Resenha de O cortiço

18
C RESENHA DE “O CORTIÇO” Aluísio Azevedo

Transcript of Resenha de O cortiço

Page 1: Resenha de O cortiço

CRESENHA DE “O CORTIÇO”

Aluísio Azevedo

Page 2: Resenha de O cortiço

Publicada em 1890 sob influência do Naturalismo, a obra O Cortiço, de Aluísio de Azevedo, acompanha a história e a rotina dos moradores de um cortiço carioca, que é uma espécie de pensão. O ambiente é retratado como local de promiscuidade, capaz de contaminar quem se aproxima de lá, sendo o comportamento dos personagens um reflexo do meio, da raça e do momento histórico.

Page 3: Resenha de O cortiço

No naturalismo a escrita costuma não ser rebuscada, ou seja, não há floreios, palavras bonitas e os temas geralmente dizem respeito à classe marginalizada da sociedade: o pobre, o negro, o proletário... Diferente do realismo que se concentra na burguesia.

Page 4: Resenha de O cortiço

Sem se preocupar com a parte psicológica, o naturalismo é físico, trata o ser humano como um ser-biológico, tipo um rato que se comporta de acordo com os estímulos que lhe é dado. Determinista, o homem é visto como um produto do seu meio, incapaz de pensar e agir diferente daquilo que o seu ambiente lhe propicia. É como se por ter nascido numa favela e ter sido criado por bandidos, inevitavelmente ele também será bandido.

Page 5: Resenha de O cortiço

Os romances naturalistas são constituídos de espaços nos quais convivem desvalidos de várias etnias. Esses espaços se tornam personagens do romance.É o caso do cortiço, que se projeta na obra mais do que os próprios personagens que ali vivem. Em um trecho do romance o narrador compara o cortiço a uma estrutura biológica (floresta), um organismo vivo que cresce e se desenvolve, aumentando as forças daninhas e determinando o caráter moral de quem habita seu interior.

Page 6: Resenha de O cortiço

A obra é narrada em terceira pessoa, com narrador onisciente (que tem conhecimento de tudo) que entra no pensamento dos personagens, faz julgamentos e tenta comprovar, como se fosse um cientista, as influências que seus habitantes sofrem.

Page 7: Resenha de O cortiço
Page 8: Resenha de O cortiço

No começo do livro, as ações estão envolvidas em volta do personagem João Romão, um português avarento e ganancioso comerciante que engana uma escrava chamada Bertoleza e a induz a trabalhar de graça, esta passa ser a sua amante. João Romão era uma pessoa extremamente ambiciosa e privava-se de luxo, gastando seu dinheiro apenas com negócios que o faziam ganhar mais dinheiro.

Page 9: Resenha de O cortiço

Com isto, ele começa a construir um cortiço e seu vizinho Miranda, um rico português questiona as riquezas de Romão e vive invejando-o. Miranda conseguiu acumular as riquezas através do dote que recebeu de sua mulher no casamento, Estela, porém é um casamento infeliz e eles não se amam. Romão constrói uma pedreira e contrata Jerônimo para fazer a supervisão dos trabalhadores escravos.

Page 10: Resenha de O cortiço

A seguir na história, podemos acompanhar a transformação do personagem Jerônimo, que aos poucos se torna um brasileiro preguiçoso, malandro e cafajeste, pois se encanta por uma mulata chamada Rita Baiana, que mora no cortiço e possui um namorado. Certo dia, Jerônimo envolve-se em uma briga com Firo namorado de Rita Baiana e vai para o hospital, pois foi esfaqueado. Ele se recupera, e após ter alta, arma uma emboscada para Firmo, onde o mata e joga o corpo no mar.

Page 11: Resenha de O cortiço

Enquanto isto ocorre, o português Miranda consegue um título de barão, que faz com que Romão passe a invejá-lo. O cortiço é destruído em um incêndio e João Romão o reconstrói, mas com um estilo voltado para a classe média, ao invés de estilos que lembravam favelas. Com o tempo, desperta o interesse de casamento de João Romão com a filha de Miranda, para que ele possa também tornar-se uma pessoa nobre. Porém, ele não poderia casar-se com Bertoleza trabalhando para ele, pois naquela época a abolição dos escravos já havia sido realizada e ela era a sua amante. Ele planeja contar ao dono de Bertoleza que a escrava sumiu, e quando o verdadeiro dono chega para procura-la e levá-la, ela tira sua própria vida, com a faca que limpava peixe, abrindo o seu próprio ventre.

Page 12: Resenha de O cortiço

Ironicamente, um grupo de abolicionistas aguarda João Romão na sala de sua casa para diploma-lo como sócio benemérito benfeitor, pois aos olhos externos ele era uma pessoa que se preocupava com a situação dos negros e escravos do Brasil naquela época.

Page 13: Resenha de O cortiço

Ao longo do romance vão aparecendo os diferentes modos de adaptação do cidadão português ao Brasil, além da luta dos negros e, especialmente, dos mestiços pela sobrevivência. Miranda e João Romão são figuras que representam momentos distintos do processo de constituição das elites brasileiras. Miranda foi o português que chegou antes, se adaptou rapidamente ao País, casou-se com a filha do patrão e tornou-se rico. João Romão rouba, engana e explora para torna-se rico.

Page 14: Resenha de O cortiço
Page 15: Resenha de O cortiço

Para retratar a teoria de que o meio influência o homem, o autor usou os personagens de José Romão e o de Jerônimo. Romão é pobre, entretanto, após herdar uma venda, se torna altamente ambicioso. Já Jerônimo homem de família, honesto e trabalhador se desvirtua pelos prazeres carnais.

Page 16: Resenha de O cortiço

A história de João Romão é a vida de um dono de cortiço no Rio de Janeiro do século XIX que consegue enriquecer e ganhar status social graças à exploração da miséria alheia. Romão representa a pessoa que vem de baixo, sem recursos financeiros, mas que por obra do destino vê uma oportunidade de crescer, porém o que se vê é que ele se aproveita de várias situações para enriquecer e adquirir status sociais. Em busca de ser melhor que seu vizinho, Miranda, ele cria mentiras para se beneficiar, se apropria de propriedades que não o pertencem. E com sua ascensão se torna arrogante e mesquinho, a ponto de se desfazer de sua companheira, Bertoleza, sem nenhuma compaixão para se casar com a filha de seu vizinho rival, porém, invejado, a fim de conquistar o tal desejado status social.

Page 17: Resenha de O cortiço

Já Jerônimo, sua história se desenrola de forma contrária, um homem virtuoso, que vive para a família, se entrega aos desejos da carne após mudar-se para o cortiço e conhecer Rita Baiana. Seus desejos se apresentam de forma tão descontroladas que ele chega ao ponto de larga sua família, arquitetar a morte do namorado de sua nova amada por ciúmes, de gastar todas as suas economias. No qual suas atitudes levam a mais um desfecho diante da situação, o do final de sua filha, que era vista como a princesinha do cortiço, futuramente recrutada por Leónie, prostituta que a influencia a fazer o mesmo.

Page 18: Resenha de O cortiço

Esse contraste entre ascensão e declive social, no qual é muito atual nos dias atuais, onde a influencia do ambiente age sobre a criação do ser, devemos refletir o que essa obra nos tenta apresentar de forma bem natural, a sordidez e os vícios humanos. Uma obra atual que na minha humilde opinião deve ser recomendada a todos os jovens em formação. Em vista que, o ser humano pode ser sim influenciado pelo meio, mas com boa orientação e incentivos adequados podem transformar o meio em que se vive em um lugar melhor, no qual o caráter tenha mais valor que os bens matérias e os desejos da carne.