Resenha Crítica do texto Colonização, miscigenação e questão racial.
-
Upload
matheus-teixeira -
Category
Documents
-
view
223 -
download
0
Transcript of Resenha Crítica do texto Colonização, miscigenação e questão racial.
-
7/27/2019 Resenha Crtica do texto Colonizao, miscigenao e questo racial.
1/3
UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO UNISAFaculdade de Educao Fsica
Disciplina: Cultura Afro-Indgiena Brasileira.Prof. Diogo Dos Santos Brauna
NOME: Matheus Augusto Teixeira RA: 3009998 Sem1 Perodo: Noturno
Resenha Crtica do texto:Colonizao, miscigenao e questo racial: Notas
sobre equvocos e tabus da historiografia brasileira de Ronaldo Valinfas
Vainfas reala o encontro de trs povos postos em cena pelo
descobrimento do Brasil e pela colonizao efetuada pelos lusitanos. A
miscigenao tnica e mescla de cultura so problemas afins da historiografia
ocidental na contemporaneidade, porem, algumas mudanas surgiram no decorrer
do tempo e podemos observar quais termos, valorao e sentido das
interpretaes sofreram modificaes.
Desde o incio da historiografia brasileira o problema da mescla cultural nos
foi apresentado e se mostrou como a miscigenao racial formulada por Karl Von
Martius, botnico, naturalista e viajante. Von Martius afirmava que era essencial
compreender a historia do Brasil e para tal era necessrio entender como se deu amistura entre ndios, negros e brancos para a formao da nacionalidade
brasileira. Deu prioridade ontribuio portuguesa na formao da nacionalidade
e praticamente silenciou a raa negra e a indgena. A partir da a questo da
miscigenao tnica e cultural estava posta, contudo, apesar de inovadora,
ningum a seguiu ao longo do sculo XIX.
Na virada do sculo XIX, surge Capistrano de Abreu, inovando a
interpretao na historia do Brasil colnia em vrios aspectos. Paulo Prado que
publica em 1928, Retratos do Brasil e segue Capistrano de Abreu, todavia, mais
explcito quanto s consequncias
da miscigenao que resultaram da turbao sexual. Mas, Paulo Prado avana
quando rompe com certos constrangimentos acerca do assunto, pois, a
responsabilidade era dos portugueses desterrados e dos indgenas de natureza
-
7/27/2019 Resenha Crtica do texto Colonizao, miscigenao e questo racial.
2/3
lasciva e dos africanos voluptuosos e que transformaram o Brasil em um pas
orgistico. Segundo Paulo Prado, o problema racial do Brasil estava, porm: nem
tanto no negro, mas na miscigenao. Muitos outros autores como Pandi
Calgeras, Pedro Calmon, Joo Ribeiro, evitavam falar sobre a sexualidade ao
tratarem da miscigenao racial. Entre 1930 e 1940, trs grandes obras devem ser
destacadas: casa-grande e senzala (Gilberto Freyre, 1933), Razes do Brasil
(Srgio Buarque de Holanda, 1936) e A formao do Brasil contemporneo (Caio
Prado Jr, 1942).
Freyre foi criticado no que diz respeito ausncia de preconceito racial
entre os lusitanos. Gilberto Freyre confere ao portugus o ttulo de excelente
colonizador, porem, o fato que Freyre valorizou a mistura das trs raas e
permitiu a interpolao das culturas indgenas, afro e lusitanas em relao
formao do povo brasileiro. Freyre ressalta igualmente a cultura portuguesa e
africana do Brasil e afirma que a segunda o colonizador africano do Brasil.
Apesar de ter contribudo fortemente historiografia brasileira, em muitos
aspectos, Razes do Brasil avanou pouco em relao miscigenao. Vainfas
segue afirmando que no desmerece a relevncia da primeira sntese marxista
da historiografia brasileira fartamente exaltada, pois, nelas se rene o arcabouo
de violento racismo, principalmente no captulo Organizao social.
Caio Prado Jr confere depreciao dos negros e dos ndios brasileiros,
especialmente escravido e inegavelmente denuncia o racismo da sociedade
colonial, porem, inegvel tambm o convvio de seu marxismo com a raciologia
cientfica prpria do sculo XIX.
Caio Prado reitera que ndios e negros tm cultura nfima e isso depreciou
ainda mais a escravido no Brasil diferentemente da escravido antiga, onde
muitas vezes havia escravos culturalmente superiores de seus senhores. Caio
Prado e Freyre se contrastam radicalmente.
O primeiro militante da esquerda, o segundo - de posio poltica discutvel,
no entanto, no renem novidades no tange m origem do povo brasileiro, j
que mestio. Esses juzos foram esquecidos como se o autor no os tivesse
expedido e apenas a ideia de reificao da escravido que derivava do sentido
-
7/27/2019 Resenha Crtica do texto Colonizao, miscigenao e questo racial.
3/3
mercantil da colonizao permanecia. Freyre era o alvo com sua viso romntica
da escravido, sem preconceito racial.
Dessa maneira, historiograficamente, o que resultou foi uma interpretao
distorcida da escravido e omisso dos cruzamentos culturais ensejados pela
colonizao.
Ronaldo Vainfas segue suas explanaes afirmando que, atualmente, nossa
historiografia est adiantada no que concerne mescla cultural, porm, evita o
tema miscigenao racial, a predominncia do silncio sobre a mestiagem ainda
intensa.
Nos ltimos anos exps o problema dos hibridismos culturais
aperfeioando o conceito de miscigenao intermedirio cultural.
Persiste, no entanto, certa dvida de nossos historiadores em relao
problemtica da miscigenao racial deflagrada desde nosso primeiro sculo. O
constrangimento maior, entre os historiadores, parece residir na problematizao
do conceito de raa.
Outrossim, faz-se necessrio reconsiderar a contribuio de Gilberto Freyre
em relao s generalizaes abusivas trouxe-nos discusso sobre o tema
miscigenao racial, cultural e tnica, to relevante na historia brasileira. Diante do
exposto, conclumos que todos estes estudiosos foram primordiais para a
historiografia brasileira, bem como para a retomada e continuao dos debates
sobre a miscigenao na formao do povo e da cultura brasileira.