RESENHA Do artesanato intelectual
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DO ARTESANATO INTELECTUAL
MILLS. C.Wright. Do artesanato Intelectual. In: Imaginação Sociológica. Zahar Editores:
Rio de Janeiro, 1965. pp. 211-242.
A abordagem realizada neste capitulo trata-se de um relato de um cientista social que
percebe nas discussões de métodos e teorias uma problemática que compromete o estudo.
Apostando assim em exposições e conversações como forma de troca de informações entre
pensadores, sobre suas práticas de trabalho, ao que acredita ser uma construção mais útil
sobre teoria e método.
Assim introduz a necessidade do pesquisar não dissociar sua vida pessoal daquilo que
pesquisa, defendendo a ideia do desenvolvimento do “eu” em consonância com o crescimento
da investigação. Sendo o produto desta prática um trabalho completo, sem um caráter vazio
ou alheio as reais perspectivas do pesquisador. E para que essa postura seja possível, o autor
subdivide o texto em alguns pontos entendidos como primordiais.
O primeiro parte da perspectiva de como ser um artesão intelectual, assim recomenda-
se que o pesquisador adote um arquivo onde possa registrar suas experimentações pessoais, a
fim de fundi-lo ao seu trabalho intelectual. Para que tais experiências obtenha uma
originalidade recomenda-se adotar uma confiança ambígua, ou seja, um certo ceticismo em
relação aos detalhes, tendo em vista que no mundo moderno as experiências pessoais se fazem
reduzidas.
É necessário ainda ao pesquisador possuir uma experiência controlada entendida
como a constante autorreflexão, não deixando com isso perder acontecimentos e ideias, sendo
imprescindível o hábito de escrever ao menos uma vez por semana, com a finalidade de com
isso desenvolver a capacidade de expressar do pensador. Recomenda-se ainda que para
tornar-se um artesão intelectual se adote uma postura de revisar o “estado de meus problemas
e planos” que consiste numa forma, em especial do cientista social, em rever quais os reais
objetivos e finalidades daquilo em que se dedica seu tempo, tendo em vista que diversas vezes
o pesquisador se percebe a produzir trabalhos voltados à obtenção de subsídios e outros
apoios financeiros, o que muitas vezes compromete a qualidade daquilo que de fato deseja.
Agregado a essas contínuas posturas aconselha-se fazer um intercâmbio difundido e
informal ao que seria uma discussão sem formalidades com outros pesquisadores acerca dos
problemas, métodos e teorias a fim de com isso enriquecer o arquivo em construção. Este por
outro lado, conforme vai sendo organizado necessita de novas formas de estruturação ao que
se faz necessário desprender alguns assuntos e incorporar outros, ao que evidencia um
progresso no trabalho intelectual.
Por fim, pra encerrar essa primeira etapa de como atingir um bom trabalho intelectual,
faz-se mais uma recomendação como tomar notas, compreendidos como o hábito de ler
livros interessantes, e quanto aos livros ruins, realizar uma reflexão útil, afim de obter duas
propostas através desse exercício, como aprender a estruturação e argumentação do autor; e
ler trechos dos livros com temas particulares ara assim fortalecer os projetos individuais.
Em seguida propõe-se uma forma de como deverá ser usado os arquivos , ao que o
autor sugere adotar uma lógica de combinação, o bom trabalho na ciência social e a
comprovação e indagação, expostos respectivamente como a combinação advinda de tópicos
relevantes com aqueles irrelevantes, ao que diversas a imaginação permite encontrar conexões
gerando com isso uma nova unidade; salienta-se que o trabalho não parta unicamente de uma
base empírica, mas que haja uma observação mais detalhada para evidenciar os pontos de fato
a serem estudados.
Esses pontos o autor subdivide em conhecer as várias teorias acerca do material em
estudo, buscar as perspectivas de outros que comprovaram as teorias. Reunir material em
diversas fases em conformidade com sua relevância, sobre os materiais existentes esboçar
uma teoria eficiente com sugestões centrais, planejar a pesquisa para confirma-la.
Por fim a comprovação advém das reformulações sistemáticas de um todo com
apresentação de argumentos e da utilização de outros para comprovação do projeto, em
consequência da compreensão desses pontos surge a indagação, que se trata de um
questionamento da forma como o objeto de é colocado e a maneira como o mesmo é
confirmado.
Sugere-se ainda os quatros estágios de dominação do problema, que trata-se de um
esforço de formulação de problemas que podem ser tratados pela observação dos elementos e
definições que se acredita existir relevância baseado no conhecimento geral do problema.
Relacionar as logicas entre os elementos e as definições construindo blocos preliminares.
Eliminar falsas opiniões, seja por omissão de elemento ou por definições improprias, com
pouca clareza ou por ausência de lógica. Formular e reformular as questões que permanecem.
Para finalizar o autor insere ainda mais um tópico com mais cinco pontos a tratar , ao
qual o mesmo aponta como forma de imaginação estimulada devido as mudanças de uma
perspectiva a outra, ao que aponta como essencial frente aos tecnicismo intelectuais
existentes, dessa o estimulo a imaginação refere-se ao fato do pesquisador se ater a ideias ou
noções que muitas vezes lhe apresenta como vago e sobre essas fazer seu trabalho
Para que isso ocorra é necessário se realizar uma redisposição do arquivo ao que é
colocado no texto como uma ação fortemente necessária a manter atento a consciência
popular e intelectual do problema, pois trata-se de uma etapa frequentemente negligenciada.
A busca por sinônimos dos termos chaves da pesquisa apresenta um aperfeiçoamento dos
termos do problema o que ajuda a defini-lo com maior precisão apresentando através disso
uma atitude lúcida com frases e palavras.
Ao classificar dados para a pesquisa recomenda-se adotar uma classificação cruzada
onde fuja da habitual classificação por temas, através dessa técnica é possível ter novas
considerações acerca das problemáticas em estudo, outra forma interessante é a busca por
adversários e amigos e todo ponto de vista existente como uma forma de buscar as
diversidades existentes a fim de contrastar as diversas perspectivas o que permite
compreender as dimensões do problema. Cabe ressaltar que neste ponto o mais importante
nesse campo é estabelecer os momentos de realizar ou não esses contrates, em especial de
ordem de leitura.
Por fim é necessário it além do universo de fazer amostragem , como uma
estimulação a imaginação no sentido de indagar os fenômenos controlando suas escalas, numa
análise qualitativa, observando os extremos opostos. Expressando assim uma liberdade
imaginaria entendida como o estabelecimento daquilo que dados estatísticos não conseguem
demonstrar.
Hemily Sued Alves Costa - Licenciada em Geografia. Mestranda do Programa de Pós-graduação em
Geografia – Geotecnologias Aplicadas à Gestão Ambiental – Universidade Federal de Mato Grosso –
Campus Universitário de Rondonópolis