Resenha beatriz ilari - bebês também entendem de música

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RESENHA Bebês também entendem de música: a percepção e a cognição no primeiro ano de vida de Beatriz Senoi Ilari por Carlos Roberto Prestes Lopes ILARI, Beatriz Senoi. Bebês também entendem de música: a percepção e a cognição musical no primeiro ano de vida. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 7, 83-90, set. 2002. É possível baixar o artigo diretamente do site da ABEM clicando aqui

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RESENHA

Bebês também entendem de música:

a percepção e a cognição no primeiro ano de vida

de Beatriz Senoi Ilari

por Carlos Roberto Prestes Lopes

ILARI, Beatriz Senoi. Bebês também entendem de música: a percepção e a cognição musical no primeiro ano

de vida. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 7, 83-90, set. 2002.

É possível baixar o artigo diretamente do site da ABEM clicando aqui

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Beatriz Senoi Ilari - Bebês também entendem de música: a percepção e a cognição no primeiro ano de vida

© Carlos Roberto Prestes Lopes - 2008 [ 2 / 3 ]

INTRODUÇÃO

O texto tem como objetivo a reunião e revisão da literatura existente. A autora destaca a utilização comum das músicas com bebês, sendo os principais objetivos os efeitos curativos e sedativos, e a principal característica das canções de ninar ou brincar é a simplicidade.

1. Ambiente sonoro pré-natal e a memória musical pós-natal

“É a partir da 32ª semana de gestação que o feto tem o sistema auditivo completo e escuta

relativamente bem, mesmo dentro do útero”, ambiente bastante barulhento, onde se misturam os sons cardiovasculares, intestinais e placentários somados ao som externo, podendo reconhecer algumas vogais e contornos melódicos da fala. Importante destacar que o bebê é um receptor atento aos sons, pois já aos três dias de vida prefere a voz da mãe, reconhece rimas e parlendas respondendo às referências conhecidas com uma mudança dos batimentos cardíacos.

2. A percepção e a cognição musical no primeiro ano de vida

Os trabalhos coletados foram organizados de acordo com a propriedade do som de que trata: altura, timbre, ritmo, etc. A maioria dos estudos foram realizados com bebês entre 6 e 11 meses, já que fazer pesquisa com bebês menores é muito difícil. 2.1.A percepção de alturas musicais e contornos melódicos É importante notar que para os bebês “mais do que notas isoladas, o contorno melódico apresenta ser vital na percepção musical”, e que o contorno melódico carrega informações importantes, como o sobe-e-desce característico da fala da mãe que chama a atenção do bebê ou a nota suspensa que depois descende usada para acalmar o bebê. 2.2.A percepção das escalas não ocidentais Os bebês, por não ter sido influenciado pela cultura, são objeto de pesquisas sobre a influência da cultura sobre o humano, que de tão forte, já pode ser detectadas (influências) a partir de 1 ano de vida. Para estas pesquisas foi utilizada a percepção das chamadas escalas exóticas. 2.3.A percepção harmônica Pesquisas apontam a preferência dos bebês por acordes simples, ou seja, acordes consonantes, o que aponta para as músicas utilizadas ao trabalhar com bebês que já tem esta característica. 2.4.O som de cada instrumento e cada voz: a percepção do timbre Sem dúvida alguma, o timbre preferido do bebê é o da voz de sua mãe. Há estudos sobre percepção de timbres de instrumentos, mas (ao meu ver1) possuem métodos pouco confiáveis. 1 Nota da autora

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2.5.A segmentação das frases musicais Os bebês são sensíveis a frases musicais, manifestam-se quando são interrompidas ou invertidas. 2.6.A percepção de eventos temporais: o ritmo e o tempo musicais Os bebês conseguem distinguir células rítmicas contrastantes, além de demonstrarem agrupar elementos semelhantes. 2.7.A memória musical de longo prazo As pesquisas mostram (aspecto pouco pesquisado, novamente pelo excesso de dificuldades) que bebês têm memória musical entre dois e três meses, sendo esta atingida quando executada a mesma gravação.

3. A música no dia-a-dia do bebê

3.1.Os bebês são exigentes e têm preferências por cantores, estilos e modos de cantar O repertório e a forma de cantar tradicionais e aproximam-se muito do que as pesquisas

apontam como ideal, de como tocar o bebê através da música. Por ser considerado importante ao desenvolvimento, os pais esforçam-se em dar grande expressão às canções cantadas, qualquer que seja o estilo escolhido.

3.2.Música, bebês e contextos terapêuticos A música tem sido usada com sucesso no apoio ao tratamento de bebês prematuros,

ajudando em diversos pontos, como redução de dias de internação, estabilização da respiração, redução da perda de peso, etc., e também no alívio das cólicas infantis.

4. Implicações para a Educação Musical

O educador deve incentivar o canto dos pais para seu bebê, sendo que “os programas educacionais dirigidos aos bebês devem visar ambos: o bebê e os pais”. Desta forma, o ensino deve considerar o preparo dos pais para que cantem com freqüência e fluência a seus bebês, possibilitando a expansão de seu repertório (da mesma forma o educador deve estar preparado para receber e multiplicar o repertório trazido pelos pais).

Conclusão

Nas últimas décadas, aumentou o número de pesquisas relacionadas com a percepção auditiva do bebê. A principal conclusão destas pesquisas é que os bebês não são ouvintes passivos, têm grande receptividade aos sons e devem ser alimentados com músicas simples interpretadas com expressividade acentuada.