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Polo de São Leopoldo RELATÓRIO DE ESTÁGIO Marcia Regina de Azeredo Rysdyk Supervisor do Estágio Prof. Dr. Samuel E. Lopez Bello Tutora do Estágio Gisela Correia Julho/2010

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Polo de São Leopoldo

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Marcia Regina de Azeredo Rysdyk

Supervisor do Estágio Prof. Dr. Samuel E. Lopez Bello

Tutora do Estágio Gisela Correia

Julho/2010

1

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 2

SÍNTESE DO PROJETO DE ESTÁGIO ....................................................................... 5

RELATO REFLEXIVO DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS ....................................... 7

ELEIÇÃO DOS NOVOS CHEFES DE GRUPO ............................................................... 7

RELATOS SEMANAIS .................................................................................................. 8

SEMANA 1 ....................................................................................................................... 8

SEMANA 2 ....................................................................................................................... 9

SEMANA 3 ..................................................................................................................... 11

SEMANA 4 ..................................................................................................................... 15

SEMANA 5 ..................................................................................................................... 20

SEMANA 6 ..................................................................................................................... 23

SEMANA 7 ..................................................................................................................... 26

SEMANA 8 ..................................................................................................................... 27

SEMANA 9 ..................................................................................................................... 27

SEMANA 10 ................................................................................................................... 29

SEMANA 11 ................................................................................................................... 32

SEMANA 12 ................................................................................................................... 34

PROPOSTA DE INVESTIGAÇÃO PARA O TCC ..................................................... 37

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 39

APÊNDICES E ANEXOS ........................................................................................... 412

2

INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta o relatório do meu Estágio de Docência da Faculdade de

Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que foi orientado pelo Professor

Dr. Samuel Edmundo Lopez Bello e pela Tutora Giselda Corrêa. A leitura deste relatório

possibilitará ao leitor conhecer um pouco da escola e da turma na qual o estágio foi realizado,

bem como a comunidade em que os alunos estão inseridos, além acompanhar toda a prática

docente, as atividades desenvolvidas, trazendo ao final uma reflexão sobre a experiência

vivenciada.

O estágio foi realizado na EMEF Saint‟Hilaire, localizada na parada 18 do bairro

Lomba do Pinheiro – cidade de Porto Alegre, com uma turma de segundo ano do primeiro

ciclo do Ensino Fundamental (equivalente à antiga primeira série). A escola foi fundada há 48

anos e nessa época pertencia ao município de Viamão, tendo sido anexada a Porto Alegre

quando a Lei Estadual. Graças às lutas da comunidade, muitas melhorias foram conquistadas

para a escola, que hoje a escola atende a aproximadamente 1400 alunos em seus três

turnos, tendo em seu quadro funcional 90 professores, 13 funcionários, 09 funcionários

cooperativados e 06 estagiários.1

O bairro tem 63.970 habitantes aproximadamente. As famílias são oriundas na sua

maioria, do interior do Estado, geralmente de baixa renda, em média 2,92 salários mínimos

por chefe de domicílio. Esta origem justifica a morfologia urbana da região, que se constitui

de lotes urbanos convencionais, com pátios onde se plantam árvores e se criam animais

domésticos. A comunidade está organizada em diversas associações de moradores, relativas

às vilas onde moram, e tem uma significativa trajetória de participação nas conquistas da

região. Através da mobilização comunitária, a população conseguiu a atenção do poder

público para a implantação de redes e serviços essenciais.

A turma A23 estava composta no início do estágio por 28 alunos (14 meninos e 14

meninas), mas um menino foi considerado evadido. Em junho uma menina foi transferida e

nesse mesmo mês recebemos mais um menino.

Dos 27 alunos, duas meninas estão repetindo o ano ciclo. Os demais são, na sua

maioria (24), alunos da Saint‟Hilaire em 2009 e 3 alunos vieram transferidos de outras

escolas. Nenhum aluno apresenta necessidades educacionais especiais.2

As idades das crianças variam entre 7/8 e 11 anos.

1 http://marciarysdykestagio.pbworks.com/Minha-Escola 2 http://marciarysdykestagio.pbworks.com/A23+-+Minha+Turma

3

A turma é muito acolhedora, afetiva e solidária. As crianças têm por características a

curiosidade, a imaginação, a alegria e a disponibilidade para aprender. São agitadas e falantes,

e de uma forma geral, sabem conviver e trabalhar em grupo.

Mostram-se um pouco ansiosas em relação à alfabetização e à realização das

atividades propostas, o que faz com que muitas vezes não ouçam as orientações até o final.

Gostam de expressar suas opiniões oralmente, mas têm dificuldades em ouvir a fala do

colega e/ou esperar a sua vez de falar.

São organizadas, tanto com a sala quanto com o material, seja esse coletivo ou

individual, com poucas exceções.

Adoram atividades artísticas (cantar, dramatizar, pintar, dançar...).

São bastante heterogêneos no que diz respeito à autonomia e independência, às

habilidades intelectuais e formas de raciocínio. Há alunos que se utilizam de conhecimentos

prévios para resolver problemas novos; outros necessitam repetir o mesmo trajeto, da mesma

maneira muitas vezes, para entender o processo, sem tentar novas estratégias para resolução

de problemas semelhantes e há ainda, os que se lançam em busca de novos e diferentes

caminhos para encontrar possibilidades criativas de chegar à solução e sentem-se desafiados a

aprender constantemente.

Há uma grande disparidade entre os alunos em relação à leitura e à escrita, indo desde

os que lêem alfabeticamente até os que fazem leitura pré-silábica e/ou por adivinhação a partir

de imagens relacionadas ao texto a ser lido. Também na escrita observa-se essa variação, indo

de préssilábicos até a “ortográficos”.

Alguns alunos desconhecem o código alfabético por completo e/ou os sons por ele

representados e/ou a relação existente entre a linguagem oral e a escrita.

Para muitos não está clara a conceituação e a diferenciação entre as unidades

linguísticas.

Muitos sabem contar, sequencialmente, ler e escrever numerais até 10. Alguns

confundem/invertem a escrita/leitura dos números 6/9, 5 e 3. Contudo, não há casos de

alunos que desconhecem completamente a existência e o uso dos números.

Têm desenvolvidas as noções de adição (=juntar) e subtração (=tirar), mas

não compreendem a sistematização das operações, nem relacionam essas noções às operações

matemáticas realizadas cotidianamente. Usam os termos mais e menos para nomear as

operações, sem saber exatamente o que significam.

O estagio teve duração de 12 semanas (aproximadamente 190h), tendo sido

interrompido por duas semanas, em função de um acidente que sofri. Nesse período foram

4

trabalhadas seis histórias infantis, das quais retirei elementos para análise de estrutura textual,

construção e reescrita de frases e histórias coletivas e individuais, aquisição da leitura e da

escrita, criando a partir das histórias estudadas, diversas situações que viabilizaram o

aprendizado da Matemática.

Durante todo o estágio os alunos trabalharam organizados em 6 grupos identificados

por cores, cujos componentes eram escolhidos por chefes eleitos em eleição direta,

inicialmente aberta e, posteriormente secreta, em um processo cujas regras e desenvolvimento

eram democraticamente decididos pelas próprias crianças, sob a minha orientação.

A cada mês, era realizada uma assembléia na qual fazíamos uma avaliação geral, que

ia desde as aprendizagens coletivas e individuais, passando pelas dificuldades enfrentadas, as

possíveis modificações, fazendo-se uma reflexão final de todo o processo e elencando

sugestões para o próximo período mensal.

5

SÍNTESE DO PROJETO DE ESTÁGIO

O trabalho teve como tema “Literatura e Matemática: uma proposta

interdisciplinar de alfabetização e letramento” e buscou o envolvimento das crianças com

as situações-problema relacionadas às histórias infantis, estabelecendo a interface com a

realidade sociocultural delas.

Com esse projeto busquei ajudar os alunos a apropriarem-se do sistema de escrita e

garantir-lhes autonomia para que pudessem fazer uso dessa aprendizagem em suas ações

sociais cotidianas.

Unindo literatura infantil e alfabetização, as crianças entraram em contato com o

mundo letrado não só ampliando seu vocabulário e proporcionando maior conhecimento da

formação de textos, mas também exercitando o poder de sua imaginação. Ao usar a literatura

para ensinar a ler e escrever queria tornar o processo mais lúdico e significativo e fazer os

alunos produzirem textos.

A língua materna expressa na literatura exigiu e estimulou a capacidade de

interpretação de diferentes situações. O aspecto lúdico presente no ler e contar histórias

mobilizou as crianças, estimulando-as a envolver-se em desafios propostos, desenvolvendo

assim a capacidade de analisar, questionar e interpretar.

Penso que uma das formas mais significativas de se construir conhecimentos na área

da Matemática é resolvendo situações-problema e desafios. A aprendizagem da matemática

esteve, nesse projeto, vinculada a situações e contextos cultural e socialmente significativos

para as crianças.

se um material de literatura infantil usado em aulas de matemática estiver adequado

às necessidades do desenvolvimento da criança, as situações-problema colocadas a

ela enquanto manipula esse material fazem com que haja interesse e sentimento de

desafio na busca por diferentes soluções aos problemas propostos. (SMOLE, 1998, p. 72).

O processo de contar-ouvir histórias desenvolveu outras habilidades necessárias à

socialização dos alunos como: saber ouvir e se fazer ouvido, opinar e ouvir opiniões,

representar idéias de outra pessoa, estimular a interpretação e curiosidade

A leitura de livros infantis convidou meus pequenos leitores a participarem, a emitir

opiniões e, ainda, o encorajou-os a usar uma variedade de habilidades mentais, como a

classificação, a seriação, o levantamento de hipóteses, a formulação e a resolução de

problemas.

6

As situações-problema, surgidas a partir dos conflitos ocorridos com personagens de

histórias lidas, estimularam a capacidade de solucionar problemas, permitindo às crianças

visualizarem o melhor caminho para atingir um objetivo. 3

3 http://marciarysdykestagio.pbworks.com/Projeto-de-Estágio

7

RELATO REFLEXIVO DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

ELEIÇÃO DOS NOVOS CHEFES DE GRUPO

Essa foi uma atividade que se repetiu ao longo das 12 semanas de trabalho, sendo

ampliada e modificada a cada semana, de acordo com as necessidades sócio-educativas

apresentadas pelo grupo. As primeiras vezes a eleição foi aberta e oral (cada um dizia o nome

do colega que gostaria que fosse um chefe de grupo). Depois passou a ser feita por escrito,

inicialmente as crianças recorriam aos crachás dos colegas para escreverem corretamente os

nomes dos escolhidos. Nessa versão, durante a leitura e contagem dos votos, eu aproveitava

para retomar aspectos já trabalhados referentes ao alfabeto (nomes das letras, sons) ou

organização das letras nos nomes (letra inicial, final ou número de letras) - ia abrindo voto a

voto, fazendo charadinhas para que adivinhasse de quem era cada voto (começa com...,

termina com..., tem ... letras, tem a letra y, e assim por diante):

Eles adoravam, pois ficava com jeito de brincadeira! E assim ia revendo os nomes das

letras e algumas regularidades na escrita dos nomes. Em todas as edições contávamos o

número de cédulas e comparávamos com a quantidade de alunos presentes à aula no dia,

verificando se cada um havia votado apenas uma vez.

Aos poucos o processo foi se qualificando e ficando mais complexo, até atingir o ápice

na semana sete, quando contamos com cabine eleitoral, cédulas impressas, painel de

candidatos com nomes e números, mesários e escrutinadores. Esse evento pode ser visto num

vídeo postado no pbwork do estágio4.

4 http://marciarysdykestagio.pbworks.com/Reflexão-7

8

RELATOS SEMANAIS

SEMANA 1

Refazer o trajeto da caçada ao ninho e depois desenhar o mapa

Essa atividade estava relacionada ao livro O coelhinho que não era de Páscoa, de Ruth

Rocha e foi o desfecho do trabalho com essa história que teve duração e 3 semanas, tendo

sido concluída na primeira semana do estágio.

Primeiramente refizemos o trajeto oralmente e me surpreendeu a memória de Raquel,

que ainda não nomeia todas as letras do alfabeto, nem relaciona grafemas e fonemas, mas

lembrou todo o percurso e participou ativamente do relato, o que até então não tinha

acontecido (penso que ela está se sentindo mais segura, sem medo de errar).

Depois fomos até os locais, onde haviam encontrado os bilhetes do coelho. Ao

voltarmos pra sala, novamente refizemos o percurso oralmente.

Depois solicitei que fizessem o mapa dessa caçada, colocando nele todos os lugares

pelos quais passaram, procurando escrever o nome de cada um deles.

Através dos mapas pude observar que muitos têm dificuldades com a noção de espaço,

tanto para reproduzir os locais percorridos através de desenho, quanto para organizar o mapa

na folha de ofício.

Houve alunos que não conseguiram lembrar por onde passaram (ou a sequência

correta), mesmo depois de termos retomado o trajeto oralmente duas vezes.

Minha avaliação da semana

O saldo nessa primeira semana foi positivo. Os questionamentos poderiam ter sido mais

aprofundados. Poderíamos ter pesquisado a origem do chocolate, a matéria prima (cacau). Penso que

deveria ter explorado melhor as questões referentes às profissões, tema central do livro, que ficaram

tangenciadas no trabalho. Mas valeu como aprendizado. Há coisas que só conseguimos enxergar

depois que acontecem. Prever situações requer prática na sistematização do planejamento e isso, devo

confessar que não tenho. Articular saberes, olhar para minha prática com a finalidade de avaliar a

minha atuação e as estratégias utilizadas para viabilizar a aprendizagem dos alunos, ter a coragem de

ousar são atitudes que estou adquirindo. De uma coisa tenho absoluta certeza: estou em meio a uma

9

conflito, que está me fazendo desconstruir minhas concepções profissionais (já nem sei mais quais

eram).

O estágio está me fazendo ler novos autores e reler os antigos para encontrar novas respostas

ou reformular as antigas, fazer novas perguntas sobre os mesmos temas, ou encontrar novos temas

para perguntas já feitas anteriormente. Nunca li tanto como agora.5

SEMANA 2

Contação de história

Mudei a sistemática: fizemos uma rodinha, todos sentados no chão. Consegui, assim,

uma participação maior da turma no geral e também mais concentração dos alunos para

ouvirem a história

Notei que, pelo suporte linguístico, concluíram corretamente que se tratava de uma

história e pelas ilustrações da capa disseram se tratar de uma história sobre cobras (falaram

em cascavel). Depois quando mostrei outras ilustrações do livro disseram que era uma lenda

(talvez porque quando ouviram histórias envolvendo índios, essas eram sempre lendas

indígenas). Perguntados sobre o que era uma lenda, disseram apenas que eram histórias sobre

índios. Não souberam me explicar qual era o conteúdo principal das lendas. Antes de contar a

história narrada por Daniel Munduruku, esclareci aos pequenos que aquela era uma história

contada na tribo em que o autor crescera e lhes falei sobre o autor. Ficaram muito espantados

ao saber que é um índio e que fez faculdade (o que mostra o preconceito que têm em relação

aos índios – pra ser índio tem que “andar pelado”, “viver no mato”, “falar uma língua

enrolada”, ser analfabeto – usaram a frase:“ mas ele sabe escrever que nem tu, profe?”).

Falamos bastante sobre a história e nem precisei solicitar que me dissessem o que

sabiam sobre os índios, pois a conversa logo partiu pra esse assunto.

Uma aluna lembrou que dia 19 era dia do índio.

Mostrei algumas fotos para que identificassem quais eram de índios.

Identificaram positivamente aquelas em que há pessoas nuas ou com pouca roupa, pele

pintada, usando utensílios característicos.

Depois por eliminação foram agregando ou descartando imagens. As imagens com

salas de aula e casas semelhantes as deles foram todas identificadas como não indígenas.

5 http://marciarysdykestagio.pbworks.com/Reflexões-Semana-Um

10

Quando lhes disse que todas as fotos traziam imagens de índios brasileiros ficaram

visivelmente contrariados e foram olhar de novo pra tentar encontrar ialgo que pudessem

reconhecer como característico dos índios (a partir da visão que tinha sobre os indígenas),

justificando o que havia lhes revelado. 6

Levantamento de dados

Fizemos os dois cartazes e me impressionou a riqueza de detalhes que eles tinham pra

contar sobre os índios. Alguns desses detalhes carregados de um estereótipo muito

característico nas escolas e na sociedade em geral. Também entenderam bem a proposta de

fazer a comparação entre os dois modos de vida, pois em nenhum momento se referiram à

vida deles ou a dos índios como sendo melhor ou pior que a outra. Diziam que era diferente.

Minha avaliação da semana

Apesar de ter sido uma semana mais curta e de ter tido alguns problemas com o tempo

de realização e a organização de algumas atividades observo que estou conseguindo

estabelecer a relação pretendida entre a teoria e a prática. Mas ainda está longe da qualidade

que quero alcançar com esse trabalho. O caráter interdisciplinar esteve mais presente nessa

semana, pois através do texto escolhido pude linkar além da matemática (questões

envolvendo tempo, contagem de tempo e numeração) e da Língua materna (leituras e

atividades de oralidade e escrita) as questões sócio culturais estiveram presentes em todos os

momentos da semana e foram bem analisadas e compreendidas pelas crianças, de uma forma

geral. Tenho algumas dúvidas e conflitos no que se refere à sistematização da escrita, pois

acho que deixei há desejar essa semana. Foram poucos os momentos em que as crianças

escreveram ou foram questionadas sobre o assunto. Em compensação pensaram muito,

falaram bastante e mostraram um grande avanço nas questões que envolvem a oralidade. Por

esse aspecto o trabalho valeu.

6 http://marciarysdykestagio.pbworks.com/Reflexão-DOIS

11

Preciso pesquisar mais e viabilizar uma maneira de trabalhar, em que sejam

contempladas todas as nuances da Língua, sem privilégio de uma sobre a outra ou essas

alternâncias que vem ocorrendo nessas primeiras semanas de trabalho.

Alguns objetivos têm sido alcançados semanalmente: diferentes tipos de textos tem

sido apresentados aos alunos, as crianças estão analisando situações diversas, formulando

hipóteses, questionando a própria realidade, interpretando textos e imagens e resolvendo os

problemas que lhes são apresentados com imaginação e criatividade.

Também sinto que estão mais autônomas e críticas em relação ao que lhes é

proporcionado tanto na escola como na vida fora dela.

Eu tenho sentido cada vez mais dificuldade em planejar pra turma, porque eles têm

ficando exigentes, críticos e questionadores. Além disso, eu também não me contento mais

com uma aula pouco pensada ou elaborada às pressas. Aliado a isso tem a preocupação com a

avaliação do estágio...

SEMANA 3

Seminário de avaliação

Não foi a primeira vez que fiz uma atividade como esta, mas foi a primeira vez que vi

e ouvi muita sinceridade e respeito vindo de pessoas tão pequenas de uma forma tão reflexiva

e crítica.

Iniciamos pelo convívio, porque os alunos encaminharam a conversa para esse

aspecto. Quase todos expressaram suas opiniões, uns mais outros menos...

Entre as muitas constatações a que mais se destacou nas falas foi a questão das brigas

entre alguns alunos. Depois de debaterem bastante, concluímos que há como resolver os

problemas que surgem sem ofensas ou agressões físicas. Ficou acordado que irão dialogar ao

invés de brigar. O que mais chamou a atenção é a clareza com que colocaram a situação e até

citaram os nomes dos “brigões” sem contudo serem desrespeitosos. Os alunos citados tiveram

direito de se manifestar para se defenderem e no entanto concordaram com a avaliação feita

pelos colegas.

Houve momentos em que ficaram ansiosos, excitados em se manifestar, que nem

conseguiam esperar a sua vez ou falavam com o colega que estava ao lado, atrapalhando um

12

pouco o andamento da atividade. Creio que isso se deva a pouca experiência deles em

atividades desse tipo, com cunho avaliativo.

Foi um momento enriquecedor e de conhecimento ímpar. Havia algumas coisas que

eles não gostavam e não tinham coragem de me dizer e que na assembléia apareceram

naturalmente, como por exemplo: o fato de os cadernos deles ficar na escola durante a semana

(muitos manifestaram o desejo de levá-los pra casa diariamente e como não havia uma

maioria arrasadora, votamos – como já é de costume – e a partir daquele dia passaram a levar

os cadernos e pastas com trabalhos pra casa todos os dias). Interessante é que meus

argumentos não foram suficientes para dissuadi-los da ideia. Estavam certos daquilo que

queriam. Também argumentaram que não era justo ficar emprestando o material individual, se

tinha o coletivo para ser usado por quem não possuía. Achei justa a reivindicação e bem

argumentada. Votaram e decidiram que não haveria mais empréstimos de material particular

e que quem tinha seu próprio material, não deveria usar os itens dos potes.

Reclamaram de uma forma contundente do tom e da intensidade da minha voz. Eu

sabia que isso surgiria, porque ultimamente andava muito gritona com eles. A surpresa ficou

por conta da forma como colocaram a questão: foram claros e objetivos, apesar de nesse

momento, ficarem se entreolhando (talvez com medo da minha reação).

Mesmo sabendo que isso surgiria não me senti bem em ouvir essa crítica, mas entendo

que é importante que essas coisas sejam ditas por eles pra que eu tenha consciência e clareza

de que nem tudo o que faço agrada às crianças, mesmo elas demonstrando muito carinho por

mim. Foi um momento de grande aprendizado pra mim, tanto como profissional quanto como

ser humano, pois aprender a ouvir e reconhecer nossos erros é o primeiro passo para a

mudança. E eu só saberei se a aprendizagem em mim aconteceu quando a próxima avaliação

acontecer.

Contagem dos alunos para descobrir quantos vieram à aula

Essa atividade, que é rotineira, vem se mostrando muito eficaz na diversificação das

formas de resolver o problema proposto e também no aprendizado da escrita dos números

entre 20 e 30, que ainda é desconhecida por vários alunos. A cada dia que vem perguntar

como se “faz” o vinte e três, por exemplo, eu devolvo a pergunta e iniciamos um caminho à

procura da resposta. Aos poucos estou lhes mostrando que os números têm uma regularidade

na maneira de serem escritos e muitos já estão se dando conta disso.

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Também estão buscando novos “jeitos” de descobrir quantos são os faltantes: ora

contam quantos faltam pra chegar em 27 (n° total de alunos), ora contam as mesas vazias, ora

tentam se lembrar quem não veio, ora descontam do total o número de presentes ou de

faltantes para ver quantos sobram. Algumas vezes faço com eles, outras deixo que cheguem à

resposta por conta própria e depois lhes pergunto como descobriram. Durante essa atividade

posso observar os que estão avançando, usando a criatividade para resolver seus

questionamentos. Em anos anteriores eu gastei montes de folhas e de Xerox fazendo matrizes

para ensinar essas regularidades e a escrita dos números aos alunos e o resultado não foi tão

rápido e eficiente como tem sido com essa turma.

Eu estava muito insegura em relação a essa forma de trabalhar, levando em conta os

saberes já construídos por eles e permitindo que investiguem, lancem hipóteses e as

confirmem ou não através de caminhos por eles decididos, aos quais eu acrescento novas

perguntas e oriento o trajeto. Mas vendo os primeiros resultados surgindo, sinto-me mais

tranquila e confiante.

Jogo da flor

Foi a primeira vez que realizamos um jogo envolvendo toda a turma, por isso, acho

que no final, a “coisa” se perdeu um pouco. Não souberam lidar com a possibilidade de

ganhar ou perder. A gritaria, saírem dos lugares, “secarem” os concorrentes já era esperado.

Mas como vinham numa constante evolução no que tange ao respeito mútuo, não esperava

que demonstrassem agressividade em relação aos colegas e grupos que estavam em situação

desfavorável.

Quando o jogo terminou, retomei com eles as combinações feitas na assembléia e

questionei-os sobre a postura deles durante o jogo. Foi uma conversa dolorida pra eles, mas

necessária. Alguns não aceitaram as minhas constatações e tentaram por a culpa nos colegas

ou responder que não eram apenas eles que tinham agido daquela forma.

Levei muito tempo para acalmá-los o que mostra que as regras do jogo e as

combinações precisam ser bem esclarecidas antes de se iniciar a atividade.7

7 http://marciarysdykestagio.pbworks.com/Reflexão-TRÊS

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A história da centopeia

A princípio pensei que tinha escolhido mal o texto dessa semana. Porém concluí que o

problema não estava no texto, mas na forma como eu o explorei. A história é de uma riqueza

sem incomensurável... Mas como a restringi ao aprendizado dos dias da semana e acabei

deixando passar outras questões ali levantadas: relações de tamanho (grande/pequeno),

filosóficas (vida e morte), de solidariedade (a personagem principal aprende tudo com os

outros animais da floresta), gratidão (da centopeia para com os amigos que lhe ensinam o que

queria saber), a interdependência dos seres vivos, ecologia, sustentabilidade e muitos outros.

Também penso que deveria ter falado mais autor do livro, dada a sua importância no Brasil,

mesmo depois da sua morte.

Corrida de revezamento

Foi importante porque exigiu deles atenção, concentração, cumprimento rigoroso das

regras, colocou o trabalho em conjunto em evidência (a equipe só venceria se cada um fizesse

a sua parte e se todos colaborassem), valorizou a superação dos mais tímidos e apáticos do

grupo. Por outro lado, ficaram tão envolvidos com os próprios grupos que não tiveram tempo

de caçoar das equipes e colegas que ficavam pra trás. Eles nunca tinham participado de

atividades desse tipo. Em função disso, demoraram bastante pra entender como jogar, tivemos

que repetir várias vezes a título de treinamento. Quando aprenderam não queriam mais parar.

Essa pode ser uma ótima alternativa para canalizar a agressividade e desenvolver o

espírito de equipe das crianças.

Minha avaliação da semana

Há muito tempo eu não aprendia tanto... As crianças pensam e têm suas próprias

convicções acerca do mundo que os rodeia. E não há porquê “esconder” a multiplicação e a

divisão dos alunos dessa faixa etária. Penso que não devemos antecipar conhecimentos que

estão fora da zona de desenvolvimento proximal, por que pode angustiá-los à toa, sem resultar

em aprendizagem. Mas quando as situações surgem devem ser exploradas, enquanto as

crianças estiverem motivadas para aquele aprendizado.

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Com essa atividade também senti o quanto é importante e necessário que nosso

planejamento seja flexível, viabilizando situações como as que eu vivi essa semana. Por outro

lado, esse é um momento que poderia tranquilamente ter sido pensado por mim no momento

em que planejava essa aula. Sob essa ótica reconheço o quanto ainda tenho que me

aperfeiçoar e o quanto ainda me falta de teoria sobre a aprendizagem da matemática. É

preciso prever essas possibilidades, pois previstas no plano, podem ser ainda mais ricas e

significativas.

A inserção dos jogos de competição no trabalho auxiliou-me a conhecer melhor os

alunos (suas reações diante dos desafios, capacidade de concentração, coordenação motora

ampla, freio inibitório, espírito de equipe, etc).

Eu poderia ter explorado as questões relativas ao tempo, usando relógio ou cronômetro

para medir a duração de cada estágio da brincadeira ou o tempo que cada equipe levou para

completar o percurso. Mas essa foi uma alternativa que só me ocorreu durante o jogo e, para

não confundi-los, nem mudar as regras, resolvi não alterar o que estava previsto no plano, o

que não inviabiliza de fazê-lo num outro momento ou com outros jogos como esse.

Penso que nessa semana, apesar da variedade e riqueza das atividades e aprendizagens,

não consegui êxito no meu propósito de relacionar literatura infantil e matemática. O trabalho

foi produtivo e significativo. O lúdico estava presente (mais que em outras semanas, acredito),

o que dá conta de um dos objetivos desse trabalho. Novos conceitos foram aprendidos por

mim e pelos alunos, outros caminhos encontrados para chegar ao sucesso... Mesmo assim o

link entre as duas “cordas” centrais do projeto foi muito frágil, faltou amarração ou pelo

menos apertar o nó.

SEMANA 4

Contação de história

Foi bárbara! Gravei (em áudio apenas) o que diziam - o áudio está disponível na

página do wiki do estágio, semana 4. Eles trocavam informações como gente grande, cada um

falando na sua vez (apenas no final, se dispersaram um pouco). Conseguiram contar-me a

história com riqueza de detalhes e ainda citaram algumas versões diferentes (filmes, livros),

estabelecendo comparações entre elas. Realmente, agora começo a colher os frutos dessa

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proposta de trabalho que tanto me amedrontava, por ser muito diferente de tudo que havia

realizado até aqui. Pude observar que mudam de postura para falar, sentar e gesticular quando

começam a contar a história, demonstrando aí um saber aprendido na escola: contar história é

diferente de simplesmente falar e exige de quem fala um jeito particular de se comportar...

Solicitei que desenhassem a cesta que a menina (Chapeuzinho Vermelho) levava e

escrevessem os nomes dos alimentos que imaginam, estavam dentro da cesta. Nessa

atividade, muitos deixaram bem claro o receio que têm em escrever e “errar”, pois copiaram

os nomes de alimentos do alfabeto base, ao invés de escreverem aqueles que haviam citado na

atividade oral. Quando os questionei, reconheceram que escolheram aqueles alimentos por

que não saberiam escrever outras palavras. Pedi-lhes, então, que escrevessem do jeito deles.

Muitos relutaram, pediram pra deixar como estava, alegando que não conseguiam escrever.

Incentivei-os, fiquei junto, fiz algumas perguntas. Com muito custo consegui convencê-los a

escrever.

Como se tratava de alimentos já mencionados anteriormente (e tenho alguma prática

na leitura de palavras escritas em outros níveis, que não o alfabético), procurei ler aquilo que

os alunos mais inseguros estavam escrevendo, permitindo que, aos poucos, fossem se

libertando do medo e passassem a escrever da forma como concebiam a escrita, deixando a

intervenção sobre as faltas ou excessos de letras para um momento em que estivessem mais

seguros e confiantes em relação às suas possibilidades.

Eles trazem de casa ou do ano ciclo anterior um medo muito grande errar. Evidenciar,

mostrar esse “erro” nesse momento seria, a meu ver, condená-los a não escrever mais.

Primeiro, era preciso que escrevessem, fosse do jeito que fosse, pra depois questioná-los e

intervir de forma positiva, buscando o conflito, o desequilíbrio em relação à hipótese que

usavam.

Sem a produção escrita dos alunos, não tinha como saber em que nível de construção

se encontravam ou que tipo de conflito enfrentavam na hora de escrever.

Pra mim essa foi uma das mais importantes atividades da semana, porque me permitiu

observar e conhecer melhor alguns.

Construção de texto individual

Nessa atividade precisei incentivá-los a escrever do jeito deles, pois muitos pediram

àqueles colegas que sabidamente, já o fazem de forma alfabética. Esforcei-me para ler o que

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registraram, num movimento para melhorar a auto-estima dos que acreditam não serem

capazes de escrever. E o resultado foi muito positivo, houve um salto qualitativo imenso nas

produções dos pequenos. Até mesmo as crianças mais tímidas estão se “aventurando” (sim,

porque pra eles, nesse momento, escrever é uma aventura perigosa, tamanho é o medo que

demonstram).

Kethlen, por exemplo, foi uma das minhas maiores vitórias! Tinha medo de tudo,

estava sempre com uma expressão de doente e triste. Depois a via sorrindo, participando,

questionando. Agora ela vem perguntar, mostra-se motivada para aprender. Pra fazer esse

texto, ela visivelmente sofreu. Sua primeira tentativa foi escrever os nomes dos personagens,

copiados de uma folha do tema de casa. Conversei com ela, questionei sobre essa conduta (de

copiar), estimulei-a a escrever espontaneamente e ela produziu um texto que com

entendimento dos níveis de construção da escrita, eu pude ler, o que a deixou muito feliz e

confiante.

O texto da Júlia foi escolhido para ser trabalhado. Ele apresentava muitos detalhes e

elementos da história original, havia inclusive um diálogo. Ela ainda não sabia usar os sinais

de pontuação e algumas sílabas complexas.

Marcelo, mesmo escrevendo alfabeticamente ainda apresentava muitos problemas de

organização espacial, tanto na folha como no caderno. Ainda não usava algumas convenções,

como a direção em que se deve escrever, no texto a grafia de algumas palavras omitia letras, o

que mostrava que estava em fase de transição entre o nível silábico-alfabético e o alfabético.

Tive bastante dificuldade em intervir, porque ele estava convicto de que era daquela forma

que se escrevia e não aceitava minhas explicações e sugestões.

Leitura da História da Júlia

Entreguei-lhes a folha com a história impressa, sem nada lhes dizer. Ao identificarem

o nome da colega, começaram a perguntar-se se a pessoa que escreveu tinha o mesmo nome

dela. Quando esclareci que a autora do texto era mesmo a Júlia, ficaram orgulhosos, como se

eles próprios estivessem escrito a história. Penso que valorizar as produções das crianças é a

melhor forma de incentivá-los a produzir. Disse a eles que todos poderiam escrever histórias

grandes como essa da Júlia. Alguns balançavam a cabeça em sinal negativo, outros colocaram

um sorriso tímido, tentando dizer que iriam tentar. A proposta era mostrar-lhes a estrutura do

texto em parágrafos a partir do recuo das margens (tabulação). Do meio para o final do texto

18

muitos já identificavam a troca de parágrafo em função do recuo do texto. Mas a Natali, a

Júlia, a Ana e o Max já identificavam o início do novo parágrafo pela semântica. Eles liam as

frases pra provar se havia mudança ou não. Fiquei surpresa, porque esse é um elemento

bastante abstrato para que compreendam dessa forma. Na verdade superaram as minhas

expectativas, pois meu objetivo era mostrar-lhes de maneira bem rudimentar e visual que um

texto era composto de parágrafos e como deveríamos marcar isso na hora de escrever. Esse

não é um conhecimento construído nesse ano ciclo, mas achei importante que tomassem

conhecimento desse “detalhe”. Acredito, que a marcação de parágrafo aparecerá nas próximas

produções de alguns deles.

Dinheirinho

No primeiro dia em que distribuí as cédulas, elas dividiram de forma aleatória,

preocupando-se apenas, que a quantidade de notas fosse igual para todos do grupo. Somente

um grupo agiu de forma diferente, procurando dar a mesma quantidade de notas de acordo

com o valor delas, devolvendo-me àquelas notas que não puderam ser divididas igualmente

entre eles.

Nesse dia, fiz alguns questionamentos oralmente, tentando observar se sabiam

estabelecer trocas de dinheiro de acordo com o valor: 1 nota de 10 por duas de cinco, por

exemplo. Com exceção do Max, nenhuma criança conseguiu estabelecer relações de valor

entre notas maiores que 5. Alguns até tentaram fazê-lo, mas equivocadamente. No início tive

medo de novamente estar propondo algo fora da zona de desenvolvimento proximal. Então

passei relacionar as notas com objetos concretos, com os quais estão acostumados a lidar:

como as figurinhas, por exemplo. Eles têm num álbum, algumas figuras grandes que têm

valor maior (valem por 2 e/ou 4 das outras comuns). Mostrei-lhes que com o dinheiro é

parecido. Apesar do tamanho das notas ser o mesmo, elas têm valor diferente. E fui fazendo

as trocas, para que pudessem ver e entender: 1 de 10 por: 2 de 5; 5 de 2, 10 de 1; sempre

contando as menores para provar que o que dizia era verdade.

Também aproveitei as notas pra fazer atividades de classificação e seriação que, como

as demais, foram importantes para eu avaliar o que as crianças já têm construído desses

conceitos.

19

Fabricação de biscoitos de aveia

Para essa atividade, contei com a ajuda da profe Carla.

Antes de por a mão na massa, apresentei os ingredientes que usaria, ainda com as

embalagens fechadas, informando a quantidade que seria necessária de cada um. Iniciei a

leitura da receita, dizendo a eles que a receita base faria em torno de 50 biscoitos. Então

iniciamos os cálculos (quantos biscoitos cada um daria a mãe e quantos daríamos às pessoas

que nos auxiliavam, quantos teríamos que ter ao todo). Tudo isso para descobrir quantas

receitas deveríamos fazer para obter a quantidade de bolachinhas necessária para contemplar

os “presentes” de todos. Esse momento foi de uma riqueza impressionante. Primeiro porque

errei nas perguntas e pergunta errada leva à falta de compreensão e respostas indesejadas (pra

cada receita coloco 1 xícara de farinha, em 6 receitas quantas xícaras eu tenho que colocar? O

problema aqui estava na palavra cada, que não clareou a situação para eles e numa noção de

multiplicação que ainda não estava construída) Então, depois de 2 ou 3 equívocos, mudei a

forma: Pra uma receita a profe tem que colocar 1 xícara de farinha. Pra fazer as 6 receitas que

precisamos, quantas xícaras de farinha a profe vai ter que usar? Então fomos contando as

receitas e colocando a farinha simultaneamente e mostrando nos dedos quantas xícaras de

farinha estavam sendo colocadas na bacia. No final concluímos que precisaríamos de 6

xícaras. Retomei com eles o que fiz, como nossa cabeça pensou aquele processo. No segundo

ingrediente, muitos já estavam inferindo o que fazer, a partir da vivência anterior. O mais

interessante aconteceu com os ovos, que eram dois por receita: achei que não iriam atinar o

que e como fazer, mas me surpreenderam novamente, pois iam contando de dois em dois até

chegarem às seis receitas (e doze ovos). Claro que esse não foi um processo desenvolvido por

todos, pois depende também daquilo que já têm construído anteriormente. Mas o avanço nas

respostas era visível.

Passada essa etapa, iniciamos a segunda fase, que era amassar a massa.

Eles adoraram e ficou nítido que nunca tinham feito algo semelhante. Na hora de

cortar os biscoitos eu tive algumas dificuldades, porque levei apenas um cortador e demorava

muito pra cortar toda a quantidade de massa que tínhamos feito. Aí, eles arrumaram uma

solução rapidamente: resolveram fazer bolachinhas moldadas com a mão e bolinhas, tipo

broa. Colocamos tudo nas formas e levamos ao forno. Olhando em volta, vi que além das

mesas, nada mais havia sujado no refeitório, o que também me surpreendeu, pois ouviram e

fizeram direitinho o que eu havia solicitado.

20

Para embalar, usamos saquinhos de papel celofane, nos quais foram colocados 10

bolachinhas, por saco. Mas pra evitar problemas, fui solicitando que colocassem as bolachas

aos poucos, revezando entre eles: inicialmente cada grupo na sua vez, colocou 4 bolachas no

saquinho. Depois acrescentaram 3 e por último mais 3. Enquanto isso, mesmo sem eu

solicitar, eles iam somando quantos biscoitos já tinham e calculando quantos ainda faltavam

para completar a quantidade.

Minha Avaliação da Semana

Penso que nessa semana quem mais aprendeu fui eu. Aprendi a não subestimar as

crianças, que devo pensar melhor no que perguntar a elas para evitar confusões e mal

entendidos, que quanto mais próxima da realidade deles for a atividade, mais significativa

será e maior será a aprendizagem e o envolvimento.

Consegui fazer uma amarração importante entre a história (Chapeuzinho Vermelho), a

vida das crianças, conceitos lingüísticos e matemáticos, mas não contemplei (a não ser nas

atividades orais – alimentos da cesta) o princípio interdisciplinar como gostaria, porque

ciências e sócio-históricas não aparecem claramente trabalhadas na semana.

Também senti que meus objetivos pessoais quase que totalmente alcançados, porque

consegui estabelecer uma relação de cumplicidade entre teoria e prática, tendo a literatura

infantil como eixo integrador, faltando apenas o diálogo entre as diferentes áreas do

conhecimento e relacionar significativamente o aprendizado da Língua Materna e da

Matemática.8

SEMANA 5

Receita dos biscoitos de aveia

Retomar a receita foi importante: observei que, como foi uma atividade significativa

pra eles, lembraram dos ingredientes e o quanto usamos de cada um para fazer as nossas

bolachas. Fiz o cartaz com a receita base junto com eles, sempre remetendo os

8 http://marciarysdykestagio.pbworks.com/Reflexão-QUATRO

21

questionamentos à elaboração das nossas bolachinhas e às quantidades utilizadas para fazê-

las.

O cartaz com os rótulos e preços foi confeccionado obedecendo a ordem pela qual

cada ingrediente foi colocado na bacia, sempre ditado pelos alunos. Conseguiram lembrar a

sequência exatamente como aconteceu no dia da fabricação.

A segunda parte da atividade consistia em eles desenharem os rótulos na quantidade

que foi utilizada para fazer a nossa receita. Então precisaram lembrar, não só de quantas

xícaras usamos de cada ingrediente, mas do peso ou da quantidade de pacotes que usamos.

Mas pra eles isso também foi tranquilo.

Depois, cada grupo separou as notinhas de real necessárias para comprar cada

“pacotinho” de ingrediente utilizado, conforme a lista de preços. Também tinham que somar o

quanto foi gasto com cada ingrediente e o total gasto para fazer a receita da turma.

Enquanto o trabalho limitava-se a cálculos mentais e respostas orais aos

questionamentos que ia lhes fazendo, tudo transcorreu naturalmente sem problemas. Mas

quando tiveram que sistematizar e registrar por escrito apareceram as dificuldades. Nesse

momento parecia que eles jamais tinham visto ou falado sobre o assunto.

Educação Física: brinquedos e jogos de mesa

No início buscaram brinquedos e jogos em que poderiam ficar sozinhos. Acho

que eles cansam de estar sempre em grupo. Talvez já fosse um bom indicativo para buscar

novas maneiras de organizá-los na sala de aula. Apesar de adorarem o fato de exercerem a

chefia por uma semana, momentos de trabalho individual, valorizando o singular e o que os

diferencia dentro do todo da turma, poderiam estar fazendo falta a eles. Não seria a primeira

vez que observaria esse movimento em busca do EU separado dos demais.

Aos poucos começaram a se misturar novamente, buscando os colegas com o quais

tinham maior afinidade para brincar, combinar, conversar. Outro aspecto importante: novas

formas de organização poderiam trazer-lhes bons resultados, desde que o grupo não fosse

esquecido. Consegui muitos avanços com eles, a partir do compartilhamento de materiais e

saberes e não poderia deixar isso se perder, mas estava muito claro pra mim que eles queriam

e precisavam de outras variações (individual, dupla trio...). Acho que poderia enriquecer

ainda mais o trabalho.

22

Minha Avaliação da Semana

Até aqui tenho trabalhado com as histórias por uma semana, no máximo duas e vejo

que muitos aspectos importantes acabam se perdendo por falta de tempo para aprofundar os

temas trazidos pelos textos. Estou satisfeita com os resultados que estou observando, mas

acho que poderiam ser muito maiores e melhores se eu tivesse ampliado o tempo de duração

do trabalho com algumas histórias, como esse da “Chapéu”. Foi um erro de previsão no

momento da elaboração do projeto de estágio, que eu justifico pelo medo que tinha de o

trabalho ficar monótono e cansativo para as crianças.

No final dessa semana fiquei repensando algumas certezas que tinha acerca do

trabalho:

1- Trabalho em grupo: sempre? Às vezes? Como? Continuava com a convicção de

que mantê-los em grupo era muito importante, tanto para o desenvolvimento pessoal como o

social, mas já pensava em proporcionar-lhes outras modalidades, como duplas, trios e o

trabalho individual. São formatos que mexeriam com a organização espacial da sala de aula e

outras questões, como o material coletivo, mas que deveriam ser incluídos nas próximas

aulas. Apenas teria que estudar uma maneira de propor e fazer isso, sem que houvesse

prejuízos das conquistas alcançadas até esse momento. Estava na hora de me debruçar em

novas leituras.

2- Diversificar a forma de apresentar os textos e/ou mesclar diferentes versões e

formatos para uma mesma história. Também era um item que iria me exigir uma pesquisa e

muitas outras leituras, para não incorrer em erros que poderiam ser fatais a essas alturas do

trabalho.

3- Rever o tempo de duração do trabalho com cada história. Esse era um item muito

delicado, porque iria depender de como cada texto seria recebido pelos alunos. Já podia

observar que os contos clássicos eram mais prazerosos pra eles, por que já eram conhecidos.

Com esses textos daria pra inserir algumas mudanças, até pra provocar o debate entre eles e

deles comigo.

Mesmo saindo da semana descontente por ter faltado e por não ter conseguido fazer

tudo o que tinha planejado no início, escrevendo esse relato acordei pra algumas

aprendizagens que eu realizei e para o aprofundamento que consegui em relação a alguns

alunos, que até esse momento eu não tinha vislumbrado. Posso concluir que a grande riqueza

23

do estágio está nessa hora em que sentamos para refletir sobre o que foi feito e escrever tudo o

que foi experimentado de forma analítica.

É importante escrever aquilo que pensamos, pois no momento em que estamos

elaborando a reflexão para escrevê-la, descobrimos novos fatos, percebemos detalhes que

tinham passado e que eu jamais enxergaríamos, não fosse esse momento de parar, refletir,

analisar, elaborar e escrever. 9

SEMANA 6

Contação da história: Os três Porquinhos

Contei-lhes a história usando fantoches. Escolhi uma versão em que o lobo come

porquinhos e as crianças ficaram contrariadas, quando a certa altura o Lobo comia dois

porcos. A reação foi imediata: falavam, muito ansiosos, que a história estava errada...

Também demonstraram muita curiosidade a respeito dos fantoches e quiseram mexer e

até contar histórias usando os fantoches.

A turma estva muito envolvida nas atividades e em tudo o que era proposto havia uma

participação maciça, com muita alegria e comprometimento. Também estavam com uma

postura respeitosa nas atividades em que há o destaque para a oralidade. Pude observar que os

alunos mais tímidos mostravam-se mais ativos e faziam questão de dar sua opinião a respeito

dos assuntos tratadas argumentando com muita qualidade. A turma em geral questionava e

não aceitava qualquer explicação só porque estava num livro ou era proferida por mim. Não

me consideravam um ser acima de qualquer suspeita, me viam como alguém que erra, acerta,

enfim, humana!

Reconstituição da história, dramatizando-a

Essa foi talvez a experiência mais marcante dessa semana, porque envolveu vários

aspectos.

9 http://marciarysdykestagio.pbworks.com/Reflexões-Semana-5

24

1- Precisei sair da sala para buscar um material que serviria de cenário para a

história que iriam montar. Expliquei o que queria que fizessem, mas não os induzi a fazer

dessa ou daquela forma. Dei a eles a liberdade e a autonomia para decidirem como fariam a

atividade. Quando voltei à sala de aula me apavorei! Estavam TODOS, nos grupos

conversando e combinando como fariam a dramatização. Eu, sinceramente não esperava

encontrá-los trabalhando e de forma tão intensa. Achava que, ao voltar os encontraria

conversando alto, alguns correndo, outros brigando, outros batendo figurinha. Tudo, menos

fazendo o que tinha solicitado. Mas me enganei e foi gratificante vê-los envolvidos daquela

forma com a atividade proposta. Gravei as apresentações em vídeo. 10

2- Outras surpresas ficaram por conta da mudança de postura de alguns alunos:

Maria, que foi lobo e desempenhou muito bem o papel, levando-se em conta que eu quase não

ouço a voz dela na aula, tão tímida que é. Alisson Moreira, que tem um grave problema de

fala e uma asma que o tornou „dependente‟ da mãe e que pouco se posiciona na aula, também

foi o lobo do seu grupo e se saiu muito bem – depois disso, ele mudou até a maneira como

lida com a própria aprendizagem e deu um salto qualitativo na aquisição da leitura e da

escrita. Isso só pra ilustrar os casos mais gritantes de progresso a partir desse trabalho e dessa

história.

Liga as palavras

Nessa atividade observei claramente, um grande progresso dos alunos na

construção de frases, que já apresentaram um conteúdo mais criativo e maior cuidado na

elaboração, por parte dos alfabéticos e uma evolução nos alunos silábicos e silábicos

alfabéticos. Pude ver que, com apenas dois meses de trabalho com esse projeto, os resultados

são positivos e aparecem com muita rapidez. Meus alunos não só estavam aprendendo a

decodificar um código convencionalmente construído, mas também se apropriando da escrita.

Ter-se apropriado da escrita é diferente de ter aprendido a ler e escrever; aprender a ler e escrever

significa adquirir uma tecnologia, a de codificar em língua escrita e decodificar a língua escrita; apropriar-se da

escrita é tornar a escrita “própria”, ou seja, é assumi-la como sua “propriedade”. (Soares, 2002, pag 39)

10 http://marciarysdykestagio.pbworks.com/Reflexão-Semana--6

25

O primordial no trabalho era fazer com que todos assumissem essa postura de

“proprietários”.

Reescrita coletiva da história

Nessa atividade, mais surpresas! Eles construíram um texto enorme, eu não dava

conta de escrever e era tanta empolgação que minha mão não conseguia acompanhar o que

eles diziam. Importante ressaltar que dessa vez, mais que das outras oportunidades de escrita e

reescrita de textos, todos (sem exceção) participaram. Foi um texto criado a 28 mãos, já que

eu também pude participar. Aproveitei para ir mostrando a eles algumas convenções da

escrita que considero importante nessa fase em que eles se encontram, como pontuação,

parágrafos, direção da escrita e também questões que envolvem a coerência e a coesão,

cuidando para não repetir muitas vezes os termos e manter uma sequência ordenada na

história. O que me impressionou também foram alguns termos que os alunos utilizaram e a

maneira como construíram as frases, pareciam gente grande “escrevendo”. Eu só intervinha

quando havia repetição de termos tentando mostrar-lhes que poderíamos dizer a mesma coisa

usando palavras diferentes. Mas houve momentos em que não consegui convencê-los e o

texto foi escrito tal qual fora ditado. É uma pena que eu não tenha fotografado, tamanha era a

minha emoção e entusiasmo. Essa história foi construída muito rapidamente.

Minha Avaliação da Semana

Essa semana foi particularmente significativa, pois pude certificar-me na prática

que estou no caminho certo ao escolher o tema e a metodologia de trabalho para esse ano

letivo. Também ratifico a importância do planejamento no nosso trabalho.

Tinha a certeza de que uma parcela muito grande do sucesso do meu trabalho até

então, deveu-se ao cuidado que tinha dispensado ao planejamento e às leituras. Não tenho

vergonha de confessar que colocar no papel o que iria fazer, e pensar os motivos que me

levavam a escolher uma determinada atividade em detrimento de outra, não era a prioridade

26

pra mim. Quase dois meses depois, ler e planejar criteriosamente se tornou uma questão

essencial e indispensável no meu trabalho docente. 11

SEMANA 7

Eleição dos novos chefes de grupo

Magnífica!!!! Não há outra palavra para descrever essa atividade. Foi a única

atividade destacada nessa semana, porque nesse dia eu sofri um acidente de moto que me

afastou do trabalho por 15 dias.

O meu objetivo de trabalhar cidadania, respeito, colaboração, solidariedade ficou

expresso e salientado nesse dia, nesse momento. Saí da escola em êxtase...

Todos os meus alunos demonstraram uma maturidade impressionante durante todo

processo eleitoral, que durou quase duas horas. Permaneceram em seus lugares, falando

baixinho, em respeito a quem votava. Os mesários souberam desempenhar os seus papéis

mantendo igual postura e as escrutinadoras contaram, registraram os votos e declaram eleitos

os mais votados, fazendo os cálculos necessários com muita seriedade e correção: contaram

primeiro para conferir se não houve fraude, depois uma lia os nomes dos votados e as outras

duas escreviam no quadro (se dividiram – uma registrou as meninas e a outra os nomes dos

meninos). E eu só tirava fotos de tudo, parecia uma repórter, não precisava me preocupar com

o comportamento deles ou em orientá-los sobre o que fazer: eles já sabiam!

Tomei o cuidado de escolher para mesários e escrutinadores aqueles alunos que

estariam inelegíveis nessa semana, até para evitar o “boca de urna”, que sempre acontece

entre eles.

De fato posso afirmar que essa galera saberá participar de uma eleição com o

respeito e a responsabilidade que esse momento exige. Estou muito orgulhosa dos meus

baixinhos. Também é importante dizer que era meu objetivo desde sempre chegar nesse nível

de trabalho com a turma. Alfabetizar é muito, mas muito mais que ensinar a ler e escrever.

Foi tão bonito o que aconteceu nesse dia que resolvi transformar em vídeo.12

11 http://marciarysdykestagio.pbworks.com/Reflexão-Semana--6 12 http://marciarysdykestagio.pbworks.com/Reflexão-7

27

SEMANA 8

Todas as informações sobre o acidente estão no meu pbworks do estágio.13

SEMANA 9

Trabalhando com o texto coletivo

Destaquei essa atividade, porque depois de 15 dias, sendo atendidos ora por uma

ora por outra professora e muitas vezes repartidos em pequenos grupos para serem inseridos

nas demais turmas da escola, imaginei que os alunos não lembrariam sobre o que

trabalhávamos. Depois de conversarmos sobre o que fizemos e o que vivemos nos dias em

que eu estive longe, perguntei-lhes sobre o nosso trabalho e a resposta ecoou: os 3

porquinhos. Então, tive a certeza de que estava sendo importante e significativo tudo o que

vínhamos fazendo.

Durante a leitura coletiva, observei que algumas crianças apenas pronunciavam as

sílabas finais das palavras, mas uma parcela grande estava realmente lendo, alguns com mais

outros com menos fluência. Ler coletivamente é importante para dar ritmo à leitura e ensiná-

los e fazê-la correntemente, sem aqueles travamentos comuns nessa etapa. Chamei alguns

para lerem algumas frases. Verifiquei que ainda tenho alunos tentando adivinhar e com receio

de ler. Concluí que preciso intensificar as atividades de leitura e incentivar-los a se lançarem

na “aventura” de ler.

É indispensável colocar mais atividades de leitura coletiva e individual nos

próximos planejamentos.

Jogo do Lobão

Vários foram os aspectos que me fizeram selecionar essa atividade:

1° - o encantamento das crianças pelo lobo e pelo material.

2° - a tranquilidade com que registravam os dados do jogo na tabela e depois nas

frases matemáticas (sem que eu explicasse ou solicitasse – inferiram a partir das viv~encias

13 http://marciarysdykestagio.pbworks.com/Reflexão-8

28

anteriores com tabelas e operações), relacionando os dois instrumentos de registro com o jogo

que executavam

3° - o cuidado que tiveram com o material: nada foi perdido ou estragdo, tudo era

manuseado com muito carinho.

4° - não precisei repetir as regras do jogo, bastou explicar uma vez.

5° - demonstraram entendimento do conceito da adição dentro do jogo.

Essa atividade me provou que estou no caminho certo, tanto no que diz respeito a

aprendizagem da língua e da matemática, quanto na aprendizagem da cidadania, do respeito,

da solidariedade e da cooperação. Começo a acreditar que meu intento de alfabetizar a todos,

de não deixar nenhum pra trás vai se tornar realidade antes mesmo de o ano letivo terminar.

Temos esse tempo pra dar conta dessa tarefa, pra alcançar esse objetivo, e vamos cumpri-la

antes do prazo final e poderemos qualificar ainda mais a nossa aprendizagem. Digo nossa,

porque estou aprendendo mais do que esperava com essas crianças e estou muito orgulhosa

deles e de mim pelo tudo que estamos sendo capazes de realizar juntos.

Minha Avaliação da Semana

Voltar à escola depois de ficar fora quase 14 dias poderia ser uma experiência ao

mesmo tempo emocionante e frustrante. Emocionante por estar novamente com meus alunos.

Frustrante porque eles poderiam ter se perdido depois de passarem por vários professores e

situações, em que a linha de trabalho é muito diferente da que havíamos construído juntos.

Um menino chegou a falar: “quando tu não tava vindo, a gente ficou extraviado!” Mas que

linda surpresa eu tive!! Primeiro a emoção do retorno, depois a alegria (e o alívio) em ver que

tudo o que tínhamos feito até ali, não havia se perdido. Um sinal de que para as crianças está

sendo importante o que estávamos vivendo juntos.

Num primeiro momento precisei lembrá-los das nossas combinações, mas à medida

que os dias passavam, a vida foi voltando ao normal. Nas diferentes situações e atividades que

propus aos alunos durante essa semana, observei que eles estão evoluindo rapidamente.

Praticamente toda turma mudou de nível na construção da lecto-escrita e os alunos estão

superando as dificuldades que encontravam até aqui. E isso serviu para ratificar a certeza de

que estou no caminho certo ao propor um trabalho com ênfase na literatura infantil e na

matemática.

29

A literatura dá conta de algumas questões subjetivas ajudando as crianças a lidar com

seus medos e angústias e alicerçando-as emocionalmente para aprender. 14

SEMANA 10

Contação de história

Contei a versão do lobo, da história dos três porquinhos, com a alegação de que aquela

história que conheciam não era verdadeira, que todo mundo queria fazer do lobo um bicho

malvado, até porque histórias sem um vilão não faz sucesso.

Primeiro quase fui surrada. Eles enlouqueceram e diziam que o lobo era mal e que eu

não devia ficar defendendo ele assim.

Pedi então que escutassem o que o lobo tinha pra contar e só então manifestassem a

sua opinião.

Eles ficavam se mexendo na cadeira, contrariados, mas não falavam. Terminei de

contar a história e iniciamos a discussão. Notei que alguns já estavam em dúvida.

Em seguida voltamos para nossa sala e lá, então, argumentei, trazendo como exemplo,

situações do cotidiano deles na escola, quando vêm contar das brigas e confusões em que se

metem. Lembrei-os que eu sempre escuto os dois lados e todos os envolvidos pra tentar saber

quem está com a razão e perguntei:

- Já pensaram, se quando um colega vem contar que um de vocês bateu ou empurrou,

ao invés de conferir as informações, fosse logo brigando, mandando pra diretora e ou

deixando sem recreio, sem dar o direito de se explicarem, como vocês iriam se sentir?

Responderam que não está certo fazer isso, que primeiro eu devia saber o que tinha

acontecido de verdade.

Então perguntei:

- Se com vocês eu tenho que agir assim, porque não estão dando ao lobo o direito de

contar a versão dele para os fatos, de ser ouvido e de provar que é inocente? Porque o estão

condenando? Vocês têm provas de que ele é verdadeiramente mal, como contam essas

histórias. Será que as pessoas que contaram as histórias pra vocês sabiam a verdade?

14 http://marciarysdykestagio.pbworks.com/Reflexão-9

30

Aí saíram logo dizendo que eu também havia contado a história em que o lobo come

os porquinhos.

Rebati dizendo-lhes que havia feito isso de propósito.

Resumindo:

Consegui colocá-los em dúvida! No final da discussão, muitos já não tinham mais

tanta certeza de que o lobo era realmente mal.

Jogo do lobo guloso

As crianças custaram um pouco para entender a dinâmica do jogo, mas depois que

entenderam como deveriam fazer o jogo funcionou muito bem.

Consegui tudo o que queria com ele. Comportaram-se muito bem durante a execução

do jogo, cada grupo respeitando a sua vez de jogar (apenas dois ou três alunos que ficaram

mais exaltados e eu precisei chamar-lhes a atenção algumas vezes e lembrar-lhes das regras

do jogo com frequência.

Eles discutiram entre eles, dentro do grupo, como fariam o registro na tabela. Alguns

alunos já sabiam como fazer e além das tabelas já estavam organizando a operação

matemática em cada rodada. Outros ainda esperavam por mim para fazê-lo. Mas esses

correspondem a uma parcela bem pequena da turma.

Novamente, pude observar alguns avanços, principalmente na escrita de alguns

números.

Primeiro em pedi que eles organizassem as fichas em grupos com 10. Como todos os

grupos ganharam 20 fichas, todos formaram 2 grupos. Perguntei-lhes se havia sobrado fichas

avulsas. Depois escrevi no quadro o número 2 e mostrei-lhes que representava 2 montinhos de

10 fichinhas cada grupo. Ao lado do 2, escrevi o zero, mostrando que o zero representava a

quantidade de fichas avulsas. Então lemos o número 20.

No final das 3 rodadas, eles deveriam contar quantos porquinhos tinham sobrado no

grupo e descobrir quantos perderam. Alguns utilizaram as estratégias de calculo mental que

venho ensinando desde o início do ano, outros contaram nos dedos (guardando as quantidades

maiores na cabeça, como eu faço com eles) e outros ainda percorreram os outros grupos para

ver quantos porquinhos da cor do seu grupo cada um tinha e foram contando

simultaneamente. Deixei-os pensar e experimentar todas as possibilidades de que dispunham

31

para descobrir a resposta. Depois, mostrei-lhes que poderiam contar a partir do que sobrou até

chegar a 20.

No final, coloquei uma grande tabela no quadro, na qual fui registrando os dados de

cada grupo no jogo, para que pudessem comparar os resultados e ver que lobo teve o melhor

resultado e que grupo perdeu menos porquinhos.

Educação física: jogo dos cubos

A atividade estava dividida em dois momentos: montagem dos cubos em duplas e

construção das torres em equipe.

Muitos alunos tiveram dificuldade para montar os cubos e precisaram ser auxiliados.

Alguns me surpreenderam como a Natali e o Max, que eu não esperava que enfrentassem

problemas, uma vez que já lêem. Mas pude ver que a leitura não dá conta de tudo na vida e

fortaleci ainda mais a certeza de que nos anos iniciais, é indispensável oferecer e dar

condições para as crianças manusearem diferentes materiais e experimentarem situações

desafiadoras para que seu desenvolvimento seja pleno. Nós, alfabetizadoras, nos enredamos

nas questões da leitura e da escrita e deixamos de lado os outros aspectos que compõem e

completam o ser humano. Essa foi a minha preocupação ao pensar o meu projeto de estágio.

A construção das torres se deu sem maiores problemas a não ser manter a torre em pé,

pois os primeiros que iam não tinham o cuidado de fazer uma base firme. Deixei que fizessem

todo o percurso e depois expliquei a eles que as torres caíam porque as primeiras peças eram

colocadas sem equilíbrio mostrando como acontecia e como deveriam fazer.

A professora Susana, de Educação Física sugeriu uma variação no jogo: Os dois

grupos deveriam montar uma única torre. Um aluno de cada grupo pegava seu cubo e levava

até o ponto determinado e colocavam juntos os cubos. Fariam assim até a torre alcançar 8

cubos e depois começavam a tirá-los montando uma segunda torre junto ao ponto de partida.

Achei interessante essa versão que trabalha a cooperação entre os times e ampliava a

dificuldade, já que a torre seria mais alta. Repetiram essa versão duas vezes, mas não

conseguiram manter a torre em pé.

Avaliação da atividade: muitos disseram que não adiantava terminar primeiro se a

torre caía e teriam que remontá-la. Chegaram a conclusão que deveriam fazer mais devagar e

com mais cuidado. Levantaram uma polêmica, porque uma parte do grupo não conseguia

entender como poderia terminar primeiro fazendo devagar. Expliquei-lhes que a questão não

32

era fazer devagar, mas fazer com mais cuidado, observando se os primeiros cubos não

estavam ficando tortos. Achei ótima a discussão, e notei que, na verdade, todos concordavam,

o que lhes faltava era o vocabulário adequado para se expressar, o que também é

surpreendente, já que na construção das histórias eles demonstram possuir um vocabulário

amplo e muito rico. Aí lembrei da postura que adquirem ao contar histórias e a preocupação

que têm ao falar nesses momentos. Talvez esteja aí a explicação pra falta de vocabulário que

desse conta daquilo que queriam falar. Pra eles, Educação Física é lúdico (brincar) então não

precisa se preocupar com o jeito de falar. A partir dessa discussão, senti que preciso trabalhar

para mudar essa concepção que têm dos diferentes momentos que vivem na escola: nem a

Educação Física é só brincar, nem a contação de história demanda essa seriedade que eles lhe

impõem. O mais grave é que aprenderam isso na escola, conosco. Sinal que valorizamos

demasiadamente alguns aspectos da aprendizagem escolar em detrimento de outros, quando

todos deveriam ser valorizados igualmente nas suas especificidades.15

SEMANA 11

Leitura de palavras e frases

De um modo geral eles conseguiram fazer a leitura das palavras, mas muitos

enfrentaram dificuldades com a leitura das frases, pois não conseguiam conservar na memória

o que já tinham lido. Mesmo assim considero um bom desempenho, pois não demonstraram

medo da atividade e por ser individual, poderiam se intimidar.

Dez alunos (alfabéticos) descobriram que havia frases repetidas e vieram me dizer

baixinho, porque eu lhes disse que havia um segredo e que quem descobrisse não poderia

falar alto. Mas o “segredo se espalhou e os demais começaram a procurar as frases repetidas.

Essa era uma reação que eu sinceramente não esperava, mas achei muito positivo,

porque em função da repetição e da vontade de descobrir o segredo, houve um movimento

dos alunos na tentativa de ler todas as frases.

Foi uma semana muito fértil pra mim e para as crianças também. Pude ver onde

preciso intervir de forma mais efetiva, em que aspectos o trabalho precisava ser aprimorado e

senti a necessidade de organizá-los em grupos por níveis para atender melhor as necessidades

15 http://marciarysdykestagio.pbworks.com/Reflexão-Semana--10

33

específicas de cada aluno, visando transpor os obstáculos que ainda os impedia de avançar no

aprendizado da língua escrita.

Escrita da história de acordo com os desenhos

Essa atividade foi realizada no mesmo dia em que recebi a visita da tutora Catia Zílio,

o que deixou minha turminha um pouco agitada. Por conta disso, demoraram mais do que o

previsto para pintar, numerar, recortar, colar em ordem as imagens que ordenavam a história

dos 3 porquinhos.

As histórias ficaram muito lindas e pude perceber que todos estão avançando com

muita qualidade. De uma forma geral, cada um no seu nível de construção de escrita, os textos

foram escritos e nenhum demonstrou medo diante da tarefa, que até poucos dias era tida como

algo assustador. Posso concluir que não estão apenas se alfabetizando, mas dão sinais claros

de que entendem perfeitamente o significado social dessa habilidade e já não medem esforços

para qualificá-la.

Aniversário da escola

Mesmo sendo uma data muito importante para todos nós que fazemos parte dessa

história, a chuva foi mais forte nesse dia. Foi uma enxurrada tão forte que não tivemos

quórum para realizar a apresentação. Mesmo assim, os que foram (6 alunos) participaram das

atividades que havíamos programado. A apresentação deles acontecerá num outro sábado

letivo a ser marcado pela direção da escola.

Minha Avaliação da Semana

Foi uma semana meio conturbada, com rádios que não funcionavam, chuva em dia de

festa, visita de tutora, deixando a mim e aos pequenos um pouco nervosos. Em contrapartida

foi uma semana também de muita alegria e satisfação, porque pude mais uma vez constatar

que o projeto está sendo valioso tanto pra mim, quanto para os alunos. Os progressos visíveis

na aprendizagem deles, principalmente na leitura e na escrita demonstram isso claramente.

34

Ainda percebo que, mesmo com tudo o que tenho feito, a aprendizagem matemática

ainda está aquém do que esperava, pois muitos ainda não conseguem por exemplo,

representar graficamente as situações cotidianas que envolvem as operações de adição e

subtração. Ainda não consegui descobri aonde está travando o processo. Sei que está ligado à

forma com eu estou conduzindo, mas não encontrei ainda a solução para esse problema. Em

compensação, estão dando conta da numeração trabalhada e muitos já entendem o

funcionamento do Sistema de numeração decimal, sendo capazes de ler, escrever e contar

além do total trabalhado comumente (30). 16

SEMANA 12

Apresentação para a turma da Profe Cleci

Apesar de estarem um pouco tímidos a receptividade dos colegas da A13 e o carinho

da profe Cleci foram muito importantes para que eles se concentrassem e dessem o melhor

que podiam.

Cantaram meio baixinho, mas todos cantaram! E também não se esqueceram de fazer

os movimentos ensaiados. Foi muito emocionante... Até porque foi a primeira apresentação

em público, já que no sábado optamos por cancelar por falta quórum.

Esse tipo de atividade eleva a auto-estima dos alunos, melhora a atitude frente ao

grupo, pois aqui cada um é importante, tem o seu papel para o sucesso da turma e todos juntos

são fortes...

Todo tempo de ensaio, mostrou-lhes que o sucesso não vem à toa, é o resultado de

muito esforço e dedicação. Depois da apresentação lembrei a eles das vezes que se mostravam

cansados e não queriam repetir, enfatizando que a repetição é que faz com que não

esqueçamos a sequência de movimentos e também ajuda a decorar a letra da música. No final

estavam se sentindo verdadeiros artistas, tanto que pediram para cantar de novo na nossa sala

de aula e já queriam saber quando iriam se apresentar novamente.

16 http://marciarysdykestagio.pbworks.com/Reflexão-11

35

Assembléia Mensal

Algumas reivindicações foram feitas pelas crianças:

- Querem modificar a maneira de organizar-se na sala, variando entre sentar em duplas

e em grupos. Deixaram muito claro que não abrem mão da eleição de chefes e querem mais

atividades para os chefes. Segundo o Eduardo “o chefe é só pra escolher o grupo e levar e

buscar material e folhinha e isso não tá certo, tem que fazer mais coisas”. Perguntei-lhe o que

então os chefes devem fazer e ele não soube especificar. Muitos colegas concordaram com

ele, mas da mesma forma, não sabiam dizer o que mais deveria ser tarefa do chefe de grupo.

Isso mostra que estão insatisfeitos e ao mesmo tempo também prova que se sentem à vontade

para expressar suas opiniões e descontentamentos.

Sobre o trabalho em grupo, disseram que da muito barulho e que em dupla é melhor

porque ficam mais quietos. Analiso essa situação da seguinte forma: até eu sair de licença eles

só haviam vivenciado esse formato – trabalho em grupo formado a partir da eleição de chefes

e escolhas desses. Durante a minha ausência, muitas vezes a turma foi dividida em pequenos

grupos e cada um era conduzido a uma outra turma e assistiam a aula de outra professora, pois

não temos professor substituto na escola. Isso fez com que vivenciassem outras maneiras de

se organizar e estão agora usando o poder que lhes concedi para escolher como querem

trabalhar. Mas estão divididos e cada um defende o seu ponto de vista. A discussão foi muito

positiva. Pude observar como estão argumentando bem e sabe discutir um assunto sem se

agredirem, o que era comum no início do período. Todos, mesmo ansiosos para falar,

souberam esperar a sua vez e fizeram inserções dentro do que estávamos conversando.

Pediram pra eu não faltar, nem ficar doente, porque não gostaram de ficar

“extraviados”... Essa fala tocou fundo o meu coração e tem muito mais de política do que

imaginamos, pois traz à tona o quanto nossas escolas estão sucateadas de material e recursos

humanos, que nossas crianças acabam se sentindo perdidas a cada vez que um professor

precisa se ausentar por problemas de saúde.

Minha Avaliação da Semana

Chegando ao final dessa etapa profícua, chego à conclusão que estou no caminho

certo. Tenho que fazer alguns ajustes, ler mais, estudar muito para que os problemas que

enfrentamos (eu e os pequenos) possam ser dirimidos. Mas não podemos negar que os ganhos

36

são muitos: todos avançaram no processo de alfabetização e apenas 4 ainda estão silábicos.

Cerca de 80% compreendeu as regularidades do sistema de numeração decimal. Todos

conhecem integralmente o alfabeto e os números até 20 e entenderam os conceitos da adição e

da subtração. Todos sabem se posicionar oralmente, alguns ainda não venceram a timidez, por

isso pouco falam, mas quando sentem necessidade sabem como impor sua opinião diante do

grupo.

Agora, é aprimorar e dar continuidade ao que começamos no primeiro semestre e

levantar a taça no final do ano letivo. 17

17 http://marciarysdykestagio.pbworks.com/Reflexão-12

37

PROPOSTA DE INVESTIGAÇÃO PARA O TCC

Há estrelas e há luas; mulheres e homens; garfos e facas e colheres; pratos e copos;

pais e mães; irmãos e irmãs; lado destro e sinistro; noites e dias. Nesta relação também

poderíamos colocar as letras e os números.

Se nos detivermos um pouco, poderemos contemplar o princípio - que o evangelista

João elegeu como o verbo, ou seja, as letras, que em sua fala estavam perto de Deus, - que são

as mães, a recepção do ser pelo mundo. E no primeiro momento a mãe é todo o mundo. Mas

não temos como ficar preso só a este mundo que são as mães, precisamos descortinar o

mundo outro, o propriamente dito. Não podemos, portanto, ficar só com a palavra, com a

linguagem; precisamos também dos números. Eles parecem que unidos a linguagem não

fazem sentido, ou que não se unem num primeiro momento. E talvez advenha da nossa

fragmentação do todo em partes - para dar conta do todo - num didatismo infeliz, que

desconstituímos de sentido esse casamento de letras e números.

Se ficamos só com as letras ficamos como manetas, como coxos, despossuídos de uma

lateralidade sincopada. Ler e escrever parece num primeiro momento, que são atos isolados,

disjuntos. E são em muitas circunstâncias, mas será que não há um conjunto intersecção entre

ler e escrever? Um não influencia o outro? Poderíamos relacionar o mundo dos números ao

mundo do terceiro ou, pra dizer melhor, ao mundo dos pais. Dar conta dos números parece,

por vezes, que é uma questão de gênero, embora muitas mulheres que arriscaram puderam se

dar bem neste mundo. Mas quantas querem correr o risco? Os números também estão

interligados com a ciência matemática, com a racionalidade, com a estratégia e tem uma

tendência de fazer a coisa ser melhor explicada. Mas a gente não explica é com a palavra, ou

seja, com as letras?

Há acalantos ritmados, portanto, matemático-poéticos que são fundadores de nossas

almas. A literatura infantil é carregada de poesia, é essencialmente poética. Na fabulosa obra

"O Homem que Calculava" de Malba Tahan que funde de maneira mirífica letras e números

temos a possibilidade como Lacan quando funde Kant com Sade de juntarmos luas e estrelas.

A maneira como a Matemática é explorada e ensinada nos Anos Iniciais do Ensino

Fundamental, principalmente nas classes de alfabetização é determinante na relação

estabelecida entre as crianças e esse componente curricular.

Assim, minha investigação terá como objetivo mostrar que se a exploração dos

conceitos matemáticos for carregada de sentido, de poesia, as aprendizagens se darão de

forma prazerosa. Para tanto darei continuidade ao trabalho iniciado no estágio curricular,

38

procurando estabelecer relação entre os desafios matemáticos, a literatura infantil (em verso e

prosa) e o cotidiano das crianças.

A proposta de trabalho é mostrar que é possível a exploração de uma variedade de

idéias que não sejam apenas numéricas, mas também as relativas às medidas, às noções de

estatística e geometria de maneira que as crianças desenvolvam com prazer e poesia as

curiosidades acerca da matemática, apropriando-se desses conhecimentos e utilizando-os para

resolver as problemáticas da vida cotidiana.

39

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As crianças apresentaram um progresso significativo no que tange ao aprendizado da

Língua Materna (tanto escrita e leitura como oralidade). Prova disso é que todos obtiveram

avanços e mudaram de nível mais de uma vez de março até julho. Grande parte dos alunos

que apresentava receio de escrever e/ou ler tem-se lançado nessa aventura e, desses, boa parte

escreve textos coesos e coerentes de acordo com o nível de construção da escrita em que se

encontram.

Em relação à aprendizagem matemática, também houve grande avanço, além de

despertar o interesse das crianças para as questões referentes à numeração, à aritmética,

sistemas monetário e de medidas (principalmente de tempo – calendário - e massa). O

trabalho foi realizado baseado em situações do cotidiano escolar, jogos e brincadeiras,

relacionadas às histórias contadas e/ou lidas por mim e pelos alunos.

A metodologia aplicada nessa proposta de trabalho passou por uma avaliação

sistemática durante as doze semanas em que se desenvolveu, na tentativa de averiguar a sua

validade e eficácia. Tanto no que diz respeito à aprendizagem das crianças como no tocante a

minha própria aprendizagem devo concluir que é um caminho válido a ser seguido, mas há

aprofundamentos teóricos a serem feitos para que se amplie a sua eficácia e para que a

aprendizagem das crianças se dê com maior rapidez, melhorando assim os resultados obtidos.

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REFERÊNCIAS

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continuada de professores dos anos/séries iniciais do Ensino Fundamental: Matemática.

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Educação Básica-

Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.

BRASIL, Ministério da Educação/SEB. Pró-Letramento: Programa de formação

continuada de professores dos anos/séries iniciais do Ensino Fundamental: alfabetização

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Secretaria de Educação Básica- Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação

Básica, 2007.

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SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica,

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GRIMM, Jacob; Wilhelm. Contos de Fadas. Belo Horizonte. Rio de Janeiro: Editora Itatiaia,

2000.

http://marciarysdykestagio.pbworks.com/

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APÊNDICES E ANEXOS

PROJETO DE ESTÁGIO

Disponível em http://marciarysdykestagio.pbworks.com/Projeto-de-Estágio

AUTORIZAÇÃO PARA USO DE IMAGEM

Senhores pais ou responsáveis!

Solicito sua autorização para a publicação de fotos e trabalhos do(a) aluno(a) por

quem é responsável, produzidos durante o estágio supervisionado do curso de Pedagogia da

UFRGS.

Importante: a participação dos alunos nas atividades não será prejudicada caso os

responsáveis não autorizem a divulgação.

Desde já agradeço a atenção,

Profe Marcia R.Azeredo Rysdyk

Autorização

( ) Autorizo a Profª. Marcia Regina de Azeredo Rysdyk, aluna de Pedagogia da UFRGS,

a veicular fotos e trabalhos do(a) aluno(a) _______________________________ da turma

A23, EMEF Saint‟Hilaire, em sua página na internet para fins educacionais.

( ) Não autorizo.

Nome do responsável: __________________________________________________

Assinatura: _________________________________________________

Porto Alegre, ___de _____________de ________.