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Universidade Estadual de Maringá 07 a 09 de Maio de 2012
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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS ATORES EDUCACIONAIS
SOBRE INDISCIPLINA: COMENTÁRIOS NAS REDES SOCIAIS
FERREIRA, Adriano Charles (UEPG)
SANTOS, Edvanderson Ramalho dos (UEPG)
ROSSO, Ademir José (UEPG)
Agência financiadora: Capes e CNPq
Introdução
A indisciplina escolar apresenta-se como um problema didático-pedagógico da
contemporaneidade, constantemente alvo de discussões em diversas instâncias. Ela é
manifestada em ações contrárias às normas e regras da escola e com uma complexidade
que precisa ser considerada (GARCIA, 1999). Nesse sentido, Parrat-Dayan (2008)
compreende a indisciplina por uma multiplicidade de razões, motivos e interpretações que
se transformam durante o espaço – tempo. Uma vez que ela é produto da conjuntura
“sócio-cultural que lhe dá sentido” (p.19). Nesse contexto, depende do ponto de vista e do
modo como o observador a interpreta.
Sendo assim, os entraves indisciplinares na escola estão acompanhados de
problemas de origem moral. Nesse caso, a indisciplina “está associada a normas e regras
sociais e morais” (p.55), ou seja, é causada pelo descumprimento ou desconhecimento
desses regulamentos. Desse modo, na discussão sobre indisciplina torna-se necessário
analisar como se dá o desenvolvimento moral e a consciência de regras nos discentes.
O desenvolvimento moral segue um caminho psicogenético (PIAGET, 1994). Esse
desenvolvimento não é automático, e sim possibilidade. Desenvolve-se em três etapas:
anomia, heteronomia e autonomia. Sendo a primeira, a ausência de regras. Já a heteronomia
remete a existência de normas com fontes externas ao sujeito, ou seja, o indivíduo conhece
as regras, todavia obedece-as pela tradição e/ou coação. Por fim, a autonomia é a
consciência da regra como fruto de relações sociais, isto é, as regras estão no próprio
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sujeito. É importante salientar que o desenvolvimento moral está baseado nas práticas
interpessoais. Assim, para se alcançar a autonomia é mister o convívio em espaços
cooperativos que sejam a expressão da justiça e da dignidade (LA-TAILLE, 2010).
Como a indisciplina é um tema circulante nas escolas, em torno dela estão contidos
atitudes, imagens e conhecimentos que promovem intensos debates e questionamentos entre
os atores escolares, que ultrapassam os limites da escola, chegando as mais diversas
instâncias. Assim, constituem-se RS fruto de interações inter-subjetivas e trans-subjetivas,
que não se limitam aos planos subjetivos. Logo, a indisciplina é perceptível nas diversas
manifestações sociais, pois não é um problema isolado, pelo contrário, é quente e mutável,
sendo “exposta e multiplicada graças aos meios de comunicação” (PARRAT-DAYAN,
2008, p.09). Nesse sentido, a indisciplina está presente nos mass media, e
conseqüentemente nas redes sociais.
Nesse contexto, indaga-se: como se processa o debate sobre indisciplina escolar
nas redes sociais? Assim sendo, o objetivo da pesquisa é analisar os comentários dos
professores em duas redes sociais sobre a temática da indisciplina escolar. Espera-se
investigar como se dá a discussão sobre essa temática nas redes sociais e quais são os
pontos que lhe dão sustentação.
As RS são “um conjunto de conceitos, afirmações e explicações originadas no
quotidiano, no curso de comunicações interpessoais” (MOSCOVICI, 1981, p. 1). Além
disso, elas são uma forma de conhecimento pela qual as pessoas no cotidiano compreendem
e significam a realidade. Um pensamento social só pode ser considerado RS se o mesmo
estiver constituído por três dimensões: atitude, informação e campo de representação
(MOSCOVICI, 1978). A atitude enfatiza “a orientação global em relação ao objeto da
representação social” (p. 70). Já a informação diz respeito à “organização dos
conhecimentos que um grupo possui a respeito de um objeto social” (p. 66). Por fim, a
dimensão campo de representação relaciona-se “à idéia de imagem, de modelo social, ao
conteúdo concreto e limitado das proposições atinentes a um aspecto preciso do objeto da
representação” (p. 69). Uma RS pode comportar dois planos distintos: normativo e
funcional (ABRIC, 2003). O plano normativo é originário dos valores dos indivíduos ou
grupos. Por sua vez, o funcional está associado às características descritivas e à inscrição do
objeto nas práticas sociais.
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Umas das principais formas de propagação das RS são os mass media
(MOSCOVICI, 1978). Entre esses, destaca-se a internet, que dilatou o nosso potencial de
comunicação (LOPES, 2010). Desse cenário, emergem as redes sociais, “ambientes
virtuais que permitem aos utilizadores estabelecer relações, trocar impressões e
experiências utilizando mecanismos de interação e decisão em tempo real” (p. 1). Assim
sendo, as redes sociais podem oferecer excelentes oportunidades para investigar RS de
grupos sociais, já que é possível captar e discutir as particularidades e características das
RS desses grupos em suas relações de interação virtual (FURINI e GÓES, 2006).
Metodologia
A pesquisa é de abordagem pluri-metodológica tendo em vista uma “perspectiva
intermediária entre a abordagem quantitativa e a abordagem qualitativa, a abordagem
quanti-qualitativa” (CAMARGO, 2005, p. 20). Além disso, é de caráter exploratório-
descritivo, com procedente análise de conteúdo (BARDIN, 2004). Essa caracterizada como
um conjunto de técnicas de tratamento de dados, a qual se utiliza de métodos objetivos e
ordenados que descrevem o conteúdo, tendo como finalidade a identificação e interpretação
sobre o que se diz determinado assunto.
Quanto aos procedimentos adotados, foram inquiridos dois sites1 de redes sociais
que continham comentários e textos relacionados à temática da indisciplina. Sendo o
primeiro, relacionado à Revista de Educação Pública, a qual faz parte do Centro de Ciências
e Educação Superior à Distância do Estado do Rio de Janeiro (CECIERJ), nesse site foram
compilados 172 comentários. A Revista Educação Pública tem como finalidade instigar a
interação entre os educadores, a partir de oficinas, discussões, produção e publicação de
escritos educativos, científicos ou literários. Assim, o intuito é promover o debate, por meio
de uma rede de educadores, que contribuam e colaborem uns com os outros, configurando-
se como uma rede social. Essa colaboração está mais explicita no campo discutindo, que
permite ao sujeito experimentar uma ação cooperativa de perguntas e respostas a
1 Disponíveis em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/discutindo/discutindo.php?cod_per=108; http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=733. Acessados em: 12 abr 2012.
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implicações, e com isso, trocar opiniões e juízos sobre questões atreladas à educação
(EDUCAÇÃO PÚBLICA, 2012). Nesse caso, a pergunta indutora tratava-se de: Como
lidar com turmas bagunceiras?
Já o segundo web site, apresentava um texto indutor, para o qual os leitores
dirigiram seus comentários. O texto, de autoria de Sheila Cristina de Almeida e Silva
Machado (2007), intitulava-se “A Indisciplina na sala de aula”. Neste texto, as autoras
descrevem o cotidiano de um professor e suas dificuldades pedagógicas oriundas da
indisciplina discente. Posteriormente, Almeida e Machado conceituam a indisciplina com
base em leituras de Julio Groppa Aquino e Rosana Rebelo. Elas finalizam o texto
discutindo ações que podem ajudar a minimizar a indisciplina escolar. Ações essas que
perpassam na construção de uma escola democrática – aquela que ouve as necessidades
dos alunos, e dialoga com seus familiares e possui um corpo docente comprometido,
competente e coeso para atingir esse escopo. O texto está presente no portal planeta
educação, vinculado a empresa Vitae Futurekids, que tem como escopo difundir “o uso
pedagógico e administrativo das novas tecnologias da Informação e da Comunicação nas
escolas públicas brasileiras de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio”
(PLANETA EDUCAÇÃO, 2012). Dessa página foram elencados 261 comentários.
A partir disso, foram tabuladas as informações e em seguida processadas no
software Analyse Lexicale par Contexte d’un Ensemble de Segments de Texte (ALCESTE)
de Reinert (1998). O ALCESTE é um programa que possibilita uma análise lexicográfica
das informações coletadas, proporcionando unidades de contexto iniciais (UCI), marcadas
pelo seu vocabulário, e por elementos textuais que fazem parte desse léxico, configurando-
se um corpus de análise. O corpus de análise contribuinte é dividido em classes de
vocábulos que indicam representações ou campo de representações de um determinado
tema (CAMARGO, 2005; NASCIMENTO-SCHULZE e CAMARGO, 2000). O software
ainda proporciona unidades de contextos elementares (UCE), essas sendo “segmentos de
texto (...) dimensionadas pelo programa informático em função do tamanho do corpus e, em
geral, respeitando a pontuação” (CAMARGO, 2005). No caso em tela, foram computadas
243 UCI e 1089 UCE, tendo o corpus um aproveitamento de 92,28% das análises
processadas.
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Resultados
O processamento do corpus pelo Alceste apontou para três classes, que são
apresentadas no dendograma da tabela 01, a qual oferece a classificação hierárquica
descendente. Para análise quantitativa foi considerada a freqüência mínima de 4 palavras e
o qui-quadrado (X² ≥ 11, 52 , valor 3 vezes maior que o X² = 3, 84). Essas classes indicam
três campos da RS sobre indisciplina distintos presentes no corpus. O primeiro, a classe 1,
engloba os segmentos de texto que versavam com agradecimentos as autoras do trabalho do
site 2. Já a segunda classe mostra os comentários que descreveram a indisciplina escolar
vivenciada no cotidiano por esses professores. Por fim, a classe 3 abordou os comentários
que procuraram justificar e explicar a indisciplina dos alunos. Vejamos em pormenores a
composição e a relação dessas três classes.
Tabela 01 – Dendograma da classificação hierárquica descente do corpus indisciplina.
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Palavras N X²gostaria 48 260,96 Palavras N X² Palavras N X²tcc 27 256, 75 alunos 226 38,35 social 30 87,44tem 28 151,63 turma 102 35,42 família 47 81,67puder 21 133,22 aula 201 34,6 educação 75 64,24enviar 19 127,88 ano 122 28,96 sociedade 25 59,56pedagogia 31 118,58 sei 54 26,7 valores 15 43,11informações 14 111,77 tenho 77 26,1 responsabilidade 17 40,31periodo 14 103,65 sala 161 22,62 humanos 15 31,12artigo 42 126.63 ficar 81 20,11 políticos 12 29,94curso 14 84,22 conversa 46 19,68 fator 10 28,61email 8 74,74 tentar 48 16,86 educacional 12 26,16semestre 8 74,74 bagunça 54 16,65 pais 46 26,04grata 9 74,01 querem 94 16,03 estrutura 9 25,72assunto 17 67,61 fazer 134 15,75 profissionais 17 25,5referências 9 65,72 comecei 52 15,56 processo 14 25,38gostaria 24 52,61 palavras 26 14,86 próprios 15 25,29livros 11 47,51 aprender 35 13,35 problema 48 24,04receber 11 47,51 conseguir 30 12,53 desenvolvimento 8 22,84ajudar 26 45,64 mudar 25 11,84 escola 77 20,1dicas 9 43,74 dificuldades 32 11,67 real 7 19,97parabens 6 39,07 criancas 64 11,66 relacionado 15 18,67indisciplina 36 38, 00 importante 18 18,41pesquisas 10 37,6 assumir 6 17,1monografia 4 37,23 conjunto 6 17,1cursando 5 37,2 legislação 6 17,1agradeço 7 32,62 producao 6 17,1elaboração 5 30,52 verdadeira 6 17,1indicasse 6 29,02 verdadeiros 6 17,1material 15 28,6 necessário 13 16,01relacionados 4 28,23 questão 16 15,81pós 4 22,26 governo 10 15,13sugestões 9 21,53 mudança 9 15,06ficarei 7 21,39 reuniões 9 15,06realizar 5 16,14 falta 26 14,35conclusão 4 14,87 respeito 31 14,32graduação 4 14,87 afetivo 5 14,24problemática 3 14,45 antigamente 5 14,24maravilhoso 5 14,08 aspectos 5 14,24favor 7 13,57 avaliação 5 14,24prática 8 13,41 bancária 5 14,24utilizou 4 12,44 cognitivo 5 14,24gestão 5 12,36 escolares 5 14,24possível 13 12,21 esquecer 5 14,24
essêncial 5 14,24indivíduo 5 14,24proposta 5 14,24renda 5 14,24vista 5 14,24valorizado 6 13, 00reflexo 7 12,58apresentam 8 12,54filhos 22 11,78torna 11 11,65
Classe 1, 106 uce, 9, 73 %, Fonte de informação Classe 2, 699 uce, 64.19 %, Sala
de aulaClasse 3, 284 uce, 26.08 %,
Justificativas
Corpus indisciplina, 243 UCI, 1089 UCE, 92.28%
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A classe 1, “fonte de informação”, conglomera 9,73% das informações
analisadas. Essa classe recebeu uma contribuição significativa dos informantes
femininos. Os comentários englobados nessa classe são quase exclusivos do site 2.
Alguns termos presentes no dendograma da classe 1 possibilitam deduzir os sujeitos que
caracterizaram a classe: pedagogia, TCC, período, curso, semestre, monografia,
cursando, pós, graduação. Assim, tudo indica que a maioria dos informantes desta
classe são acadêmicos dos últimos períodos/semestres de Pedagogia ou estudantes de
pós-graduação. Justifica-se assim a presença majoritária feminina nessa classe, pois a
grande maioria dos acadêmicos que cursam Pedagogia é composta por mulheres
(CARVALHO, 1996). A gratidão ao artigo é salientada com os termos parabéns, grata,
agradeço, maravilhoso. As ações gostaria, tem, puder, enviar, receber, ajudar,
elaboração remetem a busca por mais informações, referências, artigos, livros, dicas,
pesquisas, material. Desse modo, a classe 1 denota uma representação calcada no
benefício e agradecimento de tratar sobre o assunto, visto que muitos dos comentários
apresentam uma identificação com o problema. São comentários parabenizando e
agradecendo a temática abordada. Além disso, pedidos de mais informações sobre o
assunto para auxiliar no enfrentamento ou amenização do problema, como nas seguintes
expressões:
Gostaria que me enviasse por email recursos didáticos para serem aplica dos em sala de aula no ensino fundamental ou oficinas. Gostaria de receber mais informações que me ajudem no meu entendimento sobre esta problemática, você está de parabéns quando desenvolveu esse projeto maravilhoso que é falar sobre a indisciplina. Adorei o texto, pois o meu trabalho final será sobre a indisciplina, esse artigo será de grande valia para mim, se possível, me envie mais matéria, irei ficar muito grata. Que artigo maravilhoso, muito bom gostaria de receber mais artigos, informações sobre este tema, pois estou fazendo monografia sobre este tema: impactos da indisciplina no trabalho docente.
Já a classe 2, sala de aula, foi a mais vasta das classes com 69,19% do corpus,
recebendo tributo diferenciado do site 1 e das mulheres. Os sujeitos salientados pela
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classe são alunos, turma, crianças. Já os substantivos que parecem descrever estes
sujeitos são conversa, bagunça, palavras, dificuldades. Os verbos indicados são tenho,
ficar, tentar, sei, querem, fazer, aprender, conseguir, mudar. Por tudo isso, presume-se
que os sujeitos que configuraram a classe são professores (as), que elencam algumas
dificuldades e experiências vividas em seu cotidiano. Sendo assim, denotam o nível
descritivo e funcional da representação, sendo constituída por elementos que geram
perturbação e incômodo na sala de aula. Os segmentos que compuseram a classe
também denotam as dificuldades pedagógicas dos professores perante esse quadro e os
sentimentos de tristeza e impotência com relação à indisciplina escolar:
Comecei a lecionar este ano com alunos da quinta serie e confesso estar totalmente decepcionada em ter escolhido tal profissão. Eles são muito indisciplinados, falam o tempo todo, inclusive palavrões, e não sentem nenhum interesse em aprender. Já tentei ser amiga, brava e nada adianta. Está muito difícil hoje lidar com os alunos de sexta e nona série, não querem estudar, conversam e até fazem bagunça na sala de aula. Não consegui ter controle ainda com o quarto ano, porque não são um ou dois que bagunçam, são todos. Fico desesperada quando não consigo dar minhas aulas, passo muito tempo só mandando eles se calarem, está quase impossível dar aula naquela sala.
Por fim, a classe 3 – Justificativas – apresentou 26,08% do total das informações
analisadas. Essa classe recebeu maior contribuição do sexo masculino e do site 2. Aqui,
permeia o campo das justificativas, sendo uma tentativa de responder aos
questionamentos que rondam em torno dos discentes indisciplinados. De tal modo, para
os informantes as causas da indisciplina estão relacionadas ao social, família, sociedade,
valores (a ausência desses), políticos, (sistema) educacional, pais, profissionais
(professores), escola, legislação, governo, (educação) bancária, renda. A partir da
freqüência e do X² apresentados no dendograma, notamos que para os informantes as
principais causas da indisciplina estão relacionadas em torno de questões familiares,
políticas, sociais e econômicas. São pouco freqüentes os termos que destacam os
elementos pedagógicos para minimização da indisciplina. Sendo assim, parece que a
escola é caracterizada como reflexo da sociedade, onde nada se pode mudar nela se não
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passarmos por uma reforma estrutural a nível social. Assim, a justificativa para as
turmas bagunceiras apresenta-se aqui como causa estrutural. É o nível normativo da
representação (MENIN, 2007). Assim, para os professores as causas e, algumas
soluções, para a indisciplina passam por reflexões, tais como:
Onde as selvagens leis de mercado são imperativas e o estado se torna, cada vez mais, mínimo. Para encerrar este breve comentário, quero lembrar que a escola é um dos reflexos da crise da sociedade, dos valores, da família e das relações sociais de produção. O problema da indisciplina começou na família quando transferiram a responsabilidade de transmissão de valores básicos como respeito aos pais, idosos, professores no acato a normas e regras aos filhos, para a escola.
O grande problema é a falta de estrutura na qual as famílias estão inseridas. Grande número de pais delegam a escola a obrigação de educar seus filhos, sem ter a sua parcela tão importante de participação nesse trabalho árduo. Paulo Freire ressalta o aspecto quântico energético e estrutural da educação. O exemplo da educação bancária é um destaque que todos nós educadores devemos esquecer e este é o principal legado do texto.
Considerações
Os comentários dos atores educativos demonstram inquietações em relação aos
problemas indisciplinares da escola. Constituindo RS, que circulam nos mass media,
especificamente nas redes sociais, que permitem a divulgação de assuntos similares e
conexos, no caso em tela a educação.
As diferenciações entre as classes parecem ter origem no conteúdo de cada site.
Isso por que o site 1 apresentava a pergunta indutora: Como lidar com turmas
bagunceiras? Assim, os comentários descrevem uma RS descritiva/funcional. Já, o
segundo site – ao apresentar um texto indutor – trazia como conteúdo analisar a
indisciplina num pólo normativo, e assim apontar soluções e explicações. Desse
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contexto emergiram comentários com agradecimentos, e ainda outros que procuravam
explicar através de justificativas uma solução a indisciplina.
As informações analisadas apontaram que existe um interesse sobre a
indisciplina escolar, mostrando que é um tema que preocupa e causa angústia,
impotência e inquietação nos atores escolares. Talvez por isso, os mesmos denotem RS
defensivas e/ou justificativas (SÀ, 1996), perante esse quadro, responsabilizando
situações fora da escola. Assim sendo, de acordo com essas RS, a indisciplina não pode
ser solucionada enquanto a sociedade não seja transformada.
De acordo com as RS dos atores educacionais, parece não haver mais esperança.
Já que a sociedade não possui as condições necessárias a uma boa educação, nada resta
a fazer. Assim, ao que tudo indica, eles se tergiversam da responsabilidade sobre a
indisciplina escolar. No entanto, acredita-se que “somos seres condicionados mas não
determinados”, e que a “história é tempo de possibilidade e não de determinismo”, e que
o futuro “é problemático e não inexorável” (FREIRE, 1996, p. 11 ).
Ao mesmo tempo, contrastam com essas RS hegemônicas, comentários em que
os professores consideram-se como “sujeitos da história”, não perdendo a esperança e
buscando práticas pedagógicas que contemplem a construção de uma escola
verdadeiramente democrática (PARRAT-DAYAN, 2008). Desse modo, a assertiva a ser
feita é: educação rima com esperança, guiada pela confiança.
Referências
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