REMAKE

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Cavaleiros do zodíaco recebe nova linha de colecionáveis ano I - número I Lembra do Plano Real? Pois é, ele aconteceu mesmo. Ombreiras, cabelos e flúor a volta dos anos 80 na moda contemporânea

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Revista experimental sobre os anos 80. Diagramação de vários colegas da universidade. Capa, projeto gráfico e algumas páginas minhas.

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REMAKE

Cavaleiros do zodíaco recebe nova linha de colecionáveis

ano I - número I

Lembra do Plano Real? Pois é, ele aconteceu mesmo.

Ombreiras, cabelos e flúora volta dos anos 80 na moda contemporânea

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O que temos aqui?

O que mais?

23 >> A moda dos anos 80

05 >> Bonecos do Zodíaco

36 >> Um Real para todos governar

POGOBOL06 Game Boy07 Brinquedos nostálgicos08 1990, animes e tazos

TELINHA09 Cinema Boca do Lixo10 80’s e o cine pós moderno12 Animes oitentistas

VINGANÇA DOS NERDS13 Ser nerd é ser cool14 Moda nerd16 Fantástica literatura 18 Star Trek

CURTINDO A VIDA ADOIDADO21 Entretenimento nos anos 8022 Rock and Roll all night24 Geração saúde

BOOMBOX25 O grunge e os 90’s26 Embalos de Sábado à noite27 A música de hoje é a música de ontem28 Praia, Sol e Rock in Rio

ACONTECEU29 Ainda lembramos de vocês32 Eterna Lady Di34 Berlim e seu muro

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Um recorte dos anos 80 e 90

Expediente

editorias

Os anos 60 foram dos rockabillies. Os 70, dos hippies e da brilhantina. Mas e 1980? Pior ainda, a conturbante década de 90? O que esses anos significaram para as pessoas?

É difícil responder a essa pergunta com clareza e objetividade, ainda mais com a impar-cialidade necessária no jornalismo. Os anos 80 e 90 diviram pessoas, uniram indivíduos e revolu-cionaram tendências.

A época, na política, foi difícil. A prin-cesa morreu, o Real assustou e o socialismo deu o lugar a uma nova lógica, com a queda do muro de Berlim.

A música mudou drásticamente. O em-brião do rock cresceu e tomou forma de gigante. Não era mais som de jovens rebeldes, mas um reflexo do comportamento. Bandas como Nir-vana, Guns n’ Roses, Pearl Jam, Joy Division, Michael Jackson, Madonna... todas com suas peculiariedades e diferenças misturadas em

um caldeirão musical que influenciou a moda, o comportamento e, principalmente, o pensa-mento do jovem.

O entretenimento também teve suas dife-renças dos anos anteriores. Nunca antes hou-veram tantas manifestações de fãs de filmes e séries de TV. Grupos se reuníam para celebrar, quase como uma religião, os lançamentos de fil-mes como Star Wars.

A revista Remake tem o intuito de trazer de volta — sendo com nostalgia, homenagem ou uma simples lembrança — a onda que foram es-sas décadas. Trazemos um recorte da grandiosi-dade cultural da época.

Os textos foram produzidos por jornalis-tas que, em sua maioria, viveram a época ain-da na infância, o que traz as lembranças menos claras, porém com mais emoção.

Lembre-se, recorde e emocione-se tam-bém com nossa jornadas pelos anos 80 e 90.

Aconteceu Aline Prado Daniel Lopes Juliana Caldas Thomas Shikida

Boombox Amanda Braga Angelo Dias Jéssica Marques Lis Assis

Curtindo a Vida Adoidado Felipe Casas Leandro Medeiros Vanessa de Assis Thaís Vannucci

Pogobol Anderson Costa Bruno Raphael Fábio Assunção Wellington Hokama

Telinha Nariana Moraes Camilo Vitória Flávia França

Vingança dos Nerds Carla Cavalcante Fabiana Cavalcante Kléber William Laís Tarifa Tatiele Rodrigues

ChancelerProfª Alzira Altenfelder Silva MesquitaReitorProf. José Christiano Altenfelder Silva Mes-quitaPró-Reitor de Gradu-açãoProf. José Reinaldo Altenfelder Silva Mes-quitaPró-Reitor de Pesquisa e Pós-GraduaçãoProf. Drº Alberto Mes-quita FilhoPró-Reitoria de Exten-sãoProf. Lilian Brando Gar-cia MesquitaDiretor da Faculdade de LACCE Prof. Rosário Antonio D’AgostinoCoordenador do Curso de Jornalismo

Prof. Anderson Fazoli (MTB 15.161)

Jornalistas ResponsáveisProf.Sérgio Sanches(MTB 16.338) Profª Iêda Santos (MTB 31.113)

RevisãoProf. Daniel Paulo de Souza

Projeto GráficoProfª Iêda Santos

Supervisão Gráfica/CapaProfª Iêda Santos

RedaçãoAlunos do 4ºACSNJO - D3

Impressão Folha Gráfica -(11) 3224.7667

As matérias assinadas não representam, neces-sariamente, a opinião da Universidade.

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Cavaleiros do Zodíaco foi o desenho que marcou a época de várias crianças du-rante a década de 90. A série foi exibida e reprisada pela extinta Rede Manchete du-rante o ano de 1994 até 97. O mercado foi invadido com produ-tos originais que va-riavam das fantasias da Sulamericana, cha-veiros, roupas, pro-dutos escolares até os famosos bonecos pro-duzidos pela bandai que eram importados e vendidos nas Lojas Americanas e outras mais especializadas.

O fato é que Ca-valeiros do Zodíaco é uma série com alto va-lor comercial, logo, fei-ta para vender bonecos. No tradicional bairro da 25 de março, prati-camente todas as lojas ou mesmo os camelôs tinham alguma figura de ação que chamava a atenção das crianças e dos pais aflitos com os preços. Nos colégios, haviam crianças que levavam alguma coisa com a intenção de exi-bir para os colegas.

O mais comum era o álbum de figuri-nhas e os bonecos ar-ticulados. Os meninos mais brincavam com

eles do que faziam as li-ções. Na hora do inter-valo, a brigava rolava solta literalmente. Isso porque era uma disputa para ver quem seria tal personagem do dese-nho e as simulações das lutas da série, regadas a socos e chutes que fa-ziam alguém chorar e arrumavam problemas para os professores.

Para o estudante Daniel Mathias Diniz, aquela época marcou ouro. “Nunca fui tão chegado nos bonequi-nhos, mas brigar de lutinha com o pesso-al era a melhor parte do dia. Sempre queria ser o Shiryu e dar um ‘Cólera do Dragão’ no estômago de alguém”, diz. Curiosamente o suposto nível de “vio-lência” que o desenho apresentava e era alto para a época, não im-pediu que a série desse bons resultados no Bra-sil, diferente de Portu-gal, onde foi encerrada prematuramente.

Após 19 anos desde a primeira exi-bição no Brasil, Ca-valeiros do Zodíaco continua um negócio rentável ao redor do mundo. A linha clássi-ca dos bonecos deu lu-gar para a Cloth Myth, figuras de ação maio-res, com mais detalhes e pontos de articula-ção. Esse item em es-pecifico é cobiçado por colecionadores que esperam ansiosamente por novos lançamentos da empresa Bandai.

Para o estudan-te Rafael Einstein de Oliveira, os bonecos são legais, mas ele não demonstra interesse imediato em comprar. “Legal a quantidade de detalhes dessas fi-guras, mas elas são caras demais. Não é todo mundo que tem R$200 ou mais para comprar uma. Talvez algum dia, quando o preço baixar, com-prarei o boneco do cavaleiro do Saga de gêmeos, que é o meu signo”, comenta.

A linha Cloth Myth convencional pode estar com os dias contados, pois a Ban-dai começou à fabri-car a versão EX dessa linha. Os novos bone-cos apresentam mais detalhes e pontos de articulação, além de praticamente toda ar-madura ser composta de metal, acompa-nham algumas peças de efeito que simulam os principais golpes dos cavaleiros.

Inicialmente es-tão previstos lança-mentos dos 12 cavalei-ros de ouro e dos cinco de bronze. No bairro da Liberdade em São Paulo, colecionadores podem encontrar as versões EX de Mu de áries, Saga de gêmeos, Aioria de leão, Shaka de Virgem e Aioros de sagitário. Também po-de-se encontrar dvd’s da série clássica e das “paralelas” Ômega e Lost Canvas.

Uma franquia que se renova constantemente

Série televisiva mostra novos produtos no mercado e causa nostalgia nos brasileiros

Bruno Raphael

Aioria de Leão: Figura de ação da linha Cloth Myth EX

Por Bruno Raphael

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Game Boy provoca efeito nostálgico em jogadores

Do Game Boy “tijolão” ao “Advance”: Diversão garantida entre várias gerações e sucesso absoluto desde 1989

Quem não se lem-bra do Game Boy? Um videogame portátil cria-do pela Nintendo, na final da década de 1980, e que fez sucesso no Ja-pão e no mundo com os baixinhos, que levavam o aparelho para a esco-la, para a casa de pa-rentes, em passeios de carro e também no bol-so, tamanha a facilidade de locomoção. Simples, com um processador de 8 bits, tela a preto e branco, além de eficien-te, com duração das pi-lhas de até 20 horas con-secutivas, sua evolução estética e tecnológica só foi acorrer após 8 anos de estudos.

O desenvolvim-ento passou por Game Boy Pocket (1996), Game Boy Light (1997), Game Boy Color (1998), Game Boy Color Pi-kachu Edition (1998), Game Boy Advance (2001), Game Boy Ad-vance SP (2003) e Game Boy Micro (2005). O

estudante Marcelo Lira não perdeu ne-nhuma versão produ-zida. “Nunca deixei de gostar dos consoles da Nintendo, tenho todos os modelos e guardo as caixas também, assim como os manuais de instrução. Eu esperava que fosse lançado um novo modelo e compra-va o antigo, que ficava mais barato”, afirma.

Depois de come-çar com um simples Te-tris, um jogo de empi-lhar blocos que já vinha na memória do mini-game, a principal brin-cadeira eletrônica da época foi Super Mario Land, sucesso em todos os consoles da compa-nhia japonesa. Fanático por tecnologia, Ale-xandre Satoshi recorda de seu jogo preferido. “Nunca enjoava. Antes eu tinha poucos games e jogava intensamente. Perdi a conta de quan-tas vezes ‘salvei’ o Su-per Mário. Hoje compro

vários estilos de jogos e não curto todos. A era do consumismo exage-rado atrapalha”, revela.

De acordo com o cientista da computação e programador de jogos, Gabriel de Paula Santos, apesar do baixo recurso tecnológico do passado, a nostalgia é inevitá-vel. “Pode ser o melhor game do mundo, mas se tiver poucas cores ou péssima qualidade grá-fica, não adianta nada. O som também é fator importante. São detalhes que fazem a diferença no poder de imersão dos jogadores, que sentem saudades da infância. As novas tecnologias chegaram para serem exploradas ao máximo e a comunidade gamer agradece”, analisa.

Santos explica que os produtores de víde-ogames descobriram o que era essencial para atrair a garotada da épo-ca. “A criança quer cada vez mais. Os produtores

de jogos buscam um en-canto ininterrupto e é isso que demanda mais trabalho. Tudo precisa ser bem integrado, já que uma falha pode estragar todo o planejamento. A invenção de um vídeo-game portátil como o Game Boy revela o con-sumismo exagerado que evoluiu com o passar dos anos”, conclui.

Para o estudan-te Willian Antônio, a saudade é encarada com alegria. “Lembro que meus pais passa-vam por dificuldades na época, mas mes-mo assim, ganhei um Game Boy Color de presente de aniversá-rio. Era um aparelho cobiçado por todas as crianças e eu fico fe-liz de ter participado dessa época e brinca-do com uma inovação tecnológica em minha infância. Foi uma sur-presa ter um mini vi-deogame aonde você quiser”, finaliza.

Por Wellington Hokama

Wellington Hokama

Console da Nintendo marca época e deixa saudades nos corações dos ‘novos adultos’

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Por Fábio Assunção

Brincar era e é um costume que perdura com as crianças, desde muito tempo. Mas, nos anos 80 e 90, a inclusão da tecnologia potencia-lizou o mercado de en-tretenimento brasileiro. Uma das fabricantes de distrações infantis, era a TecToy, que distribuía também jogos e conso-les da marca Sega. Entre as diversões educativas, havia um passatempo que auxiliava as crian-ças a ter suas primeiras lições de matérias bá-sicas da escola. Surgia, então, o Pense Bem.

Na primeira ver-são, a base era simples. A pessoa, no momento da aquisição, recebia um livro que continha perguntas e respostas que estavam na memó-ria. Essas indagações eram respondidas, com os botões A, B, C e D, caso fossem extraídas do livro. No caso de contas matemáticas, números poderiam ser pressionados, de zero a nove. Se a questão esti-vesse correta, emitiam um pequeno sinal sono-ro característico.

Além deles, tam-bém se faziam presentes algumas notas musicais. Podia-se tocar uma can-ção. O desenvolvedor do Pense Bem Online, um similar do original, Leandro Pereira, conta que a propaganda tinha como elemento princi-

pal atrair as crianças. “Elas eram suficientes para convencer o pai a pensar que era ‘mais que um brinquedo’, como dizia o slogan”, diz Pe-reira. Ele ainda ressalta que os livros-pergunta, que tinham como tema, pessoas famosas como Ayrton Senna e games como Street Fighter, também se faziam úteis, ao chamar a atenção de meninos e meninas.

Pereira discorda que o produto mostrava caráter educativo e diz que o ato de ensinar vai além das funções pre-sentes. “Educa-ção é mais do que apertar botões e ouvir uma musi-quinha para dizer se você acertou ou errou”, afirma ele. O desenvolve-dor complementa e diz que o Pense Bem somente en-sina a não falhar e que não há pro-dução de conhe-cimento, já que, a criança pode saber por exem-plo, com os livros-exercício, qual a resposta correta pelo método de tentativa e erro. Isto porque, o brinquedo é ba-seado em diversas respostas simples.

Na opinião dele, não se pode dizer quanto ao

divertimento, de este ser o primeiro compu-tador de pessoas oiten-tistas e dos anos 90, por não ter expansões ou ser um comum. “Ele foi lançado no final da dé-cada de 80, quando os processadores de dados já eram difundidos. Na época do lançamento, eu, por exemplo, tinha um Gradiente, de 8-bits, da linha MSX, padrão japonês”, relata Pereira.

Além de possuir todas essas capaci-dades, o divertimen-to ainda é capaz de despertar nos mais

nostálgicos, um sen-timento de volta ao passado. O gerente comercial Manoel Jú-nior revela que, no passado, era fissurado no eletrônico da Tec Toy. “Ah, é claro que me lembro de brincar muito com o Pense Bem . As teclas de vá-rias cores, o barulhi-nho de resposta certa, os livros que vinham juntos. Foi uma ótima infância”, relembra o gerente comercial, que dizia passar horas a brincar com o diver-timento dele.

Divulgação

Distrações nostálgicas apresentam variadas funçõesSucesso que durou vinte anos, o “Pense Bem”saiu de linha mas, continua vivo na memória

Uma diversão que marcou época, principalmente nos anos 80 e 90, o Pense Bem atraía por ter personagens famosos e cores.

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Tazos e animes se desenvolvem na década de 90

Os tazos fizeram parte da diversão de crianças durante a década de 1990, principalmente em disputas acirradas nas escolas

Conhecidos como POGs nos Estados Uni-dos, os Tazos marcaram a infância nos anos 90. O boom dos desenhos japo-neses na rede aberta im-pulsionou uma sucessão de campanhas da Elma-Chips para alavancar as vendas de salgadinhos que continham brindes no formato de discos plásticos com as imagens dos personagens anima-dos que apareciam na TV aberta e fechada.

Os dois forma-tos utilizados nas séries “Looney Tunes” e “Tiny Toon” eram simples, apenas com a figura im-pressa do personagem e um logotipo da série. O Magic Tazo, mais raro, possuía uma figura holo-gráfica que mudava con-forme a sua posição. A série “Animaniacs” veio em seguida com o estilo Arma-e-Voa, dotada de cavidades ao redor do disco que serviam como encaixe para a forma-ção de estruturas e uma

borda pontiaguda para o lançamento de mais ta-zos. Alguns anos depois, com a estreia do desenho “Yu-Gi-Oh”, surgiram os Metal Tazos, feitos de alumínio e com uma maior resistencia.

Na mesma época dos tazos Arma-e-Voa, surgiram os GiganTazos do desenho “O Máskara” (com o dobro do tama-nho dos tazos comuns) e um acessório que, ape-sar de ser oficial, causou controvérsias entre os pequenos. O analista de sistemas Diego Marques afirma que a vida do Pega-Tazo foi curta. “Ele era feito de um material gelatinoso que grudava nos tazos. Muita briga aconteceu nas escolas por fulano trapacear no bafo com esse treco. Os próprios alunos proibi-ram o uso durante a épo-ca”, conta.

A última moda brasileira que obteve uma repercussão de es-cala similar foi a venda

de minicards não-oficiais do desenho “Yu-Gi-Oh”. Comercializadas em ban-cas de jornal com preços que variavam entre 10 e 15 centavos, as cartinhas eram versões em minia-tura do material original, utilizado em torneios nas feiras de anime e com valor médio de R$ 40. Dotados de criaturas bi-zarras e estatísticas a se-rem comparadas ao me-lhor estilo Super Trunfo, a criançada aproveitou enquanto o desenho pas-sava nas manhãs da Rede Globo. O fim da série es-friou a moda.

Agora, com os re-cursos da internet, é co-mum o uso de códigos promocionais que o usu-ário lê no pacote de sal-gadinhos e envia por tor-pedo SMS para concorrer a prêmios. Essa ideia ins-pirou a rede brasileira da Elma Chips a combinar os dois recursos. Para promover o filme “Os Vingadores”, os códigos digitados eram salvos em

um perfil que a criança fazia no site da campa-nha “Super Tazo LIVE”, similar à rede social Fa-cebook. Cada código re-velava um tazo digital e o jogo acontecia da mesma forma que o antigo, po-rém de forma virtual.

A empresa Ro-vio, responsável pela franquia “Angry Birds”, aproveitou o sucesso de vendas do jogo nos com-putadores e smartphones para firmar uma parce-ria com a Elma Chips mexicana. O resultado foi a criação dos Vuela-Tazos, que combinam as características dos tazos brasileiros com materiais mais resistentes. O eletri-cista Rodolfo Pereira tor-ce para a moda emplacar. “A única coisa que falta pra isso dar certo aqui no Brasil é a participação das empresas de games. Os desenhos enfraquece-ram”, conta. Resta saber se esta moda conseguirá voltar para a sua antiga forma física.

Por Anderspn Costa

Anderson Costa

Brindes portáteis com personagens famosos dos desenhos animados viram febre no Brasil

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Filmes da Boca do Lixo relembram o sucesso do cinema em São Paulo

Em São Paulo nos anos 70 o cinema era for-te comercialmente. As salas da cidade reuniam grandes multidões e as produções nacionais ti-nham grande destaque nesse mercado. Por causa da ditadura, os filmes passavam por uma breve censura e só eram liberadas as produções que ti-vessem conteúdo cômico ou que possuíssem ape-lo popular. Com essas características, as únicas produções que se davam bem eram as feitas nos moldes da pornochanchada.

Na década seguinte, houve uma explosão de filmes nacionais com temática sexual, chegavam a representar 80% das produções. Nesse período, surgiu no centro de São Paulo um segmento novo da pornochanchada conhecido como “Boca do Lixo”, que se caracterizava por ter produções com custo baixo e cenas que misturavam comédia, dra-ma e ação com cenas de forte apelo pornográfico, que eram o atrativo maior dos filmes.

O diretor e produtor de cinema, Hércules Breseguelo, afirma que a Boca do Lixo tentava se diferenciar da pornochanchada. “O que a Boca fa-zia era misturar principalmente comédia com ero-tismo explícito. A pornochanchada costumava ter em seu conteúdo cenas de sexo implícito, que não chegavam a mostrar os detalhes do ato”, diz ele.

Os filmes dessa época eram sucesso de bilhe-teria, tanto que alguns produtores mais famosos como David Cardoso, Juan Bajon e José Mojica,

chegaram a faturar valores consideráveis com o rendimento das bilheterias. Segundo o ex roteiris-ta, Gabriel Marques, alguns filmes fizeram muito sucesso. “Os diretores não chegavam a ficar ricos, mas a repercussão era grande. O filme Mulher Ob-jeto do Silvio de Abreu, teve 2 milhões de especta-dores”, afirma.

A Boca do Lixo também ficou conhecida como uma região no centro da cidade de São Pau-lo onde hoje é denominada região da Luz. Naquela época era comum que grandes produtoras e cine-mas se instalassem nessa localidade, onde envol-via o quadrilátero entre as ruas Triunfo, Aurora, Vitória e avenida Rio Branco, mas área de abran-gência chegava até a região do Baixo Augusta.

A decadência da Boca do Lixo veio junto com o fim da ditadura militar. Após o regime, os filmes pornográficos de sexo explícito de origem norte americana voltaram a ser liberados, o que fez com que filmes da pornochanchada ficassem inibidos perante ao grande público. O capítulo final da Boca do Lixo se deu no início dos anos 90, quando o presidente Fernando Collor deci-diu reduzir a verba para produções cinemato-gráficas nacionais.

Por Camilo Vitória

O período em que foram filmados ficou conhecido como época de ouro do cinema nacional

Capa do filme Neurose Sexual gravado no ano de 1986.

Divulgação

Cena do filme Oh! Rebuceteio dirigido por Claudio Cunha.

Reprodução

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É possível definir o cinema dos anos 80 em um termo? Sim. Pós modernismo. A década destacou-se pela reci-clagem de gêneros ci-nematográficos conhe-cidos que promoveu a releitura inventiva que consagrou defini-tivamente nomes como Martin Scorsese, Ste-ven Spielberg, George Lucas, Brian de Palma, Lawrence Kasdan e Francis Ford Coppola, entre muitos outros. A ficção-científica foi o gênero mais cultua-do e ganhou o status “Pop” graças a filmes que se tornaram para-digmas, como as sequ-ências de  “Guerra nas Estrelas”,  “O Império Contra-Ataca”  (1980) e  “O Retorno de Jedi” (1983), um passo então inédito em termos de efeitos especiais, e so-bretudo  Blade Runner, de Ridley Scott. Este filme, estrelado pelo ator-ícone do período, Harrison Ford, é a obra-prima pós-moderna.

Em um original ambiente futurista, em que tecnologia e mas-

Anos 80: a era do cinema Pós ModernoPor Flávia França

sificação se sobrepõem, Ridley Scott, a partir do romance de Philip K. Dick, recicla os estereó-tipos do filme noir num thriller eletrizante que mostra ser possível filo-sofar em filme de ação. É, definitivamente, um filme obrigatório. Os anos 80 também consa-graram as sagas. Além de Guerra nas Estrelas, outras trilogias marca-ram época, como  In-diana Jones e De Volta para o Futuro (um títu-lo que expressa bem o clima dos 80).

Spielberg mere-

ce um capítulo à parte. Além de reciclar os an-tigos seriados das mati-nês com “Os Caçadores da Arca Perdida” (1981), “Indiana Jones e o Tem-plo da Perdição”  (1984) e “Indiana Jones e a Úl-tima Cruzada”  (1989), dirigiu outro clássico da década, um filme absolutamente encan-tador, que impulsionou uma série hoje comum de filmes infantis feitos para encantar os mar-manjos. Bom, só quem foi abduzido nos 80 não viu “E.T. - O Extra-Ter-restre”  (1982) e o seu revés em forma de sá-tira  “Gremlins”  (1984), dirigido por Joe Dante e roteirizado por Chris Columbus, que em 1986 dirigiria o diverti-do “Os Goonies”.

Outros gêneros passaram pelo pro-cesso de reciclagem pós-modernista. Cop-pola voltou-se para a rebeldia sem causa, tí-pica dos anos 50 e 60, e

promoveu ao estrelato uma geração inteira em  “Outsiders - Vi-das sem Rumo”  (1983). Só para lembrar: Matt Dillon, Ralph Macchio, Patrick Swayze, Rob Lowe, Emilio Estevez e Tom Cruise. Coppo-la viajaria ainda lite-ralmente no tempo no delicioso  “Peggy Sue - Seu Passado a Espe-ra”  (1986), seu filme mais leve, que se en-caixa na linha ‘de volta para o futuro’. Brian De Palma aprofundou seu mergulho hitchcockia-no em  “Vestida Para Matar”  (1980) e  “Dublê de Corpo”  (1984), mas marcou ponto mesmo com a reinvenção do filme de gangster  “Os Intocáveis” (1987), seu filme mais ambicioso.

A onda hoje se-dimentada de projetos inspirados em histó-rias em quadrinhos foi promovida na década, com destaque para Su-perman, cuja tetralogia

Matthew Broderick demonstra como matar aula com a cara dos Anos 80: cantando “Twist and Shout” em cima de um carro durante uma parada alemã

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teve três de seus filmes rodados em 80: “Super-man II - A Aventura Continua”  (1980),  “Su-perman III”  (1983) e  “Superman IV - Em Busca da Paz” (1987).

Mas enquanto o triturador pós-moder-nista passava o rodo nas bilheterias, um diretor, bem original, dedicou-se a radiogra-far a época com um olhar próprio, sem o filtro dos gêneros reci-clados. Seu nome: John Hughes. Nada mais anos 80 do que o esca-pista, e hoje elevado a cult,  “Curtindo a Vida Adoidado”  (1986). Em seus filmes, a adoles-cência oitentista ganha um brilho especial, uma vivacidade irresistível, sendo tratada com in-teligência e respeito, bem diferente dos in-fantilizados moleques

da franquia  “American Pie”. Hughes dirigiu o adorável  “A Garota de Rosa Shocking”  (1986), promovendo Molly Ringwald a namoradi-nha da América.

Adrian Lyne, di-retor que costuma pro-vocar arrepio nos crí-ticos, foi o responsável pelas imagens mais for-tes. As cambalhotas de Jenifer Beals no musi-cal “Flashdance” (1983), os jogos sensuais à luz de uma geladeira de “9 e 1/2 Semanas de Amor”  (1986), com o então galã Mickey Rou-rke, e a corrida de faca em punho da psicótica Glenn Close no thril-ler adúltero  “Atração Fatal”  (1987) são ines-quecíveis. Egresso da publicidade, Lyne pode não ser um grande re-alizador, mas soube como ninguém impac-

tar e provocar polêmica na década.

Dois brucu-tus também marca-ram presença decisiva na década: Stallone e Schwarzeneger. O pri-meiro protagonizou três sequências pavo-rosas da franquia Ro-cky Balboa e inventou um dos mais odiosos promotores da guer-ra:  Rambo, visto em três filmes. Já Schwar-znegger, bem antes de trocar os pés pelas mãos na política, se-guiu um caminho mais original, apostando em roteiros inteligen-tes, como o do inven-tivo  “O Exterminador do Futuro”  (1984), que mais tarde também vi-raria franquia. Hasta la vista, baby é 80 em es-tado bruto.

O gênero horror lançou duas franquias

de sucesso.  “Sexta-Fei-ra 13”  teve oito partes filmadas nessa déca-da. Mais interessante, mas não menos apela-tivo, o drama dos in-sones de  “A Hora do Pesadelo”  teve cinco sequências. Goste-se ou não, Freddy Krue-ger e Jason Voorhees fazem parte do escrete hollywoodiano da dé-cada. Acompanha-os a menininha mediúnica da menos bem sucedida franquia  “Poltergeist - O Fenômeno” (1982), com duas sequências, e o insuperável Chucky, de “Brinquedo Assassi-no” (1988).

Assim foram os anos 80. De um lado o doce e perseguido ET, do outro o frenético e assustador Chucky.

O que se pode dizer? Foi bom en-quanto durou.

Henry Thomas como o pequeno Elliot em uma das cenas que marcou o cinema da década: Elliot e E.T. voando em uma bike

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tar a deusa Vishnu.O estudante Matheus Henrique diz que

gostava do desenho Yu Yu Hakusho. “Eu assisti na rede Manchete e também acompanhei quan-do foi para o canal a cabo Cartoon Network. Bom! Mas para mim os animes de hoje em dia não são como os de antigamente, porque falta elaboração nas histórias destes novos, como é caso do desenho Naruto.”

Yu Yu Hakusho é a série que conta a história de Yusuke Urameshi, que morre atropelado ao tentar salvar uma criança. Como seu ato foi inesperado por

todos, principalmen-te pelo mundo espi-ritual, Yusuke teve a chance de voltar a viver quando decidiu salvar uma amiga de infância em troca de seu retorno. Ao retornar à vida na terra, descobre que tem uma condição: se tornar um detetive espiritual e se dedicar ao combate de demô-nios do mundo das trevas que venham a se infiltrar no mundo dos homens.

Henrique afir-ma que não gostou do desenho Super

Campeões. “Eu acho este animê muito fanta-

sioso nas jogadas.” O animê é baseado no futebol e promove o esporte no Japão - seu desenvolvimento recebeu o apoio da Associação Japonesa de Futebol. Assim, ajudou a moral da seleção japonesa, que na época estava desiludida com o esporte.

O foco da história está nas aventuras da se-leção japonesa de futebol e seu capitão, Oliver Tsubasa. Ela é caracterizada por movimentos di-nâmicos de futebol contidos em ações fantasio-sas, além de tratar do relacionamento de Tsubasa com seus amigos, rivalidades com seus oponen-tes, treinamentos, competições, e os andamentos das partidas.

A TV Manchete tinha em sua programação uma sessão de mangás, os quadrinhos japoneses. Eles são sinônimos de sucesso até hoje Brasil – na época, a emissora transmitia os animês Os Cava-leiros do Zodíaco, Yu Yu Hakusho, Shurato e Super Campeões. O canal foi fundada no dia 5 de junho de 1985 pelo jornalista e empresário ucraniano na-turalizado brasileiro Adolpho Bloch. A televisão permaneceu no ar até o dia 10 de maio de 1999. Com a extinção da rede, os desenhos da emisso-ra foram reprisados pelo Cartoon Network, Band, Diário, Rede Record, Rede TV.

O vendedor Char-les Rocha de Menezes conta que gostava de as-sistir ao animê Os Cava-leiros do Zodíaco. Para ele, foi um desenho fan-tástico que assistia após a saída da escola. “Eu me lembro de brincar e imitar os personagens e seus golpes imaginários, era onde despertava mi-nha imaginação em um mundo fantasioso e in-fantil.”

O mangá do zodí-aco mostrava a histó-ria de cinco guerreiros místicos chamados de ca-valeiros protegidos pelas estrelas, que lutavam vestidos com armaduras sagradas, baseadas nas diversas constelações. Eles têm como missão defender a reencarnação da deusa grega Atena em sua batalha contra os deuses do Olimpo, que domina a terra.

Menezes declara que não gostava de assistir ao desenho Shurato. “Eu acho que o animê é uma imitação dos cavaleiros. A história mitológica pa-recia com a do zodíaco e eles também usavam ar-maduras.” O enredo do mangá conta as tentativas dos deuses de dominar o mundo celestial. O per-sonagem título, Shurato, foi trazido para o campo de batalha, tornando-se um membro essencial dos oitos guardiões do povo de Deva e luta para resga-

Com a extinção da TV do Bloch, os desenhos foram para outros canais da Televisão brasileira

Por Nariana Moraes

Animes fazem sucesso no Brasil

Canal apresenta para seu público animes japoneses

Nariana Moraes

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Nerds saem do grupo dos excluídos e viram padrão de comportamento

Uma das coisas importantes na vida de um nerd é estar por dentro das principais novidades do universo tecnológico

A sociedade mu-dou sua concepção so-bre o conceito de nerd. Nos anos 80, 90 e início dos anos 2000, jogar videogame incessante-mente, ler quadrinhos com histórias fantasio-sas sobre mutantes e não ter a menor ideia de como falar oi para uma criatura do sexo oposto já seriam moti-vos mais que suficien-tes para atrair repúdio e desprezo de uma so-ciedade sacana para si mesmo.

Com a evolução das tecnologias, a cul-tura geek (nerd, em in-glês) passou a se tornar uma tendência, mas não um desejo. A che-gada do Super Ninten-

do, Nintendo 64 e a pos-sibilidade de instalar jogos no computador faziam com que mais e mais pessoas abris-sem mão da vida social e intelectual também para passar 14 horas seguidas à frente da TV para zerar o jogo. Mais e mais pessoas, muitos deles jovens, se entre-gavam às novas tecno-logias de interação e deixavam de praticar atividades físicas e cui-dar da própria saúde.

A cada ano a tec-nologia se torna mais evoluída e ao mesmo tempo mais acessível. Nos anos 80 é o mo-mento em que ser nerd deixa de ser under-ground. O gosto por livros de autores como

Stephen King e JRR Tolkien (que produzem obras cujo objetivo in-trínseco é entreter) é erroneamente entendi-do como cultura e inte-lectualismo.

Primeira mudan-ça: ser nerd já virou sinônimo de ser inte-ligente, quando uma coisa não tem absoluta-mente nada a ver com a outra, é o que nos conta o estudante Fili-pe Pzscico. “Ser nerd é ser normal, pelo menos eu me considero assim, nos anos 80, por exem-plo, o estereótipo do nerd era um ser com óculos fundo de garrafa e totalmente CDF, mas nos anos 2000 isso mu-dou e ajudou na ques-tão do bulling, muitos

nerds passam por isso, eu mesmo já passei.”

Para tornar a classe geek ainda mais cool (bacana), a mídia passa a colaborar. As pessoas passam a achar que o fato de assistir The Big Bang Theory as torna um tanto quanto mais nerd. E é óbvio que isso não faz o me-nor sentido, já que você não é um beberrão vi-ciado em sexo só por-que assiste Two and a Half Men com o Char-lie Sheen. Com o estilo já estereotipado e, mais que isso, já sem a co-notação depreciativa que tinha no início, já é possível enxergar certo potencial de mercado, não?

A estudante de

Kleber Willian

Eles quebraram o tabu e hoje são exemplos do padrão de comportamento de jovens do século XXI, a força está com eles

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Economia Sueli Sigolis explica o gran-de avanço no mercado nerd. “Este mercado movimenta bilhões em todo mundo, são livros, camisetas, videogames e principalmente equi-pamentos tecnológicos, e o que mais avançou segundo um estudo re-alizado no ano de 2011 pela Fundação Getulio Vargas (FGV) foram pessoas do convívio dos nerds aderiram a este mercado e de cer-ta forma se tornaram dependentes e consu-mistas pela tecnologia”, afirma.

Cinema em qua-tro dimensões, livros de piadas “que só os nerds entenderiam”, itens co-lecionáveis que custam o quádruplo do preço e camisetas com citações e/ou imagens de Shel-don Cooper (TBBT) tiram proveito desse tipo de glamourização (e metamorfose) que a cultura nerd sofreu no decorrer da década de 90 e 2000.

A ilusão de que adotar um lifestyle (estilo de vida) super-ficialmente pode ser tão legal quanto fazer parte de um, é o que movimenta o mercado de games, óculos de armação grossa e cami-sas de banda de metal. Essa fantasia de que esse estilo é seu, sim-plesmente não passa de uma fantasia de jovens meramente intelectuais e que criaram seu pró-prio estereotipo.

Não mais fora de modaO estilo nerd nasceu nos anos 80 e invade as ruas nos dias atuais

Xadrez nasceu com os nerds e depois foi utilizado pelos grunges

O dicionário Pri-beram da Língua Portu-guesa define a palavra “nerd” (inglesa) como adjetivo com o seguin-te significado: que ou quem tem compor-tamento considerado pouco social e parece interessar-se geralmen-te apenas por assuntos técnicos ou científicos.

A definição des-crita acima encaixa com os garotos dos anos 80, que gostavam de óculos de fundo de garrafa, calça de cós-alto e camiseta polo. Na época, eles sofriam pre-conceito principalmen-te na escola, por parte dos colegas de classe. A maior parte não gos-tava do estilo certinho, a vestimenta costuma-va incomodar os “nor-mais”. Além disso, os

nerds eram tímidos em excesso e não conse-guiam se defender das ofensas alheias.

O escritor Aléssio Esteves conta que per-sonagens de desenhos e filmes que surgiram nessa época estampa-vam camisetas. “Alguns deles são lembrados até hoje, e graças à devoção dos nerds antigos são imortalizados.” Outras estampas eram as ban-das de Heavy Metal. “Todo nerd dos anos 80

e 90 curtia esse estilo musical”, enfatiza.

De acordo com o jornalista, João Pedro Ramos, nos anos 1990 os personagens do Sou-th Park e do Looney Tunes ganharam a vez. “O tênis kichute ou all star não podia faltar para completar o esti-lo.”

Nos dias atuais, a palavra nerd foi substi-tuída pelo termo “geek” e remetem às pessoas que gostam de tecnolo-

Laís Tarifa

Last Friday NightRecentemente, a cantora americana Katy Perry decidiu homenagear os nerds no clipe da música Last Friday Night, single do seu segundo álbum lançado em junho. Durante o clipe, Katy aparece com óculos gigantes, topete e aparelhos nos dentes. A cantora homenageia o filme da década de 1980 “Gatinhas e Gatões” (1984) e outros sucessos do cinema da época.

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vingança dos nerds 15gia, quadrinhos, games, filmes de super-heróis e mídias sociais. As rou-pas certinhas e despoja-das usadas nos anos 80 e 90 ganham espaço e agora são responsáveis por transparecer inte-lectualidade por parte de quem adere à moda, sejam os meninos ou as meninas. A idade tam-bém não importa. Há jovens e também mais velhos, que conhecem a fundo assuntos ligados a essa tribo.

Óculos grandes:

Grande e fundo de garrafa, os óculos utilizados pelos garotos da época eram conside-rados acessório essen-cial. Não existia nerd sem óculos, e tinham que ter essas caracterís-ticas. A armação grossa ainda faz sucesso. An-tigamente, a cor preta predominava, agora, são coloridas e chamam atenção pelas cores ou-sadas como os neons.

Xadrez:O xadrez foi uti-

lizado pelos nerds para estampar camisas e, mais tarde, o grunge (rock alternativo nas-cido em Seattle) aderiu à peça. Porém, ao invés de usá-la de modo “en-gomado”, o xadrez foi escolhido para deixar a aparência desleixada.

Outras peças:

Os nerds usaram peças inesquecíveis como o suspensório, alças que ligam a cal-ça com a camisa, usada como alternativa para cinto. Outra caracterís-tica foram as camisas e calças sobrepostas. Os tênis ou sapatos sem-pre deixavam as meias à mostra.

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Ficção Científica envolve nerds e fãs de quadrinhos

Guia do Mochileiro das Galáxias é um grande clássico da literatura nerd e prima pelo humor

Tatieli Rodrigues

Alguns livros da literatura nerd mar-caram a juventude nerd nos anos 80 como Neuromancer do autor William Gibson, Dis-coword de Jerry Pra-tchett e não se pode esquecer-se do clássico do mundo nerd o “Guia do Mochileiro das Ga-láxias”, que tem um lu-gar especial nas prate-leiras da garotada nerd e apaixonados por his-tória em quadrinhos.

Recheado de uma boa dose de ironia de-licada com capítulos concisos e persona-gens sedutores, o livro retrata a trajetória do britânico Arthur Dent que se encontra envol-vido em um turbilhão de aventuras absurdas e alucinantes, construí-das a partir de um pon-to de vista científico e filosófico criado pelo próprio autor, que não poupa sua imaginação na hora de conceber como será o mundo

do futuro de mostrar como os habitantes dos Cosmos farão para se transportar pelo espa-ço e como será os ex-traterrestres com suas diferentes vidas cultu-rais e outros detalhes fantásticos.

D e t e r m i n a d o s jovens considera esse livro como um dos me-lhores que já leram, “Douglas Adams criou uma história com per-sonagens parecidos com pessoas comuns, que grandes eventos

tecnológicos ou catas-tróficos sejam levados como algo do cotidia-no, sem darem muita importância. Sem es-quecer que toda a nar-rativa, que é muito in-teligente e com pontas de criticas a humanida-de em vários momentos do livro.” relata o estu-dante Rafael Tavares.

É em meio a essas histórias alucinantes e fantásticas, que pode-mos encontrar o gêne-ro que mais retrata a literatura nerd a “ficção

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vingança dos nerds 17científica”, que não é considerada um gêne-ro literário como aven-tura, romance, terror, ação entre outros, mas sim uma característica da Estória por apresen-tar histórias fictícias e fantásticas que vem com o intuito de me-xer com a imaginação e fantasia dos adolescen-

tes e de mostrar tan-to uma época distante como o atual (agora).

Ao contrário dos outros gêneros literá-rios a ficção científi-ca tem como objetivo

convencer o público que suas ideias podem não ser possíveis, reais para a nossa sociedade atual, mas que se tivés-semos uma pequena explicação racional ou científica, essas ideias poderiam sair da imagi-nação, dos quadrinhos e livros e virar realida-de, como podemos ver

nos filmes: Star Wars, Idependence Day entre outros.

Assim podemos dizer que os livros de ficção são mais vol-tados ao universo do livro, mostrando ao leitor como funcionam as leis, o sistema, as máquinas e como tudo isso influencia na vida das pessoas, já os livros de literatura focam mais nos personagens e seus dilemas pessoais.

Devido a todas essas características que a ficção científica chama tanto a atenção da garotada nerd, “Por-que a maior parte do universo dos nerds vem da ficção cientifica, Fil-mes, jogos, tecnologia, tudo isso é do universo nerd”, diz o estudante Marco Antonio.

A saga de Tolkien encanta nerds há mais de cinco décadas

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Heróis fora de série!

Fabiana Cavalcante

As séries de maior sucesso são ambientadas em galáxias inexploradas e tem como principal força o uso da ficção cientifica

Nos anos 80 e 90 as séries e seriados faziam a cabeça dos jovens nerds, nos dias de hoje isso não mudou

quem nunca viu uma cena em os alunos de maior QI das escolas, eram jogados em latas de lixo e trancados em seus armários pelos ga-

rotos mais populares? A tecnologia da época estava no bom e hoje velho Walkman, no Atari e claro não pode-

Conhecidos atu-almente como “geeks”, eles tem estilo próprio, dominam diversos as-suntos como tecno-logia, games e ficção científica.

Porém, essa rea-lidade de adoração aos nerds só foi alcançada depois de anos, uma espécie de vingança aconteceu, para mos-trar que ser nerd é

deter o poder do conhecimento e o domínio dos assuntos mais complexos da hu-manidade e, que isso é muito bom. Tudo co-meça na década de 80,

mos esquecer o amado video cassete.

Com o estilo já estereotipado, a figura do nerd foi inspirada em grandes séries de tv

que até os dias de hoje, são cultuadas pelos jo-vens, estão entre as de maior sucesso Star Trek de 1966 e Star Wars de

1977, ambas tornaram-se febre mundial. Star trek conhecida no Bra-sil como Jornada nas Estrelas, foi uma das mais premiadas séries da TV norte-america-na. Criada por Gene Roddenberry , a série de ficção cientifica, teve seu primeiro ca-pitulo exibido em 8 de setembro de 1966, ape-sar do titulo ser Star Trek, adquiriu depois outro nome: Star Trek - The Original Series, para se diferenciar de suas sequências no uni-verso ficcional. Ela se passa no ano de XXIII e conta as aventuras

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vingança dos nerds 19da tripulação da nave estelar USS Enterprise comandada pelo capi-tão James T. Kirk, o pri-meiro oficial comanda-dante Spock e o Oficial médico Leonard. O blogueiro Gabriel Sou-za foi um adolescen-te nerd e relembra a série.”fascinante, é as-sim que resumo Star Trek, nos anos 80 a TV vivia um surto de lançamentos de séries e seriados, mas nada se comparou a essa série,que já era suces-so na década de 70. Apenas os nerds con-seguiam acompanhar com clareza os episó-dios e entendê-los, tal-vez por isso ela tenha feito tanto sucesso ao passarna tv nos anos 80. Ser fã me ajudou a fazer amigos que par-tilhavam do mesmo fanatismo, eu compra-va álbuns, figurinhas, posters. Foi a melhor fase da minha vida!”, comenta Gabriel.

Que a força esteja com você

Quem nunca ouviu falar de Star Wars? A criação de George Lucas que levou uma legião de fãs a loucu-ra. No Brasil a série ficou conhecida como Guerra Nas estrelas, também de ficção cientifica teve seu primeiro filme lançado em 1977, desde então foram lançadas séries, musicais e até documentários. Após o primeiro filme, Stars Wars teve duas sequências: o Empire Strikes Blacke Return of the Jedi,.

Parque de diversões dos nerds nos anos 80 e 90

Carla Cavalcante

O universo nerd dos anos 80 e 90, no quesito diversão, foi marcado por jogos de tabuleiro, videogame e fliperama. Existiam opções para todos os gostos e bolsos, des-de o Jogo da Vida nos anos 80, ao Catan nos anos 90, dos consoles Atari ao lançamento do primeiro Playstation. Além da febre dos jogos de fliperama, que eram jogados pela grande massa, pelo fato das fi-chas não custarem caro, existiram duas grandes estrelas: o Cadillacs & Dinosaurs e a estreia de Street Fighter II, nos anos 90.

A grande febre dos anos 90, em relação a consoles no Brasil, foi o lançamento do NES - popularmente conheci-do como Nintendinho. E o jogo mais famoso criado pela Nintendo

é o Super Mario Bros. O encanador, irmão de Luigi, companheiro de aventura de Yoshi - dinossauro com uma língua comprida e um casco de tartaruga -, e vidas em formato de cogumelos verdes e vermelhos, pura psico-delia. Esse foi o primei-ro da sequência de clás-

sicos: Super Mario Kart chega em 1992, Mario Party em 1998, e Super Mario 64 que alegrou o ano de 1996.

O Super Ma-rio Bros é um clássico lançado em 1985 e faz sucesso até os dias de hoje. Segundo o jor-nalista de games e fã

da Nintendo Filipe Si-queira, o game exerce grande influência no mercado, pois a partir dele, já foram criados diversos jogos genéri-cos, com a tentativa de imitá-lo em relação a sua jogabilidade. Todos que jogam videogame conhecem esse jogo, podem não gostar, mas conhecem. “Eu tive o Super Nintendo e o Nintendinho, o Mario é o jogo mais criativo e divertido, por conse-guir se renovar a cada geração de videogames, está no topo de vendas e qualidade.”

Há 20 anos, a principal concorren-te da Nintendo e seus jogos de sucesso, era a Sega, pois desde 2001 ela não produz mais consoles, apenas jogos. Aqueceu o mercado com a criação do Sega Master System e depois com o Sega Mega

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Drive. Logo lan-çaram o jogo Sonic, em 1991 - um ouriço azul, veloz, onde as vidas são argolas douradas. Chegou com o intuito de tentar desbancar o lugar que o persona-gem Mario ocupa no coração dos aficiona-dos por consoles. Não conseguiu cumprir sua missão totalmente, mas conquistou alguns fãs.

Esses dois games são da época dos anti-gos cartuchos, aqueles que quando não fun-cionavam, era só dar um assopro e tudo es-tava resolvido. O publi-citário e colecionador de videogames Renato Almeida afirma que o seu favorito é o Mega Drive, por ter lhe pro-porcionado mais diver-são entre os amigos e já na categoria jogo é o Sonic. “Eu comecei mi-nha paixão por conso-les com o Atari em 1986 e a cada lançamento, trocava o aparelho an-tigo por um novo”, co-menta.

Em 2002 passou a montar sua coleção e têm: o Atari, dois Mas-ter System, três Mega Drive, Super Nintendo, Game Boy, Sega Satum, Playstation I, II e III, Nintendo 64, Dream-cast, PSP, Xbox 360 e um DS. Além, de pos-suir vários acessórios pertencentes a cada um dos videogames. Al-meida explica: “Tomei a decisão de recuperar todos os consoles que já tive, por isso, me tor-

nei um colecionador.”O fliperama é um

videogame profissional e era encontrado facil-mente em locadoras, especializadas em locar fitas de videogames. Este console é com-posto por um gabinete, tubo de imagem, moni-tor e sistema de jogo. Era a alternativa mais barata para os fãs de jogos nas décadas de 80 e 90. Almeida afirma que ama fliperamas e parte seu coração, ver que a glória das casas de entretenimento des-tinadas a esse game, não existe mais. “Meu sonho é um dia poder turbinar minha cole-ção com os meus jogos de fliperama: Cadillacs and Dinosaurs, Tarta-rugas Ninja, Pit Fighter, Mortal Kombat, Street Fighter 2 e The King of Fighters.”

Além dos games e fliperamas, os jogos de tabuleiro também fizeram parte dos mo-mentos de distração dos nerds nos anos 80 e 90. Na década em que alguns jovens se divertiam jogando Ata-ri, outros quebravam a cabeça com os jogos: War, Risk, Combate, Stratego, Detetive, 2210 Baker Street e o famoso Jogo da Vida. Segun-do a dona da primeira ludolocadora do Bra-sil – Funbox, Vanes-sa Santos, nos anos 90 começaram os jogos modernos, como Catan Carcassonne e Puer-to Rico. “E os clássicos

ainda cresciam, mas co-meçava um novo mer-cado, que foi comanda-do pelos alemães.”

A fã de jogos de tabuleiro Anita Destro, explica que gosta dessa modalidade de compe-tição, porque é preciso quebrar a cabeça, para conseguir alcançar os objetivos do jogo: do-minar o mundo, achar o assassino ou ser o mes-tre Pokémon. E, ape-sar, de ser um jogador contra o outro, a forma como os tabuleiros são desenhados e como o jogo é construído, leva as pessoas a formarem parcerias no fim, para conseguir terminar. “Meus jogos favoritos das décadas de 80 e 90, eram War, Scotland Yard e Pokémon.”

O clássico dos clássicos

O Atari está entre os prin-cipais, no quesito console dos anos 80. Chegou ao mercado com um valor nada popular, mas sempre alguém da turma tinha um e juntava os amigos para jogar. Também era possível jogar em locadoras, que possuíam vários videoga-mes e cobrava por tempo de uso no local. O jornalis-ta de games Filipe Siqueira declara que teve um Atari, quando tinha 6 anos e era muito divertido. Além do papel revolucionário que esse console exerceu no mercado de games. “Ele foi o primeiro aparelho total-mente dedicado a jogos, a partir dele, começaram os videogames da forma que conhecemos hoje.” Os jogos usados no Atari, normalmente não tinham fim, mas faziam a cabeça dos jogadores. Alguns des-ses jogos, são encontrados até hoje em versões online, como o Pac-Man. “Gos-tava do Pitfall e o Space Invaders,,diz Siqueira

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Aaaah! O encantador anos 1980

As crianças e ado-lescentes de hoje não sa-bem o que é infância de verdade. Calma, vou ex-plicar. Há tempos não en-contro crianças que brin-cam de esconde-esconde, pega-pega ou duro ou mole. Vejo-as em frente ao computador ou entre-tidas no celular. Infância e adolescência boa tiveram aqueles que viveram nos anos de 1980 e 1990. Não foi uma época de grandes transformações tecnoló-gicas, se comparadas as de hoje, mas uma era de ouro que poderia voltar.

Quem não se lem-bra das palhaçadas do Armação Ilimitada e da TV Pirata? Você, pai de família, já deve ter babado com as chacretes no Casi-no do Chacrinha; e a se-nhora já quis conhecer o Silvio Santos e participar da Porta da Esperança.

Alguns trintões e vintões de hoje certa-mente já ouviram A Ga-

linha Magricela do Balão Mágico e Thundercats do Trem da Alegria, riram com o Clube da Criança, Bozo, Chaves e Chapolin, com as palhaçadas dos Trapalhões e já sonhou em participar do Xou da Xuxa (um beijo para mi-nha mãe, para o meu pai e para você).

O tempo passa, o tempo voa e a poupan-ça Bamerindus continua numa boa. Ou melhor, continuava antes do Ban-co Central adquirir parte da empresa junto com o HSBC. Se Conga, La Conga e Freak Le Boom Boom já fizeram parte da sua vida, significa que você já dançou ao som de Gretchen, que já foi chacrete, assim como a Rita Cadillac que parti-cipou de filmes eróticos. Conhecida como porno-chanchada, estes filmes não chegavam aos pés dos de hoje, mas nem por isso deixou de conquistar

fãs (mesmo em decadên-cia nos anos 1980). Atrizes como Sandra Bréa, Vera Fischer, Helena Ramos e Angelina Muniz fizeram história nesta fase do ci-nema brasileiro

Se você assistia re-gularmente à TV, deve se lembrar de Alf, o ETeimo-so, Chips, Casal 20 e de filmes como As Panteras, Os Caça-Fantasmas, Top Gun e das proezas do Ma-cGyver. Com certeza tam-bém assistiu Speed Racer, Super Amigos e Corrida Maluca (Penélope Char-mosa, Dicky Vigarista, Os Irmãos Rocha e Cia).

E as novelas? As dos anos 1980 nem se comparam à qualidade de hoje, mas divertiam tanto quanto. Impossível não se lembrar de Vale Tudo, Brega e Chique, Ti Ti Ti (Jacques LeClair vs. Victor Valentim), Roque Santeiro e A Gata Comeu. Personagens como Odete Roitman (quem matou?), Tiêta e Juma fizeram his-tória na teledramaturgia brasileira naquela época.

A música dos anos 1980 revelou grandes ar-tistas e bandas como Ba-rão Vermelho, Ira!, Capi-tal Inicial, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, Legião Urbana, Titãs, Ca-zuza, Lulu Santos, Rita Lee, entre outros. Lá fora artistas como A-Ha, Cin-dy Lauper, David Bowie, Lionel Richie, Madonna, Michael Jackson, Que-en, Tina Turner e U2 ti-nham suas músicas entre

as mais pedidas. Falando nisso, você se lembra de Step by Step do New Kids On The Block ou de Fore-ver Young do Alphaville? Clássicos instantâneos. Sem esquecer, claro, de Flashdance...What A Fe-eling de Irene Cara. Vale lembrar também que a 1ª edição do Rock in Rio aconteceu em Janeiro de 1985 na cidade maravi-lhosa.

No quesito cinema, várias surpresas. A saga de Indiana Jones e Star Wars, a trilogia De Volta para o Futuro (com Mi-chael J. Fox e Christopher Llyod), os filmes E.T, Gre-mlins (que se multiplica-vam quando eram molha-dos), Dirty Dancing, entre outros, fizeram a cabeça de jovens e adultos. Sem se esquecer de Corra que a polícia vem aí, Loucade-mia de Polícia, Robocop, O Exterminador do Futu-ro, Brinquedo Assassino e A Hora do Pesadelo. A Lagoa Azul e Ghost até hoje passam na TV aberta e fazem sucesso.

Nem só de TV e ci-nema os anos 1980 ficou marcado. No esporte, des-taque para a seleção bra-sileira de 1982 e 1986, am-bas de Telê Santana que mesmo sem levar o tro-féu da Copa do Mundo, deram um show de bola. No boxe, Mike Tyson e Maguila; na Fórmula 1, Nelson Piquet e Ayrton Senna chamavam a aten-ção do mundo.

A década de 1980

He-Man: clássico que fez parte da infância de muita gente

Felipe Casas

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foi recheada de gu-loseimas. Chokito, Nhá Benta, Moeda de Choco-late (a do Pirata) faziam a alegria da criançada. Sem se esquecer do Toddy, Nescau, Quik, Yakult, Paçoca Amor e Ana Ma-ria. Para beber, Ki-Suco (rendia 2 litros, mesmo?), Tang, Gatorade e para os machões de plantão, Taff-man-E.

E os brinquedos? Quem não perdia horas com o Genius, Pense Bem e com os jogos River Raid, Enduro e Pitfall do Ata-ri? Moranguinho e Fofo-lete faziam a alegria das meninas; já o Comandos em Ação e o Falcon fa-ziam parte das festas de meninos. Entre a Casa da Barbie e o Castelo de

Greyskull, há quem pre-feria o Aquaplay, a Su-per Massa e o Vai-e-Vem. Para quem gostava de mistério tinha o Deteti-ve, para os apaixonados por conquistas, o War e àqueles que gostavam de um bom dinheiro, o Ban-co Imobiliário. Vale citar o Imagem em Ação, Super Trunfo e Jogo da Vida.

Os anos 1980 foi repleto de características que marcaram a infância e adolescência de bas-tante gente. Certamente você leitor já teve uma caneta Bic de 4 cores, ou um Kichute ou um LP do Balão Mágico. Como o que é bom sempre volta, hoje é possível encontrar vários produtos que mar-caram esta década.

Os brinquedos mais famosos dos anos 1980. Você tinha um!

Sons que moldam jovensThaís Vanucci

Na época em que o rock ressurgiu nos anos 80, ele veio carregado por influ-ências variadas, indo do new wave, pas-sando pelo punk e o próprio conteúdo pop emergente do final da década de 70. Cada estilo musical trazia na sua bagagem suas tendências de moda e também comporta-mentais, que vestiam os jovens da época.

Nas letras das músicas de algumas bandas nacionais que estouraram nos anos 80, mostravam e mol-davam uma juventude crítica e com maiores interesses pela políti-ca. “Que país é esse?”, cantava o vocalista Renato Russo, da ban-da de pop-rock, Le-gião Urbana.

O administra-dor, Guilherme Ma-cedo, conta sobre seu gosto pela banda que

marcou época. “Eu ouvia Legião, a ban-da faz sucesso até os dias de hoje. As le-tras incentivavam um pensar crítico que foi muito importante para nossa geração, e fica bem claro nas músicas como “Será”, “Pais e filhos”, “Tem-po Perdido”, e outras”.

O Rock n´ roll, que fora estabeleci-do nos anos 50, vol-tava com força total e firmava sua marca de rebeldia na cabeça dos jovens, além da consciência que ser jovem não é ser passi-vo e engolir tudo ca-lado como a maioria fizera décadas atrás, e sim se fazer visível diante da sociedade, o que resultou em uma geração que se impor-tava com a política e protestava nas ruas, que se pintava para chamar a atenção de uma sociedade ainda

Ramones inovaram com o punk e hardcore de forma simples

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curtindo a vida adoidado 23com marcas do fim da ditadura.

A música an-dou lado a lado com grandes movimentos do passado e dos dias atuais, e ainda é fer-ramenta importante para mostrar cami-nhos e ditar compor-tamentos. O guitar-rista da banda “Réu Confesso”, Marcelo Felipino, conta sobre

Legião Urbana mostrou injustiças e fez a cabeça dos jovens

a importância do rock. “O rock foi importan-te quando ascendeu entre a década de 80 e 90 no Brasil, mu-dou o comportamento dos jovens. A atitude da música trouxe isso para o pensamento da galera. Os anos 1980 ficaram marcados por uma geração mais pró ativa que a de hoje.”

Moda dos anos 1980 é aproveitada no século 21

Vanessa de AssisA moda se renova a cada estação e a cada década, mas ela tam-bém é cíclica, ou seja, aspectos e referencias do que já passou sem-pre voltam com carga total. Nos anos 1980 e 1990 o mundo fashion se modificava na bus-ca do diferente, e o que fazia sucesso eram roupas chamativas, ca-belos com altos topetes conquistados a custa uma boa camada de gel e o blush bem marcado no rosto da mulherada.

Ombros enormes e estruturados com pe-

quenas almofadinhas de espuma, as famosas ombreiras, eram hit, a saia balonê que fora tendência na década de 1960 volta e as calças com a cintura bem alta são usadas com cinti-nhos finos e coloridos (alguma coincidência com os dias atuais?). A produtora de moda Thais Amador chama atenção para algumas peças que compõem o visual da mulher nos anos 1980. “Os maca-cões, os leggings e as bermudas arranjam a moda dessa década.

As blusas com mangas enormes, chamadas “mangas morcego”, são o look da vez nesse pe-ríodo, além da maquia-gem com cores vibran-tes”.

A moda é o re-flexo de fenômenos políticos e culturais de cada época, traz novas inspirações para casos parecidos e faz uma reforma que não se re-pete, mas se sobrepõe. O lançamento (e relan-çamento de tendências) é cronológico, e assim nas últimas coleções temos visto 1960/70 e agora 1980/90, juntos ou até combinados. O figurino “80tinha” é intenso e aposta em di-ferentes cores, cítricas de preferência, e em exuberância. Alegre, esportiva e ao mesmo tempo sofisticada e sensual.

E por falar m sen-sualidade, para a esti-lista Thabatta Cabanas os anos 1980 foi a déca-

da em que o New Wave ressurgiu como uma das influencias mais in-tensas do momento “O New Wave voltou com força, mas não necessa-riamente pelo resulta-do, e sim pelo o que es-tava por trás. Nos anos 1980 ser “chic” era estar sarado. Estética, febre da malhação. E por isso o new wave pegou tan-to, era uma moda que marcava o corpo.”

Além disso, saiu-se dos anos 1970 em que se abusava mais das silhuetas mais lar-gas, além do visual mais unissex. A moda também buscava tudo que era tecnológico e moderno, com influen-cia do Japão. De acordo com Thabatta foi o tem-po do exagero. “Tudo era extremamente exagerado, tanto em roupas, cores, make, o culto ao corpo fez com que houvesse maior procura das academias e principalmente da

Cabelos para o alto e cintura alta eram sensação na época

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mulher no mer-cado de trabalho e se tornarem mais inde-pendentes.

Faixas de cabelo, esmaltes compuseram o visual da década. Os anos 1980 mostraram que tudo é possível e que a criati-vidade dita moda. A con-sultora de moda Carolina

O fluor era indipensável na composição do look nos anos 1980

Saúde é o que interessa

Nos anos 80, as ce-lebridades influenciaram as pessoas a praticarem esportes. Criou-se uma moda de cuidar do pró-prio corpo. Frequentar academias, tomar com-plexos vitamínicos, lutar contra o sedentarismo, combater vícios, como o cigarro e a bebida se tornaram prioridade. A partir desse período, sur-giu o comportamento conhecido pelo nome de “Geração Saúde”.

Leandro MedeirosEsse movimento

cresceu rapidamente, e com uma inovada indús-tria interessada em ofe-recer uma infinidade de produtos e serviços para aprimorar a qualidade de vida e as condições de saúde dos indivíduos. Como resultado disso, houve um forte investi-mento em estratégias de marketing e comunica-ção, a preocupação das pessoas com essas ques-tões foi reforçada.

Toda a influência da “Geração Saúde” pode ser constada em variados veículos de comunica-ção. No cinema, os atores Sylvester Stallone, Jean-Claude Van Damme e Arnold Schwarzenegger eram considerados per-feitos modelos de corpos masculinos, os homens começaram a ter o inte-resse em ganhar a mes-ma massa muscular des-ses astros dos filmes de ação.

O vendedor de portões Claudio Mendes, que era adolescente nos anos 80, conta que gosta-va de assistir os filmes de Jean-Claude Van Damme e do Sylvester Stallone, e na época ele ficou em-polgado para fazer mus-culação com objetivo de ficar com o corpo igual aos dos seus ídolos. “Eu assistia O Grande Dra-gão Branco e Rocky, e so-nhava em ser forte como os protagonistas dos fil-mes”, fala.

Já as mulheres en-contraram inspiração nas cantoras do pop para começarem a cuidar do

corpo, o tipo de exercí-cio físico preferido era a aeróbica. Nessa fase ficou evidente o gosto pelas roupas coloridas de lycra. Uma demonstra-ção da “Geração Saúde” é no videoclipe da can-tora Olivia Newton-John, para a música Physical, gravado em 1981, onde a artista aparece com rou-pa de elastano colorida em uma sala com halte-res, anilhas e bicicletas ergométricas e interage com homens fortes e gor-dinhos.

A funcionária pú-blica Ana Beatriz, fala que senti saudades dos anos 80, e lembra-se da alegria de ouvir as músicas da Madonna, artista que admira até hoje no ano de 2012. Beatriz conta que a can-tora pop fazia shows e clipes musicais com roupas coloridas feitas com materiais elásticos e estava sempre em boa forma. “Como eu ado-rava o estilo da Madon-na, me vestia parecido para ser bonita igual a ela”, comenta.

CD lançado em 1981. Dentre as músicas,. Physical era sucesso

Porne faz uma analogia com o que foi reaprovei-tado dessa época.

“Hoje é possível notar a volta das leg-gins de cintura alta e ombreiras extravagan-tes, como temos visto em artistas, como Lady Gaga e Gaby Amaran-tos, por exemplo.”

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Movimento Grunge revolucionou a década de 90

Com as letras e atitudes trazidas do Punk e a guitarra do Heavy Metal, a cena grunge começou prin-cipalmente com duas bandas, o Soundgarden e o Green River que é considerado o gran-de pai do movimento. Mas, foi o Nirvana que mais atraiu os olhos do mundo, sendo conside-rado como o “fenôme-no grunge”. As letras,

extremamente sensí-veis, confessionais, car-regadas de memórias de infância e questio-namentos existenciais, era a outra metade do movimento.

Outras influên-cias são Led Zeppelin, Aerosmith, Kiss, Cheap Trick, MC5, Neil Young, New York Dolls, Ra-mones, Sex Pistols, The Germs, The Heartbre-akers, Flipper e artistas que fizeram a transição da década de 80 para a

90 como REM, Husker Du, The Replacements, Sonic Youth, Dinosaur Jr., Pixies e Jane´s Addiction.

O grunge também influenciou outras esfe-ras de consumo jovem na época. Num contra-ataque à moda yuppie - engomadinha e elegante - dos jovens dos anos 80 e a abundância de cou-ro e itens caros usados pelas glam rock bands, o grunge provocou uma verdadeira rebelião. Prio-rizando a simplicidade e

a não ostenta-ção, os artistas usavam calças rasgadas, ca-misas de fla-nela, sapatos gastos, suéters velhos e botas (Doc Mar-ten). O cabelo emarfanhado e geralmen-te comprido compunham

a nova imagem a ser ado-tada: a do anti-star, algo como anti-estrela.

Para o músico, Le-andro Rosa, existe uma distinção entre as bandas grunge. As da primei-ra safra - Green River, Soundgarden e Mudho-ney - têm uma sonoridade bem mais pesada do que as da segunda, que tem como seu melhor exem-plo o Nirvana. A banda abusa das distorções de guitarra e dinâmica punk de tocar músicas curtas de maneira rápida.

Com o suicídio do líder do Nirvana, Kurt Cobain, em 1994, o mo-vimento perdeu sua for-ça. Alguns grupos ainda continuaram lançando discos, como Soundgar-den e Pearl Jam, mas o insucesso comercial colocava os conjuntos cada vez mais longe do estrelato. Nesta época, bandas de punk rock ca-lifornianas como Green Day e Offspring estou-raram, ao mesmo tempo do sucesso do britpop inglês que tinha Oasis e Blur como ícones. Com isso, o velho som de Se-attle foi sendo substituí-do por estas novidades.

Segundo o guitar-rista, Felipe Soares, gran-de parte do rock produ-zido hoje em dia carrega influências do grunge. “ Staind, Linkin Park, Go-dsmack, Creed, Crazy Town, Days of the New, Puddle of Mud. Entre-tanto, não se pode falar de um movimento origi-nalmente criado por tais bandas”, diz.

Kurt Cobain, da polêmica e famosa banda Nirvana, um dos fundadores do movimento Grunge

Jéssica Marques

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Nas décadas de 1980 e 1990 fil-mes contagiaram o mundo com suas trilhas sonoras. “Os Embalos de Sá-bado à Noite” (Saturday Night Fever) é um exemplo disso. Uma trama para todos que gostam de dança e músi-ca dos anos 1980. O “Embalos” fez a moda das pistas de dança na época. Quem assistiu e assiste esse grande sucesso, não consegue ficar parado. Nos trechos em que John Travolta vai à pista de dança e começa se em-balar, não há quem resista.

O Administrador Leandro Hen-rique é um grande fã de bandas que cresceram através de trilhas sonoras. “O grupo Bee Gees teve sua parcela de responsabilidade no sucesso do fil-me “Os Embalos de Sábado à Noite” e “Os Embalos de Sábado anoite Con-tinuam”, com músicas como, Stayin

e, ao longo do filme, per-cebe que tem que mudar de vida.

Tony Manero per-sonagem de John Travolta mostra como era a vida de um jovem morador do Brooklin.

Os Embalos e assim como outros filmes molda-ram a moda das pistas de dança. John Travolta ficou conhecido por esse traba-lho, que abriu portas para vários outros. Saturday Ni-ght Fever virou um ícone cultural porque revolucio-nou a moda e a música. As roupas levaram cores mais alegres e formatos fora do habitual, proporcionando uma característica própria da maioria dos jovens da-quela época.

A revolução que filmes como esses trou-xeram para às pessoas foi algo que complementou suas vidas. O artista plás-tico Cezar Sá, presenciou

essa época. “Através do filme a música ganhou conhecimento. Eu lembro que para extrair toda semana cansativa e pesada íamos às boates e lá tocavam essas trilhas sonoras. Tornando a pista de dança um lugar certo para relaxar a cabeça. Se percebermos, até hoje essa influência continua, nos fins de sema-nas as pessoas procuram lugares para se distrair. E se esses lugares tiverem músicas baseadas em filmes dos anos 1980 e 1990 tudo melhora”, diz.

Alive, How Deep Is Your Love, tenho certe-za que conquistou mais fãs e a banda ficou co-nhecida”, comenta.

O filme foi dirigi-do por John Badham, o diretor teve como ob-jetivo ressaltar a dança junto a uma trilha in-crível de grupos e can-tores da época. O filme destaca um jovem sem perspectiva de vida, mas que, quando entra numa pista de dança, sente tudo mudar. Tony sente-se diferente

A noite é uma criançaCapa do DVD do filme Embalos de Sábado à Noite: Um fenômeno de público nos anos 80

Lis Assis

O trio Bee Gees também fez fama e ganhou público na época

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Aquele novo hit do grupo musical do momento pode estar nas paradas de sucesso há semanas, mas é qua-se certeza que alguém já compôs algo pareci-do. As canções de hoje são baseadas em outras já feitas nos anos ante-riores. Um exemplo é a banda Foo Fighters, que tem grande influ-ência de Nirvana, dos anos 90, e compartilha um integrante, Dave Grohl — que era bate-rista e virou vocalista e guitarrista.

As influências dessa época são evi-dentes nas bandas atu-ais. Black Sabbath, por exemplo, começou nos anos 70, teve seu auge durante a década de 80 e até hoje faz sucesso. Os britânicos do Band of Skulls já se decla-raram fãs do Sabbath e temperam seu rock com riffs parecidíssi-mos. Wolfmother tem traços notáveis da ban-

da de Ozzy Osbourne e de Led Zeppelin.

O editor de ví-deos Ramon Mineiro é fascinado pelo Zeppe-lin e diz que eles são influência universal. “Tudo quanto é banda tem influências deles. Se for rock, tem Led.” Mineiro encontra mais grupos em seu mp3, como The Heavy, que é declaradamente ba-seado em Jamiroquai — um ícone do soul e funk dos anos 90.

E não é só de rock que vivem as refe-rências. Cee Lo, artista de R&B, também tem Jamiroquai como sua origem. O engenheiro Leonardo Macieira é fã do velho e do novo. “Usher e Chris Brown tem uma clara referên-cia de Michael Jackson. A música She Ain’t You do Chris Brown é a Human Nature do Michael inteirinha”, comenta Macieira. A música You Turn de Usher também cita fra-

ses de Jackson em vá-rias de suas canções.

Segundo Maciei-ra, até Justin Bieber tem referências de Mi-chael Jackson. “Seus passos de dança, o jei-to de cantar, até o jei-to de gravar lembram Jackson, mas Bieber não chega aos pés do grande MJ”, diz Ma-cieira, com um sorriso no rosto.

A estudante Daiana Vidal escuta bandas menos conhe-cidas e ainda assim encontra inúmeras se-melhanças entre gru-pos atuais e antigos. “Pode ser alternativo ou pop, sempre vai ha-ver alguém pra se ter referência.” Ela cita a banda Metronomy, que tem influência dos gru-pos de dance dos anos 80. “Eles tem aqueles baixos pulsantes e vo-cais agudos, com fal-sete.” Daiana também relaciona os grupos americanos Interpol e She Wants Revenge

com os ingleses Echo & The Bunnymen e Joy Division. “Tudo quan-to é banda depressiva se baseia em Joy Divi-sion. Eles são divisores de água e iniciaram o movimento pós-punk.” Para ela, a dupla Daft Punk é base para quase todas as bandas de mú-sica eletrônica atual-mente. “Se não tem um pingo de Daft Punk, não é legal. Tem que absorver um pouco de-les pra fazer sentido.”

O empresário Reginaldo Pina viveu os anos 80 e 90 e conta suas impressões sobre a música atual. “To-das as bandas tem re-ferências no passado. Pode até não parecer, mas elas estão na so-noridade e nas letras”. Pina também reclama que a música de hoje não é tão boa quan-to antigamente. “Até Restart tem influência de alguém. E esse al-guém deve estar se re-virando no caixão.”

Nada é tão novoBandas atuais não inovam, só seguem referências de coisas que já foram criadas antigamente

Á esquerda, Black Sabbath. Á direita, Led Zeppelin. Ao centro, a banda Wolfmother: uma boa mistura com sonoridade original

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Em 1985, o Brasil vivenciou um dos eventos mais importantes e marcantes da música nacional e in-ternacional, o maior festival de rock – Rock in Rio, realizado em um terre-no na Barra da Tijuca, na capital do Rio de Janeiro, em um espaço de 250 mil m2. Além do festival os brasilei-ros passavam por um momento his-tórico e decisivo saiam da ditadura para a democracia, e para comemo-rar essa evolução, o empresário Ro-berto Medina teve a ideia de festejar a liberdade organizando um festival de rock de primeira categoria.

Mas o caminho foi árduo e longo para o país receber grandes músicos da cena internacional, isso porque se tratava apenas de Brasil e o empresário trabalhou fortemente nas negociações com os empresários dos músicos.

Não seria a primeira vez que o país receberia grandes bandas in-ternacionais, pois, em 1981, o Queen veio ao Brasil e provou que o rock tinha imensa popularidade entre os brasileiros. Com duas apresentações em estádios lotados, os ingleses pro-porcionaram ao público um verda-deiro espetáculo de rock. 2 anos de-pois, as bandas Kiss e Van Halen se renderam ao amor incondicional dos roqueiros brasileiros e fizeram apre-sentações memoráveis.

Após a primeira data fechada na agenda do festival com o cantor de voz rouca e cabelos esvoaçados o roqueiro Rod Stewart, parece que seus companheiros começaram a aderir ao festival e deixar de lado os pré-conceitos da terra tupiniquim, e assim Ozzy Osbourne, Scorpions, Iron Maiden, George Benson, Yes, entre outros decidiram apostar no festival e garantiram suas presenças.

Mas, não foi só de rock inter-nacional que o festival ficou recheado também tivemos a brasilidade de Alceu Valença, Barão Vermelho, Blitz, Eduar-do Dusek, Elba Ramalho, Erasmo Car-los, Gilberto Gil, Ivan Lins, Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens, Lulu Santos,

Moraes Moreira, Ney Matogrosso, Os Parala-mas do Sucesso, Pepeu Gomes & Baby Consuelo e Rita Lee, nos palcos.

Para a professo-ra, Maria Janete, de 67 anos, é nostálgico lem-brar do primeiro Rock In Rio. “Nossa eu acom-panhei tudo pela TV e aumentava o som, gos-tava de ouvir no último volume, quando Queen subiu no palco até hoje me arrepio de lembrar”.

A década de 90 passou, o milênio virou e em uma nova era o pú-blico brasileiro foi con-templado com o Rock in Rio III. A terceira tem-porada do evento voltou para a casa, isto é, foi re-alizada no mesmo local da edição de estreia, um terreno em Jacarepaguá, na capital do Rio de Ja-neiro. Porém, desta vez, a “Cidade do Rock” foi preparada para receber 250 mil pessoas por dia. O festival decidiu abra-çar causas sociais e le-vantou a bandeira “Por Um Mundo Melhor”, que direcionou foco para projetos socioam-bientais e educação.

O publicitário, Alessandro Cordeiro, presenciou dois festivais e disse “a emoção e o entusiasmo das pessoas do rock são de arrepiar. Sempre muito bem feito e organizado o festival não deixa a desejar.”

Agora resta espe-rar o próximo ano com novidades das bandas e muito rockn’ roll para os adoradores.

Rock In RioUm evento que ganhou o mundo

todas as fotos: divulgação

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Perdas insubstituíveis

Thomas Shikida

A morte nunca é fácil. Seja um parente, um amigo ou alguém próximo, perder uma pessoa é complicado. Mas, em alguns casos, essa perda pode ensi-nar algo ou até ser o estopim para o início de uma nova era. Foi o que aconteceu nas dé-cadas de 80 e 90. Algu-mas perdas ensinaram, como com os cantores Freddie Mercury e Ca-zuza. Outras mudaram a política, como com Tancredo Neves. Ou-tras simplesmente dei-xaram um grande va-zio, como no caso do piloto Ayrton Senna.

O boom da Aids ocorreu na década de

80 e trouxe mudanças no cotidiano. Já não era mais a época do sexo li-vre. Até obras da ficção se adaptaram, como o James Bond de Timo-thy Dalton, que ficou mais “sossegado” em seus dois filmes. Mas o momento que realmen-te trouxe à tona a doen-ça foi a repentina mor-te de Freddie Mercury.

Numa época em que a Aids ainda era pouco conhecida e seu diagnóstico trazia uma grande carga de preconceito, o músico demorou a confirmar que estava doente. Seus companheiros de ban-da o ajudaram e men-tiram para a imprensa, ao negar que Mercury estivesse com o vírus. Em 23 de novembro de 1991 ele finalmen-

te divulgou, em breve nota, que estava com a doença. Menos de 24 horas depois, faleceu vítima de complicações em decorrência de uma pneumonia.

A surpresa do anúncio só não foi maior por causa da morte logo em seguida. O artista Florindo Pei-xoto ficou em choque. “Era comentado que ele estava doente, e talvez com Aids. Mas ainda

assim foi difícil acre-ditar. E logo depois ele morreu, foi chocante”, conta. Peixoto afirma que não conhecia mui-to da doença na época, mas depois do ocorrido com o ídolo começou a se informar mais.

No Brasil os fãs da música já estavam mais preparados para a situação. Um ano antes da morte do vocalista do Queen, o cantor Ca-zuza também morria

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Cazuza: o poeta que marcou toda uma geração com suas letras

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vítima da Aids. Ele reconheceu a doen-ça em 1989, dois anos depois de descobrir. Na época Peixoto não es-tava no país, então não ficou familiarizado com a situação. “Soube pelos jornais e pelas notícias da minha família. Mas só fui saber mais sobre a doença depois”, relata.

Diretas Já

A década de 80 trouxe muitas mudan-ças também no campo político. A ditadura militar começava a cair e o povo clamava pelas eleições diretas para presidente. As eleições de 1985, em-bora ainda não fossem diretas, já representa-vam o primeiro passo

para a redemocratiza-ção, e a eleição de Tan-credo Neves confirmou isso. Ele seria o pri-meiro presidente civil do Brasil em 50 anos. Porém sua saúde esta-va debilitada, fato que escondia de todos, com medo do então presi-dente João Figueiredo não empossar seu vice, José Sarney.

Na véspera da posse Neves foi inter-nado com dores ab-dominais. Sarney foi empossado no dia se-guinte, mesmo sem a presença de Figueiredo na cerimônia. Pouco mais de um mês de-pois, no dia 21 de abril de 1985, Tancredo Ne-ves faleceu no Hospital das Clínicas, em São Paulo, vítima de infec-

ção generalizada. No período em que ficou hospitalizado, Neves sofreu sete cirurgias.

Houve gran-de comoção no país. A enfermeira Maria Tetsuaki se recorda da época. “Tínha-

mos medo do proces-so todo ir por água abaixo. Medo dos mi-litares retomarem a presidência”, diz ela. Mesmo sem ter sido empossado, Tancredo Neves é elencado en-tre os ex-presidentes

do Brasil, por força de lei datada de 1986. Maria acha que ele teria sido um grande presidente. “Era um bom homem, e tinha o nosso apoio. Foi uma pena o que aconte-ceu”, diz.

Outra onda de comoção no país acon-teceu em 1992, quan-do o ex-presidente da

Câmara Ulysses Gui-marães morreu em um acidente de heli-cóptero, no Rio de Ja-neiro. Guimarães era muito popular pela sua luta pela redemo-cratização do Brasil. Em 1973 chegou a lan-çar sua anticandida-tura à presidência, em repúdio ao regime mi-litar. Na década de 80,

liderou o movimento pelas eleições diretas.

Herói

Nos esportes a dé-cada de 80 foi marcada pelo surgimento daque-le que é, para muitos, o maior ídolo nacional, apenas superado por Pelé. Falamos de Ayr-ton Senna. O piloto

começou na Fórmula 1 em 1984, pela pequena Toleman. Logo se des-tacou e se transferiu para a mediana Lotus, onde conquistou suas primeiras vitórias na categoria. O publici-tário Caio Rodrigues lembra da época com saudades. “Naquele tempo ele ainda não disputava o título, e o

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Tom Jobin foi um dos maiores expoentes da Bossa Nova

Sucesso meteórico na década de 90, Os Mamonas Assassinas são lembrados até hoje mesmo após 16 anos da tragédia

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aconteceu 31carro nem era tão bom assim. Mas a qualidade do piloto era fundamental, e isso é que era legal. Ele era sensacional. Dava gosto de assis-tir”, vibra.

Ao se trans-ferir para a McLa-ren, grande equipe da época, em 1988, Senna teve a opor-tunidade de dispu-tar o título e, logo no primeiro ano de equipe, conseguiu. Vice em 1989, vol-tou a ser campeão em 1990 e 1991. Após alguns atritos inter-nos, se transferiu para a Williams em 1994. Rodrigues re-cebeu a notícia com entusiasmo. “Depois de seis anos em uma equipe, seria legal vê-lo em um novo desafio. E ele adora-

va desafios”, conta.Mas um trágico

acidente encerrou a car-reira vitoriosa. Aquele 1º de maio ficou marcado para sempre na memó-ria esportiva nacional. “O enterro dele foi im-pressionante. Deu para perceber o quanto a população o admirava”, conta Caio. De lá pra cá, surgiram outros aspi-rantes ao cargo de herói nacional, na Fórmula 1 inclusive. Mas ninguém que se compare à Senna. “Ficou um vazio no co-ração do brasileiro”, diz Rodrigues, triste.

Vazio como o que ficou na vida dos fãs da música, que na década de 90 perderam Tom Jobim, Raul Seixas e Mamonas Assassinas, apenas para citar alguns. Hoje criti-ca-se o cenário musical atual, principalmente quando se comparado

com o dessa década. A empresária Fernanda Santos tem saudade das músicas antigas. “Tínha-mos orgulho da nossa música, do sucesso dela no exterior. Hoje temos vergonha”, conta.

Ao relembrar as perdas sofridas nas dé-cadas de 80 e 90, os en-trevistados geralmente deixam claro um ar de nostalgia. Sentem muita saudade, tanto da músi-ca como do esporte. Até a inquietação política da época é lembrada com ares eufóricos. Alguns dizem que aqueles é que foram os melhores anos de suas vidas. A comer-ciante Tânia Vasconce-los resume, indignada. “Me dizem que a década de 80 foi a década perdi-da. Com tanta coisa boa para se lembrar, como podem dizer isso?”.

Líder da banda inglesa Queen, Freddy Mercury escondeu sua doença por muito tempo. Revelou para a imprensa no dia 23 de no-vembro de 1991. Um dia depois, faleceu.

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Morte de eterna princesa do povo completa 15 anos

A repentina mor-te de Diana Spencer, mais conhecida por todos como princesa Diana, completou 15 anos, e mesmo depois de tanto tempo ela ain-da permanece nos co-rações dos ingleses e de todo o mundo como a “princesa do povo”. A data da fatalidade foi lembrada por admira-dores que a homenage-aram com cartas, flores e mensagens ao redor do palácio de Kensing-ton e também na Ponte da Alma, local onde o desastre aconteceu.

Em 1997, a prin-cesa de 36 anos sofreu um grave acidente de carro no túnel em Pa-ris. Ainda com vida, Lad Dy foi levada até o hospital de La Pitié Salpétriere onde fale-ceu devido a uma he-morragia pulmonar. Seus acompanhantes o motorista francês, Henri Paul, e seu atu-al namorado o empre-sário egípcio Dodi Al Fayed morreram na hora. O único sobre-vivente foi o guarda-costas de Al Fayed,

Trevor Ress-Jones.Para o professor

de história Luis Fernan-do Soares, esta foi con-siderada a pior fase da monarquia britânica. “Durante os primeiros anos se acreditou que a princesa fosse vitima de conspirações e isso

consequentemente con-tribuiu para a queda da popularidade do reinado de Elisabeth II. Além dis-so, a postura fria da ex-sogra ao saber da morte de Diana desagradou to-talmente o publico que admirava a princesa”, explica o professor.

A fatalidade aconteceu um ano e meio depois que ela e o príncipe Charles pais dos herdeiros Harry e William, decidiram publicamente se di-vorciar. Segundo in-vestigações da polícia britânica o acidente foi causado pela persegui-ção insistente de papa-razzis e também devi-do a embriaguez de seu motorista. O inquérito chegou ao fim somente em 2008 com o condu-tor considerado culpa-do e os fotógrafos con-

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Princesa Diana era reconhecida pelas causas humanitárias e amor aos filhos

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denados por invasão de privacidade.

Solidariedade

A princesa de Gales que se tornou um dos ícones de be-leza, elegância, e ca-risma também se destacou por apoiar projetos de caridade.Diana sempre esteve submergida nos traba-lhos contra minas ter-restres, impedindo a

morte de milhares de civis em todo o mun-do. Em meio a tantos conflitos Lady Dy fre-quentemente era foto-grafada com crianças multiladas e teve a coragem de atravessar um campo minado an-golano. Envolvimento que futuramente con-tribuiu para a proibi-ção internacional das minas terrestres.

Diana também se envolveu em cam-

panhas de combate a AIDS. Em 1987 en-quanto a doença era discutida com tabu, a princesa foi a primeira celebridade a ser foto-grafada com um por-tador do vírus. Em um tempo em que as pes-soas acreditavam que a doença era transmitida pelo contato, Lady Dy deitou-se e segurou a mão de um aidético para provar que os do-entes mereciam com-

paixão e não precon-ceito e isolamento.

Para a estudan-te de moda Camila Telles, Diana foi mais do que uma princesa. “Além de influenciar na moda com seus terninhos, vestidos e joias, a princesa nos mostrou que mesmo no mundo do poder e fama é muito impor-tante não se esquecer dos mais necessita-dos,” finaliza.

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Lady Di com rapazes vítimas das minas terrestres da Angola. O trabalho junto a Cruz Vermelha era uma de suas ações sociais

Diana faleceu em 1996 em um trágico acidente de carro na França, junto com Dodi Al Fayed. Em 2012, ela completaria 50 anos

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A cidade que foi dividida ao meio

O Muro de Berlim separou a Alemanha em dois blocos: o socialista e o capitalista

Juliana Caldas

Construído pelos soviéticos, o Muro de Berlim dividiu a Ale-manha em duas par-tes durante 28 anos: a socialista República Democrática da Ale-manha e a capitalista República Federal da Alemanha. A cidade de Berlim nunca mais foi a mesma depois da cons-trução do parede de concreto que separava não só ideais políticos, mas também vidas, pes-soas e famílias inteiras.

Quem estava no lado oriental e socialis-ta via na cidade atrás do muro uma opor-tunidade de melhorar de vida. O capitalismo atraia as pessoas, gra-ças à economia aparen-

temente bem sucedida do lado ocidental. O muro de concreto com 2,40 m de altura, cerca-do por guardas e prote-gido por arame farpado não impedia as tentati-vas de fuga.

Para o professor de história da Univer-

sidade Federal de Alfe-nas, Cláudio Umpierre, o desespero das pessoas falava mais alto na hora de enfrentar a perigo-sa jornada até o outro lado do muro. “Muitos cidadãos foram mortos. Os guardas do muro ti-nham ordem de atirar

em quem tentasse atra-vessar a barreira. E eles fizeram isso!”, explica Umpierre.

A história do muro se confunde com o final da Segun-da Guerra Mundial e o inicio da Guerra Fria. Após o fim das batalhas, em 1945, a Alemanha foi dividida em quatro áreas comandadas pela França, União Soviéti-ca, Inglaterra e Estados Unidos, os grandes ven-cedores da guerra. Com o inicio da Guerra Fria, o mundo se dividiu em dois grandes blocos.

Para o historia-dor, Guilherme Ama-ral Luz, do Núcleo de Estudos e Pesquisas em História Política da Universidade Federal de Uberlândia, o Muro de Berlim foi um sím-bolo dos acontecimen-tos mundiais daquela época. “O mundo es-tava bipolarizado. De um lado os soviéticos socialistas, do outro os

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O muro de 2,40 m de altura, foi construído para dividir a cidade em socialista e capitalista

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norte-americanos ca-pitalistas. A Alemanha simbolizava essa divi-são através do Muro de Berlim.”, conta Amaral.

No início da dé-cada de 1980, a com-petitividade entre os dois lados aumentou. Com a economia aba-lada, graças aos gastos com a corrida espacial e a manutenção e ob-tenção de armamento

militar, os soviéticos estavam prestes a perder a guerra. Em 9 de Novembro de 1989, um mal-entendido foi o estopim para acabar com essa bipolarida-de. “O governo da Re-pública Democrática da Alemanha anun-ciou na imprensa que as viagens para o oci-dente seriam permi-tidas. A informação

vazou antes do que deveria. Milhares de pessoas se dirigiram até o muro, exigindo a abertura da barreira.”, explica Umpierre.

A pressão po-pular não podia mais ser controlada. Entre a tarde de 9 de Novem-bro e a manhã do dia 10, o mundo assistiu a queda da barreira que dividiu uma cidade ao

meio por quase três décadas. Multidões reuniam-se ao redor do muro. Do lado de lá, os cidadãos da Re-pública Federal da Alemanha festejavam a unificação dos po-vos. Um ano depois, em Outubro de 1990, a Alemanha estava completamente reuni-ficada. Agora só havia um lado: o capitalista.

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Para garantir que as pessoas não atravessariam o muro, guardas eram posicionados em toda a extensão da parede

Um manifestante inicia a derrubada do Muro de Berlim. A queda marcou o fim do regime socialista em 1989

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Plano Real completa 18 anos e marca a história da economia brasileira

O Brasil foi um dos países que mais sofreram com a infla-ção da moeda em todo o mundo. Governos como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, José Sarney e Fernando Collor foram marcados por grande desvalori-zação da moeda nacio-nal, o que acarretaram graves consequências financeiras para todos os brasileiros. A ins-tabilidade da econo-mia e o fracasso dos planos que surgiam para tentar controlar as crises e a inflação deixavam o país sem rumo e sem futuro.

De 1986 a 1994, houve nada menos de seis planos de estabiliza-ção frustrados: Cruzado

1 (fevereiro de 1986) e 2 (novembro de 1986), Bresser (1987), Verão (1988), Collor 1 (1990) e 2 (1991). A inflação re-trocedia momentanea-mente, mas voltava com ainda mais força logo adiante, ao passo que a confiança em que o go-

verno pudesse resolver o problema diminuía a cada vez.

A inflação difi-cultava o planejamento da vida de todas as pes-s o a s , f a m í -lias e

empresas. O empresá-rio Moacir do Carmo, que nos anos 90 tinha um supermercado na capital de São Paulo, lembra a dificuldade

que era de se manter os preços dos produ-tos. “Todos os dias tí-nhamos que remarcar os preços. Alguns dias, trocávamos três ou quatro vezes. Era um período difícil, eu mes-mo fechei o mercado em 92”, diz.

O rumo da histó-ria brasileira começou a mudar a partir de fe-vereiro de 1994, quando o Plano Real começou a vigorar oficialmente. O programa desarmou

o sistema de in-dexação,

restabeleceu a confian-ça em que o governo não faria extravagân-cias na economia e vi-rou uma página com-plicada da história. A medida instituiu a Unidade Real de Valor (URV), que estabeleceu regras de conversão e uso de valores mone-tários, e determinou o lançamento de uma nova moeda, o Real.

No final do ano de 1993, o governo deu início a esse plano com o objetivo de controlar a hiperinflação do país. O presidente Itamar Franco permitiu que o então Ministro da Fa-zenda, Fernando Hen-rique Cardoso, condu-zisse todo o processo, desde sua idealização até sua execução. FHC reuniu economistas

para elaborar as me-didas do governo e as reformas econômicas e monetárias necessárias.

O economista Paulo Barbosa acredi-ta que o plano Real se mostrou o mais eficaz programa de estabi-lização econômica da história do Brasil. “Mas para alcançar o suces-so foi preciso que fos-sem tomadas medidas como privatizações de vários setores estatais, criação de agências re-guladoras, implantação da Lei de Responsabili-dade Fiscal, liquidação ou venda da maioria dos bancos estaduais, renegociação da dívida pública e maior abertu-ra comercial com o ex-terior”, conta Barbosa.

O Real se tornou uma moeda forte, pros-perou e colocou o Brasil entre os maiores países no cenário econômico mundial e um gigante da América do Sul. Des-de 1994, o plano passou por crises pontuais na economia global e de-monstrou capacidade de controle e recuperação, especialmente a crise de 1997 e 2008-2009, o que acarretou graves problemas na Europa e nos Estados Unidos, a qual passou sem muito impacto pelo Brasil. O país, hoje, conta com uma moeda estável, sem apresentar indícios de substituição.

Daniel Lopes

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ops, mapa errado

CLUbE PRAGA bem longe da república tcheca

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