Repórter do Marão

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"Portugueses são individualistas, não gostam de partilhar" * Edição escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico * Nº 1239 | Ano 26 | Quinzenário | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | | Edição:Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | 910 536 928 repór ter do marão do Tâmega e Sousa ao Nordeste 09 - 22 jun’10 António Mota Presidente da Mota-Engil REGIONALIZAÇÃO Adão Silva (PSD) prefere relocalização de serviços à criação de regiões MOBILIDADE Serviços públicos de Vila Real continuam a violar a lei ENSINO EB de Toutosa sobrelotada, tem mais 10 turmas do que o previsto

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Maior tiragem entre os jornais regionais portugueses - 30 mil exemplares. Distritos do Porto, Vila Real e Bragança. Tâmega, Douro, Trás-os-Montes

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"Por tugueses são individualistas, não gostam de par tilhar"

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09 - 22 jun’10

António MotaPresidente da Mota-Engil

REGIONALIZAÇÃOAdão Silva (PSD) prefererelocalização de serviçosà criação de regiões

MOBILIDADEServiços públicos de Vila Realcontinuam a violar a lei

ENSINOEB de Toutosa sobrelotada,tem mais 10 turmasdo que o previsto

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‘As empresas boas devem ser apoi adas, sejam grandes ou pequenas’Entrevista a António Mota | Desafio da Mota-Engil é chegar a 2013 com 3,1 mil milhões de euros de faturação

“É um bom sinal para o país” que Passos Coelho e Sócrates “consigam dialogar e

tentem encontrar soluções”.

Liliana Leandro | [email protected] | Fotos J.S.

“O s portugueses são muito individualistas, não gostam de parti-lhar”, diz António Mota, 56 anos, presidente da Mota-Engil, a maior construtora portuguesa que em 2009 atingiu lucros de

71,7 milhões de euros. O individualismo nas empresas nacionais, acredita, foi uma das razões que empurraram Portugal para a crise em que se encon-tra, tal como a falta de capacidade dos grupos económicos. Em entrevis-ta ao Repórter do Marão, António Mota lembrou o passado em Amarante, explicou o sucesso da empresa que gere, apontou a falta de dimensão dos grupos económicos nacionais e contou como ser filho do patrão lhe trouxe vantagens e desvantagens.

Para António Mota “as empresas hoje têm pouca dimensão e são poucos os setores em que os portugueses dominam a cadeia de valor”, razão pela qual “quando há uma crise internacional, os primeiros a sofrer são os portugueses”. Ainda assim, o setor da construção “é dos poucos que hoje ainda consegue do-minar a cadeia de valor”, salienta. A culpa, acrescenta, não pode ser apontada a um determinado governo já que resulta de “muitos erros cometidos no passa-do” e de “um acumular de situações que foram sendo estabelecidas” as quais é preciso corrigir.

O filho do fundador da Mota&Companhia (que em 2000 viria a fundir-se com a Engil, formando a Mota-Engil), defende ser agora necessário que o país se recupere “pelas empresas boas”, independentemente de serem grandes, mé-dias ou pequenas. “Hoje toda a gente diz que o país se recupera pelas pequenas e médias empresas.

Quando se diz isto está a pôr-se um ónus em cima das empresas grandes”, refe-re. Contudo, “hoje em Portugal não temos empresas grandes. Toda a gente diz que a Mota-Engil é uma empresa grande mas quando vai lá fora é uma empre-sa média europeia”.

Mas qual a receita da Mota-Engil para superar a crise? António Mota res-ponde que a empresa apostou em “diversificar e internacionalizar”, tendo sido essa a “grande receita do equilíbrio” que a Mota-Engil tem em contas. “Estamos em vários negócios e em várias regiões do mundo. O que queremos é não ser nem dependentes de nenhum negócio nem dependentes de nenhuma região do mun-do”, explica. Por isso mesmo, num momento de crise em Portugal, a Mota-Engil está assegurada por outros países (América Latina, Europa Central e África).

| Juventude ambiciosa e experiência ousada | António Mota começou a trabalhar na Mota&Companhia em 1977/78, mais

de trinta anos depois de ter sido fundada pelo seu pai (e tios) em Amarante em 1946. No seu início, esta empresa trabalhava com madeira em Angola, tendo sido o segundo registo comercial em Cabinda. Em 1973 cessou a atividade com madeiras para dar lugar à construção, depois de em 1952 ter ganho o concurso para o aeroporto de Luanda. Para o empresário, gerir uma empresa como a Mo-ta-Engil, “é conseguir motivar os quadros” que são quem faz a gestão do dia-a-dia. “A Mota & Companhia, a Engil e depois a Mota-Engil têm uma capacidade que é a dos seus quadros, do seu conhecimento de grupo, muitos deles com mui-tos anos de casa e que vivem isto como se fosse deles”, explica. Esta empresa tem ainda, para António Mota, uma “característica fundamental” que passa por incutir aos jovens uma “juventude ambiciosa”. Mas a Mota-Engil é ainda uma “experiência ousada”, sendo nesta “simbiose entre juventude ambiciosa e expe-riência ousada” que António Mota pensa estar a fórmula de sucesso da empresa.

Para 2013 há uma ambição: “atingir os 3,1 mil milhões de faturação, mais de 50 por cento de volume de negócios no estrangeiro e uma margem de resulta-dos maior que a atual”. A “ambição 2013”, como lhe chama, baseia-se na vonta-de de “replicar em todos os países” onde a Mota-Engil se encontra, o modelo de negócio que a empresa tem em Portugal. “Sermos construtores mas também

sermos operadores de autoestradas e da área do ambiente”, sublinha. Já so-bre 2010, António Mota acredita que a Mota-Engil terá “resultados razo-áveis”. “Os grandes problemas que temos neste momento são de atrasos nas obras que não arrancaram”, refere. Para 2011 prevê que a componen-te nacional seja mais afetada pela internacional.

Apesar da sua dimensão, a Mota-Engil Engenharia (sucedânea da Mota & Companhia) tem e “continuará a ter” sede em Amarante. Se por

um lado esta é a empresa que mais contribui com impostos para aquele con-celho, por outro António Mota retira “algum prazer” em lá manter a sede.

“Amarante é a minha terra, é o regresso às origens”, lembra com saudade.

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Acerca do TGV Porto-Lisboa, António Mota diz que discute-se “uma coisa que não faz sentido”. “Não continuem a gastar dinheiro na linha do Norte porque não vale a pena. É preciso fazer uma nova linha”.

| Empresa “totalmente profissionalizada” |

“O meu pai não me deixou muitas coisas, não me deixou muito dinheiro. Deixou-me foi muito trabalho e por isso o que eu quero deixar aos meus filhos é também muito trabalho”. António Mota não quer que os seus quatro filhos (três enge-nheiros e uma artista plástica) tenham tempo “para pensar em outras coisas” e que sejam unidos como ele foi com os ir-mãos que herdaram a Mota&Companhia criada pelo pai. Por-que também não quer ser ele a conduzir a nova geração a lu-gares de topo na empresa, convidou Jorge Coelho (antigo ministro) para CEO da Mota-Engil, agora com uma gestão to-talmente profissionalizada. Coelho foi também convidado “pe-las suas ideias de internacionalização” e por ser “um quadro de elevadíssima capacidade de trabalho” que a certa altura de-cidiu deixar a política. Quanto às críticas que possam existir sobre a relação entre a política e a economia, Mota sustenta que “é impossível este país deixar de aproveitar as pessoas que tem”. Acrescenta que a Mota-Engil “já era a maior cons-trutora portuguesa” antes da chegada de Jorge Coelho e que com ele a empresa faturou mais no estrangeiro que em Por-tugal. Ainda sobre as críticas a Coelho, António Mota brinca que “isso são mais ciúmes dos outros que lhe fizeram convites e ele não aceitou”.

Para António Mota o fundamental é que os governos se empenhem em defender a sua indústria e as suas empresas no estrangeiro. Diz ser político apenas “de quatro em quatro anos” quando tem de votar. “Nessa altura penso pela minha ca-beça e vejo qual a solução que será melhor para o setor e para o país”, esclarece. Depois de ter sido acusado de estar encostado ao governo rosa, António Mota diz já estar “habituado a isso”. É que “ser a maior empresa do país quer dizer ser capaz de ga-nhar a maior quota de mercado possível, esteja quem estiver no poder”. Sobre a nova liderança do PSD, o presidente da Mo-ta-Engil considera “um bom sinal” que Passos Coelho e Sócra-tes “consigam dialogar e tentem encontrar soluções”.

Soluções devem também ser encontradas no que concerne aos caminhos-de-ferro portugueses e ao TGV. É que “fala-se muito da alta velocidade mas esquece-se o outro problema que existe”: a linha do Norte. “A linha atual não é suficiente para o que se precisa”, razão pela qual é “preciso fazer uma nova li-nha” seja ela “para carga e transporte urbano ou para alta-ve-locidade”, defende. Para António Mota discute-se agora “uma coisa que não faz sentido”, apelando a que “não continuem a gastar dinheiro na linha do Norte porque não vale a pena”.

‘As empresas boas devem ser apoi adas, sejam grandes ou pequenas’Entrevista a António Mota | Desafio da Mota-Engil é chegar a 2013 com 3,1 mil milhões de euros de faturação

António Mota nasceu em Amarante em 11 de maio de 1954. Tem quatro filhos, um rapaz e três raparigas – todos já com funções na empresa à exceção de uma filha, artista plástica, a viver em Londres – e uma “neta extraordinária”.Estudou em Amarante no Colégio de São Gonçalo, fez o liceu no Alexandre Herculano, no Porto e formou-se na Faculdade de Engenharia. Gosta de jogar golfe mas admite ter “pouco jeito”. “Costumo dizer que eu gosto mais de golfe que ele gosta de mim”.

“O meu pai não me deixou muitas coisas, não me deixou muito dinheiro. Deixou-me foi muito trabalho e por isso o que eu quero deixar aos meus filhos é também muito trabalho”. A Mota-Engil Engenharia (sucedânea da Mota & C.ª) tem e “continuará a ter” sede em Amarante.

A Mota-Engil “já era a maior construtora portuguesa” antes da chegada de Jorge Coelho e que com ele a empresa faturou mais no estrangeiro que em Portugal. As críticas a Jorge Coelho são apenas “ciúmes”.

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Dirigentes associativos e vitivinicultores do Dou-ro concentraram-se segunda-feira, em Lisboa, para alertar para os problemas sociais da região que te-mem que se agrave, caso se concretize a redução de produção de vinho do Porto na próxima vindima.

A delegação da Associação dos Vitivinicultores Independentes do Douro (AVIDOURO) juntou-se a outras associações de agricultores de todo o país e à Confederação Nacional de Agricultura (CNA), em frente ao ministério da Agricultura.

A dirigente da AVIDOURO, Berta Santos, disse à agência Lusa que o Douro “não aceita mais uma re-dução nos quantitativos do benefício ou novas baixas do preço do vinho na produção”.

O benefício é a quantidade de mosto que cada vi-ticultor pode destinar à produção de Vinho do Porto e que é fixado pelo Conselho Interprofissional do Insti-tuto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP).

Ao longo dos últimos anos, a atribuição do benefí-cio tem-se transformado num problema, “com aspe-tos de injustiça social”, sublinhou a dirigente.

| Diminuição tem vindo a acentuar-se há alguns anos |No ano passado, o Douro transformou em vinho

do Porto 110.000 pipas, menos 13.500 pipas em rela-ção à última colheita.

Berta Santos referiu ainda que os vitivinicultores estão prontos para sair à rua numa grande manifesta-ção a realizar-se no Douro, entre julho ou agosto, caso se confirmem as suspeitas de redução do benefício.

É que, frisou, ao mesmo tempo que diminuem os rendimentos dos lavradores aumentam os impostos e o custo dos combustíveis ou adubos.

Outra questão que está a preocupar a AVIDOU-RO é a Casa do Douro (CD), organismo representa-tivo da lavoura duriense e que tem uma dívida de 130 milhões de euros.

Berta Santos diz que os vitivinicultores estão preocupados com o “segredo” que envolve as últi-mas propostas apresentadas pelo Governo com vis-ta à resolução dos problemas financeiros da institui-ção.

“O Governo não pode impor soluções que não promovam a defesa da região e dos lavradores. A AVIDOURO apela à direção da CD para que infor-me e mobilize os vitivinicultores”, salientou.

A associação vai solicitar reuniões urgentes à CD, ao IVDP, à Comissão Parlamentar de Agri-cultura e ao ministro da Agricultura.

A responsável referiu ainda a “asfixia finan-ceira” da maioria das adegas cooperativas da re-gião duriense.

A AVIDOURO quer alertar para a rega ile-gal que “grandes empresas instalaram nas suas vinhas”, sobretudo na região do Douro Superior, enquanto que os pequenos e médios lavradores “são fiscalizados e perseguidos por tudo e por nada”.

“O Douro está a ferver e a verdade é que o Ministério da Agricultura e o Governo continu-am sem respostas eficazes para os problemas da mais antiga região demarcada do mundo”, concluiu Berta Santos.

| Novas vinhas estão a ser chumbadas pela CCDRN |A Associação dos Vitivinicultores Independentes do Dou-ro (AVIDOURO) anunciou que vai interpor uma provi-dência cautelar para travar o chumbo dos projetos de re-conversão de vinha no Douro, que dizem estar a afetar “muitos” vitivinicultores.Berta Santos, dirigente da AVIDOURO, referiu que “muitos e muitos” vitivinicultores durienses “estão a ser confrontados” com um parecer desfavorável aos seus pro-jetos de reconversão e reestruturação das vinhas (VI-TIS), por parte da Comissão de Coordenação e Desenvol-vimento Regional do Norte (CCDRN).Este parecer desfavorável inviabiliza os projetos, muitos dos quais, segundo a responsável, estavam a ser concre-tizados porque já tinham um parecer favorável por parte do Ministério da Agricultura.A dirigente salientou que a AVIDOURO vai solicitar aju-da à Casa do Douro para avançar com providências cau-telares que possam “travar” estas situações “muito pena-lizadoras” para a região.“Muitos dos nossos vitivinicultores estão neste momento com a corda ao pescoço”, frisou.Berta Santos queixou-se da “aplicação cega de alguma re-gulamentação da qual não foi dado conhecimento prévio aos vitivinicultores”da região.Fonte da CCDRN disse à agência Lusa que o Ministé-rio da Agricultura começou a enviar em janeiro os proces-sos para a comissão emitir parecer de conformidade dos projetos inseridos em Rede Ecológica Nacional (REN) ou no Plano Intermunicipal de Ordenamento do Território (PIOT) do Alto Douro Vinhateiro.Entre janeiro e maio, a CCDRN recebeu 906 processos, tendo dado resposta a 876 e estando 30 pendentes, à espe-ra de informação adicional.Segundo a fonte, dos processos já apreciados, 64 recebe-ram um parecer desfavorável.A comissão avalia os riscos de erosão do solo, a interfe-rência com as linhas de água, a destruição de mata medi-terrânica ou os solos com declive superior a 50 por cento.Apesar de o parecer da CCDRN ser vinculativo, os proje-tos são aprovados pelo Ministério da Agricultura.

Pânico no Douro com novaredução do número de pipas

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509 a 22 jun’10

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Helena Fidalgo | [email protected] | Fotos G.P. PSD e Rui Gomes

Poder de Lisboa tem rel ação difícil com interiorEntrevista a Adão Silva | Regionalização dos “reizinhos locais” é a última ideia romântica que sobra do 25 de Abril

F oi secretário de Estado adjunto da Saúde e diz que sentiu na pele as “vergastadas” da “lógi-ca hipócrita e centralista” que governa o país

sempre que tentou “tirar do bolo uma fatia um pou-co mais grossa” para zonas marginais a esta engrena-gem como é Bragança, de onde é oriundo.

Ainda assim, acredita que “é possível remar contra a corrente” e garante não ter “inveja nem ciúme” pelo maior investimento de sempre em curso no Nordeste Transmontano executado por um governo socialista.

Antevê que a “saturação” desencadeará o tão am-bicionado reequilíbrio entre interior e litoral, mas não através da regionalização de ”reizinhos locais” defendida por alguns.

Aos 52 anos, Adão Silva é uma figura incontornável do PSD de Bragança, quer pelos cargos que desempenhou nas estruturas locais do partido e serviços públicos, quer pela pre-sença assídua no parlamento. Foi eleito deputado, pela primei-ra vez, em 1987 e, se a atual legislatura chegar ao fim, somará 17 anos na Assembleia da República com alguns interregnos ditados pelas “vicissitudes políticas” que o arredaram da lista entre 1995 e 1999 e pela sua passagem pelo governo de coliga-ção PSD/CDS-PP, liderado por Durão Barroso.

O ministro da Saúde que se seguiu, o socialista Correia de Campos, chamou-lhe “o secretário de Estado de Trás-os-Montes”, o que para Adão Silva “espelha bem a lógica de um homem muito lisboeta, muito na lógica hipócrita da corrente de Lisboa”.

Onde esta lógica bem se nota, segundo o deputado, é nas funções governativas, “porque aí há meios, há recursos, existe em cima da mesa um bolo e uma grande responsabi-lidade na sua divisão e quando se começa a fazer uma fatia um pouco mais grossa para o interior fica logo toda a gen-te muita excitada”.

“E toda a gente são as elites de Lisboa, a Comunicação social de Lisboa, as televisões, os responsáveis políticos que ficam muito ciosos daquela fatia que fica um pouco mais lar-ga, e notei muito esse tipo de vergastadas, senti estas ver-gastadas, algumas até com muito furor”, concretizou.

Diz Adão Silva que “era até engraçado ver como é que me tratavam nesta minha preocupação de trazer um pouco mais para o interior e até mesmo para o Porto. Para Lisboa tudo: recursos humanos, financeiros, tecnológicos, para o resto…quando nós estivermos bem saciados, talvez sobre alguma coisa”.

| Um milhão em Lisboa "equivale" a um tostão em Bragança |

O parlamento tem sido também “uma janela fabulosa” para observar esta engrenagem.

“Percebi que o poder central, em Lisboa, tem uma rela-ção difícil com as áreas territoriais mais periféricas do país. Percebi que há uma imensa hipocrisia de gente que vai fa-zendo atos de contrição, dizendo que é preciso desenvolver o interior, investir no interior, encaminhar recursos para o interior, criar equilíbrios territoriais ao nível do desenvol-vimento, garantir igualdade de oportunidades, mas depois quando chega o momento certo de dizer quanto é que isso custa, aí assistimos a uma imensa retração”.

“Lisboa pode malbaratar um milhão, mas é muito cio-sa de gastar um tostão em terras como Bragança e outras”, acrescentou.

Ainda assim, considera ser possível “vencer esta sobre-concentração histórica, sendo muito obstinado “, mas “na base de uma grande penalização pública, sofrendo na pele os efeitos da contestação” e “as agruras que esperarão”.

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Helena Fidalgo | [email protected] | Fotos G.P. PSD e Rui Gomes

Poder de Lisboa tem rel ação difícil com interiorEntrevista a Adão Silva | Regionalização dos “reizinhos locais” é a última ideia romântica que sobra do 25 de Abril

Garante, porém, que a sua saída do governo não foi uma retaliação e já estava programada por razões familia-res, tendo sido antecipada com a partida de Durão Barro-so para a Comissão Europeia e a tomada de posse de Pe-dro Santana Lopes.

Na opinião do social democrata, apesar desta lógica

centralista, “Lisboa não consegue ficar com tudo, há gente capaz de rasgar a corrente” e aponta como exemplo o pró-prio Distrito de Bragança.

“Mudou muito, ganhou infraestruturas importantes, serviços essenciais para o bem estar das pessoas e moder-nizou-se”, disse.

Bem longe dos tempos em que, na adolescência, foi expul-so do colégio por simpatizar com ideais radicais de esquerda, Adão Silva recorda que desper-tou verdadeiramente para a po-lítica com a escrita na pequena imprensa regional, aos 25 anos.

Lembra-se da primeira entre-vista ao então ministro da Edu-cação, João de Deus Pinheiro, que viria a ser colega de partido. Fazia “com muito fascínio ver como é que o político se compor-tava, como é que se contorcia, como saia airosamente da per-gunta mais embaraçosa, perce-ber o que dizia e o grau de con-cretização que ia tendo, como se montava o discurso político”.

Não tem dúvida de que nas-ceu para a política assim, sem raízes familiares ou qualquer proximidade partidária.

A figura de Sá Carneiro sedu-ziu-o para o PSD e a paixão pela literatura é outra fonte de inspi-ração também do professor, pro-fissão que não exerce há muito tempo mas para a qual diz ter sido “talhado”, admitindo que “adoraria regressar à escola” Emídio Garcia, em Bragança.

“É o que eu mais gosto. O que eu espero é acabar a minha car-reira profissional a dar aulas de Literatura Portuguesa ao 12º ano”, afirmou.

Licenciado em Línguas e Li-teratura Modernas - estudos portugueses e franceses, ape-sar da “vida cheia de pressão” consegue ter tempo para ler, so-bretudo poesia e os escritores portugueses, em que incluiu re-centemente “Temperas da Cin-za” do conterrâneo Pires Ca-bral.

Está a ler “A Montanha Má-gica” de Thomas Mann, um li-vro “imenso, um romance rio” e continua “fascinado pela forma como o escritor se reinventa”.

“Não quero chegar aos 65 anos como político”, garante.

Expulso do colégio por simpatizar com

a esquerda

Mas este distrito “ganhou sobretudo qualidade de vida: as pessoas não valorizam isto porque vivem cá, mas este é um espaço onde se tem muitas condições para le-var uma vida com imensa qualidade. É pena é que somos poucos para aproveitar a imensa qualidade de recursos naturais. Hoje há quase uma espécie de ideologia do bem estar e ninguém oferece tantos condições como as áreas do interior do país, Bragança em particular”.

O deputado acredita que “é de esperar que a gente que desespera em Lisboa numa fila de trânsito, numa in-capacidade de estacionar o automóvel, numa vida frené-tica e stressante, que acabe por começar a ter necessida-de de se evadir”.

Diz-se absolutamente convencido de que “chegare-mos ao tempo em que pode haver um reequilíbrio entre a cidade litoral e o interior “.

“O que nós estamos a criar é uma situação em que está a haver uma saturação e depois há um momento em que tem de haver qualquer coisa, não porque os políti-cos querem mas pela própria força das circunstâncias e aí teremos obviamente a necessidade de criar as alter-nativas”.

Apresentar uma proposta nesse sentido é o projeto de futuro do deputado, que espera vir a ter algum eco se o PSD de Pedro Passos Coelho chegar ao governo. Adão Silva defende para Portugal um modelo idêntico ao que a Irlanda adotou, assente na relocalização de serviços pú-blicos e privados, nomeadamente ligados às novas tecno-logias como os call center.

Preconiza a criação de uma comissão ligada ao Mi-nistério das Finanças para conduzir o processo, a exem-plo do que aconteceu na Irlanda, que definiu como pro-pósito, em cinco anos, retirar de Dublin (a capital) cerca de 10 mil funcionários públicos e coloca-los em 54 con-celhos.

A regionalização não é o caminho para o reequilíbrio, na opinião do deputado.

| Bem haja o PS, pelas estradasesperadas há décadas |

“Eu sou contra a regionalização naquilo que é uma instituição de regiões administrativas com os seus ór-gãos, as suas competências, com muitas despesas, com muitos carros, com muitos gabinetes, com muitos as-sessores, com muita necessidade de lançar mais impos-tos para que os portugueses possam pagar toda aquela nova estrutura de régulo, porque há de haver aqui de-pois muita gente candidata a régulo, tipo... reizinhos lo-

cais. Eu sou contra isso, essa tal regionalização cheia de burocracia, de cortes, de majestades e de privilégios”, de-clarou.

Adão Silva entende que “a regionalização tal como alguns a defendem, com essa estrutura toda, é a última ideia romântica que sobra do 25 de Abril”.

As deslocações do deputado entre Bragança e Lisboa são muitas vezes feitas de avião e é daí que tem uma vista privilegiada sobre o estaleiro em que está transformado o Distrito de Bragança com todas as estradas esperadas há décadas em execução, desde a autoestrada, ao IP2 e IC5.

“Nessa matéria não tenho nenhum ciúme, nenhuma inveja, nenhum queixume, tenho uma enorme satisfação. É o PS no governo que está a fazer isto e eu digo: bem haja o PS, que nunca lhe doam as mãos”, afirmou, lamen-tando apenas que tenha “demorado tanto” e que o Distri-to seja “o último”.

“Era muito cético em relação a isso, mas verdadeira-mente hoje tenho de reconhecer que as obras avançam, bato-me para que não parem, como aliás tem sido eviden-te quando me encrespo contra os dirigentes do meu par-tido”, acrescentou.

Relativamente ao seu futuro político diz-se “um solda-do raso, pronto para tudo”.

“Se me derem qualquer galão ou qualquer divisa aci-ma disso, sempre as entendo como uma promoção tempo-rária e que a minha trincheira é outra vez soldado raso”, enfatizou.

Deputado do PSD contra a criação de regiões administrativas

Relocalização é o caminho para o equilíbrio

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José Luís Carneiropromete maioria no Porto e no Tâmega

A maioria na Área Metropolitana do Porto e no interior do distrito nas eleições autárquicas foi o objetivo assumido por José Luís Carneiro na apre-sentação da candidatura à federação do PS/Porto, afirmando-se como uma “voz crítica positiva” do Governo.

José Luís Carneiro escolheu o Palácio da Bol-sa, no Porto, para apresentar a sua candidatura à Federação do PS/Porto – cujas eleições estão mar-cadas para 08 e 09 de outubro - corrida onde vai encontrar o atual líder distrital, Renato Sampaio.

Segundo o também presidente da Câmara de Baião estiveram cerca de “1500 militantes” na apresentação da candidatura - sob o lema “Por um Porto de Esperança” - tendo o socialista pedido para que cada um dos presentes convencesse três militantes para que pudesse ganhar as eleições.

José Luís Carneiro assumiu como “grande ob-jetivo político” ganhar duas maiorias nas próxi-mas eleições autárquicas, sendo estas a maioria na Área Metropolitana do Porto e no Vale do Sousa e Baixo Tâmega.

“Eu próprio estou disponível para, de novo, ser candidato a uma câmara municipal e julgo quem lidera os partidos políticos tem que ter a dis-ponibilidade para se sujeitar ao escrutínio dos ci-dadãos”, revelou em declarações no final aos jor-

nalistas, não querendo, no entanto, revelar se isso irá acontecer ou não em Baião já que não conside-ra ser “o momento oportuno” para dar essa res-posta.

O autarca garantiu ser “uma voz de apoio ao Governo mas que lhe transmita aquilo que é hoje o sentimento que prevalece no distrito e na região”, apelidando de “voz crítica positiva” esta postura.

“Temos que puxar pelas nossas melhores for-ças para ajudar o secretário-geral que é um dos mais reformistas que há em toda a União Euro-peia. Infelizmente não temos tido à frente do par-tido alguém que tenha as mesmas qualidades de liderança e de afirmação do Porto e da região”, en-fatizou.

O candidato, que garante ter o apoio de Fran-cisco Assis, deixou também uma “palavra” ao opo-sitor Renato Sampaio, garantindo que o seu movi-mento “não é contra ninguém”, desejando “chegar ao fim da candidatura e manter essa relação sau-dável com aqueles que vão estar” na outra candi-datura.

Defensor “intransigente” da Regionalização, José Luís Carneiro afirmou que o referendo sobre esta matéria deveria acontecer logo após as elei-ções presidenciais, sufrágio para o qual manifes-tou o apoio total a Manuel Alegre.

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repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I eleições / ps-porto

O líder da distrital do PS/Porto, Renato Sampaio, apresentou a re-candidatura ao terceiro mandato na presidência da federação, manifes-tando "solidariedade" ao Governo e a José Sócrates e estabelecendo a Regionalização como objetivo para esta legislatura.

A apresentação oficial da recandidatura de Renato Sampaio como líder do PS/Porto decorreu no hotel Sheraton, no Porto, e reuniu nomes socialistas como a governadora civil do Porto, Isabel Santos, o secretá-rio de Estado Adjunto e da Saúde, Manuel Pizarro, a ex-secretária de Estado Ana Paula Vitorino e o presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto.

Renato Sampaio, que é líder da distrital socialista do Porto há já dois mandatos - e encontrará como opositor nas eleições o presidente da Câmara de Baião, José Luís Carneiro - dedicou uma parte do seu dis-curso ao apoio ao Governo socialista de José Sócrates.

"Assegurar a necessária solidariedade ao Governo e ao nosso secre-tário-geral mesmo quando isso foi feito à custa de menor popularidade pessoal e coletiva junto de alguns pseudo-líderes de opinião ou com a oposição clara ou encapotada de alguns - poucos - adversários internos", apontou o presidente da federação como um dos compromissos que as-sumiu há dois anos.

Para Renato Sampaio "não são só os socialistas que têm razões para continuar a acreditar no PS e no Governo de Portugal", mas também os cidadãos do distrito do Porto.

Outros dos temas evidenciados pelo candidato à presidência do PS/Porto foi a Regionalização, que apelidou de "a reforma das reformas" e que considera ser "o único e melhor caminho para o nosso futuro coleti-vo e para o aumento dos níveis de coesão nacional".

"Pugnaremos pela criação de um amplo movimento com outras for-ças políticas, instituições e cidadãos, liderando aquilo que deve ser um poderoso movimento cívico de afirmação regional. Só assim seremos consequentes com o objetivo de concretizar tão estruturante reforma nesta legislatura", garantiu.

E foi também sobre a Regionalização que Renato Sampaio deixou uma crítica ao opositor José Luís Carneiro.

"Não acompanharemos aqueles que, à falta de outros argumentos, ciclicamente levantam a bandeira da regionalização apenas para se faze-rem ouvir com estéreis exercícios de oratória", condenou.

Renato defende regionalização já

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Paula Lima | [email protected] | Fotos | P.L. e LUSA

Entrevista a Ricardo Magalhães, Estrutura de Missão | Região "vai descolar rumo ao desenvolvimento"

Douro deve ser um clá ssico e não uma modaÉ o homem do Douro. Neste momento conduz os destinos da mais an-

tiga região demarcada do mundo através da Estrutura de Missão do Douro (EMD). Ricardo Magalhães acredita que este é um territó-

rio com futuro mas reconhece que ainda há muitas batalhas para conquistar.Ricardo Magalhães nasceu em Luanda há 58 anos. Aos dois já vivia em

Vila Real, cidade onde o pai nasceu. A mãe é de Celeirós do Douro, concelho de Sabrosa. Pouco depois de fazer a primeira classe, foi para Nampula, Mo-çambique, de onde regressou para o Colégio Militar, em Lisboa. Tirou o cur-so de Engenharia Civil e entrou para a Comissão de Coordenação da Região Norte (CCDRN), na altura presidida pelo professor Valente de Oliveira. Ri-cardo Magalhães foi o primeiro diretor regional do Ambiente, diretor regio-nal do Ordenamento do Território e, mais tarde, vice presidente da CCDRN com Braga da Cruz. Entre 1995 e 2001 trabalhou com a, então, ministra do Ambiente, Elisa Ferreira na Secretaria de Estado dos Recursos Naturais e na Secretaria de Estado Adjunta do Planeamento.

Há dois anos abraçou o projeto da EMD.

Que balanço faz deste período à frente da EMD. Que batalhas já foram ganhas e o que é que falhou?

Faço um balanço positivo mas ciente que é possível fazer melhor. Plenamen-te convicto que há desafios que ainda não estão ganhos mas que existe um rumo, uma visão para o Douro. Deixe-me que lhe diga que muito do tempo da pequena equipa técnica que coordeno é consumido a informar, a estimular, a mobilizar re-cursos e competências. Boa parte do nosso dia é passado a apoiar quem tem uma ideia e a quer transformar em investimento. Seja público, seja privado.

A nossa atividade não se mede por quilómetros de alcatrão ou metros cúbicos de betão. Damos mais atenção, numa imagem, ao software do que ao hardware.

Passamos os dias atentos às oportunidades que se abrem com o novo Quadro Comunitário, com o Programa Regional, para que não se percam oportunidades.

Exemplo disso é o Plano de Desenvolvimento Turístico do Douro que já está em execução. A região beneficia pela primeira vez de um programa de promoção e animação turística. Estamos a falar de 30 projetos imateriais que envolvem mais de 80 iniciativas e de um apoio financeiro comunitário a rondar os 7,5 milhões de euros para três anos (2009 – 2011).

Em causa estão iniciativas de promoção e animação turística. Recorde-se que o Douro tem uma permanência média de 1,5 noites. Importa criar condições para que haja mais visitantes e que os mesmos permaneçam mais tempo na região.

Do ponto de vista infraestrutural foram aprovados no Programa Regional do Norte, no contexto do Plano Turístico do Douro, 25 projetos (mais de 50 interven-ções), que representam cerca de 32,4 milhões de euros investimento total e 21,1 milhões de euros de FEDER. Tratam-se de intervenções que visam criar e melho-rar as condições de suporte e de contexto ao desenvolvimento turístico do Destino Douro e valorizar os seus recursos turísticos (por ex. no domínio da navegabilida-de, do património cultural, de equipamentos, do ambiente, etc.)

Houve uma efetiva descriminação positiva do Douro em matéria de Turismo e, não descansámos, enquanto não se começou a consumar.

Outro exemplo: Programa da Regeneração Urbana. Neste segundo caso, ne-nhuma autarquia ficou de fora. Tratam-se de investimentos que permitirão qualifi-car as cidades, as vilas e, no seu conjunto, o território. Passámos da teoria à prática.

Esta continua a ser uma região em que os intervenientes estão de costas voltadas ou já se começa a ver união?

Há dois anos e tal sentar à mesma mesa e discutir projetos que se pretendiam comuns, não era tarefa fácil. Hoje - sou suspeito para o dizer - mas começam a ger-minar novas práticas organizativas entre agentes públicos e privados. Reconhe-ça-se que a região é débil do ponto de vista de espessura institucional e que não é de um momento para o outro, por artes mágicas, que se alteram comportamentos, que se modificam rotinas. Leva o seu tempo. A região tem que se abrir ao exte-rior e, portanto, tem que ganhar escala. E para tal, os atores têm que se associar. Não há outra saída. Se o Douro quer ser uma região competitiva. Temos de aca-bar com a lógica do quintal.

Recordo dois passos recentes e importantes que vão nesse sentido. A criação da Comunidade Intermunicipal do Douro e a criação da Turismo do Douro.

Para crescer e vencer, a região vai ter necessariamente que concorrer, que ex-portar. Vai ter que enfrentar outros territórios – destinos, com “inteligência coleti-va”, com organização, com sensibilidade.

No capítulo do turismo e de abertura ao exterior, o Douro tem vindo a ser pio-neiro na integração em redes de referência mundial, redes de conhecimento, de divulgação, redes temáticas. Destaca-se o processo de cooperação com o Centro Mundial de Excelência de Destinos - CED (o Douro foi o primeiro no Mundo), com a National Geographic (o Douro é o primeiro em Portugal a aderir à rede de destinos Geoturismo), com a Rede de Paisagens Vinhateiras Património Mundial (Vitour), com a Região de Castela Leão, com a Universidade George Washington. Estes são passos que pretendemos desenvolver e reforçar.

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Entrevista a Ricardo Magalhães, Estrutura de Missão | Região "vai descolar rumo ao desenvolvimento"

Douro deve ser um clá ssico e não uma modaQREN não favorece o investimento turístico

Este quadro comunitário é a última oportuni-dade para o Douro se desenvolver?

Antes de tudo devemos tirar o melhor partido dos atuais fundos comunitários. Resistir à tentação do di-fuso, da dispersão, da atomização de pequenos inves-timentos que se diluem no espaço, sem efetiva eficá-cia económica e social.

Quando chegarmos a 2013, os indicadores de de-senvolvimento do Douro terão de ser outros. Sabemos que a base da economia da região assenta no vinho. Há um setor emergente, o turismo e, em particular, no enoturismo com uma margem de progresso enor-me. Estamos pois perante dois ativos que se casam.

Há uma estratégia clara consagrada no Plano de Desenvolvimento turístico que assenta na matriz “ Quintas do Douro”. Ora, para se concretizar, impõe-se que para além do investimento público se apoie efetivamente, a iniciativa privada. Dito de outra for-ma, o sistema de incentivos do QREN não tem favo-recido até ao momento o investimento turístico priva-do no Douro.

Quais são os pilares em que o crescimento des-te território têm que assentar?

Os pilares são conhecidos: o vinho, a cultura, a paisagem e o turismo. A região tem uma valia patri-monial de que não tirou, ainda, o devido partido eco-nómico. O património paisagístico, o património na-tural, o património monumental edificado e, convém

não esquecer, o seu património genético.

Depois de tanto dinheiro afetado à região em outros quadros comunitários, o que tem que mu-dar para que os apoios se convertam em desenvol-vimento?

Essa pergunta, só por si, justifica uma nova con-versa. O Douro tem que prosseguir o objetivo de abertura ao mundo, de inserção em redes internacio-nais, conforme já referi. Por outro lado, é preciso con-jugar, em simultâneo, iniciativa, ambição, inovação e outra capacitação institucional.

O Douro está apenas na moda ou é uma região com futuro?

Ouço aqui e acolá que o Douro está na moda. Sim, de alguma forma é verdade. Mas convém ter presen-te que o Douro não é uma região nova. É uma região vitivinícola com mais de 250 anos, que tem um valor universal – Património da Humanidade – classifica-do pela UNESCO desde 2001. Porventura, de algum tempo a esta parte, é que se tem vindo a reconhecer de forma mais expressiva o seu valor natural, históri-co-cultural e turístico.

Assim, diria que o que se pretende é que o Dou-ro não seja apenas uma moda – pois as modas pas-sam, mas faça parte dos “clássicos” – isto é, que permaneça na história como um território cultural, evolutivo e vivo.

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Na Escola Básica do 2.º e 3.º ciclos de Toutosa, no Marco de Canave-ses, há problemas de sobrelotação nas instalações, denunciaram recente-mente alunos do estabelecimento durante o Parlamento Jovem no Marco de Canaveses . A falta de espaço obrigou à divisão de salas e à adaptação de espaços que tinham sido criados para outros fins.

O edifício foi construído há 17 anos e tem problemas “quer ao nível da constru-ção quer de espaços específicos”, revelou o grupo de alunos que participou na últi-ma Assembleia Municipal de Jovens do Marco de Canaveses. As infiltrações cau-sadas por problemas no telhado provocaram o escurecimento dos tetos e foi até necessário pôr baldes a apanhar a água que caía numa sala.

A EB 2,3 de Toutosa foi construída para 18 turmas. Neste momento tem 28, confirmou ao Repórter do Marão, a diretora da escola, Clara Leão.

A diretora da escola reconhece a existência dos problemas descritos pelos alunos, mas garante que têm vindo a ser tomadas medidas para os resolver. Os problemas no telhado, que causaram as infiltrações, foram agravados em março quando um temporal levantou parte do telhado, explicou a diretora da EB 2,3 de Toutosa, salientando que tem havido “grande colaboração” da Câmara Municipal do Marco e da Direção Regional de Educação do norte (DREN).

| Falta de espaço não permite funcionamento dos laboratórios de Química |Os alunos de Toutosa deram vários exemplos de problemas resultantes da in-

suficiência de espaços físicos. Foi “necessário abdicar da sala de estudo, clube de

informática, laboratório de matemática e da sala de diretores de turma, que é fre-quentemente usada como sala de aulas”.

O espaço da biblioteca escolar já teve de ser usado para aulas e para a receção a encarregados de educação e houve ensaios de teatro que, por falta de salas, tive-ram de ser feitos no recinto exterior da escola.

A falta de espaços específicos causa “problemas que trazem grandes dificulda-des na gestão de espaço e tempo”, relembraram os alunos.

Nos laboratórios, o espaço é exíguo e a Hotte (equipamento de laboratório onde se fazem experiências químicas) não funciona impedindo a realização em condições de segurança de experiências com reagentes químicos.

A solução encontrada para ultrapassar a falta de salas tem sido, desde o início deste ano letivo, o reaproveitamento de espaços e a divisão de algumas salas, dis-se Clara Leão.

| Quase 600 alunos neste ano letivo |

Das 28 turmas, três são de cursos de Educação e Formação e uma de Percur-sos Curriculares Alternativos. No total, frequentam a EB 2,3 de Toutosa 593 alu-nos. A sobrelotação da escola é “bastante” significativa, afirmou a diretora.

Ao nível do Agrupamento de Escolas de Toutosa a falta de espaço obrigou a al-terações nalguns dos 12 estabelecimentos de ensino. Foi o caso da escola do 1.º Ci-clo de Vila Nova, em Vila Boa de Quires, que funciona com regime duplo e do jar-dim-de-infância de Igreja, em Banho e Carvalhosa, onde uma sala foi adaptada e transformada em cantina. Na EB do 1.º Ciclo de Peso, em Santo Isidoro, a cerca do recreio foi diminuída para ser feito um parque infantil para as crianças do jar-dim-de-infância. Paula Costa

Escola Básica 2,3 de Toutosacom excesso de alunos e falta de espaço Tem mais 10 turmas do que foi previsto para o edifício, construído há 17 anos

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repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I tâmega/diversos

Cardiologia reforçadaem Penafiel

A capacidade técnica do serviço de Car-diologia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), em Penafiel, foi substancial-mente melhorada permitindo agora a moni-torização de doentes através da telemetria. “Não aumentámos a capacidade, temos é um serviço com uma capacidade técnica melhor”, explicou Paula Pinto, diretora do serviço de Cardiologia do CHTS.

A médica acrescentou que foi feita uma “atualização de uma técnica que já existe. Quase todos os serviços de cardiologia a ní-vel nacional têm capacidade de telemetria. O que temos neste momento é a possibilidade de monitorização de todos os doentes desde o dia de entrada até à saída ou mesmo quan-do se ausentam do serviço para a execução de exames auxiliares de diagnóstico ou eventual-mente para transferência hospitalar”.

Além das 17 camas para cuidados inter-médios, o serviço de Cardiologia tem mais cinco destinadas a cuidados intensivos com um sistema de telemetria de última geração, permitindo internar cinco doentes em simul-tâneo e a sua monitorização permanente atra-vés de terminais instalados nos corredores da unidade.

Paula Pinto (foto) referiu que houve uma conjugação de “muitos esforços” e que, pela sua vontade, há muito tempo que a nova uni-dade teria sido criada. “Penso que as coisas não estariam fáceis, havia muitas coisas a fa-zer neste hospital, presumo que isto não terá sido uma prioridade”, afirmou.

O serviço de Cardiologia, que passou a

ocupar o 10.º piso do hospital (que até há pou-co tempo estava desocupado), funciona em “ambiente aberto".

“Os doentes circulam no corredor. A en-fermagem tem uma intervenção muito impor-tante nos doentes em termos de formação. Os doentes são muito acompanhados, muito en-sinados, cativados, digamos assim. Apesar da má recordação da patologia que têm, acho que levam algumas boas recordações de nós”, sa-lientou Paula Pinto.

Para o presidente do Conselho de Admi-nistração do CHTS, José Luís Catarino, “a grande vantagem deste serviço “é que dentro de muito pouco tempo as transferências”para o hospital central de referência, que é o Hos-pital de S. João, passarão para os “três a cin-co por cento”. O passo seguinte é a criação, até ao final do ano, de uma via verde para os do-entes com problemas coronários, anunciou o administrador.

Numa população de quase 600 mil habi-tantes, residentes nos concelhos do Vale do Sousa e Baixo Tâmega, “há cerca de quatro por cento de doentes que sofrem, por exem-plo, de insuficiência cardíaca. A possibilidade de criar aqui uma clínica que trata a insufici-ência cardíaca é um passo importantíssimo. Isto é uma melhoria imensa para o utente”, considerou.

A insuficiência cardíaca é um problema grave de saúde pública e está identificada como a principal causa de internamento hos-pitalar após os 65 anos.

Dados divulgados pelo CHTS indicam que em 2009 foram tratados 865 doentes no serviço de Cardiologia, o que significa um au-mento de 6,4 por cento relativamente ao ano anterior.

Quanto à nova unidade de cuidados inten-sivos, José Luís Catarino disse que “já há mui-to tempo” havia vontade de a abrir. O proces-so avançou porque “foi considerado urgente”.

“As condições técnicas melhoraram imen-so. O aparecimento da telemetria que possibi-lita monitorizar todos os doentes a todo o mo-mento é um grande avanço. A possibilidade de os doentes estarem todos no mesmo ser-viço, as cinco camas de cuidados intensivos, tudo isso vem melhorar muito o atendimen-to dos utentes”, destacou José Luís Catarino.

A associação Fórum Amarante XXI promove a 19 de junho o segundo debate de um ciclo de quatro, denominado Conferência do Verão, sob o lema “De como uma boa estratégia para a cidade contribui para uma nova cidada-nia”. O encontro terá lugar na Casa da Calçada, pelas 16:30.

Os oradores convidados são Manuel Clemente, bispo do Porto, Manuel Salgado, arquiteto e vice-presidente da Câmara de Lisboa e Mega Ferreira, presidente do Centro Cultural de Belém.

A organização espera um assistência de três centenas de pessoas, de-vido ao prestígio dos oradores convidados e ao êxito da última conferência.

Conferência em Amarante com Manuel Clemente e Mega Ferreira

O aterro de inertes de Rio Mau, único do género na área de intervenção da Ambisousa, que integra os municípios de Castelo de Paiva, Felgueiras, Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel, possui uma capacidade total de 124 000 toneladas e custou 570 mil euros.

O novo aterro de resíduos de construção e demolição gerido pela Ambi-sousa assegura a deposição desse tipo de materiais num local adequado, "evi-tando que sejam ilegalmente descarregados no meio ambiente e permitindo a resolução de um passivo ambiental".

Localizado na serra da Boneca, em Penafiel, o aterro de inertes de Rio Mau possibilitou ainda a requalificação ambiental de uma antiga exploração de lousa, “repondo, tanto quanto possível, as condições iniciais do terreno e a sua integração paisagística”.

A infraestrutura foi inaugurada na semana passada pelo secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, ocasião em que foi também apresen-tada a nova estação de triagem.

Aterro de inertes da Ambisousa

Escolas profissionais agrícolas de todo o país estiveram reunidas em Rosém, na Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural do Marco de Canaveses (EPAMAC) para um encontro nacional de reflexão so-bre o ensino profissional agrícola.

O encontro de trabalho da semana passada pretendeu “ser um momento de reflexão coletiva” onde foram debatidas e analisadas “as preocupações e problemas, mas mais importante: perspetivar o futuro, apontar novos cami-nhos e repescar novos desafios”, disse Victor Vítor, diretor da EPAMAC, na abertura da sessão de trabalho.

“A nossa força foi sempre esta união que existe desde o início entre todos nós. Mas união não pode querer dizer uniformidade. Será pela diferença que queremos continuar a afirmarmo-nos como escolas profissionais. É por isso que aqui estamos, para encontrar em conjunto formas de continuarmos a fa-zer a diferença no panorama do ensino em Portugal”, referiu.

Reunião de Escolas Profissionais

A Câmara do Marco de Canaveses receia a anulação ou o adiamento das obras de Eletrificação da Linha do Douro e de Requalificação da Linha do Tâmega devido aos cortes orçamentais impostos pelo Governo.

A autarquia considera os empreendimentos um investimento inadiável-para o concelho e para a região do Tâmega e por isso o presidente da Câma-ra do Marco de Canaveses, Manuel Moreira, vai manifestar a sua preocupa-ção numa conferência de imprensa a realizar sexta-feira, 11 de junho, junto à estação. O autarca vai "exigir" que o Governo e a REFER realizem os inves-timentos "a curto prazo, como planeado".

Marco receia adiamento das obras da REFER

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MAZDA abriu stand em ParedesA MCoutinho Porto apresentou na semana

passada em Paredes o seu novo espaço de exposi-ção da marca japonesa Mazda. A marca dispõe de uma gama completa de automóveis que visa satis-fazer as mais variadas necessidades dos seus clien-tes, combinando tradição e modernidade.

Este novo espaço, elegante e dinâmico, bem no centro de Paredes, juntamente com o existente no Porto, é o ponto de partida para a ligação entre os clientes Mazda do interior do distrito do Porto e a MCoutinho Porto.

A gama é constituída pelos modelos Mazda 2, Mazda 3, Mazda 5, Mazda 6, Mazda CX-7 e Mazda MX-5, automóveis que se destacam pela sua apa-rência sofisticada, conforto, segurança, perfor-

mance única e a responsabilidade ecológica. Na apresentação desta gama inovadora no

ramo automóvel foi destaque a presença de um camião equipado com consola interativa instalada num veículo descapotável, em que os visitantes, mi-údos e graúdos, puderam testar as suas qualidades de piloto.

O tour Mazda vai percorrer várias cidades e festas tradicionais da região, incluindo a feira gas-tronómica de Lamego, entre 16 e 20 de junho.

A instalação da Mazda em Paredes integra-se no projeto mais vasto de “posicionar o grupo MCoutinho como uma marca de referência no ne-gócio automóvel”.

Numa iniciativa conjunta com a Associação Empre-sarial de Felgueiras, que contou com a presença de 2700 crianças, a MCoutinho Alvescar comemorou, com os mais pequenos, o Dia Mundial da Criança em 2010, sob o lema “Pinta o Corsa”.

Na ação, que decorreu no Parque Desportivo de Fel-gueiras e para dar asas à criatividade das crianças, a MCoutinho Alvescar promoveu o passatempo “Pinta o Corsa”, para o qual foram selecionadas duas escolas do referido concelho, nomeadamente a Escola EB1 de Mar-garide e Escola EB1 de Varziela que ficaram desde logo habilitadas a um magnífico prémio final – a oferta de equi-pamento audiovisual para a vencedora.

As crianças das respetivas escolas coloriram de ma-neira sublime o tema “Ambiente” ao fazer percorrer o pin-cel de forma descontraída e divertida pelos contornos do Opel Corsa. Contando com a presença e colaboração do Exmº. Senhor Presidente da Câmara de Felgueiras, Dr. Inácio Ribeiro, os resultados artísticos obtidos foram fan-tásticos, transmitindo uma clara mensagem, a todos os mais velhos presentes, a da sua enorme preocupação com o meio ambiente, que já faz parte das suas vidas e do seu dia-a-dia. No final, a Escola de Margaride saiu vencedora mas o sentimento geral era o de que todos os participan-tes foram os grandes vencedores na sua preocupação com a construção de um futuro melhor.

Foi sem dúvida um dia inesquecível com uma série de atividades orientadas para as crianças do concelho e com um dia maravilhoso e cheio de sol. [Informação da marca]

A MCoutinho Alvescar e a iniciativa “Pinta O Corsa” trouxeram mais vida a Felgueiras no Dia Mundial da Criança

Hotel Aquapura nomeado para prémio europeu

O hotel Aquapura Douro Valley, unidade de cinco estrelas situada em Lamego, foi nomeado para hotel europeu nos Travel Awards 2010 (WTA), os prémios mais reputados do setor turís-tico a nível internacional.

Esta unidade hoteleira foi a que recebeu maior número de nomeações para estes prémios, num total de quatro.

Os WTA, cuja votação decorre até 10 de setembro, são en-tregues anualmente e distinguem a excelência do setor, tendo por base a votação dos profissionais do ramo.

O Aquapura Douro Valley é uma unidade de luxo inaugu-rada em 2007.

repórterdomarão16 09 a 22 jun’10

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I empresas & negócios

Modelo apoia seleção nacional de futebolO Modelo, patrocinador oficial da seleção na-

cional de futebol, tem em curso um conjunto de ini-ciativas de apoio à campanha da equipa portugue-sa no Mundial da África do Sul, que arranca a 11 de junho.

Além do pic-nic gigante que organizou no sába-

do, em Lisboa, o Modelo sorteou três viagens à Áfri-ca do Sul entre os seus clientes que adquiriram bo-las de vinil, no valor líquido de quatro mil euros cada.

Os premiados vão poder assistir ao jogo Portu-gal-Brasil, beneficiando ainda da oferta das viagens e da respetiva estadia.

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O vinho verde branco Quinta da Leva-da, produzido na encosta de Sanche voltada para o rio Ovelha, na freguesia de Aboadela, em Amarante, ganhou duas medalhas de ouro num concurso da Comissão de Vitivinicultu-ra da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) em que participaram cerca de 200 produtores de vinho. Foi considerado um dos cinco melhores vinhos verdes da colheita de 2009.

Situada num local que, ao contrário de ou-tras zonas do concelho de Amarante, não tem uma tradição forte de vinhos verdes, a Quin-ta da Levada foi adquirida há cerca de 10 anos pelo empresário e vitivinicultor José Teixeira Mendes. Foi feita uma plantação nova “com castas adequadas à zona. O azal parecia ter aqui uma boa aceitação”, recorda José Men-des. As castas principais são o azal, pedernã e uma pequena quantidade de avesso. A vinha começou a produzir “há seis, sete anos”.

E foi precisamente com o vinho Quinta da Levada, produzido com a casta azal, “que ga-nhámos o prémio”, contou José Mendes ao Re-pórter do Marão. No concurso as castas alvari-nho e trajadura eram vencedoras comuns, mas a azal não era uma casta habitualmente pre-miada, o que também é motivo de satisfação.

Para José Mendes, a dimensão da vinha “permitiu um acompanhamento mais de per-to e um nível bastante alto de qualidade”. Esse e outros fatores, como a exposição solar “muito boa” são determinantes no sucesso da produ-ção de vinho verde da Quinta da Levada. “Até o dia da vindima tem influência na qualidade do vinho” faz questão de dizer o vitivinicultor.

“Penso que saímos todos a ganhar, tanto eu como o enólogo. Já vínhamos a aproximar-mo-nos muito deste troféu e acabou por este ano vir-nos parar às mãos. A medalha de ouro dá bastante mérito ao enólogo, o engenheiro António Sousa”, disse ao RM.

Em anos médios, na Quinta da Levada en-garrafam-se um total de 20 mil garrafas, 17 500 são de vinho branco oriundo de uma vinha que tem dois hectares. A procura tem aumen-tado e o vinho “é todo escoado”.

Os Best of Vinho Verde, ou os Melhores Verdes de 2010, integram uma categoria in-troduzida na edição do ano passado do con-

curso que é organizado há 30 anos e que pre-tende eleger os cinco melhores Vinhos Verdes e divulgar e premiar o potencial dos vinhos e aguardentes da região.

A escolha do Best of foi feita por um júri internacional, composto por sete membros, o português Luís Lopes, jornalista da Revista de Vinhos, e seis estrangeiros que representam os principais mercados internacionais de ex-portações: Estados Unidos da América, Cana-dá, Reino Unido, Brasil, Noruega e Alemanha.

O ano de 2009 “foi o melhor de sempre para o Vinho Verde” anunciou recentemente Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV, na ce-rimónia de entrega dos prémios aos melhores Vinhos Verdes que decorreu no Palácio da Bol-sa, no Porto. O valor das exportações atingiu cerca de 30 milhões de euros.

Vinho da Quinta da Levada galardoado com duas medalhas de ouro

desporto / diversos repórterdomarãoI I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

2109 a 22 jun’10

A MCoutinho Rallye Team conquistou, em Arganil, no último domingo, a sua quarta vitória no Open de Ralis 2010, um resultado que deixa a equipa do Marco de Canaveses mais perto do título.

Manuel Coutinho e Manuel Babo, atuais líderes deste campeonato, mos-traram-se surpreendidos com o resultado da prova afirmando que “viemos para este rali com o único objetivo de fazer quilómetros em terra e recupe-rar o nosso ritmo competitivo neste tipo de piso. Procuramos fazer a nossa prova, segura, sem cometer qualquer excesso e acabamos envolvidos na luta pela vitória!”.

A equipa do Marco de Canaveses, que tripula um Mitsubishi Lancer EVO VI, ainda sofreu um percalço, com a quebra de um amortecedor qua-se no final da prova, mas os pilotos mostraram-se satisfeitos com o resultado.

“É um resultado que não esperávamos mas que será, seguramente, mui-to importante em termos de Campeonato”.

O campeonato será apenas retomado no rali cidade de Gondomar, a 11 e 12 de setembro, mas a dupla do Marco de Canaveses participará já no próxi-mo fim-de-semana no rali em Baião, uma prova pontuável para o campeona-to Regional de Ralis Douro.

MCoutinho Rallye Team vence em Arganil e lidera o Open

O corpo de Carina Ferreira, a jovem que se encontrava desaparecida há mais de um mês em Lamego, foi retirado na segunda-feira à noite do local onde foi encontrado. O cadáver foi removido pelos Bombeiros Voluntários de Lamego.

O corpo, encontrado numa ravina lateral à au-toestrada entre Lamego e Régua, aparentemente em resultado de um acidente de viação, foi trans-portado para o Instituto de Medicina Legal de Vila Real.

Fonte da PJ anunciou que o carro de Carina foi encontrado entre Lame-go e a Régua junto a um túnel, no fundo de uma ribanceira com mais de 30 metros e escondido pela vegetação, onde investigadores da Polícia Judiciária tiveram, inclusive, de fazer rappel.

Em comunicado, a PJ adiantou que "tudo indica tratar-se de um infe-liz desfecho derivado de um acidente de viação, mas apenas os resultados da autópsia, a realizar pelo Instituto de Medicina Legal, poderão confirmar, ou não, tal ocorrência, mantendo-se em aberto outras possibilidades da cau-sa da morte".

Carina Ferreira, que foi encontrada ao volante do veículo e com o cinto posto, estava desaparecida desde 1 de maio.

Encontrado cadáver da jovem de Lamego desaparecida

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Patrícia Posse | [email protected] | Fotos P.P.

Fintar o “degrauzin ho da praxe”Mobilidade em Vila Real | Entidades públicas violam lei das acessibilidades

P rocurar emprego, apresentar uma quei-xa ou enviar uma carta são tarefas pra-ticamente vedadas ao cidadão com de-

ficiência motora que viva em Vila Real. Apesar da bandeira de ouro da mobilidade, a capital de distrito tem alguns edifícios públicos com restri-ções à acessibilidade.

Mário Gonçalves abandona a leitura de “O pla-neta do sr. Sammler” para iniciar um périplo pela sua cidade. Tal como o protagonista do livro, Mário é um sobrevivente intrigado pelas possibilidades do futuro.

Um mergulho aos 19 anos engavetou-lhe os so-nhos e obrigou-o a uma “reformulação da vida” quando se viu tetraplégico. “Numas férias com a namorada e com os amigos fomos para o rio. Acon-teceu a fatalidade de bater com a cabeça e partir o pescoço.” No início, recusou-se a aceitar, depois fez “o luto para prosseguir”.

Aos 38, esforça-se por sobreviver numa cidade, onde à exceção do centro histórico, é “uma temeri-dade” andar em cadeira de rodas. “É o Deus que te livre, um ver se te avias. Está tudo como não de-via estar.”

| Escritório a céu aberto na câmara |Se Mário já tivesse concluído o curso de enge-

nharia de reabilitação e fosse inscrever-se no Ins-tituto de Emprego e Formação Profissional, não poderia fazê-lo como os outros cidadãos. Os vários lances de escada só se contornam com a solicitude dos funcionários que vêm à rua. “Tenho que pedir

a alguém que venha a sair do edifício o favor de os chamar.”

De frente para a câmara municipal, Mário con-ta como é atendido. “Eles vêm cá fora tratar do as-sunto, é o tal escritório a céu aberto.” Contudo, o ve-reador do urbanismo, Miguel Esteves, assegura que os cidadãos com mobilidade reduzida têm acesso à zona de atendimento pelo pátio contíguo às escadas principais. “No interior, foi promovida a acessibili-dade para todos através de rampas de acesso e de elevadores.”

| Escadório no tribunal, CTT ‘é para esquecer’ |Em direção ao edifício onde está instalado a Po-

lícia de Segurança Pública, o Governo Civil e outros serviços públicos, Mário debate-se com uma passa-deira sem desnível que lhe interdita o acesso. Quan-do veio apresentar uma queixa, teve que ocupar os colegas e nem no Tribunal é feita a justiça devida. “Tem um elevador lá dentro, giro e funcional, mas como é para lá chegar?” A inexistência de rampas na fachada principal e o degrau “da praxe” na porta lateral obrigam Mário a ter que contar “sempre com a ajuda de alguém”. Ali próximo, o edifício dos CTT é “para esquecer”.

“Vem cá fora o senhor ou peço a alguém que me coloque a carta, porque continuam a afastar-nos do tal direito de acesso aos organismos públicos.” Por vezes, “a diferença de cota entre a entrada no edi-fício e a entrada do passeio não permite construir a rampa de acesso”, justifica o vereador.

Nem o sinal proibitivo do trânsito evita as car-gas e descargas nas ruas pedonais. Mário encos-

ta-se e espera que o veículo avance para ter espa-ço suficiente para prosseguir o seu caminho. Ainda assim, a requalificação do centro histórico ficou “im-pecável”.

| Parque da Cidade, centro histórico e CGD sãobons exemplos |“O Parque da Cidade também está espetacular,

tudo rampeado com a inclinação perfeita”, acres-centa. Subindo a Carvalho Araújo, a avenida prin-cipal de Vila Real, Mário não sofre com a irregula-ridade do passeio empedrado, porque a sua cadeira elétrica “dá para quase todo o terreno”.

“Os outros é que devem ficar com as cadeiras desengonçadas, pois são materiais de liga leve”. Na referida avenida, Mário podia tentar obter informa-ções no Posto de Turismo, não sem antes se deba-ter com o pequeno degrau. Metros mais à frente, o bom exemplo da Caixa Geral de Depósitos. “Antes era uma rampa para alpinistas, mas agora está bem, o que prova que só não fazem quando não querem.”

Na maioria dos casos, o desnível das passadei-ras é um problema pela inclinação acentuada ou por terminarem no muro do passeio. “Está determina-do que as rampas sejam feitas com 6%, no máximo, de inclinação, mas não é isso que acontece.”

As rampas de acesso dos autocarros públicos são “um mito”, porque “têm grande inclinação e em dias de chuva, as rodas derrapam que é uma coisa maluca.”

Mário já foi atropelado e esteve acamado 4 me-ses, por isso sabe que o hospital está bem rampea-

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Fintar o “degrauzin ho da praxe”Mobilidade em Vila Real | Entidades públicas violam lei das acessibilidades

do e que para comprar medicamentos “tem sempre que vir alguém cá fora”. Na Segurança Social, a difi-culdade de aceder à rampa na entrada principal ad-vém “da falta de civismo das pessoas, que colocam os carros mesmo em frente”.

Chegar ao mercado municipal é missão impossí-vel. “As estradas que são empedradas não há nada a fazer, mas podiam facilitar com obras nos passeios.” As contas de luz e de água têm que ser pagas pela Internet, já que os edifícios não têm qualquer alter-nativa ao escadario. “Onde não há espaço, podiam pôr um elevador”, aponta. Pelo alcatroamento “que fizeram há pouco tempo”, Mário já pode aceder às finanças da Araucária e fora os elevadores “algo es-treitos” da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, não tem problemas de mobilidade.

| Lei previa 10 anos de adaptação, já lá vão 13 |Num percurso feito de barreiras e esperas, Má-

rio não desarma. “A lei do tempo do Guterres previa que os organismos públicos estivessem acessíveis num prazo de 10 anos, mas já passaram 13 e conti-nua tudo na mesma.” Publicado em 2006, o decreto-lei nº 163 reduz para 5 anos o prazo de adaptação dos edifícios cujo início de construção seja posterior a 22 de agosto de 1997.

A antiguidade dos edifícios onde estão instalados alguns serviços públicos serve de justificação para a falta e/ou inexistência de acessibilidades. “Em espa-ços mais antigos não é fácil implementar de um dia para o outro ou num espaço de tempo curto. O pró-prio tribunal, que obriga a todos os cidadãos a cum-prir a lei, tem algumas dificuldades que ainda não

conseguiu ultrapassar”, exemplifica o vereador. Má-rio garante que nem mesmo os edifícios intervencio-nados recentemente, como o Centro de Saúde nº 1, excluem “o tal degrauzinho da praxe”. “Tenho que pedir ajuda, não há outra maneira”, lamenta. Por isso, ler continuará a ser a forma de viajar mais ime-diata e onde não cabem barreiras.

| Luta em standby |A Associação Deficientes Motores Transmonta-

nos (ADMT), sediada em Vila Real, está quase pa-rada desde 2007. “Estamos a juntar meios e asso-ciados para continuar”, refere o presidente António Lapa. Neste momento, a ADMT conta com 75 as-sociados de Vila Real, Peso da Régua, Pinhão, Vila Pouca de Aguiar, Murça, Mirandela e Bragança. A falta de acessibilidades dos edifícios, as árvores “metidas no meio dos passeios que obrigam a sal-tar para o alcatrão” e as passadeiras são queixas re-correntes. “Embora a lei esteja em vigor, ninguém a cumpre. Acabamos por ter os mesmos problemas e ainda não está nada daquilo que deveria ser.”

O Promotor do Cidadão com Deficiência contri-bui para que os direitos de igualdade no acesso não sejam ignorados, porém apenas 5 dos 308 municípios portugueses dispõem desta figura (Porto, Lousã, Marco de Canaveses, Viseu e Santa Maria da Feira).

Em Vila Real, existe o Gabinete da Mobilidade que acaba por se substituir às funções do Promotor e embora a criação dessa figura possa vir a ser equa-cionada, não será suficiente para “tornar a cida-de mais ou menos acessível”. “Pode eventualmente ‘pressionar’ as mais diversas entidades, mas depois cabe o ónus do pagamento ao município”, sustenta o vereador.

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Os últimos dias têm sido ricos em notícias sobre a crise, fo-ram conhecidas as medidas que o Governo vai pôr em prática, desdobraram-se os habituais pregadores a dissertar sobre a cri-se e houve uma, quase, unanimidade entre os pregadores encar-tados que o caminho a seguir terá que ser o de aumentar o IVA e o IRS. Ainda não o disseram, mas os pas-sos seguintes serão os cortes nos vencimentos dos funcionários públicos (medida que rapida-mente será seguida no sector privado) e os cor-tes nas funções sociais do Estado como medi-das indispensáveis para combater o deficit das contas públicas.

No entanto, e para disfarçar a malvadez que vão fazendo aos mais pobres, anunciaram que vão reduzir os vencimentos dos políticos e que a taxa de IRC também irá aumentar.

É mais prejudicial aumentar o preço dos bens essenciais como o pão ou leite (que cus-tam o mesmo para quem ganha o salário mí-nimo nacional ou para quem ganha 3000 € ou 7000 €) do que cortar por mês 350 € a quem ganha mais de 7000 €. Haverá algum portu-guês que, ganhando 7000€/ mês não aceitas-se que lhe fosse cortado 350 €? Eu não me importaria.

Por cá, o Governo decidiu cortar 5% (cinco por cento) aos vencimentos dos políticos, noutros países foram mais longe e chegaram a cortar 10% e 15% nos vencimentos dos responsáveis políticos. Em Portugal, a coragem foi menor. Tão só.

Ao tributar de igual forma a Coca-Cola e o leite ou o pão, ao manter as mordomias dos políticos, como por exemplo o acumu-lar de reformas (não falando da sua obtenção muito antes dos 65 anos), ou ao gastar mais de 190 milhões de euros só com a As-sembleia da República, ao não tributar as mais-valias e as tran-

sacções bolsistas, ou não aumentar a taxa de IRC para a banca, ao continuar a desbaratar milhões de euros em Estádios e man-ter a vontade de privatizar tudo o que dá lucro, não se consegui-rá não só sair da situação em que sucessivos governantes do pós 25 de Abril nos meteram, como também não será possível al-

mejar o crescimento económico e a justiça fis-cal e social.

A grave situação em que o país se encontra poderá levar a que haja um aumento da con-testação social que poderá degenerar em situa-ções semelhantes às que recentemente se vive-ram na Grécia. No entanto, e apesar das vozes que se vão ouvindo a apelar à não contestação e ao não aconselhar a realização de greves e manifestações, os portugueses, e em particu-lar os que mais sentem os efeitos da crise – os mais pobres, os trabalhadores por conta de ou-trem ou os funcionários públicos - não devem aceitar que sejam eles a pagar as contas dos er-ros dos sucessivos governos.

Um exemplo: hoje, passada a euforia fute-bolística do Euro2004, qualquer português de bom senso reconhece que foi deitar dinheiro fora ao construir Estádios como os do Algarve,

de Leiria ou de Aveiro, que passam dias “às moscas”. Há que exigir responsabilidade a quem decide e a quem go-

verna, os portugueses não se podem limitar a aceitar o que lhes tentam impor. Hoje os que pedem aos portugueses para que se-jam responsáveis e ajudem no combate à crise, deveriam ser res-ponsáveis e corajosos. Responsáveis, e admitir que foram e são também responsáveis pela situação do país, e corajosos para im-por, não só aos mais pobres e aos trabalhadores, mas também aos mais ricos, que paguem a crise. Adaptando um ditado popu-lar “haja moralidade ou pagam todos …”

Ia falar de Economia por ser coisa engraçada e «fácil». Não sendo ciência exacta, embora haja quem o afirme, permite os mais variados raciocínios, análises e previsões. Permite ainda, tanto a es-pecialistas como a atrevidos como eu, acertar nas coisas depois de acontecerem.

Vangloriando-se e exibindo saber até nas falhas, é na constân-cia da crise que sempre ouvi falar e já nem me lembro desde quan-do que se revela. Dá-nos o valor do papel nas bolsas que sobem ou descem e assim deduz a sua “saúde”. Conjugada com as bênçãos e ar-renegos das notações de “agências” que não se sabe porquê ou por alma de quem assim deci-dem, cobrem-se umas às outras nos erros que nunca assumem, mas partilham os despojos. O valor do que se cria, seja de intelecto ou culti-vo, do que se tem e outros exploram ou nos dei-xam usar, as mais valias que podemos adendar, disso nem se fala nem se sabe o valor.

Vamos então a algo mais “saboroso” que me têm sugerido: a Gastronomia.

Mais ainda se, numa região definida e as-sumida, lhe corresponde ou não uma “Gastro-nomia”.

A palavra e o que define, na essência e sig-nificado - «gastro» de estômago (alimento) e «nomia» regra ou modo de – não facilitam a questão neste objecti-vo, isto é, afirmar que uma região tem uma “Gastronomia”.

Se quisermos ser assertivos e afirmar que esta é uma verda-de insofismável, não corremos qualquer risco de desmentido. Em qualquer lado em que haja gente, decerto que se come. Dá-se ao estômago o suporte da vida com o que se faz por regras ou modos.

Não irei hoje, porém, falar de um caso específico.Assente que em todo o lado se come - é necessidade básica - e

que para se comer na maior parte das situações há “confecção” - entra aqui a nobre arte da Culinária - então há em cada lugar uma “Gastronomia”. Esta vai-se afirmando e espandindo conforme as relações de vizinhança, a similaridade dos produtos e a sua abun-

dância ou escassez, a sazonalidade, a facilidade de comunicação, a transmissão como dádiva ou partilha, até o segredo e a pequena es-pionagem, a cópia e tantas outras coisas e formas de conhecimento, enraizamente e afirmação.

Comer passou da necessidade humana de sobrevivência à su-blimação e aprimoramento. Passou a ter tradição nos dias festivos. A refeição do sustento evoluiu para encontro de família ou amigos,

para espaço de negócio ou colóquio, cerimónia de homenagem ou agradecimento, momento de exaltação, meditação, oração e até declaração.

Passou do tugúrio da mesa do lavrador à do bragal do morgado. Da do pobre crente à do abade. Da do lar humilde à do solar e do con-vento. Aprimorou-se. Foi a exaltação das vitua-lhas numa alquimia que as tirou do quotidiano - onde a maior fartura era a fome - para che-gar ao engenho da imaginação e à arte da con-fecção.

A Gastronomia é assim uma coisa que tan-to pode ser “difusa” como um valor cultural dos mais elevados, como tão bem souberam os fran-ceses, já há séculos, «vender» ao Mundo. Ela pode ser uma dos grandes atractivos de uma terra ou região se, com seriedade e transparên-cia, a soubermos estudar, sentir, desenvolver e

dar a conhecer.Se atentarmos bem, ao querermos uma definição rígida e ob-

jectiva, e com parâmetros muito bem definidos, então dificilmen-te a conseguiríamos definir para qualquer lugar. O que comíamos há 30 ou 40 anos? E há 100 anos? E antes da batata e do arroz? E mais atrás?

Ela é a nossa história e a nossa memória. É o nosso engenho criativo que a fome sublimou da necessidade.

Era o que havia e o que se descobria.Hoje é também saudade ou desejo do que algum dia se viu ou

experimentou e se quer ter de novo sem saber como ou onde.Voltarei...

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Armando MiroJornalista

A Educação em Portugal tem, ao longo da his-tória, passado por inúmeras transformações. Re-formas, revisões, remodelações, etc., algumas delas preconizaram grandes mudanças, outras nem tanto, mas todas tiveram em comum a subjacente vontade, de cada um dos governos responsável, deixar a sua “marca”. Como consequência, de muitas dessas re-formas, revisões, remodelações, etc., nunca se che-gou a saber, ou conhecer, o seu verdadeiro valor por-que nunca se chegaram a concretizar.

Mas, actualmente, todos temos de reconhecer o férreo e manifesto apoio que o governo tem de-senvolvido, para a transformação da Escola públi-ca num grande e bem sucedido “Chapitô”. Sim, por-que só com muita e diversificadas artes se pode, de forma tão radical, fantástica e espectacular, mudar para o actual circo que vivemos.

Com o devido respeito pelas artes circenses, e a tão prestigiada Chapitô, mas o seu lugar na nos-sa sociedade está-se a esvaziar... Proliferam mági-cos que dos bolsos retiram múltiplos diplomas va-riados e coloridos para todos os gostos, ocasiões e circunstâncias. Se alguém hesitar, pagam-lhes para que aceitem… oferecem materiais, visitas de estu-do, etc. em troca só lhes pedem que não faltem mui-to para não dar nas vistas! Comportamentos????… não vale arrancar olhos!

Humilham-se e denegrecem-se, instigam-se os professores uns contra os outros e todos contra os pro-fessores… Eles, só podem ser eles os culpados!... de tudo que está errado. Programas desadequados? Es-tratégias obsoletas? Condições impróprias para ensi-nar e aprender? Nunca, impossível! Infernize-lhes a

existência que eles até se vão embora aos milha-res, e por pouco dinhei-ro! Criam-se lugares para outros mais bara-tos e sem capacidade de contestação… Da mes-ma cartola tiram-se vá-rios coelhos!

Atribuem-se a pro-fessores que nunca se destacaram em nada como tal, a não ser pela incontestável fidelida-

de, poderes que lhes permitem revelar o ímpeto dita-dor refreado! E eles, retribuem reproduzindo, quiçá ultrapassando, na sua capacidade de subverter, ba-jular, falsear, etc. sempre contribuindo para o espec-táculo!! Para que os dirigentes, em golpes de contor-cionismo maquiavélico exibam números de sucesso obtido não à custa de conhecimentos, destrezas, cul-tura científica,… para quê??? Só queremos números, números de pseudo sucesso!!!

Lá pelo meio, quase esquecidos, os alunos que lá estão para aprender, e estudar, sentem-se injus-tiçados porque eles não têm materiais oferecidos, não têm visitas de estudo de vários dias oferecidas, não têm comportamentos desadequados, não enver-gonham os professores nas deslocações ao exterior da escola, etc. eles querem efectivamente aprender! São as aves raras do sistema!

Há dias, um aluno do ensino básico, quando a professora o aconselhava insistentemente para a ne-cessidade de estudar e de se empenhar, ele, sagaz, respondia, “Para quê matar-me? Depois faço como a minha mãe, não percebe nada daquilo, ainda lhe pa-gam, e dão-lhe o papel!”.

Arte de transformar … tudo em nada! De pre-ferência imensos nadas porque os números querem-se gordos para que não destoem nas estatísticas. As tais estatísticas que têm subvertido e alimentado este grande, e triste, Chapitô!

Um grandeChapitô

Maria José C. Branco Vereadora PSD - Amarante

“Ou pagam todos ou …”

Gastronomia: o Tempo e o Modo

João Monteiro LimaCDU/AM Marco de Canaveses

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empresas & negócios repórterdomarãoI I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

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Exposição de Isabel Ribas em Amarante

Se há alguma coisa em que o Sr. Vítor Constâncio tem feito jus ao seu apelido é na constân-cia com que vem desempenhan-do o papel de corvo mensageiro de desgraças.

Ainda ontem (21 de Maio) o ouvimos crocitar secamente, do alto dos seus (escandalosamen-te muitos, suponho) milhares de euros mensais que, se as coisas não correrem bem com este pa-cote de austeridade, poderá ter de vir a mostrar-se necessário efectuar cortes nos salários pú-blicos e privados.

Bem sei que não devemos confundir mensagem com men-sageiro. Mas gostaria de ter vis-to outros modos no senhor. Ne-nhuma compunção, nenhum frémito de simpatia para com as potenciais vítimas desta even-tual segunda pilhagem. Disse-o com a impassível frieza tecno-crática com que diz sempre es-tas coisas. Claro: para si próprio não perspectiva dificuldades de maior para comprar o pão e o arroz quotidianos, nem os fatos de marca e os carros topo-de-gama. Alguém viu alguma vez o elefante preocupado com o pre-ço da alpista?

Só para desanuviar o am-biente, seria de desejar que o despachassem rapidamente para o Banco Central Europeu – se não nos assaltasse a dúvida se lá, desse poleiro mais alto, não nos será ainda mais daninho.

* * *

Já não há pachorra – eu pelo menos não tenho – para a Co-missão de Inquérito Parlamen-tar às eventuais mentirolas de José Sócrates sobre aquelas ne-gociatas que não o chegaram a ser. Estão ali aquelas senhoras e senhores, que tão úteis podiam ser noutras tarefas, a moer in-terminavelmente aquele meio quilo de café que já está mais que moído e donde se não espe-ra que salte aquilo que por for-ça querem que salte. É certo que alguns deles e delas levam aqui-lo muito a sério. Pudera, têm ali de borla horas de transmissão televisiva e exposição pública que não se podem deitar fora. E

é vê-los posar. Lembram-me ir-resistivelmente uma canção dos anos 60 do século passado, sal-vo erro do conjunto de Mário Simões, cujo estribilho era: O curioso é que estes tipos diver-tidos / Estão convencidos que estão muito distraídos.

Mais divertido que todos estará José Pacheco Pereira, a quem foi dada a prerrogativa especial de ler as transcrições das célebres escutas que aliás, segundo a lei que temos, parece que não podem servir de prova no caso. Miguel Sousa Tavares, um dos mais lúcidos e implacá-veis comentadores da nossa co-municação social, começa uma crónica recente deste modo ir-respondível: «Há qualquer coi-sa de sórdido em imaginarmos a cena: algures, numa sala escon-dida da Assembleia da Repúbli-ca, José Pacheco Pereira delei-ta-se lendo as transcrições das escutas aos casos ‘laterais’ de-tectados no âmbito do processo ‘Face Oculta’.» Assim deve ter sido, efectivamente. Tanto que o deputado deixou escapar um adjectivo arrebatado: o que lhe foi dado ler é ‘avassalador’.

Não sabemos, nem nunca poderemos saber (a menos que Pacheco cometa uma inconfi-dência que não o julgamos ca-paz de cometer), o que é que há de tão avassalador nas es-cutas. Será porventura aquela coisa que já andou nas primei-ras páginas de jornais e telejor-nais, de que as escutas indicia-vam um plano de subversão do estado de direito. Se assim é, Pacheco devia, por uma questão de pudor, moderar o seu entu-siasmo. Porque afinal de contas ele tem a sorte de, no tempo em que era educando de Arnaldo de Matos, não haver ainda escu-tas. Porque, se houvesse, quan-tas conversas do solícito depu-tado não configurariam planos de subversão do estado de direi-to? Sim, quantas?

Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acor-do (?) Ortográfico.

[email protected]

Mais desabafosA.M.PIRES CABRAL

A Casa da Cultura e Juventude de Amarante mostra, entre 10 de junho e 10 de julho, a exposição “Semente da terra”, da autoria de Isabel Ribas.

Natural de Ariz, Marco de Canaveses, a artista plástica vive em Amarante, onde mantém o seu atelier “Corredor e Companhia” e pre-tende desta forma homenagear alguns dos artistas amarantinos que mais a marcaram e inspiram na sua atividade artística.

A exposição pode ser visitada diariamente, entre as 08:00 e as 24:00.

De 16 a 20 de junho realiza-se em Lamego o I Festival de Gastronomia do Douro Indoor que vai decorrer em simultâneo com o Festival da Bôla (dias 19 e 20 de junho). Outros eventos estão previstos para a região: Circuito Automó-vel de Vila Real (24 a 27 de junho) e o Festival de Música no Peso da Régua, de 1 a 4 de julho.

Inserido no programa “Douro Emoções”, o Festival é uma iniciativa da Entidade Regional Turismo do Douro, em colaboração com a Es-cola de Hotelaria e Turismo do Douro, a Câma-ra de Lamego, a Escola Superior de Tecnologia e Gestão e a Associação de Empresários de Ho-telaria e Turismo do Douro.

Gastronomia em Lamego

A Pista Automóvel de Montalegre recebe a 13 de junho a terceira prova do Troféu Ibé-rico Trial 4x4.

Pelo terceiro ano consecutivo, Montalegre acolhe a jornada do Troféu Ibérico que reúne competidores portugueses e espanhóis ao ser-viço das máquinas 4 x 4, com organização a car-go do Trepa Monte Clube TT Montalegre.

As inscrições começaram domingo e pro-longam-se até dia 5 de junho, tendo um valor de 300 euros, os interessados podem inscrever-se em [email protected].

O primeiro classificado arrecada 400 euros, o segundo 200 e o terceiro 100.

Trial 4x4 em Montalegre

O Centro Cultural José Rodrigues, em Al-fândega da Fé, recebe a partir de 10 de junho (19:00) a exposição de pintura "Máscaras Ri-tuais do Douro e Trás-os-Montes", de Balbina Mendes.

As obras em exposição evocam e abonam as enigmáticas e valorosas tradições do norte do país. A exposição iniciou o seu percurso em Bru-xelas e visa percorrer todo território português, alertando também para a importância de pre-servar e difundir estas marcas de entidade cul-tural. No mesmo evento será apresentado um li-vro da artista.

Balbina Mendes expõe em Alfândega da Fé

O grupo Deolinda, que acaba de editar o seu segundo álbum, atua em Amarante a 27 de junho.

O concerto terá lugar no parque do Ribei-rinho (22:00), espetáculo que marca o arranque da animação de Verão na cidade.

Deolinda é um projeto de música popular portuguesa iniciado em 2006, inspirado nas raí-zes da música portuguesa.

Os quatro jovens músicos buscam "expe-riências musicais diversas (jazz, música clássi-ca, música étnica e tradicional) através do cru-zamento das diferentes linguagens e pesquisa musical".

Deolinda em Amarante a 27 de junho

A cidade de Vila Real vai estar em festa du-rante todo o mês de junho, tendo como pontos altos as feiras de Santo António e de São Pedro e o 43º Circuito Automóvel de Vila Real.

A Festa e Feira de Santo António (dia 13) inclui as tradicionais feiras e concurso de gado Maronês, em Lordelo, missa e procissão de Santo António (Araucária) e espetáculos mu-sicais diversificados, incluindo concerto de Te-reza Salgueiro e uma noite de fados, com os Amantes e os Veteranos do Fado, culminando no tradicional arraial e fogo de artifício.

O São Pedro encerra o ciclo de festas vivi-das durante o mês de junho em Vila Real, altu-ra na qual se cumpre a tradição da Feira dos Pucarinhos, em que dois importantes tipos de artesanato assumem destaque: o barro negro de Bisalhães e os linhos de Agarez e Mondrões.

Considerado o maior evento desportivo da região, o Circuito de Vila Real, entre 19 e 20 de junho, deverá atrair à região cerca de 150 mil pessoas.

Vila Real em festaaté ao S. Pedro

Paço de Sousa organiza a 12 e 13 de junho, a Feira Rural 2010, uma iniciativa do Centro Cultural e Rancho Folclórico de Paço de Sousa.

A 12ª edição da Feira Rural apresentará di-versas bancas de exposição e venda de “produ-tos da terra”, como enchidos, doces, horticultu-ra, bem como louça e ferramentas agrícolas. As tasquinhas vão servir porco no espeto e petis-cos variados, acompanhados do bom vinho da região. O evento realiza-se no largo do Mostei-ro de Paço de Sousa.

Feira rural em Paço de Sousa

“Nadir Afonso. Sem limites” é a exposição patente no Museu Soares dos Reis, no Porto, até 13 de junho.

A mostra engloba trabalhos produzidos na década de 30, quando Nadir Afonso ainda era estudante e prolonga-se até à década de 60. “Como a obra do Nadir é tão extensa, houve ne-cessidade de delimitar no tempo, por isso pre-tende-se uma visão retrospetiva até aos anos 60”, explica Laura Afonso, esposa do mestre e presidente da Fundação.

Estão expostas cerca de uma centena de obras, grande parte desconhecidas do público, e um conjunto de estudos “feitos à mão livre”. Os esboços permitem ao visitante ver como tudo começa e acompanhar o processo de criação ar-tística.

A exposição segue para o Museu do Chiado, em Lisboa, onde ficará até 3 de outubro.

Nadir Afonso no Porto"sem limites"

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artes | nós repórterdomarãoI I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

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Cartoons de Santiagu [Pseudónimo de António Santos]

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Quinzenário Regional

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Desporto e Sociedade2010

O OLHAR DE...Eduardo Pinto 1933-2009

Esta edição foi globalmente escritaao abrigo do novo acordo ortográfico.

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"O Regresso"

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