Resenha sobre o álbum Ghost Stories (Coldplay)
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SALVADOR TERÇA-FEIRA 24/6/2014 32MÚSICA A banda de post-britpop lançaGhost Stories, sexto álbum da carreira
Angústia e perdainfluenciaramnovo álbumdo ColdplayFERNANDA SOARES
Divórcio, muitas vezes, traz fan-tasmas na bagagem. Seja emseparações amigáveis ou con-turbadas, memórias e ressen-timentos preenchem a mentedos casais. Com Chris Martin,vocalista e multi-instrumentistado Coldplay, a situação não foidiferente. O britânico sepa-rou-se recentemente da atrizGwyneth Paltrow, após 10 anosjuntos e dois filhos.
A angústia e perda de Chrisinfluenciaram fortemente nascomposições do sexto álbum decarreira da banda, intituladoGhost Stories e lançado no mêspassado.
Após três anos desde o seuúltimo CD, Mylo Xyloto (2011),o álbum teve coprodução dePaul Epworth, compositor e pro-dutor famoso pelos trabalhoscom Adele, Bloc Party e KateNash e pela própria banda. Agravadora do grupo, Parlopho-ne, é a mesma dos grupos Ra-diohead e Gorillaz.
Processo criativoGhost Stories é um álbum con-ceitual, com temática influen-ciada pelo processo vivido porMartin. Conta a história de umhomem que encontra-se emuma situação complicada, de-vido ao término repentino doseu relacionamento com a pes-
soa amada.O personagem mostra diver-
sos estados emocionais, comoangústia, aceitação, esperançae, também, tristeza. O álbumexplora ações passadas e osefeitos que podem trazer futu-ramente, além de mostrar a ca-pacidade individual de amar al-guém. Diferente dos dois últi-mos lançamentos, desta vezColdplay retoma ao clima me-lancólico, que fez a banda ala-vancar grandes hits.
O CD foi fortemente promo-vido pela banda, antes do lan-çamento. Foram lançado dois
singles e clipes, de Magic e Mid-night e, recentemente, A Sky Fullof Stars.
Em abril, o grupo anunciouuma caça ao tesouro, na qual fãsde todo o mundo poderiam pro-curar por rascunhos contendoletras das nove canções do ál-bum.Ospapéis foramcolocadosem livros de histórias relacio-nadas a fantasmas, em livrariasde diversos países. As folhas fo-ram encontradas no México,Cingapura, Helsinki, Barcelona,Nova York, Dublin, entre outroslugares.
O grupo também realizou um
especial televisivo, filmado emum anfiteatro na cidade de LosAngeles. Pela primeira vez, can-taram todas as canções de GhostStories.
FilantropiaNo começo, a banda tornou-seconhecida por doar 10% dos lu-cros para a caridade, ação quecontinua até hoje.
Eles também fizeram protes-tos contra a invasão do Iraque,em 2003, além de participar doálbum Hope For Haiti Now, quearrecadou dinheiro para vítimasdo terremoto que aconteceu no
Haiti em 2010.Chris Martin é vegetariano e
apoia a Meat Free Monday des-de 2009, campanha criada porPaul McCartney (Beatles), queincentiva as pessoas a deixaremde comer carne um dia durantea semana.
Coldplay é comumente igua-lado ao grupo irlândes U2. Am-bos são considerados filantró-picos e apoiam ativamente cau-sas sociais e políticas, além deterem realizado eventos bene-ficentes, como Band Aid 20, Live8 e Hope For Haiti Now: A GlobalBenefit for Earthquake Relief.
VH1 / Divulgação
O vocalista Chris Martin separou-se da atriz Gwyneth Paltrow, após dez anos de casamento, e o resultado é um CD de clima melancólico
COLDPLAY
GHOST STORIES / WARNER MUSIC /
R$ 34,90
O álbum GhostStories exploraações passadas eos efeitos quepodem trazerfuturamente, alémde mostrar acapacidadeindividual de amaralguém
CURTAS
Produção brasileira no Ischia Film Festival
No proximo sábado, o filmebrasileiro Para Sempre NuncaMais chega à Itália para par-ticipardo IschiaFilmFestival,nocastelo de Aragonese. Dirigidopor Emerson Muzeli, o longaganhou recentemente no Bos-ton Film Festival, Menção Hon-rosa pelo Indie Spirit (excelên-cia na realização de um filmeindependente) e foi indicado asete categorias de prêmios.Ambientado na RevoluçãoConstitucionalista de 1932, ofilme mostra a trajetória de Lui-za (Larissa Vereza) uma cam-ponesa casada com o colonoitaliano Domingos (Emiliano
Ruschel) e que vive um amorproibido com Quim (Bruno Du-beux), soldado da revoluçãoenviado ao fronte de batalha.
“A relação históricado Brasil com aItália está impressanas relações entreQuim e Domingos”BRUNO DUBEUX, ator
CUAL lança novocurta-metragem
Nesta sexta-feira, às 19h30, noEspaço Cultural da Barroqui-nha, o CUAL (Coletivo Urgentede Audiovisual) promove o lan-çamento do curta-metragemCom Fome no Fim do Mundo,escrito e dirigido por MarcusCurvelo. O filme aborda a his-tória de um músico sem dinhei-ro que vira um corretor de imó-veis fracassado. Quando todosos corretores da cidade desa-parecem, ele tem a chance devender seu primeiro aparta-mento. A entrada do evento égratuita, com exibição do filmeseguida de um debate.
Divulgação
A obra de Curvelo discute a relação do artista com o espaço urbano
André Frateschi iniciatrabalho autoral
O paulistano André Frateschi,conhecido pelo trabalho nabanda Heroes, que faz tributo aDavid Bowie, e de sua longaparceria com a intérprete Mi-randa Kassin, lança seu primei-ro álbum autoral, Maximalista,que mistura música e drama-turgia. Produzido por FábioPinczowski e Mauro Motoki, oCD duplo traz 15 faixas inspi-radas na vida cotidiana e caó-tica dos grandes centros urba-nos. O show de estreia do tra-balho será nesta quinta-feira,no SescPompeia (SP), e o discoserá lançado em agosto.
LANÇAMENTO
Coletânea reúne 18 entrevistas compsicanalistas brasileiros e estrangeirosMARCOS DIAS
“Eu que sempre fui na minhamaneira de ser ou na minhaenfermidade muito atento à mi-nha independência, me separeideLacanquandopercebiqueelearrastava consigo discípulos,devotos, numa espécie de mi-metismo que me exasperavaterrivelmente, na vestimenta,na maneira de falar, nos tiquesde linguagem”.
A declaração do filósofo e psi-canalista francês J-B Pontalis(1924-2012)sobreseucaminhointelectual é uma das 18 ins-tigantes entrevistas do primeirovolume de Psicanálise Entrevista(Estação Liberdade).
O livro compila textos publi-cados originalmente desde1988 na revista Percurso, ediçãosemestral do Departamento dePsicanálise do Instituto SedesSpientiae (SP), que completourecentemente 25 anos.
Organizado pelos psicanalis-tas Mara Selaibe e Renato Ma-zan, a abrangência de orienta-
ções e escolas dos entrevistadosé um trunfo da publicação.
Filiados ao pensamento denomes como Freud, Lacan, Me-lanie Klein e Winnicott, o leitorpode entrar em contato com opensamento e trajetória de pro-fissionais como Jean Laplanche,Jean Oury, Radmila Zygouris,André Green e os brasileiros JoelBirman e Jurandir Freire Costa,entre outros.
Bonita e graciosaO argentino Emilio Rodrigué(autor de Sigmund Freud, o Sé-culo da Psicanálise), que em1985 passou a residir em Sal-vador, deu sua entrevista emabril de 2004, quando sua de-dicação à psicanálise completouseis décadas.
Na resposta à pergunta sobrecomo ele considera o alcance elimite da psicanálise durante es-te tempo, estão vivos o humore a honestidade que norteavamsuas escolhas.
“A psicanálise não envelhe-ceu tudo isso. Ela ainda é bonita
egraciosa.Nãoprecisoudeplás-tica nenhuma. Fizemos avançosno tratamento das psicoses; asperversões, penso eu, sempreforam o lado escuro da lua; e asneuroses são nosso ganha-pão.A leva atual de analistas é me-nos prepotente e mais sensívelao sofrimento humano”.
Na abertura de cada entre-vista, um colaborador perfila oentrevistado, como faz MarioFucs lembrandosobreoestilodeRodrigué: “Seu modo de inter-vir era às vezes contido, quasetímido, outras vezes delicada-mente irreverente, mas invaria-velmente ‘malandro’ , por tudoo que comportava de engenhoe sutileza, de carisma e senso deoportunidade para extrair o má-ximo de pessoas e situações nabusca de um impacto subjeti-vamente mais pleno”.
Um segundo volume, que jáestá no prelo, é anunciado comentrevistas com Elizabeth Rou-dinesco, J.-D. Nasio, Maria RitaKehl e Maria Chnaiderman, en-tre outros.
Divulgação
Rodrigué, que radicou-se na Bahia em 85, é um dos entrevistados
PSICANÁLISE ENTREVISTA VOL.1 / MARA
SELAIBE E ANDRÉA CARVALHO (ORGS.)
Estação Liberdade/392 p./ R$ 59
“O trabalho dapsicanálisesobre a culturaé tão nobrequanto o trabalhona clínica”
JEAN LAPLANCHE, psicanalista