Relatório de Grupo 1º semestre/2019 - Escola do...
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No Meio do Caminho*
Carlos Drummond de Andrade
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas
Nunca me esquecerei que no meio do
caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.
*Poesia inspiração para o início dos trabalhos com o tema do
ano da Escola do Sítio em 2019:
“LIXO – o que (não) fazer com o que nos resta?”
No Meio do 1º ano
Mariana Valois e Juliana Pertilli
No meio do 1º ano tinha uma turma
Tinham alunos queridos no meio do 1º ano
Tinha uma lâmpada mágica
No meio do lâmpada tinha um gênio
Nunca nos esqueceremos desse acontecimento
Na vida de nossa trajetória como professoras
Nunca nos esqueceremos que nessa turma do 1º
ano
Tentamos tirar um gênio da lâmpada
Tinham expectativas, curiosidades, conhecimentos,
aprendizados, vontades, vivências e participação
ativa de muitas pessoas
No meio do caminho sempre encontraremos algo
para nos ensinar, para aprender
A Lâmpada Mágica
Chegou inesperadamente um objeto em um dia em que não esperávamos por nada diferente.
Batidas na porta, ninguém por perto. Ao abrir: uma lâmpada, tecidos esvoaçantes e um mini tapete. Nenhuma
pista, além de um vento forte que muitos ouviram passar.
Quem trouxe? De onde veio? Seria para nós?
Mais que depressa a turma se apropriou da lâmpada e muitos questionamentos começaram a surgir: “Quem
mora aí dentro?”, “Se esfregar pode fazer um pedido?”
“Mari, Ju... como faz para o gênio aparecer?”
Todos os dias as crianças chegavam à escola e iam direto olhar a lâmpada na expectativa de ter acontecido
algo.
Um dia, de dentro dela, uma fumaça cheirosa saiu...
Relatório de Grupo – 1º semestre/2019
Turma: 1º ano
Professora: Mariana Valois
Professora auxiliar: Juliana Pertilli
Coordenadora: Lucy Ramos Torres
Quem inventava mais, os alunos ou as professoras? A tentativa de colocar um incenso aceso dentro da
lâmpada enquanto as crianças lanchavam deu tudo errado. Professora Mariana ficou presa na classe, as crianças
batiam na porta, empurravam e para não acabar com a magia do momento aconteceu um lapso de sono profundo
que espantou a todos. Ufa! Salvas por uma boa ideia.
Desde então a ideia que centrava a todos era de tentar tirar esse ser misterioso de dentro da lâmpada.
Começamos a nos aprofundar em contos e histórias da Arábia: “Sherazade e as Mil e Uma Noites”, “Aladin e
a Lâmpada Maravilhosa”. Não é que em uma das tantas histórias contadas, o gênio consegue sair da lâmpada no meio
de um aniversário bem na hora dos parabéns! Eis que, os aniversários temáticos com direito a colocar a lâmpada perto
do bolo começaram a aparecer!?!
E a nossa imaginação, juntamente com a colaboração dos pais, trouxe até esses momentos, fumaças coloridas
que saiam por trás da mesa do bolo. Uauuu! Como poderíamos prever que as crianças se encantariam tanto com esse
objeto?
Bilhetes, cartinhas e assim começamos a nos comunicar com esse gênio misterioso.
Ao longo do processo, criou-se um projeto. Com o auxílio de todos, muito aprendemos, vivenciamos e
descobrimos.
*Tentando abrir o portal mágico* * Lâmpada manchada de azul após a saída de fumaça no aniversário do Paulo*
*Lâmpada perto dos cogumelos mágicos* * Mistura de flores dentro da lâmpada para tentar fazer com que o gênio saísse*
*Chá do Gênio*
*Portal da árvore da Bruxa e as chaves mágicas*
A infância tem uma característica muito forte que é marcada pelo brincar. E é brincando, especialmente pelo
jogo simbólico, que a criança pode reviver situações cotidianas possibilitando a compreensão e a reorganização das
suas estruturas mentais. Assim, o jogo simbólico é a representação corporal do imaginário predominando a fantasia,
prendendo a criança à realidade. A criança com sua imaginação pode modificar a sua vontade usando o “faz de conta”,
mas quando expressa corporalmente as atividades, precisa respeitar a realidade concreta e as relações com o mundo.
É através do jogo simbólico que a criança cria um mundo imaginário, podendo assim, representar através de
brincadeiras suas insatisfações e sentimentos que a incomodam em sua vida real. Desta maneira, o brincar perpassa
tanto o conhecimento de mundo quanto a formação pessoal e social.
O exercício da autonomia, no jogo simbólico, é uma característica intrínseca a prática. Ao compartilhar
momentos de convivência sem ter unicamente o adulto como condutor das ações, os alunos tornam-se protagonistas
de sua própria aprendizagem.
Por meio dessas brincadeiras, as crianças tem a possibilidade de representar o mundo em suas cabeças,
estimulando o pensamento imaginativo e representando corporalmente esse imaginário, o que vê e como interpreta
o que a cerca. Segundo Adriana Klisys e Edi Fonseca (2008), “A imaginação (imagem em ação), amplamente estimulada
no jogo simbólico, é uma capacidade que caracteriza o ser humano, que o diferencia das demais espécies. Figuras
(imagem) de super-heróis, pais, profissionais e seres fantásticos são vivenciadas na atuação da criança em seu faz-de-
conta (ação).”
Desta maneira, o brincar perpassa tanto o conhecimento de mundo quanto a formação pessoal e social.
Vamos tirar o Gênio da Lâmpada?
O grande convite chegou. As famílias que tivessem disponibilidade e interesse poderiam se inscrever para
trazer a nós algumas de suas habilidades para a tentativa de retirar o Gênio da Lâmpada.
Para nossa boa surpresa, a maioria das famílias se inscreveu. Vivenciamos diferentes linguagens: música,
ciências, artes plásticas, fotografia, dança, geografia, culinária, contação de piadas, apresentação de mágicas.
“Ei, gênio, cadê você?
Eu vim aqui só pra te ver”
(Refrão da música criada pela turma e musicada pelo professor Saulo -educação musical)
Músicas foram criadas: pelas crianças, por pai de aluna, pela professora de inglês em conjunto com a turma.
Não foi por falta de cantar e dançar que esse gênio deixou de aparecer. Teve a história da dança do véu, o hip-hop
genial, que sacudimos o nosso esqueleto. Tudo isso norteou o semestre. Queriam dançar, cantar, relembrar tudo o
que tinha sido vivenciado anteriormente.
Experiências químicas fantásticas trazidas por pais que deixaram até as professoras surpresas com as
transformações. Garrafa borbulhante que mostrava se havia ou não gênio habitando a lâmpada, que reagia quando
virávamos a lâmpada na boca da garrafa. Que tal colocar um pó na lâmpada e junto dele ser retirado pedacinhos do
gênio que assim que jogados em um líquido mágico fazia com que os balões se enchessem e ao estourá-lo o que mais
chegou perto de parecer ser algo do gênio foi um xixizinho que escorreu ao “bum” de um dos balões. Também tivemos
uma aula sobre PH que nos mostrava a acidez e a neutralidade dos produtos. Com isso, a base de corante natural,
feita com água, álcool e repolho roxo mudava de cor dependendo do que era colocado como reagente. Não sei se
fomos legais com o gênio, mas ele deu um mergulho dentro de uma super mistura de coisas, além de ter sido
submetido a raios laser de cores diferentes e poeira de giz de lousa. Coitadinho, esse dia ele deve ter se escondido em
um cantinho da lâmpada.
A história da fotografia, técnicas de pintura, areias coloridas, recados em forma de pistas, confecção de slime,
tudo com o propósito de encantar o gênio e convidá-lo a dar um oizinho para nós.
Quem já ouviu falar em técnicas de extração genuínica? Pois bem, um pai veio com suas ferramentas e
equipamentos de sucção tentar de qualquer maneira fazer o gênio sair de lá. Fosse pela potência de seus
equipamentos ou por medo mesmo de ser cortado ao meio por uma serra elétrica de verdade!!!
Recebemos um pai Mago, que trabalhou com fumaças coloridas. Pensamos que esta foi a vez que mais
chegamos perto de nos aproximar do gênio. Quando a fumaça azul subiu ficou presa na árvore e com medo que se
dissipasse ao céu e se transformasse em mais uma nuvem, logo pedimos ao Mago que revertesse a magia e ele
rapidamente com o poder da fumaça cor de rosa fez com que o gênio retornasse à lâmpada. Pesquisar sobre a origem
dos magos, as escolas de magia e a diferenciação desses estudiosos com os bruxos foi de imenso interesse entre os
alunos. Descobrimos coisas bem interessantes, entre elas, que os magos utilizam elementos da natureza para fazer
seus feitiços e que jamais fazem o mal para o outro, sempre buscam o bem.
Pudemos rir com uma sessão de piadas que aguçou na turma a vontade em pesquisar, contar e conhecer novas
piadas. Juntamente com números de mágica que deixaram todos muito curiosos para descobrir os segredos.
Seria o gênio de outro Planeta? Vamos estudar quem são esses planetas, se há vida, qual a distância da Terra,
as características e com isso fizemos um passeio de estudo ao Planetário de Campinas que auxiliou no enriquecimento
de nossas pesquisas.
O que esse gênio mais fez morando dentro da lâmpada foi comer! Comeu bolo, salgadinho de festa, pipoca
então! Tivemos uma culinária especial para compor o cardápio do aniversário de uma aluna da turma. Cup Cakes
Geniais. Acreditem, nem assim o gênio saiu para dar uma espiadinha. Ou, como supuseram as crianças, ele comeu
tanto que entalou de tão gordinho que ficou!
Mãe geneticista? Sim, nós temos!!! E ganhamos uma aula sobre genética de tirar o chapéu, pudemos
presenciar também a retirada de uma amostra do que continha dentro da lâmpada que foi submetida a um exame
criterioso de DNA, o qual apresentou como resultado que dentro da lâmpada habitava mesmo um gênio que foi
formado por desejos de 17 crianças, com direito a super explicações de poderes e diferenciando-o do DNA de meninos
e meninas humanos.
Princesas Esquecidas e Desconhecidas
Algumas princesas, tomam conta de um espaço significativo do conhecimento infantil. É natural, é o que temos
de lembrança da nossa infância enquanto professoras e que acaba se repetindo na infância das crianças. Jasmine, a
princesa de Alladin foi bastante citada pela turma em nossas pesquisas, mas também buscamos abrir o conhecimento
para outros mundos mágicos e encantadores.
Um aluno nos trouxe um livro muito interessante, chamado “Um Bairro Encantado” (Rosana Rios), que trazia
uma narrativa engraçada e divertida dos personagens mais conhecidos dos contos de fadas que moravam no mesmo
bairro e viviam situações do cotidiano. Em uma das passagens, Jasmine estava grávida e pedia que o gênio da lâmpada
realizasse seus desejos como taças de morango com creme e chantili, parquinho de diversão para o filho que ia nascer,
até que o gênio se cansou dos pedidos considerados por ele como “futeis” e resolver mudar de amo (...); uma outra
passagem nos trouxe como as princesas Cinderela, Branca de Neve e Rapunzel deixavam-se ser unicamente
comandadas pelos príncipes e o quanto infelizes eram por não terem suas vontades respeitadas. Por exemplo, o
sapatinho de cristal de Cinderela apertava muito o seu pé, mas o príncipe insistia que ela fosse a todas as festas
calçadas com ele.
Compreendendo a importância de ampliar este olhar, buscamos títulos que traziam uma outra realidade de
princesas, que não deixavam de ser princesas por serem imperfeitas (como todos nós somos), por serem mais velhas,
por terem gostos estranhos e o livro “Princesas Esquecidas e Desconhecidas” (Philippe Lechermeier), foi lido para a
turma que interagia com cada personagem que se apresentava naquela narrativa. No livro apareceram principalmente
princesas esquecidas, princesas injustamente ignoradas. Mas não é só. Há histórias, anedotas, segredos e retratos. Há
coisas que fazem rir, que dão medo, e outras ainda que nos fazem sonhar. Mas não é só. Não há só princesas. Há
também pedrinhas, sombrinhas e beijos. Jardins, um príncipe, borboletas negras. Um planisfério, mistérios. E amor.
Como sempre. Mas não é só. O livro fala de princesas como nunca antes se falou, mostra-as de uma forma como nunca
as vimos.
Foi gostoso ver o quanto as crianças começaram a se identificar com as características dos personagens e
como foram se encontrando. Outros títulos também nos ajudaram neste processo como “A Ervilha que não era Torta,
mas Deixou Uma Princesa Assim” (Maria Amélia Camargo), “A Lua e a Princesa” (Daisaku Ikeda), “R a Princesinha”
(Ziraldo), “A Festa da Princesa, que Beleza!” (Elias José), “Princesa Dona Sapa” (Sônia Junqueira), “Até as Princesas
Soltam Pum” ( Ilan Brenman), “O Mundo Black Power de Tayó” ( Kuisam de Oliveira).
Planeta Alfabeto
Quem passou pela turma do 1º ano aqui na Escola do Sítio nos últimos 10 anos visitou o “Planeta Alfabeto”.
Lugar imaginário onde habitavam linhas retas e linhas curvas, que depois de uma explosão se uniram e formaram as
26 letras do alfabeto. Quem dentro dele está é capaz de escrever o que quiser, basta conhecer o nome de cada uma
das letras, seu formato, seus sons, famílias silábicas e brincando de desvendar esse lugar vamos trazendo ao grupo o
conhecimento através de um método de alfabetização conhecido como fônico.
*Introdução da história “Planeta Alfabeto”*
*Passando pelo Portal do “Planeta Alfabeto”
*Ditado Explosivo*
O método fônico é qualquer sistema de alfabetização que relacione fonemas e grafemas. Na nossa classe,
buscamos trazê-lo de forma significativa associando com os projetos em andamento. Sendo assim, chegamos ao
“Planeta Alfabeto”e ao estudo das letras a partir de uma viagem imaginária que fizemos com o tapete Mágico do
Aladin e sobrevoamos este local (também imaginário), mas trazendo materiais concretos que representavam o tapete,
o gênio, os habitantes do planeta, as brigas, o metóro, conseguimos arrematar a história dentro do contexto de
interesse dos alunos.
Segundo Emília Ferreiro, a construção do conhecimento da leitura e da escrita tem uma lógica individual,
embora aberta à interação social, na escola ou fora dela. No processo, a criança passa por etapas, com avanços e
recuos, até se apossar do código linguístico e dominá-lo. O tempo necessário para o aluno transpor cada uma das
etapas é muito variável. Duas das consequências mais importantes do construtivismo para a prática de sala de aula
são respeitar a evolução de cada criança e compreender que um desempenho mais vagaroso não significa que ela seja
menos inteligente ou dedicada do que as demais. Outra noção que se torna importante é que o aprendizado não é
provocado pela escola, mas pela própria mente das crianças e, portanto, elas já chegam a seu primeiro dia de aula
com uma bagagem de conhecimentos.
O princípio de que o processo de conhecimento por parte da criança deve ser gradual corresponde aos
mecanismos deduzidos por Jean Piaget, segundo os quais cada salto cognitivo depende de uma assimilação e de uma
reacomodação dos esquemas internos, que necessariamente levam tempo. É por utilizar esses esquemas internos, e
não simplesmente repetir o que ouvem, que as crianças interpretam o conhecimento recebido. No caso da
alfabetização, isso implica uma transformação da escrita convencional dos adultos. Para o construtivismo, nada mais
revelador do que o funcionamento da mente de um aluno do que seus supostos erros, porque evidenciam como ele
“releu” o conteúdo aprendido. O que as crianças aprendem não coincide com aquilo que lhes foi ensinado.
Com base nesses pressupostos, Emília Ferreiro critica a alfabetização tradicional, porque julga a prontidão das
crianças para o aprendizado da leitura e da escrita por meio de avaliações de percepção (capacidade de discriminar
sons PARA PENSAR e sinais, por exemplo) e de motricidade (coordenação, orientação espacial etc.). Dessa forma, dá-
se peso excessivo para um aspecto exterior da escrita (saber desenhar as letras) e deixa-se de lado suas características
conceituais, ou seja, a compreensão da natureza da escrita e sua organização. Para os construtivistas, o aprendizado
da alfabetização não ocorre desligado do conteúdo da escrita.
É por não levar em conta o ponto mais importante da alfabetização que os métodos tradicionais insistem em
introduzir os alunos à leitura com palavras aparentemente simples e sonoras (como babá, bebê, papa), mas que, do
ponto de vista da assimilação das crianças, simplesmente não se ligam a nada. Segundo o mesmo raciocínio
equivocado, o contato da criança com a organização da escrita é adiado para quando ela já for capaz de ler as palavras
isoladas, embora as relações que ela estabelece com os textos inteiros sejam enriquecedoras desde o início.
Compreender a escrita interiormente significa compreender um código social. Por isso, segundo Emília Ferreiro, a
alfabetização também é uma forma de se apropriar das funções sociais da escrita. De acordo com suas conclusões,
desempenhos díspares apresentados por crianças de classes sociais diferentes na alfabetização não revelam
capacidades desiguais, mas o acesso maior ou menor a textos lidos e escritos desde os primeiros anos de vida.
Segundo os construtivistas, não se aprende por pedacinhos, mas por mergulhos em conjuntos de problemas
que envolvem vários conceitos simultaneamente e é por acreditarmos nisso, que nós professoras alfabetizadoras da
Escola do Sítio trabalhamos desta maneira, acreditando que estando a criança segura em si e os conceitos sendo
trazidos de uma maneira significativa o resultado não pode ser outro além de uma alfabetização tranquila, linear e
construtiva.
Escolhemos trabalhar com palavras chave de grande importância e de fácil relação com o dia a dia das crianças
para nortear o nosso trabalho. Então a cada letra estudada, temos algo que se fez e/ou se faz significativo ao grupo
entre outras palavras que descobrimos ao longo do processo de estudo. Ex: letra F – FESTA JUNINA / letra L – LÂMPADA
MÁGICA / letra E – ESTRELA DE CARAMBOLA (dia em que uma aluna trouxe carambolas colhidas na casa dela para
compartilhar com o grupo) – letra G – GÊNIO DA LÂMPADA e GUILHERME (nome dado ao boneco de pano
confeccionado pela turma para a festa junina e será utilizado no próximo semestre) / letra C – COELHO e CENOURINHA
(nome da coelhinha de uma aluna que veio nos visitar um dia desses).
Mercadinho do 1º ano
Que lugar é esse de onde o gênio da lâmpada veio?
Essa foi a pergunta feita pela professora Eleonora Dantas aos alunos do 1º ano. Eleonora está na equipe da
Escola do Sítio há um tempo e agora tem auxiliado também as professoras com um olhar mais apurado voltado para
a matemática.
Recebemos Eleonora com muito carinho em nossa classe algumas vezes durante o semestre e ela pôde dar o
pontapé inicial neste projeto.
Quando Nora chegava, as crianças queriam contar para ela sobre as vivências das tentativas em retirar o gênio
da lâmpada. Nora aproveitou o interesse dos alunos por este tema e introduziu a história dos algarismos numéricos
que veio da Arabia. Também começamos a pensar e fazer comparativos de como era a vida na época e local em que
viveu Aladin e os nossos dias de hoje.
As feiras, mercados livres e trocas de mercadoria entre as pessoas, foi o que nos chamou a atenção diante da
nossa realidade, onde vivemos rodeados por supermercados que em sua maioria oferecem alimentos industrializados,
embalados. Falamos sobre o despedício e o lixo gerado com as embalagens.
Pudemos compreender como as pessoas de antigamente na Arábia conseguiam comer, ter as coisas e a
equivalência dos produtos conforme a quantidade e necessidade desses.
Será que o Gênio da Lâmpada não quer sair de lá por conta do lugar que habitamos ser tão diferente do local
de onde ele veio? Seriam os alimentos industrializados, ou o excesso de lixo produzido por nós?
Muito questionamos em relação a todos esses pontos e o interesse pelos mercados cresceu de tal forma que
nos aproveitamos desse espaço de estudo para trazer ao grupo o conceito de classificação e assim trabalhamos com
diferentes possibilidades de classificar. Para esta turma, o concreto ainda se faz necessário e é o que traz significado
dentro do aspecto lógico. Sendo assim, pensamos em trabalhar e sugerimos a construção do nosso próprio mercado.
Trouxemos muitas revistas e folhetos de ofertas e as crianças recortavam e depois colavam na “prateleira” correta de
acordo com a classificação. Classificavam, reclassificavam e perceberam que o mesmo produto pode caber em
diferentes classificações.
As crianças tendem ainda a levar muitas coisas para o jogo simbólico, então, essas atividades nada mais eram
para eles que uma brincadeira divertida de mercadinho, onde escolhiam nomes para o mercado, faziam votações,
contavam os votos, criavam panfletos e cartazes de promoção, tentavam trocar produtos entre os grupos.
Na matemática trabalhamos também com os conceitos de sequência numérica, em que o jogo da “galinha do
vizinho” nos auxiliou bastante, trabalhamos com trocas e equivalências com o jogo “nunca 3”, a compreensão do
calendário e representação através de data numérica, com ano, meses e dias. A observação do dia de nascimento de
cada um para saber quem é mais novo e mais velho entre si. A leitura e escrita dos numerais de dois algarismos.
Iniciamos a problemática de uma forma mais simples envolvendo as noções de soma e subtração, a qual no próximo
semestre será trabalhada de uma forma mais sistematizada. Construção de desenhos utilizando barrinhas de madeira,
como também contagem e quantificação numérica.
Festa Junina
Em volta da fogueira, as pessoas se reúnem pra ouvir histórias, de geração para geração.
Os 4 reinos, guiados pelos elementos da natureza, compartilharam essas histórias com os seus diferentes
personagens: Gerreiros e Guerreiras; Reis e Rainhas; Príncipes e Princesas; Magos e Feiticeiras; Sábios e Sábias, que
vieram da África, na época em que o Brasil foi descoberto pelos Portugueses.
O Ciclo I (turmas do 1º, 2º e 3º anos), se inspirou na parte mais bonita desta história, em que os valores e os
saberes desse povo nos trouxeram muitas riquezas, ampliando o conhecimento de toda a população. Foi a festa da
coroação!
O corpo do Ciclo I mostrou a Arte dessa História, em um bonito Maracatu.
Chegaram unindo: fogo, água, terra e ar.
Sendo um coletivo, essenciais e necessários uns para os outros.
Ficamos felizes por tê-los junto a nós, nessa grande roda em volta da fogueira.
Muitos foram os estudos que tiveram como ponto de partida o conhecimento do grupo campineiro
“Urucungos Puítas e Quijengues” e a compreensão da trajetória dos negros para o nosso país. Falamos sobre a
escravidão, os navios negreiros, a sabedoria dos povos trazidos para cá e submetidos ao trabalho forçado em troca de
quase nada e o quanto nosso país lucrou com o conhecimento deles. Algumas histórias e lendas africanas foram lidas
e a partir desse conhecimento, buscamos juntar o que cada uma das turmas envolvidas estava trabalhando, assim,
escolhemos agregar ao reino que não precisa ser tão mágico assim com os elementos da natureza, a cultura popular
brasileira e construímos dia a dia, com muito diálogo e uma escuta atenciosa aos alunos o roteiro da nossa dança.
Juntamente com este processo recebemos um convite de confeccionarmos bonecos para fazer parte da
decoração da escola no dia da Festa Junina. A turma ficou feliz e empolgada com o desafio. Contamos com o auxílio
da nossa coordenadora Lucy para ajudar com o molde e a costura das partes e depois ficou tudo por nossa conta.
Guilherme e Alice foram nomeados pelo grupo após uma votação de nomes e exerceram a função de recepcionar os
nossos convidados com muita graciosidade e alegria.
Pensando em alguns conteúdos a serem explorados e estudados no próximo semestre, acreditamos que tê-lo
entre nós, fazendo parte do nosso grupo, será de grande valia.
Ganhamos dois novos amigos nessa etapa!
Metade do ano já se passou e passou tão rápido que a gente até se assusta ao saber que esse semestre está acabando.
Resultados e Desejos
Quando questionamos o grupo sobre se o desfecho do gênio da lâmpada foi o que eles esperavam, a grande
maioria responde que não, que havia um desejo de conhecer esse gênio. Mas se pensarmos que o conhecemos
provavelmente mais não o vendo pessoalmente, do que se ele tivesse saído nas primeiras ou até na última tentativa,
pode ser um bom indício de reflexão.
Vejam só o quanto estudamos, aprendemos coisas novas, tivemos o privilégio de estarmos postos a diferentes
vivências, a trazermos para a roda de conversas diferentes hipóteses, perguntas. O quanto isso aguçou a imaginação
dessas crianças...
Não duvido que esse gênio tenha florescido no coração de cada um. A cada momento um desejo surgia, uma
vontade especial, de saudades ou de precisar de um colo. Uma conversa, as descobertas do que vale mais a pena ter.
Ser ou ter? Às vezes somente o ter não nos fortalece tanto quanto o ser e fomos, somos!
Somos pessoas prontas a aprender muito, a ensinar, a trocar saberes, a compreender que a estar nesse grupo
é um privilégio. Ao menos, a nós enquanto professoras, é um imenso prazer aprender todos os dias um pouquinho
mais ao lado dessas crianças.
Somos a turma da Lâmpada Mágica , somos os desvendadores do Gênio, somos um, somos todos. Somos
grupo, coletivo, equipe, que jogamos juntos e ganhamos juntos.
Que feliz pertencer a este momento.
Que os desejos ao gênio permeiem a vida de todos, sempre e para sempre!
Acreditando que se a gente quer muito uma coisa, podemos fazê-la acontecer!
Desejamos ótimas férias e esperamos reencontrá-los com a energia recarregada (e as nossas também) em
agosto!
Mari e Ju