Resenha do texto: “A epidemia de doença mental”

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Resenha do texto: “A epidemia de doença mental” Adnilson Vaz Em agosto de 2011, a Revista Piauí em sua 59ª edição publicou um artigo nomeado “A epidemia de doença mental”. Neste artigo, a pesquisadora americada, também professora e Doutora Marcia Angell, levantou questões polêmicas relacionadas à eficácia dos medicamentos psicoativos em pacientes diagnosticados com transtornos mentais. A Dra Angell proporcionou ao leitor, um verdadeiro diálogo de autores, todos eles renomados em suas àreas de atuação como o Dr. Irving Kirsch, psicólogo da Universidade de Hull, no Reino Unido; o jornalista Robert Whitaker e Daniel Carlat, psiquiatra da cidade de Boston. Estes autores compartilham opiniões quando questionam as atuais concepções aceitas pela comunidade médico-científica americana no que tange às causas de transtornos mentais como a depressão e a ansiedade. Entre os questionamentos, é colocada em dúvida a verdadeira eficácia dos antidepressivos e de outras drogas no tratamento de transtornos mentais, através de inconscistências encontradas nos resultados de testes clínicos divulgados pelo FDA (órgão americano que controla o licenciamento de medicamentos). Analisando os resultados de uma forma mais organizada e padronizada, Kirsch descobriu que em 75% dos casos, os placebos foram tão

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Resenha do texto: “A epidemia de doença mental”

Adnilson Vaz

Em agosto de 2011, a Revista Piauí em sua 59ª edição publicou um artigo nomeado “A

epidemia de doença mental”. Neste artigo, a pesquisadora americada, também

professora e Doutora Marcia Angell, levantou questões polêmicas relacionadas à

eficácia dos medicamentos psicoativos em pacientes diagnosticados com transtornos

mentais.

A Dra Angell proporcionou ao leitor, um verdadeiro diálogo de autores, todos eles

renomados em suas àreas de atuação como o Dr. Irving Kirsch, psicólogo da

Universidade de Hull, no Reino Unido; o jornalista Robert Whitaker e Daniel Carlat,

psiquiatra da cidade de Boston. Estes autores compartilham opiniões quando

questionam as atuais concepções aceitas pela comunidade médico-científica

americana no que tange às causas de transtornos mentais como a depressão e a

ansiedade.

Entre os questionamentos, é colocada em dúvida a verdadeira eficácia dos

antidepressivos e de outras drogas no tratamento de transtornos mentais, através de

inconscistências encontradas nos resultados de testes clínicos divulgados pelo FDA

(órgão americano que controla o licenciamento de medicamentos). Analisando os

resultados de uma forma mais organizada e padronizada, Kirsch descobriu que em 75%

dos casos, os placebos foram tão eficientes quanto os antidepressivos administrados e

3 vezes mais eficazes do que a ausência de tratamento. Entre as correlações

apontadas, observou-se também que as políticas e influências dos laboratórios eram

fatores determinantes na aprovação destes testes clínicos.

Kirsch observou que a presença de efeitos colaterais das drogas administradas foi um

elemento que influenciou os pacientes dos testes a perceberem que haviam recebido

o medicamento ao invés de placebo, causando um “segundo efeito placebo” e

prejudicando o resultado dos testes.

Whitaker por sua vez, sugere que as drogas psicoativas além de ineficazes, seriam

prejudiciais, causando um desequilíbrio no funcionamento dos neurotransmissores e

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consequentemente uma cadeia de eventos, uma epidemia iatrogênica, isto é,

introduzida pelos próprios médicos.

Já Carlat questiona a concepção adotada pela maioria dos psiquiatras, de que as

doenças mentais teriam como causas os determinantes biológicos ao invés de serem

produtos de fatores ambientais ou traumas vividos pelo indivíduo, colocando-os como

meros comparadores de sintomas que teriam catalogados no DSM, as soluções

químicas para todos os problemas de seus pacientes.

Após levantar todos estes questionamentos, Dra Angell sintetiza os objetivos do seu

artigo, no parágrafo que transcrevo abaixo:

“No mínimo, precisamos parar de pensar que as drogas psicoativas são o melhor e,

muitas vezes, o único tratamento para as doenças mentais. Tanto a psicoterapia como

os exercícios físicos têm se mostrado tão eficazes quanto os medicamentos para a

depressão, e seus efeitos são mais duradouros. Mas, infelizmente, não existe indústria

que promova essas alternativas. Mais pesquisas são necessárias para estudar

alternativas às drogas psicoativas.”