonte: Vilhena e Politi (2005).

As vantagens de implantar um SGA em uma empresa incluem benefícios econômicos

e estratégicos (Quadro 2). Uma empresa ambientalmente correta melhora sua imagem no

mercado, garante o atendimento às regulamentações e não fica suscetível a eventuais

processos de Responsabilidade Civil (FARIAS, 2003).

Quadro 2 – Benefícios da Gestão Ambiental.

BENEFÍCIOS ECONÔMICOS

Economia de custos - Economias devido à redução do consumo de água, energia e outros insumos. - Economia devido à reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos e diminuição de efluentes. - Redução de multas e penalidades por poluição. Incremento de receitas - Aumento da contribuição marginal de “produtos verdes” que podem ser vendidos a preços mais altos. - Aumento da participação do mercado devido a inovação dos produtos e menos concorrência. - Linhas de novos produtos para novos mercados. - Aumento da demanda para produtos que contribuam para a diminuição da poluição.

BENEFÍCIOS ESTRATÉGICOS

- Melhoria da imagem institucional. - Renovação do “Portfólio” de produtos. - Aumento da produtividade. - Alto comprometimento do pessoal. - Melhoria nas relações de trabalho. - Melhoria e criatividade para novos desafios. - Melhoria das relações com os órgãos governamentais, comunidade e grupos ambientalistas. - Acesso assegurado ao mercado externo. - Melhor adequação aos padrões ambientais

Fonte: DONAIRE (1999) adaptado de NORTH (1992).

2.2.1. A série ISO 14.000

A ISO - International Organization for Standardization, fundada em 1947 e com sede

em Genebra, na Suíça, é uma federação mundial que congrega mais de 100 países. A ISO tem

como objetivo principal “facilitar o intercâmbio eficiente de mercadorias e serviços” por meio

da criação de normas internacionais e de adoção voluntária (VILHENA; POLITI, 2005, p.

32). O Brasil participa da ISO com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

fundada em 1940 e presente em todos os Comitês da organização.

A série ISO 14.000 teve início em 1991 com a criação, pela ISO, da Strategic

Advisory Group on Environment – SAGE (BARBIERI, 2007). Os trabalhos da SAGE

resultaram na criação do Comitê Técnico 207 – Gestão Ambiental (TC-207) que, numa

parceria com outros comitês, em 1993, deu início ao desenvolvimento de um conjunto de

normas que resultaram na Série ISO 14.000.

O grupo de normas ISO 14.000 fornece ferramentas e estabelece um padrão de

sistemas de gestão ambiental e tem como objetivo contribuir para a melhoria da qualidade

ambiental, diminuindo a poluição ao integrar o setor produtivo na otimização do uso dos

recursos naturais (CASTRO et al., 1996). Dentre as normas ISO 14.000, somente a 14.001 é

passível de certificação e a norma ISO 14.004 trata-se de um guia de implementação da ISO

14.001.

As normas da série podem ser aplicadas em qualquer instituição seja qual for o seu

ramo de atividade e apresenta a vantagem de ser “bem definida o que possibilita um fácil

entendimento dos passos a serem seguidos durante o processo de implantação do SGA”

(MIERS, 2006, p.19). Embora a adoção das normas seja de caráter voluntário, elas têm

“passado a ser uma imposição de mercado, levando em conta os seus benefícios empresariais,

gerenciais, comerciais e ambientais” (CHAIB, 2005, p.13).

Essa série de normas, de uso voluntário, leva as empresas à melhoria contínua, sem fixar objetivos específicos, para que cada empresa atinja suas próprias metas. As normas consideram que, para a certificação de sistemas de gestão ambiental, devem estar sendo seguidos, no mínimo, os requisitos legais pertinentes. (...) a certificação ambiental deve ser conseqüência e não causa para a implantação e consolidação de sistemas de gestão ambiental na empresa (VILHENA; POLITI, 2005, p.33).

Conforme relatório emitido em dezembro de 2006 pelo Instituto Nacional de

Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), o número de certificados ISO

14.001 concedidos no mundo já é maior que 130.0002, sendo que no Brasil já foram emitidos

mais de 2.447 certificados (INMETRO, 2006). Atualmente, junho de 2010, o número de

certificados válidos3 concedidos no Brasil a empresas nacionais, que apresentam a marca do

INMETRO e que foram emitidos por organizações credenciadas em Sistemas de Gestão

Ambiental por este órgão, é de 341 certificados (Quadro 3), sendo que Santa Catarina ocupa a

terceira posição, com 21 certificados válidos (INMETRO, 2010).

Quadro 3 – Número de certificados ISO 14.001 válidos por Estado de Federação no Brasil.

Certificados válidos por Estado de Federação Quantidade

São Paulo 177

Paraná 43

Santa Catarina 21

Minas Gerais 19

Bahia 18

Rio de Janeiro 16

Rio Grande do Sul 14

Outros estados 33

Total 341 Fonte: INMETRO, relatório emitido em 06/06/2010.

2 Esse número inclui: certificados válidos, vencidos, cancelados e suspensos. 3 Certificados válidos são aqueles cuja “data de validade” seja igual ou superior à data atual (06/06/2010).

2.2.2. Política dos 3 R’s

É crescente o número de empresas que vêm buscando por soluções que as auxiliem a

economizar os recursos naturais, a minimizar a produção de resíduos e a tratar os impactos

ambientais resultantes de suas atividades. A incorporação mais efetiva das questões

ambientais já é visto por muitos empresários como uma grande vantagem competitiva por

gerar uma redução de custos com a minimização da produção e disposição de resíduos

(FARIAS, 2003).

Uma solução para organizações que queiram contribuir para a melhoria da qualidade

ambiental, adequar-se à legislação, melhorar sua competitividade e atingir um novo grupo de

consumidor, o consumidor verde, seria a adoção dos 3 R’s (Reduza, Reusa e Recicle), política

ambiental internacionalmente reconhecida e bastante comum entre os profissionais que atuam

na área ambiental (VILHENA; POLITI 2005). Ressalta-se que há uma tendência à evolução

dos 3 R’s. Alguns autores e empresas de consultoria na área ambiental já falam em 5 R’s,

outros, em 7 R’s, podendo incluir: Repensar, Reduzir, Reutilizar ou Reaproveitar, Reciclar,

Recuperar, Recusar e Residual Management - Gerenciar os resíduos (FARIAS, 2003; FATÁ,

2007; ENVIRONMENT CANTERBURY, 2008).

O princípio básico da Política dos 3 R’s enfatiza a moderação do consumo, seja ele de

matérias-primas, de insumos ou de recursos naturais. Assim, evita-se o desperdício e,

conseqüentemente, minimiza-se a geração de resíduos. Os 3 R’s abrangem especialmente um

conjunto de medidas preventivas na gestão de resíduos. Essas medidas incluem, dentre outras,

a Redução, a Reutilização e a Reciclagem consagradas na Agenda 21, documento voltado

para o Desenvolvimento Sustentável e aprovado na Eco-92, no Rio de Janeiro (DHURS,

2009).

O discurso ecológico alternativo advoga uma seqüencia lógica a ser seguida: a redução do consumo deve ser priorizada sobre a reutilização e reciclagem; e depois da redução do consumo, a reutilização deve ser

priorizada sobre a reciclagem, conforme salienta o texto do Tratado sobre Consumo e Estilo de Vida. Langenbach (1977) acrescenta ainda que a reutilização deve ser considerada concomitantemente à redução do consumo, pois ambos criticam o consumismo (LAYRARGUES, 2002, 185-186).

A seguir tem-se uma explanação sobre cada um dos 3 R’s.

a) Reduzir

A redução dos resíduos é a parte mais importante da Política dos 3 R’s. A

minimização refere-se à medidas que levam à redução do material a ser disposto em aterros

ou a ser incinerado (VILHENA; POLITI, 2005). Implica em uma redução na fonte geradora

de resíduos. As empresas devem, primeiramente, assumir o compromisso permanente de

evitar o uso desnecessário, não só dos materiais utilizados no processo produtivo como

também dos recursos naturais envolvidos em tal processo, dentre eles água e energia.

Diminuindo o desperdício, diminuem-se os resíduos e conseqüentemente os custos do

gerenciamento desses resíduos.

Atitudes como a de pesquisar e desenvolver novos produtos e novos processos fabris,

além de, promover a manutenção e a regulagem de máquinas e equipamentos, podem fazer a

diferença. Ainda, os funcionários podem ser orientados, por meio de atividades de Educação

Ambiental, quanto aos benefícios econômicos e ambientais do uso racional de matéria-prima

(FARIAS, 2003).

b) Reutilizar ou Reaproveitar

Após a promoção da redução deve-se pensar em reutilizar materiais. Este princípio

pode ser o mais rentável dos diversos meios de minimização de resíduos, pois consiste na

reutilização do material na sua forma original. Reutilizar um determinado objeto significa que

ele não vai para o lixo, e que não vai acabar nos aterros e, também, significa que não será

necessário comprar um novo produto. É por isso que ao se reutilizar um produto salva-se a

energia e os recursos que teriam sido usados para fazer um novo produto (ENVIRONMENT

CANTERBURY, 2008).

Se por um lado, Vilhena e Politi (2005, p. 19) afirmam que existe uma dificuldade em

estabelecer uma hierarquia entre reutilização e reciclagem, uma vez que ao analisar o “ciclo

de vida de um produto, por exemplo, pode-se concluir que, do ponto de vista ambiental, a

reutilização pode ser mais vantajosa do que a reciclagem ou vice-versa”. Por outro,

Layrargues (2002, p.187) afirma que a reutilização deve sempre ser priorizada em detrimento

da reciclagem, “o aumento da vida útil dos bens, a diminuição da obsolescência planejada, a

recuperação dos bens deteriorados e a reutilização de bens descartados são estratégias mais

eficientes que a reciclagem, pois demandam menos energia para a conversão”.

Dentre as inúmeras formas de reutilização ou reaproveitamento dos resíduos pode-se

citar a doação de produtos que possam servir a outras pessoas, dar preferência a materiais

cujas embalagens possam ser reaproveitadas de algum modo, imprimir ou escrever dois lados

da folha, encaminhar a empresas licenciadas os cartuchos de impressora e de tonéis para que

possam ser recarregados, etc. Além, ainda, de atitudes como encaminhar de volta ao

fornecedor, sempre que possível, materiais como bombonas, tonéis, barris, vidros e tantos

outros materiais reutilizáveis (FARIAS, 2003).

c) Reciclar

Por meio da reciclagem, o material que a princípio seria considerado lixo, pode ser

reprocessado e transformado em matéria-prima e, assim, iniciar um novo ciclo de produção-

consumo-descarte (FATÁ, 2007).

A reciclagem de materiais ou resíduos pode ser realizada internamente (on-site) ou

externamente (off-site) em relação ao processo produtivo da empresa. Ou seja, na reciclagem

interna, os materiais voltam para o processo produtivo original, já na reciclagem externa ou

pós-consumo, segundo Vilhena e Politi (2005), os materiais sofrem algum processo industrial

de transformação visando a obtenção de um produto (reciclado).

Para a adoção de medidas de reciclagem nas indústrias, aconselha-se a compra de

produtos recicláveis ou que sejam fabricados a partir de material reciclado ou, ainda, cujas

embalagens possam ser recicladas. Assim, pode ocorrer o uso posterior do material, ou seja,

alguns deles podem voltar para processos produtivos (VILHENA; POLITI, 2005). Implantar

ou utilizar programas de coleta seletiva também é uma ótima opção de se economizar a

utilização de recursos naturais, além de dar um destino adequado a resíduos que, se

depositados em aterros, levariam anos para se decompor. Além disso, esses resíduos, após

serem previamente selecionados, podem ser vendidos a empresas de reciclagem ou doados às

Associações de Catadores dos bairros próximos ou da cidade.

Outras soluções podem estar em um outro “R” – Recuperar. A recuperação de materiais ou do conteúdo

de energia de um resíduo é um bom exemplo. Óleos usados que não podem mais ser refinados para reutilização

podem ser enviados para valorização (ENVIRONMENT CANTERBURY, 2008).

Pode ser recuperada muita energia através dos materiais e biomassas residuais. Energia também pode ser gerada recuperando gás metano de aterros sanitários. É possível recuperar materiais para reutilização como óleos lubrificantes, solvente, ácidos, pneus de carros, areia de molde de fundição, água etc (FARIAS, 2003, p.1).

O importante da Política dos 3 R’s é que ela seja otimizada para que a quantidade de

resíduos finais, aqueles que não puderam ser reutilizados, reciclados, recuperados, tratados e

que tenham que seguir para uma disposição final em locais apropriados, geralmente, um

aterro, seja a menor possível. A disposição final em aterros deve ser encarada, como a última

opção a se adotar em um sistema de gestão de resíduos (ENVIRONMENT CANTERBURY,

2008).

Por vezes, faz-se necessário à empresa, criar ou terceirizar processos de tratamento

que possam mudar o volume ou o caráter do resíduo, buscando, sempre, minimizar os

impactos desses resíduos no meio ambiente (FARIAS, 2003). É importante que este

tratamento seja feito antes que o resíduo seja depositado no aterro. Farias (2003) alerta, ainda,

para os cuidados com a segurança e a higiene na estocagem de materiais recicláveis e dos

resíduos, recomendado inclusive que a área de estocagem seja distinta do lixo comum gerado.

As considerações acima tratam, em especial, da gestão de resíduos nas empresas, mas

é bom lembrar que os princípios da Política dos 3R’s também podem ser adotados no

ambiente domiciliar por meio de uma série de medidas: dar preferência para produtos que

tenham refil; levar sacolas ou carrinhos de feira para carregar compras em substituição às

sacolas oferecidas pelas lojas e supermercados; trocar as lâmpadas comuns por lâmpadas

econômicas; comprar produtos que sejam feitos de materiais recicláveis ou ainda, cuja

embalagem possa ser reciclada; doar produtos que possam servir a outras pessoas; conservar,

consertar e fazer a manutenção de eletrodomésticos; reutilizar caixas de sapatos como porta-

treco; usar potes de plástico ou de vidro para guardar pregos, parafusos, clipes etc (FATÁ,

2007).

2.2.3. Produção mais Limpa

Outra maneira de contribuir para a minimização da geração de resíduos nas indústrias

diz respeito a adoção de processos produtivos mais limpos. A Produção mais Limpa ou

simplesmente P + L, está intimamente ligada à Política dos 3 R’s, uma vez que ambas visam a

minimização da produção final de resíduos.

No início da década de 1990, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

definiu P + L como sendo a aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e

tecnológica integrada aos processos e produtos, com o objetivo de aumentar a ecoeficiência

no uso de matérias-primas, água e energia por meio da não geração, minimização ou

reciclagem de resíduos em um processo produtivo com benefícios ambientais, de saúde

ocupacional e econômicos (CNTL, 2008).

A P + L adota uma abordagem preventiva e aplica-se aos processos produtivos, o que

inclui a conservação de recursos naturais e energia, eliminação de matérias-primas tóxicas e

redução da quantidade e da toxicidade dos resíduos e emissões; aos produtos, o que envolve a

redução dos impactos negativos ao longo do ciclo de vida de um produto, deste a extração de

matérias-primas até a sua disposição final; e aos serviços, o que inclui estratégias para a

incorporação de considerações ambientais no planejamento e entrega dos serviços (MASERA

et al., 2005).

Em 1999 o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), o

Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e o Centro

Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL), iniciaram o projeto para implementação da Rede

Brasileira de Produção Mais Limpa. O objetivo do projeto consistiu em atualizar as

metodologias voltadas para a ecoeficiência adotadas no Brasil, a fim de atingir um número

muito maior de empresas e disseminar essa nova consciência ambiental (CEBDS, 2008). Os

resultados foram os seguintes:

Na primeira fase (...) foram evidenciadas as possibilidades de obtenção de benefícios econômicos de R$ 18 milhões na redução anual de gastos nas empresas que participaram do programa para um montante de R$ 2,3 milhões de investimentos. Como benefícios ambientais podemos destacar a redução anual do consumo de matérias-primas de 6 milhões de t/ano, economia de água de 350 mil m³/ano e 3 milhões de kWh/ano de energia elétrica. Além disso, deixaram de ser gerados impactos ambientais, iniciativas de reciclagem passaram a ser adotadas, entre outras. Na segunda fase (2003-2004), o Sebrae Nacional investiu em torno R$ 2,3 milhões para formação de sua rede de Núcleos de Econegócios. Além disto, o

investimento necessário para a implementação das soluções recomendadas pelos consultores, para as 85 empresas-piloto que participaram do programa, é de 2,4 milhões de reais, os quais gerarão uma redução de 5,6 milhões de reais por ano, com gastos em matérias-primas, água e energia (CEBDS, 2008, p.1).

Há ainda uma grande resistência para a prática de P + L. O CEBDS afirma que esta

resistência se deve à falta de informação sobre a técnica, à inexistência de políticas nacionais

que dêem suporte às atividades desta medida e às barreiras econômicas e técnicas (novas

tecnologias). As organizações ainda acreditam que é necessário a adoção de novas tecnologias

para a implementação de P + L, quando, na realidade, “aproximadamente 50% da poluição

gerada pelas empresas poderia ser evitada somente com a melhoria em práticas de operação e

mudanças simples em processos” (CEBDS, 2008, p.1).

2.2.4. Educação Ambiental

Desde meados do século XX a consciência ecológica vem aumentando, ganhando

apoio e gerando políticas públicas e leis ambientais. No Brasil, a Educação Ambiental só

ganhou projeção social e reconhecimento público na década de noventa, mesmo figurando

oficialmente na Constituição Federal de 1988 (LOUREIRO, 2002).

Quanto ao entendimento do conceito de Educação Ambiental existem diversificadas

definições. Em 1999, promulgou-se no Brasil a Lei nº 9.795 de 27 de abril que dispõe sobre a

Educação Ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental, segundo a qual

entende-se por Educação Ambiental:

os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999, p.1).

Loureiro (2002, p. 69) reforça esse conceito ao descrever que:

A Educação Ambiental é uma práxis educativa e social que tem por finalidade a construção de valores, conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade da vida e a atuação lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente. Nesse sentido, contribui para a tentativa de implementação de um padrão civilizacional e societário distinto do vigente, pautado numa nova ética da relação sociedade-natureza.

A educação não é um fim em si mesma, é um direito fundamental e um instrumento-

chave para mudar valores, comportamentos e estilos de vida: para alcançar um futuro

sustentável é necessário fomentar, entre a população, a consciência da importância do meio

ambiente (UNESCO, 2010). Uma das formas das pessoas adquirirem esta consciência, os

conhecimentos e as habilidades necessárias à melhoria de sua qualidade de vida pode ser por

meio da Educação Ambiental que, segundo Reigota (1998), representa a real possibilidade de

mobilização social e participação cidadã frente aos complexos problemas ambientais, locais,

regionais, nacionais e mundiais.

As intensificações das preocupações da sociedade com as questões ambientais

coincidiram com o início da Teoria das Representações Sociais, cuja difusão mais ampla no

país também se deu nos anos de 1990. Essas representações são fundamentais para uma

Educação Ambiental voltada para a identificação, circulação, desconstrução e reconstrução

dessas representações em toda a sua complexidade e amplitude (LIMA, 2009). Nessa

perspectiva, parte-se do pressuposto de que a educação pode contribuir para transformar a

sociedade a partir das práticas sociais.

Conforme Jacobi et al. (2009), é possível partir-se da concepção de que o pensamento,

a capacidade de reflexividade, de tomar decisões, de fazer escolhas e de transformar podem

ser ampliados por meio de práticas educativas. A Educação Ambiental pode representar a real

possibilidade de mobilização social e participação cidadã frente aos complexos problemas

ambientais (REIGOTA, 1998). “Qualquer transformação do quadro de crise estrutural e

conjuntural em que vivemos, a Educação Ambiental, por definição, é elemento estratégico na

formação de ampla consciência crítica das relações sociais e de produção que situam a

inserção humana na natureza” (LOUREIRO, 2002, p.69).

É, dentre outros, devido a esse poder transformador e, conforme determinado na Lei nº

9.795/1999, que a Educação Ambiental deve estar presente não somente nas instituições de

ensino, mas, também, nas empresas, nas entidades de classe e nas instituições públicas e

privadas (BRASIL, 1999).

Entretanto, no que se refere às empresas, embora a Educação Ambiental seja

considerada o “alicerce” da Sustentabilidade, bem como de muitas, se não de todas as

Políticas Ambientais, muitos empresários, ao mesmo tempo em que adotam determinadas

medidas ambientais e investem em tecnologias visando a promoção da qualidade ambiental, o

fazem ignorando, quase que totalmente, a Educação Ambiental. E, em muitas situações,

acabam questionando-se do porquê que as medidas ambientais adotadas em suas empresas,

por vezes, não apresentam resultados efetivos.

O fato é que ainda há uma grande resistência do empresariado em inserir a Educação

Ambiental em suas empresas, embora estudos já tenham comprovado a eficiência do uso

dessa ferramenta neste setor. Conforme Mello e Souza (2000, apud Philippi Jr. e Pelicioni,

2005) as resistências sociais normais, o descaso de muitos e a indiferença de tantas empresas

e instituições é preocupante e gera uma confusão de discurso, imprecisão de conceitos e

omissão de áreas de estudo.

Um exemplo do sucesso da Educação Ambiental no meio empresarial são os obtidos

por Vieira (2004, p.8) que, ao estudar a implantação desta medida numa indústria de fundição

de Minas Gerais concluiu que houve uma melhoria da qualidade ambiental da empresa

“ocasionada pela mudança de comportamento dos pesquisados que se deveu ao aumento do

seu nível de conscientização ambiental”. Conforme o autor, os funcionários da empresa

passaram a incorporar as questões ambientais em suas rotinas de trabalho.

Nessa linha de entendimento, as indústrias, grandes causadoras de impactos

ambientais, ao implantarem Sistemas de Gestão Ambiental, Planos de Gerenciamento de

Resíduos, Produção mais Limpa, Política dos 3 R’s e outras, também devem inserir ações da

Educação Ambiental em suas rotinas. Os funcionários devem ser conscientizados dos efeitos

ambientais de suas atividades, produtos e serviços. Segundo Vilhena e Politi (2005), a

empresa deve preparar e orientar seus funcionários por meio de cursos sobre o

Desenvolvimento Sustentável e sobre os mecanismos nos quais se baseia. E, para isto, poderá

servir-se da Educação Ambiental.

2.3. OS PLÁSTICOS E A INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA

O plástico faz parte da vida de milhões de pessoas em todo o mundo e sua utilização

crescente vem fazendo deste um produto essencial à vida moderna. Características como

durabilidade, resistência, leveza, isolamento termo-acústico, versatilidade e relação

custo/benefício proporcionaram sua ampla utilização, não só pelos diversos setores

industriais, como também pelas pessoas no mundo inteiro (SIMPESC, 2008).

Plásticos são polímeros, ou seja, compostos produzidos a partir de matérias químicas

básicas chamadas monômeros, que por sua vez, são unidades menores geralmente repetitivas

e unidas por ligações covalentes. Todos os plásticos são ricos em carbono. No plástico

artificial os carbonos são oriundos do petróleo, enquanto que nos biopolímeros ou bioplásticos

o carbono é derivado de materiais naturais. A presença de carbono é essencial para que os

vários tipos de monômeros sejam combinados de maneiras diferentes para fazer uma

variedade quase infinita de plásticos com propriedades químicas diferentes (FREUDENRICH,

2008).

No que diz respeito ao processo tecnológico de preparação e ao comportamento

durante o aquecimento, os polímeros plásticos são divididos em dois grandes grupos (PIATTI,

T.; PIATTI, R, 2005):

• Termoplásticos: são plásticos que, mesmo depois de moldados, se aquecidos a uma determinada temperatura possuem a capacidade de amolecer e fluir, podendo ser novamente moldado em um novo formato desejado. São plásticos flexíveis e muito usados em filmes para empacotamento e embalagens. Neste grupo estão: o Polietileno (PE); o Polipropileno (PP); o Policloreto de Vinila (PVC); a Acrilonitrila Butadieno Estireno (ABS) e outros.

• Termofixos: são plásticos que, depois de moldados, mantêm o seu formato, não sendo possível voltá-los a sua forma original, ou seja, não podem ser derretidos para uma nova moldagem. Portanto, são rígidos e duráveis, e se caracterizam por alta resistência à deformação. Os plásticos dessa categoria são muito utilizados em peças de automóveis e aeronaves. Os termofixos incluem as resinas poliésteres, as mais usadas na fabricação de Plásticos Reforçados com Fibra de Vidra, além das resinas fenólicas, epoxídicas, etc.

Os campos de aplicação dos plásticos são extremamente diversificados e um deles

inclui a indústria automobilística. A substituição de materiais tradicionais por plástico na

indústria automotiva deu-se de forma gradativa. Segundo Medina (2002), dentre as razões

para essa substituição estão as crises do petróleo de 1973 e de 1979. Ambas contribuíram para

a conscientização do problema da escassez de combustível e para a vulnerabilidade do uso

dos recursos naturais a partir de fontes não-renováveis. O que se observou a partir de então foi

uma busca constante por carros mais eficientes que consumissem menos combustível. Uma

solução foi tornar os veículos automotores mais leves, o que ocorreu por meio da substituição

de alguns materiais por plástico.

A substituição de materiais diversos por cerca de 100 quilos de plástico em um carro

pesando uma tonelada implica em uma economia de combustível de 7,5%. Segundo o

American Chemistry Council (ACC) muitos componentes plásticos podem pesar 50% menos

que seus similares produzidos a partir de outros materiais. Tal fato representa uma das razões

do porquê os veículos de hoje contêm cerca de 150 kg de seu peso em plásticos e compósitos,

o correspondente a, aproximadamente, 8,3% do seu peso total (ACC, 2008).

O Quadro 4 apresenta um elenco de vantagens e desvantagens do uso de plásticos nos

automóveis.

Quadro 4 – Vantagens e desvantagens do uso de plásticos nos automóveis em substituição a outros materiais.

VANTAGENS DESVANTAGENS

Redução de peso

Maior eficiência no uso de combustível

Redução da emissão de CO2

Redução de custos e do tempo de produção

Menores investimentos em manufatura

Aumento da resistência à corrosão

Possibilidade de designs mais modernos

Formatos mais complexos

Excelente processabilidade

Veículos mais silenciosos

Melhor uso do espaço

Aumento de segurança

Deterioração por ação térmica e ambiental

Inflamabilidade

Baixa resistência ao impacto

Deformação permanente elevada

Dificuldade de adesão de película de tinta

Facilidades de manchas permanentes

Baixa estabilidade dimensional

Fonte: Adaptado de Hemais (2003).

Os primeiros materiais plásticos que surgiram eram frágeis e quebradiços, houve,

então, a necessidade de plásticos mais resistentes (GARCIA, 2009). Para suprir esta

deficiência, uma das medidas tomadas foi o acréscimo de aditivos químicos e/ou fibras de

vidro na composição de alguns materiais plásticos, surgindo assim os compósitos poliméricos.

A fibra de vidro atua como reforço e é constituída por “substâncias minerais,

solidificadas de uma mistura de quartzo, carbonato de cálcio e carbonato de sódio, dispostas

em feixes de espessura extremamente fina, a fibra é obtida mediante a passagem do vidro em

fusão por pequeníssimo orifício” (MATHEUS, 2008, p. 9). A fibra de vidro torna as peças

plásticas resistentes a choques, tração e flexão.

A mistura de uma reforço (fibra de vidro) + matriz polimérica (resina poliéster ou

outro tipo de resina) + uma substância catalisadora de polimerização, forma o compósito de

matriz polimérica denominado Plástico Reforçado com Fibra de Vidro - PRFV (OLIVEIRA,

2006). Há diversos tipos de PRFV: poliamida reforçada com fibra de vidro; polipropileno

reforçado com fibra de vidro; poliéster reforçado com fibra de vidro, e outros (MATHEUS,

2008). Dentre os polímeros, o mais utilizado na produção de compósitos de matriz polimérica

é o poliéster insaturado (PINTO, 2002). A técnica de PRFV permite a produção de peças com

uma grande variedade de formatos e tamanhos: piscinas; caixas d’água; fuselagens de aviões;

cascos e hélices de barcos; carroçarias de veículos; pranchas de surf, e outras.

Os processos de fabricação do compósito polimérico PRFV podem ser agrupados em

moldagem aberta ou moldagem fechada. Na moldagem aberta apenas uma das faces da peça

fica em contato com o molde. Já os processos com moldes fechados utilizam dois moldes –

macho e fêmea (PINTO, 2002).

A seguir tem-se uma breve explanação sobre dois processos de fabricação de

compósitos de PRFV, um que usa moldes abertos e outro que usa moldes fechados.

a) Spray-up ou moldagem à pistola

O spray-up é um processo de fabricação de compósitos que usa moldes abertos. Neste

processo, a fibra de vidro em forma de fios contínuos (fio roving) é alimentada para uma

pistola com um picador (Figura 3a), que a corta em fibras de um determinado tamanho.

Observa-se na Figura 3(b) que fibras, resina e catalisador são atiradas, simultaneamente, por

esta pistola, contra a superfície do molde. Em seguida, roletes e pincéis são usados para fazer

o assentamento das fibras picadas nos contornos do molde, o que elimina más acomodações,

bolhas de ar, excesso de resina, conferindo assim mais qualidade de acabamento e resistência

à peça (MATHEUS, 2008).

Figura 3 – Imagens do processo spray-up: a) pistola picadora usada na laminação; b) o jato de roving

picado, resina e catalisador sendo aplicado sobre a superfície de um molde. Fontes: PPG China (2009); FRP Equipment Inc. (2009).

A moldagem aberta é o processo de fabricação de compósitos mais usado no mundo,

mesmo em regiões altamente industrializadas. Nos EUA, por exemplo, 65% dos compósitos

fabricados são feitos usando moldes abertos. Dentre as razões para essa popularidade está o

fato da moldagem aberta ser fácil de se iniciar, uma vez que não requer altos investimentos e

nem um conhecimento técnico aprofundado (JACOB, 2002). A referida autora afirma, ainda,

que nesse tipo de moldagem o ritmo de produção é baixo, a mão-de-obra é intensa, a

liberdade de design é alta e que o processo é bom para produzir peças grandes e em pequena

escala.

O spray-up é um método convencional de laminação e trata-se de uma tecnologia mais

barata que processos mais modernos como o RTM light - Resin Transfer Molding (ANCEL,

2009). Entretanto, a moldagem aberta é limitada á fabricação de peças com formatos

relativamente simples e que exigem somente uma face com aparência lisa. Além disso, neste

tipo de moldagem, a geração de resíduos é elevada devido à formação de aparas laterais no

molde, e há perda significativa de material no piso da fábrica devido à utilização da pistola

(MILAN; GRAZZIOTIN, 2008).

b) Resin Transfer Moulding (RTM)

Ao contrário do spray-up, o RTM light usa moldes fechados. Nesse tipo de moldagem

são necessários dois moldes (macho-fêmea) para laminar uma única peça (Figura 4).

Figura 4 – Moldes (macho-fêmea) usados no RTM light para a laminação de uma pequena embarcação. Fonte: Christesem Fiberglass Tooling (2009).

No RTM light, o reforço de fibra de vidro é previamente colocado na parte inferior do

molde “macho-femea”. Depois o molde é fechado e a resina com o catalisador é injetada a

baixa pressão e assistida por vácuo dentro da cavidade do molde (ANCEL, 2009). A resina

molha o molde contendo a fibra e cura-se, formando o compósito. Graças à baixa pressão de

trabalho, os moldes não necessitam ser muito sofisticados e podem ser construídos fácil e

rapidamente.

No esquema do processo mostrado na Figura 5, observa-se a disposição da fibra de

vidro (molde inferior), bem como orifícios (molde superior) pelos quais são injetados a resina

e o catalisador e também por onde o vácuo é aplicado.

Figura 5 – Esquema do RTM light. Fonte: Christesem Fiberglass Tooling (2009). 2.3.1. Riscos do processo de fabricação de compósitos de PRFV para a saúde do

trabalhador

O processo de fabricação de compósitos em PRFV pode representar riscos à saúde do

trabalhador. Um dos principais riscos diz respeito ao pó de fibra, resultante do manuseio, mas,

principalmente, do corte da própria fibra ou do compósito PRFV. Este “pó” pode causar a

Dermatite pelo Contato com Fibra de Vidro, um tipo de dermatose ocupacional. As

dermatoses ocupacionais são alterações da pele, mucosas e anexos, direta ou indiretamente

causadas, mantidas ou agravadas por tudo que for utilizado ou exista no ambiente de trabalho

(STITES et al., 2000) . As dermatites de contato respondem pela maioria das dermatoses

ocupacionais.

A exposição ao alérgeno, substância estranha capaz de induzir a uma resposta

imunológica, pode ocorrer através de inalação, injeção ou contato com a pele (STITES et al.,

2000). Cerca de 80% das dermatoses ocupacionais são produzidas por agentes químicos como

metais, solventes, detergentes, plásticos e resinas sintéticas, borracha, petróleo, ácidos e

álcalis (SAMPAIO; RIVITTI, 2001; ALI, 2003 apud BERTINATO, 2007).

Segundo Fichas de Informações de Segurança de Produto Químico (FISPQ), uma

inalação aguda do pó de fibra pode causar irritações respiratórias, e quando em contato com a

pele ou com os olhos também pode causar irritações temporárias. Se não houver a inalação da

poeira resultante do corte ou do manuseio da fibra de vidro, não haverá riscos à saúde. Para

tanto, as FISPQ recomendam o uso de máscaras contra poeira, calças e camisas de mangas

longas, luvas, gorro e óculos de segurança ou protetor facial. Após manusear ou cortar o

produto é recomendável banhar-se com sabão e água morna, lavar as roupas de trabalho

separadamente e enxaguar a lavadora após o uso (MAXI RUBBER, 2009). Quando o corte e

o manuseio forem feitos em presença de água, os riscos podem ser amenizados, uma vez que

água evita a liberação de partículas no ar.

Outro problema relacionado à fibra de vidro refere-se às emissões de estireno durante

o processo de fabricação de compósitos de PRFV. O estireno é um hidrocarboneto aromático,

líquido, incolor, com leve odor de éter e polimerizável facilmente. É usado como matéria-

prima para muitos produtos: poliestireno; borracha sintética; resinas poliéster; copolímeros e

derivados. Estes derivados, por sua vez, são utilizados em acessórios e peças para automóveis,

aeronaves, barcos, brinquedos, borrachas, tintas, e outros (CBE, 2009).

O estireno e alguns produtos fabricados a partir dele, dentre eles a resina poliéster

usada para fabricar os PRFV, são muito voláteis e liberam vapores tóxicos prejudiciais à

saúde. As vias de entrada no organismo podem ser: inalação; olhos e pele. Na pele, pode

causar irritações futuras; se inalado, a superexposição pode causar irritação do sistema

respiratório e outras membranas mucosas; quando em contato com os olhos pode causar

irritação moderada, incluindo sensação de queima, lágrimas, vermelhidão ou inchaço. Se o

estireno for ingerido em grandes quantidades, pode provocar problemas de saúde ligeiros. A

exposição repetida ou prolongada ao estireno pode causar, ainda, náusea, perda de apetite,

depressão do Sistema Nervoso Central e debilidade geral.

Para se prevenir desses danos, a FISPQ recomenda o uso de Equipamentos de

Proteção Individual (EPIs) adequados: máscara panorâmica com filtro de vapores orgânicos

combinado; luvas de borracha, neoprene ou vinil; óculos de proteção para produtos químicos

e máscara facial para proteção contra respingos se houver risco de contato; roupa de proteção

para minimizar o contato com a pele, mangas longas e avental; botas e capacete de boa

resistência. Outra recomendação é que o estireno ou derivados que liberem vapores sejam

manuseados em locais ventilados e/ou com exaustor que conservem os níveis de partículas em

suspensão no ar abaixo dos limites de exposição recomendados (MAKENI, 2004).

Os limites da exposição a este composto na indústria são controlados pela Agência

Norte-Americana de Administração da Saúde e Segurança Ocupacional (OSHA,

Occupational Safety and Health Administration). O limite médio, que varia de uma unidade

da confederação para outra, nos Estados Unidos, é de 50 partes por milhão (ppm) ao longo de

um período de oito horas de trabalho diárias, ou quarenta horas de trabalho semanais, com,

ainda, um limite de 100 ppm para exposições de curto prazo ou 15 minutos - short-term

exposure limite - STEL (ARAMPHONGPHUM; CASTRO, 2005).

2.3.2. Implicações ambientais da produção e do uso de plásticos, em especial, de PRFV

Por conta da não-degradabilidade natural da maioria dos plásticos e da redução

crescente dos estoques naturais de matérias-primas, esses materiais têm sido responsáveis por

sérios problemas ambientais.

O uso crescente e em grande escala dos plásticos pelo setor automotivo e pela

sociedade em geral estimula a sua produção, durante a qual ocorre uma série de operações, e

todas envolvem gasto de energia (CANTO, 1997). Esta energia pode ser proveniente de

recursos naturais renováveis ou não, sendo que ambos os casos implicam em impactos

ambientais. O petróleo constitui a principal fonte de matéria-prima para a fabricação dos

plásticos. Lembrando que este é um recurso natural não-renovável, a busca por fontes

alternativas de matéria-prima é urgente.

A indústria de compósitos no Brasil gera 13 mil toneladas de resíduos por ano, entre

rebarbas de processos e peças com defeito. A maior parte desses resíduos tem como destino

final os aterros industriais (LIMA, 2010). Um grande contribuinte para a imensa quantidade

de resíduos de PRFV são as montadoras de veículos, um dos principais segmentos

consumidores de materiais compósitos, e conseqüentemente, um dos maiores geradores de

resíduos de compósitos poliméricos, uma vez que os processos de fabricação de autopeças

plásticas geram uma grande quantidade de rebarbas, aparas ou scrap plásticos. Uma maneira

de amenizar este problema seria a adoção de medidas de redução, reutilização e reciclagem.

É sabido que um plástico tradicional pode levar em torno de 500 anos para se

decompor no meio ambiente. O ideal é que as indústrias que produzam materiais plásticos,

dentre elas as montadoras, invistam na substituição de matérias-primas tradicionais por

produtos biodegradáveis o que, conseqüentemente, tornaria rebarbas, aparas e autopeças

biodegradáveis (CANTO, 1997). Empresas consumidoras de compósitos podem, ainda,

preferencialmente, adotar processos produtivos mais limpos e mais modernos, que não gerem

ou que gerem pequenas quantidades de aparas. Além disso, consumidores, pessoas físicas ou

jurídicas, precisam passar a dar preferência para produtos plásticos biodegradáveis, o que

estimularia sua produção pelo setor industrial em geral.

No que se refere à reciclagem, não só das rebarbas plásticas geradas em processos

produtivos, mas também das autopeças plásticas provenientes de veículos sucateados, outros

empecilhos ainda devem ser considerados. Se essas rebarbas ou peças sucateadas se tratarem

de um termoplástico (ABS, PP, PVC etc), sua reciclagem pode ser feita mediante o seu

derretimento seguido de sua remodelagem, entretanto, se o plástico se tratar de um termofixo

ele não pode ser simplesmente derretido e remodelado por aquecimento (CANTO, 1997).

Um fator agravante na reciclagem dos termofixos (resinas poliéster, fenólicas,

epoxídicas, e outras), o que inclui os PRFV, é a infusibilidade da resina empregada como

matriz, o que dificulta o seu reprocessamento. Embora os termofixos suportem altas

temperaturas, quando exageradamente aquecidos, eles sofrem carbonização sem derreter.

Como formas de reciclagem dos rejeitos de PRFV tem-se estudado o emprego da

reciclagem química, energética e mecânica (PINTO, 2002). Na reciclagem química, os

hidrocarbonetos obtidos podem ser usados como alternativa à gasolina, ao querosene, óleo

diesel ou óleo combustível. Já a reciclagem energética consiste no uso da energia potencial da

parte orgânica que é liberada durante a incineração. A reciclagem mecânica baseia-se na

redução das peças rejeitadas e aparas de processo a um tamanho de partícula que depende da

aplicação a que se destina.

Outro problema na reciclagem de materiais plásticos refere-se ao fato de alguns tipos

de polímeros não poderem ser derretidos conjuntamente, o que, se acontecer, poderá

comprometer a qualidade do produto final. Outro ponto a ser considerado diz respeito às

perdas verificadas durante o derretimento. Parte do plástico pode sofrer oxidação, o

aquecimento também pode provocar a decomposição de alguns aditivos e até de parte da

resina. O resultado é a contaminação do material, que deixa, assim, de ser infinitamente

reciclável (CANTO, 1997). Além desses problemas há o fato de que muitos dos componentes

plásticos de veículos sucateados no Brasil não chegam nem perto de serem reciclados.

Em países da Europa e os Estados Unidos, a reciclagem chega a 95% dos carros

fabricados. Ao contrário desses países, no Brasil não há legislação específica que

responsabilize as montadoras pelo recolhimento do veículo. O país já possui tecnologia de

ponta para a reciclagem, mas os automóveis só chegam na reciclagem quando estão no limite

de sua vida útil. Somente 1,5% da frota brasileira que é aposentada tem como destino a

reciclagem, em média são veículos com mais de 20 anos de uso (UNIVERSIDADE

METODISTA DE SÃO PAULO, 2008).

3. METODOLOGIA

3.1. O MÉTODO

Esta pesquisa representa um estudo transversal e observacional desenvolvido por meio

de uma abordagem qualitativa e quantitativa (“quali-quanti”). Neste tipo de abordagem, o

método qualitativo contribui com o desenvolvimento da pesquisa quantitativa ao “possibilitar

uma mistura saudável de procedimentos de cunho racional e intuitivo e que, juntos, são

capazes de contribuir para a melhor compreensão do fenômeno estudado” (GONÇALVES et.

al, 2008, p.41-42).

O método qualitativo foi importante para acompanhar, aprofundar, entender e

descrever os problemas diagnosticados. Segundo Minayo & Sanches (1993), a abordagem

qualitativa é extremamente importante não só para acompanhar e aprofundar algum problema

levantado por estudos quantitativos, como também, para “abrir perspectivas e variáveis a

serem posteriormente utilizadas em levantamentos estatísticos” (MINAYO; SANCHES,

1993, p.10). Já a aplicação de técnicas quantitativas possibilitou estabelecer as prováveis

causas a que os objetos de estudo estão submetidos e descrever em detalhes o padrão de

ocorrência dos eventos observados. As variáveis em estudo puderam ser validadas

estatisticamente e seus resultados extrapolados para o universo pesquisado (GONÇAVES et

al., 2008).

3.2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A empresa analisada atua no ramo automobilístico, mais precisamente na produção de

carrocerias para ônibus e tem sua sede na cidade de Joinville, SC, Brasil4. Seus complexos

industriais abrangem uma área total de 1.000.000m2, com 84.000m2 de área construída. A

Empresa “ß”se divide em três unidades: uma matriz e duas unidades de plástico, sendo uma

delas localizada em Joinville e outra no município de Rio Negrinho, SC. Possui, ainda, duas

outras empresas coligadas, uma voltada para a fabricação de aparelhos de ar condicionado

para ônibus e outra que desenvolve tecnologias para transformação de plástico reforçado com

fibra de vidro, ambas situadas em Joinville, além de duas fábricas no exterior (Colômbia e

México).

O presente estudo (com caráter de diagnóstico) foi realizado somente na unidade de

plásticos de Joinville. A unidade abrange uma área total de 105.251,30 m2 e tem como

principal atividade a produção de autopeças plásticas em Acrilonitrila Butadieno Estireno

(ABS), Polipropileno (PP) e Plástico Reforçado com Fibra de Vidro (PRFV). Para fabricá-las

trabalha com dois processos produtivos: Moldagem e Acabamento em ABS e PP e Moldagem

e Acabamento em PRFV. É também nesta unidade que ocorre a montagem dos sanitários que

compõem alguns de seus veículos.

Durante o período estudado e o período de coleta, a unidade funcionou em período de

horário integral, com 362 funcionários próprios distribuídos em 3 turnos, trabalhando cinco

dias por semana5. Esta unidade, juntamente com a de Rio Negrinho, é responsável por atender

parte da demanda por autopeças plásticas da empresa.

4 Por observância às normas da ética em pesquisa, a empresa estudada terá sua identidade preservada e, neste

estudo, será destacada apenas como Empresa “ß”. 5 Durante o período de aplicação desta pesquisa (2008 e 2009) o horário de trabalho era de 24 horas diárias e o

número de funcionários era de 362. Em 2010, o horário de trabalho passou a ser de 8 horas diárias e somente no período matutino. Houve também uma redução no quadro de funcionários que, no primeiro semestre de 2010, passou a ser de 172.

É importante ressaltar que o ato de preservar-se o nome da empresa, bem como o

cuidado na divulgação de dados ou informações que pudessem facilitar a sua identificação foi

acordado entre a pesquisadora e a gerência da empresa. Todos os dados e informações

somente foram coletados e divulgados após o recebido consentimento empresarial.

3.2.1. Descrição do processo de Moldagem e Acabamento em PRFV

O processo de Moldagem e Acabamento em PRFV na unidade fabril abrange duas

linhas de produção: tetos, produzidos em quatro diferentes modelos: Rodoviário, Urbano,

Micro-ônibus e Panorâmico Dobledeck (PDD) e entre–janelas, produzidas em um modelo

único. Este tipo de processo produtivo pode ser dividido em duas grandes etapas:

MOLDAGEM e ACABAMENTO. A Figura 6 apresenta um fluxograma do processo. Mais

detalhes sobre cada uma de suas etapas foram descritas nos itens a seguir.

Figura 6 - Fluxograma do processo de Moldagem e Acabamento em PRFV. Fonte: Estudos da pesquisadora.

Preparação Gel coat Laminação Desmoldagem

MOLDAGEM

limpador, selador, desmoldante

resina, fibra, catalisador

Rebarbamento Reparos Pintura

PEÇA ACABADA

massas catalisador

tinta

ACABAMENTO

gel, catalisador

a) Preparação do molde

A preparação dos moldes é feita com o uso de limpador, selador, desmoldante líquido

e cera desmoldante. Regiões não laminadas do molde, além de qualquer outra área sujeita à

impregnação com aparas do processo, são cobertas com plástico ou papelão.

b) Aplicação do gel coat

O gel coat é uma cobertura de resina não reforçada que confere proteção e acabamento

à peça. Gel e catalisador são aplicados, simultaneamente, sobre o molde (região laminada)

com o uso de uma gelcoteadeira. Após a cura, o laminado estrutural é aplicado sobre ele.

c) Laminação

Na laminação dos tetos, Fio roving picado, resina e catalisador são atirados,

simultaneamente, por uma pistola contra a cavidade do molde com o uso de uma laminadora

semi-automática. Fibra de vidro moída (fio moído), tecidos e mantas de fibras de vidro, são

aplicados manualmente. Após a laminação, roletes e pincéis são usados para fazer o

assentamento das fibras. Em seguida, as rebarbas nas laterais maiores são removidas. Após a

cura ocorre a desmoldagem do teto recém fabricado. Na laminação das entre-janelas o

processo se inicia com a aplicação manual do fio roving e do fio moído. Em seguida, o roving

é umedecido com resina e catalisador atirados por uma pistola. As mantas e os tecidos de fibra

de vidro também são distribuídos manualmente e, posteriormente, umedecidos com o jato de

resina e catalisador. O assentamento das fibras é feito com roletes e pincéis. Imediatamente

após o término da laminação as rebarbas em todas as laterais da entre-janela recém fabricada

são removidas. Após a cura ocorre a desmoldagem da peça.

d) Acabamento

O acabamento dos tetos começa com o corte das rebarbas das laterais menores da

peça. Em seguida, todos os locais de corte são lixados. Nas entre-janelas, ocorre somente o

lixamento dos locais de corte, uma vez que todas as rebarbas foram removidas na etapa

anterior. Posteriormente, tetos e entre-janelas seguem para um processo de correção de

possíveis imperfeições, o que é feito com o uso de uma massa rápida e/ou massa plástica e

lixas. Após correções, as peças são totalmente lixadas e conduzidas para uma pré-pintura. Se

esta revelar alguma imperfeição, a peça laminada voltará para um acabamento final.

3.3. INSTRUMENTOS DE COLETAS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Em dezembro de 2008 foi assinado o convênio de cooperação entre a Universidade da

Região de Joinville (Univille) e a fábrica objeto de estudo para viabilizar a execução da

pesquisa. O presente diagnóstico consistiu num levantamento de dados da atual situação da

unidade de plásticos no que diz respeito à geração, quantificação e gerenciamento dos

resíduos sólidos provenientes do processo produtivo analisado. A coleta de dados ocorreu de

janeiro a junho de 2009 e se deu por meio de: observações in loco; registros fotográficos;

medições (pesagens); estimativas e consultas à literatura.

3.3.1. O processo produtivo e as fontes de geração de resíduos

O estudo do processo produtivo e das fontes de geração de resíduos sólidos foi feito de

forma simultânea e se deu por meio de observações in loco, registros fotográficos e sob a

orientação de dois funcionários responsáveis pelos procedimentos de trabalho. As

observações foram registradas em uma planilha específica (Apêndice A). Nesta etapa, além

do conhecimento detalhado de todo o processo, buscou-se identificar toda a matéria-prima, a

sua forma de uso ou processo gerador de resíduos, bem como os resíduos gerados a partir dela

em cada uma das etapas do processo. Possíveis ações para melhorias foram sendo observadas

e registradas ao longo da aplicação da pesquisa. As observações in loco permitiram, ainda, o

estudo do comportamento dos funcionários quanto ao uso racional (sem desperdícios) de

matéria-prima e se os mesmos davam o destino correto aos resíduos que geravam.

3.3.1.1. Riscos do processo para a saúde do trabalhador

Os dados referentes aos riscos do processo de Moldagem e Acabamento em PRFV

foram coletados a partir do Laudo Técnico de Condições Ambientais no Trabalho, elaborado

no período compreendido entre fevereiro e agosto de 2008 pela Empresa “ß” em parceria com

o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).

3.3.2. A quantificação dos resíduos

A quantificação de resíduos ocorreu por meio de estimativa e envolveu a quantidade

total de resíduos sólidos gerados pela unidade e a quantidade de resíduos gerados somente no

processo de Moldagem e Acabamento em PRFV. Os dados foram coletados a partir dos

registros que a Empresa possuía referentes aos meses compreendidos entre maio de 2008 e

abril de 2009. Sendo que em maio de 2009 foram feitas medições do principal resíduo gerado

no processo produtivo.

3.3.2.1. A produção total de resíduos pela unidade estudada

O cálculo da quantidade total de resíduos gerados pela unidade foi feito considerando

seus principais destinos finais. Os dados referentes aos Resíduos Classe I e Classe II

destinados à Central de Tratamento de Resíduos Industriais de Joinville (aterro industrial)

foram calculados a partir dos Certificados de Disposição Final emitidos pela Central à

unidade fabril. Já os dados referentes aos resíduos devolvidos aos fornecedores ou vendidos a

terceiros foram calculados com base nas notas fiscais emitidas pela Empresa “ß”.

3.3.2.2. Resíduos do processo de Moldagem e Acabamento em PRFV

O cálculo da quantidade de resíduos gerados no processo de Moldagem e Acabamento

em PRFV deu-se em várias etapas considerando, principalmente, o consumo mensal de

matéria-prima e outros materiais.

a) Aparas de PRFV

Para o cálculo da quantidade de aparas de PRFV (perda de matéria-prima) geradas

mensalmente pela unidade, primeiro foram levantados dados da produção mensal no período

estudado, tomando o cuidado de discriminar a quantidade de peças moldadas (QPM) e a

quantidade de peças acabadas (QPA) para cada um dos cinco modelos de peças em PRFV

fabricadas pela unidade: 4 diferentes tipos tetos e um único de entre–janela. Em seguida,

pesquisou-se a quantidade de matéria-prima necessária para moldar cada uma desses

cinco modelos de peças (QMPP). As matérias-primas consideradas foram: gel coat; resina;

talco e fibras de vidro (roving; massa de fibra moída; manta e tecido). Todos os dados (QPM,

QPA e QMPP) foram coletados junto aos arquivos do setor de Planejamento e Controle de

Produção e Materiais (PCPM). A quantidade de matéria-prima usada (MPU) no mês foi

obtida pela Equação 1 e contou como auxílio da planilha apropriada (Apêndice B). Para o

cálculo, a planilha apresenta, ainda, os valores da QMPP. A Equação foi aplicada,

separadamente, nas duas linhas de produção (tetos e entre-janelas) que compreendem o

processo de Moldagem e Acabamento em PRFV.

MPU = QPM x QMPP (1) Onde:

MPU (kg): quantidade de matéria-prima usada no mês; QPM (un): quantidade de peças moldadas no mês; QMPP (kg): quantidade de matéria-prima necessária para produzir uma única peça

Após a determinação da quantidade total de matéria-prima usada mensalmente, foram

feitas medições para determinar a quantidade de matéria-prima perdida na forma de

aparas de PRFV. No período de 05 de maio de 2009 a 05 de junho de 2009 foram entregues

aos responsáveis pela moldagem e acabamento dos tetos e das entre-janelas planilhas para a

quantificação (pesagem) das aparas de PRFV (livres de contaminação) geradas no processo.

Os Apêndices C e D apresentam os modelos das planilhas usadas pelos funcionários,

previamente orientados, para a coleta de dados nesta fase da pesquisa. A pesagem ocorreu em

dois pontos da Moldagem (laminação e desmoldagem) e um ponto do Acabamento:

• Ponto 1 (teto)- Laminação: todo o papelão usado para proteger as paredes da laminadora, o piso sob ela e a frente do molde do teto foi pesado antes do processo de laminação de cada peça (peso inicial). Após a laminação, fez-se uma nova pesagem (peso final). A diferença entre o peso inicial e o final, corresponde à quantidade de aparas geradas neste ponto da moldagem, a partir de um único teto. Após o término das medições calculou-se a quantidade média (kg) de aparas geradas na laminadora durante a produção de um único teto. Neste ponto, como a área que recebe as aparas de PRFV permanece constante, independente da peça que está sendo laminada, não houve necessidade de fazer a discriminação das aparas geradas por cada um dos quatro modelos de tetos; (Apêndice C)

• Ponto 2 (teto e entre-janela) – Desmoldagem: poucos minutos após o término da laminação as rebarbas presas às laterais maiores dos tetos e as rebarbas presas às laterais e vãos das entre - janelas foram removidas para que ocorresse a desmoldagem da peça. Após esta remoção, as aparas de cada peça foram pesadas, separadamente, para determinar a quantidade média (kg) de aparas geradas neste ponto por cada um dos cinco modelos de peças em PRFV produzidas pela unidade; (Apêndice D).

• Ponto 3 (teto) - Acabamento: após a desmoldagem, os tetos foram medidos e os

excedentes em suas laterais menores foram removidos e pesados para a determinação da quantidade média (kg) de aparas geradas, separadamente, por cada um dos quatro modelos de tetos produzidos pela unidade; (Apêndice D).

A somatória das aparas geradas nos pontos 1 e 2 correspondeu a quantidade de aparas

geradas na MOLDAGEM (aparas da moldagem – APM). O ponto 3, em si, corresponde à

quantidade média de aparas geradas no ACABAMENTO (aparas do acabamento – APA). O

Apêndice E apresenta o modelo de uma planilha específica para a coleta e registro de dados

deste procedimento.

A quantidade de aparas geradas mensalmente, na Moldagem e no Acabamento,

pela unidade foi obtida, primeiramente, com o auxílio das Equações 2 e 3 aplicadas a cada um

dos cinco modelos de peças produzidas mensalmente. O Apêndice F apresenta uma planilha

que auxiliou nos cálculos nesta etapa da pesquisa. Os números APM e APG foram

determinados, conforme Apêndice E, na etapa anterior. Para a determinação da quantidade

total de aparas geradas mensalmente no teto (QAGT) fez-se a somatória de todas as QAGM e

QAGA de todos os tetos no mês analisado.

QAGM = QPM x APM (2) QAGA = QPA x APA (3) Onde: QAGM (kg): quantidade de aparas geradas na moldagem; QPM (un): quantidade de peças moldadas; APM (kg): quantidade média de aparas geradas na moldagem de uma única peça; QAGA (kg): quantidade de aparas geradas no acabamento; QPA (un): quantidade de peças acabadas; APA (kg): quantidade média de aparas geradas no acabamento de uma única peça

b) Papelão, plástico e embalagens descartadas como resíduos

Os resíduos de embalagens vazias e de papelão e plástico contaminados no processo

foram calculados com base na matéria-prima requisitada do estoque (MPR), cujos dados

também foram levantados junto ao PCPM. Em seguida, calculou-se o peso (kg) aproximado

dos principais resíduos gerados no processo. Para tanto, as Equações 4 e 5 foram aplicadas na

quantificação dos seguintes materiais: resina; catalisador; gel coat; selador; limpador;

desmoldante líquido, massa de fio moído; solução de limpeza; massa plástica; cera

desmoldante e massa rápida. A planilha de cálculos presente no Apêndice G auxiliou no

processo de quantificação. A planilha de cálculos foi aplicada a cada um dos doze meses

analisados.

QR = MPR / PL (4) PR = QR x PE (5)

Onde: QR (un): quantidade de resíduos (latas, bombonas, tambores, baldes); MPR (kg ou L): quantidade de matéria-prima requisitada do estoque;

PL (kg ou L): peso líquido de cada embalagem; PR (kg): peso dos resíduos; PE (kg): peso das embalagens.

As quantidades de resíduos de papelão ondulado e plástico transparente foram

determinadas considerando-se somente o consumo mensal (MPR), uma vez que todo o

plástico e papelão consumidos são descartados como resíduos após o uso. As quantidades de

aparas presentes na planilha foram determinadas anteriormente conforme descrição no item

“a)” desta seção.

Assim sendo, conforme Apêndice G, a somatória da geração mensal (todos os PR)

dos resíduos de embalagem (total de sucata); das bombonas de solução devolvidas (solução

de limpeza); da bobina de polietileno; do papelão ondulado e do total de aparas de

PRFV, corresponde à produção total aproximada de resíduos sólidos (PTR - kg) gerados no

processo de Moldagem e Acabamento em PRFV no mês analisado.

3.3.3. Classificação dos resíduos do processo

Os principais resíduos gerados no processo produtivo foram classificados conforme a

NBR 10.004:2004 (ABNT, 2004) que divide os resíduos em dois grandes grupos: Resíduos

Classe I (resíduos perigosos) e Resíduos Classe II (resíduos não perigosos) que, por sua vez,

podem ser subdivididos em Resíduos Classe IIA (não inertes) e Resíduos Classe IIB (inertes).

3.3.4. Gerenciamento dos resíduos do processo

Quanto ao estudo do gerenciamento dos resíduos sólidos resultantes do processo de

Moldagem e Acabamento em PRFV, este se deu por meio de observações in loco, registros

fotográficos e consulta aos arquivos da empresa. Os aspectos analisados foram os seguintes:

segregação; acondicionamento; armazenagem temporária; coleta; transporte e sistema de

destinação final. Nesta etapa, foi possível identificar o tratamento que a unidade dá a seus

resíduos, ou seja, se adota alguma medida de redução, reutilização, coleta seletiva,

reciclagem, recuperação, tratamento e disposição final em locais apropriados. Também foi

possível identificar se as atuais medidas ambientais de gerenciamento adotadas estão de

acordo com as normas e legislações vigentes, bem como, se os resultados são positivos. A

coleta, registro e organização de dados foram feitos com o auxílio de uma planilha específica

(Apêndice H).

3.3.5. Ações para melhorias na gestão de resíduos sólidos

Ao término do presente diagnóstico, com base nos resultados obtidos e na revisão da

literatura, elaborou-se um elenco de ações para melhorias na gestão de resíduos que poderão

ser implantadas pela unidade se esta, em algum momento, optar por otimizar o seu atual

sistema de gerenciamento de resíduos sólidos.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A unidade de plásticos de Joinville da Empresa “ß” tem capacidade para produzir

cerca de 17.000 autopeças em ABS, PP e PRFV em 4.000 tipos diferentes por mês. A unidade

produziu, em média, no período estudado, 16.793 peças por mês, incluindo os sanitários, das

quais 97,8 % correspondem a peças em ABS e PP. No processo de Moldagem e Acabamento

em PRFV, a maior parte da produção (88%) corresponde à fabricação de tetos (Quadro 5).

Quadro 5 – Produção média mensal da unidade de plásticos de Joinville no período estudado.

PRODUTOS PRODUÇÃO MÉDIA MENSAL Autopeças em ABS e PP (diversas) 16.423 unidades Autopeças em PRFV (teto e entre-janelas) 316 tetos e 42 entre- janelas Sanitários 12 unidades TOTAL 16.793 peças/mês

Fonte: informações obtidas com a aplicação da pesquisa (dados de posse da pesquisadora).

Somente a título ilustrativo, fez-se uma abordagem da geração total de resíduos pela

unidade estudada. A Tabela 3 apresenta a quantidade de resíduos sólidos gerados na unidade e

destinados mensalmente à reutilização, reciclagem ou re-processamento, por meio da venda a

terceiros ou da devolução aos fornecedores. Esses resíduos incluem: bombonas; latas; baldes;

tambores; rebarbas (ABS e PP), dentre outros. A Tabela inclui, ainda, as quantidades mensais

dos resíduos dispostos em aterros: Classe I (sólidos contaminados) e Classe II (aparas,

papelão e plástico contaminados, “pó de plástico”6 e outros).

6 “Pó de plástico”: minúsculas rebarbas de plástico provenientes do rebarbamento automatizado de peças em

ABS ou PP feito por um robô de corte ou pelo rebarbamento manual com o uso de serrafitas ou discos de corte.

Tabela 3 - Quantidade (toneladas) de resíduos recicláveis ou reutilizáveis e de resíduos dispostos em aterros na CTRIJ pela unidade estudada.

PRODUÇÃO DE

PEÇAS EM RESÍDUOS

RECICÁVEIS E RESÍDUOS DISPOSTOS

EM ATERROS TOTAL DE

MÊS/ANO ABS, PP E PRFV

(un) REUTILIÁVEIS

(ton) CLASSE I

(ton) CLASSE II

(ton) RESÍDUOS

GERENCIADOS mai/08 19.656 67,79 2,71 24,15 94,65 jun/08 19.500 86,4 3,07 29,32 118,79 jul/08 23.759 86,51 6,99 32,02 125,52 ago/08 21.022 108,29 5,12 29,20 142,61 set/08 21.026 82,61 4,49 26,29 113,39 out/08 18.697 54,77 7,67 24,19 86,63 nov/08 16.807 79,55 4,01 15,77 99,33 dez/08 16.415 55,4 1,84 19,04 76,28 jan/09 14.874 68,1 2,82 8,45 79,37 fev/09 10.602 37,4 1,78 6,00 45,18 mar/09 8.532 47,73 - 29,00 76,73 abr/09 10.477 34,32 1,75 2,70 38,77

TOTAL DO PERÍODO

201.367 808,87 42,25 246,13 1.097,25

MÉDIA MENSAL

74% 26%

Fonte: Informações obtidas a partir da aplicação da pesquisa (dados de posse da pesquisadora).

Na unidade estudada, a destinação dos resíduos não segue nenhum tipo de cronograma

e se dá em função de seu acúmulo nas áreas de armazenagem, ou seja, a destinação ocorre

somente quando os resíduos atingem um volume considerável para a venda, devolução ou

disposição. Sendo assim, resíduos gerados em um mês podem seguir para seus destinos finais

um ou dois meses depois. Esta constatação explica situações como as ocorridas nos meses de

junho, agosto e novembro de 2008 e de janeiro e março de 2009 demonstrados na Tabela 3,

nos quais, a quantidade de resíduos gerenciados não é proporcional à quantidade de peças

produzidas. Nesses meses ocorreram um acúmulo de resíduos, ou seja, resíduos gerados em

um mês foram encaminhados para seus destinos finais nos meses seguintes,. Observa-se,

ainda, que a partir de outubro de 2008 houve uma queda na produção, o que resultou numa

menor geração de resíduos e, conseqüentemente, na necessidade de sua acumulação nas áreas

de armazenagem.

Embora ocorra essa acumulação, com base nos dados da produção mensal de

autopeças e da produção total de resíduos descritos na Tabela 3, constatou-se que existe uma

correlação forte entre a produção de peças em ABS, PP e PRFV e a quantidade total de

resíduos gerenciados mensalmente (r = 0,8473), o que demonstra que a quantidade de

resíduos gerados está intimamente ligada a quantidade de peças produzidas, além, ainda, de

demonstrar que a Empresa “ß” está buscando formas adequadas e viáveis para a destinação

dos resíduos gerados.

A unidade de plásticos de Joinville da Empresa “ß”, no período analisado, produziu

um total de 1.097,25 toneladas de resíduos sólidos. Conforme observado na Figura 7, durante

todo o período, a maior parte desses resíduos teve como destino final os processos de

reciclagem, reutilização ou re-processamento, cuja quantidade média mensal vendida ou

devolvida para estes fins foi de 74% (808,87 toneladas), seguida pela disposição em aterros de

resíduos Classe II (22%) e de resíduos Classe I (4%). Das 288,38 toneladas de resíduos

dispostos na CTRIJ, 85% (246,13 ton) corresponde a resíduos Classe II.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09

Período

Per

cent

ual

Resíduos reutilizáveis / recicláveis

Resíduos Classe II

Resíduos Classe I

Figura 7 – Distribuição percentual dos resíduos reutilizados ou reciclados e dos resíduos Classes I e II dispostos, mensalmente, na CTRIJ pela unidade estudada. Fonte: Informações obtidas a partir da pesquisa (dados de posse da pesquisadora).

Embora essa unidade recicle 74% de todos os resíduos sólidos que produz, este

número poderia ser maior, uma vez que a unidade ainda não promove a reciclagem de alguns

de seus resíduos mais representativos, caso das aparas de PRFV e do “pó” de plástico de ABS

e PP. Alia-se a isto, a mistura de resíduos (discutida mais adiante), que certamente acaba

comprometendo seu sistema de destinação final. A título de comparação, sublinha-se aqui,

que no Brasil outras empresas do ramo automobilístico já reciclam cerca de 97% dos resíduos

que geram (FORD, 2008; GM 2010; VW, 2010). Algumas dessas empresas atribuem esse

sucesso, principalmente, a programas de reciclagem, a trabalhos de conscientização junto aos

funcionários e a um eficiente Sistema de Gerenciamento de Resíduos.

Na Tabela 3 mostrada anteriormente, observa-se ainda que, do total de resíduos

dispostos em aterros, 15% (42,25 ton) corresponde a resíduos perigosos. Acredita-se que este

percentual possa ser reduzido com melhorias no atual sistema de gestão de resíduos da

unidade e com a adoção de metodologias de treinamento e conscientização dos funcionários,

uma vez que a maior parte dos resíduos Classe I se constitui de sólidos contaminados que

podem ser destinados à reciclagem. O fato é que a presença de resíduos recicláveis e de

resíduos Classe II na caçamba coletora de resíduos Classe I faz com que resíduos recicláveis e

não perigosos sejam dispostos, erroneamente, em células Classe I o que eleva não só o

percentual de resíduos perigosos dispostos em aterros pela unidade estudada, como também

os custos com o transporte e com a disposição desses resíduos.

4.1. O PROCESSO DE MOLDAGEM E ACABAMENTO EM PRFV

Conforme observado nas Figuras 8 e 9, na unidade estudada, a fabricação de peças em

PRFV usa moldes abertos. A laminação das entre-janelas ocorre de forma totalmente manual

e a aplicação das matérias-primas e os demais procedimentos se dão de forma simultânea

(Figura 8). Já no processo de laminação dos tetos (Figura 9), a unidade faz uso de uma

tecnologia própria, na qual uma pistola picadora foi adaptada a uma máquina (braço robô)

formando uma laminadora semi-automática, numa espécie de variação do spray-up. O

processo de laminação é similar ao apresentado por Matheus (2008).

Figura 8 – Laminação de uma entre-janela: aplicação da manta de fibra de vidro; do jato de resina e de catalisador; roleteamento. Fonte: Imagem obtida com a aplicação da pesquisa – março de 2010 (dados de posse da pesquisadora).

Figura 9 – Laminação de um teto com o uso de uma laminadora semi-automática. Fonte: Imagem obtida com a aplicação da pesquisa – março de 2009 (dados de posse da pesquisadora).

Jato de resina e catalisador

Roleteamento

Manta de fibra de vidro

Constatou-se que a produção de peças em PRFV é relativamente baixa (358

peças/mês), requer muita mão-de-obra e as peças produzidas são grandes (tetos - 10,5 m X 2,5

m; entre-janelas – 12,33 m). Segundo JACOB (2002), esses fatores são característicos da

moldagem aberta. Entretanto, o uso de uma laminadora semi-automática contribuiu de

maneira significativa para agilizar o processo de produção dos tetos.

Entretanto, embora a unidade fabrique os quatro modelos de ônibus usando apenas 8

moldes para os tetos e quatro moldes para as entre-janelas, a variação no comprimento das

peças moldadas pode chegar a centenas de tamanhos diferentes, conforme necessidade do

cliente, o que só é possível, segundo Jacob (2002), devido a liberdade de design

proporcionada pela moldagem aberta.

Embora o spray-up seja uma tecnologia mais barata que processos mais modernos

como o RTM light (Resin Transfer Molding), que usa moldes fechados, a moldagem aberta é

responsável por grandes impactos ambientais, principalmente, no que se refere ao consumo de

matéria-prima e à geração de resíduos.

O Quadro 6 apresenta um resumo do consumo médio mensal das matérias-primas

usadas no processo produtivo estudado.

Quadro 6 – Consumo médio mensal das matérias-primas usadas no processo de Moldagem e Acabamento em PRFV no período estudado.

MATERIAIS USADOS NO PROCESSO CONSUMO MENSAL MÉDIO

Resina para laminação (isoftálica e ortoftálica) 44.176,33 kg

Talco industrial 4.449,33 kg

Fibra de vidro (fio moído, fio roving, tecido e manta). 16.898,62 kg

Gel coat cinza e fundo poliéster alta cobertura 7.406,99 kg

Papelão ondulado e plástico polietileno transparente 3.257,05 kg

Catalisador MEKP 740,00 L Fonte: Informações obtidas com a aplicação da pesquisa (dados de posse da pesquisadora).

É possível observar que a unidade consome mais de 70 toneladas de matéria-prima

(resina, talco, fibra e gel) para laminar, em média, 358 peças por mês. Esse consumo elevado

tem relação com o tipo de processo produtivo adotado pela unidade. Na moldagem aberta o

consumo e perda de matéria-prima são intensos devido ao seu lançamento, pela pistola air

less, contra o piso e a laminadora, o que eleva aquisição de novos materiais. Além disso, outro

grande problema para a Empresa “ß” é que é exatamente na etapa da laminação que se

encontram as matérias-primas mais dispendiosas, tais como a resina e a fibra de vidro

(MILAN; GRAZZIOTIN, 2008).

O alto consumo de papelão e de plástico, observados no Quadro 6, também se deve à

moldagem aberta, uma vez que esses materiais são usados como anteparos para proteger o

piso, a laminadora, o molde, além de qualquer outra região setor sujeita à impregnação com

aparas do processo.

4.1.1. Principais fontes de geração de resíduos

Quanto as fontes de geração de resíduos, no Quadro 7 é possível observar as matérias-

primas ou o processo que contribuem para a produção de resíduos no processo de Moldagem

e Acabamento em PRFV na unidade estudada. Nota-se que alguns resíduos são descartados na

sua forma original (sobras de massas, ceras, retalhos de fibra), outros depois de processados

(aparas de PRFV) ou contaminados (papelão, plástico, toalhas, solução). Outra fonte de

resíduos está no descarte de embalagens vazias e contaminadas com produtos perigosos, tais

como, latas, baldes, bombonas e tambores.

Quadro 7 – Fontes geradoras de resíduos no processo de Moldagem e Acabamento em PRFV.

MATÉRIA-PRIMA E/OU PROCESSO GERADOR

DESCRIÇÃO DOS RESÍDUOS GERADOS

limpador, selador, desmoldante líquido e cera desmoldante

latas metálicas contaminadas; sobras catalisadas de cera desmoldante

toalhas industriais (limpeza de mãos e peças)

toalhas contaminadas com produtos químicos

bobinas de papelão ondulado e plástico transparente

plástico e papelão usados e limpos (reutilizados) ou impregnados com aparas de PRFV

solução de limpeza e catalisador solução usada; bombonas plásticas contaminadas

gel coat balde plástico limpo; saco plástico contaminado com gel

massa de fibra de vidro moída sobras "secas" de fibra moída; balde plástico contaminado

fibra de vidro (roving, tecido, manta) retalhos de fibra

resina pura ou com carga tambores metálicos contaminados

processo de laminação e rebarbamento aparas de PRFV

uso de roletes e pincéis roletes e pincéis contaminados

lixamento dos locais de corte água contendo “pó” de PRFV; “pó” seco de PRFV; lixas contaminadas

lixas diversas lixas contaminadas

massa rápida lata metálica, geralmente, com sobras de massa catalisada

mistura de massa plástica e catalisador em um pedaço de papelão

papelão impregnado com sobras de massa catalisada; balde plástico contaminado; sobras de massa catalisada.

Fonte: Informações obtidas com aplicação da pesquisa (dados de posse da pesquisadora).

Dentre as fontes de geração de resíduos diagnosticadas no processo analisado, destaca-

se à produção de aparas de PRFV7. A Figura 10 apresenta uma imagem dos resíduos do

processo, onde é possível observar o grande volume de rebarbas e de papelão e plástico

contaminados.

7 Aparas de PRFV ou aparas de fibra de vidro – correspondem ao material lançado pela pistola no piso, nas

paredes da laminadora semi-automática e na frente do molde (teto). Correspondem, ainda, aos excedentes de PRFV cortados nas laterais e vãos dos moldes (tetos e entre-janelas) antes da desmoldagem e durante o acabamento (rebarbamento do teto). Essas aparas podem estar puras, sem nenhum material preso a ela, ou ainda, contaminadas, ou seja, presas ao papelão e/ou plástico usados para proteger as regiões sujeitas á impregnação com aparas do processo.

Figura 10 - Resíduos do processo de Moldagem e Acabamento em PRFV (gerados em um mês de produção). Fonte: Imagem obtida com a aplicação da pesquisa - maio de 2009 (dados de posse da pesquisadora).

O papelão contaminado é proveniente de seu uso para proteger regiões sujeitas à

impregnação com aparas do processo (Figuras 11, 12 e 13). Quando possível, o papelão é

virado e reutilizado, mas em alguns locais, como o mostrado na Figura 13, o papelão é

trocado várias vezes durante uma jornada de trabalho.

Figura 11 – Uso de papelão ondulado no piso embaixo e em volta do molde. Fonte: Imagem obtida com a aplicação da pesquisa – fevereiro de 2009 (dados de posse da pesquisadora).

Figura 12 – Uso de papelão no piso sob a laminadora e em uma de suas paredes laterais. Obs.: Note-se que o papelão é usado nas duas laterais da máquina. Fonte: Imagem obtida com a aplicação da pesquisa – maio de 2009 (dados de posse da pesquisadora).

Figura 13 – Uso de papelão ondulado na moldagem das entre-janelas. Fonte: Imagem obtida com a aplicação da pesquisa – maio de 2009 (dados de posse da pesquisadora).

O plástico polietileno transparente, embora em processo de substituição, também

contribui para geração de resíduos (Figuras 14 e 15). Recentemente, março de 2009, a unidade

estudada começou a adotar medidas que visam à redução ou eliminação do uso desse material.

Figura 14 – Uso de plástico na proteção da parte final (não laminada) do molde: a) proteção com o uso de plástico polietileno transparente; b) o plástico foi substituído por um anteparo de PRFV. Fonte: Imagem obtida com a aplicação da pesquisa – março e abril de 2009 (dados de posse da pesquisadora).

Figura 15 – Uso de plástico na proteção de moldes que não estão em uso: a) uso de plástico polietileno transparente para proteger esses moldes; b) o plástico foi substituído por uma lona. Fonte: Imagem obtida com a aplicação da pesquisa – abril de 2009 (dados de posse da pesquisadora).

Na Figura 14(a) é possível observar que o plástico continua sendo usado para proteger

a parte final (não laminada) do molde durante a laminação, mas em alguns modelos seu uso já

foi substituído por um anteparo de PRFV produzido pela Empresa “ß” (Figura 14 b). O

mesmo pode ser observado na Figura 15(a), onde um plástico é usado para cobrir um molde

que não está em uso, embora alguns já estejam sendo cobertos por uma lona, também

confeccionada pela própria empresa (Figura 15 b). Além disso, sempre que possível, os

plásticos são reutilizados, sendo descartados somente depois de sua contaminação com aparas

do processo. Essas medidas podem contribuir de maneira significativa para a diminuição

desse tipo de resíduo.

Para uma melhor visualização da geração de resíduos, a Tabela 4 apresenta dados da

produção mensal de peças em PRFV na unidade estudada; da matéria-prima usada

mensalmente para produzi-las; da quantidade de aparas geradas a partir dessa produção, além

do percentual de perdas de matéria-prima na forma de aparas de PRFV 8.

Tabela 4 – Produção de peças em PRFV; matéria-prima usada para produzi-las, quantidade de aparas geradas e percentual de perda de matéria-prima na forma de aparas nas duas linhas de produção do processo de Moldagem e Acabamento em PRFV.

TETOS ENTRE-JANELAS

QPM MPU QAG PMP QPM MPU QAG PMP

MÊS/ANO (un) (ton) (ton) (%) (un) (ton) (ton) (%)

mai/08 382 75,32 7,05 9 29 0,80 0,24 30

jun/08 386 76,95 7,21 9 121 3,32 1,00 30

jul/08 494 99,80 8,95 9 82 2,25 0,68 30

ago/08 375 74,72 6,94 9 64 1,76 0,53 30

set/08 463 92,39 8,53 9 24 0,66 0,20 30

out/08 352 70,41 6,43 9 63 1,73 0,52 30

nov/08 259 52,50 4,82 9 34 0,93 0,28 30

dez/08 310 63,17 5,82 9 23 0,63 0,19 30

jan/09 281 56,72 5,21 9 13 0,36 0,11 30

fev/09 157 32,18 2,94 9 4 0,11 0,03 30

mar/09 149 30,55 2,71 9 31 0,85 0,26 30

abr/09 185 36,81 3,42 9 12 0,33 0,10 30 MÉDIA

MENSAL 316 63,46 6,05 9 42 1,14 0,34 30 QPM – quantidade de peças moldadas; MPU – matéria-prima usada na moldagem; QAG – quantidade de aparas e rebarbas geradas no processo (moldagem e acabamento); PMP – percentual de perda de matéria-prima na forma de aparas de PRFV.

8 Neste estudo considerou-se apenas os principais resíduos em termos de quantidade, uma vez que a geração dos

demais resíduos é tão pequena que não foi possível mensurá-los.

No período em que a pesquisa foi aplicada, a unidade produziu, em média, 316 tetos e

42 entre- janelas por mês. Em ambas as linhas de produção o consumo de matéria-prima e a

perda de material foi significativa (9% nos tetos e 30% nas entre-janelas).

Segundo Milan e Grazziotin (2008), na moldagem aberta a geração de resíduos é

elevada devido à formação de aparas laterais no molde e há perda significativa de material

devido ao seu lançamento contra o piso. Os referidos autores afirmam, ainda, que neste tipo

de moldagem, a perda de material na forma de aparas pode ser de 15% a 25%, dependendo da

geometria da peça. Sendo assim, na fabricação das entre-janelas, peças mais complexas,

repletas de vãos e laterais, a perda de matéria-prima (30%) é três vezes maior que na produção

dos tetos (9%), que é uma peça mais simples. A Figura 16 mostra, a título de comparação, os

moldes das entre-janelas e do teto, onde é possível notar a diferença de complexidade entre

eles.

Figura 16 - Moldes usados no processo de Moldagem e Acabamento em PRFV: a) entre - janela; b) teto. Fonte: imagem obtida com a aplicação da pesquisa (maio de 2009).

Embora a laminação dos tetos seja do tipo spray-up, o uso de uma laminadora semi-

automática, aliado ao fato do teto ser uma peça extremamente simples, explica o percentual de

perda de 9% inferior ao mínimo de 15% descrito por Milan e Grazziotin (2008).

A Tabela 5 apresenta dados da destinação e geração de resíduos sólidos no processo

estudado. Os números se referem à quantidade de sucata vendida (tambores, latas, baldes e

bombonas), de resíduos devolvidos aos fornecedores (bombona de solução de limpeza), de

plástico transparente e de papelão ondulado contaminados e de aparas de PRFV.

Tabela 5 – Produção de resíduos sólidos (ton) no processo de Moldagem e Acabamento em PRFV na unidade estudada.

RECICLAGEM / REUSO ATERRO CLASSE II TOTAL

MÊS/ANO Sucata Resíduos Plástico Papelão Aparas DE

vendida Retornáveis transparente ondulado de PRFV RESÍDUOS

mai/08 4,94 0,09 0,09 2,80 7,29 15,21

jun/08 5,40 0,12 0,11 3,26 8,21 17,09

jul/08 7,07 0,15 0,12 5,20 9,62 22,16

ago/08 5,69 0,15 0,09 4,36 7,47 17,75

set/08 6,16 0,16 0,17 4,96 8,73 20,17

out/08 5,10 0,11 0,11 4,05 6,95 16,32

nov/08 3,65 0,08 0,07 2,69 5,10 11,60

dez/08 4,05 0,08 0,08 2,29 6,01 12,51

jan/09 4,15 0,07 0,06 1,65 5,32 11,25

fev/09 1,94 0,04 0,04 1,06 2,97 6,05

mar/09 2,12 0,04 0,05 0,99 2,97 6,17

abr/09 2,48 0,05 0,05 1,01 3,51 7,10

TOTAL 52,76 1,13 1,05 34,32 74,14 163,39

MÉDIA MENSAL

33% 67%

Fonte: Informações obtidas com a aplicação da pesquisa (dados de posse da pesquisadora).

Nota-se que 67% dos resíduos do processo são destinados a um aterro Classe II na

Central de Tratamento de Resíduos Industriais de Joinville (CTRIJ). Do total de resíduos

Classe II depositados no aterro (109,50 ton) no período estudado 68% (74,14 ton.)

correspondem às aparas de PRFV.

O gráfico da Figura 17 apresenta a média percentual de geração de todos os resíduos

gerados no processo em todo o período estudado.

32,29%

0,69%

21,01%0,64%

45,37%

Sucata vendidaResíduos devolvidosPapelão onduladoPlástico transparenteAparas de PRFV

Figura 17 - Percentual médio de resíduos gerados no processo de Moldagem e Acabamento em PRFV em todo o período estudado. Fonte: Informações obtidas com a aplicação da pesquisa (dados de posse da pesquisadora).

Nota-se que as aparas correspondem a 45,37% desses resíduos, seguidas pela sucata

vendida (32,29%). Já os resíduos de papelão e plástico, juntos, correspondem a 21,65% de

todos os resíduos.

Sendo assim, pode-se afirmar que a principal fonte de geração de resíduos no processo

de Moldagem e Acabamento em PRFV diz respeito ao processo em si, no qual a geração de

aparas e de papelão e plástico contaminados se deve ao uso de moldes abertos, um processo

de laminação tradicional, de baixa tecnologia e considerado sujo em termos ambientais.

Ressalta-se que a fábrica não faz uso de nenhum tipo de tratamento ou qualquer outra

ambiental que reduza de maneira significativa a quantidade desses resíduos.

Considerando que a redução deve sempre ser priorizada, a Empresa “ß” deve,

primeiramente, considerar a possibilidade da adoção de tecnologias mais limpas e mais

modernas que gerem pequenas quantidades desses resíduos. A redução de resíduos na fonte

geradora consiste numa medida preventiva e pode se dar, dentre outras, por meio de

modificações no processo produtivo ou da adoção de novas tecnologias (TOCCHETTO,

2005).

A geração de resíduos na unidade estudada, em especial, as aparas de PRFV, implica

tanto em prejuízos ambientais, como econômicos. O fato de serem resíduos extremamente

volumosos aumenta os gastos da Empresa “ß” com o transporte e potencializa os prejuízos

ambientais relacionados a esse procedimento, dentre eles, a emissão de gases poluentes pelos

veículos transportadores.

A disposição desses resíduos em aterros, sem nenhum tipo de tratamento prévio que

ao menos reduza o seu volume, além de elevar os custos de disposição, contribui para acelerar

o fim da vida útil do aterro. Soma-se a isso, o fato das aparas não serem biodegradáveis por se

constituírem, basicamente, de fibras de vidro e resinas termofixas, cuja matéria-prima é um

recurso natural não-renovável (petróleo). No que se refere à reciclagem, outra medida

ambiental que poderia impedir que tais resíduos fossem enviados para aterros, a contaminação

do papelão e do plástico, por exemplo, resíduos comumente recicláveis, inviabiliza a

reciclagem desses materiais. Em se tratando das aparas, a unidade não adota nenhuma medida

de reciclagem, embora já exista tecnologia disponível para esse fim.

4.1.1.1. O desperdício de materiais

Outra fonte de geração de resíduos no processo de Moldagem e Acabamento em

PRFV, diz respeito ao mau uso (desperdício) de materiais por parte de alguns funcionários.

Recipientes, contendo solução de limpeza (acetona) ficam constantemente abertos, o

que contribui para perdas do produto por evaporação. Latas ou baldes de massas e ceras

também, freqüentemente, encontrados abertos, quando expostos ao ambiente externo, secam

rapidamente. Às vezes, essas sobras secas são recuperadas pelos funcionários, mas, quando

isso não é possível, a embalagem é descartada contendo restos desses produtos. A Figura 18

mostra alguns recipientes que ficam abertos, praticamente, durante toda a jornada de trabalho,

mesmo quando não estão sendo usados.

Figura 18 - Recipientes encontrados abertos durante, praticamente, toda a jornada de trabalho: a;b)solução de limpeza (acetona); c) massa plástica; d) cera desmoldante. Fonte: Imagens obtidas durante a aplicação da pesquisa - fevereiro e março de 2009 (dados de posse da pesquisadora).

Outra forma de desperdício refere-se ao uso excessivo de materiais (Figura 19).

Figura 19 - Desperdício de materiais decorrente de seu uso excessivo: a) massa plástica preparada em excesso; b) sobras de tecido de fibra de vidro. Fonte: Imagem obtida com a aplicação da pesquisa – abril de 2009 (dados de posse da pesquisadora)

Na Figura 19(a), a quantidade de massa plástica catalisada poderia ser menor se esta

não tivesse sido preparada em grande quantidade. Freqüentemente, são encontrados papelões,

como os da Figura, contendo quantidades consideráveis de massa catalisada nos coletores de

resíduos do setor. Na Figura 19(b), a sobra de tecido de fibra de vidro poderia ser menor se o

corte tivesse sido feito mais próximo ao molde.

A Figura 20 mostra matéria-prima (fio roving) descartada como resíduo e que foi

gerado a partir de falhas mecânicas ou humanas.

Figura 20 - Perda de fio roving por problemas mecânicos na laminadora ou por falhas humanas. Fonte: Imagem obtida com a aplicação da pesquisa – fevereiro e abril de 2009 (dados de posse da pesquisadora).

Foi diagnosticado que um erro de operação ou um erro mecânico na laminadora semi-

automática pode provocar uma geração excessiva de aparas. Em medições para determinar a

quantidade de aparas geradas na laminação, foi constatado que, para laminar um único teto a

pistola lança de 3 a 4 kg de aparas nas paredes da laminadora e no piso próximo onde esta se

encontra. Um problema mecânico na laminadora elevou para 8 kg a quantidade dessas aparas.

Falhas humanas na delimitação do comprimento dos tetos também podem resultar em

perdas significativas de material, embora, com menos freqüência. A rebarba mostrada na

Figura 21, por exemplo, em tamanho normal, deveria ser de 5 a 8 vezes menor.

Figura 21 - Rebarba “gigante” decorrente de um erro de delimitação no comprimento de um teto. Fonte: Imagem obtida com a aplicação da pesquisa – maio de 2009 (dados de posse da pesquisadora).

Constatou-se, ainda, que a disposição de embalagens contendo restos de produtos no

pátio de armazenagem temporária possibilita que bombonas sejam dispostas como resíduos

contendo restos de catalisador, esse, um produto perigoso que não deve ficar exposto e que

deveria ter sido usado até o final (Figura 22). Estas bombonas, com ou sem restos de

produtos, permanecem ali, ao ar livre, até o momento de serem vendidas para reciclagem.

Figura 22 - Bombonas de catalisador dispostas como resíduos ainda contendo restos do produto. Fonte: Imagens obtidas com a aplicação da pesquisa - março e junho de 2009 (dados de posse da pesquisadora).

As formas de desperdício relatadas contribuem para a geração de resíduos no processo

produtivo e são decorrentes do uso irracional de matéria-prima, de hábitos de trabalho

“enraizados” e da falta de Educação Ambiental. Segundo PINTO (2002), além do processo

em si, fatores como a falta de treinamento dos operadores, manuseio e utilização inadequada

de matérias-primas podem sim contribuir para a geração de resíduos.

O fato é que os funcionários da unidade estudada foram orientados a não desperdiçar

materiais considerando apenas os benefícios econômicos dessa prática, porém constatou-se

que na prática não se exercita a noção recebida. Seria importante que também tivessem

conhecimento dos inúmeros benefícios ambientais do uso racional de materiais. É importante

frisar que para uma empresa, reduzir desperdícios implica em amenizar não só os prejuízos

ambientais, mas também, diminuir os gastos que giram em torno desses resíduos, uma vez que

a empresa terá menos resíduos para gerenciar, ou seja, para acondicionar, armazenar,

transportar, tratar e destinar a locais apropriados (FARIAS, 2003).

Outro ponto a ser considerado é que evitar desperdícios implica também em retardar a

aquisição de novos materiais, cujo processo de produção, armazenagem e transporte envolve

outros impactos ambientais, dentre eles consumos de água e de energia e geração de efluentes

líquidos, sólidos e gasosos. Sendo assim, a empresa que evita desperdícios contribui para a

melhoria da qualidade ambiental, seja pela diminuição na geração de resíduos, seja pela

diminuição na aquisição de novos materiais.

4.1.1.2. As emissões sonoras e atmosféricas e suas principais implicações para a saúde do

trabalhador

Outra fonte de geração de resíduos no processo de Moldagem e Acabamento em

PRFV se refere às emissões sonoras e, principalmente, atmosféricas. Essas emissões, quando

acima dos limites de tolerância, podem representar sérios riscos a saúde dos trabalhadores.

A produção de ruídos na unidade estudada e a emissão de vapores, gases e poeiras é

constante, em diferentes intensidades e têm como fontes geradoras o uso de matérias-primas,

insumos, máquinas e equipamentos em geral. A Tabela 6 apresenta dados referentes a essas

emissões nas duas grandes etapas em que o processo se divide.

Tabela 6 - Avaliação quantitativa dos riscos físicos e químicos nas duas etapas do processo Moldagem e Acabamento em PRFV da unidade em estudo.

RISCOS MOLDAGEM ACABAMENTO LIMITES DE

TOLERÂNCIA

Ruído* 85,3 dB(A) 90,7 dB(A) 85 dB(A)

Acetona** 0,585 ppm 3,032 ppm 780 ppm

Álcool Etílico** 0,384 ppm - 780 ppm

Metil Etil Cetona** 0,436 ppm - 155 ppm

Estireno (preparação e laminação)** 104,721 ppm 29,378 78 ppm

Estireno (desmoldagem do teto)** 34,198 - 78 ppm

Poeira respirável - 4,51 mg/m3 3 mg/m3

Fonte: Laudo Técnico de Condições Ambientais no Trabalho elaborado - Ano base: 2008 * Tempo de exposição: 8:00 horas diárias – Exposição habitual e permanente, conforme NR 15; ** Jornada de trabalho de até 48 horas por semana, conforme NR 15.

Como pode ser observado tanto a moldagem quanto o acabamento representam

atividades prejudiciais aos funcionários segundo os riscos relacionados no anexo IV do

Decreto 3.048 de 06.05.1999 do INSS item 2.0.1 (ruído). Entretanto, a insalubridade em grau

médio devido à exposição habitual e permanente (8 horas diárias) acima de 85dB(A) - limite

de tolerância determinado no anexo 01 da NR 15 da Portaria 3.214 do Ministério do Trabalho

- é neutralizada com o uso de protetores auriculares (LTCAT, 2008). Note-se que todos os

funcionários, visitantes, fornecedores, além de qualquer pessoa que circule pela unidade

fabril, são obrigados a usar protetores auriculares.

Na moldagem, o nível de estireno na preparação e laminação do molde é 34% superior

ao limite tolerado (78 ppm), o que caracteriza esta atividade como prejudicial à saúde segundo

os riscos relacionados no anexo IV do decreto 3.048 de 06.05.1999 do INSS item 1.0.191

(estireno). O local onde ocorre a preparação e a laminação é pouco ventilado e não possui

exaustores, o que contribui para aumentar o nível de estireno em suspensão, embora, o

recomendável seja que produtos ou derivados que liberem estireno devam ser manuseados em

locais ventilados e/ou com exaustor que conservem os níveis de partículas em suspensão no ar

abaixo dos limites de tolerância (MAKENI, 2004).

Outro fator que contribui para elevar os índices de estireno é o tipo de processo

produtivo adotado pela unidade. A moldagem aberta do tipo Spray-up é considerado um

processo sujo não só pela grande quantidade de aparas geradas mas também pelas altas

emissões de estireno. Esses fatores têm feito com que produtores de materiais compósitos

exijam mais de seus fornecedores, levando fabricantes de equipamentos de spray-up a

desenvolver tecnologias mais limpas e mais versáteis (JACOB, 2002).

Todos os funcionários que atuam na moldagem (preparação e laminação) na unidade

estudada fazem uso de respiradores. Conforme o LTCAT (2008), a insalubridade em grau

médio devido à exposição ao estireno acima do limite de tolerância determinado no anexo n°

11 da NR 15 da Portaria 3.214 do Ministério do Trabalho também é neutralizada com a

utilização de EPIs (respiradores).

Entretanto, além da inalação, as vias de entrada do estireno no organismo humano,

incluem olhos e pele, podendo causar irritações. Nos olhos pode causar uma sensação de

queima, lágrimas, vermelhidão ou inchaço e a exposição prolongada pode causar náusea,

perda de apetite, depressão do Sistema Nervoso Central e debilidade geral. Esses danos

também podem ser evitados com o uso de EPIs - respiradores, luvas de borracha ou vinil,

óculos de proteção para produtos químicos, roupa de proteção para minimizar o contato com a

pele, mangas compridas, avental, botas e capacete de boa resistência (MAKENI, 2004). Com

exceção do capacete, os funcionários da unidade estudada se protegem da exposição ao

estireno fazendo uso de todos os demais EPIs citados.

No setor de acabamento, a emissão de poeiras (pó de fibra) também está acima do

limite tolerado. Uma inalação aguda desse pó pode causar irritações na pele (dermatites de

contato), nos olhos ou no aparelho respiratório. O pó de fibra é resultante do rebarbamento do

compósito PRFV. Entretanto, os riscos também podem ser neutralizados com o uso de EPIs

(máscaras contra poeira, calças e camisas de mangas compridas, luvas, gorro, avental, óculos

de segurança e protetor facial). Caso não haja inalação ou contato com pele e olhos não

haverá riscos à saúde. É importante ressaltar que o rebarbamento dos compósitos, na unidade

estudada, é feito em presença de água, o que, segundo a Maxi Rubber (2009), ameniza os

riscos relacionados à emissão dessas poeiras, uma vez que água evita a liberação de partículas

no ar.

4.1.1.3. Efluentes líquidos

Embora não fosse objetivo desta pesquisa fazer um estudo dos efluentes líquidos,

ressalta-se que o processo de Moldagem e Acabamento em PRFV na unidade estudada gera

dois tipos de efluentes líquidos: água contaminada com pó de fibra e solução de limpeza

usada.

A unidade não usa a água tratada fornecida pela Companhia de Saneamento Básico

Municipal. Toda a água usada no processo e nas instalações da fábrica é proveniente de um

poço artesiano próprio. O uso de água no processo de Moldagem e Acabamento em PRFV se

dá no momento do rebarbamento das peças laminadas, este é feito com o uso de uma lixadeira

operada à base de água. Esse procedimento resulta em um efluente contendo pó de fibra, que

é coletado em dutos presentes no chão e conduzido a um tanque de decantação. A unidade

dispõe de um serviço terceirizado que monitora a qualidade da água e aplica uma substância

que acelera a decantação do pó de fibra. O efluente final, após decantação, é lançado na rede

pluvial do município. Quando necessário, o pó decantado é recolhido e destinado ao aterro

Classe II da CTRIJ.

A solução de limpeza contaminada (thinner), depois de filtrada e reutilizada na própria

unidade, é recolhida em bombonas plásticas e vendida a terceiros para recuperação.

Atualmente, em 2010, a Empresa “ß” deu início a um processo próprio para recuperar toda a

solução de limpeza usada em suas unidades. O objetivo é que a solução recuperada possa ser

usada na higienização de peças e equipamentos.

4.2. CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS DO PROCESSO DE MOLDAGEM E

ACABAMENTO EM PRFV

Os principais resíduos gerados no processo foram classificados de acordo com a

ABNT NBR 10.004/2004. Conforme a referida Norma, os resíduos sólidos podem ser

agrupados em: Resíduos Classe I (resíduos perigosos) e Resíduos Classe II (resíduos não

perigosos), que por sua vez podem ser subdivididos em Resíduos Classe IIA (resíduos não

inertes) e Resíduos Classe IIB (resíduos inertes).

A classificação dos resíduos do processo está demonstrada no Quadro 8, no qual

observa-se que os resíduos Classe I gerados se constituem, basicamente, de sólidos

contaminados com produtos perigosos, cuja maior parte é destinada à reciclagem ou

reutilização. Resíduos perigosos são aqueles que apresentam periculosidade, ou seja, em

função de suas propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas podem causar danos à

saúde humana ou ao meio ambiente (ABNT, 2004). Já os resíduos Classe II, em sua maioria,

correspondem à aparas de PRFV, papelão e plástico contaminados, além de qualquer outro

sólido impregnado com gel, massas, cera, resina e tinta, desde que esses produtos estejam

catalisados.

Quadro 8 – Classificação dos principais resíduos sólidos gerados no processo de Moldagem e Acabamento em PRFV.

RESÍDUOS CLASSE I

RESÍDUOS CLASSE IIA

Saco plástico sujo de gel coat (não catalisado);

Sobras de resina, massas e gel (todos não

catalisados);

Roletes e pincéis sujos com solução

Tambores sujos de resina (não catalisada);

Solução de limpeza usada;

Bombonas sujas de cetona ou catalisador;

Latas sujas de cera, limpador, selador e

desmoldante líquido;

Toalhas industriais sujas;

Baldes sujos com fibra moída ou massa plástica

(ambas não catalisadas);

Lixas usadas;

Saco plástico sujo de tinta.

Aparas de PRFV;

Pó de PRFV;

Papelão e plástico impregnados com aparas;

Pedaços de papelão com massas catalisadas;

Madeira suja com resina catalisada;

Sobras secas/catalisadas de fio moído, gel

coat, cera, massa plástica, massa rápida;

Balde impregnado com massa de fibra moída

catalisada;

Lata com restos de massa rápida catalisada;

Espátulas impregnadas com massas

catalisadas;

Baldes de gel coat vazios e limpos.

RESÍDUOS CLASSE IIB: retalhos de fibra de vidro (manta, tecido e fio)

Fonte: Informações obtidas a partir da aplicação da pesquisa (dados de posse da pesquisadora).

Denota-se que resíduos plásticos e metálicos são comumente classificados como

resíduos não perigosos. Entretanto, alguns resíduos plásticos e metálicos (embalagens)

encontrados na unidade seguem para os seus destinos finais ainda contendo quantidades

residuais dos produtos que acondicionam. Nesse sentido, na unidade estudada, baldes,

tambores, latas, bombonas e qualquer outro resíduo contaminado com produtos perigosos não

catalisados foram classificados como Classe I com base na composição e propriedades dos

produtos perigosos que os contaminavam. A composição e propriedades desses produtos se

encontravam descritas em suas Fichas de Informações de Segurança de Produtos Químicos

(FISPQ). Segundo a ABNT NBR 10.004 (2004), se uma amostra representativa de um

resíduo obtida segundo a ABNT NBR 10.007 for, dentre outras propriedades relatadas na

Norma, constituída por restos de embalagens contaminadas com substâncias constantes nos

anexos D (substâncias agudamente tóxicas) ou E (substâncias tóxicas) esse resíduo é

caracterizado como tóxico e, portanto, perigoso. Dentre as características que conferem

periculosidade ao resíduo, a inflamabilidade, a corrosividade e a toxicidade são as mais

comuns nas FISPQ dos produtos usados no processo.

Diante das observações relatadas, é possível afirmar que o fato de um resíduo estar ou

não catalisado no momento de sua disposição, é um fator a ser considerado pela unidade e

pela Central que recebe tais resíduos antes que estes sejam encaminhados ao aterro. Além

disso, esse fator pode dificultar o processo de classificação e, conseqüentemente,

comprometer a segregação e destinação correta dos resíduos gerados no processo, uma vez

que os funcionários não receberam esse tipo de orientação.

Para se fazer a classificação dos resíduos gerados na unidade estudada, o

conhecimento do processo produtivo ou a da atividade que deu origem a esses resíduos, bem

como o conhecimento das características e constituintes desses resíduos ou dos produtos que

os contaminavam, foi de extrema importância. Sendo assim, no que se refere à classificação

de resíduos sólidos industriais, um conhecimento prévio e detalhado do processo industrial é

imprescindível para a classificação do resíduo, para a identificação das substâncias presentes

no mesmo e para a verificação da sua periculosidade (UNIVERSO AMBIENTAL, 2007). Se

os resíduos tiverem origem conhecida o gerador pode classificar seu resíduo com base no

conhecimento de sua composição e propriedades (TOCCHETTO, 2005).

4.3. O GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DO PROCESSO DE

MOLDAGEM E ACABAMENTO EM PRFV

A segregação, acondicionamento e armazenagem temporária de resíduos perigosos e

não perigosos se dão, basicamente, na área de armazenagem temporária localizada no pátio da

unidade estudada. Conforme relata Alberoni et al. (2002), a armazenagem temporária de

resíduos pode ser tanto em área da empresa quanto em área externa autorizada pelo órgão de

controle ambiental, desde que, em ambos os casos, atendam-se ao que dispõem as Normas

quanto as condições básicas de segurança.

O Quadro 9 apresenta um resumo da segregação, acondicionamento, armazenagem e

destinação final dos resíduos gerados no processo produtivo da unidade estudada.

Quadro 9 – Resumo da atual segregação, acondicionamento e armazenagem temporária dos resíduos gerados no processo de Moldagem e Acabamento em PRFV.

SEGREGAÇÃO

ACONDICIONAMENTO ARMAZENAGEM DESTINAÇÃO FINAL

Classe I uma caçamba (5m³) descoberta área de armazenagem D CTRIJ (aterro industrial)

Classe II

uma caçamba (5m³) e um caçambão (35m³), ambos descobertos área de armazenagem CTRIJ (aterro industrial)

latas metálicas e baldes plásticos

à granel (sobre aramado) área de armazenagem

vendidos a terceiros para reciclagem ou reutilização

tambores de resina à granel (diretamente sobre solo) área de armazenagem

vendidos a terceiros para reciclagem

Bombonas plásticas de catalisador

à granel (sobre pallet ) área de armazenagem

vendidas a terceiros para reciclagem

solução de limpeza usada (thinner)

bombonas plásticas (sobre pallet) área de armazenagem

vendida a terceiros para recuperação

recicláveis comuns caçambão (35m³) coberto área de armazenagem vendidos a terceiros para reciclagem

bombonas plásticas de solução de limpeza

à granel (pilhas sobre piso)

almoxarifado (em processo de mudança) 1

devolvidas ao fornecedor para reutilização

toalhas industriais caixas de papelão (sobre piso) almoxarifado

devolvidas ao fornecedor para higienização (reuso)

efluente líquido (rebarbamento)

tanque de decantação (enterrado)

próximo ao setor de PRFV rede pluvial do município

Fonte: Informações obtidas com a aplicação da pesquisa (dados de posse da pesquisadora).

¹ Atualmente (2010), a unidade armazena as bombonas vazias na mesma sala onde ficam as bombonas cheias. A sala é isolada e climatizada e o acesso a ela é restrito. Entretanto, no período analisado (abril de 2008 à abril de 2009) as bombonas vazias eram armazenadas no almoxarifado.

4.3.1. Segregação

Embora a unidade estudada pratique a coleta seletiva, ou seja, a separação de seus

resíduos com o intuito de encaminhá-los para processos como reciclagem, recuperação, reuso,

tratamentos, disposição em aterros, problemas como a mistura de resíduos incompatíveis e

outros foram diagnosticados durante a execução da pesquisa.

Quanto aos critérios de seleção adotados pela unidade, constatou-se que os resíduos

são separados, basicamente, em função do seu valor comercial, ou seja, se o material pode ser

vendido ou devolvido, ele é separado e armazenado até atingir um volume considerável para a

venda ou devolução. Esse fenômeno também foi constato por Guaresi (2004) na empresa

onde fez um diagnóstico ambiental semelhante ao realizado neste estudo.

No setor de PRFV, a unidade estudada não faz uso da coleta seletiva. Ao que tudo

indica, os funcionários não foram devidamente orientados e estimulados a praticá-la. Os

resíduos gerados no processo são, em sua maioria, extremamente volumosos, o que dificulta a

presença de coletores adequados no setor. Sendo assim, no momento em que são gerados

esses resíduos são colocados sobre pallets ou aramados e conduzidos à área de armazenagem

temporária. É lá que ocorre a sua seleção.

Em relação aos resíduos menos volumosos, dentre eles os recicláveis comuns, embora

recipientes diferenciados para a sua coleta possam ser encontrados em vários pontos da

unidade (Figura 23), eles não existem no setor onde o diagnóstico foi realizado. Segundo a

administração da Empresa, foram removidos por terem sido julgados desnecessários devido às

pequenas quantidades geradas desse tipo de resíduo nesse setor. Esses coletores precisam ser

reinstalados, uma vez que a prática da coleta seletiva contribui para a formação de

funcionários e cidadãos mais conscientes.

Figura 23 – Recipientes encontrados em alguns dos pontos da unidade e destinados à coleta seletiva de resíduos menos volumosos. Fonte: Imagem obtida com a aplicação da pesquisa – fevereiro de 2009 (dados de posse da pesquisadora).

Na Figura 24 vê-se duas caçambas coletoras de resíduos dispostas lado a lado, uma

destinada à coleta de resíduos Classe I e outra destinada à coleta de resíduos Classe II. Nota-

se que a falta de identificação (cores e placas) nos recipientes faz com que resíduos Classes I e

II sejam acondicionados juntos, impossibilitando a distinção entre os coletores.

Figura 24 – Caçambas coletoras de resíduos Classe I e Classe II na unidade estudada. Fonte: Imagem obtida com a aplicação da pesquisa – junho de 2009 (dados de posse da pesquisadora).

A Figura 25 apresenta detalhes de uma dessas caçambas, onde se observa a presença

de recicláveis livres de contaminação (baldes, caixas de papelão, plásticos) que deveriam ter

sido dispostos em locais ou coletores destinados a estes resíduos. Esse problema pode ser

amenizado com o uso das cores da coleta seletiva e de placas de identificação de resíduos

presas às caçambas. Além disso, é importante que os funcionários sejam, devidamente

estimulados e orientados à prática da segregação correta de resíduos.

Figura 25 - Resíduos recicláveis dispostos em caçambas destinadas ao aterro industrial. Fonte: Imagem obtida com a aplicação da pesquisa – junho de 2009 (dados de posse da pesquisadora).

A Figura 26 mostra o interior do contêiner de recicláveis comuns, onde é possível

observar a presença indevida de Equipamentos de Proteção Individual (uniformes usados).

Observa-se ainda que papel e plástico são armazenados juntos, num único contêiner. Seria

importante que a unidade promovesse a sua separação conforme determinado na Resolução

CONAMA 275/2001. Há pouco tempo, todos os uniformes descartados eram destinados à

CTRIJ. Em 2010 a Empresa começou a destiná-los, quando em bom estado, à recuperação e

higienização, possibilitando assim a reutilização de parte desses uniformes por seus

funcionários. Embora esta seja uma medida que demonstre que a Empresa “ß” tem buscado a

prática de condutas ambientais, a separação incorreta desses uniformes prejudica a sua

reutilização.

Figura 26 – Uniformes (EPI) dispostos na caçamba de recicláveis comuns (papel, papelão e plástico). Fonte: Imagem obtida com a aplicação da pesquisa – abril de 2009 (dados de posse da pesquisadora).

A mistura de resíduos incompatíveis diagnosticada na unidade estudada compromete o

sistema de destinação final e aumenta a quantidade de excedentes sólidos dispostos no aterro

industrial, principalmente, daqueles potencialmente recicláveis ou reutilizáveis, uma vez que é

freqüente a presença desse tipo de resíduo nos coletores que seguem para a CTRIJ.

A segregação correta de resíduos, já na instituição geradora, é fundamental para a

eficiência do gerenciamento de resíduos e tem como finalidade evitar a mistura de resíduos

incompatíveis, visando garantir a possibilidade de reutilização, reciclagem e a segurança no

manuseio, além de reduzir o volume de resíduos a serem tratados ou dispostos de forma

controlada (TOCCHETTO, 2005; MEDEIROS, 2002). Quando um resíduo reciclável ou

reutilizável não é destinado a esses fins, todos os benefícios ambientais em torno dessas

medidas são anulados e novos materiais, cujo processo de produção é mais impactante que o

processo de reciclagem, são requisitados e produzidos.

Quanto aos prejuízos econômicos, a disposição de recicláveis nos coletores que

seguem para os aterros contribui para aumentar a quantidade de resíduos Classes I e II a

serem dispostos, o que implica em maiores gastos com transporte e disposição final. Resíduos

que poderiam ser vendidos, o que representaria uma fonte de receita adicional para a unidade

estudada, acabam não tendo esse destino. “Reciclar os excedentes industriais é um ótimo

negócio e um mercado em expansão” (FIESP, 2003, p.23). O setor de reciclagem de resíduos

é o segundo maior segmento do mercado ambiental brasileiro, representando cerca de 35% do

mercado ambiental em seu conjunto. Durante o período de coleta de dados, constatou-se que

os gastos da unidade com a disposição de Resíduos Classes I e II na CTRIJ ficavam entre R$

200,00 e R$ 400,00 a tonelada, e a presença indevida de recicláveis nesses coletores, eleva os

custos mensais com essa disposição.

Outro problema relacionado à separação incorreta de resíduos se refere ao

acondicionamento de resíduos Classe I e Classe II. Segundo a ABNT (1990), uma caçamba de

resíduos Classe II que contenha resíduos Classe I misturados a ela, no momento de sua

disposição final poderá ser caracterizada como resíduo perigoso. Ou seja, quando não é

possível a identificação da presença de resíduos Classe I numa caçamba Classe II, resíduos

perigosos podem acabar sendo dispostos, erroneamente, em células Classe II sem nenhum

tratamento prévio que reduza o seu potencial contaminante. Quanto aos prejuízos econômicos,

a presença de resíduos não perigosos numa caçamba Classe I faz com que empresa pague para

dispor resíduos Classe II em células Classe I, cujo custo de disposição é duas vezes maior.

Além disso, a mistura de resíduos incompatíveis pode representar riscos, tais como: geração

de calor; fogo ou explosão; geração de gases tóxicos ou inflamáveis; solubilização de

substâncias tóxicas, dentre outros (MEDEIROS, 2002).

Os problemas de segregação diagnosticados na unidade fabril estudada se devem,

dentre outros, às falhas na orientação, estímulo e cobrança dos funcionários. Os funcionários

da unidade não são devidamente orientados, estimulados e cobrados. Informações de caráter

ambiental podem e devem ser repassadas a eles por meio de um Programa de Educação

Ambiental que envolva experimentações, ações pedagógicas, palestras, oficinas e outros, uma

vez que constatou-se que a unidade não desenvolve atividades de Educação Ambiental junto

aos funcionários. O conhecimento dos prejuízos e dos benefícios ambientais em torno da

coleta seletiva poderia sensibilizá-los à prática da separação correta de resíduos. Ressalta-se

que Programas de Educação Ambiental são parte integrante dos Planos de Gerenciamento de

Resíduos, dos SGA e outros.

Todos os funcionários da empresa devem ser conscientizados dos efeitos ambientais de suas atividades, produtos e serviços (...) Cursos sobre desenvolvimento sustentável e sobre mecanismos nos quais se baseiam devem ser oferecidos, encorajados, reconhecidos e registrados para todos os integrantes da empresa. A empresa deve aumentar a conscientização de seus funcionários por intermédio de informativos periódicos, concursos, gincanas, passeios ecológicos etc (VILHENA; POLITI, 2005, p. 13).

Outro fator que contribui de maneira significativa para a segregação correta de

resíduos, bem como para um PGR eficiente, diz respeito à adequação, identificação e

organização dos recipientes da coleta seletiva e/ou da área de acondicionamento e

armazenagem temporária. Constatou-se, nesta pesquisa, que é na área de armazenagem

temporária que ocorre a separação dos resíduos do processo. E, nessa área, a unidade não

adota, em nenhum local ou recipiente, as cores padronizadas pela Resolução CONAMA

275/2001 que estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos a ser adotado

na identificação de coletores, transportadores e nas campanhas informativas na iniciativa

privada, cooperativas, escolas, igrejas, organizações não-governamentais e em qualquer outra

instituição que adote a coleta seletiva (CONAMA, 2001).

Ainda no que se refere ao sistema de identificação de resíduos, constatou-se o

posicionamento incorreto das placas de identificação e de alguns coletores (Figura 27).

Figura 27 – Posicionamento dos coletores e placas destinados aos resíduos Classe I e Classe II: a) coletor Classe II lado a lado com o coletor Classe I e distante de sua área de segregação; b) coletor e área de segregação de resíduos Classe II. Fonte: Imagem obtida com a aplicação da pesquisa – abril de 2009 (dados de posse da pesquisadora).

A caçamba de resíduos Classe II que consta na Figura 27(a) está lado a lado da

caçamba de resíduos Classe I e a uma distância de 10 metros do local de segregação e

acondicionamento de resíduos Classe II mostrados na Figura 27(b). Na Figura 27(a) observa-

se uma placa indicativa de resíduos Classe I referindo-se, teoricamente, às duas caçambas.

Não há nenhuma placa presa a qualquer um dos coletores, embora o recomendável seja que o

resíduo, no local de armazenamento, deva estar devidamente identificado, constando em local

visível sua classificação (ABNT, 1990).

Além disso, nota-se, claramente, a ausência do código de cores estabelecido pelo

CONAMA. Os coletores apresentam uma cor única. A identificação dos resíduos contribui

para o sucesso da segregação e deve estar presente nas embalagens, contêineres, nos locais de

armazenamento e nos veículos de coleta (MEDEIROS, 2002). Problemas como os relatados

se repetem na identificação e segregação de outros grupos de resíduos.

O que também poderia favorecer a segregação é a designação de um ou mais

funcionários da unidade para cuidar das questões ambientais: educando, monitorando;

estimulando; orientando; fiscalizando e cobrando a prática das medidas ambientais adotadas

pela unidade. Constatou-se, na unidade estudada, que não há nenhum tipo de cobrança e

fiscalização referente à segregação de resíduos.

A separação correta de resíduos é um dos pontos chave para um PGR eficiente.

Entretanto, para que ela funcione corretamente há que haver fiscalização e comprometimento

de todos os envolvidos. Mas, mais que tudo, a conscientização deve ser a “pedra de toque” de

todo o quadro funcional, desde a diretoria até o “chão de fábrica”.

4.3.2. Acondicionamento e armazenagem temporária

O sistema de acondicionamento adotado na unidade inclui: caçambas; bombonas;

tanque; caixas de papelão e à granel. As caçambas são fornecidas pelas empresas responsáveis

pelo transporte ou pela compra desses resíduos. São recipientes resistentes, duráveis, portáteis

e adequados ao transporte. Quanto à armazenagem à granel, os resíduos armazenados, em

geral embalagens contaminadas com produtos perigosos, ficam dispostos sobre pallets,

aramados ou diretamente sobre o solo.

Conforme a ABNT, o acondicionamento de resíduos como forma temporária de espera

para reciclagem, recuperação, tratamento e/ou disposição final, pode ser realizado em

contêineres, tambores, tanques e/ou a granel, desde que sejam tomadas todas as providências

para que sejam minimizados os riscos de danos ambientais e para que não ocorra alteração na

sua classificação (ABNT, 1992 e 1990).

Em relação à área de armazenagem temporária de resíduos as Figuras 28 e 29

apresentam duas imagens dessa área que se encontra dividida em duas regiões: uma destinada

aos resíduos que seguem para os aterros da Central de Tratamento de Resíduos Industriais de

Joinville (parte inferior) e outra destinada aos resíduos vendidos ou devolvidos a terceiros

(parte superior).

Figura 28 – Região inferior da área de armazenagem temporária destinada aos resíduos que seguem para aterro industrial. Fonte: Imagem obtida com a aplicação da pesquisa – junho de 2009 (dados de posse da pesquisadora).

Figura 29 – Região superior da área de armazenagem temporária destinada aos resíduos vendidos a terceiros ou devolvidos a fornecedores. Fonte: Imagem obtida com a aplicação da pesquisa – junho de 2009 (dados de posse da pesquisadora).

Nota-se que a ausência de impermeabilização do solo, de cobertura e de sistema de

drenagem ou contenção de águas pluviais, líquidos percolados ou derramamentos acidentais

tornam esta área inadequada para a armazenagem temporária de resíduos. A única cobertura

trata-se de uma lona cobrindo a caçamba de recicláveis comuns. Todos os meios de

acondicionamento ficam dispostos nesta área problemática, embora a Associação Brasileira

de Normas Técnicas recomende que:

os contêineres e/ou tambores devem ser armazenados preferencialmente, em áreas cobertas, bem ventiladas, e os recipientes colocados sobre base de concreto ou outro material que impeça a lixiviação e percolação de substâncias para o solo e águas subterrâneas. (...) O armazenamento de resíduos sólidos perigosos, à granel, deve ser feito em construções fechadas e devidamente impermeabilizadas. É aceitável o armazenamento em montes sobre o solo, em grandes quantidades, desde que devidamente autorizado pelo órgão ambiental. (...) O armazenamento de resíduos em montes pode ser feito dentro de edificações ou fora delas, com cobertura adequada, para controlar a possível dispersão pelo vento, e sobre uma base devidamente impermeabilizada (ABNT, 1992, p.2)

Outro problema referente ao acondicionamento e armazenagem de resíduos

diagnosticado na unidade refere-se às embalagens contaminadas contendo restos de produtos

perigosos (Figura 30) que, por vezes, podem ser encontradas semi ou totalmente abertas.

Figura 30 – Disposição de embalagens de produtos perigosos na área de armazenagem temporária representando riscos de contaminação do solo. a) bombona aberta de catalisador; b) bombona de catalisador contendo restos do produto; c) balde com thinner (semi-aberto); d) tambores de resina em contato direto com o solo; e-f) baldes abertos contendo restos de adesivo do ABS. Fonte: Imagem obtida com a aplicação da pesquisa – março e abril de 2009 (dados de posse da pesquisadora).

Como exemplo, cita-se o thinner. Conforme determinado pela unidade fabril, este

deve ser acondicionado em bombonas plásticas com tampas. Entretanto, conforme mostrado

na Figura 30(c), há funcionários que o armazenam em baldes e os dispõem quase ou

totalmente abertos no pátio. A ocorrência de chuvas constantes ou de acidentes pode resultar

no derramamento desses líquidos e numa conseqüente contaminação do solo. O mesmo se

repete com outros resíduos Classe I.

Os sistemas de isolamento, sinalização e segurança também são deficientes. Qualquer

pessoa que esteja dentro da fábrica tem livre acesso aos resíduos, não há nenhum tipo de

isolamento. Resíduos perigosos ficam armazenados próximo à cerca que delimita a área da

empresa (Figura 29 mostrada anteriormente), o que pode facilitar a visibilidade e o acesso de

pessoas estranhas à unidade fabril. O local de armazenamento deve possuir “um sistema de

isolamento que impeça o acesso de pessoas estranhas; sinalização de segurança que

identifique a instalação para os riscos de acesso ao local e áreas definidas” e a “identificação

dos resíduos ali armazenados” (ABNT, 1992. p.3; ABNT, 1990, p.2).

A Figura 31 mostra o sistema de sinalização e identificação de resíduos na área de

armazenagem temporária. A maioria das placas é de identificação. A única sinalização de

segurança encontrada diz respeito ao thinner.

Figura 31 – Placas indicativas de resíduos encontradas na área de armazenagem temporária. Fonte: Imagem obtida com a aplicação da pesquisa – abril e junho de 2009 (dados de posse da pesquisadora).

As placas são pequenas, confusas e não estão presas ao solo, para definir áreas de

armazenagem, e nem aos recipientes coletores, o que facilita quedas e deslocamentos. A única

placa fixa é uma de papelão que se encontra presa ao contêiner de recicláveis comuns. Os

recipientes e áreas de segregação devem ser devidamente rotulados, constando em local

visível a sua classificação, de modo a possibilitar uma rápida identificação dos resíduos

armazenados (ABNT, 1990).

Observa-se, ainda, que as placas de identificação de resíduos Classe I e Classe II não

trazem, respectivamente, as necessárias descrições: resíduos perigosos e resíduos não

perigosos, o que poderia facilitar a sua interpretação e, conseqüentemente, a separação correta

desses resíduos, uma vez que os funcionários já estão familiarizados com os rótulos de

segurança presentes em alguns produtos. É importante que essas placas sejam de fácil leitura e

entendimento e que estejam, preferencialmente, presas aos recipientes para não gerar dúvidas

no momento da segregação.

Ainda referente à identificação, conforme relatado anteriormente, no setor de PRFV e

na área de acondicionamento e armazenagem temporária a unidade não adota o código de

cores da coleta seletiva estabelecido pelo CONAMA. É importante que Empresa “ß” passe

também a adotar o referido código nestes locais. A presença, no “chão de fábrica” e em

outros setores da unidade, de coletores nas cores da coleta seletiva e a ausência deste código

na área de armazenagem temporária não se justifica, podendo gerar confusão no momento da

separação dos resíduos pelos funcionários. Ao se implantar um programa de coleta seletiva,

este deve ser estendido a todo o estabelecimento. Além disso, a Empresa “ß” deve promover

atividades de Educação Ambiental que englobem a coleta em si e o seu sistema de

identificação, sempre orientando e tirando as dúvidas de seus funcionários.

Constatou-se, ainda, que também são deficientes os sistemas de controle de operação e

monitoramento dessa área. Não existe nenhum funcionário devidamente qualificado e

treinado e que seja responsável por sua operação e manutenção. Existe um único funcionário

que cuida da área de segregação e armazenagem, porém sem dedicação exclusiva e sem

nenhum tipo de treinamento. As NBR’s 12.235 e 11.174/90 determinam que a capacitação do

operador de uma área de segregação, acondicionamento e armazenagem é primordial e os

responsáveis devem fornecer treinamento adequado a esse operador (ABNT, 1990; ABNT,

1992).

Os problemas relatados referentes ao acondicionamento e à área de armazenagem

temporária de resíduos podem comprometer o sistema de destinação final de resíduos adotado

pela unidade, podendo implicar em prejuízos ambientais e econômicos e, ainda, em riscos

para a saúde do trabalhador. A falta de um PGR, de um Programa de Educação Ambiental

e/ou de um SGA tem relação com todos os problemas diagnosticados.

A unidade precisa buscar meios de incorporar com mais eficiência as questões

ambientais em suas rotinas de trabalho. As empresas precisam adotar atividades que abordem,

de forma mais efetiva, os problemas ambientais decorrentes da sua atuação ou, ainda, que

impeçam que eles ocorram no futuro (BARBIERI, 2007). A empresa ambientalmente correta

melhora a sua imagem no mercado, atinge novos consumidores, garante o atendimento às

regulamentações e não fica suscetível a eventuais processos de Responsabilidade Civil

(FARIAS, 2003).

4.3.3. Coleta e transporte

O transporte interno dos resíduos é feito com o uso de empilhadeiras ou pelos próprios

funcionários. Já a coleta e transporte externos são terceirizados, feitos por empresas

especializadas em transporte de resíduos industriais.

Durante o período de coleta de dados não foi diagnosticado nenhuma irregularidade no

que se refere ao transporte de resíduos. É sabido que o “transporte por meio terrestre de

resíduos perigosos deve obedecer ao Decreto nº 96044, à Resolução nº 420 da ANTT e às

ABNT NBR 7500, ABNT NBR 7501, ABNT NBR 7503 e ABNT NBR 9735” (ABNT, 2007,

p.2). Conforme constado e relatado pelos representantes das empresas transportadoras, ambas

atendem a todas as normas técnicas aplicáveis e às exigências legais, contam com mão-de-

obra especializada e com equipamentos específicos para armazenamento e transporte de

resíduos, além de uma frota de veículos adequada.

Entretanto, seria importante se a unidade fabril fiscalizasse tais serviços, uma vez que

a responsabilidade administrativa, civil e penal nos casos de acidentes ocorridos durante o

transporte de resíduos sólidos recairá tanto sobre a empresa terceirizada contratada para o

serviço quanto sobre o estabelecimento gerador do resíduo, no caso, a unidade estudada

(SANTA CATARINA, 2005).

4.3.4. Tratamento e sistema de destinação final

O sistema de tratamento e destinação final adotado pela unidade no processo de

Moldagem e Acabamento em PRFV inclui:

• Venda a terceiros para reciclagem (latas, tambores, baldes, bombonas);

• Devolução aos fornecedores para reutilização (bombonas de acetona, toalhas industriais);

• Disposição em aterros na CTRIJ (resíduos Classes I e II);

• Despejo de efluente líquido (água) tratado (decantação) na rede pluvial do

município;

• Recuperação da solução de limpeza usada.

Resíduos como, baldes, tambores, bombonas e latas, sempre que possível, são

reutilizados no próprio setor de PRFV, em outros setores da unidade ou em outras unidades da

Empresa “ß”. O plástico transparente e o papelão ondulado são reutilizados no processo, o

descarte final só é feito quando sua reutilização já não é mais possível.

Conforme observado, o sistema de destinação final adotado pela Empresa “ß” está, em

parte, em conformidade com o recomendável, uma vez que, embora o presente diagnóstico

tenha levantado alguns problemas, a unidade tem buscado dar uma destinação

ambientalmente correta aos resíduos que gera, priorizando a reutilização, reciclagem,

recuperação, tratamento e/ou disposição em aterros industriais.

4.4. APRESENTAÇÃO DE ÇÕES PARA MELHORIAS NA GESTÃO DE RESÍDUOS

No decorrer da aplicação desta pesquisa encontraram-se várias questões passíveis de

solução. De forma que, após o término do estudo (diagnóstico), foi possível apontar

determinadas medidas que, se implementadas pela unidade fabril estudada, poderão otimizar o

seu atual sistema de gestão de resíduos sólidos. Algumas medidas recomendadas são simples

e baratas, outras, mais complexas e com custos mais elevados, mas todas levando a um

objetivo único: a minimização da quantidade de resíduos destinados mensalmente a aterros.

De uma maneira geral, a prevenção ou a correção dos problemas diagnosticados na

unidade estudada poderia ocorrer, principalmente, por meio da implantação de um Plano de

Gerenciamento de Resíduos (PGR). Embora a unidade faça uso de algumas medidas

ambientais, ela não dispõe, oficialmente, de um PGR. E, conforme diagnosticado, os sistemas

de redução na fonte, segregação, acondicionamento, armazenagem, procedimentos que

integram os PGR, apresentam diversos problemas. Além disso, a unidade não adota alguns

outros procedimentos que, conforme Medeiros (2002) integram os PGR.

Sendo assim, recomenda-se que a Empresa “ß” dê continuidade a este estudo no

sentido de elaborar e implantar um PGR na unidade estudada, voltado não somente para o

processo produtivo de Moldagem e Acabamento em PRFV, mas para a unidade como um

todo.

Segundo Alberoni et al. (2002), a implantação de um PGR deve ser precedida de um

inventário de resíduos industriais, o que foi executado, na unidade estudada, por meio desta

pesquisa. De acordo com o referido autor, esse inventário consiste num instrumento no qual

as empresas identificam dados e informações técnicas sobre as quantidades de resíduos

gerados, a caracterização e os sistemas de destinação que adotam.

É importante frisar que o PGR a ser elaborado e implantado deverá apresentar ações

de redução na fonte e de melhorias nos sistemas de: segregação; acondicionamento;

armazenagem e destinação final já adotados pela unidade, além de, implantar, com eficiência,

os procedimentos faltantes, dentre eles um Programa de Educação Ambiental.

Ao dispor de um PGR correto, completo e eficiente, a unidade não só estará

contribuindo para a melhoria da qualidade ambiental, como também estará atendendo as

determinações da Política Estadual de Resíduos Sólidos de Santa Catarina, que obriga o setor

industrial do Estado a elaborar um PGR: “Art. 19. Os responsáveis pela geração de resíduos

sólidos ficam obrigados a elaborar o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PGRS,

de acordo com o estabelecido no art. 20 desta Lei” (SANTA CATARINA, 2005, p.5).

Como, em geral, os planos de gestão de resíduos têm como objetivo principal a

redução, a seguir tem-se uma explanação sobre as principais ações de redução, baseadas nos

resultados deste diagnóstico, que poderão estar presentes em um PGR a ser elaborado e

implantado pela unidade estudada, e não só, mas também, poderão ser aplicadas em outras

empresas do gênero. Essas ações incluem: a redução de resíduos na fonte geradora por meio

de mudanças no processo produtivo; a reciclagem de aparas do processo; a organização do

sistema de acondicionamento e armazenagem temporária e atividades de Educação

Ambiental.

Dentre as recomendações de melhorias que se seguem, a que representa menos custos

para a Empresa “ß”, porém não menos eficiente, é a Educação Ambiental. Diante disto, deu-

se, neste estudo, uma atenção especial a esta medida.

4.4.1. Redução na fonte geradora

Programas ambientais como a Política dos 3 R’s, os PGR, a P + L, dentre outros, de

uma maneira geral, priorizam a redução de resíduos na fonte geradora. Ou seja, melhor que

reciclar ou reutilizar é não gerar resíduos. No caso da Empresa “ß”, a principal fonte de

geração de resíduos é o processo produtivo em si, a moldagem aberta, um processo

tradicional, de baixa tecnologia e considerado sujo, em termos ambientais.

Dessa forma, a solução com resultados mais efetivos para a unidade estudada consiste

na migração para um processo produtivo mais limpo e moderno, como o sugerido por Milan e

Grazziotin (2008). Tocchetto (2005) reforça esta recomendação ao relatar que a redução de

resíduos na fonte geradora consiste numa medida preventiva que pode se dar, dentre outros,

por meio de mudanças no uso de matérias-primas e insumos, de modificações no processo

produtivo ou da adoção de novas tecnologias.

Milan e Grazziotin (2008), ao realizarem a implantação da Produção mais Limpa em

uma empresa do setor PRFV concluíram que a moldagem do tipo aberta era a responsável

pela grande geração de resíduos. Diante disto, propuseram para a empresa a troca para um

processo que usasse moldes fechados. O processo proposto foi o RTM light. Os referidos

autores constataram que a perda de material na forma de aparas, que antes era de 19,5% ao

mês, após a mudança no processo produtivo sofreu uma queda de 80%, passando a ser de

apenas 4%.

O uso de tecnologias limpas na laminação de compósitos de PRFV tem se revelado de

extrema importância para o setor automobilístico, uma vez que existem montadoras fora do

Brasil que não permitem mais a compra de peças de moldes abertos. O Brasil precisa investir

em soluções de reciclagem e usar processos com menores perdas, tais como RTM, SMC,

infusão, pultrusão, etc (LIMA, 2006).

4.4.2. Reciclagem de aparas de PRFV

Uma segunda opção para reduzir a quantidade de resíduos destinados mensalmente ao

aterro seria promover a reciclagem das aparas de PRFV. Como formas de reciclagem dos

rejeitos de PRFV tem-se estudado o emprego da reciclagem química, energética e mecânica.

Na reciclagem mecânica (moagem), as aparas do processo são reduzidas a pequenas

partículas, cujo tamanho depende da aplicação a que se destina (PINTO, 2002). Há estudos

como os descritos por PINTO (2002), ZATERA et al, (2000) e BUYS (2007) envolvendo a

incorporação dessas partículas na produção de cerâmica vermelha (telhas e tijolos) e em

cimento.

A região Sul do Brasil é considerada um pólo do setor plástico, atrás apenas do Estado

de São Paulo. Somente o Rio Grande do Sul detém 11% do total de empresas do setor plástico

do país e é seguido de perto pelos Estados de Santa Catarina e Paraná, ambos com 8%

(ABIPLAST, 2008). No que se refere à produção de compósitos, 65% dos transformadores

em PRFV se concentram em São Paulo, mas outros pólos de produção encontram-se em

Caxias do Sul-RS e Joinville-SC (FERRO, 2001). Diante disto, é de se esperar que Santa

Catarina e Estados vizinhos gerem uma grande quantidade de aparas que, em sua maioria, é

disposta em aterros.

Conforme relata Pinto (2002), após o domínio de técnicas de reciclagem de aparas de

PRFV envolvendo a sua incorporação em cerâmicas, cimento, asfalto e outras, podem ser

criados centros de moagem, como uma medida alternativa, os quais teriam como tutores, as

empresas da região circunvizinha. Os produtos da moagem poderiam ser destinados a olarias,

cimenteiras, etc. Uma avaliação sobre os dados de 2005 disponíveis no banco de dados

SIDRA (IBGE) revelou que a região Sul concentra 30,2% das empresas produtoras de

cerâmicas, atrás, apenas, da região Sudeste (41,7%).

No caso da argila vermelha, conforme estudo de maio/2000, Santa Catarina se

encontra entre os principais Estados produtores - 5ª posição (SEBRAE, 2008). Já em relação à

indústria cimenteira, conforme dados do mapa de localização das fábricas de cimento no

Brasil, a Região Sul apresenta sete fábricas e somente uma delas em Santa Catarina (SINC,

2010). Sendo assim, uma cooperação entre a indústria de compósitos de Santa Catarina, o que

inclui a unidade estudada, e a indústria de cerâmica, a princípio, parece ser uma alternativa

das mais viáveis. Cooperativas como esta e outros tipos de associações, poderiam, inclusive,

promover novos estudos envolvendo a reciclagem de aparas de PRFV.

Entretanto, a medida de reciclagem mais visada pela unidade fabril é reutilizar seus

resíduos de PRFV em seus próprios processos produtivos, o que implicaria diretamente não só

na minimização de resíduos a serem dispostos, como também numa redução na aquisição de

novas matérias-primas. Estudos como os de Pinto (2002), Risson et al., (1998), e Araújo et al

(2002) relatam a experiência da incorporação de partículas de PRFV, provenientes da

moagem de aparas de processo, em matriz de poliéster. A incorporação de pó de PRFV em

resina poliéster já é usada com sucesso pela indústria de compósito polimérico (PINTO,

2002). Diante disto, uma parceria entre a Empresa “ß” e uma Universidade local pode

possibilitar o desenvolvimento de estudos sobre a reciclagem mecânica das aparas de fibra de

vidro, envolvendo, especialmente, a sua incorporação em resina poliéster para o

desenvolvimento de peças automotivas.

É importante lembrar que os resíduos não precisam, necessariamente, voltar ao

processo produtivo que lhes deu origem. Ou seja, os resíduos gerados em processos

produtivos de peças estruturais, que exigem maiores propriedades mecânicas, se não

demonstrarem o mesmo desempenho após a reciclagem, podem ser usados em peças

decorativas ou acessórios que não precisem de tanta resistência. A Empresa “ß” dispõe de

varias linhas de produção envolvendo a fabricação de compósitos em PRFV o que permitiria

tal adequação, especialmente, na unidade de plásticos de Rio Negrinho, SC.

Corroborando essa recomendação, em 2010, a Associação Brasileira de Materiais

Compósitos – ABMACO deu início ao seu Programa Nacional de Reciclagem. Trata-se de

uma associação entre 22 empresas investidoras e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do

Estado de São Paulo – IPT (LIMA, 2010). O IPT classificará as partículas que formam os

resíduos de compósitos para, então, indicar a melhor forma de reutilizá-los no próprio

processo produtivo. Embora a unidade fabril estudada não participe diretamente desse

consórcio, ela certamente se beneficiará com os seus resultados, já que uma outra empresa

pertencente ao grupo da Empresa “ß”, integra o montante de empresas investidoras do

programa.

Os esforços da unidade estudada em promover a reciclagem de suas aparas incluem

ainda um estudo que envolve o uso de parte das aparas de fibra de vidro na fabricação de

tijolos de PRFV a serem utilizados nas dependências da fábrica. Entretanto, o projeto, no

período de realização desta pesquisa, encontrava-se em fase inicial.

4.4.3. Acondicionamento e armazenagem temporária

A inadequação da área de acondicionamento e armazenagem temporária, além de

representar riscos para o meio ambiente e para a saúde do trabalhador, compromete a

segregação e, conseqüentemente, o sistema de destinação final adotado pela unidade. Os

funcionários, no momento de separar e acondicionar os resíduos nesta área se vêem confusos

diante da sua desorganização e acabam por separar os resíduos de maneira incorreta. Dessa

forma, melhorias na organização da área de armazenagem temporária podem contribuir para

diminuir a quantidade de resíduos disposta em aterros.

Conforme diagnosticado, a área não apresenta: impermeabilização do solo; cobertura;

sistema de drenagem ou contenção de águas pluviais, líquidos percolados ou derramamentos

acidentais; sistemas de controle e monitoramento e sistemas de sinalização de segurança e de

isolamento. Além, ainda, de falhas no sistema de identificação de resíduos. Sendo assim,

recomenda-se que unidade tome as devidas providências no sentido de fazer com que esta

área atenda o estabelecido nas legislações aplicáveis e nas normas ABNT NBR 12.235 e

11.174 que tratam, respectivamente, do armazenamento de resíduos perigosos e de resíduos

não perigosos.

A Figura 32 mostra o depósito de resíduos de uma indústria de tintas e solventes. Este

depósito foi construído após um diagnóstico que revelou problemas semelhantes aos

encontrados na unidade estudada por esta pesquisa. Na Figura, observa-se a presença de

impermeabilização, de cobertura e de um sistema de identificação de resíduos com o uso das

cores da coleta seletiva, conforme determinado pelo CONAMA (2001), além de placas de

identificação.

Figura 32 – Depósito de resíduos sólidos de uma indústria de tintas e solventes. Fonte: Guaresi (2004, p. 71)

Neste sentido, recomenda-se que unidade estudada adote o código de cores para a

coleta seletiva na área de armazenagem temporária conforme recomendado no Quadro 10. As

cores foram estabelecidas conforme a Resolução CONAMA 275 de 25 de abril de 2001.

Quadro 10 – Código de cores para a coleta seletiva dos resíduos gerados na unidade estudada (Resolução CONAMA 275 de 25 de abril de 2001)

DESCRIÇÃO DOS RESÍDUOS ACONDICIONAMENTO COR

Resíduos Classe I**** Caçamba estacionária (5 m³)* Laranja

Resíduos Classe II Caçambões (até 35 m³)* Cinza

Latas e baldes metálicos**** À granel** Amarelo

Baldes e bombonas plásticas**** À granel** Vermelho

Papel, papelão não contaminado Caçambas ou à granel* Azul

Plástico não contaminado Caçambas ou à granel* Vermelho

Tambores**** À granel** Amarelo

Thinner e borras **** Bombonas à granel *** Laranja

Orgânicos (cozinha e banheiros) Caçambas* Marrom

Pallets (madeira) À granel** Preta * Podem continuar sendo acondicionados em caçambas, desde que, as cores sejam respeitadas e a área onde as caçambas ficarem também atenda ao que as NBRs recomendam, ** Esses resíduos podem ser armazenados como mostrado na Figura 31,feita as devidas adaptações; ***As bombonas que armazenam produtos perigosos devem ser identificadas e etiquetadas conforme as normas e possuir uma sinalização de segurança. As bombonas contendo esses resíduos podem ser armazenadas à granel (cor laranja), devem ser resistentes e estar sempre tampadas, melhor, lacradas. **** Como se tratam de resíduos perigosos, a sinalização de segurança também deve estar presente.

O sistema de cores e acondicionamento sugerido neste estudo pode passar por

adaptações conforme as necessidades da unidade, principalmente no que se refere à

adequação ao meio de transporte, ao volume de resíduos produzidos e à destinação final

desses resíduos, desde que sejam mantidas, de alguma forma, as cores da coleta seletiva, a

sinalização de segurança e identificação, bem como, todas os procedimentos de segurança

determinados nas NBR’s 12235 e 11174 da ABNT. As melhorias na área de armazenagem

(impermeabilização, cobertura, contenção, isolamento, identificação, etc.) também podem ser

feitas de acordo com as necessidades das unidades.

Ressalta-se que todos os setores da fábrica devem receber os recipientes adequados e

devidamente identificados, conforme recomendado pelo CONAMA 275/2001, para a coleta

seletiva de resíduos, mantendo sempre sua padronização.

4.4.4. Educação Ambiental

Embora a Educação Ambiental esteja mais fortemente presente nas instituições de

ensino, esta vem se desenvolvendo de forma abrangente em outras instituições da sociedade,

dentre elas, as organizações empresariais. A Lei da Educação Ambiental determina, em seu

artigo 3º, inciso V, que as empresas, as entidades de classe e as instituições públicas e

privadas devem “promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à

melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões

do processo produtivo no meio ambiente” (BRASIL, 1999, p.1).

Não se tem conhecimento de muitos estudos envolvendo a Educação Ambiental no

setor empresarial. Isto se deve, em parte, à resistência do próprio setor em inseri-la nas rotinas

de trabalho, embora esta seja uma exigência legal e a contribuição positiva da Educação

Ambiental para a indústria já tenha sido comprovada por meio de estudos.

Vieira (2004), ao estudar a eficiência do treinamento ambiental numa indústria de

fundição de Minas Gerais concluiu que houve uma melhoria da qualidade ambiental da

empresa “ocasionada pela mudança de comportamento dos pesquisados que se deveu ao

aumento do seu nível de conscientização ambiental” (VIEIRA, 2004, p.8).

Barreto et al. (2008), ao executarem uma pesquisa sobre a análise da contribuição da

Educação Ambiental num processo de gestão ambiental constataram que a maioria dos

entrevistados (27,8%) mencionou o “Desenvolvimento de Atividades Educativas” como a

principal ação da empresa para a resolução de seus impactos negativos sobre o meio

ambiente. E, 90,71% dos entrevistados relataram que o Programa de Educação Ambiental

contribuiu para mudar suas atitudes e ampliar seus conhecimentos relativos ao meio ambiente.

Outro exemplo de bons resultados da inserção da Educação Ambiental nas empresas

são os obtidos por uma indústria automobilística do Estado do Paraná. De acordo com

Coutinho et al. (2009, p. 13-14), após a implantação do método de capacitação e

conscientização ambiental, denominado de Dojo Ambiental9, houve um decréscimo dos

índices de não conformidades ambientais. No primeiro semestre de 2006, antes da aplicação

do método, foram registradas pela Empresa 52 não conformidades Resíduos e 74 não

conformidades Produtos Químicos. No segundo semestre de 2006, após a capacitação, os

números caíram para 31 não conformidades Resíduos e 41 não conformidades Produtos

Químicos. No primeiro semestre de 2007, um ano após o início do treinamento, as não

conformidades foram as seguintes: 10 para Resíduos e 16 para Produtos Químicos.

9 Dojo Ambiental: a palavra Dojo origina do japonês e significa o local onde treinam artes marciais. O Dojo

Ambiental refere-se a um método de treinamento criado em 2006 e aplicado até os dias de hoje na indústria automobilística em questão (COUTINHO et al., 2009).

4.4.4.1. Atividades de Educação Ambiental para o ambiente fabril

Existem diversas atividades de Educação Ambiental que podem ser executadas em

ambientes fabris. Dentre elas, citam-se palestras, treinamentos, oficinas, dinâmicas de grupo,

gincanas entre outras. Barreto et al. (2008) constataram que os empregados de uma indústria

petroquímica consideram como principais impactos das atividades desenvolvidas pelo

Programa de Educação Ambiental da empresa, “o conhecimento e a conscientização,

especialmente por meio das palestras, dos treinamentos, da coleta seletiva” (BARRETO et al.,

2008, p. 16).

Todos os funcionários da empresa devem ser conscientizados dos efeitos ambientais de suas atitudes, atividades, produtos e serviços (...). Cursos sobre desenvolvimento sustentável e sobre mecanismos nos quais se baseiam devem ser oferecidos, encorajados, reconhecidos e registrados para todos os integrantes da empresa. A empresa deve aumentar a conscientização de seus funcionários por meio de informativos periódicos, concursos, gincanas, passeios ecológicos etc (VILHENA; POLITI, 2005, p.13).

A periodicidade dessas atividades deve ser determinada de acordo com a necessidade

e com a disponibilidade dos funcionários. Para não prejudicar a rotina de trabalho dentro da

fábrica, é importante que a freqüência, as datas, a duração, o local, tudo seja previamente

definido junto aos responsáveis pela empresa. Entretanto, ressalta-se que as atividades de

Educação Ambiental devem ocorrer mais de uma vez por ano e, no mínimo, com um total de

8 horas de duração. Atividades uma vez por ano e durante poucas horas não oportunizam aos

participantes o aprofundamento e assimilação das questões ambientais, uma vez que para

obter resultados “a educação ambiental deve se realizar continuamente de modo a caracterizar

uma aprendizagem permanente, afirmando valores e ações que contribuem para a

transformação humana e social e para a preservação ecológica” (BARRETO et al., 2008,

p.16).

No que se refere à unidade de plásticos de Joinville da Empresa “ß”, esta pesquisa

pôde comprovar que a falta de sensibilização ambiental dos funcionários contribui, não só

para a geração de resíduos, como também para a sua destinação incorreta. No item 4.1.1 –

“Principais fontes de geração de resíduos” foram descritos vários exemplos de desperdício de

materiais, uma fonte de geração de resíduos que pode ser combatida por meio da Educação

Ambiental. Outro problema diagnosticado na unidade, cuja solução está, em parte, na

Educação Ambiental, refere-se à segregação incorreta de resíduos.

Nesse sentido, esta pesquisa busca sugerir, de forma simples, algumas atividades de

Educação Ambiental que podem ser implantadas pela unidade estudada, uma vez que durante

a execução da pesquisa, diretores, coordenadores e funcionários do “chão de fábrica”

demonstraram interesse em inserir a Educação Ambiental nas rotinas diárias de trabalho da

unidade.

As atividades propostas aqui devem ser ministradas por pessoas devidamente

qualificadas. Algumas podem ser ministradas por funcionários da Empresa “ß”, desde que

esses atuem diretamente com as questões ambientais e tenham recebido um preparo e

treinamento adequado.

a) Palestras, oficinas, dinâmicas, grupos de discussões

Embora as atividades devam ser específicas para os problemas ambientais da unidade

estudada, ressalta-se que a inserção de outros temas, tais como: Desenvolvimento Sustentável,

Consumo e Desperdício de Água e Energia; Gerenciamento de Resíduos; Tecnologias

Limpas; Poluição; Cidadania e tantos outros ampliariam a visão dos empregados, podendo ter

reflexos positivos no seu comportamento dentro e fora da empresa (BARRETO et al., 2008).

Esses temas adicionais podem ser tratados, juntamente com os temas de interesse da

unidade, por meio de palestras, dinâmicas, grupos de discussões, e outros. Para tanto,

recomenda-se que estas atividades sejam bimestrais, com duração máxima de 1 hora e trinta

minutos, podendo se estender por duas horas, perfazendo um total de 9 a 12 horas de

atividades ao ano. Quanto ao local, tem-se a sala de treinamento da Empresa “ß”, com

capacidade para 40 pessoas. Como as palestras podem ser de temas diversos, não exclusivos

do processo de Moldagem e Acabamento em PRFV, estas podem ser estendidas a todos os

funcionários a fábrica.

Se a empresa dispuser de um grande número de funcionários, recomenda-se que sejam

feitas várias palestras sobre um único tema, se possível, em todos os turnos de trabalho,

quando houver mais de um, de forma que assim seja atingido o maior número possível de

pessoas. Adaptações poderão ser feitas sempre que houver alterações em seu quadro funcional

ou nos turnos de trabalho. É importante que o período de capacitação em sala não exceda 5

dias úteis seguidos. Quanto aos palestrantes, estes devem ser convidados de outras

instituições, em especial, daquelas que atuem na área ambiental.

Embora tenha sido usado o termo “palestra”, esta etapa da Educação Ambiental pode

incluir, ainda, cases de sucesso, oficinas, dinâmicas, grupos de discussões e outros, à escolha

do palestrante.

b) Capacitação Dojo Ambiental

Considerando os bons resultados alcançados pela capacitação Dojo Ambiental

apresentada por Coutinho et al. (2009), como uma decorrência da pesquisa aplicada propõe-se

uma adaptação deste método de capacitação a ser desenvolvido na unidade estudada. Embora

os temas tratados no Dojo aqui proposto sejam apenas os diagnosticados no processo de

Moldagem e Acabamento em PRFV, outros problemas ambientais da unidade podem fazer

parte dessa capacitação, ou seja, o Dojo poderá ser estendido a outros setores ou processos

produtivos da Empresa “ß”, desde que feitas as devidas adaptações.

A atitude da empresa em promover um treinamento neste conceito faz com que sejam constantemente desenvolvidas ações que privilegiam o desenvolvimento sustentável, além de caracterizar-se como empresa ambientalmente responsável. Também faz com que os colaboradores sejam sensibilizados a propiciar o respeito consciente das regras do sistema de gestão ambiental (COUTINHO et al., 2009, p.15).

A Figura 33 apresenta uma imagem do painel usado no Dojo Ambiental. É importante

que o painel seja móvel (com rodas), permitindo que o Dojo aconteça em qualquer lugar da

fábrica, inclusive, onde os problemas ocorrem de fato. Assim, haverá uma melhor

visualização e uma melhor assimilação por parte dos funcionários sob capacitação.

Figura 32 – Painel do Dojo Ambiental. Fonte: Coutinho et al. (2009, p. 7)

As turmas de capacitação devem ser homogêneas quanto ao grau de escolaridade e

área de atuação dentro da empresa, além de ter, no máximo 20 pessoas (BARRETO et al.

2008). Assim, todos poderão participar das dinâmicas. Sempre que houver mudanças no

quadro funcional, deverá ser feita uma adaptação no número e no tamanho das turmas sob

capacitação, além no número de formadores e no período de duração. É importante que o

Dojo não se estenda por muitos dias.

A duração total do Dojo aqui sugerido é de 3 horas, sendo 2 horas e 40 minutos para a

capacitação no “chão de fábrica” e mais 20 minutos para a realização de um teste. O tempo

de duração é proporcional à quantidade de temas abordados, sendo 1 hora e 20 minutos para

cada tema. É importante que o número de temas tratados no painel não exceda três partes,

conforme mostrado na Figura 32, pois do contrário aumentaria o tempo de duração, tornando-

o cansativo o que, por conseguinte, poderia comprometer o aprendizado. A capacitação pode

ser oferecida semestralmente. Com essa periodicidade, os resultados alcançados foram

bastante significativos onde o método foi desenvolvido. Mas, esta freqüência de aplicação da

capacitação pode ser definida pela unidade de acordo com a necessidade e disponibilidade da

empresa, desde que não seja inferior a duas vezes ao ano.

Quanto ao formador, este, preferencialmente, deve ser um funcionário da empresa

devidamente preparado, treinado e qualificado para desenvolver a atividade. É importante que

o formador tenha conhecimento sobre meio ambiente e que atue diretamente com as questões

ambientais da unidade fabril. A necessidade de ser um funcionário se justifica pelo seu livre

acesso às dependências e documentação.

Para a unidade estudada, mais especificamente, para o processo de Moldagem e

Acabamento em PRFV, sugere-se que o painel aborde os dois grandes problemas

diagnosticados nesta pesquisa e que são decorrentes da ausência de Educação Ambiental:

Consumo e desperdício de Materiais e Coleta seletiva.

A seguir tem-se uma explicação de como a capacitação deverá acontecer:

Parte 1 – Consumo e Desperdício de Materiais

Na primeira parte do Dojo deve-se tratar de assuntos como: o consumismo

desenfreado; o descarte precoce, desnecessário e excessivo de materiais; a prioridade da

redução e reutilização e a preferência por materiais que possam ser reutilizados ou reciclados.

Os assuntos podem estar ilustrados no painel por meio de imagens, estatísticas, gráficos e

outros. O painel deve apresentar ainda registros fotográficos do desperdício de materiais

dentro da unidade estudada.

Em seguida, dá-se início à dinâmica. O formador deve entregar, aos participantes,

previamente organizados em três grupos, imãs magnéticos com descrições de ações práticas

de como se evitar ou corrigir os desperdícios registrados nas fotografias presentes no painel.

Os grupos decidirão a qual foto cada imã se refere, fixando-o junto à imagem correspondente.

O formador, se necessário, fará as devidas correções, enquanto fala do desperdício como fonte

de poluição, suas origens, seus impactos negativos para o meio ambiente e para a empresa,

além dos benefícios ambientais do uso racional de materiais, sempre exemplificando as

formas de desperdício diagnosticadas na unidade. Menciona, ainda, a importância da redução

de resíduos na fonte geradora e do quanto isto contribui para a redução final de resíduos.

Em um segundo momento, os participantes podem ser induzidos pelo formador a

indicar outras formas de desperdício que presenciaram na unidade, sendo éticos e preservando

os nomes dos colegas. Nesse momento, o formador também deve estimular os participantes a

indicarem medidas preventivas ou corretivas relacionadas aos desperdícios apontados por

eles.

O formador deve, ainda, falar das imagens de embalagens dispostas na área de

armazenagem temporária de resíduos, desde que contenham restos de produtos e/ou estejam

completamente destampados. Enquanto explica os riscos desse erro grave para o meio

ambiente, uma vez que esses são produtos perigosos, o formador também poderá estar falando

sobre: a possibilidade de acidentes com líquidos perigosos; a importância ambiental de se usar

o produto até o fim; o livre acesso de outros funcionários a esses resíduos.

Outro assunto a ser mencionado durante a dinâmica diz respeito a necessidade de se

reutilizar, sempre que possível, materiais (papelão, plástico, baldes e outros); dos cuidados no

manuseio dos materiais para evitar perdas; da necessidade de se manterem tampados produtos

sujeitos à evaporação ou catalisação quando expostos ao ambiente externo, e outros.

Para finalizar a capacitação, o grupo será convidado a se dirigir à área de

armazenagem temporária de resíduos na tentativa de identificar alguma forma de desperdício.

Esta primeira parte da capacitação tem como objetivo conscientizar e sensibilizar os

funcionários em relação ao uso racional de materiais. Espera-se que os participantes adquiram

conhecimento e sensibilidade suficientes para, assim, poderem repensar e mudar suas atitudes

quanto ao consumo e ao descarte precoce, excessivo e desnecessário de materiais. Dessa

forma, poderão contribuir para que os desperdícios registrados na unidade decresçam a cada

encontro que tenham. Assim, espera-se que os participantes entendam que reduzir a

quantidade de resíduos é um compromisso importante e permanente, e que diminuir o

desperdício depende de cada um deles (FARIAS, 2003).

Parte 2 – Coleta Seletiva

O painel, nesta segunda parte da capacitação, deve conter pequenas amostras dos

principais resíduos gerados no processo e suas origens, e ainda, pequenas lixeiras, nas cores e

identificação adotadas pela unidade fabril, preferencialmente, as recomendadas pela

Resolução CONAMA 275/2001. Daí, a importância da implantação das melhorias na

segregação, acondicionamento e armazenagem temporária recomendadas nesta pesquisa. Uma

foto da área de segregação, acondicionamento e armazenagem temporária, onde seja possível

visualizar todos os recipientes e/ou locais de acondicionamento e armazenagem, também deve

estar presente e facilitará a compreensão de todos.

A capacitação se inicia com a apresentação dos conceitos de coleta seletiva e do

sistema de gestão de resíduos adotado pela unidade. A ilustração desses assuntos pode ser

feita com o uso de imagens, fotografias, estatísticas, gráficos, e outros.

As dinâmicas a serem aplicadas nessas atividades podem ser as descritas por Coutinho

et al. (2009). Primeiramente, apresentam-se os principais resíduos gerados no processo e suas

quantidades médias mensais e respectivas destinações finais. Essa apresentação é feita por

meio de uma atividade em grupo, onde os participantes tentam adivinhar quais as quantidades

e destinos finais para cada resíduo. Em seguida, os participantes se reúnem em três grupos.

São distribuídos aos participantes ímas magnéticos apresentando os principais processos de destinação e, cada grupo decide (...) para qual processo de tratamento cada resíduo é enviado. Após a decisão, é colado junto à amostra do resíduo o íma magnético relativo ao processo de destinação final do resíduo. Por fim, o treinador corrige as decisões da equipe e explica as particularidades de cada processo de destinação final, bem como associa os volumes a quantidade de produtos fabricados pela empresa. (...) Outro conceito básico apresentado nesta etapa do treinamento é a necessidade de separação dos resíduos na fonte de geração (...) Como exemplo, cita-se os resíduos recicláveis gerados em setores administrativos que, se contaminados por resíduos orgânicos, se tornam inviáveis para a reciclagem. Nesta etapa é explicada a lógica da coleta seletiva (...). Após a explicação é realizada outra dinâmica na qual são distribuídas amostras de diversos resíduos para que os mesmos realizem, durante o treinamento, a coleta seletiva. (...) Para concluir esta etapa do treinamento é realizada uma visita rápida ao local de trabalho da equipe em treinamento (...) é solicitada a presença do coordenador e/ou líder da equipe para verificação da qualidade da coleta seletiva no chão de fábrica. (...) Essa visita é muito produtiva e estimula nos funcionários a filosofia da melhoria contínua (COUTINHO et al., 2009, p. 7-8)

Esse momento da capacitação tem dois grandes objetivos: estimular e sensibilizar os

funcionários a promoverem a separação correta dos resíduos e esclarecer as principais dúvidas

sobre a separação de resíduos e cores da coleta seletiva, uma vez que muitos dos erros na

segregação ocorrem devido à falta de orientação de alguns funcionários. Por exemplo: como

deve ser disposto um papelão, geralmente reciclável, quando este estiver contaminado com

óleo ou com qualquer outro produto químico? Ou, ainda, produtos perigosos, como resinas,

tintas ou gel, devem ter uma destinação diferente se estiverem catalisados?

Espera-se que com esta capacitação, os participantes possam adquirir conhecimento e

sensibilidade para compreenderem que, o que para eles representa um resíduo, para outros,

pode ser matéria-prima, e os benefícios ambientais em torno disso são inúmeros. A partir

dessa capacitação, espera-se que os funcionários passem a separar corretamente os resíduos

que geram e, assim, garantirem que estes tenham o destino ambiental adotado pela unidade.

Que os funcionários contribuam com a coleta seletiva, não só por ser uma norma da empresa,

mas, uma questão de cidadania.

Após o término da segunda parte do Dojo Ambiental, os funcionários passam por uma

auto-avaliação. Para tanto, cada participante receberá um questionário com três questões

fechadas referentes ao Consumo e Desperdício de Materiais e cinco questões, também

fechadas, referentes à Coleta Seletiva. Os resultados ajudarão a identificar os pontos fracos da

capacitação e, por conseguinte, melhorá-la a cada aplicação.

Recomenda-se que, durante o ano, seja feita uma pequena auditoria referente aos

temas tratados no Dojo. Para tanto, os formadores devem, uma ou duas vezes no mês,

escolher, aleatoriamente, um dia da semana para fiscalizar o setor e os coletores de resíduos

da unidade, tanto os presentes no “chão de fábrica” quanto os presentes na área de

armazenagem temporária. E, assim, buscar detectar algum desperdício, por exemplo, um

papelão que poderia ter sido reutilizado, ou o descarte de grandes quantidades de fibras de

vidro, embalagens contendo restos de produtos ainda em condições de uso, e outros. E, da

mesma maneira, detectar alguma inconformidade relacionada à separação de resíduos, por

exemplo, um resíduo reciclável disposto numa caçamba que segue para o aterro, ou, um

resíduo Classe II disposto na caçamba de resíduos Classe I, etc.

Para realizar a auditoria o formador do Dojo deve ter em mãos um checklist que

deverá acompanhá-lo a cada auditoria. Terminada a verificação, o formador do Dojo faz a

contagem das não conformidades e elabora dois gráficos: um para o Consumo/Desperdício e

outro para a Coleta Seletiva. Esses gráficos podem e devem ser usados durante a capacitação.

No momento da auditoria, novas fotos poderão ser feitas para a atualização do painel.

c) Outras atividades

A unidade poderá, ainda, fazer uso de outras ações, como: recolhimento de óleo de

cozinha entre os funcionários e sua posterior destinação à instituições locais que promovam a

sua reciclagem; a promoção de Semanas do Meio Ambiente e da Água; passeios ecológicos;

gincanas e o que mais julgar necessário.

A elaboração e fixação de um painel informativo que conste os resultados obtidos

com a Educação Ambiental, dente eles, os gráficos feitos a partir do checklist, além de

qualquer outra informação de caráter ambiental também deve ser considerada pela unidade.

Devido justamente ao fato da unidade estudada não dispor de nenhuma atividade de

Educação Ambiental é que se recomenda que todas as ações aqui propostas sejam inseridas,

paulatinamente, para que os funcionários não se sintam pressionados diante de tanta

informação.

Considerando que a Educação Ambiental deve ser um processo contínuo de

aprendizagem, é importante que a Empresa “ß” desenvolva e mantenha, regularmente, as

ações de Educação Ambiental apresentadas para que os resultados sejam efetivamente

alcançados.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O setor industrial vem sendo, cada vez mais, pressionado a tornar seus processos

produtivos menos agressivos, o que pode implicar na adoção ou migração para tecnologias

mais limpas e modernas. O atual processo produtivo adotado pela Empresa “ß” (moldagem

aberta) é a principal fonte de geração de resíduos sólidos. Trata-se de um processo tradicional,

fácil de se iniciar, que requer pouco investimento e pouco conhecimento técnico, o que o

torna o processo de laminação mais usado mundialmente na fabricação de compósitos de

PRFV. Fatores como esses, muitas vezes, são decisivos na escolha e implantação de processos

produtivos nas indústrias.

Como pôde ser comprovado, a moldagem aberta é responsável, na unidade estudada,

por grandes perdas de matéria-prima. Perdas essas que implicam tanto em prejuízos

ambientais quanto econômicos. Situações assim levam o governo, o mercado e a sociedade a

exigirem que providências sejam tomadas. Empresas que almejam melhorar sua imagem,

atingir novos mercados e atender às normas e legislações vigentes têm incorporado a questão

ambiental de forma mais efetiva, fazendo, muitas vezes, o uso de Sistemas de Gestão

Ambiental, Certificações, Produção mais Limpa, Planos de Gerenciamento de Resíduos,

Política dos 3 R`s, dentre outras.

Neste sentido, é importante não apenas à unidade estudada, como também a outras

empresas que se encontram na mesma situação, com processos produtivos “sujos”, que

busquem meios de otimizá-los e, assim, possam promover a redução de resíduos em sua fonte

geradora. Na unidade estudada, fez-se a sugestão da migração para o RTM light, um processo

de laminação moderno que usa moldes fechados e, devido a isso, a perda de materiais e,

conseqüentemente, a geração de resíduos é bem menor se comparada a processos antigos e de

baixa tecnologia.

Entretanto, em geral, a adoção de novas tecnologias requer altos investimentos.

Embora existam exemplos de empresas que conseguiram reduzir custos em decorrência da

economia de água, energia, matéria-prima, tratamentos, transporte e disposição de resíduos

em aterros e, assim, obtiveram o devido retorno do investimento que fizeram na área

ambiental, ainda há empresários que pensam que investir em questões ambientais representa

mais despesas e retorno financeiro tardio ou incerto. Felizmente, tal pensamento vem

mudando.

Em situações como esta, de resistência empresarial à inovação, uma alternativa é

promover medidas de reutilização, reciclagem, recuperação e tratamentos que visem à

redução de resíduos, seja em quantidade ou em potencial contaminante. Na unidade estudada,

caso seja economicamente inviável para a Empresa “ß” a adoção de novas tecnologias, a uma

segunda alternativa, em vista dos resultados da pesquisa, é a reciclagem das aparas de

processo.

A reciclagem pode representar uma fonte de receita adicional para as empresas que

vendem seus resíduos para terceiros, além de reduzir a quantidade de resíduos a serem

gerenciados. Há situações em que resíduos gerados em processos produtivos, depois de

reprocessados, tornam-se matéria-prima para a própria indústria que o gerou. Além disso, é

sabido, que os benefícios ambientais em torno da reciclagem são extremamente significativos.

Corroborando essa recomendação, existem hoje empresas do ramo automobilístico e

associações como a Associação Brasileira de Materiais Compósitos (ABMACO), que vêm

investindo em estudos que visam à reciclagem de compósitos de PRFV de forma que os

produtos reciclados sejam utilizados no próprio processo gerador.

Independentemente de onde o produto da reciclagem seja usado, o mais importante em

uma medida como esta, é que um resíduo potencialmente reciclável deixa de ser destinado aos

aterros. Na unidade estudada a maioria dos resíduos gerados no processo corresponde à aparas

de PRFV que têm como destino final, o aterro industrial. Essas aparas levam centenas de anos

para se decomporem na natureza. Sendo assim, o que foi detectado com a realização da

pesquisa reforça a afirmação de que as indústrias devem estar sempre buscando por

alternativas que visem reduzir seus impactos sobre o meio ambiente. A redução de resíduos

sejam eles, sólidos, líquidos ou gasosos deve fazer parte da política das empresas. O processo

de prevenção da poluição deve ser contínuo e melhorado a cada dia.

Além do uso de tecnologias, outra maneira de as indústrias promoverem a melhoria da

qualidade ambiental é por meio da Educação Ambiental, uma vez que outra fonte de geração

de resíduos neste setor diz respeito ao desperdício de materiais por parte dos funcionários que,

geralmente, são orientados a não desperdiçar matéria-prima considerando apenas os

benefícios econômicos dessa prática. A falta de sensibilização ambiental dos funcionários, ou

a ausência de informações referentes aos impactos ambientais decorrentes desse desperdício

contribui para a geração de resíduos.

Na unidade estudada isto pôde ser comprovado com a observação do descarte de

materiais ainda em condições de uso, ou ainda, por meio do uso excessivo de matéria-prima e

de falhas no manuseio de materiais e equipamentos. Desperdícios assim, além de

contribuírem para o aumento dos resíduos gerados, elevam os custos do gerenciamento desses

resíduos, bem como os custos com a aquisição de novos materiais, cujo processo de produção

também implica em impactos ambientais. O desperdício de materiais foi facilmente

percebível na unidade estudada que, até a conclusão deste estudo, ainda não havia inserido

ações da Educação Ambiental em suas rotinas de trabalho.

O desperdício deve ser combatido. A maneira mais eficiente de se encaminhar este

procedimento é por meio da prática de atividades da Educação Ambiental. Embora a inserção

da Educação Ambiental nas organizações empresariais seja recente, é possível encontrar, na

literatura, estudos que comprovam o sucesso dessa ferramenta pelo setor industrial.

É fato que a Educação Ambiental é imprescindível para que um Sistema de Gestão

Ambiental, um Plano de Gerenciamento de Resíduos, uma Política dos 3 R’s, dentre outros,

dêem resultados. Embora a unidade estudada não disponha oficialmente de um PGR, ela

separa, acondiciona, armazena e transporta seus resíduos conforme seu sistema de tratamento

e destinação final. Entretanto, alguns dos problemas diagnosticados neste estudo

comprometem esses procedimentos. E isto se deve, em parte, à falta de orientação, cobrança,

fiscalização e Educação Ambiental que leve à sensibilização e à conscientização pró meio

ambiente.

Outro problema diagnosticado na Empresa ‘ß’ e que pode ser amenizado com

atividades de Educação Ambiental refere-se à mistura de resíduos incompatíveis. Problema

este que se repete em outras organizações empresariais. Sendo assim, outro ponto importante

a ser considerado é a sensibilização dos funcionários quanto à separação correta dos resíduos

que geram na execução do processo produtivo. A mistura de resíduos, em especial, em

estabelecimentos que promovem a coleta seletiva, compromete a sua destinação

ambientalmente correta e recomendável e, ainda, provoca uma série de prejuízos. A

segregação eficiente de resíduos em sua fonte ou estabelecimento gerador é essencial para

preservar a qualidade desses resíduos e para aumentar a garantia de que esses sejam

efetivamente reciclados, reutilizados, recuperados, tratados ou dispostos de maneira adequada.

É importante ressaltar: para que um Programa de Educação Ambiental que envolva a

coleta seletiva dê resultados, os sistemas de acondicionamento, as áreas de armazenagem

temporária e o sistema de transporte e destinação final devem ser seguros, organizados e de

acordo com as normas e legislações.

De uma maneira geral, a Educação Ambiental é fundamental para sensibilizar e

induzir os funcionários de uma empresa a reduzir a quantidade de resíduos que geram e a

separar e destinar corretamente esses resíduos. Os funcionários e as pessoas, em geral,

precisam entender que os resíduos não representam algo do qual devam se livrar

imediatamente, qualquer que seja seu destino, e sim, que muitos dos resíduos gerados por

eles, seja no trabalho, na escola, em casa ou na rua, representam recursos, matéria-prima e

fonte de renda para outros setores. Precisam ter consciência de que ao desperdiçar ou

consumir materiais de forma desenfreada ou, ainda, ao destinarem a um aterro um resíduo

reciclável, reutilizável, recuperável ou tratável, esses representarão um passivo ambiental para

as gerações futuras, inclusive para seus próprios descendentes. Funcionários com essa

sensibilização, além de contribuírem para a melhoria da qualidade ambiental no seu local de

trabalho, têm grandes chances de estender esse aprendizado ao seu ambiente familiar e

vizinhanças.

Não se tem conhecimento de estudos, em quantidade, principalmente os de caráter de

diagnóstico, envolvendo as fontes de geração, o gerenciamento de resíduos e a Educação

Ambiental no setor industrial. As indústrias, de uma maneira geral, costumam adotar uma

política protecionista no que se refere aos seus processos produtivos e impactos ambientais.

Algumas empresas, como o caso da Empresa “ß”, não possuem dados completos da geração e

do gerenciamento de seus resíduos. Diante disto, pensou-se neste estudo, cujos resultados

foram divulgados por meio de dois artigos científicos10.

10 Como resultado concreto deste estudo, apresentam-se dois artigos científicos encaminhados para publicação:

“Diagnosis of solid waste generation in a production process of an automobile industry: a contribution to reduction” (Apêndice I); “Gerenciamento dos resíduos sólidos em uma indústria automobilística: uma contribuição para melhorias” (Apêndice J).

Esta pesquisa revelou, ainda, a necessidade de novos estudos envolvendo processos

produtivos no sentido de encaminhamentos com vistas a torná-los menos agressivos. O estudo

detalhado do processo de Moldagem e Acabamento em PRFV na Empresa “ß” permitiu a

identificação das fontes de geração de resíduos, a classificação, quantificação e estudo do

atual gerenciamento desses resíduos, além, ainda, da apresentação de ações que poderão ser

implantadas pela Empresa “ß” no sentido de otimizar não só o processo analisado, como

também o gerenciamento dos resíduos ali produzidos. Sendo assim, com base nos resultados

obtidos, todos os objetivos desta pesquisa foram alcançados. Espera-se, que trabalhos como

este se multipliquem e, principalmente, que contribuam para incentivar as organizações

empresariais a repensar a questão ambiental.

Como este estudo diagnosticou problemas ambientais na unidade pesquisada,

recomenda-se a essa unidade fabril, que esta mantenha a parceria firmada com universidades

locais no sentido de implantar um Sistema de Gestão Ambiental. Lembrando que este sistema,

obrigatoriamente, incluirá, dentre outros, um PGR e um Programa de Educação Ambiental.

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APÊNDICES

Apêndice A – Planilha para coleta de dados sobre o processo produtivo e suas fontes de geração de resíduos (MODELO).

MOLDAGEM E ACABAMENTO EM PRFV Data:

Linha de produção: Funcionário orientador:

Nome da etapa

Materiais usados na etapa

Descrição do processo e/ou forma de uso dos materiais

Resíduo gerado

Observações (positivas/negativas)

O que pode ser melhorado (medidas preventivas/corretivas

Apêndice B - Planilha para coleta de dados referentes à produção de peças em PRFV e ao consumo de matérias-primas no processo de Moldagem e Acabamento de PRFV (MODELO).

QUANTIDADE DE PEÇAS MOLDADAS e MATÉRIA-PRIMA USADA no processo de fabricação dos TETOS e das ENTRE-JANELAS

Peça: Teto rodoviário

Peça: Teto urbano

Peça Teto PDD

Peça: Teto micro TETO ENTRE-JANELA

Mês / QMPP: ................ QMPP: ................ QMPP: ................ QMPP: ................ QPM MPU QMPP: ..................

ano QPM MPU QPM MPU QPM MPU QPM MPU TOTAL TOTAL QPM MPU

mai/08

jun/08

jul/08

ago/08

set/08

out/08

Nov/08

dez/08

jan/09

fev/09

mar/09

abr/09

QMPP – quantidade de matéria-prima por peça (necessária para produzir uma única peça); QPM – quantidade de peças moldadas no mês; MPU – matéria-prima usada no mês

Apêndice C – Planilha para quantificação (pesagem - kg) das aparas geradas no Ponto 1 - laminação dos tetos (MODELO).

QUANTIFICAÇÃO (PESAGEM) DAS APARAS DE PRFV DO TETO

PONTO DE PESAGEM: Ponto 1 (laminação)..........

Data Peso inicial (kg) Peso final (kg) Peso das aparas (kg)

PESO MÉDIO:...........................................................

Apêndice D – Planilha para quantificação (pesagem - kg) das aparas geradas no Ponto 2 - desmoldagem dos tetos e das entre-janelas e no Ponto 3 - acabamento dos tetos (MODELO).

QUANTIFICAÇÃO (PESAGEM) DAS APARAS DE PRFV DO TETO E ENTRE-JANELAS (PONTOS 2 E 3)

LNHA DE PRODUÇÃO: ................................................................

PONTO DE PÉSAGEM:..............

Data Modelo da peça Peso das aparas (kg)

Peso médio- teto rodoviário:..........................

Peso médio - teto urbano:...............................

Peso médio – teto PDD:...................................

Peso médio – teto micro:.................................

Peso médio – entre-janela:.............................

Apêndice E - Planilha para cálculo e organização de dados referentes à quantidade de aparas geradas na produção de cada uma das cinco peças nas duas etapas do processo - Moldagem e Acabamento (MODELO).

MOLDAGEM TOTAL APARAS DA APARAS DO

PEÇAS Laminação (ponto 1)

Desmoldagem (ponto 2) MOLDAGEM (APM)

ACABAMENTO (APA) (ponto 3)

Teto rodoviário

Teto urbano

Teto PDD

Teto micro

Entre-janela ****** ******* APM – Aparas da moldagem; APA – Aparas do Acabamento.

Apêndice F - Planilha para coleta, cálculo e organização de dados referentes á quantidade de aparas geradas nas duas linhas de produção

(tetos e entre-janelas) do processo de Moldagem e Acabamento em PRFV (MODELO)

TETO PDD TETO RODOVIÁRIO TETO URBANO TETO MICRO Quant. total Quant. Aparas MOLD. ACAB. MOLD. ACAB. MOLD. ACAB. MOLD. ACAB. de aparas ENTRE-JANELA

mês / APM: APA: APM: APA: APM: APA: APM: APA: geradas TETO APA:

ano QPM QAGM QPA QAGA QPM QAGM QPA QAGA QPM QAGM QPA QAGA QPM QAGM QPA QAGA (QAGT) QPM QAGJ

mai/08

jun/08

jul/08

ago/08

set/08

out/08

nov/08

dez/08

jan/09

fev/09

mar/09

abr/09 MOLD: moldagem; ACAB: acabamento; APM: aparas geradas na moldagem; APA: aparas geradas no acabamento: QPM: quantidade de peças moldadas; QAGM: quantidade de aparas geradas na moldagem; QPA: quantidade de peças acabadas; QAGA: quantidade de aparas geradas no

acabamento; QAGT: quantidade total de aparas geradas no teto; QAGJ: quantidade de aparas geradas nas entre-janelas.

Apêndice G – Planilha para coleta de dados e cálculo dos principais resíduos gerados no processo de Moldagem e Acabamento de PRFV (MODELO).

Estimativa da quantidade total dos principais resíduos gerados no MÊS de:

MATERIAIS MPR (kg/L) PL (kg) QR (un. ou kg) PE (kg) PR (kg)

resina

catalisador

gel coat

selador

limpador

desmoldante líquido

massa fibra moída

massa plástica

cera desmoldante

massa rápida

Subtotal (Sucata)

Solução de limpeza

Bobina polietileno ------ -----

Papelão ondulado ------ -----

Aparas do teto ----- ------ -----

Aparas da entre-janela ----- ----- -----

Subtotal (Aparas) ---- ----- -----

TOTAL MÊS (PTR) MPR – Matéria-prima requisitada do estoque no mês analisado; PL – peso líquido da embalagem de matéria-prima; QR – quantidade de resíduos gerados (em “unidades” para solução de limpeza e todas as sucatas – embalagens; e em “quilogramas” para papelão, polietileno e aparas); PE – peso da embalagem vazia (kg); PR – produção de resíduos a partir da referida matéria-prima; PTR – Produção total de resíduos no mês analisado. Observações: PL e PE só se aplicam às sucatas e solução de limpeza; PTR corresponde à somatória de total de sucata, solução de limpeza, bobina polietileno, papelão ondulado e total de aparas. A quantidade de aparas foi determinada anteriormente no item: 3.3.2.2 (a).

Apêndice H - planilha para coleta de dados referentes ao gerenciamento dos resíduos sólidos gerados no processo de Moldagem e Acabamento em PRFV (MODELO).

Matéria-prima e/ou processo

gerador

Descrição do resíduo gerado

Segregação/ Acondicionamento/

Armazenagem temporária

Coleta e transporte

interno e externo

Destino na unidade e/ou Destino final

Observações (negativas /

positivas)

Medidas preventivas e

corretivas

Apêndice I – Artigo científico submetido ao Journal of Cleanaer Production : “Diagnosis of solid waste generation in a production process of an automobile industry: a contribution to reduction”.

Diagnosis of solid waste generation in a production process of an automobile

industry: a contribution to reduction

Cíntia Madureira Orth a,11; Nelma Baldin a, *; Cladir Teresinha Zanotelli b

a Masters Degree in Health and Environment from the Joinville Regional University, University Campus, s/n.º, Caixa Postal 246, Bairro Bom Retiro, CEP 89201-972, Joinville, SC, Brazil. b Federal University of Mato Grosso. Avenida Brasília, 1200, CEP 78550-000, Sinop, MT, Brazil. Abstract The industrial sector has been pressed to make its production processes cleaner. In this sense, there are a growing number of companies that have tried to adopt measures aimed at reducing their environmental impacts. However, the implementing of some of those measures should be preceded by an environmental diagnosis. The objective of this research was to elaborate a diagnosis of the waste generated in the production process of an automobile company in order to present actions for waste reduction. The study of the process and sources of generation occurred through in loco observations, and quantification of waste by means of measurements and estimates. The process studied was Molding and Finishing in Fiberglass Reinforced Plastic. It was found that the open molding adopted by the factory causes large losses of raw materials in the form of scrap, which is the primary source of waste generation in the process. Another source of generation is the waste of materials, attributed to the lack of qualification and Environmental Education of their employees. Observing the results, it

11 Corresponding Author. Tel.: + 55 47 9946 1052.

E-mail addresses: [email protected] (C. M. Orth), [email protected] (N. Baldin), [email protected] (C. T. Zanotelli).

* Tel.: +55 47 3461 9209; Fax: +55 47 3461 9020

was concluded that the migration to a cleaner production process and the adoption of an Environmental Education Program should be considered by the factory. Keywords: Environmental diagnosis; Waste reduction; Environmental Education; Automobile industry.

1. Introduction

Among the current environmental problems, the production of waste is one of the main ways

of degradation of the environment. In the light of this problem and of the fact that it is not possible to

stop progress, men need to adopt Sustainable Development models.

Following this trend, and under pressure of society, government and the markets, an

increasing number of companies have been trying to change their production processes in order to

make them less aggressive, and often do so through an Environmental Management System (EMS).

An EMS involves different “administrative and operational actions carried out by companies in order

to address the environmental problems arising out of their activities or to prevent them to occur in the

future” (BARBIERI, 2007, p.153).

Another strategy that contributes to the improvement of environmental quality is Cleaner

Production, defined by the United Nations Environment Program as the continuous application of an

economic, environmental and technological strategy integrated to processes and products, aiming to

increase eco-efficiency in the use of raw materials, water and energy. This process occurs by means of

not generating, minimizing or recycling waste in a production process with environmental,

occupational health and economic benefits (CNTL, 2008).

However, there is great resistance in adopting this measure. Some businessmen still believe it

is necessary to adopt new technologies for their implementation, when, actually, approximately 50%

of the pollution generated by companies can be avoided only with the improvement in operating

practices and simple changes in processes (CEBDS, 2008).

Solid Waste Management Plans (SWMP) and the 3-Rs Policy (Reduce, Reuse, Recycle) also

give priority to waste reduction. Both advocate a logical and natural sequence to be followed, in

which the solutions start from a concept of eliminating the problem (to avoid and minimize the

generation of waste), so that, in the end, the smallest possible amount of waste is produced to be

disposed in appropriate locations (Medeiros, 2002; Layrargues, 2002; Tocchetto, 2005).

With regard to simpler measures for waste reduction, we can mention the Environmental

Education (EE), since the lack of environmental awareness, coupled with the lack of the operators’

qualification and improper use and handling of raw materials can contribute to the generation of waste

(Pinto, 2002). EE is an educational and social praxis that aims at "building values, concepts, skills and

attitudes that enable the understanding of the reality of life and lucid and responsible actions of

individual and collective social actors towards the environment " (Loureiro, 2002 p.69).

In this understanding, EE can be considered as the “foundation” of the Environmental

Policies, that is, we cannot talk about EMS, SWMP, Cleaner Production, 3-R’s Policy without the

procedures of Environmental Education. However, there are businessmen that show indifference in

relation to that didactic pedagogic resource, although studies have already proved its efficiency in this

field. In any transformation, EE, by definition, is a strategic element in the formation of broad critical

awareness of the social and production relations that position the human insertion in nature (Loureiro,

2002).

EE is an important allied to fight consumerism and waste of materials. Often, in the

companies, employees are instructed not to waste raw material considering only its economic benefits,

without the perspective of awareness. Companies should commit themselves to avoid the unnecessary

use of materials and natural resources, and a way to reach this goal is the execution of EE actions.

It is important to note that, for a company, reducing waste of materials means reducing both

the environmental and economic losses, since the company will have less waste to manage. That is,

package, store, transport, process and send to appropriate locations (Farias, 2003). All employees of a

company should be aware of the environmental effects of their activities, products and services

(Vilhena and Politi, 2005).

Given the foregoing, the objective that motivated this study was to diagnose the main sources

of waste generation in a production process of an industry of the automobile sector. Accordingly, we

aimed at the presentation of actions that will be able to contribute for the plant to reduce the amount of

waste generated in the process analyzed.

2. Methodology

This research represents a cross-sectional and observational study developed through an

approach with characteristics of qualitative research and quantitative research, applied in an

automotive industry which makes bodies for buses. The Company has headquarters in the city of

Joinville, SC, Brazil. Its industrial complexes cover a total area 1.000.000 m². It is divided into three

units: the headquarter and two plastic branches, one located in Joinville and another in Rio Negrinho,

SC. The research was held only in the plastic unit of Joinville, which covers a total area of 105.251 m²

The process studied was the Molding and Finishing in Fiberglass Reinforced Plastic (FRP),

responsible for the production of ceilings and space between windows of the vehicles. As for the

waste, it was studied those in solid state. Data collection occurred from January 2009 to June 2009.

The period analyzed was from April 2008 to April 2009.

2.2.1. The production process and waste generation sources

The study of the production process and sources of waste generation was done simultaneously

by means of in loco observations, photographs, and was under the guidance of two employees in

charge of the department. In this phase, in addition to detailing the process, it was identified all the

raw material used, its way of use or the process generating the waste, and the waste generated at each

step of the process. In loco observations also allowed the study of the behavior of the employees

towards the rational use of raw material.

2.2.2. The quantification of losses of raw material in the form of scrap

Quantification of waste occurred through estimates, consultation of the files of the Company

and measurements of the main waste.

To calculate the amount of FRP scrap generated monthly by the factory, first it was collected

data of the monthly production in the period studied, taking care to distinguish the quantity of molded

parts (QMP) and the quantity of finished parts (QFP) of each of the five part models in FRP

manufactured by the factory: four ceilings and one space between windows. After this step, it was

researched the quantity of raw material necessary to mold each of those five parts (QRMP). The raw

materials taken into account were: gel coat; resin; talc and fiberglass – roving; milled fiberglass;

blanket and cloth. All the data were collected in the files of the Production Planning and Control and

Materials department (PPCM) of the factory studied. The amount of raw material used in the month

was obtained by Equation 1 applied separately to the two production lines (ceilings and space between

windows) that cover the process studied:

RMU = QMP x QRMP (1) Where,

RMU (kg) = quantity of raw material used in the month. QMP (unit) = quantity of molded parts in the month. QRMP (kg) = quantity of raw material per part. Then, weighing was performed in order to determine the raw material lost as scrap in the two

production lines. In the period from May 5 of 2009 to June 5 of 2009, spreadsheets were given to

those in charge of molding and finishing for the quantification of scrap free of contamination

generated in the process. The weighing of the scrap was carried out in two points of the Molding

(lamination and mold releasing) and in one point of the Finishing and considered the five different

models of parts produced.

• Point 1 (only ceilings) – Lamination: all the cardboard used to protect the walls of the semi-automatic chopper-gun or semi-automatic laminator, the floor under it and in front of the mold was weighed before the lamination of each part (initial weight). After the lamination, a new weighing was done (final weight). The difference between the initial and the final weight corresponds to the quantity of scrap generated by a single ceiling in this point. After the weighing, it was calculated the average quantity (kg) of scrap generated in the lamination of a single ceiling. As the area that receives the scrap remains constant, regardless the model being laminated, there was no need to distinguish the scrap generated by each of the four types of ceilings;

• Point 2 (ceiling and space between windows) – Mold Releasing: after the lamination, the burrs of the larger sides of the ceilings and the burrs stuck to all sides and gaps of spaces between windows are removed. After this removal, the scrap generated by each part produced were weighed separately to determine the average amount (kg) of scrap generated at this point for each of the five models of FRP parts produced by the factory;

• Point 3 (only ceilings) – Finishing: burrs cut from the smaller sides of the ceilings were also

weighed to determine the average amount (kg) of scrap generated by each of the ceiling models produced.

The sum, separately, of the average quantities of scrap generated by each model in points 1

and 2 corresponded to the amount of scrap generated in MOLDING (SGM). Point 3, itself,

corresponds to the average amount of scrap generated in the FINISHING (SGF).

Determined the amount of scrap that each model of part generates, the amount of scrap

generated monthly by the factory was obtained, using Equations 2 and 3 applied to each of the five

types of parts produced in all months studied. To help the work of the research in this step, a

calculation spreadsheet was elaborated. In order to determine the total amount of scrap generated in

the roof, it was summed all the QSGM and QSGF of the four models of ceilings in each of the months

analyzed:

QSGM = QMP x SPM (2)

QSGF = QFP x SPF (3) Where,

QSGM (kg) = quantity of scrap generated in the molding. QMP (unit) = quantity of molded parts. SPM (kg) = average quantity of scrap generated in the molding of a single part. QSGF (kg) = quantity of scrap generated in the finishing. QFP (unit) = quantity of finished molded. SPF (kg) = average quantity of scrap generated in the finishing of a single part.

2.2.3 Packaging, cardboard and plastic

The empty packaging waste was calculated based on the raw material requested from the

inventory (RMR), whose data were determined through the PPCM. Then, it was calculated the

approximate weight (kg) of the main waste generated in the process. For this, Equations 4 and 5 were

applied in the quantification of packaging waste of the following materials: resin; catalyst; gel coat;

sealer; cleaner; liquid mold releasing agent; milled fiberglass; acetone; body fillers and mold releasing

wax. Those equations were applied to each of those materials and to all the twelve months studied.

QW = RMR / NW (4)

WW = QW x WP (5) Where: QW (unit) = quantity of waste (cans, plastic drums, drums, buckets); RMR (kg or L) = quantity of raw material requested.

NW (kg or L) = net weight of each package; WW (kg) = weight of waste of package; WP (kg) = weight of empty packages.

Waste quantities of corrugated cardboard and transparent plastic were determined considering

only the RMR, once all plastic and cardboard consumed are disposed as waste after use.

Therefore, the sum of the monthly generation (kg) of the packaging waste of products, ceilings

and space between windows scrap, and consumption of cardboard and plastic, corresponding to the

approximate amount (kg) of solid waste generated in the Molding and Finishing in FRP of the month

analyzed.

In view of this, at the end of the diagnosis, actions to contribute to waste reduction were

presented to Company studied, which may be implemented by the Company. Those actions were

elaborated based of the results obtained in the diagnosis done during the execution of the research, in

the literature review and, still, successful cases of other companies.

3. Results and discussions

The plastic unit of Joinville has the capacity to produce about 17.000 parts for moth in 4.000

different kinds. In the process analyzed, the ceilings are produced in four different models that

correspond to the models of vehicles produced by the Company: Cruise; City; Micro Bus and Double

Deck Panoramic. The spaces between windows are produced in only one model.

3.1. The production process and waste generation

The process studied covers two production lines, ceilings and space between windows, seeing

that both can be divided into two big steps:

Step 1 – MOLDING:

• Mold preparation: it is done with the use of cleaner; sealer; mold release wax and liquid mold release agent. In the ceilings, the final part (not laminated) of the mold is covered with plastic;

• Gel coat: gel and catalyst are applied on the area to be laminated with gel coat spray gun; • Lamination: before the lamination, the areas subject to impregnation with scrap are covered with

cardboard. In the ceilings, chopped roving, pure resin or with load and catalyst are thrown simultaneously by a gun against the mold cavity by a semi-automatic laminator. The application of milled fiberglass and of fiber cloth is manual. When the lamination is over, the burrs on the bigger sides are removed and, after the “cure”, the mold releasing of the ceiling occurs. In the spaces between windows, the application of the roving and the milled fiberglass is manual. Then, the fibers are moistened with resin and catalyst thrown by a gun. The fiber cloth and blanket are applied. Again, the fibers are moistened and its settling occurs. Immediately after the lamination, all the burrs are cut.

Step 2 – FINISHING: in the ceiling, the burrs of the smaller sides are cut and all the cutting points are sandpapered. In the space between windows, only the sandpapering occurs, the burrs were removed in the previous step. Then, ceiling and space between windows go through a process to correct possible flaws; they are totally sandpapered and taken to painting.

In the factory studied, the manufacturing of parts in FRP uses open molds. In the ceiling

lamination, the factory uses its own technology, in which a chopper gun was adapted to a machine

forming a semi-automatic laminator or semi-automatic chopper gun. The lamination process is similar

to that presented by Matheus (2002). The open molding is the composites manufacturing process most

widely used in the world. In the open molding, the pace of production is low, the manual work in

intensive, the freedom of design is high and the process is good to produce large parts and in small

quantities (Jacob, 2002). All these factors were observed in this study: the production of parts in FRP

at the factory is of 372 parts per month, requires a lot of labor and the parts produced are large

(ceilings – 10,5 m X 2,5 m, space between windows – 12,33 m). Although the factory uses only 12

molds, variation in the length of the pieces can reach hundreds of different sizes, which is possible

because of the freedom provided by the open molding. However, this type of molding is responsible

for great environmental impacts, especially with regard to the generation of waste.

Table 1 presents data on monthly production of parts in FRP, on raw material used to produce

them, on the amount of scrap and burrs12 generated, besides the percentage of losses of raw material in

the form of scrap.

12 FRP scrap correspond to scrap thrown by gun on the floor, on the walls of the semi-automatic laminator and in front of the mold (ceiling). Burrs correspond to excess cut on sides of the molds (ceilings and space between windows) before mold releasing and/or during finishing.

Table 1 Production of parts in FRP; raw material used to produce them, amount of scrap generated and percentage of losses of raw material in the two production lines of the process of Molding and Finishing in FRP.

CEILING SPACE BETWEEN WINDOWS

QMP RMU QSG LRM QMP RMU QSG LRM

Month/Year (unit) (ton) (ton) (%) (unit) (ton) (ton) (%)

Apr/08 461 90,05 8,37 9 83 2,28 0,68 30

May/08 382 75,32 7,05 9 29 0,80 0,24 30

Jun/08 386 76,95 7,21 9 121 3,32 1,00 30

Jul/08 494 99,80 8,95 9 82 2,25 0,68 30

Aug/08 375 74,72 6,94 9 64 1,76 0,53 30

Sep/08 463 92,39 8,53 9 24 0,66 0,20 30

Oct/08 352 70,41 6,43 9 63 1,73 0,52 30

Nov/08 259 52,50 4,82 9 34 0,93 0,28 30

Dec/08 310 63,17 5,82 9 23 0,63 0,19 30

Jan/09 281 56,72 5,21 9 13 0,36 0,11 30

Feb/09 157 32,18 2,94 9 4 0,11 0,03 30

Mar/09 149 30,55 2,71 9 31 0,85 0,26 30

Apr/09 185 36,80 3,42 9 12 0,33 0,10 30

Monthly average

327 65,51 6,03 9 45 1,23 0,37 30

Legend: QMP – quantity of parts molded; RMU – raw material used in the molding; QSG – quantity of scrap and burrs generated; LRM – percentage of loss of raw material in the form of FRP scrap.

In the period that the research was applied, the factory produced an average of 327 ceilings

and 45 spaces between windows per month. Consumption of raw material and the amount of scrap are

significant, which occurs basically due to the open molding. In this manufacturing process, the

formation of scrap is intense, which results in the generation of waste. The loss of material in the form

of scrap in this type of molding can be of 15% to 25%, depending on the geometry of the part, and

raises the acquisition of new materials (Milan and Grazziotin, 2008). In the manufacture of spaces

between windows, which are more complex parts, the loss of raw material (30%) is three times greater

than in the production of ceilings (9%), which is a simpler part.

Figure 1 shows, for the purpose of comparison, the molds of the space between windows and

of the ceiling, where it is possible to observe the difference in complexity between them. Although

the production process of the ceilings is the spray-up type, using a semi-automatic laminator combined

with the fact the ceiling is an extremely simple part explains the percentage of loss of 9% below the

minimum of 15% as reported.

Fig. 1. View of the molds used in the Molding and Finishing process in FRP: a) space between windows; b) ceiling (February 2009).

Table 2 presents the data on generation and destination of the main solid wastes in terms of

quantity and volume.

Table 2 Production of solid waste (ton) in the Molding and Finishing process in FRP in the factory studied.

RECYCLING/REUSE LANDFILL (not dangerous) TOTAL

Waste Returnable Transparent Corrugated Scrap of WASTE OF

Month / year sold Waste polyethylene Cardboard FRP THE PROCESS

Apr/08 6,42 0,14 0,12 3,59 9,06 19,34

May/08 4,94 0,09 0,09 2.,80 7,29 15,21

Jun/08 5, 40 0,12 0,11 3,26 8,21 17,09

Jul/08 7,07 0,15 0,12 5,20 9,62 22,16

Aug/08 5,69 0,15 0,09 4,36 7,47 17,75

Sep/08 6,16 0,16 0,17 4,96 8,73 20,17

Oct/08 5,10 0,11 0,11 4,05 6,95 16,32

Nov/08 3,65 0,08 0,07 2,69 5,10 11,60

Dec/08 4,05 0,08 0,08 2,29 6,01 12,51

Jan/09 4,15 0,07 0,06 1,65 5,32 11,25

Feb/09 1,94 0,04 0,04 1,06 2,97 6,05

Mar/09 2,12 0,04 0,05 0,99 2,97 6,17

Apr/09 2,48 0,05 0,05 1,01 3,51 7,10

TOTAL (ton) 59,18 1,27 1,17 37,91 83,19 182,73

Monthly average (%) 33% 67%

The numbers refer to the quantities of wastes sold for recycling (drums, cans, buckets and

plastic drums), of waste returned to suppliers for reuse (plastic drums of acetone), of scrap and burrs

of FRP and also of plastic and cardboard contaminated. It was noticed that the final destination of

67% of the waste was the industrial landfill. From the total waste placed in this landfill, 68% (83,19

ton) are scrap of the process.

The chart of Figure 2 presents the average percentage of generation of this waste in all the

period studied. The scrap correspond to 45,53% of all the waste generated in the process. As for the

waste of cardboard and plastic contaminated correspond to 21,39%, whose generation is only justified

because of the use of open molds.

32,39%

0,69%

20,75%0,64%

45,53%

Waste soldReturnable wasteCorrugated cardboardTransparent polyethyleneScrap of FRP

Fig. 2. Percentage of waste generated in the Molding and Finishing process in FRP in all the period studied.

Recently, the factory began to adopt measures aimed at eliminating the use of plastic, which is

being replaced by canvas (cover molds) and shields in FRP (to protect the final part, not laminated,

from the mold). Besides that, when possible, those materials are reused and are only disposed of after

they are contaminated. Those measures can contribute to the decrease of this waste. However, we

emphasize that the factory does not use any measure that reduces significantly the quantity or volume

of waste from the process. Figure 3 shows a picture of the waste from the process and the large

amount of burrs and cardboard and plastic contaminated.

Given this finding, it can be stated that the main source of waste generation in the process of

Molding and Finishing in FRP concerns the production of scrap, burrs and contaminated cardboard

and plastic, all due to the open molding, which is a traditional manufacturing process, of low

technology and considered "dirty" in environmental terms.

Fig. 3. Waste of the Molding and Finishing process in FRP (May 2009).

The generation of this waste implies environmental losses as well and economic losses. The

fact of these wastes are extremely bulky, it increases the costs of the Company with transportation and

potentiates the environmental damages related to this procedure. The disposal of this waste in

landfills also contributes to accelerate the end of its useful life. It is added to that the fact that the burrs

are not biodegradable because they are basically formed of resins and fiber glass.

In terms of recycling, it is a measure that could prevent such waste being sent to landfills; the

contamination of the cardboard and plastic, for example, prevents their recycling, in addition, the unit

does not adopt any measure related to the recycling of scrap and burrs of the process. Although

recycling is an established and proven successful environmental measure, such programs as the Policy

of the 3 R's, SWMP, Cleaner Production, among others, prioritize waste reduction at its source. That

is, before thinking of recycling, reusing, treating or disposing of in landfills, it is advisable to seek for

methods to not generate such waste.

It is concluded, therefore, that the Company studied needs, preferably, to try to eliminate or

minimize the generation of its main waste at its main generating source. Waste reduction at source is

a preventive measure and can happen through changes in the use of raw materials and inputs,

modifications in the production process or through the adoption of cleaner and more modern

technologies (Tocchetto, 2005). The program of reduction at source is an integral part of the SWMP

(Medeiros, 2002). Thus, the solution with more effective results for the factory consists of the

migration to a cleaner production process, as suggested by Milan and Grazziotin (2008). These

authors, when performing the implementing of the Cleaner Production in a company of the FRP sector

concluded that the open molding was the responsible for the great generation of waste. In view of

that, it was proposed the migration to a cleaner and more modern process, like the RTM light, which

uses closed mold. Grazziotin and Milan (2008) found that, after the change in the production process,

the loss of material in the form of scrap, which used to be 19,5% per month, decreased by 80%,

becoming of only 4%. In this same direction, according to Lima (2010), the transformers of open

molding should begin to rethink their business, as there are manufacturers that no longer allow the

purchase of parts of open molds. It is necessary to invest in recycling solutions and use processes with

lower losses, such as RTM, infusion, pultrusion and others.

By promoting the reduction of their waste at its source, the plants are contributing to the

promotion of environmental quality, improving their image on the market, meeting the norms and laws

in effect, and will also be able to attract new consumer markets.

3.2. The waste of materials

Another source of waste generation diagnosed in the factory studied concerns the irrational

use of materials by the employees. Figure 4 shows containers that are open during practically the

entire work shift, even when not being used.

Fig. 4. Containers open for practically the whole work shift: a; b) cleaning solution (acetone); c) body filler; d) release wax.

The exposure of the cleaning solution (acetone) to the external environment may result in

product losses due to evaporation; as for the body fillers and waxes, they may have their properties

jeopardized and even get dry when open for a long period. Sometimes those "dry" body fillers are

recovered, but when not possible, the package is discarded with remains of wax or catalyzed fillers.

Another form of waste refers to the excessive use of materials. In Figure 5 (a) the amount of

catalyzed plastic mass could be smaller if it had not been prepared in excess. Cardboards like the ones

in the Figure are often found, containing considerable amounts of catalyzed body filler in the waste

collectors of the department. In Figure 5 (b) the fiberglass cloth leftover could be less if the cut had

been made closer to the mold.

Fig. 5. Waste due to excessive use of materials: a) body filler prepared in excess; b) leftover of fiberglass cloth (April 2009).

Figure 6 shows the raw material (roving) discarded as waste generated by mechanical failures

or mishandling. It was also diagnosed that an operation error or mechanical error in the semi-

automatic laminator can result in excessive generation of scrap. In measurements to determine the

amount of scrap generated, it was found that, to laminate one ceiling, the pistol throws 3 to 4 kg of

wood scrap on the walls of the laminator and the floor near where it is. Problems related to that were

detected during the execution of the research, such as: a mechanical failure which amounted to 8 kg

the quantity of such scrap, and also human errors in delimiting the length of the ceilings, which also

result in significant losses of material. The burr shown in Figure 7, in its regular shape, should be 5 to

8 times smaller.

Fig. 6. Loss of roving for mechanical problems in the laminator or for human failures (February and April of 2009).

Fig. 7. “Giant” burr due to an error in delimiting the length of a ceiling (May 2009).

During the execution of the research it was observed the disposal of containers in the yard for

temporary storage of waste (within the Company), still containing the remains of products, allows

plastic drums to be disposed of as waste containing leftovers of catalyst (Figure 8). Such dangerous

product should not be exposed and could have been used up to the end. These plastic drums, with

leftovers of products, remain outdoors in the yard until the moment they are sold for recycling.

Fig. 8. Plastic drums of catalyst disposed of with waste and containing leftovers of product (March and June 2009).

Forms of waste reported contribute to the generation of waste and are a result of irrational use

of raw materials and work habits "rooted." Besides the process itself, factors such as lack of trained

operators, plus inappropriate handling and use of raw materials can contribute to the generation of

waste (Pinto, 2002). The employees of the factory were told not to waste materials considering only

the economic benefits of this practice, but it was found that they do not practice the concept

received. It is important to note that for a company, the act of reducing waste involves not only to

mitigate the environmental damage, but also to reduce the expenses that connected to this waste, since

the company will have less material to manage (Farias, 2003). Avoiding waste involves delaying the

purchase of new materials whose manufacture, storage and transportation also involve environmental

impacts. In doing so, the company that avoids waste contributes to the improvement of environmental

quality by reducing the generation of waste and by reducing the purchasing of new materials.

Information of environmental character regarding the rational consumption and use of

materials can be conveyed to employees through the actions of Environmental Education (EE), an

efficient preventive measure and that requires little investment compared to the adoption of cleaner

and more modern production processes. EE, when building values, concepts, skills and attitudes,

contributes to the attempt to implant a pattern different from the current one, guided by a new ethic of

the relationship between society and nature (Loureiro, 2002).

Although the adoption of cleaner and more modern technologies may present more significant

results in terms of quantity, volume and danger, in this study, we sought to give special attention to

Environmental Education, since the waste of raw material is repeated, almost in all the industrial

sector.

3.3. Environmental Education as a form to fight waste

While EE is more strongly present in educational institutions, it has developed widely in other

institutions of society, among them, the business organizations. An example of good results of

insertion of EE in business is that obtained by an auto industry that, after the implementation of the

qualification method, called "Environmental Dojo”13, had a decrease in rates of “environmental non-

compliances”. In the first half of 2006, before qualification “Dojo”, the Company registered 52 "waste

non-conformities" and 74 "chemicals non-conformities". In the second half of 2006, after the

qualification, the numbers dropped to 31 "waste non-conformities" and 41 "chemicals non-

conformities". In the first half of 2007, a year after the start of the qualification, non-conformities were

as follows: 10 for Waste and 16 for Chemicals (Coutinho et al., 2009, p.13-14).

There are several possible EE activities to be implemented in industries such as: lectures,

training courses, workshops, group dynamics, contests and others. The frequency of these activities

should be determined according to need and the availability of the employees. However,

Environmental Education activities must occur more than once a year and with a total duration of at

least eight hours. Barreto et al. (2008) concluded that activities once a year for few hours do not allow

the participants to deepen and assimilate of environmental issues, since that, to obtain results, EE

should be carried out “continuously in order to characterize a permanent learning, affirming values and

actions that contribute to human and social transformation and to ecological preservation" (Barreto et

al, 2008, p.16).

In this sense, this study seeks to suggest, in a simple way, some EE activities that may be

implemented not only by the factory studied, but also by any other industry. The activities proposed

here can and should be conducted by people duly qualified. Some, however, may be conducted by

employees of the Company, provided that they act directly with environmental issues and have

received adequate preparation and learning. It is stressed here the need for the designation of at least

one employee of the factory studied to handle environmental issues, since this diagnosis revealed the

absence of this professional.

3.3.1. Lectures, workshops, dynamics, discussion groups

Although the activities should be specific for the environmental problems of the companies,

the inclusion of other topics such as: Sustainable Development, Consumption and Waste of Water and

Energy, Clean Technologies, Pollution, Citizenship, among others, would broaden the view of the

employees, and may have positive consequences on their behavior inside and outside the company

(Barreto et al., 2008). These additional subjects, together with the ones in which the unity is interested,

may be dealt with by means of lectures, dynamics, discussion groups, workshops and others

distributed throughout the year. The frequency can be set by the company. However, it is

recommended that 9 to 12 hours per year be devoted to this kind of activity. As the talks can be on

13 “Environmental Dojo”. The word “Dojo” has its origin in Japanese and means the place where martial arts are practices. “Environmental Dojo” refers to a training method created in 2006 and used until today in the automobile industry studied by the author (Coutinho et al., 2009). .

various issues, these can be extended to the whole factory. Regarding the lecturers, they should be

preferably guests from other institutions, especially those that act in the environmental area.

3.3.2. “Environmental Dojo” Qualification

Due to the good results achieved by the “Environmental “Dojo” qualification, this research

proposes the development of this method, not only in the unit studied, but also in other companies that

have similar problems, as long as the necessary adjustments are done covering the specific needs of

each company .

In the factory where it was applied, “Dojo” involved the following subjects: selective

collection, management of chemicals and electricity and water (Coutinho et al., 2009). Although the

"Environmental Dojo” qualification proposed here comprises a single theme, other environmental

problems may be part of this qualification, allowing “Dojo” to be extended to other production sectors

or processes of the Company. According to Coutinho et al. (2009), a training course on this concept

causes the constant development of actions that sponsor sustainable development, besides

characterizing the company as an environmentally responsible. It also makes the employees aware of

the importance to respect the rules of the environmental management system and other environmental

policies.

Figure 9 shows an image of a moveable panel used in the "Environmental Dojo", which

allows the qualification to happen anywhere in the factory, including where the problems actually

occur. Thus, there is a better view of the problem and a better assimilation by the employees under

training.

Fig. 9. Panel of “Environmental Dojo” (Coutinho et al., 2009, p.7)

Qualification groups should be small, at most 15 people, and homogenous in relation to the

educational level and field of work in the company (Barreto et al., 2008). Several classes may be

formed. If there are changes in the staff, there should be an adjustment, especially regarding the

number of instructors, classes and duration. It is important that the "Environmental Dojo" qualification

not go on for many days.

The duration is proportional to the amount of issues addressed, and may be of 1 hour and 20

minutes for each subject. It is important that the number of topics covered in the panel not exceed

three parts, as shown in Figure 9, otherwise the duration would increase, making it tiring and thus it

could jeopardize the learning. The qualification can be offered every semester. With this schedule, the

results achieved by Coutinho et al. (2009) were quite significant. But this frequency of application of

the qualification can be defined by the Company according to the need and availability of the unit,

provided that not less than twice a year.

As for the instructor, he/she should preferably be an employee of the Company properly

prepared, trained and qualified to develop the activity. It is important that the instructor have

knowledge about the environment and act directly with the environmental issues of the Company. The

need to be an employee is justified by its free access to the premises and documentation.

For the factory studied, more specifically for the process of Molding and Finishing in FRP, we

suggest the establishment of a “Dojo” panel addressing the topic: Consumption and Waste of

Materials.

At the start of qualification, issues like the following should be addressed: uncontrolled

consumerism, the premature disposal of goods, unnecessary and excessive materials; the priority of

the reduction and reuse, and the preference for materials that can be reused or recycled. Subjects can

be illustrated in the panel through images, statistics, charts and others. The panel should produce

photographic records of the waste of materials inside the factory studied.

Then, dynamics begin. The instructor must deliver to the participants, previously organized in

three groups, magnets with descriptions of practical actions on how to avoid or correct the waste

registered in the photographs on the panel. The groups decide which photo each magnet refers to,

putting it on the corresponding image. The instructor will make any necessary corrections. At this

moment the instructor speaks of waste as a source of pollution, its origins, and its negative impacts on

the environment and the Company, besides the environmental benefits of the rational use of materials,

always giving examples of waste diagnosed in the unit. He/she also speaks of the importance of

reducing waste at source and how that contributes to the final reduction of waste. Participants may be

stimulated by the instructor to show other forms of waste that they observed in the factory, being

ethical, and always preserving the names of colleagues. At this point, the instructor should also

encourage participants to suggest preventive or corrective measures related to the waste they

observed. The instructor should also talk about the packages disposed in the area of temporary storage

of waste, provided they contain rests of products and/or are completely uncovered. While explaining

the risks of this serious mistake for the environment, since these products are dangerous, the instructor

could also talk about: the possibility of accidents involving hazardous liquids, the environmental

importance of using the product to the end, free access of other employees to such waste. He/she could

also address the need to reuse the materials (cardboard, transparent plastic, buckets and others); the

care in handling materials to avoid losses; the need to keep products subject to evaporation or

catalyzing covered.

This part of the training aims to educate and make employees aware of the importance of

rational use of materials. It is expected that participants acquire knowledge and sensibility enough to

rethink and change their attitudes towards consumption and premature, excessive and unnecessary

disposal of materials. Thus, they may contribute to the decrease of the waste registered in the unit at

every meeting they have. This will be a didactic approach and, thus, it is expected that participants

understand that reducing the amount of waste is an important and permanent commitment, and that

reducing waste depends on each one of them (Farias, 2003).

After the end of “Dojo”, participants go through a self-assessment. In order to do so, each

participant will receive a questionnaire with five closed questions relating to the issues covered in the

qualification. The results will help identify weaknesses of the qualification, improving it with at each

application.

It is recommended that, along the year, a small audit be carried out in a simple and

observational way referring to the issues addressed in the "Environmental Dojo". For this, once or

twice a month one of the instructors should choose one day of the week to inspect the department and

waste collectors of the unit: both the ones on the “factory floor” and those in the area of temporary

storage. And, thus, they try to detect any waste, for example, cardboard that could have been reused or

disposal of large quantities of fiberglass, open containers, and so on. In order to perform the audit, the

“Dojo” instructor should have at hand a checklist that will be with him/her at each audit. Completed

the verification, the instructor counts the non-conformities and elaborates charts that can and should be

used during the qualification. At the moment of the audit, new pictures can be taken to update the

panel.

Occasionally, the Company can promote: seeks of environment and water; ecological tours;

contests and whatever deemed necessary. The development and establishment of an information panel

that includes the results obtained with the qualifications, plus any other information of environmental

nature, must be considered by the factory.

Considering that EE should be a continuous process of learning, it is important that the

Company studied develop and maintain, regularly, the actions presented herein, so that the results are

effectively achieved.

5 Conclusions

Using open molding to manufacture FRP composites is the main source of solid waste

generation in the plant studied. It is responsible for great losses of raw material that generate both

environmental and economic losses. Situations like the one diagnosed in this research cause

governments, markets and society to press companies to make their production processes

cleaner. Thus, companies that want to improve their image, reach new markets and meet the standards

and laws have incorporated the environmental issue more effectively. Accordingly, it is important that

not only the factory studied, but also other companies that adopt “dirty” processes search for ways to

promote waste reduction. An alternative is the adoption of cleaner and more modern

technologies. Industries must balways looking for alternatives aiming to reduce their impacts on the

environment. The process of preventing pollution should be continuous and improved every day.

Besides the use of technologies, there is the possibility of pedagogical actions of

Environmental Education, an important tool for awareness towards waste reduction, since it is

common to find in the industrial sector the waste of material by the employees. The lack of operational

training together with the lack of environmental awareness contributes to the generation of waste. In

the factory studied, this could be proven by the observation of premature disposal of materials;

carelessness in the handling, or the excessive use. Waste elevates the amount of scrap as well as the

costs of its management and also the costs of acquiring new materials, whose production process

implies new environmental impacts. The waste must be combated. For this, it is recommended that

information of environmental character related to waste be conveyed to the employees, and the most

efficient way of doing this is through Environmental Education.

The factory studied, like many other companies, does not use Environmental Education

Programs. Although the inclusion of this tool in business organizations is recent, it is essential for the

success of any environmental program that a company adopts. Employees need to be aware and

sensitive that the waste generated by them, many of them going to landfills, will remain there for

many years - a harmful and not welcome "heritage" for future generations. Employees aware of those

issues, in addition to contributing to the improvement of environmental quality in their workplace,

have also great chances to extend this learning to their home environment.

There are not many studies involving the issue of waste generation by business organizations.

Industries tend to adopt a protectionist policy with regard to their production processes and

environmental impacts. Because of this, this research was developed. We hope that other studies like

this are carried out, and especially that they help encourage businessmen implement more effective

environmental measures.

Thanks

To the Company studied; to Fundação de Apoio a Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de

Santa Catarina (FAPESC) and to Universidade da Região de Joinville.

References

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Apêndice J – Artigo científico submetido á Revista Gestão e Produção (UFSCar): “Gerenciamento dos resíduos sólidos em indústria automobilística: uma contribuição para melhorias”.

Gerenciamento dos resíduos sólidos em indústria automobilística: uma contribuição para

melhorias

Cíntia Madureira Orth I; Nelma Baldin II; Cladir Teresinha Zanotelli III

I Programa de Mestrado em Saúde e Meio Ambiente, Universidade da Região de Joinville – Univille, Campus Universitário, s/n.º, Caixa Postal 246, Bom Retiro, CEP 89201-972, Joinville, SC, Brasil. E-mail: [email protected]. II Programa de Mestrado em Saúde e Meio Ambiente, Universidade da Região de Joinville – Univille. E-mail: [email protected] III Universidade Federal do Mato Grosso - UFMT. Rua das Hortênsias, 1831, Centro, CEP 78550-000, Sinop, MT, Brasil. E-mail: [email protected] Resumo As indústrias vêm sendo pressionadas a gerir de forma mais eficiente e segura os seus resíduos. Muitas o fazem por meio de Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) que englobam diversos procedimentos. Sendo assim, este estudo consiste em um diagnóstico da gestão de resíduos sólidos em uma indústria automobilística, visando à apresentação de ações para melhorias. O trabalho se deu por meio de observações in loco, registros fotográficos, cálculos e consultas aos arquivos da Empresa estudada. Constatou-se que os sistemas de segregação, acondicionamento e armazenagem apresentavam problemas que comprometiam a separação e destinação correta dos resíduos. Foram apresentadas propostas e ações com vistas à melhorias com base nas normas e legislações vigentes envolvendo, principalmente: a adequação; organização e segurança desses sistemas, além, ainda, de atividades de Educação Ambiental. Considerou-se que a Empresa precisa elaborar e implantar um PGRS completo, eficiente e seguro, uma vez ser esta uma exigência legal, do mercado e da sociedade.

Palavras-chave: gerenciamento de resíduos sólidos; educação ambiental; diagnóstico ambiental; coleta seletiva.

Management of solid waste in automobile industry: a contribution to improvements Abstract Industries have been pressed to manage their waste in a more efficient and safer way. They often do it by means of Solid Waste Management Plans (SWMP), which encompass several procedures. Therefore, this study consists of a diagnosis of the waste management in an automobile industry, aiming to present improvement actions. The work was carried out through in loco observations, pictures, calculations and consultation of the records of the company studied. It was found that the segregation, packaging and storage systems presented problems that jeopardized the proper separation and destination of the waste. Improvement proposals and actions were presented based on the norms and laws in effect involving, especially: adequacy; organization and safety of those systems, besides Environmental Education activities. It was deemed that the Company needs to elaborate and implement a complete, efficient and safe SWMP, since that is a legal requirement of the market and society. Keywords: solid waste management; environmental education; environmental diagnosis; selective collection.

1 Introdução

A sociedade, o governo e o mercado vêm pressionando, cada vez mais o setor industrial a

gerenciar seus resíduos de forma mais eficiente e segura. Diante disto, muitas empresas se vêem

obrigadas a dispor de Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), um documento que

integra os Sistemas de Gestão Ambiental e se baseia no princípio da não geração e minimização de

resíduos, além de apontar e descrever ações de minimização, segregação, acondicionamento, coleta,

transporte, armazenagem, tratamento, destinação final, Educação Ambiental e outros (MEDEIROS,

2002). Conforme Alberoni et al. (2002), a implantação de um PGRS deve ser precedida de um

diagnóstico que apresente dados e informações sobre a quantidade dos resíduos gerados, a

caracterização e os sistemas de destinação.

Judicialmente, as indústrias são responsáveis por seus resíduos desde a sua geração até a sua

destinação ou disposição final. Segundo Alberoni et al. (2002), o produtor de resíduos tem a

responsabilidade de adotar práticas de manejo que impeçam a contaminação do meio ambiente. Diante

disto, a implantação de planos de gerenciamento de resíduos é uma exigência em muitos Estados

brasileiros. “Os responsáveis pela geração de resíduos sólidos ficam obrigados a elaborar o Plano de

Gerenciamento de Resíduos Sólidos” (SANTA CATARINA, 2005, p.5).

Dentre os vários procedimentos que integram um PGRS, a segregação consiste na separação

de resíduos com o objetivo de evitar a mistura de resíduos incompatíveis, de preservar a qualidade dos

resíduos com potencial de reutilização, recuperação e reciclagem, e diminuir o volume de resíduos a

serem tratados ou dispostos de forma adequada (Alberoni et al. 2002). Este é um dos aspectos mais

importantes do gerenciamento de resíduos. Quanto ao acondicionamento e armazenagem temporária

de resíduos, essas ações devem ser executadas de maneira tal que sejam minimizados os riscos de

danos ambientais, devendo estar em conformidade com o estabelecido nas normas e legislações

vigentes.

Outro procedimento que garante a eficiência de um PGRS se refere aos Programas de

Educação Ambiental, considerado, esse recurso, como o “alicerce” das políticas ambientais. A

Educação Ambiental é uma “práxis educativa e social que tem por finalidade a construção de valores,

conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade da vida e a atuação

lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente” (LOUREIRO, 2002, p. 69).

Ainda, contribui para a tentativa de implementação de um padrão distinto do vigente, pautado numa

nova ética da relação sociedade-natureza.

Embora a Educação Ambiental esteja mais fortemente presente nas instituições de ensino, esta

vem se desenvolvendo de forma abrangente nas organizações empresariais. A Lei nº 9.795 de 27 de

abril de 1999 que dispõe sobre a Educação Ambiental e institui a Política Nacional de Educação

Ambiental determina que as empresas, as entidades de classe e as instituições públicas e privadas

devem “promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao

controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo

no meio ambiente;” (BRASIL, 1999, p.1).

Um exemplo de bons resultados da inserção da Educação Ambiental nas empresas são os

obtidos por uma indústria automobilística do Estado do Paraná, Brasil. De acordo com Coutinho et al.

(2009, p. 13-14), após a implantação do método de conscientização, denominado “Dojo Ambiental’,

criado em 2006 e aplicado até os dias de hoje na indústria em questão, houve um decréscimo dos

índices de “não conformidades ambientais”. No primeiro semestre, antes da capacitação, foram

registradas, pela empresa, 54 “não conformidades resíduos”. Um semestre após a capacitação, os

números caíram para 31, e um ano após o início, foram registradas apenas 10 não conformidades.

Considerando-se o exposto, o presente estudo tem como objetivo discutir acerca do

diagnóstico do atual gerenciamento dos resíduos sólidos em uma unidade fabril de uma indústria

automobilística, com sede em Joinville, Santa Catarina (Brasil), visando à apresentação de ações para

melhorias.

2 Metodologia

O estudo está embasado numa abordagem transversal e observacional desenvolvido por meio

das metodologias quantitativa e qualitativa. Os complexos industriais da Empresa estudada abrangem

uma área total de 1.000.000m2 distribuídos em três unidades, uma matriz e duas unidades de plásticos:

uma localizada no município de Joinville e outra em Rio Negrinho, ambas no Estado de Santa

Catarina. A pesquisa foi realizada somente na unidade de plásticos de Joinville. A unidade possui uma

área de 105.251,30m2, conta com 178 funcionários e tem como atividade a produção de peças plásticas

em Acrilonitrila Butadieno Estireno (ABS), Polipropileno (PP) e Plástico Reforçado com Fibra de

Vidro (PRFV). A coleta, registro e análise de dados se deu de janeiro à junho de 2009.

O estudo do gerenciamento dos resíduos envolveu, principalmente, os seguintes aspectos:

segregação; acondicionamento; armazenagem temporária; coleta; transporte e destinação final.

Ocorreu por meio de observações in loco, registros fotográficos e de consultas aos arquivos da

Empresa. Nesta etapa, foi possível identificar o “tratamento” que a Empresa dá a seus resíduos, ou

seja, se adota alguma medida de redução, reutilização, coleta seletiva, reciclagem, recuperação,

tratamento e disposição final em locais apropriados. Verificou-se, também, se os procedimentos de

gerenciamento da Empresa estudada estão de acordo com as normas e legislações aplicáveis. Ainda,

observou-se, registrou-se e analisou-se o comportamento dos funcionários quanto ao destino dado, por

eles, aos resíduos que geram no processo produtivo.

Os cálculos da quantidade de resíduos gerados pela unidade foram feitos considerando seus

principais destinos finais. Os dados referentes aos resíduos Classes I e II foram coletados a partir dos

Certificados de Disposição Final emitidos pela Central de Tratamento de Resíduos Industriais de

Joinville (CTRIJ) à unidade fabril. Já os dados referentes aos resíduos devolvidos ou vendidos foram

calculados com base nas notas fiscais emitidas pela Empresa estudada. O período analisado nesta etapa

foi de abril de 2008 à abril de 2009.

Ao término do diagnóstico foram apontadas, com base nos resultados obtidos e na revisão da

literatura, algumas ações que poderão ser implantadas pela unidade estudada no sentido de esta

promover a otimização do seu atual sistema de gestão de resíduos.

3 Resultados e discussões

A unidade de plásticos de Joinville produz cerca de 17.000 peças plásticas por mês, em 4.000

modelos diferentes e trabalha com dois tipos de processos produtivos: Moldagem e Acabamento em

ABS e PP e Moldagem e Acabamento em PRFV. Com este sistema, gera grande volume de resíduos.

Em se tratando da gestão desses resíduos, a segregação, o acondicionamento e a armazenagem

se dão, basicamente, na área de armazenagem temporária localizada no pátio da unidade. Segundo

Alberoni et al. (2002), a armazenagem temporária de resíduos pode ser tanto em uma área da empresa

quanto em área externa autorizada pelo órgão de controle ambiental, desde que, em ambos os casos,

atendam-se ao que dispõem as Normas quanto às condições básicas de segurança.

3.1 Segregação

Embora a unidade pratique a “coleta seletiva”, problemas como “mistura” de resíduos

incompatíveis e outros mais foram diagnosticados. Quanto aos critérios de seleção adotados,

constatou-se que os resíduos são separados, basicamente, em função do seu valor comercial, ou seja,

se o material pode ser vendido ou devolvido, ele é separado e armazenado até atingir um volume

considerável para a venda ou devolução. Esse fenômeno também foi constato por Guaresi (2004) em

um estudo com argumento semelhante.

Alguns resíduos da unidade são extremamente volumosos, o que representaria a presença de

grandes coletores em determinados setores. Sendo assim, alguns desses resíduos, no momento em que

são gerados, são colocados sobre pallets ou “aramados” e conduzidos por empilhadeiras à área de

armazenagem temporária. É lá que ocorre a sua seleção. Em relação aos resíduos menos volumosos,

embora recipientes diferenciados para a sua coleta possam ser encontrados em vários pontos da

unidade, em alguns setores, como no de PRFV, eles não existem, foram removidos por terem sido

julgados “desnecessários” devido às pequenas quantidades desse tipo de resíduo produzidos no setor.

Na Figura 1 observam-se duas caçambas de resíduos dispostas lado a lado no pátio de

armazenagem temporária, uma destinada à coleta de resíduos Classe I e outra destinada aos resíduos

Classe II.

Figura 1. Caçambas de resíduos Classe I e Classe II na área de armazenagem temporária. (junho de 2009).

Nota-se que a falta de identificação nas caçambas faz com que resíduos Classes I e II sejam

acondicionados juntos, impossibilitando a distinção entre os coletores. Observa-se, ainda, a presença

de recicláveis que deveriam ter sido dispostos em locais destinados aos resíduos vendidos para este

fim.

A Figura 2 mostra o interior da caçamba de recicláveis comuns onde é possível observar a

presença indevida de Equipamentos de Proteção Individual (uniformes usados). Observa-se, também,

que papel e plástico são acondicionados no mesmo recipiente. Seria importante que a unidade

promovesse a sua separação conforme determinado na resolução CONAMA 275/2001.

Há pouco tempo atrás os uniformes descartados, na Empresa, eram destinados à CTRIJ.

Atualmente, a unidade fabril busca destiná-los à recuperação, possibilitando, assim, a reutilização por

seus colaboradores. Embora esta seja uma medida que demonstre que a Empresa tem buscado a prática

de condutas ambientais, a separação incorreta desses uniformes pode impossibilitar a sua reutilização.

Figura 2. Uniformes dispostos na caçamba de recicláveis comuns (abril de 2009).

A “mistura” de resíduos incompatíveis diagnosticada na unidade estudada compromete seu

sistema de destinação final e aumenta a quantidade de resíduos dispostos no aterro, o que contribui

para acelerar o fim de sua vida útil. A segregação correta de resíduos, já na instituição geradora, é

fundamental para a eficiência de seu gerenciamento e “tem como finalidade evitar a mistura de

resíduos incompatíveis, visando garantir a possibilidade de reutilização, reciclagem e a segurança no

manuseio, além de reduzir o volume de resíduos a serem tratados ou dispostos de forma controlada”

(MEDEIROS, 2002, p.3; TOCCHETTO, 2005). Quando um resíduo reciclável, recuperável ou

reutilizável não é destinado a esses fins, todos os benefícios ambientais em torno dessas medidas são

anulados e, novos materiais, cujo processo de produção é mais impactante que a reutilização ou a

reciclagem, são requisitados e produzidos.

Quanto aos prejuízos econômicos, a disposição de recicláveis e reutilizáveis nos coletores que

seguem para a CTRIJ implica em maiores gastos com transporte e disposição final. Além disso,

resíduos que poderiam ser devolvidos ou vendidos, o que representaria uma fonte de economia ou

receita adicional para a unidade estudada, acabam não tendo esse destino. “Reciclar os excedentes

industriais é um ótimo negócio e um mercado em expansão” (FIESP, 2003, p.23). Ressalta-se que,

atualmente, os gastos da unidade estudada com a disposição de resíduos estão, aproximadamente,

entre R$ 200,00 e R$ 400,00 a tonelada. A presença de recicláveis e outros, nesses coletores, eleva os

gastos mensais com essa disposição.

Outro problema diagnosticado e relacionado à separação incorreta de resíduos refere-se ao

acondicionamento de resíduos Classes I e II. Uma caçamba de resíduos Classe II que contenha,

mesmo que em pequenas quantidades, resíduos Classe I, no momento de sua disposição final será

caracterizada como resíduo perigoso. É esta a determinação da ABNT NBR 11174 (1990, p.2):

“resíduos Classe II não devem ser armazenados juntamente com resíduos Classe I, em face de a

possibilidade da mistura resultante ser caracterizada como resíduo perigoso”. Quando não é possível a

identificação da presença de resíduos Classe I numa caçamba Classe II, resíduos perigosos podem

acabar sendo dispostos, erroneamente, em células Classe II, e isto sem nenhum tipo de tratamento

prévio que diminua seu potencial contaminante. Quanto aos prejuízos econômicos, essa “mistura”

eleva os custos de disposição final, uma vez que a Empresa poderá estar pagando para dispor resíduos

Classe II em células Classe I, cujo custo de disposição é duas vezes maior. Ainda, a “mistura” de

resíduos incompatíveis pode representar riscos, tais como: geração de calor; fogo ou explosão; geração

de gases tóxicos ou inflamáveis; solubilização de substâncias tóxicas, dentre outros (MEDEIROS,

2002).

Os problemas de segregação diagnosticados na unidade estudada se devem, em parte, às falhas

na orientação, estímulo e cobrança aos funcionários. Ao que tudo indica, os funcionários não são

devidamente orientados, estimulados e cobrados. Informações de caráter ambiental podem ser

repassadas aos mesmos por meio de Programas de Educação Ambiental que envolvam

experimentações, ações pedagógicas, palestras, oficinas, e outros, uma vez que foi constatado que a

unidade estudada não desenvolve atividades de Educação Ambiental junto aos funcionários. O

conhecimento dos prejuízos e benefícios ambientais em torno da coleta seletiva poderia sensibilizá-los

à prática da separação correta de resíduos e, assim, contribuir para a otimização do atual sistema de

gestão de resíduos. Todos os funcionários da Empresa devem ser conscientizados dos efeitos

ambientais de suas atividades, produtos e serviços (VILHENA; POLITI, 2005).

Outro fator que contribui de maneira significativa para a segregação correta de resíduos diz

respeito à adequação, identificação e organização dos recipientes da coleta seletiva e/ou da área de

acondicionamento e armazenagem temporária de resíduos. No que se refere ao sistema de

identificação, constatou-se, nesta pesquisa, que na área de armazenagem temporária, onde basicamente

ocorre a separação dos resíduos da unidade, a Empresa não adota as cores de identificação de resíduos

padronizadas pela Resolução CONAMA 275 de 2001. Constatou-se, ainda, o posicionamento

incorreto das placas de identificação e dos coletores em si (Figura 3).

Figura 3. Posicionamento dos coletores e placas destinadas aos resíduos Classe I e Classe II: a) coletor Classe II ao lado do coletor Classe I; b) coletor e área de segregação de resíduos Classe II (abril de 2009).

A caçamba de resíduos Classe II que consta na Figura 3 (a) está lado a lado da caçamba de

resíduos Classe I e a uma distância de 10 metros do local de segregação e acondicionamento de

resíduos Classe II mostrado na Figura 3 (b). Na Figura 3 (a) observa-se uma placa indicativa de

resíduos Classe I referindo-se, “teoricamente”, às duas caçambas. Não há nenhuma placa de

identificação de resíduos presa a qualquer um dos coletores, embora o recomendável seja que o

resíduo, no local de armazenamento, deva estar devidamente identificado, constando em local visível a

sua classificação (ABNT, 1990). A identificação dos resíduos garante a segregação realizada nos

locais de geração e deve estar presente nas embalagens, caçambas, contêineres e nos locais de

armazenamento (MEDEIROS, 2002). Além disso, os três coletores apresentam uma cor única, embora

o CONAMA recomende o uso de cores diferenciadas e específicas para cada grupo de resíduos. “Fica

recomendada a adoção de referido código de cores para programas de coleta seletiva estabelecidos

pela iniciativa privada, cooperativas, escolas, igrejas, organizações não-governamentais e demais

entidades interessadas” (CONAMA, 2001, p.1). Problemas semelhantes se repetem na identificação e

segregação de outros grupos de resíduos da unidade.

O que também poderia melhorar a coleta seletiva é a designação de um ou mais funcionários

da unidade para cuidar de suas questões ambientais: educando; monitorando; estimulando; orientando;

cobrando e fiscalizando a prática das medidas ambientais adotadas pela unidade. Neste sentido,

constatou-se, na Empresa estudada, que não há nenhum tipo de cobrança e fiscalização referente à

segregação de resíduos, que é um dos pontos “chave” para um gerenciamento eficiente. Entretanto,

para que ela funcione corretamente há que haver fiscalização e o comprometimento de todos os

envolvidos. Mas, mais que tudo, a conscientização deve ser a “pedra de toque” de todo o quadro

funcional, desde a diretoria até o “chão de fábrica”.

3.2 Acondicionamento e armazenagem temporária

O sistema de acondicionamento adotado na unidade inclui: caçambas; bombonas; tanque;

caixas de papelão e à granel. As caçambas são fornecidas pela empresa responsável pelo transporte ou

pela compra de resíduos e são recipientes resistentes, duráveis, portáteis e adequados ao transporte.

Quanto à armazenagem à granel, os resíduos armazenados, em geral embalagens contaminadas com

produtos perigosos, ficam dispostos sobre pallets, “aramados” ou diretamente sobre o solo. Conforme

a ABNT, o acondicionamento e armazenagem temporária de resíduos pode ser realizado em

contêineres, caçambas, tambores, tanques e/ou a granel, desde que sejam tomadas todas as

providências para que possam ser minimizados os riscos de danos ambientais e que não ocorra

alteração na sua classificação (ABNT, 1992 e 1990). Entretanto, alguns problemas de segurança foram

diagnosticados junto à Empresa estudada.

Em relação à área de armazenagem temporária (Figuras 4), esta se encontra “dividida” em

duas regiões: uma destinada aos resíduos que seguem para CTRIJ (parte inferior) e outra destinada aos

resíduos vendidos ou devolvidos (parte superior). A ausência de impermeabilização do solo, de

cobertura e de sistema de drenagem ou contenção de águas pluviais, líquidos percolados ou

derramamentos acidentais tornam esta área inadequada para a armazenagem temporária de resíduos. A

única cobertura trata-se de uma lona cobrindo a caçamba de recicláveis comuns e, ainda assim,

fornecida pela empresa compradora desses resíduos. Todos os meios de acondicionamento ficam

dispostos nesta área problemática. Conforme a ABNT (1992, p.2), os resíduos devem ser

armazenados, preferencialmente, em áreas cobertas, ventiladas, e os “recipientes colocados sobre base

de concreto ou outro material que impeça a lixiviação e percolação de substâncias para o solo e águas

subterrâneas”. O armazenamento à granel de resíduos sólidos perigosos deve ser feito em construções

fechadas e devidamente impermeabilizadas. O armazenamento de resíduos em montes pode ser feito

dentro de edificações ou fora delas desde que com cobertura adequada e sobre uma base devidamente

impermeabilizada.

Outro problema referente ao acondicionamento e armazenagem detectado na unidade refere-se

às embalagens contaminadas com restos de produtos perigosos que, freqüentemente, podem ser

encontradas semi ou totalmente abertas (Figura 5).

Figura 4. Área de acondicionamento e armazenagem temporária de resíduos (junho de 2009): a) região inferior (resíduos que seguem para aterros); b) região superior (resíduos vendidos ou devolvidos).

Conforme determinado pela unidade, o thinner deve ser acondicionado em bombonas plásticas

com tampas colocadas sobre pallets. Entretanto, há funcionários que o armazenam em baldes (Figura

5) que também podem ser encontrados abertos (Figuras 5e; 5f). Lembrando que quando não há

impermeabilização, cobertura e nenhum outro sistema de segurança, a ocorrência de chuvas constantes

ou de acidentes pode resultar no derramamento desses líquidos e numa conseqüente contaminação do

solo. O mesmo se repete com outros resíduos Classe I, inclusive com embalagens contendo restos de

produtos perigosos não utilizados até o final (Figura 5b).

Os sistemas de identificação, já anteriormente discutidos, de isolamento e de segurança são

deficientes na unidade estudada. Qualquer pessoa que esteja dentro da Empresa tem livre acesso aos

seus resíduos. Resíduos perigosos ficam armazenados próximos à cerca que delimita a área da

Empresa (Figura 4), o que facilita a visibilidade e o acesso de estranhos. Conforme determinado, o

local de armazenamento deve possuir um sistema de isolamento que impeça o acesso de pessoas

estranhas e de sinalização de segurança que identifique a instalação para os riscos de acesso ao local e

áreas definidas, além da identificação dos resíduos ali armazenados (ABNT, 1992; ABNT, 1990).

Figura 5. Disposição de embalagens de produtos perigosos no pátio de armazenagem temporária: a) bombona aberta de catalisador; b) bombona de catalisador com restos do produto; c) baldes de produtos perigosos abertos ou semi-abertos; d) tambores de resina em contato direto com o solo; e-f) baldes abertos contendo restos de produtos perigosos (março e abril de 2009).

As placas encontradas na área são inadequadas, pequenas e confusas, além de não estarem

presas ao solo para a definição de áreas de armazenagem, e nem aos coletores, o que facilita quedas e

deslocamentos. Para esses casos, a ABNT determina que os contêineres, caçambas, áreas de

segregação, enfim, tudo deve estar devidamente identificado, constando em local visível sua

classificação, de modo a possibilitar uma rápida identificação dos resíduos armazenados (ABNT, 1990

e 1992). As placas de identificação de Classes I e II não trazem, respectivamente, as necessárias

descrições: “resíduos perigosos” e “resíduos não perigosos”, o que poderia facilitar a sua interpretação

e, conseqüentemente, a separação correta desses resíduos uma vez que os funcionários já estão

familiarizados com os rótulos de segurança presentes em alguns produtos. É importante que as placas

sejam de fácil leitura e entendimento e que estejam, preferencialmente, presas aos recipientes para não

gerar dúvidas no momento da segregação.

Conforme relatado, em alguns setores da fábrica e na área de acondicionamento e

armazenagem, a Empresa estudada não adota o código de cores da coleta seletiva estabelecido pelo

CONAMA. É importante que a Empresa passe a adotar tal código nestes locais, o que facilitaria a

separação dos resíduos por parte dos funcionários. A presença, no “chão de fábrica” e em outros

setores da unidade de recipientes nas cores da coleta seletiva e a ausência desse código na área de

armazenagem temporária não se justifica, podendo gerar confusão no momento da separação dos

resíduos pelos funcionários. Ao se implantar um programa de coleta seletiva, este deve ser estendido a

todo o estabelecimento. Além disso, a Empresa deve promover atividades de Educação Ambiental que

englobem a coleta em si e o seu sistema de identificação, orientando e tirando dúvidas de seus

funcionários, o que não ocorreu na unidade estudada.

Constatou-se que também são deficientes os sistemas de controle de operação e

monitoramento dessa área. Não existe nenhum funcionário devidamente qualificado e treinado que

seja responsável pela sua operação e manutenção, embora as NBRs determinem que a presença e a

capacitação do operador de uma área de segregação, acondicionamento e armazenagem é primordial e

os responsáveis devem fornecer treinamento adequado a esse operador (ABNT, 1990; ABNT, 1992).

Os problemas relatados referentes ao acondicionamento e armazenagem temporária podem

comprometer o sistema de destinação final de resíduos adotado pela unidade, podendo implicar em

prejuízos ambientais e econômicos e, ainda, em riscos para o trabalhador. A falta de um PGRS, de um

Programa de Educação Ambiental e de um SGA tem relação com todos os problemas diagnosticados.

É preciso que a unidade busque meios de incorporar com mais eficiência as questões ambientais em

suas rotinas de trabalho, uma vez que uma empresa ambientalmente correta melhora a sua imagem no

mercado, atinge novos consumidores, garante o atendimento às regulamentações e não fica suscetível

a eventuais processos de Responsabilidade Civil (FARIAS, 2003). As empresas precisam adotar

atividades administrativas e operacionais que abordem os problemas ambientais decorrentes da sua

atuação ou que impeçam que eles ocorram no futuro (BARBIERI, 2007).

3.3 Coleta e transporte

O transporte interno dos resíduos é feito com o uso de empilhadeiras ou pelos próprios

funcionários. Já a coleta e transporte externos são terceirizados. Durante o tempo de coleta de dados

não foi diagnosticada nenhuma irregularidade no que se refere ao transporte de resíduos. É sabido que

o transporte por meio terrestre de resíduos, em especial, os perigosos, deve obedecer ao determinado

nas normas e legislações aplicáveis. Conforme constatado e relatado pelos representantes das empresas

transportadoras, ambas atendem a todas as normas e exigências legais. Contam com mão-de-obra

especializada e com equipamentos específicos para o acondicionamento e transporte de resíduos, além

de uma frota de veículos adequada e segura. Entretanto, seria importante que a unidade fabril

fiscalizasse tais serviços uma vez que a responsabilidade administrativa, civil e penal nos casos de

acidentes ocorridos durante o transporte de resíduos sólidos recai tanto sobre a empresa terceirizada

contratada para o serviço, quanto sobre o estabelecimento gerador do resíduo (SANTA CATARINA,

2005).

3.4. Sistema de destinação final

O sistema de destinação dos resíduos sólidos gerados na unidade inclui: venda para

reciclagem; devolução para reutilização e disposição em aterros industriais. A venda, devolução ou

disposição não segue nenhum tipo de cronograma e se dá em função do acúmulo de resíduos na área

de armazenagem temporária, fato também constatado por Guaresi (2004) em uma indústria de tintas e

solventes, onde efetuou seus estudos. Sendo assim, resíduos gerados em um mês podem seguir para

seus destinos finais um ou dois meses depois de gerados. E, resíduos como baldes, tambores,

bombonas, latas, papelão, plástico e outros, sempre que possível, são reutilizados pela própria unidade

ou por outra unidade do grupo. A Tabela 1 apresenta a quantidade de resíduos gerenciados

mensalmente.

Tabela 1. Quantidade (toneladas) de resíduos recicláveis ou reutilizáveis e de resíduos depositados em aterros pela unidade estudada.

MÊS / RECICLÁVEIS/REUTILIZÁVEIS DISPOSTOS NA CTRIJ

ANO Devolvidos 1 Vendidos 2 Classe I 3 Classe II 4 TOTAL

abr/08 138,24 4,52 2,81 35,30 180,87

mai/08 64,79 3,00 2,71 24,15 94,65

jun/08 81,38 5,02 3,07 29,32 118,79

jul/08 76,60 9,91 6,99 32,02 125,52

ago/08 103,56 4,73 5,12 29,20 142,61

set/08 75,78 6,84 4,49 26,29 113,39

out/08 48,85 5,92 7,67 24,19 86,63

nov/08 76,19 3,36 4,01 15,77 99,33

dez/08 50,24 5,16 1,84 19,04 76,28

jan/09 64,55 3,55 2,82 8,45 79,37

fev/09 34,54 2,86 1,78 6,00 45,18

mar/09 43,11 4,62 - 29,00 76,73

abr/09 30,14 4,18 1,75 2,70 38,77

Total do período 887,95 63,66 45,06 281,43 1.278,09 Média mensal (%) 75% 25%

1 Bombonas de solução, toalhas industriais, rebarbas de ABS e PP; 2 Latas, tambores, baldes, bombonas, sucata de ABS e PP, papelão e plástico; 3 Sólidos contaminados com produtos perigosos; 4 Em sua maioria: aparas de PRFV, plástico e papelão contaminados e “pó” de plástico de ABS e PP.

A unidade fabril estudada, no período analisado “produziu” um total de 1.278,09 toneladas de

resíduos sólidos. Durante todo o período, a maior parte dos resíduos gerados teve como destino final

os processos de reciclagem ou reutilização, cuja quantidade média mensal vendida ou devolvida para

estes fins foi de 75% (951,61 toneladas), seguida pela disposição em aterros de resíduos Classe II

(21%) e de resíduos Classe I (4%). Do total de resíduos dispostos em aterros, 86% (281,43 ton.)

corresponde a resíduos Classe II. Isto se deve à grande quantidade de aparas de PRFV, de plástico e

papelão contaminados com essas aparas e de “pó” de ABS e PP provenientes do rebarbamento.

Entretanto, embora a unidade estudada recicle 75% de seus resíduos, este número poderia ser

maior uma vez que a unidade não promove nenhuma medida significativa de redução na fonte ou de

reciclagem de alguns de seus resíduos mais representativos, caso das aparas de PRFV, do papelão e

plástico contaminados e do “pó” de ABS e PP. Alia-se a isto a “mistura” de resíduos incompatíveis

diagnosticada. A título de comparação, sublinha-se, aqui, que no Brasil unidades fabris de outras

empresas do ramo automobilístico já reciclam 97% dos resíduos que geram (FORD, 2008; GM 2010;

VW, 2010). Para uma delas, por exemplo, a receita do sucesso do programa de reciclagem deve-se,

sobretudo, a um importante trabalho de conscientização ambiental realizado junto aos funcionários

dentro das unidades (GM, 2010). Já outra relata que o seu PGRS ajudou a empresa a reduzir em até

quatro vezes seu passivo ambiental (MARCOPOLO, 2010).

Segundo a FIESP (2003), não há dados precisos da geração e destinação de excedentes sólidos

industriais no Brasil, as estatísticas ainda são insuficientes, o que impossibilita comparativos. No caso

da unidade estudada acredita-se que o percentual de 14% de resíduos perigosos possa ser reduzido

com a adoção de metodologias de capacitação e sensibilização dos funcionários, uma vez que a

maioria desses resíduos se constitui de sólidos contaminados, sendo que grande parte pode ser

destinada à reciclagem. Ocorre que a disposição de resíduos não perigosos, em especial de recicláveis

na caçamba de resíduos Classe I, aliados à desorganização da área de armazenagem podem estar

contribuindo para este alto percentual de resíduos perigosos acumulados na unidade estudada.

Conforme diagnosticado durante a realização do estudo, o sistema de destinação final de

resíduos está em conformidade com o recomendável, uma vez que, embora o presente diagnóstico

tenha levantado alguns problemas, a unidade tem buscado formas adequadas e viáveis para a

destinação de seus resíduos, priorizando a reutilização, reciclagem, recuperação, tratamento e/ou

disposição final em aterros industriais.

3.5 Ações de melhorias para a gestão de resíduos

A unidade estudada não dispõe de um PGRS. Sendo assim, a elaboração e implantação de um

plano de gestão de resíduos que apresente, dentre outros, ações de melhorias nos procedimentos já

existentes e implante os procedimentos faltantes, dentre eles um Programa de Educação Ambiental,

deve ser considerada pela administração.

Ao fazer uso de um PGRS a unidade estará contribuindo para a promoção da qualidade

ambiental, podendo melhorar a sua imagem no mercado, além de atender às normas e legislações

vigentes, uma vez que desde 2005 a Política Estadual de Resíduos Sólidos de Santa Catarina obriga o

setor industrial do Estado a elaborar um PGRS.

A inadequação da área de acondicionamento e armazenagem diagnosticada neste estudo, além

de representar riscos para o meio ambiente, compromete a segregação e, conseqüentemente, o sistema

de destinação final adotados pela unidade. Os funcionários, no momento de separar e acondicionar os

resíduos nesta área se vêem confusos diante da sua desorganização, principalmente, no que se refere

ao sistema de identificação, o que pode levá-los a separar os resíduos de forma incorreta. Uma área de

armazenagem temporária organizada facilita a segregação, o que pode contribuir para diminuir a

quantidade de resíduos disposta em aterros.

Recomenda-se que a unidade fabril tome providências no sentido de fazer com que esta área

atenda ao estabelecido nas normas ABNT NBR 12235/1992 e 11174/1990, principalmente quanto à

impermeabilização do solo, cobertura, sistema de drenagem ou contenção de águas pluviais, líquidos

percolados ou derramamentos acidentais, sistemas de controle e monitoramento e sistemas de

identificação e, de sinalização de segurança e de isolamento.

A Figura 6 mostra a área de armazenagem temporária de resíduos de uma indústria de tintas e

solventes. Este depósito foi construído após um diagnóstico onde Guaresi (2004) revelou problemas

semelhantes aos encontrados na unidade estudada. Na mesma Figura, observa-se a presença de

impermeabilização, cobertura e identificação de resíduos com o uso das cores da coleta seletiva. E,

segundo o autor acima citado, a área ainda conta com os demais procedimentos necessários às

condições básicas de segurança.

É importante que a unidade estudada, assim como todo e qualquer estabelecimento que

promova a coleta seletiva, faça uso do código de cores estabelecido pela Resolução CONAMA 275 de

25 de abril de 2001.

Figura 6. Depósito de resíduos de uma indústria de tintas e solventes. Fonte: Guaresi (2004, p. 71).

Em vista dos resultados obtidos com a pesquisa, decidiu-se propor um sistema de cores de

identificação a ser implantado na área de armazenagem temporária da unidade estudada (Quadro 1).

Quadro 1. Código de cores para a coleta seletiva dos resíduos gerados na unidade estudada conforme Resolução CONAMA 275 de 25 de abril de 2001.

Descrição dos resíduos Acondicionamento Cor

Resíduos Classe I 2 Caçamba estacionária (5 m³) Laranja

Resíduos Classe II Caçambões (até 35 m³) Cinza

Latas e baldes metálicos 1;2 À granel Amarelo

Baldes e bombonas plásticas 1;2 À granel Vermelho

Papel, papelão não contaminado 1 Caçambas ou à granel Azul

Plástico não contaminado 1 Caçambas ou à granel Vermelho

Tambores 1;2 À granel Amarelo

Thinner 1 Bombonas à granel Laranja

Orgânicos (cozinha e banheiros) Caçambas Marrom

Pallets (madeira) 1 À granel Preta 1 Podem ser armazenados como mostrado na Figura 10;

2 Por serem sólidos contaminados, a sinalização de segurança também deve estar presente.

Considerando o sistema de transporte adotado pela unidade, resíduos Classes I e II podem

continuar sendo acondicionados em caçambas desde que as cores sejam respeitadas e a área onde estas

se encontrem esteja de acordo com a normas aplicáveis. As bombonas que armazenam produtos

perigosos devem ser identificadas e etiquetadas conforme as normas, além de possuir uma sinalização

de segurança. Essas bombonas, que podem ser armazenadas à granel (cor laranja), devem ser

resistentes e estarem sempre tampadas, se possível, lacradas.

O sistema de acondicionamento sugerido neste estudo pode passar por adaptações conforme as

necessidades da unidade, principalmente, no que se refere à adequação ao meio de transporte, ao

volume e à destinação final desses resíduos, desde que sejam mantidas, de alguma forma, as cores da

coleta seletiva, a sinalização de segurança, a identificação por meio de placas e todas as normas de

segurança. As melhorias na área de armazenagem (impermeabilização, cobertura, contenção,

isolamento, identificação, etc.) também podem ser feitas de acordo com as necessidades das unidades.

Todos os setores da fábrica devem receber recipientes adequados, seguros e devidamente

identificados para a coleta seletiva de resíduos, mantendo sempre a sua padronização.

Dentre as ações de melhoria, a que representa menos custos, porém não menos eficiente, é a

Educação Ambiental. Barreto et al. (2008, p. 16) constataram que os empregados de uma indústria

petroquímica consideram como principais impactos das atividades desenvolvidas pelo Programa de

Educação Ambiental da empresa, “o conhecimento e a conscientização, especialmente por meio das

palestras, treinamentos, coleta seletiva”.

Existem diversas atividades de Educação Ambiental que podem ser executadas em ambientes

fabris. Entretanto, é importante que a periodicidade dessas atividades seja determinada de acordo com

a necessidade e disponibilidade dos funcionários e da empresa, de forma a não prejudicar a rotina de

trabalho. Ressalta-se que atividades de Educação Ambiental devem ocorrer mais de uma vez por ano.

Atividades uma vez por ano e durante poucas horas não oportunizam aos participantes o

aprofundamento e assimilação das questões ambientais, uma vez que para obter resultados “a

Educação Ambiental deve se realizar continuamente de modo a caracterizar uma aprendizagem

permanente, afirmando valores e ações que contribuam para a transformação humana e social e para a

preservação ecológica” (BARRETO et al., 2008, p.16).

Em se tratando da unidade fabril estudada, a exemplo de outras fábricas, a falta de

sensibilização ambiental favorece a “mistura” de resíduos. Neste sentido, os resultados da pesquisa

possibilitam a sugestão de algumas atividades que podem ser implantadas não só pela unidade

analisada, mas também por qualquer outra empresa que esteja interessada em inserir a Educação

Ambiental em sua rotina. As atividades propostas aqui devem ser ministradas por pessoas

devidamente qualificadas.

Embora as atividades de Educação Ambiental devam ser específicas para os problemas das

empresas, a inserção de outros temas como: Desenvolvimento Sustentável; Tecnologias Limpas;

Poluição; Cidadania e outros ampliam a visão dos empregados, podendo ter reflexos positivos no seu

comportamento dentro e fora da empresa (BARRETO et al., 2008). Esses temas adicionais podem ser

tratados por meio de palestras, dinâmicas, grupos de discussões, oficinas e outros, distribuídos ao

longo do ano. Recomenda-se que atividades como essas sejam bimestrais ou trimestrais, com duração

total de 9 a 12 horas por ano e estendidas a toda a fábrica. Quanto aos palestrantes, preferencialmente,

devem ser convidados de outras instituições, em especial, daquelas que atuem na área ambiental.

De forma a complementar a atividade anterior e, devido aos bons resultados alcançados pelo

treinamento “Dojo Ambiental” apresentado por Coutinho et al. (2009), como uma decorrência da

pesquisa aplicada propõe-se uma adaptação da capacitação “Dojo Ambiental” a ser desenvolvida na

unidade estudada.

O Dojo ocorre com o uso de um painel móvel (com rodas), o que permite que a capacitação

ocorra em qualquer lugar da fábrica, em geral, onde os problemas detectados ocorrem de fato. Assim,

haverá uma melhor visualização e uma melhor assimilação por parte dos funcionários sob capacitação.

Como o diagnóstico resultante da pesquisa constatou falhas no sistema de coleta seletiva, a

capacitação proposta refere-se unicamente a essa questão. Mas, ressalta-se que a Empresa possui

outros problemas relacionados à falta de práticas de Educação Ambiental. Assim sendo, outros temas e

dinâmicas podem ser trabalhados por meio do Dojo, desde que a capacitação não exceda três temas

diferentes, o que aumentaria o tempo de duração, tornando-o cansativo e comprometendo o

aprendizado e a rotina da fábrica.

As turmas de capacitação devem ser homogêneas quanto ao grau de escolaridade e área de

atuação na Empresa além de ter, no máximo, 20 pessoas. Assim, todos poderão participar das

dinâmicas (BARRETO et al. 2008; COUTINHO et al. 2009). Várias turmas poderão ser formadas

para que todos possam participar das atividades de capacitação.

O tempo de duração das atividades do Dojo é proporcional à quantidade de temas abordados,

podendo ser de 1 hora e 20 minutos para cada tema. A capacitação pode ser oferecida semestralmente.

Com essa periodicidade, os resultados alcançados foram bastante significativos nos locais onde o

método foi desenvolvido. É importante que o período de capacitação não se estenda por muitos dias.

Quanto ao formador, preferencialmente, deve ser um funcionário da Empresa e que seja

devidamente preparado, treinado e qualificado para desenvolver a atividade. É importante que o

formador tenha conhecimento sobre o meio ambiente e que atue diretamente com as questões

ambientais da Empresa. A necessidade de ser um funcionário se justifica pelo seu livre acesso às

dependências e documentação.

O painel deve conter pequenas amostras dos principais resíduos gerados na unidade e suas

origens e, ainda, pequenas lixeiras, nas cores e identificação adotadas pela Empresa (COUTINHO et

al., 2009). Daí a importância da implantação das melhorias no acondicionamento e armazenagem

recomendadas por este estudo. Uma foto da área de segregação, acondicionamento e armazenagem

onde é possível visualizar todos os recipientes e/ou locais de armazenagem também deve estar

presente no painel e facilitará a compreensão de todos.

A capacitação se inicia com a apresentação dos conceitos de coleta seletiva e do sistema de

gestão de resíduos adotado pela Empresa. A discussão desses assuntos pode ser feita com o uso de

imagens, fotografias, estatísticas, gráficos, e outros. Em seguida, dá-se início à dinâmica.

Primeiramente, apresentam-se os principais resíduos gerados na fábrica e suas quantidades médias

mensais e respectivas destinações finais (COUTINHO et al. (2009). Essa apresentação é feita por meio

de uma atividade que deverá ser de caráter agradável e onde os participantes tentam adivinhar as

quantidades e os destinos finais para cada resíduo.

Num segundo momento, Coutinho et al. ( 2009) recomendam, aos participantes, que se

reúnam em três grupos. Cada grupo recebe ímãs magnéticos com descrição dos processos de

tratamento ou destinação adotados pela Empresa. O grupo decide a qual amostra de resíduo o processo

descrito se refere, fixando-o junto à mostra. Por fim, o formador corrige as decisões e explica as

particularidades de cada processo de destinação final, bem como associa os volumes à quantidade de

produtos fabricados pela Empresa. O formador explica sobre a necessidade da separação dos resíduos

na fonte de geração, bem como toda a lógica da coleta seletiva. Após os detalhamentos, são

distribuídas pequenas amostras dos resíduos da Empresa para que os mesmos realizem, durante a

capacitação, a coleta seletiva usando as lixeiras presas ao painel. O formador faz as correções,

justificando-as. Para finalizar, realiza-se uma visita rápida ao local de trabalho da equipe, onde o

coordenador e/ou líder verificará a qualidade da coleta seletiva em seu setor. Essa visita é muito

produtiva e estimula nos funcionários à filosofia da melhoria contínua

Essa capacitação tem como objetivo estimular e sensibilizar os funcionários a promoverem a

separação correta dos resíduos, além de esclarecer as principais dúvidas sobre a separação e

identificação (cores da coleta seletiva), uma vez que alguns erros na segregação ocorrem devido à falta

de orientação e à confusão que alguns funcionários fazem. Por exemplo: como deve ser disposto um

papelão, geralmente reciclável, quando este estiver contaminado com óleo ou outro produto químico?

Ou, ainda: produtos perigosos como resinas, tintas, gel devem ter uma destinação diferente se

estiverem catalisados?

Com esta capacitação há a probabilidade de que os participantes venham a adquirir

conhecimento e sensibilidade para compreenderem que o que para eles representa um resíduo, para

outros pode ser matéria-prima, e que os benefícios ambientais e econômicos em torno desses

procedimentos são inúmeros. A partir dessa capacitação é de esperar-se que os funcionários passem a

separar corretamente os resíduos que geram e, assim, garantir que tenham o destino correto. E, ainda, é

de esperar-se que esses funcionários possam estender tal aprendizado ao seu ambiente domiciliar.

Após o término do processo de aplicação do “Dojo Ambiental”, Coutinho et al (2009)

recomendam que os participantes passem por uma auto-avaliação. Para tanto, como um resultado do

estudo aplicado, sugere-se que cada participante receba um questionário contendo de três a cinco

questões fechadas referentes aos assuntos tratados no Dojo. As respostas ajudarão a identificar os

pontos fracos do treinamento e, por conseguinte, melhorá-lo a cada nova aplicação.

Recomenda-se que seja feita, de forma simples e observacional, uma pequena auditoria

referente aos temas tratados no Dojo. Para tanto, os formadores devem, uma ou duas vezes no mês,

fiscalizar os coletores de resíduos e, assim, buscar detectar falhas e progressos. Quando da aplicação

da auditoria o formador do Dojo deve ter em mãos um checklist, o qual deverá acompanhá-lo a cada

sessão. Terminada a verificação, o formador do Dojo faz a contagem das conformidades e não

conformidades encontradas e elabora gráficos que podem e devem ser usados durante a capacitação.

No momento da auditoria, novas fotos podem ser feitas para a atualização do painel.

Eventualmente, a Empresa poderá, ainda, promover: Semanas do Meio Ambiente e da Água;

passeios ecológicos; gincanas e o que mais julgar necessário. A elaboração e fixação de um painel

informativo onde conste os resultados obtidos com as capacitações, além, ainda, de qualquer outra

informação de caráter ambiental, também deve ser considerada pela unidade praticante do “Dojo”.

4 Considerações finais

O setor industrial vem sendo pressionado a gerenciar de modo mais eficiente e seguro os seus

resíduos. Uma maneira de atender a essa exigência pode ser por meio da implantação de um PGRS.

Embora a unidade estudada adote algumas medidas ambientais, a fábrica, a exemplo de outras

empresas, não dispõe de um PGRS completo, seguro. Sendo assim, recomenda-se que a unidade

estudada e outras empresas que se encontrem na mesma situação, inclusive com problemas

semelhantes aos diagnosticados com a realização desta pesquisa, elaborem e implantem tais planos,

uma vez que esta é uma exigência legal.

Como os planos de gestão de resíduos priorizam a redução, recomenda-se que a unidade faça

um estudo envolvendo a redução de resíduos em sua fonte geradora, uma vez que as quantidades de

resíduos diagnosticadas foram bastante expressivas. Além disso, alguns de seus resíduos

encaminhados para aterros são passíveis de reciclagem, sendo assim, estudos sobre a reciclagem

desses resíduos também devem ser considerados pela unidade.

No que se refere à Educação Ambiental, esta é imprescindível para que a gestão de resíduos dê

resultados. Na unidade estudada, a “mistura” de resíduos é freqüente e intensa, comprometendo a sua

destinação. Isto se deve, principalmente, à falta de orientação, cobrança, fiscalização e Educação

Ambiental que leve à sensibilização e à conscientização. É importante ressaltar que para que um

Programa de Educação Ambiental que envolva a coleta seletiva dê resultados, os sistemas de

acondicionamento, as áreas de armazenagem temporária e o sistema de transporte e destinação final

devem ser seguros, organizados e em conformidade com as normas e legislações aplicáveis. Sendo

assim, a unidade precisa promover as melhorias recomendadas ao que se refere a esses sistemas.

Problemas como os diagnosticados pela pesquisa aqui em destaque se repetem em outras

empresas, uma vez que muitos empresários ainda pensam que a Educação Ambiental é uma obrigação

somente das instituições de ensino e/ou do poder público, embora estudos já tenham comprovado a

eficiência dessa ferramenta nesse setor. As atividades de Educação Ambiental propostas ao final da

execução desta pesquisa à unidade estudada podem ser usadas por outras empresas, qualquer que seja

a sua atividade, desde que feitas as devidas adaptações.

Os funcionários precisam ser sensibilizados quanto à separação correta dos resíduos.

Precisam ter conhecimento de que muitos dos resíduos gerados por eles, seja no trabalho, em casa ou

na rua, podem representar recursos e fonte de renda. Precisam ter consciência de que ao destinarem

um resíduo reciclável, reutilizável, recuperável ou tratável a um aterro, esses ficarão lá por muitos e

muitos anos - uma “herança” prejudicial e nada bem vinda para as gerações futuras, inclusive para

seus próprios descendentes. Funcionários com essa sensibilização, além de contribuírem para a

melhoria da qualidade ambiental no seu local de trabalho, têm grandes chances de estender esse

aprendizado ao seu ambiente familiar e vizinhanças.

Agradecimentos

Agradecimentos especiais à Empresa estudada, à Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e

Tecnológica do Estado de Santa Catarina – FAPESC e à Universidade da Região de Joinville –

Univille.

Referências bibliográficas ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 11174: Armazenamento de resíduos classes II – não inertes e III – inertes. Rio de Janeiro, 1990. ________. NBR 12235: Armazenamento de resíduos sólidos perigosos. Rio de Janeiro, 1992. ALBERONI, V. G.; NEVES, M.; QUELHAS, O. L. G.; BARROS, A. B. de. Gestão de Resíduos Industriais como facilitador da gestão do conhecimento e da otimização do processo produtivo. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 22, 2002, Curitiba. Anais eletrônico... Curitiba: ABEPRO-ENEGEP, 2002. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2002_TR104_1000.pdf>. Acesso em: 05 nov. 2008. BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. 382 p. BARRETO, L. M. P. A., SILVA, S. A. H.; PÁDUA, S. M. A contribuição da Educação Ambiental no processo de gestão ambiental em indústria petroquímica. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM AMBIENTE E SOCIEDADE, IV, 2008, Brasília-DF. Anais eletrônico... Brasília: ANPPAS, 2008. Disponível em: <http://www.anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT9-656-545-20080510000751.pdf>. Acesso em: 01 mar. 2010. BRASIL. Presidência da República. Lei Federal n 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 22 mar. 2010 CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução n. 275 de 25 de abril de 2001. Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva. Disponível em: <http://www.mma.gov.br>. Acesso em: 07 abr. 2010. COUTINHO, G. A.; WIEMES, L.; DEPOUILLY, E.; FERRAZZA, D. C. Educação ambiental aplicada na indústria automobilística. Anais... In: CONGRESSO DE MEIO AMBIENTE DA AUGM, VI, 2009, São Carlos, SP. FARIAS, C. L. 5 R's - Reduce, Re-use, Recycle, Recover and Residual Management, 2003 Disponível em: <http://www.keyassociados.com.br/imprensa-5rs.php>. Acesso em: 19 mar. 2008. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Apostila de Coleta Seletiva e Reciclagem de Excedentes Industriais. São Paulo: FIESP, 2003, 21 p. FORD Motor Company BrasiL LTDA. Relatório Ambiental. São Paulo, 2008. Disponível em: <http://www.ford.com.br>. Acesso em: 21 fev. 2010. GM – General Motors do Brasil LTDA.. General Motors do Brasil já recicla 97 % dos resíduos industriais. São Paulo, 2009. Disponível em: <http://www.chevrolet.com.br>. Acesso em: 21 fev. 2010. GURARESI, A. M. Diagnóstico, caracterização e levantamento de resíduos sólidos perigosos: instrumento para implementação de um programa de gestão em uma indústria de tintas. Criciúma, 2004. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade do Extremo Sul Catarinense.

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