Resenha trajetórias geográficas - LOBATO CORRÊA

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I- REPENSANDO A TEORIA DAS LOCALIDADES CENTRAIS A teoria das localidades centrais foi proposta por Christaller nos anos 30 do século XX, sendo incorporada nos anos 60 e 70 do mesmo século à Nova Geografia, neste período houve muitas publicações neste âmbito, no entanto, com uma visão generalista da própria teoria chegando a se trabalhar variações já antes mostradas pela teoria. Devido a base Positivista deste ultimo período, foram poucos os avanços desta teoria, sendo que os estudos deste período são desprovidos de uma certa crítica ao ponto de ser concebido como uma ideologia com uma visão fora da realidade, ignorando distinções sociais tais como a historia, cultura, percepção e o próprio comportamento espacial. Dessa maneira, repensar a teoria, consiste numa forma de recuperar a realidade em um todo. Assim a partir do momento em que capital permeia a produção surge centros integrados de distribuição de forma hierarquizadas que caracterizam as Localidades Centrais. I – Natureza Histórica Das Localidades Centrais Desde a fase pré-capitalista, já havia uma produção de excedentes, com uma separação de tempo e espaço de consumidores, neste momento já existia os mecanismos de revenda visando o lucro, no entanto não havia toda uma complexidade hierárquica na distribuição, de modo, que a atuação de mercados era reduzida, quase local, com pouco volume de trocas e pequena divisão de trabalho. Quando uma grande massa passa a ser expropriada e desprovida da detenção dos meios de produção e passa a pertencer a mesma através do trabalho assalariado, e com isso o capital sujeita a produção ao processo de mais valia a atividade comercial adquire um novo significado social. A partir deste momento, a capital passa atuar na sociedade e estabelecer sua organização social baseado na distribuição que passa existir entre a produção e o seu consumo. Com isso surge uma divisão territorial do trabalho e uma articulação entre diversas áreas, e dentro desse

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I- REPENSANDO A TEORIA DAS LOCALIDADES CENTRAIS

A teoria das localidades centrais foi proposta por Christaller nos anos 30 do século XX, sendo incorporada nos anos 60 e 70 do mesmo século à Nova Geografia, neste período houve muitas publicações neste âmbito, no entanto, com uma visão generalista da própria teoria chegando a se trabalhar variações já antes mostradas pela teoria. Devido a base Positivista deste ultimo período, foram poucos os avanços desta teoria, sendo que os estudos deste período são desprovidos de uma certa crítica ao ponto de ser concebido como uma ideologia com uma visão fora da realidade, ignorando distinções sociais tais como a historia, cultura, percepção e o próprio comportamento espacial.

Dessa maneira, repensar a teoria, consiste numa forma de recuperar a realidade em um todo. Assim a partir do momento em que capital permeia a produção surge centros integrados de distribuição de forma hierarquizadas que caracterizam as Localidades Centrais.

I – Natureza Histórica Das Localidades Centrais

Desde a fase pré-capitalista, já havia uma produção de excedentes, com uma separação de tempo e espaço de consumidores, neste momento já existia os mecanismos de revenda visando o lucro, no entanto não havia toda uma complexidade hierárquica na distribuição, de modo, que a atuação de mercados era reduzida, quase local, com pouco volume de trocas e pequena divisão de trabalho.

Quando uma grande massa passa a ser expropriada e desprovida da detenção dos meios de produção e passa a pertencer a mesma através do trabalho assalariado, e com isso o capital sujeita a produção ao processo de mais valia a atividade comercial adquire um novo significado social. A partir deste momento, a capital passa atuar na sociedade e estabelecer sua organização social baseado na distribuição que passa existir entre a produção e o seu consumo.

Com isso surge uma divisão territorial do trabalho e uma articulação entre diversas áreas, e dentro desse mecanismos econômicos e economias de aglomeração que vão se estabelecendo as diferenças hierárquicas.

II – Acumulação Capitalista E Reprodução De Classes Sociais

As redes de Localidades Centrais exercem dois papeis que permitem ver a reprodução do modo capitalista, sendo eles:

Reprodução de Classes Sociais: a partir da segunda metade do século XX as classes deixam seu aspecto dicótomo, onde a separação se dava pelo detentor dos modos de produção e os vendedores de mão de obra, e adquire um aspecto social variado e isso se desencadeia dada a acumulação capitalista que propicia um consumo diferenciado dos bens de serviço como determina a quantidade e qualidade dos bens consumidos. Dentro deste processo de reprodução das classes existe:

Aparelhos Ideológicos do Estado: este se espacializa de acordo a hierarquia do aparelho, se localizando de acordo a rede hierárquica das próprias Localidades Centrais.

Circuitos Superiores e Inferiores: esse se dá devido a complexidade das localidades centrais nas diversas formas de consumo das classes sociais, que se desdobra em dois planos visando atender o alto e o médio sttus e outro para o baixo.

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Localização Diferenciada: dentro da hierarquia das Localidades Centrais há uma influencia da espacialização das classes, de modo que há um fornecimento de bens e serviços e comércios varejistas com especialização distintas para cada área sociais, sendo c

Assim a rede de localidades centrais constitui em uma estrutura territorial, onde

se vê a reprodução de classes sociais, no entanto, do interesse das classes dominantes.

III – Formas Da Produção No Espaço

As redes de Localidades Centrais possuem diversos arranjos e tipos de estruturas, no entanto podem apresentar algumas vezes padrão geométrico como podem ser excêntricas. Existem ainda as chamadas redes dentríticas que possui uma hierarquia imperfeita, com um arranjo conforme o mercado, transporte e administração.

Já se tem uma vasta bibliografia que apontam as redes de localidades centrais como elemento onde se verifica as diferentes formas do avanço do capital, no entanto, faz-se necessário uma nova abordagem em busca de ampliar essa questão.

Dado o avanço do capital surge uma ação denominada dentro do estudo das Localidades Centrais de:

Variáveis Independentes: são as formas adquiridas da produção no espaço como densidade demográfica, renda e padrões culturais.

Os resultados obtidos no espaço, advindo da produção não possuem um padrão, pois varia conforme o modelo de produção de determinada área. Esse desenvolvimento diferenciado produz vantagens para cada localidade e através da divisão territorial do trabalho possibilita a circulação de mercadoria e favorece a criação de sistemas viários, seja sobre antigos ou construção de novos e de outras infra-estruturas e junto a isso surgem os mecanismos de garantir as condições de relação de produção.

Esses desenvolvimentos diferenciados do capital no espaço reestruturam desigualmente as classes sociais, e com isso criando uma classe média urbana, aumentando os trabalhadores e o exercito de reserva, como a distribuição dessa população no território, uniformizando o comportamento das classes e tornando a cultura tradicional em folclores, que se também mercadoria.

Esse modelo adquirido pelo capital, onde a maioria não detem a posse dos meios de consumo, estimula o comercio e esse é afetado pelo capitalismo nas seguintes formas:

Quanto a origem dos produtos distribuídos. A quantidade e qualidades dos bens distribuídos. Quanto a distribuição ou ligações entre produtores industriais e

varejistas.E apesar de todo o arranjo estrutural e espacial das redes Localidades Centrais

possuírem influencia do capital em torno do mundo, se faz necessário conhecer as marcas históricas desta influencia que se deu:

Antigas redes urbanas que não possuía toda a infra-estrutura ou funcionalidades dos atuais centros urbanos, mas já serviam de bases.

Necessidade de se criar redes urbanas, ainda que neste momento para necessidades estratégicas.

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IV - Produção Concentrada

Discute-se as Localidades Centrais acerca de regiões e países onde a produção é concentrada, como uma analise que compreende todo sistema urbano, quando se refere as funcionalidades e fluxos, e isso se baseia nas seguintes correlações:

A limitação da produção industrial cria níveis hierárquicos onde os mercados se situam no entorno das cidades matrizes da produção.

Os centros de consumo e localidades centrais passam por absenteísmo dos produtores rurais ou capturam a produção agrícola através dos preços de insumos e juros bancários.

Existência de centros comerciais que fazem tanto a distribuição agrícola como a industrial.

As localidades centrais servem para realimentação do processo produtivo global marcado por correlação de centros industriais, consumo da renda fundiária e comercialização de produtos.

A existência de centros com recepção migratórias, sendo marcada pelo numero de imigrantes e migrações por etapas que se dão conforme os centros pertencentes a essa hierarquia se expandem.

A existência de localidades centrais vai de acordo sua importância para os centros de controle que variam de poderes, políticos a proprietários rurais e industriais.

Essa forma locacional e desempenha grande interesse a classe dominante e do capital estrangeiro, que encontra uma aglomeração de economias, e assim podendo obter um maior controle e garantia de sua reprodução e de toda a sociedade. Assim, pode-se obter as localidades centrais como uma ordem que também possibilita uma analise do sistema urbano com industrialização concentrada.

V- Daily Urban System

Todas as discussões acerca das redes de Localidades Centrais se baseiam em fundamentos que tratam o capitalismo concorrencial, onde há uma concorrência perfeita, onde se tem uma unidade de decisão igualitária. Assim, pouco se aborda do capitalismo monopolístico que tem permeado implicitamente essa idéia ultrapassada de capitalismo. De modo que novos estudos se fazem sobre as estratégias das grandes corporações.

Desse modo, a concentração de capital vinculado ao comércio, cadeias de lojas e a fusão do capital financeiro com o imobiliário e comercial, tem levados localidades centrais de baixo nível hierárquico a perder sua importância. Essa nova dinamica do capital propicia a continuidade do processo de urbanização e por si mesmo causando a centralização do capital, e com isso ampliando a melhoria das vias de circulação e com isso investindo em automoveis que diminuem a distancia espaço-tempo, e pondo de fora dessa concorrencia os pequenos mercados que não conseguem competir em valores com as lojas das grandes cadeias.

Assim dentro de toda essa analise do capital monopolista que se é concebida a estrutura denominada Daily Urban System, colocada por Berry ao perceber que nos EUA que a população se concentrava em torno dos grandes centros metropolitanos, por possuirem todos os bens necessarios. O arranjo estrutural, da fase do capitalismo monopolistico se dá pela alta associação de distribuidores de bens de serviços de modo

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a estabelecer complementaridade, e não mais numa rede hierarquizada como foi proposta por Christaller.

Os centros criados no Brasil a partir da decada de 60, possuem caracteristicas do capital monopolistico,no entanto, essas redes estão ao atendimento de algumas demandas do circuito inferior, e os circuitos superiores são atendidos por fluxos de longa distancia se utilizando dos centros das redes.

II – ORIGEM E TENDENCIAS DA REDE URBANA BRASILEIRA: ALGUMAS NOTAS.

A rede urbana pode ser concebida de uma forma geral como um conjunto de centros urbanos interligados por alguma funcionalidade, onde se da uma rede de acordo a ligação de netre esses nucelos de povoamento e suas funções de acordo o fluxo de cada centro. Se existem diversos tipos de rede urbana, pois as mesmas estão condicionada á desigual ação social no espaço-tempo, de modo, que não aceito a ideia de centro urbano organizado ou desorganizados como propunha os modelos hipoteticos-dedutivos que se baseavam nas ideias etnocentricas da visão europeia e americana de urbanização.

Assim acredita-se que toda sociedade pode consistir em uma rede urbana de possuir as seguintes condições:

Ser uma sociedade com economia de mercado, onde ocorra uma transação entre bens produzidos no local com produtos externos.

Possuirem pontos fixos que permita a ocorrencias dessas transações. Poduzir uma interação entre os ponto s fixos, afim de criar uma hierarquia,

atraves das especialização produtivas dos mesmos.A partir do seculo XX, a diversidade urbana passa ser ampliada, pois a entrada do capital permite a cada uma desempenha papeis distintos, e junto a isso as grandes corporações multifuncionais e multilocalizadas vão redefinindo as funçoes desses centros.

O Brasil dispõe de uma rede urbana ampla com uma diversidade, permitindo assim observar essa dinamica no espaço, de modo que se permite ressaltar algumas caracteristica de articulações, que permitem a criação e evolução dos centros urbanos,sendo as seguintes articulações:

Complexidade Genética : se traduz na forma ou na finalidade em que cada centro urbano foi criado, o que permite revelar sua existencia e padrão no espaço, assim tem-se no Brasil cidades que coexistem um lado criado na era colonial com predios modernos do seculo XXI, redes urbanas criadas pelo proprio estado para atender suas necessidades administrativas, cidades criadas por empresas a exemplo Londrina no Parana e Sinop em Mato Grosso. Cidades construidas por industrias como Volta Redonda (CSN) ou Carajas (CVRD), e outras para barrar entradas e proteger o litoral como rio de Janeiro e Salvador.

Diversos Padrões Espaciais: esses passam a exisitir de acordo a complexidade funcional, sendo totalmente condicionado pela manifestações da rede urbana, no Brasil não se pode definir qual padrão influencia a padrão de espacialização dos centros urbanos, mas nota que desde o principio existia uma grande padrão dendrítico, onde existia uma cidade litoranea com vias de penetração para o interior que influenciaram na criação de cidades subordinadas. Nas regiões amazonicas nos anos 60 vê essa mesma influencia de padrão dada as condições fluviais da região. Há ainda cidades sobre um padrão de “corredores” que se

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organizam de acordo sua funcionalidade industrial, tais como Santos, Jundiaí, Sorocaba etc.

Complexidade Funcional: as cidades brasileiras por muito tempo possuia uma funcionalidade limitada, com uma distribuição de bens e serviços com suas hinterlandias, sendo que existia centros para residencias de fazendeiros, outros para atividade industrial, e assim por diante. A partir da Segunda Guerra Mundial, com a crescente desenvolvimento e circulação e a modernização do campo foi incorporando à algumas areas uma complexidade de funções, de maneira que a localização na hierarquia das localidades não determina a importancia de uma cidade em sua rede, podendo assim grandes centros não possuirem mais tanta funcionalidades, enquanto outros centros subordinados desempenham papeis de grande produção interna e externa.

Integração Interna e Externa: onde toda rede urbana possui seus atributos e funções , no entanto com intensidades diferentes, assim grandes centros que regiam a exemplo uma região, passa tambem exercer influencias de outros centros regionais, e assim por diante.