Relatório de Grupo 1º semestre/2019 - Escola do...

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No Meio do Caminho* Carlos Drummond de Andrade No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra Nunca me esquecerei desse acontecimento Na vida de minhas retinas tão fatigadas Nunca me esquecerei que no meio do caminho Tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra. *Poesia inspiração para o início dos trabalhos com o tema do ano da Escola do Sítio em 2019: LIXO o que (não) fazer com o que nos resta?No Meio do 1º ano Mariana Valois e Juliana Pertilli No meio do 1º ano tinha uma turma Tinham alunos queridos no meio do 1º ano Tinha uma lâmpada mágica No meio do lâmpada tinha um gênio Nunca nos esqueceremos desse acontecimento Na vida de nossa trajetória como professoras Nunca nos esqueceremos que nessa turma do 1º ano Tentamos tirar um gênio da lâmpada Tinham expectativas, curiosidades, conhecimentos, aprendizados, vontades, vivências e participação ativa de muitas pessoas No meio do caminho sempre encontraremos algo para nos ensinar, para aprender A Lâmpada Mágica Chegou inesperadamente um objeto em um dia em que não esperávamos por nada diferente. Batidas na porta, ninguém por perto. Ao abrir: uma lâmpada, tecidos esvoaçantes e um mini tapete. Nenhuma pista, além de um vento forte que muitos ouviram passar. Quem trouxe? De onde veio? Seria para nós? Mais que depressa a turma se apropriou da lâmpada e muitos questionamentos começaram a surgir: “Quem mora aí dentro?”, “Se esfregar pode fazer um pedido?” “Mari, Ju... como faz para o gênio aparecer?” Todos os dias as crianças chegavam à escola e iam direto olhar a lâmpada na expectativa de ter acontecido algo. Um dia, de dentro dela, uma fumaça cheirosa saiu... Relatório de Grupo 1º semestre/2019 Turma: 1º ano Professora: Mariana Valois Professora auxiliar: Juliana Pertilli Coordenadora: Lucy Ramos Torres

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No Meio do Caminho*

Carlos Drummond de Andrade

No meio do caminho tinha uma pedra

Tinha uma pedra no meio do caminho

Tinha uma pedra

No meio do caminho tinha uma pedra

Nunca me esquecerei desse acontecimento

Na vida de minhas retinas tão fatigadas

Nunca me esquecerei que no meio do

caminho

Tinha uma pedra

Tinha uma pedra no meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra.

*Poesia inspiração para o início dos trabalhos com o tema do

ano da Escola do Sítio em 2019:

“LIXO – o que (não) fazer com o que nos resta?”

No Meio do 1º ano

Mariana Valois e Juliana Pertilli

No meio do 1º ano tinha uma turma

Tinham alunos queridos no meio do 1º ano

Tinha uma lâmpada mágica

No meio do lâmpada tinha um gênio

Nunca nos esqueceremos desse acontecimento

Na vida de nossa trajetória como professoras

Nunca nos esqueceremos que nessa turma do 1º

ano

Tentamos tirar um gênio da lâmpada

Tinham expectativas, curiosidades, conhecimentos,

aprendizados, vontades, vivências e participação

ativa de muitas pessoas

No meio do caminho sempre encontraremos algo

para nos ensinar, para aprender

A Lâmpada Mágica

Chegou inesperadamente um objeto em um dia em que não esperávamos por nada diferente.

Batidas na porta, ninguém por perto. Ao abrir: uma lâmpada, tecidos esvoaçantes e um mini tapete. Nenhuma

pista, além de um vento forte que muitos ouviram passar.

Quem trouxe? De onde veio? Seria para nós?

Mais que depressa a turma se apropriou da lâmpada e muitos questionamentos começaram a surgir: “Quem

mora aí dentro?”, “Se esfregar pode fazer um pedido?”

“Mari, Ju... como faz para o gênio aparecer?”

Todos os dias as crianças chegavam à escola e iam direto olhar a lâmpada na expectativa de ter acontecido

algo.

Um dia, de dentro dela, uma fumaça cheirosa saiu...

Relatório de Grupo – 1º semestre/2019

Turma: 1º ano

Professora: Mariana Valois

Professora auxiliar: Juliana Pertilli

Coordenadora: Lucy Ramos Torres

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Quem inventava mais, os alunos ou as professoras? A tentativa de colocar um incenso aceso dentro da

lâmpada enquanto as crianças lanchavam deu tudo errado. Professora Mariana ficou presa na classe, as crianças

batiam na porta, empurravam e para não acabar com a magia do momento aconteceu um lapso de sono profundo

que espantou a todos. Ufa! Salvas por uma boa ideia.

Desde então a ideia que centrava a todos era de tentar tirar esse ser misterioso de dentro da lâmpada.

Começamos a nos aprofundar em contos e histórias da Arábia: “Sherazade e as Mil e Uma Noites”, “Aladin e

a Lâmpada Maravilhosa”. Não é que em uma das tantas histórias contadas, o gênio consegue sair da lâmpada no meio

de um aniversário bem na hora dos parabéns! Eis que, os aniversários temáticos com direito a colocar a lâmpada perto

do bolo começaram a aparecer!?!

E a nossa imaginação, juntamente com a colaboração dos pais, trouxe até esses momentos, fumaças coloridas

que saiam por trás da mesa do bolo. Uauuu! Como poderíamos prever que as crianças se encantariam tanto com esse

objeto?

Bilhetes, cartinhas e assim começamos a nos comunicar com esse gênio misterioso.

Ao longo do processo, criou-se um projeto. Com o auxílio de todos, muito aprendemos, vivenciamos e

descobrimos.

*Tentando abrir o portal mágico* * Lâmpada manchada de azul após a saída de fumaça no aniversário do Paulo*

*Lâmpada perto dos cogumelos mágicos* * Mistura de flores dentro da lâmpada para tentar fazer com que o gênio saísse*

*Chá do Gênio*

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*Portal da árvore da Bruxa e as chaves mágicas*

A infância tem uma característica muito forte que é marcada pelo brincar. E é brincando, especialmente pelo

jogo simbólico, que a criança pode reviver situações cotidianas possibilitando a compreensão e a reorganização das

suas estruturas mentais. Assim, o jogo simbólico é a representação corporal do imaginário predominando a fantasia,

prendendo a criança à realidade. A criança com sua imaginação pode modificar a sua vontade usando o “faz de conta”,

mas quando expressa corporalmente as atividades, precisa respeitar a realidade concreta e as relações com o mundo.

É através do jogo simbólico que a criança cria um mundo imaginário, podendo assim, representar através de

brincadeiras suas insatisfações e sentimentos que a incomodam em sua vida real. Desta maneira, o brincar perpassa

tanto o conhecimento de mundo quanto a formação pessoal e social.

O exercício da autonomia, no jogo simbólico, é uma característica intrínseca a prática. Ao compartilhar

momentos de convivência sem ter unicamente o adulto como condutor das ações, os alunos tornam-se protagonistas

de sua própria aprendizagem.

Por meio dessas brincadeiras, as crianças tem a possibilidade de representar o mundo em suas cabeças,

estimulando o pensamento imaginativo e representando corporalmente esse imaginário, o que vê e como interpreta

o que a cerca. Segundo Adriana Klisys e Edi Fonseca (2008), “A imaginação (imagem em ação), amplamente estimulada

no jogo simbólico, é uma capacidade que caracteriza o ser humano, que o diferencia das demais espécies. Figuras

(imagem) de super-heróis, pais, profissionais e seres fantásticos são vivenciadas na atuação da criança em seu faz-de-

conta (ação).”

Desta maneira, o brincar perpassa tanto o conhecimento de mundo quanto a formação pessoal e social.

Vamos tirar o Gênio da Lâmpada?

O grande convite chegou. As famílias que tivessem disponibilidade e interesse poderiam se inscrever para

trazer a nós algumas de suas habilidades para a tentativa de retirar o Gênio da Lâmpada.

Para nossa boa surpresa, a maioria das famílias se inscreveu. Vivenciamos diferentes linguagens: música,

ciências, artes plásticas, fotografia, dança, geografia, culinária, contação de piadas, apresentação de mágicas.

“Ei, gênio, cadê você?

Eu vim aqui só pra te ver”

(Refrão da música criada pela turma e musicada pelo professor Saulo -educação musical)

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Músicas foram criadas: pelas crianças, por pai de aluna, pela professora de inglês em conjunto com a turma.

Não foi por falta de cantar e dançar que esse gênio deixou de aparecer. Teve a história da dança do véu, o hip-hop

genial, que sacudimos o nosso esqueleto. Tudo isso norteou o semestre. Queriam dançar, cantar, relembrar tudo o

que tinha sido vivenciado anteriormente.

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Experiências químicas fantásticas trazidas por pais que deixaram até as professoras surpresas com as

transformações. Garrafa borbulhante que mostrava se havia ou não gênio habitando a lâmpada, que reagia quando

virávamos a lâmpada na boca da garrafa. Que tal colocar um pó na lâmpada e junto dele ser retirado pedacinhos do

gênio que assim que jogados em um líquido mágico fazia com que os balões se enchessem e ao estourá-lo o que mais

chegou perto de parecer ser algo do gênio foi um xixizinho que escorreu ao “bum” de um dos balões. Também tivemos

uma aula sobre PH que nos mostrava a acidez e a neutralidade dos produtos. Com isso, a base de corante natural,

feita com água, álcool e repolho roxo mudava de cor dependendo do que era colocado como reagente. Não sei se

fomos legais com o gênio, mas ele deu um mergulho dentro de uma super mistura de coisas, além de ter sido

submetido a raios laser de cores diferentes e poeira de giz de lousa. Coitadinho, esse dia ele deve ter se escondido em

um cantinho da lâmpada.

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A história da fotografia, técnicas de pintura, areias coloridas, recados em forma de pistas, confecção de slime,

tudo com o propósito de encantar o gênio e convidá-lo a dar um oizinho para nós.

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Quem já ouviu falar em técnicas de extração genuínica? Pois bem, um pai veio com suas ferramentas e

equipamentos de sucção tentar de qualquer maneira fazer o gênio sair de lá. Fosse pela potência de seus

equipamentos ou por medo mesmo de ser cortado ao meio por uma serra elétrica de verdade!!!

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Recebemos um pai Mago, que trabalhou com fumaças coloridas. Pensamos que esta foi a vez que mais

chegamos perto de nos aproximar do gênio. Quando a fumaça azul subiu ficou presa na árvore e com medo que se

dissipasse ao céu e se transformasse em mais uma nuvem, logo pedimos ao Mago que revertesse a magia e ele

rapidamente com o poder da fumaça cor de rosa fez com que o gênio retornasse à lâmpada. Pesquisar sobre a origem

dos magos, as escolas de magia e a diferenciação desses estudiosos com os bruxos foi de imenso interesse entre os

alunos. Descobrimos coisas bem interessantes, entre elas, que os magos utilizam elementos da natureza para fazer

seus feitiços e que jamais fazem o mal para o outro, sempre buscam o bem.

Pudemos rir com uma sessão de piadas que aguçou na turma a vontade em pesquisar, contar e conhecer novas

piadas. Juntamente com números de mágica que deixaram todos muito curiosos para descobrir os segredos.

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Seria o gênio de outro Planeta? Vamos estudar quem são esses planetas, se há vida, qual a distância da Terra,

as características e com isso fizemos um passeio de estudo ao Planetário de Campinas que auxiliou no enriquecimento

de nossas pesquisas.

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O que esse gênio mais fez morando dentro da lâmpada foi comer! Comeu bolo, salgadinho de festa, pipoca

então! Tivemos uma culinária especial para compor o cardápio do aniversário de uma aluna da turma. Cup Cakes

Geniais. Acreditem, nem assim o gênio saiu para dar uma espiadinha. Ou, como supuseram as crianças, ele comeu

tanto que entalou de tão gordinho que ficou!

Mãe geneticista? Sim, nós temos!!! E ganhamos uma aula sobre genética de tirar o chapéu, pudemos

presenciar também a retirada de uma amostra do que continha dentro da lâmpada que foi submetida a um exame

criterioso de DNA, o qual apresentou como resultado que dentro da lâmpada habitava mesmo um gênio que foi

formado por desejos de 17 crianças, com direito a super explicações de poderes e diferenciando-o do DNA de meninos

e meninas humanos.

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Princesas Esquecidas e Desconhecidas

Algumas princesas, tomam conta de um espaço significativo do conhecimento infantil. É natural, é o que temos

de lembrança da nossa infância enquanto professoras e que acaba se repetindo na infância das crianças. Jasmine, a

princesa de Alladin foi bastante citada pela turma em nossas pesquisas, mas também buscamos abrir o conhecimento

para outros mundos mágicos e encantadores.

Um aluno nos trouxe um livro muito interessante, chamado “Um Bairro Encantado” (Rosana Rios), que trazia

uma narrativa engraçada e divertida dos personagens mais conhecidos dos contos de fadas que moravam no mesmo

bairro e viviam situações do cotidiano. Em uma das passagens, Jasmine estava grávida e pedia que o gênio da lâmpada

realizasse seus desejos como taças de morango com creme e chantili, parquinho de diversão para o filho que ia nascer,

até que o gênio se cansou dos pedidos considerados por ele como “futeis” e resolver mudar de amo (...); uma outra

passagem nos trouxe como as princesas Cinderela, Branca de Neve e Rapunzel deixavam-se ser unicamente

comandadas pelos príncipes e o quanto infelizes eram por não terem suas vontades respeitadas. Por exemplo, o

sapatinho de cristal de Cinderela apertava muito o seu pé, mas o príncipe insistia que ela fosse a todas as festas

calçadas com ele.

Compreendendo a importância de ampliar este olhar, buscamos títulos que traziam uma outra realidade de

princesas, que não deixavam de ser princesas por serem imperfeitas (como todos nós somos), por serem mais velhas,

por terem gostos estranhos e o livro “Princesas Esquecidas e Desconhecidas” (Philippe Lechermeier), foi lido para a

turma que interagia com cada personagem que se apresentava naquela narrativa. No livro apareceram principalmente

princesas esquecidas, princesas injustamente ignoradas. Mas não é só. Há histórias, anedotas, segredos e retratos. Há

coisas que fazem rir, que dão medo, e outras ainda que nos fazem sonhar. Mas não é só. Não há só princesas. Há

também pedrinhas, sombrinhas e beijos. Jardins, um príncipe, borboletas negras. Um planisfério, mistérios. E amor.

Como sempre. Mas não é só. O livro fala de princesas como nunca antes se falou, mostra-as de uma forma como nunca

as vimos.

Foi gostoso ver o quanto as crianças começaram a se identificar com as características dos personagens e

como foram se encontrando. Outros títulos também nos ajudaram neste processo como “A Ervilha que não era Torta,

mas Deixou Uma Princesa Assim” (Maria Amélia Camargo), “A Lua e a Princesa” (Daisaku Ikeda), “R a Princesinha”

(Ziraldo), “A Festa da Princesa, que Beleza!” (Elias José), “Princesa Dona Sapa” (Sônia Junqueira), “Até as Princesas

Soltam Pum” ( Ilan Brenman), “O Mundo Black Power de Tayó” ( Kuisam de Oliveira).

Planeta Alfabeto

Quem passou pela turma do 1º ano aqui na Escola do Sítio nos últimos 10 anos visitou o “Planeta Alfabeto”.

Lugar imaginário onde habitavam linhas retas e linhas curvas, que depois de uma explosão se uniram e formaram as

26 letras do alfabeto. Quem dentro dele está é capaz de escrever o que quiser, basta conhecer o nome de cada uma

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das letras, seu formato, seus sons, famílias silábicas e brincando de desvendar esse lugar vamos trazendo ao grupo o

conhecimento através de um método de alfabetização conhecido como fônico.

*Introdução da história “Planeta Alfabeto”*

*Passando pelo Portal do “Planeta Alfabeto”

*Ditado Explosivo*

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O método fônico é qualquer sistema de alfabetização que relacione fonemas e grafemas. Na nossa classe,

buscamos trazê-lo de forma significativa associando com os projetos em andamento. Sendo assim, chegamos ao

“Planeta Alfabeto”e ao estudo das letras a partir de uma viagem imaginária que fizemos com o tapete Mágico do

Aladin e sobrevoamos este local (também imaginário), mas trazendo materiais concretos que representavam o tapete,

o gênio, os habitantes do planeta, as brigas, o metóro, conseguimos arrematar a história dentro do contexto de

interesse dos alunos.

Segundo Emília Ferreiro, a construção do conhecimento da leitura e da escrita tem uma lógica individual,

embora aberta à interação social, na escola ou fora dela. No processo, a criança passa por etapas, com avanços e

recuos, até se apossar do código linguístico e dominá-lo. O tempo necessário para o aluno transpor cada uma das

etapas é muito variável. Duas das consequências mais importantes do construtivismo para a prática de sala de aula

são respeitar a evolução de cada criança e compreender que um desempenho mais vagaroso não significa que ela seja

menos inteligente ou dedicada do que as demais. Outra noção que se torna importante é que o aprendizado não é

provocado pela escola, mas pela própria mente das crianças e, portanto, elas já chegam a seu primeiro dia de aula

com uma bagagem de conhecimentos.

O princípio de que o processo de conhecimento por parte da criança deve ser gradual corresponde aos

mecanismos deduzidos por Jean Piaget, segundo os quais cada salto cognitivo depende de uma assimilação e de uma

reacomodação dos esquemas internos, que necessariamente levam tempo. É por utilizar esses esquemas internos, e

não simplesmente repetir o que ouvem, que as crianças interpretam o conhecimento recebido. No caso da

alfabetização, isso implica uma transformação da escrita convencional dos adultos. Para o construtivismo, nada mais

revelador do que o funcionamento da mente de um aluno do que seus supostos erros, porque evidenciam como ele

“releu” o conteúdo aprendido. O que as crianças aprendem não coincide com aquilo que lhes foi ensinado.

Com base nesses pressupostos, Emília Ferreiro critica a alfabetização tradicional, porque julga a prontidão das

crianças para o aprendizado da leitura e da escrita por meio de avaliações de percepção (capacidade de discriminar

sons PARA PENSAR e sinais, por exemplo) e de motricidade (coordenação, orientação espacial etc.). Dessa forma, dá-

se peso excessivo para um aspecto exterior da escrita (saber desenhar as letras) e deixa-se de lado suas características

conceituais, ou seja, a compreensão da natureza da escrita e sua organização. Para os construtivistas, o aprendizado

da alfabetização não ocorre desligado do conteúdo da escrita.

É por não levar em conta o ponto mais importante da alfabetização que os métodos tradicionais insistem em

introduzir os alunos à leitura com palavras aparentemente simples e sonoras (como babá, bebê, papa), mas que, do

ponto de vista da assimilação das crianças, simplesmente não se ligam a nada. Segundo o mesmo raciocínio

equivocado, o contato da criança com a organização da escrita é adiado para quando ela já for capaz de ler as palavras

isoladas, embora as relações que ela estabelece com os textos inteiros sejam enriquecedoras desde o início.

Compreender a escrita interiormente significa compreender um código social. Por isso, segundo Emília Ferreiro, a

alfabetização também é uma forma de se apropriar das funções sociais da escrita. De acordo com suas conclusões,

desempenhos díspares apresentados por crianças de classes sociais diferentes na alfabetização não revelam

capacidades desiguais, mas o acesso maior ou menor a textos lidos e escritos desde os primeiros anos de vida.

Segundo os construtivistas, não se aprende por pedacinhos, mas por mergulhos em conjuntos de problemas

que envolvem vários conceitos simultaneamente e é por acreditarmos nisso, que nós professoras alfabetizadoras da

Escola do Sítio trabalhamos desta maneira, acreditando que estando a criança segura em si e os conceitos sendo

trazidos de uma maneira significativa o resultado não pode ser outro além de uma alfabetização tranquila, linear e

construtiva.

Escolhemos trabalhar com palavras chave de grande importância e de fácil relação com o dia a dia das crianças

para nortear o nosso trabalho. Então a cada letra estudada, temos algo que se fez e/ou se faz significativo ao grupo

entre outras palavras que descobrimos ao longo do processo de estudo. Ex: letra F – FESTA JUNINA / letra L – LÂMPADA

MÁGICA / letra E – ESTRELA DE CARAMBOLA (dia em que uma aluna trouxe carambolas colhidas na casa dela para

compartilhar com o grupo) – letra G – GÊNIO DA LÂMPADA e GUILHERME (nome dado ao boneco de pano

confeccionado pela turma para a festa junina e será utilizado no próximo semestre) / letra C – COELHO e CENOURINHA

(nome da coelhinha de uma aluna que veio nos visitar um dia desses).

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Mercadinho do 1º ano

Que lugar é esse de onde o gênio da lâmpada veio?

Essa foi a pergunta feita pela professora Eleonora Dantas aos alunos do 1º ano. Eleonora está na equipe da

Escola do Sítio há um tempo e agora tem auxiliado também as professoras com um olhar mais apurado voltado para

a matemática.

Recebemos Eleonora com muito carinho em nossa classe algumas vezes durante o semestre e ela pôde dar o

pontapé inicial neste projeto.

Quando Nora chegava, as crianças queriam contar para ela sobre as vivências das tentativas em retirar o gênio

da lâmpada. Nora aproveitou o interesse dos alunos por este tema e introduziu a história dos algarismos numéricos

que veio da Arabia. Também começamos a pensar e fazer comparativos de como era a vida na época e local em que

viveu Aladin e os nossos dias de hoje.

As feiras, mercados livres e trocas de mercadoria entre as pessoas, foi o que nos chamou a atenção diante da

nossa realidade, onde vivemos rodeados por supermercados que em sua maioria oferecem alimentos industrializados,

embalados. Falamos sobre o despedício e o lixo gerado com as embalagens.

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Pudemos compreender como as pessoas de antigamente na Arábia conseguiam comer, ter as coisas e a

equivalência dos produtos conforme a quantidade e necessidade desses.

Será que o Gênio da Lâmpada não quer sair de lá por conta do lugar que habitamos ser tão diferente do local

de onde ele veio? Seriam os alimentos industrializados, ou o excesso de lixo produzido por nós?

Muito questionamos em relação a todos esses pontos e o interesse pelos mercados cresceu de tal forma que

nos aproveitamos desse espaço de estudo para trazer ao grupo o conceito de classificação e assim trabalhamos com

diferentes possibilidades de classificar. Para esta turma, o concreto ainda se faz necessário e é o que traz significado

dentro do aspecto lógico. Sendo assim, pensamos em trabalhar e sugerimos a construção do nosso próprio mercado.

Trouxemos muitas revistas e folhetos de ofertas e as crianças recortavam e depois colavam na “prateleira” correta de

acordo com a classificação. Classificavam, reclassificavam e perceberam que o mesmo produto pode caber em

diferentes classificações.

As crianças tendem ainda a levar muitas coisas para o jogo simbólico, então, essas atividades nada mais eram

para eles que uma brincadeira divertida de mercadinho, onde escolhiam nomes para o mercado, faziam votações,

contavam os votos, criavam panfletos e cartazes de promoção, tentavam trocar produtos entre os grupos.

Na matemática trabalhamos também com os conceitos de sequência numérica, em que o jogo da “galinha do

vizinho” nos auxiliou bastante, trabalhamos com trocas e equivalências com o jogo “nunca 3”, a compreensão do

calendário e representação através de data numérica, com ano, meses e dias. A observação do dia de nascimento de

cada um para saber quem é mais novo e mais velho entre si. A leitura e escrita dos numerais de dois algarismos.

Iniciamos a problemática de uma forma mais simples envolvendo as noções de soma e subtração, a qual no próximo

semestre será trabalhada de uma forma mais sistematizada. Construção de desenhos utilizando barrinhas de madeira,

como também contagem e quantificação numérica.

Festa Junina

Em volta da fogueira, as pessoas se reúnem pra ouvir histórias, de geração para geração.

Os 4 reinos, guiados pelos elementos da natureza, compartilharam essas histórias com os seus diferentes

personagens: Gerreiros e Guerreiras; Reis e Rainhas; Príncipes e Princesas; Magos e Feiticeiras; Sábios e Sábias, que

vieram da África, na época em que o Brasil foi descoberto pelos Portugueses.

O Ciclo I (turmas do 1º, 2º e 3º anos), se inspirou na parte mais bonita desta história, em que os valores e os

saberes desse povo nos trouxeram muitas riquezas, ampliando o conhecimento de toda a população. Foi a festa da

coroação!

O corpo do Ciclo I mostrou a Arte dessa História, em um bonito Maracatu.

Chegaram unindo: fogo, água, terra e ar.

Sendo um coletivo, essenciais e necessários uns para os outros.

Ficamos felizes por tê-los junto a nós, nessa grande roda em volta da fogueira.

Muitos foram os estudos que tiveram como ponto de partida o conhecimento do grupo campineiro

“Urucungos Puítas e Quijengues” e a compreensão da trajetória dos negros para o nosso país. Falamos sobre a

escravidão, os navios negreiros, a sabedoria dos povos trazidos para cá e submetidos ao trabalho forçado em troca de

quase nada e o quanto nosso país lucrou com o conhecimento deles. Algumas histórias e lendas africanas foram lidas

e a partir desse conhecimento, buscamos juntar o que cada uma das turmas envolvidas estava trabalhando, assim,

escolhemos agregar ao reino que não precisa ser tão mágico assim com os elementos da natureza, a cultura popular

brasileira e construímos dia a dia, com muito diálogo e uma escuta atenciosa aos alunos o roteiro da nossa dança.

Juntamente com este processo recebemos um convite de confeccionarmos bonecos para fazer parte da

decoração da escola no dia da Festa Junina. A turma ficou feliz e empolgada com o desafio. Contamos com o auxílio

da nossa coordenadora Lucy para ajudar com o molde e a costura das partes e depois ficou tudo por nossa conta.

Guilherme e Alice foram nomeados pelo grupo após uma votação de nomes e exerceram a função de recepcionar os

nossos convidados com muita graciosidade e alegria.

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Pensando em alguns conteúdos a serem explorados e estudados no próximo semestre, acreditamos que tê-lo

entre nós, fazendo parte do nosso grupo, será de grande valia.

Ganhamos dois novos amigos nessa etapa!

Metade do ano já se passou e passou tão rápido que a gente até se assusta ao saber que esse semestre está acabando.

Resultados e Desejos

Quando questionamos o grupo sobre se o desfecho do gênio da lâmpada foi o que eles esperavam, a grande

maioria responde que não, que havia um desejo de conhecer esse gênio. Mas se pensarmos que o conhecemos

provavelmente mais não o vendo pessoalmente, do que se ele tivesse saído nas primeiras ou até na última tentativa,

pode ser um bom indício de reflexão.

Vejam só o quanto estudamos, aprendemos coisas novas, tivemos o privilégio de estarmos postos a diferentes

vivências, a trazermos para a roda de conversas diferentes hipóteses, perguntas. O quanto isso aguçou a imaginação

dessas crianças...

Não duvido que esse gênio tenha florescido no coração de cada um. A cada momento um desejo surgia, uma

vontade especial, de saudades ou de precisar de um colo. Uma conversa, as descobertas do que vale mais a pena ter.

Ser ou ter? Às vezes somente o ter não nos fortalece tanto quanto o ser e fomos, somos!

Somos pessoas prontas a aprender muito, a ensinar, a trocar saberes, a compreender que a estar nesse grupo

é um privilégio. Ao menos, a nós enquanto professoras, é um imenso prazer aprender todos os dias um pouquinho

mais ao lado dessas crianças.

Somos a turma da Lâmpada Mágica , somos os desvendadores do Gênio, somos um, somos todos. Somos

grupo, coletivo, equipe, que jogamos juntos e ganhamos juntos.

Que feliz pertencer a este momento.

Que os desejos ao gênio permeiem a vida de todos, sempre e para sempre!

Acreditando que se a gente quer muito uma coisa, podemos fazê-la acontecer!

Desejamos ótimas férias e esperamos reencontrá-los com a energia recarregada (e as nossas também) em

agosto!

Mari e Ju

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