Resenha de O Naturalismo Metodológico de Durkheim

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301AsrefernciasaDurkheimeasuaobraso incontveis na literatura sociolgica, desdeo nvel propedutico at a dimenso de recons-trues direcionadas de suas teorias ou concei-tos, como encontramos em Parsons, Habermas,Bourdieu, Dubar, Lahire e outros. Entretanto, oconsensoquehojeseverificasobreaimpor-tncia do legado durkheimiano no desenvolvi-mento da sociologia como cincia e da meto-dologia proposta por Durkheim, de forma origi-nria ou reconstruda, na orientao da pesquisasociolgicacontempornea,contrastacomarelativa escassez de anlises mais rigorosas ouabrangentes de sua obra, ou mesmo de compi-laes de artigos e excertos que, como readerscompanions, encaminhem o leitor nos meandrosda produo sociolgica do mestre francs. Olivro de Alexandre Massela propicia a oportu-nidade de reconsiderar as teorias e explicaesna sociologia durkheimiana, com base em uminstrumental metaterico elaborado a partir deum repertrio conceitual desenvolvido em diver-sas disciplinas, como filosofia da cincia, lgicaefilosofiadalinguagem,quetranscendemoescopodasociologiacientfica. Apublicaotevecomoorigematesededoutoramentodoautor, orientada por Jos Jeremias de OliveiraFilho, que dirige na Universidade de So Pauloumprogramadepesquisaemmetodologiaeepistemologiadascinciassociais.Massella,atualmenteprofessordoDepartamentodeSociologia da USP, traduziu e publicou diversasMASSELA, Alexandre Braga. O naturalismo metodolgicode mile Durkheim. So Paulo: Associao EditorialHumanitas; Goinia: Editora UFG, 2006. (ColeoMetodologia e Teoria Social)JORDO HORTA NUNES*obras de John Stuart Mill, dentre as quais A l-gicadascinciasmorais,deespecialrele-vncia na metodologia das cincias sociais. Emsua produo metodolgica, tambm se destacaoartigoStuartMill,Durkheimeaprovaderelaes causais em sociologia (Cincia e Filo-sofia, n. 6, 2000), tendo como base sua disser-taodemestrado.O livro est organizado em cinco captulose a concluso, precedidos de uma introduo.Esta compreende uma caracterizao do natu-ralismo como perspectiva na filosofia e nas cin-ciassociais,destacandoseusdesdobramentosepistemolgicos, ontolgicos e metodolgicos.Enfatiza-se a crtica feita por Durkheim s expli-caes teleolgicas (em funo de intenes efins) nas cincias sociais e seu apoio s explica-es causalistas. O autor recorre aqui a diversosautoresquesenotabilizaramporanlisesdaexplicao na metodologia das cincias sociais,no quadro do debate entre causalismo e anticau-salismo, naturalismo e intencionalismo, natura-lismoeantinaturalismo,comoVonWright,Alexander Rosenberg e Peter Winch. So anali-sadas,noprimeirocaptulo,asformulaesontolgicas de Durkheim, apontando para umnaturalismonoreducionista.Nosegundo,destaca-seanfasedeDurkheimaousoade-quado dos conceitos e anlise da relao entreo senso comum e o conhecimento cientfico. Ocaptulo seguinte compreende uma anlise ideo-lgica da elaborao terica do socilogo fran-cs, destacando o contexto polmico do natura-lismo de Durkheim. Inclui tambm as implica- *ProfessordaUniversidadeFederaldeGois.302NUNES,JORDOHORTA.OnaturalismometodolgicodemileDurkheim(AlexandreBragaMassela)es metodolgicas das consideraes ontol-gicas precedentes. Uma crtica das explicaesfinalistas e intencionais, bem como a defesa dasexplicaescausaisconstituematemticadocaptulo quatro. No ltimo captulo e na conclu-so, Massella aponta o potencial e os limites donaturalismoemmoraleemmetodologiadascincias sociais.Oautorsituaametodologiadascinciassociais na acepo de uma reconstruo crticados fundamentos epistemolgicos, ontolgicose tcnicos das disciplinas componentes, desta-cando a sociologia, a antropologia e a cinciapoltica. Privilegia, nesse mbito metaterico, adenominadaEscola Anglo-saxnica,umadasduasgrandestradiesmetodolgicasnascincias sociais, que se vale principalmente dafilosofia analtica da cincia. So raras, portanto,consideraes referentes dialtica ou herme-nutica, que fundamentam a Escola Continental,segunda grande tradio metodolgica, confor-me a distino proposta por Radnitzsky (Con-temporaryschoolsofmetascience,1973).Entretanto, a opo metodolgica no abrandaas dificuldades que envolve a compatibilizaoda perspectiva naturalista com os requisitos daverificao objetiva e da determinao de rela-escausaisentrefatossociais,naprecisareconstruo desenvolvida. O autor recorre, aodemarcaraproblemticaedeseuobjeto,distino e possvel complementaridade entreexplicaes finalistas e causalistas, que recebeuumtratamentoparadigmticonoExplanationandunderstandingdeVonWright(1971).Desde o incio, o leitor conduzido ao problemadaexplicaocientficanametodologiadascinciassociaisesuaanlisepordiversosautores,fazendoanteverosproblemasqueenvolvem a aceitao de um naturalismo meto-dolgico para a explicao cientfica. Eviden-temente,osmodeloscausalistasouque,pelomenos, no abdicam da causalidade tero maiorinfluncianaformaodoinstrumentaldereconstruo de Alexandre. necessrio desta-car a ntida preocupao em valorizar os mode-los que relativizam, ou criticam a dicotomia entrecausa e inteno na explicao cientfica. Da odestaque conferido ao silogismo prtico, tantona verso de Von Wright como na de Rosenberg(Aphilosophyofsocialscience,1995),estamais direcionada compreenso hermenutica.A forma de introduo anlise do natu-ralismo metodolgico, partindo de uma sucintareconstruodasmetateoriasdaexplicaocientfica, foi resultado de uma escolha meto-dolgicabem-sucedidaeapresentagrandeeficcia analtica. Porm, todo modelo analticodescortina uma perspectiva em favor de outraspossveis.Nocasodasformasdeexplicaosociolgica presentes na introduo, a posturade Peter Winch (A idia de uma cincia social,1970), caracterizada como anticausalista, ape-nasapresentadacomocontrapostaamodeloscausalistas ou hbridos de explicao. No entanto,algumasdasidiasqueasustentam,comoaproposio de que a capacidade de compreenderuma ao simblica similar competncia deseguir uma regra ou, ainda, que a formao deconceitos depende das formas sociais de vidacompartilhadas pelos agentes nas situaes decomunicao, no seriam contraditrias posi-odurkheimianaexpressa,porexemplo,noartigo Formas primitivas de classificao, noqual o socilogo francs prope a formulaodas categorias de classificao e at de outrasformas de entendimento, em termos sociolgicos,ou seja, como derivadas da organizao social.Em outras palavras, a defesa de um naturalismomonista, embora coerente e metodologicamenteconsistente na reconstruo de Massella, podeeclipsar, como neste exemplo, outras leituras noguiadas pelo naturalismo, como a reconstruofeitaporHabermas(Thetheoryofcomuni-cativeaction,v.2,1989)darelaoentreasformas de linguagem e a formao de um con-senso normativo em As formas elementares davidareligiosa,emqueDurkheimindicaassimilaridades estruturais entre a ao ritual e ainterao simbolicamente mediada por meio desinais.O primeiro captulo compreende os princi-pais argumentos da reconstruo feita pelo autor,atribuindo a Durkheim um determinismo causalcomo princpio regulativo, ideal, invocado pelasociologia no como uma necessidade racional,mas como postulado emprico, produto de umainduo legtima. Embora a especificidade doobjetodascinciassociaisexijametodologiadistintadaempregadaemoutrascincias,303SOCIEDADE E CULTURA, V. 9, N. 1, JAN./JUN. 2006, P. 301-305salienta Massella, a meta do conhecimento, abuscadeleiscausais,permaneceamesma.Destaca-se tambm a anlise do uso heursticode inferncias analgicas por Durkheim, consi-derado como contrapartida, no plano metodo-lgico,dedoistemasfundamentais:osfatossociais so coisas naturais, mas so coisas natu-rais sui generis. O aspecto ontolgico emergena considerao de que os fatos sociais no socoisas apenas para o investigador, mas tambmpara os atores. A argumentao prioriza mais aquesto da prpria realidade do fato social e doscritriosqueDurkheimusaparadecidirestaquestodoqueasalternativasqueseabrem,umavezadmitidaarealidadedofatosocial.Ainda assim, Massela no se abstm de relevaras implicaes programticas da posio meta-terica assumida por Durkheim, ao considerara sociedade como uma propriedade emergente,equesotambmrecorrentesnamaiorpartedasanlisesdametodologiadurkheimiana:renunciarpsicologiaeestabelecer-senocoraodosfatossociais,afimdeobserv-los de frente e sem intermedirios; no pedir psicologia seno um preparo geral e, se neces-srio,sugestesteis.Valeaindadestacaraanlise que Massella empreende do problemametodolgicodainclusodosconceitosdeconscinciacoletivaerepresentaocole-tiva,noesquealimentariam,nasegundametadedosculoXX,reconstruescomoadeSergeMoscovici,originandoateoriadasrepresentaes sociais e aproximando a psico-logia social da sociologia. A cuidadosa anlisedas representaes coletivas como propriedadesemergentes em cuja elaborao cada conscin-cia individual traz a sua quota-parte constituium dos pontos altos do livro, conduzindo-nos aaceitar que, segundo Durkheim, a propriedadeemergente deve exercer tambm uma influnciacausal sobre as partes que no seja passvel dereduospotencialidadescausaisimediatasdestas ou, em outros termos, que esse tipo deholismo metodolgico de orientao causalistacompatvelcomasrelaesdeemergnciaou de supervenincia que, na literatura cientficaou filosfica, so postuladas entre as partes e otodo.Revela-se,aindanoprimeirocaptulo,apreocupao do autor em discutir inclusive asposies antinaturalistas, crticas a Durkheim,comoasdeWincheHerbertHart,aindaquecompreendidas no escopo da tradio analticana metodologia das cincias sociais. Tais leiturasinvocam uma atitude reflexiva por parte do atorsocialque,emborasubmissoaregras,noasvincula em sua prtica apenas por compulsoou coercitivamente. Durkheim incorporaria taldimenso reflexiva no plano de uma evoluohistrica em sua trajetria intelectual. No entan-to, o objetivo, no contexto da argumentao, contestaraleituradeParsons,queaproximaDurkheim do idealismo e se afasta, em diversosaspectos, do quadro naturalista sustentado. Coe-rente e defensvel no contexto da reconstruo,tal postura afasta o leitor, entretanto, de leiturasque aproximam Durkheim da filosofia da cons-cinciaeatdohegelianismoque,emboramenos freqentes, adquirem hoje grande impor-tncia, principalmente em funo de reconstru-es como as de Charles Taylor e Axel Honneth,queresgatamaidiadalutaporreconhe-cimento, presente nos escritos do jovem Hegel,paraaconstituiodeumateoriasociolgicado reconhecimento.Massella investiga, no segundo captulo, arelaoentreodiscursocomumeoempregode conceitos e definies na formulao terica.Aqui o recurso s categorias analticas da filo-sofia da linguagem, como os conceitos semn-ticos de intensionalidade e extensionalidade, bastante frutfero. So revistas aqui as implica-esmetodolgicasdoconceitoderepresen-taocoletivaeanalisa-seovnculoentrealinguagemterica(queconcernearepresen-taes como solidariedade e coeso social)e a linguagem observacional, que toma certasfontes como dados, a exemplo das regras jur-dicas,emOsuicdio,equespodeseresta-belecido mediante a introduo de novos pressu-postos tericos, como o de solidariedade posi-tiva. So examinadas as consideraes metodo-lgicas de Durkheim sobre as definies que,conforme Massella,tentam conciliar as exigncias da constituiode conceitos que atendam s necessidades deverificaodacincia,masque,aomesmotempo,nosedistanciemdousocomum,jque os fenmenos sociais, se no so consti-304NUNES,JORDOHORTA.OnaturalismometodolgicodemileDurkheim(AlexandreBragaMassela)tudospelasrepresentaesdopesquisadorso,afinal,constitudospelasrepresentaescompartilhadas e impostas aos atores.Analisam-se,emprofundidade,algumasdasdefiniesmaisfamosasnasociologiadurkheimiana:religio,suicdio,fatosocialedivisosocialdotrabalho.Manifesta-seaqui,como em geral no curso da reconstruo, a preo-cupaoemrelacionaraanlisetericaoumetaterica com as orientaes programticascorrespondentes na metodologia, como exemploa justificao da escolha de certos indicadoresempricos como o volume da sociedade e seugraudeconcentrao,queatenderiamexigncia,paraopesquisador,deprocurareidentificar as diferentes propriedades do meiosocialquepodemexercerumaaosobreocursodosfenmenossociais.Essaquestoremete ao problema da anlise dos dados, ou daadministraodaprova,emqueDurkheimrecorre ao mtodo das variaes concomitantesde Stuart Mill para validar ndices de variaessociaiseinterpretararelaoencontradapormeio de um tipo de explicao finalista, analisadopor Massella no captulo seguinte.A interpretao dos dados ocorre, segundoareconstruodeMassella,nocontextodajustificaodeumalei,naformadeumaexplicao alternativa para um fato que, antesdaexplicao,apresentava-secomoumaexceolei.EmOsuicdio,porexemplo,Durkheimpartedaconstataoempricadamenor inclinao para o suicdio entre os judeuscomoumaaparenteexceoemrelaoleique afirma uma variao positiva concomitanteentre a intensidade da vida intelectual (nos casosemqueestadenotaumabalodascrenascomuns) e o suicdio. Torna-se importante, nestecaso, tentar reinterpretar este fato e caracteriz-lo como exceo, pois est em xeque um dospassosexplicativosdateoriaqueexplica,porexemplo, toda uma classe de suicdios, o suicdiodo tipo egosta. A regra de explicar um fatosocial por outro fato social orienta essa expli-caoeareinterpretaodofatoe,assim,no pode ser identificada como uma estratgiaarbitrria para salvar a todo custo supostas leis.Assim, as hipteses no so derivadas dos fatos,como se requer, por exemplo, no critrio empi-rista do significado, mas inventadas com o fimdeexplic-los.MassellacriticaastentativasdeadequaressaestratgiametodolgicaempregadaporDurkheimnomodelonomo-lgico-dedutivo. Trata-se, por outro lado, de umtipodeinfernciaindutiva,queconduzageneralizaes similares s obtidas por mtodosexperimentais.Porm,osocilogopioneirotambmrecorriaaoutrostiposdeinferncia,admitindo no somente a elaborao hipotticade proposies gerais para explicar correlaesobtidas empiricamente, mas tambm a possibi-lidadedeconsiderarhiptesesalternativasnaexplicao fornecida a alguns tipos de fatos.Massella recorre, no quarto captulo, ao tipodecrticaedeincorporaodasexplicaesfinalistas elaborado por Durkheim para entendera noo de inteligibilidade da relao causal ecaracterizarmelhorseunaturalismonoplanometodolgico. Durkheim criticava as explica-es teleolgicas e finalistas, sustentando quemostrarqueumfatotilouquetemcertasfinalidades no equivale a caracteriz-lo nem aexplicarcomosurgiu.SegundoMassella,Durkheimtendeaidentificarasexplicaesfinalistascomaspsicolgicas,concebendoofinalismocomoumavisosegundoaqualasociedadeummeioparaasfinalidadesdosindivduos. Contudo, sua crtica parece atingirapenas um tipo de explicao finalista e no aprpria classe de explicaes finalistas. Isso ficaclaro quando Durkheim, ao explicar o suicdio,procura mostrar como os estados psicolgicosgerados pelo meio social tornam inteligveis asdisposies e intenes suicidas:Osuicdiopassadaordemdamotivaopressuposta para uma teoria social explcita damotivao: o suicdio passa de uma inclinaonatural pressuposta que o meio social pode ouno bloquear para a ordem de uma motivaoque s inteligvel luz das necessidades dohomem socializado e das possibilidades, dadastambm socialmente, para realiz-las. (p. 219)EmboraDurkheimmanifesteointeressecientfico pelo significado social do suicdio, omtodo empregado para analis-lo no consi-deracomobaseempricavlidaosmotivosalegados pelos indivduos em situaes concretasde suicdio, nem a possibilidade alternativa de305SOCIEDADE E CULTURA, V. 9, N. 1, JAN./JUN. 2006, P. 301-305noes e intenes expressas pelo agente comoconstitutivasdoprpriosuicdio;emoutraspalavras, no interessava a Durkheim a prag-mticadoauto-suicida,masadeterminaodeassociaesestatsticasentreataxadesuicdios e variveis de perfil social, obtidas porfontes secundrias e interpretadas com o auxliode teorias sociopsicolgicas.O mtodo cientfico e as obras de orientaooureflexometodolgica,aexemplodas Re-grasdomtodosociolgico,soelaboraesex post facto, ou seja, pensar a cincia tarefadaprpriacinciaenoumafundamentaolgica anterior prtica da pesquisa. O mtodo,portanto,imanentecinciaeestadevesatisfazer um padro nico, recorrente na histriada cincia e que consiste na aplicao do mtodoexperimentalnocontextodadefiniodeconceitos, da classificao de tipos e da provaderelaescausais. Aorientaonaturalistatransfere-se,portanto,reflexivamente,aumaconceponaturalistadasociologiacomodisciplina,cujaconstituiorequerousodemtodos da cincia emprica e a realizao deuma historiografia da cincia, para identificar ediscutirseusprincpios.Massellasalientaaatitude metodolgica presente na sociologia deDurkheim e que favorece a continuidade entreaconstituiodacinciacomodisciplinaeaprticacientfica:manter-senaconscinciamoral de uma determinada poca, pois a cinciano pode pretender legislar em seu lugar; porm,porqueaconscinciacomumnopenetranofundodascoisas,astensesinternasqueporventuraelaexperimentarpoderoserresolvidas a partir do ponto de vista privilegiadodacincia.Finalizandosuaargumentao,AlexandreMassellamostracomoessaestra-tgiaestpresenteemAdivisodotrabalhosocialeemAsregrasdomtodosociolgicoe nos conduz a avaliar uma derradeira questo,nomenosimportante,aquenosconduzonaturalismo metodolgico de Durkheim: o papelnormativo da efetivao de regras metodolgicasnocursodahistriadacincia.Contudo,oprprio autor nos conduz a uma posio maiscautelosa com relao possibilidade de umasoluodefinitivadoproblemametodolgicoapontado:da mesma forma como no pudemos concluirque Durkheim pretendia justificar proposiesvalorativas com base nas proposies de fatodacincia,masapenasfornecerboasrazesparaadotarmoscertasregrasprticas,nodevemosconcluirqueDurkheimpretendajustificar sua metodologia com base na histriadacincia.Aorecorrerhistriadacinciasocialrecenteeleestarprecisandooseuprprioidealmetodolgicoeapontandosuafecundidade. (p. 252-3)Esta resenha de O naturalismo metodol-gicodemileDurkheimcompreendeumaperspectivadeleituraqueprivilegiou,certa-mente,algunsaspectos,possivelmenteemdetrimentodeoutrasconsideraesquesetornariamproeminentesapartirdeoutrosreferenciaisanalticos.Noentanto,espera-seque a seleo de comentrios e argumentos queaqui se encerra contribua para motivar a leituracompleta de um livro que carrega, indubitavel-mente,osatributosdeumareconstruometodolgica capaz de direcionar ou reorientara apreenso cognitiva de um autor e sua obra.