Resenha crítica do filme - Ágora

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RESENHA CRÍTICA No filme é possível ver também a essência do que é a doutrina cristã. Nunca paramos para pensar no que acreditamos e Hipatia diz isso a um de seus discípulos que se tornou cristão, que passa a questionar tudo, mas nunca questiona o que ele acredita. Hipatia afirma que não pode se converter ao cristianismo, ela opta pela neutralidade e o amor a filosofia porque a visão de mundo dela é puramente filosófica e não há espaço para religião. Entretanto a política e a religião estavam acopladas nesta época, tornando a situação delicada até para o prefeito Orestes. A tensão entre cristão e judeus cresceu demais. Os cristãos passaram a dominar o território, Orestes era pagão e se tornou cristão. Quem não fosse cristão seria morto. Hipatia foi taxada de bruxa e atéia e por isso pagou caro. É notável como fator histórico, que o filme mostra um cristianismo que não tem uma filosofia como tem os gregos e romanos. Isso é possível ver com clareza no filme, o local onde ocorre, e as doutrinas dominantes. A história é no Egito e lá vemos deuses pagãos, o povo romano com suas tradições inclusive gregas, e conflito entre judeus e cristão e as suas tensões. O Cristianismo, mostrado no filme, não possui uma filosofia autentica, na verdade ele é uma cooptação da filosofia Greco-romana e egípcia.

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Resenha crítica do filme Ágora

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RESENHA CRÍTICA

No filme é possível ver também a essência do que é a doutrina cristã. Nunca

paramos para pensar no que acreditamos e Hipatia diz isso a um de seus discípulos que se

tornou cristão, que passa a questionar tudo, mas nunca questiona o que ele acredita. Hipatia

afirma que não pode se converter ao cristianismo, ela opta pela neutralidade e o amor a

filosofia porque a visão de mundo dela é puramente filosófica e não há espaço para

religião. Entretanto a política e a religião estavam acopladas nesta época, tornando a

situação delicada até para o prefeito Orestes. A tensão entre cristão e judeus cresceu

demais. Os cristãos passaram a dominar o território, Orestes era pagão e se tornou cristão.

Quem não fosse cristão seria morto. Hipatia foi taxada de bruxa e atéia e por isso pagou

caro.

É notável como fator histórico, que o filme mostra um cristianismo que não tem

uma filosofia como tem os gregos e romanos. Isso é possível ver com clareza no filme, o

local onde ocorre, e as doutrinas dominantes. A história é no Egito e lá vemos deuses

pagãos, o povo romano com suas tradições inclusive gregas, e conflito entre judeus e

cristão e as suas tensões.

O Cristianismo, mostrado no filme, não possui uma filosofia autentica, na verdade

ele é uma cooptação da filosofia Greco-romana e egípcia.

Cirilo foi o grande propagador da proposta cristão na história. Ele claramente

propôs a conversão obrigatória. Quem não fosse cristão automaticamente deveria ser

apedrejado, inclusive armou ciladas a Orestes, o prefeito cristão.

O filme retrata os vários aspectos inerentes à situação da sociedade de Alexandria

na época, ressaltando a divisão e formação das classes sociais, o papel da mulher na

sociedade, a forma de governo aplicada. A trama principal aborda uma perspectiva sobre

as múltiplas religiões da cidade e seus conflitos, sobretudo o conflito entre a religião Cristã

e os pagãos que são representados pelos estudiosos, que tinham como sede a Biblioteca de

Alexandria. O filme aborda este conflito em uma época em que o conhecimento acerca de

várias situações e coisas era envolvido por muito misticismo, tendo em vista a falta de

explicação para tais eventos. A ascensão do Cristianismo sobre as demais religiões mostra

como a fé foi utilizada como justificativa para guerras e como o Estado teve que recorrer a

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ela para manter o controle social, sacrificando a busca do conhecimento, com destruição do

trabalho científico, como forma de garantir o governo frente ao risco de intolerância das

massas enfurecidas.

O filme acaba por ser tendencioso quando expõe o Cristianismo como o principal

algoz na trama, sendo que seria válido um aprofundamento da questão a respeito do uso

que o império romano fez da religião, a seu favor. Além disso, há alguns aspectos

tratados no filme que devem ser citados como negativos do ponto de vista ético são: o

papel ocupado pela mulher naquela sociedade, a intolerância religiosa, o uso da fé como

justificativa para guerra, o início da criação dos santos cristãos a partir dos mártires, o

atraso na evolução científica provocado pela destruição da biblioteca de Alexandria, a

intolerância religiosa, bem como a perseguição aos cientistas sob pretexto religiosos.

Essa obra tem uma grande relação com a expressão “O homem é lobo do

homem”. Demonstrado na grande batalha entre os Cristãos e os Pagãos. Os Pagãos – uma

comunidade não pertencente a nenhuma religião – acreditavam na filosofia da existência

através do conhecimento. Por outro lado, Os Cristãos, acreditavam na força divina e

puniam severamente todos aqueles que se opunham a acreditar na divindade. Tentava

destruir todas as fontes de conhecimento, chamada de bibliotecas, a fim de sobrepor, sem

condição de escolha, o Cristianismo acima de qualquer outra crença.