Requerimento - Sobre a Pousada de Juventude de Ovar
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REQUERIMENTO Ovar, 28 de Janeiro de 2015
Assunto: Sobre a situação na Pousada de Juventude de Ovar
Exmo. Senhor Presidente
Como é do conhecimento geral, em finais de Novembro os trabalhadores da
Pousada da Juventude foram confrontados com um processo de lay-off, sob o argumento
de baixa sazonalidade, que os penalizaria duramente em termos remuneratórios.
Tivemos entretanto conhecimento, através das declarações do Senhor Presidente
na reunião da Assembleia Municipal de 5 de Dezembro do ano transacto, confirmadas
posteriormente através de nota de imprensa da Câmara Municipal de Ovar (CMO), que
esta haveria celebrado um protocolo com a MOVIJOVEM no qual assume um pacote
anual de reservas de alojamento e salas de reunião no valor de 30000€, cuja
contrapartida seria a reversão do processo de lay-off.
O PCP não deixa de considerar positivo o recuo na decisão governamental
relativamente ao processo de lay-off. Considera ainda positiva a priorização da utilização
deste equipamento pela autarquia, defendendo inclusivamente que, dentro daquilo que
são as suas competências, a autarquia estude uma solução estratégica de longo prazo,
que passe pela i) priorização do alojamento na Pousada de Juventude nas actividades
realizadas pelas CMO, Juntas de Freguesia e outras entidades ii) pela promoção deste
equipamento através dos serviços de turismo do município; iii) pelo estudo de soluções
de mobilidade que a valorizem iv) pela defesa do seu carácter público para prossecução
do interesse colectivo.
No entanto, o PCP considera que a sustentabilidade financeira da Movijovem é
competência da administração central, entendendo que os trabalhadores, os utentes, a
população e os órgãos autárquicos, nomeadamente a Câmara Municipal, deverão lutar
para que o governo assuma as suas responsabilidades nesta matéria, não devendo a
Câmara assumir, ainda que sob a forma de “crédito”, responsabilidades que lhe são
alheias e que decorrem das opções políticas de desinvestimento público deste governo.
A posição do PCP sobre esta matéria, datada de 28 de Dezembro, pode ser
consultada no em http://www.ovar.pcp.pt/local/actividade/1017.
Gostaria ainda de salientar que nos últimos anos o governo tem vindo a assumir a
intenção de privatizar a Rede Nacional de Turismo Juvenil, regendo-os por critérios
economicistas e não de serviço público. A Movijovem enfrenta um processo de
liquidação/privatização desde 2011, com a publicação do Decreto-Lei 98/2011 que deu
início ao processo de extinção do Instituto Português da Juventude (IPJ), o Instituto do
Desporto de Portugal (IDP), a Fundação para a Divulgação das Tecnologias de
Informação (FDTI) e a MOVIJOVEM num único organismo: o Instituto Português do
Desporto e Juventude (IPDJ).
É de salientar que durante este atribulado processo de liquidação decorreram
sucessivos processos de layoff nos anos de 2013 e 2014, pelo período de 2 meses e
meio e 3 meses, respectivamente, que penalizaram duramente os trabalhadores da
Pousada da Juventude de Ovar.
Com a publicação do Decreto-Lei 132/2014 de 3 de Setembro, o governo volta
atrás no processo de liquidação da MOVIJOVEM mas mantém intactas as intenções de
privatização. E a 10 de Janeiro é anunciando pelo Secretário de Estado da Juventude e
do Desporto, Emídio Guerreiro, o processo de “concessão” de 25 pousadas da Juventude
em todo o país.
Posto isto, preocupa-nos a posição assumida pelo Senhor Presidente da Câmara,
expressa na reunião da Assembleia Municipal supracitada, de aceitação de um cenário
de ulterior privatização da nossa Pousada de Juventude de Ovar.
Posto isto, e ao abrigo da alínea g) do artigo 2.º da Regimento da Assembleia
Municipal de Ovar, solicito junto do Executivo Municipal o seguinte:
Qual a posição da Câmara Municipal de Ovar sobre o processo de privatização
de Pousadas da Juventude, que terá implicações numa importante
infraestrutura do município?
Quais os termos exactos do protocolo entre a Câmara Municipal de Ovar?
Efectuou a CMO algum estudo previsional das necessidades anuais de
alojamento e requisição de salas de reunião que suportem a decisão de assumir
um crédito de 30000€?
Que soluções tem a CMO para o caso de não conseguir atingir um consumo
nesse valor?
Quais as garantias dadas pela MOVIJOVEM ou pelo governo quanto ao não
encerramento e não privatização da Pousada de Juventude de Ovar a longo
prazo?
Tem a Câmara Municipal algum plano estratégico que, no âmbito das suas
competências, dinamize e promova a utilização deste equipamento?
i
Sem mais de momento despeço-me apresentando os melhores cumprimentos.
Miguel Jeri Correia de Sá
Deputado Municipal do PCP