Renovo

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1 Renovo Sprout Ana Cláudia Nalini; Barbara Cuevas; Dandara Sevilha; Laura Azevedo; Luiza Cervone; PriscylaBordoni; Viviane Zuim 1 Orientador: Prof.Ms. Geraldo Coelho Lima Júnior RESUMO Este projeto faz uma breve reflexão sobre o consumismo que leva ao desequilíbrio ambiental. Estudos de como consumir conscientemente são apontados neste artigo, resultando no Renovo conceito de criação e pesquisas de campo foram efetuadas para auxiliar no diagnóstico de um público alvo. O projeto é composto por dez looks, sendo quatro deles confeccionados e expostos em um ensaio fotográfico. Palavras-Chave: Design de moda; Sustentabilidade; ações econômicas; consumo consciente; renovo. ABSTRACT This project is a brief reflection about the over consumption that leads to environmental imbalance, consequently a study on how to consume consciously is discussed in this article. Sprout is used as concept creation. Surveys field were conducted to help in the results of an audience. The project consists of ten looks, four of them made and seen in a photo shoot. Keywords: Fashion design, sustainability; economic action; conscious consumption; sprout. INTRODUÇÃO Os textos que seguem neste artigo, ilustram a trajetória do projeto interdisciplinar que conta com o tema Design de Moda e Sustentabilidade, onde 1 Alunas do 5° semestre do curso de graduação Design de Moda, da Universidade Anhembi Morumbi. Endereços eletrônicos: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected].

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Renovo

Sprout

Ana Cláudia Nalini; Barbara Cuevas; Dandara Sevilha; Laura Azevedo; Luiza

Cervone; PriscylaBordoni; Viviane Zuim1

Orientador: Prof.Ms. Geraldo Coelho Lima Júnior

RESUMO

Este projeto faz uma breve reflexão sobre o consumismo que leva ao

desequilíbrio ambiental. Estudos de como consumir conscientemente são

apontados neste artigo, resultando no Renovo – conceito de criação e

pesquisas de campo foram efetuadas para auxiliar no diagnóstico de um

público alvo. O projeto é composto por dez looks, sendo quatro deles

confeccionados e expostos em um ensaio fotográfico.

Palavras-Chave: Design de moda; Sustentabilidade; ações econômicas;

consumo consciente; renovo.

ABSTRACT

This project is a brief reflection about the over consumption that leads to

environmental imbalance, consequently a study on how to consume

consciously is discussed in this article. Sprout is used as concept creation.

Surveys field were conducted to help in the results of an audience. The project

consists of ten looks, four of them made and seen in a photo shoot.

Keywords: Fashion design, sustainability; economic action; conscious

consumption; sprout.

INTRODUÇÃO

Os textos que seguem neste artigo, ilustram a trajetória do projeto

interdisciplinar que conta com o tema Design de Moda e Sustentabilidade, onde

1Alunas do 5° semestre do curso de graduação Design de Moda, da Universidade Anhembi

Morumbi. Endereços eletrônicos: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected].

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foram realizados estudos das características, da dicotomia formada entre os

dois contextos e de sugestões para cessar os danos causados ao meio

ambiente e ao homem. Ações Econômicas são escolhidas como subtema, que

trata não apenas dos gastos financeiros para a produção de moda atualmente,

mas dos gastos e desperdício de recursos naturais esgotáveis.

Ao longo de pesquisas referenciais, chegou-se à ideia de Estratégia de

Consumo Consciente como objeto de estudo, reforçando a necessidade da

redução do consumo e, que isso ocorre quando a sociedade assimila os fatos e

se responsabiliza contribuindo como agente transformador.

As pesquisas referências do tema, subtema e objeto de estudo fizeram

emergir o Renovo como conceito de criação, remetendo à resistência, força e

alternativas que darão origem aos elementos formais projetuais. Além dos

croquis desta coleção, contendo dez looks, um ensaio fotográfico foi produzido

seguindo as informações obtidas durante todas as etapas do projeto e um

documentário para apresentar todo o processo desde a sua concepção até às

considerações finais.

1 DESIGN DE MODA E SUSTENTABILIDADE

Voltando os olhares para o passado, Lipovetsky (2007, p. 69) descreve

que durante a segunda metade do século XIX a moda, no sentido moderno do

termo, se instalou e daquele período até a década de 1960, o sistema começa

a fender-se e a readaptar-se parcialmente, mesmo com todas as indústrias

permanecendo subordinados às leis da Alta Costura. Com isso, estilistas como

Chanel apresentam formas passíveis de cópia que permitiam fácil reprodução

em série.

A moda do cem anos não só aproximou as maneiras de vestir-

se, como difundiu em todas as classes o gosto das novidades,

fez das frivolidades uma aspiração de massa. O ridículo na era

democrática estará menos na imitação de moda do que no fora

de moda (LIPOVETSKY. 2007. p. 78).

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Com a democratização apresentada, é possível pensar em produção de

roupas em grande escala para comportar uma demanda cada vez maior de

pessoas sedentas por novidades e talvez por uma autoafirmação para

caracterizá-las como indivíduos pertencentes a uma tribo.

Para Berlim (2012, p. 32), a roupa é o maior representante da moda

tanto material quanto imaterial. Não haveria o setor da moda sem o setor têxtil

que ocupa o terceiro lugar da economia mundial e também é o que mais polui

há mais de dois séculos. Neste contexto, as questões sobre como ser

sustentável abrangem desde as condições no trabalho, como o uso de

produtos químicos na indústria e o consumo exagerado. Então como debater e,

principalmente, como aplicar as teorias desses estudos à prática?

A produção de têxteis foi uma das atividades mais poluidoras

do último século e foi tema de várias pesquisas que recaíram

em especial sobre seus principais impactos: a contaminação de

águas e do ar. Além de demandar muita energia na produção e

transporte de seus produtos, a indústria polui o ar com

emissões de gases de efeito estufa; as águas com as químicas

usadas nos beneficiamentos, tingimentos e irrigação de

plantações; e o solo, com pesticidas de alta toxidade. Além

disso, os resíduos que permanecem nos produtos podem

contaminar quem os usa (BERLIM. 2012. p. 33).

Manzini e Vezzoli (1998, p. 289) complementam o raciocínio de que se

deve considerar que o impacto ambiental não é determinado por um produto e

menos ainda por um material que o compõe, mas pelo o conjunto dos

processos que o acompanham durante todo o seu ciclo. É necessário, portanto,

preparar e sistematizar um modelo do ciclo de vida do produto como um todo,

considerando desde a extração das matérias-primas até à sua eliminação final.

Fundamentados no compartilhamento e emotional design, existe a

possibilidade de cenários para que os produtos de moda tenham um ciclo de

vida mais longo, o que diminuiria o consumo de novos produtos que, por sua

vez, utilizariam menos recursos para sua produção. Estes têm como foco a

maior durabilidade do produto e maior identificação do consumidor com os

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mesmos, ou seja, quanto maior seu prazo de durabilidade, menor a sua

obsolescência. A empresa não ofereceria aos seus consumidores apenas o

produto, mas também a prestação de serviços, como por exemplo, o aluguel de

roupas e manutenção delas agregadas aos valores de luxo, distinção e

excelência. Fletcher (2011, p. 40) indica novos enfoques para a questão da

obsolescência com o slowfashion, o design participativo e o open-source

design2.

A questão dos materiais utilizados para a produção de moda tem sido

uma grande preocupação e, segundo Manzini e o próprio Vezzoli (1998, p.

150), um material, mais que outro, pode ter um impacto ambiental maior na

fase de produção e na fase de eliminação, mas pode fazer o produto perdurar

por um período maior e de maneira mais eficiente. Se, por exemplo, um

produto tem uma vida útil maior, não será necessário utilizar novos materiais

para serem transformados em produtos, isto é, confeccioná-los, transportá-los

e descartá-los, com toda a respectiva carga de impacto ambiental que o

acompanha.

Tais problemas e soluções sobre sustentabilidade sugerem ações

sociais, funcionais e econômicas, que interligadas trazem à tona o que foi, o

que é e o que poderá ser criado para a melhoria da qualidade de vida do

planeta.

2 AÇÕES ECONÔMICAS

Ao discutir o pilar econômico no setor têxtil e da moda, é possível

perceber que muitos fatores que comprometem o equilíbrio do meio ambiente

estão ligados aos gastos exagerados que precisam ser revistos. Estes gastos

são observados desde o cultivo de matérias-primas, consumo de energia para

2 Segundo Fletcher (2011, p. 40), Slow Fashion ou Slow Design é uma abordagem do design e

da moda e implica que designers, comerciantes, varejistas e consumidores considerem a velocidade da natureza para produzir os recursos naturais usados na produção têxtil e a comparar com a velocidade com que são consumidos e descartados. A autora também comenta sobre o design participativo que considera estabelecer uma relação muito mais próxima do consumidor com o produto, unindo designers e usuários. Por sua vez, o Open-Source Design, parte da premissa do compartilhamento de informações e conhecimentos em escala global (via internet).

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a produção, transporte e consumo.

Ao comprar uma camiseta de algodão tipo T- shirt, por

exemplo, o individuo está consumindo 1,7 kg de combustíveis

fósseis, gerando 450g de resíduos sólidos resultantes da

fabricação e emitindo 4 kg de CO² na atmosfera. Esse gasto se

multiplica quando levamos em consideração a energia

necessária para lavar e passar essa camiseta durante sua vida

útil (RODRÍGUEZ, 2006 apud BERLIM, 2012, p. 116).

Por sua vez, Kazazian (2005, p. 27), acredita que há muitos freios no

sistema macroeconômico, muito caos e muita inércia, para não ver nesse

simples raciocínio a melhor alternativa: criar uma unidade de tempo, de lugar e

de ação em uma escala microeconômica, a única que nos permite intervir de

forma eficiente. O autor (2005, p. 43), completa que integrar a duração na

própria gestão de suas necessidades em matérias-primas, leva a empresa a

uma redefinição de sua oferta. Passar de uma oferta de produtos a uma oferta

de serviços a leva diversificar suas atividades e seus mercados, e a

estabelecer uma nova relação com seus clientes pela atenção e pelo

acompanhamento permanente das necessidades deles.

O autor admite a existência de uma noção de valor no sentido de uma

“importância” da natureza que deveria ser considerada na economia, porém,

ela é muito pouco integrada. Assim, os efeitos do desaparecimento – às vezes

irreversível – dos recursos não aparecem no custo líquido dos produtos e

serviços. Com isso, pouco adiantaria produzir menos, mas de outras formas:

artefatos eficientes, de maior durabilidade e melhor qualidade, viabilizando

ecologia e economia simultaneamente.

Ainda nesse mesmo raciocínio, Kazazian (2005, p. 64) acredita ser

necessário fazer mais com menos. Essa concepção passa por uma redução na

fonte, que minimiza o peso e/ou volume de um produto, garantindo suas

qualidades técnicas e sua aceitação pelo usuário. Esse processo permite

reduzir também o impacto sobre o meio ambiente e leva ao conceito de

desmaterialização – estratégia de consumo consciente – que tem como

objetivo principal descasar o crescimento econômico de exploração de

matérias-primas, isto é, tornar o primeiro menos dependente da segunda.

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O texto a seguir apresenta um cenário sobre esta ideia e trará maiores

detalhes e soluções para aplicá-la na atualidade.

3 ESTRATÉGIA DE CONSUMO CONSCIENTE

A falência dos recursos naturais e os problemas decorrentes da poluição

reforçam a necessidade de redução drástica do consumo de recursos naturais

e energia que são motivadas pela atual sociedade de série marcada pela

desvalorização e rápido descarte dos produtos.

Como alternativa para práticas sustentáveis, a desmaterialização do

consumo visa uma cultura do consumidor socialmente justo, solidário e

participativo no direcionamento de ações coletivas, baseada em valores

éticos3.

Fig. 1: Imagem abstrata referente ao consumo consciente, justo, solidário e

participativo. Ações coletivas.

Fonte: http://www.mundosdastribos.com/consumo-consciente-o-que-e-como-

praticar.html

De acordo com Manzini e Vezzoli (2008, p. 274), um dos caminhos para

3 Disponível em “Reflexão sobre o estilo de vida e o padrão de consumo numa sociedade

sustentável”.

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que a desmaterialização se torne viável, também é colocar em prática o design

estratégico, ou design de serviços, o qual deve levar em conta, não somente o

produto, mas o tempo, o espaço e o contexto sócio cultural onde esse serviço

será inserido.

Quando falamos em design estratégico, propomos superar o

paradigma do produto, ou seja, do projeto centralizado

unicamente em um bem físico. Isto é, propomos uma mudança

do conteúdo de projeto com a extensão que vai do produto ao

serviço e deste ao sistema de comunicação.

Nesta perspectiva, não é suficiente projetar considerando

apenas os valores estéticos – formais, funcionais e de

serventia de um produto. É também necessário, projetar a

forma das relações entre as diversas pessoas e, entre estas

pessoas e os produtos (MANZINI; VEZZOLI. 2008. p. 274).

Visto a importância de maior responsabilidade, o Comitê de Política

Ambiental do OCDE4 propõe a promoção do consumidor como agente ativo de

mercado, fazendo escolhas conscientes e comprometidas. Além disso, sugere

implementações que envolverão todos os agentes da sociedade, inclusive

esferas governamentais como parte de políticas públicas sociais. Ou seja, os

componentes que constituem um produto, não são mais projetados para serem

destinados a aterros ao final de suas vidas úteis. Surge uma mudança não

apenas nos produtos, mais sim no estilo e qualidade de vida.

Manzini e Vezzoli (2008, p. 275) concluem que um dos problemas de

uma economia de serviços é o seu custo. Mas, se o usuário participa com o

próprio tempo e com o seu próprio empenho, este custo tende a baixar. Nesta

perspectiva, pode-se imaginar uma evolução do papel do usuário: do usuário

passivo (consumidor tradicional), ao usuário parcialmente participante (self

service), ao usuário que traz recursos e capacidade (novos serviços).

Através das pesquisas unidas até aqui, consideramos diversos pontos

relevantes para o avanço do projeto. Dentre eles, a renovação de ideias, o

raciocínio da não viabilidade das atuais formas de utilização dos recursos

4 Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Disponível em

http://www.oecd.org/sti/consumer/34023696.pdf.

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naturais e humanos, além de uma conscientização necessária de todos os

setores da sociedade para o cultivo de um planeta saudável.

4 RENOVO5

Com base nas pesquisas realizadas para o desenvolvimento do texto do

objeto de estudo, surge a ideia de renúncia aos meios insustentáveis de

consumo: uma ruptura e uma reforma nos modos de ser, pensar e agir da

sociedade em relação ao planeta, por uma questão de sobrevivência.

A partir destes pontos e voltando o olhar para a própria natureza,

identificamos que, ligada à proposta de renovação, da própria conformação de

uma árvore nasce o conceito de criação: Renovo.

Fig. 2: Imagens de um renovo sobre toco de árvore com seus anéis transversais.

Fonte: http://pt.dreamstime.com/foto-de-stock-royalty-free-corte-detalhes-do-tronco-image2059155

Ferreira (1993, p. 473) denomina “renovo” como “ramo novo que nasce

do toco da árvore recém-cortada e dá origem a uma nova árvore” que busca

por novos caminhos e ocupa novos espaços – por meio de seus galhos – em

direções distintas à da árvore da qual brotou.

5 Lê-se “renôvo”, não sendo do verbo renovar, mas um substantivo masculino (FERREIRA.

1993, p. 473).

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A ideia desdobrou-se em conceito de criação a partir do instante em que

foi percebida a resistência, no sentido de que a natureza persiste como pode

para permanecer viva e que isso compõe um ciclo: da vida à destruição, e em

seguida, à vida novamente, apesar da maneira como vem sendo manipulada

pelo homem.

5 PAINEL SEMÂNTICO

O painel semântico possui forma circular, com imagens seguindo em

espiral para enfatizar – partindo do centro – desde a degradação do homem e

do meio ambiente, do consumismo e desperdício de recursos, até ideia de

sustentabilidade e resistência que são apresentados no projeto a partir de seu

tema até o conceito de criação.

Fig. 3: Imagem do painel semântico.

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6 PÚBLICO ALVO

A pesquisa do público alvo foi feita através da aplicação de

questionários, em seguida efetuada uma filtragem destes, onde perguntas e

respostas foram selecionadas se adequando a um grupo especifico. A partir

daí, segue a fase qualitativa, contendo 12 entrevistas com mulheres as quais

se adequavam às enquetes filtradas a fim de aprofundar as observações e

conhecimentos sobre o público.

Deste modo, definimos o público-alvo como mulheres casadas ou que

moram com parceiros e que estejam iniciando a constituição de uma família.

No trabalho, prezam primeiramente por sua independência financeira e, em sua

maioria, estão satisfeitas com o mesmo. Neste setor utilizam a tecnologia, além

do uso para o lazer e informação. Mantendo-se conectadas por meio de

computadores e celulares, visam à funcionalidade e facilidades como

prioridade nestes aparelhos, como conta Sara Bonates em relação à compra

de comidas orgânicas: “Opto por realizar compras pela internet pela facilidade

e pelo fato de não encontrar esse tipo de alimento onde moro”.

Essas mulheres se preocupam com a saúde mantendo uma alimentação

balanceada e optam pelo consumo de produtos integrais, sem corantes ou

conservantes, mas orgânicos, que tragam benefícios, assim como a prática de

exercícios físicos. Se houvessem melhores condições de transporte coletivo na

cidade, optariam por usá-lo mais vezes.

Além do cuidado com a saúde, a beleza também é indispensável. Para

isto, a frequência a salões de beleza e o cuidado diário com o uso de

cosméticos são essenciais. Como diz Marcia Brito, “passo protetor solar todos

os dias antes de sair de casa. Acho fundamental para ter uma boa pele em

longo prazo”.

Em relação à moda, caracterizam-se por ser um público aberto a novas

experimentações, pagando mais por uma peça de maior durabilidade. Ao se

vestirem procuram beleza e conforto, preocupando-se com a resistência e

qualidade.

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Fig. 4: Imagens de algumas entrevistadas fotografadas pela equipe do grupo.

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7 ELEMENTOS FORMAIS PROJETUAIS

Os elementos formais projetuais da coleção foram desenvolvidos a partir

da ideia de ciclo originado pelo renovo e adequando-se ao público alvo

pesquisado.

7.1 Cartela de Cores

Cinza Cru Marrom 19-0405 TC 12-0404 TC 19-0712 TC

Verde Verde Teaberry Vermelho 18-0515 TC 10-0419 TC 18-756 TC 10-1862 TC

A cartela escolhida é composta por cores que ilustram a ideia do ciclo de

evolução em direção à sustentabilidade – ciclo do renovo – que utiliza,

respectivamente, cores opacas, escuras, fortes, com a exceção de uma clara.

Tudo isto, remete às ações de sacrifício e limpeza necessárias de adesão por

parte da sociedade.

7.2 Estudos de Formas

O renovo tem uma ligação direta à proposta de renovação e a busca por

novos caminhos que, no estudo de formas, é representado por linhas unidas a

princípio, mas que se ramificam seguindo direções distintas como ilustra a

figura 5. Além disso, no tronco cortado é possível observar anéis de secção

transversal, mostrando as fases de crescimento que teve a árvore (figura 7).

Dessa forma, chegamos à figura circular como outro princípio para o estudo de

formas (Figura 6). Além de representar a ideia de crescimento do tronco, o

círculo também ilustra no projeto a ideia renovação.

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Há uma predominância maior de detalhes na parte inferior dos looks da

coleção que, em sua maioria, traz silhuetas com formas sinuosas, baseadas na

ampulheta.

Fig. 5: Imagem ilustra uma raiz com suas ramificações seguindo diversos caminhos.

Fonte: http://www.intervencaomenali.blogspot.com.br/

Fig. 6: Ilustrações dos estudos de formas realizados.

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Fig. 7: Anéis de secção transversal do tronco.

Fonte: http://www.pt.dreamstime.com

7.3 Estudos de Materiais / Cartela de Tecidos

Os tecidos selecionados para a confecção dos quatro looks são sarja

(100% algodão) e a malha (93% viscose e 7% elastano).

Com referência ao conceito de criação Renovo, a sarja oferece rigidez,

expressando a força da natureza nele encontrado, além da sustentação

necessária para o trabalho de design de superfície. Para a construção deste,

foram utilizados resíduos têxteis de malha encontrados em oficina de

confecção de vestuário. Além não ser necessário seu tingimento e da questão

de reaproveitamento, esta matéria-prima é usada por ser maleável e,

conseguiríamos assim, executar o design de superfície proposto.

Fig. 8: Sarja

Fig. 9: Resíduos têxteis de malhas

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7.4 Design de superfície

Como visto anteriormente, o design de superfície (Figura 10), foi

confeccionado com tiras de resíduos têxteis de malhas que, trançados

irregularmente, ramificam-se em formas orgânicas, o qual leva a ideia de

caminhos, raízes atingindo diferentes dimensões sobre as peças, trazendo a

ideia de força, renovação, vida. A sarja que o sustenta é tomado por estes

trançados e se transforma a partir disto.

Fig. 10: Design de superfície realizado pelos integrantes do grupo.

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7.5 Croquis

Seguem abaixo ilustrações de desenhos da coleção do projeto

interdisciplinar do grupo.

Fig. 11: Ilustrações da coleção composta por dez looks.

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7.6 Peças confeccionadas

Dentre os dez croquis, quatro foram escolhidos para serem

confeccionados, seguindo a ordem ilustrada abaixo:

Fig. 12: Ilustrações dos quatro looks confeccionados.

8 AÇÃO SOCIAL – GERAR INFORMAÇÃO AO CONSUMIDOR /

LOGÍSTICA SUSTENTÁVEL / GOLAS MULTIUSO

Uma das etapas da ação social consiste na criação de um blog

encontrado dentro do site da marca contendo diversas informações ao

consumidor para mantê-lo informado sobre as razões da marca, suas visões e

princípios, além de informá-lo sobre determinados assuntos, tais como:

alimentos saudáveis, como manter uma boa saúde, progressos nesta mesma

área e como agir de forma sustentável no dia a dia.

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Pensamos em expor e divulgar a coleção, explicando os processos

pelos quais passou para se considerar sustentável e porque isso é vantajoso

tanto para o cliente, como para o planeta.

Nossa marca terá um grupo de centros de distribuição amplo, dividido

em diversas regiões com o intuito de reduzir alguma porcentagem em relação

ao consumo de combustíveis para transporte, resultando também em um envio

mais veloz do produto adquirido ao cliente.

Haverá um controle de tempo onde o consumidor poderá escolher ir a

um dos postos de coleta ou ao centro de distribuição mais próximo para

depositar sua peça de roupa quando não mais desejar usá-la, a fim de ser

reutilizada pela marca em uma linha exclusiva com preços mais baratos e

design diferenciado.

Fig. 13: Imagem do blog informativo da marca.

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As Golas Multiuso da coleção também consistem como ação social, uma

vez que estas são construídas com resíduos têxteis de malha, recolhidos de

uma confecção e que seriam descartados. Unidas à ideia de reutilização de

materiais, estas golas são removíveis e transformam-se em outras peças

como: mangas, blusas, coletes e o que mais a imaginação do usuário

conseguir edificar, constituindo um envolvimento maior do mesmo com suas

peças de roupas.

9 ENSAIO FOTOGRÁFICO

O ensaio fotográfico foi realizado no Parque Burle Marx, na cidade de

São Paulo e a escolha pelo local vem do próprio caminhar do projeto

interdisciplinar que, desde o início, tratou de expor em seus estudos os

impactos negativos e possibilidades de alternativas para a solução dos

mesmos que, consequentemente, dá origem às ideias de renovação e

resistência para garantir a vida.

O parque possui projeto paisagístico de Burle Marx, conta com 138 mil

m² e com a resistência, já que se trata de um dos últimos resquícios de Mata

Atlântica preservados na cidade.6

6 Disponível em http://www.parqueburlemarx.com.br/. Acessado em 22 de maio de 2013.

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Fig. 15: Fotos do ensaio ocorrido no Parque Burle Marx das quatro peças confeccionadas.

Fotógrafa: Renata Paz

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos estudos realizados a respeito de Moda e Sustentabilidade,

Ações Econômicas e, principalmente, sobre Estratégias de Consumo

Consciente, concluímos que a sociedade tem grande influência sob o cenário

atual de estímulo aos excessos, consumismo e desperdício. Mas gerando

conhecimento de suas consequências, esta mesma sociedade obterá senso-

crítico que a levará ao anseio por mudanças e, logo após, à ação propriamente

dita de aderir soluções que são apresentadas por teóricos e às tantas outras já

existentes, para barrar danos ao meio ambiente e à humanidade.

Quanto à coleção, percebemos que para produzi-la de maneira

sustentável, adequando às pesquisas referenciais e ao público alvo – onde é

perceptível a mudança para uma visão de vida mais saudável, foi importante

gerar todo um processo de experimentações que envolveram a escolha,

misturas e reuso das matérias-primas e o não beneficiamento de tecidos ou

peças. Encontramos nestas algumas dificuldades em aplicar o design de

superfície, pelo fato de tratar-se de um trabalho manual minucioso que nos

demandou bastante tempo e paciência, porém, nos programamos para que

cada passo fosse cumprido de acordo com um cronograma.

Desde o início houve a preocupação com a identidade visual do projeto.

Neste caso, também analisamos vários locais para a produção do ensaio

fotográfico: grandes centros comerciais, ruínas tomadas por vegetação etc. Por

fim, optamos pelo Parque Burle Marx que nos remeteu ao sentimento de

resistência manifestado igualmente no conceito de criação.

Percebemos a importância das disciplinas oferecidas durante o

semestre letivo (Moulage, Fotografia e Vídeo e Empreendedorismo e

Sustentabilidade) e cada uma contribuiu oferecendo maior visibilidade sobre

possíveis soluções nas diferentes etapas do projeto.

Finalizamos, satisfeitas por desenvolvê-lo da maneira como planejamos

e com a certeza que carregaremos a lição de que todos nós somos

responsáveis por nossos atos e consequências atuais e futuras no mundo. É

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preciso agir e pensar em um todo.

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sustentáveis: Os requisitos ambientais dos produtos industriais. São

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Acessado em: 17 de maio de 2013.

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Editora, 2008.