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    RELIGIOSIDADE NO NORDESTE BRASILEIRO NA ERA DO

    CANGAO: PROSPECO DE PARAMTROS DE ESTUDOS A

    PARTIR DA BIBLIOTECA DIGITAL BRASILEIRA DE TESES EDISSERTAES (BDTD)

    Alexander Willian Azevedo1

    RESUMOCom o intuito de contribuir para o aumento da eficincia e eficcia dos estudos sobre misticismo,religiosidade e cangao, a presente pesquisa tem como objetivo explicitar as abordagens acerca dosestudos brasileiros sobre o fenmeno ocorrido no Nordeste brasileiro: cangaceiros e beatos, suas

    caractersticas e propostas, visando vulgarizar a abrangncia desta temtica e suas interfaces com asreas do conhecimento. Para isso, utilizou-se como objetivo especfico analisar a presena dos estudossobre o misticismo, religiosidade e cangao na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertaes(BDTD), visando medir freqncia desta atividade cientfica, autoria geogrfica, idioma, ano depublicao e o fator de impacto das fontes localizadas. Portanto, a pesquisa configura-se em analisar aproduo do conhecimento peculiar as manifestaes religiosas e de identidade do nordeste brasileirona BDTD. Deste modo, este estudo pode ser classificado como exploratrio de natureza documental,que se valeu do mtodo qualitativo e quantitativo descritivo, cujo procedimento metodolgicopercorreu as seguintes etapas: a) reviso de literatura sobre cangao: movimento lampinico e beatos,b) anlise bibliomtrica sobre temtica proposta nas dissertaes e teses recuperadas a partirBiblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertaes; c) anlise dos autores, instituies e reas do

    conhecimento mais citados e estudados. Os principais resultados evidenciaram um panoramacomplexo e variado sobre os estudos das manifestaes msticas religiosas na era do cangao nasuniversidades brasileiras. Percebe-se que o trabalho revela um retrato parcial da realidade bibliogrficautilizadas em estudos sobre temtica, demonstrando o dinamismo e a pluralidade da produo doconhecimento.

    Palavras-chave:Religiosidade Nordestina; Cangao; Misticismo nordestino; Bibliometria.

    ABSTRACTIn order to help increase the efficiency and effectiveness studies of mysticism, religion and cangaothis study aims to describe the approaches to the Brazilian studies on the phenomenon occurred in theBrazilian Northeast: cangaceiros and blessed, their characteristics and proposals in order to generalize

    the scope of this issue and their interfaces with the knowledge areas. For this, we used the specificgoal of the studies analyzing the presence of mysticism, religion and banditry in the Brazilian DigitalLibrary of Theses and Dissertations (BDTD), to measure frequency of scientific activity, geographicalauthorship, language, year of publication and the factor the impact of sources. Therefore, the search isconfigured to analyze the production of knowledge peculiar manifestations and religious identityBDTD in northeastern Brazil. Thus, this study can be classified as exploratory in nature documentary,which won the qualitative method and quantitative descriptive methodological procedure which hastaken the following steps: a) review of literature on cangao: lampionico and blessed movement, b) onbibliometric analysis theme proposed in the dissertations and theses retrieved from the Brazilian

    1Professor Assistente, Departamento de Cincia da Informao, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

    Membro do Ncleo de Estudo de Religio, Economia e Poltica (NEREP/UFSCar) - E-mail para contato:[email protected] /[email protected] em Cincia da Informao

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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    Digital Library of Theses and dissertations c) analysis of authors, institutions and areas of knowledgemost cited and studied. The main results showed a complex and varied picture on the mysticalmanifestations of religious studies in the era of cangao in Brazilian universities. It is felt that the workreveals a partial picture of reality used in literature studies on subject, demonstrating the dynamismand diversity of knowledge production.

    Keywords:Religiosity Northeastern; Cangao; Mysticism Northeast; Bibliometrics.

    I. INTRODUO

    A religiosidade no perodo do cangao vinculasse em vrios processos interpretativos

    reflexivos, que constitui desde os folhetos de cordel como em mdias de comunicao em

    massas (televiso, filmes, rdios, peridicos), compondo um conjunto de memria que

    represente os cangaceiros e seu religiosidade.

    A tentativa de compreender o universo da cultura religiosa no cangao que ocupou um

    espao representativo nas discusses em torno da atuao da Igreja Catlica Apostlica

    Romana no Brasil, segundo Beozzo (1982), Azzi (1987), Hoornaert (1990) representa um

    baluarte da religiosidade popular, catolicismo popular.

    Na concepo no senso comum, quando se fala da regio nordestina brasileira, em

    alguns aspectos que caracteriza, so lembradas questes como: a seca, smbolo emblemtico

    representado na literatura clssica por Graciliano Ramos no romance Vidas Secas; que

    destaca a desigualdade social que proporcionou problema como a pobreza, que deu inicio a

    concepo folclrica do cangao e consequentemente dos bandoleiros como: Lampio, Maria

    Bonita, Antonio Silvino, Corisco; e por fim relacionava com ambiente religioso.

    Em um passado no muito distante, um exemplo claro da religiosidade popular

    nordestina existente no serto nordestino a monumental ingerncia protagonizada pelo padre

    Ccero, pois para Souza (20040 "[...] casa sertaneja que se prezasse no podia deixar de ter emsuas paredes, no mnimo, os quadros do 'Sagrado Corao de Jesus' e do Padim Cio.

    No serto, o catolicismo popular bastante difundido entre as populaes sertanejas,

    na qual a magia, supersties, a presena de amuletos, oraes fortes e de corpo-fechado,

    rezadeiras, beatos, compem este tipo de catolicismo. Para Chandler (1980) este fenmeno

    denominado como catolicismo sertanejo.

    Neste contexto que o presente estudo teve como objetivo de medir a freqncia das

    pesquisas sobre o religiosidade, misticismo e cangao na Biblioteca Digital Brasileira de

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    Teses e Dissertaes (BDTD)2que devido natureza e formao do problema estudado fez-

    se necessrio uma abordagem de pesquisa quantitativa, que possibiliou a mensurao de

    percepes do universo das pesquisas sobre temtica da religiosidade e cangao na BDTD.

    Apesar da abordagem quantitativa, o estudo teve a natureza qualitativa, pois as respostas

    obtidas esto relacionadas a percepes e interpretaes que os dados traduzem em uma

    escala quantitativa.

    Para o desenvolvimento da pesquisa adotou-se uma metodologia nas seguintes etapas:

    a) reviso de literatura sobre pesquisa com temtica da religiosidade no cangao, com foco na

    pesquisa em histria; b) coleta de dados, no ms de setembro de 2011, na BDTD; c) descrio

    e categorizao dos dados obtidos; d) anlise e interpretao dos resultados obtidos, realizadas

    luz da abordagem bibliomtrica, com o objetivo de identificar as caractersticas das teses edissertaes publicadas.

    Portanto, para a compreenso da religiosidade na chamada era do cangao e o seu

    carter de independncia em relao aes beatos e cangaceiros, apresentaremos uma

    compreenso que nos dar um suporte para observamos quais elementos so discutidos no

    mbito das pesquisas cientificas que analisam os fenmenos dos movimentos scio-religiosos

    nos sertes do nordeste.

    II. SERTO E CANGAO: ESPELHO DA RELIGIOSIDADE POPULAR

    Vrios eventos histricos provam que o conceito de religiosidade popular no entra

    efetivamente em um contexto sem ter suas razes em prticas de dominao hegemnica

    desenvolvidas por grupos sociais que desde a antiguidade so motivadas permanentemente

    por interesses de poder, polticos e econmicos. Fazer a relao entre cangao e religiosidade,conduz-nos a vrias pesquisas sobre crenas e costumes de um movimento marginal

    conhecido pelos seus crimes hediondos e a violncia que praticava contra queles que

    contrariavam seus interesses.

    Dessa forma, o carter popular da religiosidade no nordeste no perodo do cangao

    uma representao de memria coletiva, ou seja, uma manifestao supersticiosa e vulgar de

    crenas. Chandler (1980, p.77) aborda a questo da religiosidade popular nordestina com uma

    critica denodadamente preconceituosa, classificando o sertanejo e em especial os nordestinos

    2Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertaes (BDTD)Disponvel em:

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    como ignorante no aspecto adeso a pratica da religiosidade popular mstica, conforme

    podemos observar em sua descrio sobre o Padre Ccero e a religiosidade do povo

    nordestino:

    [...] embora merecesse a reputao de ser um homem excepcional, no erafora do comum, naquela regio, ver o povo considerar como santo umapessoa que se destacasse por sua religiosidade. Os que o precederam, assimcomo os que se seguiram, foram padres carismticos, msticos, sinceros,fanticos, embusteiros, desequilibrados e, s vezes, perigosos. Para a massaignorante e supersticiosa do Nordeste, todas essas figuras populares tinhamuma caracterstica em comum. Possuam poderes mgicos, ou, para os maissofisticados, eram eficazes intercessores junto fora ou s foras quegovernam o universo. A religio do povo do serto aparentemente,romana, catlica, porm de uma modalidade bem mais popular no estlonge do primitivismo.

    Suss (1979), propem uma interpretao diferenciada em torno do conceito dereligiosidade popular ao afirma que o carter popular [...] abrange todos os costumes e

    vivncias religiosas do povo, sejam eles de origem africana, indiana, protestante, catlica,

    esprita ou pag.

    Abordando a questo dos cangaceiros que eram pessoas simples do serto, apegadas a

    religiosidade, aos santos protetores e que tinham como intercessores os padres, que, como

    evangelizadores, no podiam negar a crena de uma pessoa pelo fato de ser um bandido.

    Afinal de contas, antes de ser bandido, o cangaceiro era um cristo devoto. Segundo Moraes

    (2006) nem todos os padres tinham essa relao aberta com seus fiis, muito menos com

    bandidos, da uma pequena parcela se destacar, dentre eles: Padres Ibiapina, Ccero, Rolim e

    Jos Kherle.

    Hobsbawn (1976) precursor do termo banditismo social como forma arcaica de

    protesto social inclui os agentes participativos do cangao nordestino brasileiro como bandido

    nobre, que utiliza da vingana como elemento de violncia e crueldade. O prprio Hobsbawn

    (1976) observa que o banditismo caracterizado no cangao assumiu um relacionamento com

    social com povo, neste contexto emerge questo da religiosidade.

    Chandler (1980) contestou a hiptese dos cangaceiros como bandidos sociais. Ao

    contrrio de Hobsbawm (1976), interessou a Chandler analisar a figura histrica de Lampio e

    no uma pesquisa do folclore sobre ele, mas o mito na compreenso do personagem histrico.

    Chandler reconhece que Lampio se preocupava com suas relaes pblicas.

    Montenegro (1973, p.204) chama ateno para algumas caractersticas dos cangaceiros

    referindo:

    [...] um tipo supersticioso. Acredita na fora mgica de patus, figas eoraes fortes. Aquele que conduz um amuleto est imunizado dos males

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    exteriores. Ao contrrio, quem estiver em ms condies mgicas, em estadode impureza, ter um corpo ruim, aberto.

    A realidade poltica e social no nordeste no perodo do cangao era bem diversa de

    hoje (embora muitas relaes ainda subsistam, sobretudo as relaes de poder local e apobreza de parte significativa da populao), a precrias condies de vida nas quais se

    encontrava uma grande maioria de sertanejos desvalidos de todos os cuidados das autoridades

    competentes, o chamado banditismo social configurou-se como uma forma, de resistncia.

    Determinados grupos, refutando tal realidade, simplesmente se negavam ao conformismo

    religioso, inerente aos demais, ao mesmo tempo em que buscavam uma forma de fazer justia

    s suas barrigas e vaidades. (GOUVEIA JUNIOR; LUCENA, 2008)

    Essa reao isenta de qualquer motivao ideolgica ou poltica, fez-se notarfundamentalmente nos sertes nordestinos desde fins do sculo XIX at meados do sculo

    seguinte, contudo intensificou-se, de fato, com o advento da figura que seria o smbolo

    mximo daquele movimento, paradoxalmente, legtimo e sem causa: Virgulino Ferreira da

    Silva, o Lampio.

    A vida e a morte de Lampio, sua relao com seu bando so carregados de mistrios

    e de uma construo e perpetuao propositada do mito. No so poucas as obras que

    procuram associar Lampio a um projeto de mudana social ou apresent-lo como umMessias.

    O estilo de vida quase-nmade dos cangaceiros dava a eles um grande poder de

    mobilidade e sagacidade para escaparem das foras do Estado quando as foras policias se

    opunham aos cangaceiros, fortalecido pelos vnculos de proteo e pelo conhecimento

    profundo das regies de caatinga do nordeste brasileiro

    Um dos aspectos marcantes da personalidade contraditria de Lampio era a sua

    religiosidade, apesar de sua vida de cangaceiro e das influncias brutalizantes do cangao,

    Lampio nunca abandonou a sua f e devoo em Deus, nos santos da igreja catlica, e

    tambm no Padre Ccero Romo do Juazeiro do Norte que para ele, era um homem santo.

    (DOLIVEIRA, 1999).

    Entretanto, para este estudo tomamos o cuidado em avaliar da figura de Lampio, pois

    cangao no foi atividade exclusiva deles, mas que tambm existiram outros grupos de

    cangaceiros como Jesuno Brilhante (1844-1879) e Antnio Silvino (1875-1944).

    O medo que pairava nos povoados, certamente dava aos cangaceiros o seu status de

    bandos violentos e perigosos devido sua configurao semi-nmades, os cangaceiros forjaram

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    uma mquina de guerra que favorecia as prticas polticas de poder local, garantiam no

    apenas seu status, como a sua prpria existncia.

    Acerca da religiosidade e superstio em volta de Lampio e seu bando, cabe-nos

    considerar a uma das histria registrada por Dantas (2005), ou seja, em um das invases do

    bando de Lampio na cidade de Mossor, o grupo de cangaceiros perdeu dois dos seus mais

    principais homens, Colchete, que morreu de tiro, e Jararaca que ferido, foi capturado pela

    polcia.

    Segundo a lenda, Jos Leite de Santana, o Jararaca, morreu de sede clamando por um

    copo d'gua, enquanto outros contam que o mesmo foi enterrado vivo. Mesmo passado vrias

    dcadas, Jararaca venerado por milhares de pessoas que acreditam que o cangaceiro

    milagroso. Todos os anos, durante o dia de finados, o tmulo de Jararaca no cemitrio deMossor o mais visitado da cidade. O episdio da cidade de Mossor, a resistncia ao bando

    de Lampio deixou cicatrizes no apenas no imaginrio da populao, mas na religiosidade

    que permanece desde dias atuais.

    Um imperativo da conscincia moral na vida indumentria dos cangaceiros que

    sustentava opulncia, manifestada tanto nos trajes (ornados com moedas de ouro) como nos

    adereos (uns sem-nmero de anis de pedras preciosas que ostentavam em quase todos os

    dedos) traziam em suas prticas religiosas, assim como as de cunho mstico, introduzidas porlampio em seu bando, costume de orar, ininterruptamente, em grupo, conforme relata a ex-

    cangaceira Ilda Ribeiro de Sousa, citada por Sila (1995) citado por Gouveia Junior e Lucena

    (2008).

    Alis, o prprio padre Ccero ou como chamado pelos sertanejos de "Padim Cio",

    foi um padre que exerceu uma enorme influncia na religiosidade de Lampio, um exemplo

    disto que a prpria patente de Capito foi passada a Lampio, no ano de 1926, pelas mos e

    bno do padre Ccero Romo.Nesta premissa que aps contextualizarmos religiosidade no cangao buscou-se

    identificar e analisar a freqncia das teses e dissertaes que discutem a temtica da

    religiosidade no perodo do cangao nordestino.

    Para que esta analise utilizamos como forma de avaliar a produo cientfica em

    determinada assunto a anlise bibliomtrica, um dos instrumentos bsicos no estudo dos

    fenmenos da comunicao cientfica adquirindo sua importncia ao adotar um mtodo til

    para mensurar a repercusso e impacto de determinados assuntos, permitindo que se

    conheam as ocorrncias de variao e suas tendncias.

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    III. APLICAO DA BIBLIOMETRIA ANLISE DE PUBLICAES DA BASE DE

    DADOS: BDTD

    Os estudos bibliomtricos objetivam conhecer como se comporta uma propriedade

    relativamente a outra j conhecida. Dessa forma, no caso das publicaes cientficas pode-se

    pretender conhecer todos os autores que trabalharam em determinado assunto; temtica;

    instituies, reas do conhecimento e assim por diante e cruzar essas propriedades

    (KOBASHI e SANTOS, 2008).

    Conforme Macias-Chapula (1998), a bibliometria permite estabelecer relaes eanlises a partir de contagens estatsticas de publicaes ou de elementos extrados dessas

    publicaes e tem por objetivo medir as produes da pesquisa cientfica

    Da base de dados referencial BDTD (Biblioteca Digital Brasileira de Teses e

    Dissertaes) foram selecionadas as publicaes cientficas de teses e dissertaes, na qual

    buscamos publicaes especficas sobre os temas: Cangao e Religiosidade ou Religio e

    Cangao ou Misticismo no Cangao ou Milenarismo ou messianismo e Cangao. A busca

    retornou um total de 23 publicaes, sendo 15 dissertaes e 8 teses. A figura 1, abaixo,mostra a frequncia dos principais descritores:

    Figura 1 - Frequncia dos principais descritores sobre temtica contida nas teses e dissertaes

    Aps esta anlise, pode-se comprovar que o corpus da pesquisa consistente, pois retorna

    como principais descritores os assuntos que so foco da pesquisa. Observou-se tambm que

    alm desses temas, surgem novos termos. Como exemplo tem os seguintes termos que foram

    descritos em publicaes: Identidade cultural, representao social, historia e geografia social,

    memria discursiva.

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    Outro aspecto estudado refere-se institucionalizao cognitiva da rea, que pode ser

    identificada pelos descritores maior freqncia e atribudos as publicaes, como memria do

    cangao, literatura brasileira, cinema, padre Ccero. Percebeu-se que na BDTD, para 23

    publicaes entre teses e dissertaes, foram atribudos um total de 122 descritores, que

    significa uma ausncia de padronizao gramatical dos descritores, e falta de utilizao de um

    vocabulrio controlado o que dificulta a realizao de inferncias confiveis.

    Com o objetivo de mensurar o nmero de publicaes por ano, verificou-se que s

    aparecem publicaes dessas reas a partir de 1995, sendo que a quantidade comea a ser

    relevante a partir de 2000. Na figura 2, podemos observar o nmero de publicaes por ano.

    Figura 2:Total de publicao por ano (1995-2010)

    Na figura 2, constata-se que na BDTD no perodo entre 1995 2010 houveram 23

    (vinte e trs) estudos sobre religiosidade no cangao, sendo que no perodo de 2000 2005

    apenas 5 (cinco) pesquisas, posteriormente tendo aumento significativo nos estudos 2006

    2010, foram encontrados 17 (dezessete e nove) estudos.

    Vale ressaltar queno perodo de 1995 a 2000 existem vrias possibilidades para que o

    dado levantado apresentasse apenas uma frequncia freqncia de pesquisas em nvel de

    mestrado e doutorado na BDTD, como exemplo as iniciativas das bibliotecas digitais so

    recentes e no foram todas as bibliotecas universitrias que adotaram no perodo mencionado

    o processo de digitalizao de suas teses e dissertaes.

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    Sudeste

    1

    Sul

    7

    Nordeste2

    Centro

    Oeste

    J o quadro das instituies de ensino superior que foram desenvolvidas as teses e

    dissertaes sobre temtica observar-se na Figura 3. Com os resultados obtidos com as

    anlises de dados, contatamos que a UNICAMP Universidade Estadual de Campinas tem

    um numero expressivo de publicao com a temtica religiosidade no cangao em

    comparao com demais instituies de ensino superior.

    Figura 3Freqncia dos estudos religiosidade e cangao nos IES.

    Em relao a abrangncia geogrfica dos estudos levantados, as regies do Brasil na

    qual se apresenta maior ndice de produo cientfica sobre a temtica so:

    Figura 4:Representao das publicaes pela abrangncia geogrfica

    Na figura 4 aponta as anlises comparando as regies geogrficas onde foram

    produzidos os 23 estudos. Conforme podemos constatar que a regio sudeste que apresentamaior ndice de pesquisas com 13 (treze) estudos. Em seguida, a regio nordeste consta com

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    total de 7 (sete) estudos produzidos. Com 2 (dois) estudos, o centro-oeste a terceiro regio

    que mais produz pesquisas sobre temtica religiosidade no cangao. Por fim a regio sul, com

    1 estudos. Observa-se que em todas as regies do Brasil, exceto norte, vem sendo discutidos e

    estudados na rea da temtica proposta para anlise.

    Dentre as reas do conhecimento que apresenta maior freqncia nas publicaes de

    teses e dissertao podemos verificar na figura 5.

    Figura 5:reas do conhecimento e freqncia nas publicaes sobre temtica religiosidade no

    cangao

    Percebe-se que na figura 5 mostra as reas do conhecimento com maior ndice de

    freqncia de publicao de teses e dissertaes cujo foco da pesquisa foi religiosidade no

    cangao. Podemos constatar que as reas de histria e letras com maior ndice de publicao

    de trabalhos sobre a temtica, com 5 publicaes cada. Com isso, podemos observar que as

    pesquisas que abordam os movimentos religiosos no cangao e sua representao histrica

    permitem uma anlise multifacetada, visando contribuir para interpretao dos fenmenos

    religiosos ocorrido no nordeste do Brasil.

    IV. CONSIDERAES FINAIS

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    Podemos apontar dois nortes a partir nas anlises realizadas neste estudo, primeiro se

    verificou como resposta opresso social foi a formao de grupos que agiam

    desordenadamente conforme seus instintos de sobrevivncia. No poderamos abordar

    religiosidade no cangao sem nos determos um pouco em verificar e apontar as causas do

    movimento em si. O banditismo social ocorrido no Nordeste teve, sem configurar-se sua

    gnese no meio e nas injustias sociais os abateram

    Ao apontar Lampio como um bandido supersticioso, presena dos beatos,

    cangaceiros que foram personagens da vida real, dos sertes do nordeste brasileiro no final do

    Sculo XIX e primeira metade do Sculo XX, envolvidos em movimentos scio-religiosos

    que marcaram profundamente as relaes entre a Igreja, o Estado e o povo.

    J na segundo abordagem da pesquisa foram abordados as condutas que orientam oprocesso de investigao sobre a temtica da religiosidade no cangao, prestando-se

    identificao dos estudos a partir uma analise quantitativa e qualitativa descritiva. Esta anlise

    possibilitou representarmos importncia das discusses da temtica nas esferas dos assuntos,

    regies e reas de conhecimento que exploram analise do fenmeno religioso no cangao.

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