RELATÓRIO DE PROJETO DE GEOTECNIA
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RELATÓRIO DE PROJETO DE GEOTECNIA
MARÍLIA – SP (Setembro/2020)
Obra de Reforma do Ginásio CEMESC
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
2. ESTUDOS REALIZADOS ................................................................................................ 1
2.1. DIAGNÓSTICO ATUAL DA ÁREA ......................................................... 1
2.2. INVESTIGAÇÃO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICA DA ÁREA .................... 9
2.2.1. GEOMORFOLOGIA ................................................................................ 9
2.2.2. CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICA DA ÁREA .............. 9
3. APRESENTAÇÃO DAS SOLUÇÕES PROPOSTAS .................................................... 12
4. AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE GLOBAL .................................................................. 14
4.1. RESULTADO DA ANÁLISE DE ESTABILIDADE ................................. 16
5. DRENAGEM SUPERFICIAL ......................................................................................... 17
5.1. DIMENSIONAMENTO DOS DISPOSITIVOS ....................................... 18
5.1.1. DETERMINAÇÃO DA DESCARGA DE PROJETO .............................. 18
5.1.2. INTENSIDADE DE CHUVA CRÍTICA ................................................... 20
5.1.3. DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE DE VAZÃO ............................... 21
5.1.4. VELOCIDADE MÁXIMA PERMISSÍVEL ............................................... 21
5.1.5. ANÁLISE DAS VAZÕES DE PICO DA BACIA ..................................... 22
5.1.6. PROJETO HIDRÁULICO DOS ELEMENTOS DO SISTEMA DE
DRENAGEM SUPERFICIAL .......................................................................................... 22
5.1.6.1. MEIA-CANA EM CONCRETO .............................................................. 24
6. ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS .................................................................................... 25
6.1. EXECUÇÃO DOS ATERROS COMPACTADOS ................................. 25
6.2. GEOTÊXTIL NÃO TECIDO .................................................................. 26
6.3. CANALETA MEIA-CANA ...................................................................... 27
6.4. COBERTURA VEGETAL ...................................................................... 27
7. QUANTITATIVO E ESTIMATIVA DE ORÇAMENTO .................................................... 28
EQUIPE TÉCNICA ............................................................................................................... 29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 30
ANEXO A - PLANTAS .......................................................................................................... 32
ANEXO B – QUANTITATIVO E ESTIMATIVA DE ORÇAMENTO ...................................... 33
1
1. INTRODUÇÃO
Apresenta-se neste Relatório a descrição das soluções propostas para a
execução dos serviços e obras a serem realizadas, dos estudos e itens de projetos
elaborados para tanto, incluindo as respectivas especificações técnicas.
O Mapa de Situação do local objeto de estudo dos serviços descritos neste
relatório é apresentado na Figura 1.
Figura 1: Mapa de Situação do Local Objeto de Estudo Fonte: Google Earth com imagem do ano de 2020.
1
2. ESTUDOS REALIZADOS
Descrevem-se a seguir, de forma abrangente, a natureza dos estudos realizados
bem como os procedimentos metodológicos empregados e os resultados obtidos.
2.1. DIAGNÓSTICO ATUAL DA ÁREA
Na data de 12 de setembro de 2020 foi realizada uma visita técnica de campo no
Centro Municipal, Educacional, Esportivo e Cultural “Francisco de Assis Nascimento”
(CEMESC – Nova Marília), localizado à Rua Sylvia Ribeiro de Carvalho, nº 95, Bairro
Núcleo Habitacional Nova Marília, de propriedade da Prefeitura Municipal de Marília.
Durante a visita técnica, foi possível observar que a edificação apresenta, de
maneira geral, patologias decorrentes do tempo associadas à ausência de manutenção
periódica dos sistemas e estruturas.
Referente às patologias associadas aos problemas geotécnicos, foi possível
observar descolamentos e afundamentos de piso, em diversos locais da área objeto de
estudo, decorrentes de recalques diferenciais do terreno relativos à deficiência dos
procedimentos de execução de compactação de aterros à época de execução das obras.
Adicionalmente, referente aos taludes em aterro compactado existentes no
entorno da edificação, observam-se que os mesmos não possuem sistema de drenagem
superficial. A ausência de um sistema de drenagem superficial associada a uma
cobertura vegetal inadequada proporciona um aumento do volume de escoamento
superficial e, consequentemente, um aumento da velocidade do fluxo, causando a
desagregação e transporte de partículas de solo. A interação desses fatores define,
portanto, uma predisposição à ocorrência de processo erosivo na área de interesse.
Desta forma e de maneira a garantir a estabilidade global das estruturas e dos
maciços em solo existentes, faz-se necessária a proposição de intervenções localizadas,
relativas à escavação e recomposição de aterro com material adequado, com o objetivo
de proporcionar suporte adequado às estruturas bem como a reconformação dos taludes
no entorno da área, incluindo implantação de sistema de drenagem e proteção superficial
com grama.
As Fotos 1 a 14 apresentam o relatório fotográfico da visita técnica realizada.
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Foto 1 – Vista geral da área – Face Oeste.
Foto 2 – Vista Lateral – Face Leste.
3
Foto 3 – Vista geral do talude – Face Leste.
Foto 4 – Vista geral do talude – Face Sul.
4
Foto 5 – Vista geral do talude – Face Oeste.
Foto 6 – Área interna do Ginásio (ausência de manutenção geral).
5
Foto 7 – Área interna do Ginásio (ausência de manutenção geral).
Foto 8 – Vista frontal do CEMESC (ausência de manutenção geral).
6
Foto 9 – Vista do talude – Face Leste.
Foto 10 – Vista do talude – Face Oeste.
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Foto 11 – Recalque existente no piso – Face Leste.
Foto 12 – Vista geral – Face Sul (ausência de manutenção geral).
8
Foto 13 – Vista geral – Face Sul (ausência de manutenção geral).
Foto 14 – Recalque existente no piso – Face Oeste.
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2.2. INVESTIGAÇÃO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICA DA ÁREA
2.2.1. GEOMORFOLOGIA
A região Oeste situa-se geologicamente sobre a Bacia do Paraná. A geologia da
região é composta pelo Grupo Bauru, sotoposta a esta, a Formação Serra Geral e
posteriormente a Formação Botucatu (OLIVEIRA FILHO et al., 2002)
O Grupo Bauru na região é composto pelas Formações Marília e Adamantina. A
Formação Marília caracteriza-se por ser um arenito sedimentar carbonático com matriz
argilosa. Abaixo a Formação Adamantina, com profundidade média até os 260 metros,
caracteriza-se por apresentar arenitos esbranquiçados, com pouca matriz argilosa.
A Formação Serra Geral na região é constituída de basaltos em derrames
tabulares de espessura e extensão muito variável, intercalando localmente corpos de
arenitos finos selecionados (DAEE, 1979). Na região possui uma espessura de 600 a 900
metros, sendo a camada confinante da Formação Botucatu.
Formação Botucatu, na região caracterizada pelos Aquíferos Guarani e Piramboia,
é constituída de arenitos finos a médios, bem selecionados, com estratificação cruzada
de grande porte, eólicos, em cunhas ou erodidos no topo, com espessuras que oscilam
de 80 a 220 metros.
A cidade de Marília encontra-se localizada na Bacia Sedimentar do Paraná
(morfoestrutura) e no Planalto Ocidental Paulista (morfoescultura), mais precisamente no
Planalto Residual de Marília (ROSS & MOROZ, 1996), cujas formas de relevo
predominantes são as colinas com topos aplanados, convexos e tabulares com altimetria
variando entre 500 e 600 metros, declividade variando entre 10 a 20% e predomínio de
Latossolos e de Argissolos (MARQUES DOS SANTOS & RODRIGUES NUNES, 2007).
2.2.2. CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICA DA ÁREA
Entre os dias 06 e 08 de julho de 2020 foram realizados os serviços de sondagem
de simples reconhecimento com SPT na área objeto de projeto.
O objetivo das investigações foi propiciar o reconhecimento da estratigrafia local,
possibilitando a montagem do perfil geotécnico, o qual faz parte das análises de
estabilidade bem como da definição dos parâmetros geotécnicos das respectivas
camadas (GERSCOVICH et al., 2016).
No total, foram executados 04 (quatro) furos de sondagem, totalizando 70,72m
perfurados, conforme procedimentos descritos na ABNT NBR 6484/2001.
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Adicionalmente, foram coletadas 02 (duas) amostras para realização dos
seguintes ensaios de caracterização:
Ensaio de compactação, conforme procedimentos descritos na ABNT NBR
7182/2016.
Ensaio para determinação do Índice de Suporte Califórnia (CBR), conforme procedimentos descritos na ABNT NBR 9895 e norma DNIT 172/2016.
Complementarmente foi coletada 01 (uma) amostra indeformada para realização
de ensaio de Compressão Edométrica (ABNT NBR 12007).
Dados das sondagens e dos ensaios de laboratório realizados indicam que o
subsolo da região é composto por uma camada de aterro formada por silte areno argiloso
fofo a pouco compacto (NSPT máximo igual a 8), espessura variável e podendo atingir
profundidades de até 5,0m. Subjacente a esta, tem-se uma camada de areia, espessura
variável, pouco compacta a compacta, abaixo da qual se tem uma camada de silte areno
argiloso compacto a muito compacto.
Durante a realização das sondagens (Julho/2020) o nível d’água encontrava-se a
uma profundidade média de 5,80m, em todos os furos de sondagem executados.
Referente aos ensaios de compactação executados, os resultados indicaram
valores médios para massa específica seca máxima e teor de umidade ótimo iguais a
1,82g/cm³ e 13,9%, respectivamente.
Com relação à determinação do índice de suporte Califórnia (CBR) os resultados
indicaram índices iguais a 4% e 11% e índices de expansão de 4,0% e 3,5%,
respectivamente para as Amostras 01 e 02, os quais apontam solos com índices de
expansão no limite para utilização em aterro (índice de expansão máximo recomendado
igual a 4%, conforme norma DNIT 108/2009).
A despeito do ensaio de adensamento realizado, não se verifica um
comportamento muito compressível dos solos, ou seja, não há indícios da presença de
solos muito moles, tendo em vista os resultados apresentados (Figura 2), os quais
indicam comportamento de solo granular fofo a pouco compacto, de acordo com o índice
de vazios apresentado e corroborando com os resultados apresentados nas sondagens
realizadas.
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Figura 2: Resultado do ensaio de adensamento realizado (índice de vazios inicial: 0,69).
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3. APRESENTAÇÃO DAS SOLUÇÕES PROPOSTAS
Tendo em vista as patologias associadas aos problemas geotécnicos, decorrentes
de recalques diferenciais do terreno relativos à deficiência dos procedimentos de
execução de compactação de aterros à época de execução das obras e, também,
considerando os taludes em aterro compactado existentes no entorno da edificação, os
quais não possuem sistema de drenagem superficial, são propostas intervenções
localizadas, relativas à escavação e recomposição de aterro com material adequado, com
o objetivo de proporcionar suporte adequado às estruturas bem como a reconformação
dos taludes no entorno da área, incluindo implantação de sistema de drenagem e
proteção superficial com grama.
A seguir é apresentada uma descrição sucinta das soluções técnicas alternativas
propostas:
Recomposição dos aterros inadequados:
Para a recomposição dos aterros inadequados é proposta a escavação geral de
0,60m da área.
Posteriormente à etapa de escavação, deverá ser realizada a regularização geral
da área.
Com o objetivo de promover a separação e reforço da camada de base, é
proposta a instalação de uma camada em geotêxtil não tecido em Poliéster (PET), com
resistência mínima de 21 kN/m.
Sobre a camada de geotêxtil não tecido, serão executadas as camadas em aterro
compactado, com espessuras de, no máximo, 0,30m cada, até a cota final definida em
projeto.
Imperioso destacar que as estruturas principais do CEMESC não serão objeto de
demolição/remoção, devendo-se tomar cuidado na execução das etapas de escavação e
compactação.
Reconformação dos taludes:
A etapa de reconformação dos taludes envolve a escavação de 0,60m da camada
de aterro inadequado.
Posteriormente à etapa de escavação, deverá ser realizada a regularização geral
da área.
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Na sequência, serão executadas as camadas em aterro compactado, com
espessuras de, no máximo, 0,30m cada, até a cota final definida nos desenhos de
projeto.
Proteção Superficial
Posteriormente à etapa de recomposição dos aterros, deverá ser prevista a
proteção superficial das áreas livres com plantio de grama.
Adicionalmente, também está prevista a implantação de dispositivos de drenagem
superficial (canaletas meia-cana em concreto).
Destaca-se também que durante as atividades de remoção da camada de aterro
inadequado existente, deverá ser providenciada a disposição do material escavado em
Bota-fora devidamente licenciado. Ressalta-se que por conta das características
apresentadas do material utilizado, conforme descrito no item 2.2.2, não se recomenda o
reaproveitamento do material nas atividades de recomposição dos aterros. Desta forma,
o material a ser utilizado na recomposição dos aterros deverá atender ao disposto no
item 6.1.
O balanço de solo final previsto para as soluções propostas é apresentado no
Quadro 1.
Quadro 1: Balanço de solo.
Volume de Corte (m³) Aterro Inadequado
Volume de Aterro (m³) (empolamento 25%)
Balanço Total (m³)
3.364,51 3.701,65 -3.701,65
O Anexo A apresenta os desenhos de projeto para as soluções propostas.
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4. AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE GLOBAL
Para uma melhor compreensão dos mecanismos que envolvem o comportamento
geotécnico do maciço, e de forma a contribuir com a formulação das diretrizes de
recuperação dos taludes em solo, foi realizado estudo de estabilidade global da área em
estudo.
O estudo de estabilidade dos taludes é feito a partir da avaliação do Fator de
Segurança, que visa caracterizar o risco de ruptura instantânea por meio do conceito de
equilíbrio limite, quando as tensões atuantes se igualam à resistência do solo.
O fator de segurança (FS) é o valor numérico da relação estabelecida entre a
resistência ao cisalhamento do solo e a resistência ao cisalhamento mobilizado para
garantir o equilíbrio do corpo deslizante, sob o efeito dos esforços atuantes.
O fator de segurança admitido neste estudo foi definido com base na ABNT NBR
11.682 (2009), segundo a qual o Fator de Segurança (FS) mínimo recomendado para
situação definitiva é de 1,5, conforme Figuras 3 a 5.
Figura 3: Fatores de segurança mínimos para deslizamentos. Fonte: ABNT NBR 11682/2009.
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Figura 4: Nível de segurança desejado contra a perda de vidas humanas. Fonte: ABNT NBR 11682/2009.
Figura 5: Nível de segurança desejado contra danos materiais e ambientais.
Fonte: ABNT NBR 11682/2009.
Para o estudo de estabilidade foi utilizado o software SLIDE 7.0 (Rocscience Inc.),
com base no Método do Equilíbrio Limite. O método utilizado foi o de Bishop Simplificado,
o qual considera em seus cálculos uma superfície de ruptura com forma circular.
O Anexo A apresenta em planta a localização da seção considerada
representativa do estudo em questão.
O Quadro 2 apresenta os parâmetros geotécnicos utilizados na simulação
numérica, os quais foram adotados com base na descrição apresentada no item 2.2.2. Os
valores dos parâmetros foram adotados segundo recomendações da NC-03 (1980).
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Quadro 2 - Parâmetros geotécnicos adotados no modelo numérico.
Descrição Parâmetros
γ' (kN/m3) c’ (kPa) φ’ (º) Aterro - Silte Areno Argiloso fofo a pouco
compacto 16,0 5 25
Areia pouco compacta a compacta 18,0 10 30 Silte Areno Argiloso compacto a muito
compacto 19,0 20 35
Para o estudo de estabilidade foi considerada a situação pré-execução da
reconformação proposta para os taludes em aterro compactado existentes no entorno da
área.
4.1. RESULTADO DA ANÁLISE DE ESTABILIDADE
A Figura 6 apresenta o fator de segurança obtido.
Figura 6: Fator de Segurança para a Seção avaliada.
De acordo com o resultado obtido, observa-se que o Fator de Segurança é superior
ao mínimo recomendado (FS ≥ 1,50) corroborando para uma satisfatória condição de
estabilidade do maciço.
Ressalta-se, entretanto, a necessidade em se executar, após a recomposição
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localizada do aterro, a proteção superficial do talude por meio de cobertura vegetal. A
cobertura vegetal tem como funções principais: aumentar a resistência das camadas
superficiais de solo pela presença de raiz; proteger as camadas contra erosão superficial e
reduzir a infiltração de água no solo (IPT, 1991).
5. DRENAGEM SUPERFICIAL
O projeto de drenagem corresponde ao detalhamento dos dispositivos de drenagem
superficiais e de obras de arte correntes, necessários à captação e condução das águas que
se relacionam com as instabilidades geotécnicas.
Um sistema de drenagem adequado deve prevenir a geração de poropressões, além
de proteger a estrutura contra a deterioração causada pela água. É vital que a estrutura
esteja protegida contra infiltração de água, a qual pode resultar em carregamentos
adicionais que podem causar deslizamento ou ruptura do solo.
Mesmo quando o terreno não possui um nível d’água, pode ocorrer presença de
água por infiltração na superfície, ou pela existência ou desenvolvimento de fluxo
subterrâneo, gerado, por exemplo, pela ruptura acidental de tubulações de água e esgoto.
Para proteger a estrutura contra os efeitos nocivos da água, algumas medidas preventivas
devem ser tomadas.
A prática usual recomenda a execução dos convencionais serviços de drenagem de
superfície.
Os elementos básicos necessários à elaboração do projeto foram definidos com base
nos estudos hidrológicos, nos estudos topográficos, no projeto geométrico e nas inspeções
de campo.
Para a concepção do presente projeto de drenagem foram considerados:
• Tipo de dispositivo;
• Localização; e
• Dimensão.
Para o presente projeto, foram previstas as seguintes atividades/execução de
dispositivos:
• Canaleta meia-cana em concreto; e
• Proteção superficial com grama.
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5.1. DIMENSIONAMENTO DOS DISPOSITIVOS
5.1.1. DETERMINAÇÃO DA DESCARGA DE PROJ ETO
Tendo em vista o documento IS-203 Estudos Hidrológicos em seu item 3.2.3,
apresentado em DNIT (2006), (itens a e b, os quais apresentam recomendações para
período de recorrência e tempo de concentração, respectivamente); levando-se em
consideração os seguintes fatores:
• Importância e segurança da obra;
• Estimativa de custos de restauração, na hipótese de destruição;
• Risco para as vidas humanas em face de acidentes provocados pela
destruição da obra;
• Outros fatores de ordem econômica.
E, considerando tratar-se de dimensionamento de dispositivos para obras de
drenagem superficial, será considerado o período de recorrência de 10 anos e tempo de
concentração igual a 10 minutos para cada dispositivo de drenagem a ser projetado.
O tempo de recorrência foi selecionado tendo em vista os valores usuais
apresentados em DNIT (2006) e apresentados no Quadro 3.
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Quadro 3 – Período de recorrência sugerido.
Fonte: DNIT (2006).
De acordo com a área total da bacia de contribuição, a metodologia utilizada na
determinação das descargas das bacias será conforme o Método Racional, conforme
apresentado na equação a seguir:
Q = c ∗ i ∗ A
3,6
Em que:
Q: Descarga máxima em (m³/s)
c: Coeficiente de deflúvio, considerado igual a 0,25 (DNIT, 2005)
i: intensidade da chuva (mm/h)
A: Área da bacia hidrográfica em (km²)
Para a definição do coeficiente de deflúvio (c), foram consideradas como
características das áreas das bacias tributárias, predominantemente, áreas gramadas.
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5.1.2. INTENSIDADE DE CHUVA CRÍTICA
Para o cálculo da intensidade da chuva, foi utilizada a equação de precipitação
intensa para a estação localizada em Garça/SP, por ser considerada a mais próxima da
região, obtida por meio do documento Precipitações Intensas no Estado de São Paulo,
DAEE (2018).
i t,T= 44,54 (t + 30)-0,8987 + 2,92 (t+10)-0,6051 [-0,4866 – 0,9132 lnln (T/T-1)]
Em que:
i t,T: intensidade da chuva, correspondente à duração t e período de retorno T, em
mm/min (mm/min);
t: tempo de concentração (min) - para 10 ≤ t ≤ 1440 min;
t = 10 min
T: Período de retorno (anos);
T = 10 anos (Quadro 5)
Os parâmetros utilizados resultam em:
i t,T = 2,365 mm/min
Desta forma, tem-se que a intensidade de chuva a ser utilizada no projeto é igual
a 141,9 mm/h.
Portanto, a descarga máxima para os elementos do projeto de drenagem
superficial será obtida por meio da equação abaixo:
Q = 0,25 ∗ 141,9 ∗ A
3,6
Em que:
Q: Descarga máxima em (m³/s)
A: Área da bacia hidrográfica em (km²)
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5.1.3. DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE DE VAZÃO
Considerando-se as dimensões dos dispositivos de drenagem, foi calculada a
capacidade de vazão em função da declividade longitudinal do greide.
Aplicando-se a fórmula de Manning, temos:
v = 1n∗ R2/3 ∗ I1/2
Q = A ∗ v (equação da continuidade)
Q = A ∗1n∗ R2/3 ∗ I1/2
Em que:
Q: Vazão de escoamento, em m³/s;
A: Área da seção molhada do canal, em m²;
v: Velocidade de escoamento, em m/s;
n: Coeficiente de rugosidade de Manning;
R: Raio hidráulico, em m e
I: Declividade do canal, em m/m.
5.1.4. VELOCIDADE MÁXIMA PERMISSÍVEL
O dimensionamento de cada dispositivo de drenagem está condicionado ao fator
velocidade, o qual não deve ultrapassar os valores pré-estabelecidos, função do tipo de
revestimento utilizado. Todos os dispositivos deverão receber o revestimento adequado,
conforme os estudos e verificação em função das velocidades máximas admissíveis.
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5.1.5. ANÁLISE DAS VAZÕES DE PICO DA BACIA
O Quadro 4 apresenta o resultado do cálculo da vazão para o dimensionamento
dos elementos de drenagem previstos em projeto.
Quadro 4: Cálculo da vazão para dimensionamento dos elementos de drenagem.
Sub-bacia A (m²) C* Q (m³/s) Q (L/s)
I - Meia-cana em concreto 3.700 0,25 0,036 36,5
5.1.6. PROJ ETO HIDRÁULICO DOS ELEMENTOS DO SISTEMA DE DRENAGEM SUPERFICIAL
I – Meia-cana em concreto
Figura 7: Parâmetros para a determinação do raio hidráulico e perímetro molhado.
Meia-cana em concreto:
( )8sen2 θθ −
= DS h e
( )4
sen1 θθ−
= DRh
Devem ser respeitadas também as seguintes condições:
• Altura livre mínima igual a 20% da lâmina líquida;
• Velocidade máxima de acordo com o material do canal (ver Quadro 5).
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Quadro 5: Velocidade máxima de escoamento.
Velocidade (m/s) Tipo de Material
0,23 a 0,3 Areia muito fina
0,3 a 0,46 Areia solta média
0,46 a 0,61 Areia grossa
0,61 a 0,76 Terreno arenoso comum
0,76 a 0,84 Terreno silte argiloso
0,84 a 0,91 Terreno de aluvião
0,91 a 1,14 Terreno argiloso compacto
1,14 a 1,22 Terreno argiloso duro
1,22 a 1,52 Solo cascalhado
1,52 a 1,83 Cascalho grosso e pedregulho
1,83 a 2,44 Rochas sedimentares moles-xistos
2,44 a 3,05 Alvenaria
3,05 a 4,00 Rochas compactas
4,00 a 6,00 Concreto
Fonte: PORTO (1999).
24
5.1.6.1. MEIA-CANA EM CONCRETO
25
6. ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
No presente projeto são aplicáveis como base as especificações gerais do
DNER/DNIT, a seguir relacionadas:
DNIT 104/2009-ES – Terraplenagem - Serviços preliminares
DNIT 108/2009-ES – Terraplanagem – Aterros
Complementarmente, são também aplicáveis as seguintes especificações
particulares:
6.1. EXECUÇÃO DOS ATERROS COMPACTADOS
Os materiais a serem utilizados na execução dos aterros devem atender às
seguintes especificações mínimas:
• Ser isento de matérias orgânicas, micáceas e diatomáceas. Não devem
ser constituídos de turfas ou argilas orgânicas;
• Não devem apresentar uma incidência de pedregulhos maior que 5%;
• Para efeito da execução do aterro, recomenda-se que os materiais
apresentem capacidade de suporte adequada (ISC ≥ 2%) e expansão
menor ou igual a 4%.
O lançamento do material para a construção dos aterros deve ser executado em
camadas sucessivas, de até 0,30m, e em extensões tais que permitam seu
umedecimento e compactação de acordo com as especificações de projeto. No caso do
solo lançado estar excessivamente úmido, deverá ser providenciada a sua aeração. Tal
aeração e exposição deverão ser feitas com revolvimento do solo com grade de disco e
secagem, se possível, à sombra.
Para o lançamento de uma nova camada sobre uma já executada, deverá ser feita
uma escarificação superficial da camada existente de modo a assegurar uma boa ligação
entre camadas.
No caso do solo estar excessivamente seco, deverá ser promovida a umectação
do mesmo com caminhão pipa e posterior homogeneização do solo com grade de discos.
Todas as camadas deverão ser convenientemente compactadas. Para o corpo
dos aterros, a compactação deve ser procedida com o solo na umidade ótima, até ±5%,
até se obter a massa específica aparente seca entre 93% e 98% da massa específica
seca máxima, definida no ensaio de PROCTOR NORMAL (ABNT NBR 7182/2016). Os
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trechos que não atingirem as condições mínimas de compactação deverão ser
escarificados, homogeneizados, levados à umidade adequada e novamente
compactados, de acordo com a massa específica aparente seca exigida.
O controle de compactação consiste na execução de, no mínimo, 2 (dois) ensaios
para cada 500m³ de solo compactado.
Durante a implantação, os serviços já executados deverão ser mantidos com boa
conformação e permanente drenagem superficial.
6.2. GEOTÊXTIL NÃO TECIDO
A especificação técnica mínima do geotêxtil não tecido é apresentada no Quadro
6.
Quadro 6: Especificação Técnica do Geotêxtil Não tecido.
Propriedade Método de ensaio Valor Mínimo Frequência Mínima de
Amostragem Resistência à tração – Transversal
ABNT NBR ISO 10319 21 kN/m
Por lote fornecido Alongamento na ruptura – Transversal 50%
Resistência à tração – Longitudinal ABNT NBR ISO 10319
21 kN/m
Alongamento na ruptura – Longitudinal 50%
Resistência ao Puncionamento – CBR ABNT NBR ISO 12236 4,50 kN Por lote fornecido
Matéria Prima 100% Poliéster (PET) n.a.
n.a.: não se aplica.
O FABRICANTE deverá possuir um sistema de controle de qualidade do material
durante a sua fabricação.
Além disso, deverá ser fornecido o Certificado de Controle de Qualidade de
Fabricação do material, garantindo as especificações técnicas exigidas, a quantidade de
bobinas fornecidas com as respectivas identificações de cada bobina, conforme prescrito
na ABNT NBR ISO 10320.
Os lotes deste material somente deverão ser liberados após a apresentação dos
resultados dos testes, sendo comprovadas que as amostragens atendem aos critérios
especificados.
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6.3. CANALETA MEIA-CANA
A canaleta meia-cana em concreto deverá ser implantada de acordo com as
características apresentadas nos Desenhos de Projeto (Anexo A).
6.4. COBERTURA VEGETAL
Os serviços de proteção vegetal consistem no plantio de grama com a finalidade
de proteger superficialmente as áreas expostas dos taludes (cortes e aterros),
proporcionando condições de resistência à erosão superficial.
A proteção vegetal será constituída por grama. Recomenda-se a utilização do
sistema de leivas, que consiste em placas de gramas já desenvolvidas e que são
transportadas para plantio no local desejado.
Para o bom desenvolvimento vegetal há necessidade de se espalhar, sobre o
talude a ser protegido, uma camada de solo de regularização/solo vegetal. Quando
necessária, a utilização de adubos e corretivos só deverá ser feita por meio de fórmulas
obtidas após a análise química do solo a ser protegido e da camada de solo de
regularização utilizada.
Deverão ser utilizadas leivas de porte baixo, de sistema radicular profundo e
abundante, de preferência nativas ou adaptadas à região. Deverão ter dimensões
uniformes, sendo extraídas por processo manual ou mecânico. O plantio deverá ser
preferencialmente feito 2 (dois) meses antes do período de chuvas e ser seguido por
irrigação.
Quando houver necessidade, a irrigação deverá ser feita com equipamento
aspersor, não sendo admitidos métodos que possam comprometer a estabilidade dos
maciços. A irrigação será processada à medida que as leivas forem implantadas.
No caso de não aceitação dos serviços, deverá ser providenciado o replantio.
A fixação da grama em leivas poderá ser realizada por meio de ripas de madeira
ou bambu, grampos de ferro, estacas de madeira etc., após cobertura com uma camada
de solo, devidamente compactada levemente com soquete de madeira ou de ferro.
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7. QUANTITATIVO E ESTIMATIVA DE ORÇAMENTO
Para obtenção dos custos unitários dos serviços previstos no Projeto foram
utilizadas as composições de custo do Sistema Nacional de Preços e Índice da
Construção Civil (SINAPI), com data base de agosto de 2020/SP.
O Anexo B apresenta o Quantitativo e a estimativa de orçamento.
Araraquara, 29 de setembro de 2020.
Engº Arthur Lima Rocha Engº Civil Responsável – ALTI Engenharia
CREASP: 5069682357
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EQUIPE TÉCNICA
• Thelma Sumie Maggi Marisa Kamiji – Engenheira Civil, Mestre em Geotecnia
• Lucas Bezerra Costa – Tecnólogo em Construção Civil - Edificações
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ABNT, 2009. ______. NBR ISO 10319: Geossintéticos — Ensaio de tração faixa larga. Rio
de Janeiro, ABNT, 2013. ______. NBR ISO 12236: Geossintéticos — Ensaio de puncionamento
estático (punção CBR). Rio de Janeiro, ABNT, 2013. ______. NBR 7182: Solo - Ensaio de compactação. Rio de Janeiro: ABNT,
2016. ______. NBR 9895. Solo - Índice de suporte Califórnia (ISC) - Método de
ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 2017. ______. NBR ISO 10320: Geotêxteis e produtos correlatos – Identificação na
obra. Rio de Janeiro, ABNT, 2018. DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES.
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Serviço. Rio de Janeiro, Brasil. DNIT, 2009. ______. DNIT 104/2009-ES – Terraplenagem – Serviços Preliminares –
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set. 2020.
31
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______. Precipitações intensas no Estado de São Paulo. São Paulo:
DAEE/CTH, 2018. 246p.
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ANEXO A - PLANTAS
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ANEXO B – QUANTITATIVO E ESTIMATIVA DE ORÇAMENTO