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RELATÓRIO 11 A 11ª SESSÃO: A Felicidade é Subestimada, Rui Chafes 6º Ano (Grupo A) CCMB, 12 Janeiro de 2011

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RELATÓRIO 11 A

11ª SESSÃO: A Felicidade é Subestimada, Rui Chafes

6º Ano

(Grupo A)

CCMB, 12 Janeiro de 2011

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Índice

Pág.

RELATÓRIO DA DISCUSSÃO 3 Análise de relevância temática 4

Leitura das obras 4

Agenda da Discussão 4

Discussão 6

Descrição da obra 8

Contexto da obra 9

Relação da obra com o título 11

A Discussão e a obra 15

Análise de relevância por género (Crianças-participantes e Adultos) 18

1. Qual o propósito expresso na obra? 19

2. Que relação se estabelece entre a obra e o contexto envolvente? 21

3. Que relação se estabelece entre a obra e o seu título “A Felicidade é Subestimada”? 24

4. A Discussão estética subestima o seu próprio objecto - a obra de arte? 29

Análise etnográfica do registo de vídeo 33 Retratos e análise de participação por indivíduo (Crianças-participantes e Adultos) 40 CONCLUSÕES FINAIS 44 REGISTO DE CONTROLO 49

Análise da obra e enquadramento no espaço 50

Avaliação da Sessão 51

Discussão 52

Observação participante 53

Avaliação da construção de teorias enraizadas 54

Avaliação do processo de pesquisa 55 RELATÓRIO DA DISCUSSÃO

Os resultados apresentados no presente relatório referem-se a uma amostra de 10 crianças-participantes (8 rapazes e 2 raparigas)

com idades compreendidas entre os 11 e os 12 anos de idade e de 2 adultos: professor (CONV1) e investigadora (INV). A

Sessão e Filosofia ocorreu no dia 12 de Janeiro de 2011, com a duração aproximada de 44 minutos, no Centro Cultural Manuel

de Brito (Algés). O grupo de crianças-participantes supracitado pertence à turma do 6º ano de escolaridade do ano lectivo

2010/2011 e é constituída por um total de 10 crianças-participantes (8 rapazes e 2 raparigas).

Procedimentos

A Sessão deste R11A reporta à exposição colectiva intitulada XXI. Esta Sessão incluiu a visita à totalidade da exposição, porém,

destacou apenas uma peça do escultor Rui Chafes presente na exposição e intitulada A Felicidade é Subestimada (escultura em

ferro, 210 x 110 x 35 cm).

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A escolha da obra em referência respeitou o pressuposto de preservação do protocolo de Matthew Lipman assumido por esta

investigação.

Fig.1 – Rui Chafes, A Felicidade é Subestimada

Com a espectativa de promover e observar a possibilidade comparativa da teoria suscitada pela experiência estética, a selecção

desta exposição foi enquadrada num contexto prévio que inclui o desejo formalizado pelas próprias crianças-participantes (em

especial IND6), de virem a discutir uma escultura, uma vez que se trata de uma tipologia de forma artística que ainda não lhes

havia sido proposto para discussão. A escolha da obra reteve-se na particularidade do título e no que este poderia suscitar, ou

não, em associação com a leitura da própria obra.

ANÁLISE POR RELEVÂNCIA TEMÁTICA

A ARTD resultou da análise da Agenda da Discussão (2ªFase da Sessão) e da Discussão (3ªFase da Sessão) e manteve os

objectivos sinalizados no R1A: constituir uma visão de conjunto dos temas lançados na discussão pelas crianças-participantes,

numa perspectiva Grounded theory.

Na análise do fenómeno em questão, este relatório manteve o mesmo sistema de categorização anteriormente estabelecido:

registar a organização natural da própria discussão por fases alternadas ou distintas (Categorização processual); observar a

pertinência de um conteúdo-base representativo de um tópico que evidencie uma ideia, conceito ou fenómeno que circunscreva

ou auxilie a teoria constituída (Categorização estrutural); investigar e registar os elementos descritivos da(s) obra(s) e que tipos

de relações estabelecem entre si (Categorização descritiva); investigar e registar como é que na percepção e experimentação da

obra se relacionam estes elementos descritivos, ou seja, como é que se estabelece o fenómeno revelador da experiência estética

(Categorização por valorização).

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Leitura das obras (1ª Fase da Sessão)

A Leitura da obra teve a duração aproximada de 2 minutos.

A Leitura da obra iniciou-se sem necessidade de esclarecimento sobre os procedimentos uma vez que estes se consideram

completamente assimilados. As crianças-participantes observaram e experimentaram fisicamente as possibilidades de leitura

da obra, isoladas ou em grupo.

Posteriormente, as crianças-participantes e os facilitadores sentaram-se em meia-lua diante da obra. Neste momento foi

verificado o equipamento de recolha vídeo e foi entregue às crianças-participantes o MP4 para registo de som das suas

intervenções (e como passa-palavra).

Agenda da discussão (2ª Fase da Sessão)

A Agenda de Discussão foi registada uma duração aproximada de 4 minutos.

Code: AGENDA DA DISCUSSÃO

Classificação: CATEGORIZAÇÃO PROCESSUAL (teorização activa)

A constituição da Agenda da discussão não causou qualquer tipo de constrangimento nas crianças-participantes.

As crianças-participantes apresentaram 7 questões:

1. Será que a sombra quer dizer uma coisa diferente que as canadianas? IND 9 (Masculino)

2. Porque é que a zona onde se põe as mãos está cheia de fitas à volta? IND 6 (Masculino)

3. O que é que são as fitas? IND 2 (Masculino)

4. Porque estão as canadianas coladas? IND 11 (Feminino)

5. O que é que aquilo quer dizer? IND 8 (Masculino)

6. O que é que o título quer dizer? IND 8 (Masculino)

7. Qual é a relação que existe entre o título e a peça? IND 4 (Masculino)

Fig. 2 - Agenda da Discussã o

( Diagrama )

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A categoria Agenda da Discussão (Fig.2) formou-se a partir de 7 questões que destacaram o carácter de uma interpretação que

se reflecte directamente na relação do observador com a obra e desta com o seu título.

Assim, a estruturação da teoria revelada em análise subdividiu-se na subcategoria obra que se constituiu ainda na observação

da Sombra projectada pela obra (1ª Questão), nas Fitas negras que envolvem as braçadeiras (2ª, 3ª e 4ª Questão) e ainda

Significado da obra (5ª Questão); na subcategoria Título que se constituiu da necessidade de compreender as possíveis

dimensões do Significado do título (6ª Questão); e por último, a subcategoria Título & obra (7ª Questão) onde se determina

da necessidade de fazer corresponder a relação entre ambos.

Fig. 3 - Agenda da Discussão

(Relevância temática)

Na ARTD da categoria Agenda da Discussão desta Sessão (Fig.3) evidência um primeiro momento de interpretação directa da

relação do observador com a obra e desta com o seu título. A subcategoria obra evidência um primeiro momento de leitura

sensível da obra no impacto da sua observação directa, daí a referência aos elementos peculiares que se evidenciam e ao seu

próprio significado (que de algum modo subscreve indirectamente a intenção do autor) Ex: “Porque é que a zona onde se põe

as mãos está cheia de fitas à volta?” IND6 (Masculino); a subcategoria Título, mesmo que assinale uma menor pertinência nos

interesses anunciados, revela como se elevou à consequente importância do seu significado Ex: “O que é que o título quer

dizer?” IND8 (Masculino); por último, a subcategoria Título & obra, de igual modo pouco evidenciada, mantém uma ligação

directa, porém, subtil, com as subcategorias anteriores Ex: “Qual é a relação que existe entre o título e a peça? IND 4

(Masculino).

Discussão (3ª Fase da Sessão)

O registo da Discussão verificou uma duração aproximada de 44:00 minutos.

Code: DISCUSSÃO

Classificação: CATEGORIZAÇÃO PROCESSUAL (teorização activa) e Categorização estrutural

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AGENDA DA DISCUSSÃO

Obra

Sombra projectada

Fitas

Significado da Obra

Título

Significado do título

Título & Obra

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A categoria Discussão (Fig.4) caracteriza a 3ª Fase da Sessão, ou seja, a discussão propriamente dita.

Nesta Sessão, a categoria Discussão, que se apresenta de um modo simples e linear, constitui-se a partir de um conteúdo-base

representativo do que circunscreve o interesse estabelecido (a relação da obra com o seu título) e que se revela como tema

dominante durante quase toda a Discussão. Ainda, na análise do contexto teórico geral da Discussão, surge uma discussão

paralela que relaciona os interesses e desenvolvimento da própria discussão com a obra e o valor intrínseco que lhe é dado. Este

último fenómeno mantém-se, no entendimento desta análise, no desenvolvimento ambivalente das ideias que se reflectem a si

mesmas e geram o pano de fundo de um conteúdo-base representativo de um tópico que evidência um fenómeno que

circunscreve e constitui um novo axioma: a teoria imanente discute a qualidade da sua essência.

A subcategoria Descrição da obra surge por associação directa à 1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª Questão que evidenciam a preocupação em

deslindar os elementos que materializam e dão significado à peça canadianas.

A subcategoria Contexto da obra deriva da questão introduzida pelo CONV1 "(...) Então, a pergunta que eu vos ponho é

se vocês acham que uma peça, qualquer obra de arte, vive por si só, isolada de qualquer contexto, ou se qualquer obra de arte

depende para expressar o que pretende expressar do contexto em que se encontra? Que relação é que vocês encontram entre a

peça e o seu contexto: se a peça vale por si só ou se a peça vale também em função do seu contexto e porquê?" que provocou

um misto de reacções que se intentaram, numa primeira instância, na condição espacial, ou seja, o dentro e o fora que rodeia a

própria obra (espaço expositivo), e que conduz, naturalmente, à reflecção da sua significação na qualidade da experiência Ex:

“Eu acho também que tem mais a ver com o contexto porque até agora todos os que nós vimos, todos os quadros querem

representar pelo menos alguma coisa [significado]. Porque nós olhamos para uma obra de arte, e esta aqui até é um bom exemplo,

ele não pode fazer isto e dizer: “Olha as canadianas são coisas muito bonitas!”, ele deve querer dizer alguma coisa e ainda vendo

o título dá para perceber que ele quer dizer alguma coisa com as canadianas, está a usá-las como um símbolo. Por isso eu acho

que quase todas as obras de arte pelo menos têm alguma coisa a ver com o contexto e com o que querem explicar, com o gostar.”

IND6 (masculino).

A subcategoria Relação da obra com o título recupera a 7ª Questão da Agenda da Discussão que se dilata numa amplitude

intrincada à necessidade de extrair o significado da expressão “A felicidade é subestimada”, isolada da sua função de título,

associada ao entendimento inerente da obra em si (Simbólica das canadianas) e ao significado do próprio título assumido como

associado à obra, para, posteriormente, numa fase final, se verificar, que as diferentes linguagens, ou seja, a plástica e a escrita,

apesar de assumidas como diferentes, servem ambas a função de comunicar e de associar linguagens de expressões diferentes

Fig. 4 - DISCUSSÃO

( Diagr ama)

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Ex: "O título e as canadianas… Eu acho que desviámos um pouco com os exemplos mas acho que isto comunica, está ligado."

IND1 (Masculino).

A subcategoria A Discussão e a obra estabelece-se a partir de um momento de controvérsia provocado pela IND 7 (Feminino)

quando questiona a direcção temática subjacente à própria Discussão para, posteriormente, regressar à mesma questão para

avançar com o seu posicionamento em que põe em causa o cumprimento da mesma uma vez que os afastou do verdadeiro

objecto em Discussão - a obra.

Fig.5 - DISCUSSÃO (Relevância temática)

A ARTD (Fig.5), cumpre-se a categoria Discussão como constituída segundo a natureza do seu carácter estritamente processual

(3ª fase da Sessão), porém, destaca-se, enquanto fenómeno particularizado e inerente à essência intrínseca à relevância do

processo da própria Discussão a subcategoria A Discussão da obra que apesar de não se ter desenvolvido vorazmente, descreve

a natureza de fundo da Discussão cuja demanda faz eco na tentativa de estabelecer a ligação dialéctica entre a obra e a

necessidade de a associar tão intrinsecamente ao seu título. A subcategoria Relação da obra com o Título foi amplamente

discutida, porém, no que concerne ao sistema categorial global de segundo nível esta distinguiu-se moderadamente. A

subcategoria Contexto da obra apresenta uma relevância muito baixa e, por último, a subcategoria Descrição da obra que

apresenta uma relevância média-baixa e que se caracteriza por estar associada directamente à natureza das questões constituintes

da Agenda da Discussão e que influenciam, invariavelmente, os primeiros desenvolvimentos da Discussão.

Descrição da obra

Code: DISCUSSÃO \ Descrição da obra

Classificação: SUBCATEGORIA 1 - Categorização descritiva e Categorização por valorização

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DISCUSSÃO Descrição da Obra Contexto da Obra

Relação da Obra com o título A Discussão e a Obra

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A subcategoria Descrição da obra (Fig. 6) apresenta uma estrutura básica e enquadrada e com um conteúdo-base muito

associada à natureza das questões constituintes da Agenda da Discussão e que influenciaram, invariavelmente, os primeiros

desenvolvimentos teóricos da Discussão. Porém, apesar das suas evidentes qualidades descritivas da obra é de salientar a rápida

entrada de teoria que associa estas qualidades descritivas ao registo perceptivo da experimentação da obra e como estes

estabelecem de imediato o fenómeno revelador da experiência estética.

Assim, a subcategoria Descrição da obra surge num primeiro instante como uma preocupação evidentemente formal e que se

revela na intervenção do CONV1 Ex: “Mais alguém tem alguma coisa a dizer sobre esta questão, a posição das canadianas e

das sombras que elas projectam?”, num instante muito próximo do anterior, o mesmo, intervém, mas agora para salientar uma

apreensão mais conceptualizada da relevância da obra Ex: “Nós estamos a tentar perceber a razão por que foi feito assim e não

de outro modo qualquer. Alguém quer avançar com alguma ideia?”.

Estes dois momentos, que expõem abordagens diferentes, revelam-se nas subcategorias consequentes. Assim, do primeiro

instante surge a subcategoria Sombra por alusão directa à 1ª Questão e que assume duas posições ou explicações diferentes, ou

seja, o objecto escultórico as canadianas, projecta sombras na parede onde se apoia, assim, tanto pode ser entendido como um

Efeito visual propositado não no sentido de baralhar o entendimento da obra mas para que através se venha a “(…) causar

coisas na cabeça das pessoas.” IND5 (Masculino), ou seja, suscitar uma outra distensão ou intensidade no desenvolvimento do

pensamento ou das possíveis elações de interpretação da obra1, ou ainda do como um efeito do Acaso, uma vez que a sala onde

esta se encontra está iluminada por focos de luz “Eu acho que não foi de propósito mas, claro que, como há luzes, faz o efeito

que o [IND5] está a dizer. Eles não as puseram ali exactamente para a sombra ficar assim, claro! Puseram de uma maneira em

que aquilo ficou assim. As sombras estão aqui, elas estão na parede, as luzes vão para ali de qualquer maneira.” IND6

(Masculino). A subcategoria Posição das canadianas surge como extensão da anterior, porém, relacionando o facto com um

fenómeno real de vivência prática “(…) eu acho que a posição se calhar está assim porque as pessoas usam canadianas

descansam as canadianas perto uma da outra e os pés afastados (…).” IND 8 (Masculino), porém, a mesma criança participante,

estende a sua argumentação ainda ao que se pode considerar, por intervenção directa, a Escolha do autor “(…) as pessoas

1 A referir que esta última posição remete-nos com alguma naturalidade à consequente discussão da 2ª Sessão: Lourdes de Castro, que teve lugar precisamente no mesmo espaço em que esta obra está inserida aquando desta 11ª Sessão.

Fig. 6 – Descrição da obra

( Diagrama )

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[que] usam canadianas descansam as canadianas perto uma da outra e [com] os pés afastados, por isso, deve ter [a ver com] a

noção de espaço, não sei. Ou então, está assim porque foi assim que ele [o autor] as construiu.” IND 8 (Masculino).

Fig.7 - Descrição da obra

(Relevância temática)

Aa ARTD da subcategoria Descrição da obra (Fig.7), destaca-se, enquanto fenómeno derivado directamente do

desenvolvimento discursivo que ocorre imediatamente da constituição da Agenda da Discussão e que particulariza, neste

primeiro momento, a necessidade de gerir a relação descritiva dos elementos constituintes da obra.

Neste contexto, destacam-se a subcategoria Descrição da obra, as subcategorias Efeito visual e Acaso (associadas

directamente à subcategoria Sombra) com graus de relevância elevados na constituição do seu contexto teórico; a subcategoria

Posição das canadianas com uma relevância alta; a subcategoria Sombra com um grau de relevância médio e, por último, a

subcategoria Escolha do autor que apresenta uma relevância muito baixa, porém, de enorme relevância pelo conteúdo teórico

em que se inscreve.

Contexto da obra

Code: DISCUSSÃO \ Contexto da obra

Classificação: SUBCATEGORIA 1 - Categorização descritiva e Categorização por valorização

(Diagrama)

A subcategoria Contexto da obra (Fig.8) apresenta uma estrutura algo complexa e densa. A subcategoria Contexto da obra é

proveniente de um desenvolvimento mais penetrante da subcategoria anterior, que apesar de ter evidenciado elementos

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DESCRIÇÃO DA OBRA Sombra

Efeito visual Acaso

Posição das canadianas Escolha do autor

Fig. 8 – Contexto da obra

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descritivos directos da obra em referência, não lhes concedeu uma sustentação conceptual fundamental e isto porque esta surge

posteriormente.

Assim, a subcategoria Contexto da obra, surge após argumentações mais integradoras da interpretação tal como é registado

na subcategoria Local (imprime expressividade) uma vez que as argumentações sustentam que a natureza do próprio local

escolhido pelo artista também caracteriza a expressividade da sua obra Ex: “Eu acho que também tem a ver com o sítio, onde

está, porque se o artista quiser que a escultura esteja num sítio sem luzes, que é para lhe dar um ar de escuridão e tristeza, ou

com mais luzes, de mais felicidade. Acho que também tem a ver com o clima, com o sítio onde está.” IND9 (Masculino), que

provocou a imediata intervenção do CONV1 que determinou uma focalização da temática em questão “ (...) Então, a pergunta

que eu vos ponho é se vocês acham que uma peça, qualquer obra de arte, vive por si só, isolada de qualquer contexto, ou se

qualquer obra de arte depende para expressar o que pretende expressar do contexto em que se encontra? Que relação é que

vocês encontram entre a peça e o seu contexto: se a peça vale por si só ou se a peça vale também em função do seu contexto e

porquê?".

A sequência das argumentações que se lhe seguiram sustentou o desenvolvimento teórico da subcategoria Significado da obra

que é suportado pelo conceito de contexto. Este fenómeno de alteração argumentativa revela-se, porventura, impulsionadas por

estas Sessões que começam a revelar um forte carácter esteticista Ex:“ (…) até agora todos os que nós vimos, todos os quadros

querem representar pelo menos alguma coisa. Porque nós olhamos para uma obra de arte, e esta aqui até é um bom exemplo,

ele não pode fazer isto e dizer: - “Olha as canadianas são coisas muito bonitas!”- Ele [o autor] deve querer dizer alguma coisa

(…).” IND6 (Masculino). A subcategoria Significado da obra compreende ainda a subcategoria Discurso da obra em que se

revela na criança-participante uma noção de discurso patente entre ela própria e a obra que observa e com a qual estabelece

uma relação discursiva sensível, com esse entendimento que lhe proporciona o revelar de um gostar Ex: “Por isso, eu acho que

quase todas as obras de arte, pelo menos, têm alguma coisa a ver com o contexto e com o que querem explicar, com o gostar.”

IND6 (Masculino); a subcategoria obra como símbolo associada à mensagem do autor Ex: “Ele [o autor] quer dizer alguma

coisa com as canadianas, está a usá-las como um símbolo (…).” IND6 (Masculino) e que se pode fixar na representatividade

da mobilidade que as canadianas permitem perante um problema ou dilema físico, ou ainda apenas como símbolo específico

desse mesmo problema de uma mobilidade comprometida Ex: “E eu acho que, quando ele tem um problema, ele está a usar as

canadianas, para representar esse problema." IND6 (Masculino); e por último, a subcategoria Sombra (sentido da obra) agrega

a si a intervenção do CONV1 “Então, nesse sentido podemos considerar que a sombra faz parte do sentido da peça ou devemos

isolar a peça daquilo que ela projecta na parede? Como é que vocês querem discuti-la?”. A pertinência da intervenção testa a

extensão teórica do argumento do IND4 para quem a sombra projectada da obra provoca um certo feito visual, que apesar de

não lhe imprimir um sentido significativo obriga a que seja considerado e que o IND 6 contextualiza Ex: “ (…) há peças em

que vês a sombra e percebes uma coisa que não tinhas percebido mas neste caso acho que não. Mas também não a podemos

ignorar completamente!”.

A subcategoria Contexto da obra apresenta intersecção exterior, natural e evidente, com a subcategoria Relação da obra com

o título.

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Fig.9 – Contexto da obra

(Relevância temática)

A ARTD da subcategoria Contexto da obra (Fig.9) esta apresenta um grau de relevância média e que se estende à maioria das

suas subcategorias:

- Local (imprime expressividade) com uma relevância média;

- Significado da obra que apresenta um grau de relevância alto e que se prolonga na subcategoria Discurso da obra com um

grau de relevância irrelevante, obra como símbolo que apresenta um grau de relevância alto, e ainda, Sombra (sentido da

obra) que apresenta um grau de relevância elevado.

Relação da obra com o título

Code: DISCUSSÃO \ Relação da obra com o título

Classificação: SUBCATEGORIA 1 - Categorização por valorização

(Diagrama)

0 1 2 3 4 5 6

CONTEXTO DA OBRA Local (imprime expressividade)

Significado da Obra Discurso da Obra

Obra como símbolo Sombra (sentido da Obra)

Fig. 1 0 – Relação d a obra com o título

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A subcategoria Relação da obra com o título (Fig.10) apresenta uma estrutura complexa e bastante densa, com uma particular

categorização por valorização. Assim, a subcategoria Relação da obra com o título estabelecesse obedecendo ao princípio

base que observa a subtileza da relação da obra com o seu título e do significado de ambas a interagir numa outra linguagem,

no início, invisível aos sentidos mas que posteriormente se formaliza no discurso. Neste contexto, foi referido que, a possível

acepção ao sentido do título é possível por este se associar às canadianas, por este as usar como um símbolo físico de si mesmo.

Nesta busca de sentidos, com aproximações e desvios narrativos, surge a noção de que há efectivamente uma proposta que liga

ou associa diferentes linguagens Ex: “O título e as canadianas… Eu acho que desviámos um pouco com os exemplos mas acho

que isto comunica, está ligado." IND1 (Masculino).

Apresentar o modo como a subcategoria Relação da obra com o título se estrutura e se constitui como teoria obriga a um

infiltrar intenso na significação dos assuntos em discussão, sejam estes, de natureza puramente textual, ou corpórea -obra. No

primeiro momento a questão é abordada por associação directa ao título e que nesta análise reverte-se na subcategoria “A

felicidade é subestimada”. É neste contexto que se constituição três pontos de vista que se aventuram na aproximação à

primeira tentativa de significação: i. Inicia-se o processo quando se considera a felicidade como subestimada num contexto de

1. Surpresa acidental pois, a recorrente vivência da felicidade abstrai-se da possibilidade de um acidente Ex:

“(…)Basicamente, antes de nós nos magoarmos e ficarmos com a cicatriz ainda pensamentos que se calhar não vai acontecer

nada, porque nunca ninguém está à espera de se magoar!” IND6 (Feminino); ii. Considera-se a possibilidade de felicidade 2.

Possibilidade de mobilidade garantida pela utilização das canadianas na medida que quando necessárias podem devolver ou

recuperar alguma felicidade perdida Ex: “É as pessoas que têm problemas como andar e essas coisas, sem isto, não podiam

fazer mais nada, tinham de estar sentadas numa cadeira sem fazer nada. Com isto já podem andar e fazer coisas que fazem no

dia-a-dia.” IND9 (Masculino); iii. Emerge, então, o entendimento da 3. Felicidade condicionada, que de apesar de associar os

dois pontos de vista anteriores, apresenta-se mais optimista Ex: “(…) eu acho que quando ele tem um problema ele [o autor],

está a usar as canadianas para representar esse problema, que é uma maneira de recuperar a felicidade. Mas é difícil recuperar

a felicidade porque não podemos desfrutar da vida como desfrutávamos quando estávamos extremamente felizes e pensamos

que a felicidade já não é possível ser feliz enquanto estamos a usar as canadianas.” IND6 (Masculino).

A subcategoria Simbólica das canadianas edificou-se em parceira ao longo da temática que sustentou a subcategoria Relação

da obra com o título, porém, a intervenção da INV “Então, aqui, as canadianas, para ti, é o quê? É essa ajuda? É a felicidade?

Ou é a dor?”, focou ou centralizou a necessidade de uma conceptualização unitária de modo a que a teoria se pudesse deslocar

da perspectiva através da associação ainda vigente. As respostas foram imediatas e perspicazes, no que diz respeito ao

enquadramento total do contexto da Sessão, ou seja, surge o conceito de Entreajuda que se destacou enquanto conceito que

alterou e avançou com a estrutura teórica em referência, isto é, o IND4 ao remeter-se de novo à obra, observa-a e questiona-se

“E porque é que estão juntas?”. Este instante tornou-se no momento de volte-face da simbólica da obra porque o olhar de

retorno à obra, que remete a esta o que a formaliza, e que, se manteve sempre presente, obrigou a que o próprio observador se

obrigasse a preencher o silêncio e a estender a forma plástica à forma dialéctica: a forma como uma das pernas apoia a outra

obriga a que estas estejam amarradas uma à outra de modo a que a obra, assim, enquanto peça tridimensional, mantém-se

estável. Ora, se a simbólica da coisa formada se associar à narrativa do real hipotético, pode-se especular que: “(…) se estiver

muita gente a precisar de ajuda, juntamo-nos todos para ajudar.”, ou seja, o facto de as fitas manterem juntas e estabilizadas

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ambas as canadianas, o mesmo poderá transpor-se simbolicamente, tal como rematou o CONV1 “O que o [IND4] quis dizer é

que às vezes para constituir uma verdadeira ajuda precisamos da ajuda de todos e não apenas de um.”, ainda, perante a resposta

ainda ambígua à questão colocada pela INV a IND7 comenta a Dor Ex: “As dores… é difícil de explicar, não sei!” faz irromper

de imediato na discussão a intervenção do IND6 “Porque é filosofia!”. De facto, apesar da envolvência

espaço/obra/parcerias/dialéctica a dificuldade de objectivar uma resposta foi uma vez mais dirigida à filosofia, tal e qual como

havia finalizado a 8ª Sessão A. A subcategoria Simbólica das canadianas associa-se a um contexto narrativo generalizado e

de um tom algo conformista da Felicidade / Esperança ou do Acreditar enquanto sinónimo de motivação Ex: “(…) eu acho

que nós devemos dar importância à vida e à felicidade e ao que nós temos, por isso, quando nos acontece um acidente destes,

temos que Acreditar Ex: “(…)nós temos de acreditar que vamos conseguir, temos de estar felizes e temos de, pronto, conseguir

viver com as coisas e ultrapassar o que acontece!” IND10 (Masculino), ou ainda, Ex: “Acho que o significado das canadianas

é como um sinal de esperança, podíamos ficar sentados numa cadeira!” IND7 (Feminino).

A subcategoria Significado do título é, no conjunto das subcategorias de 3º nível, a mais extensa e complexa. Assim, à

semelhança da subcategoria anterior, a subcategoria Significado do título constituiu-se a partir de uma análise em parceira com

a teoria que foi sendo constituída ao longo da temática que suportou a subcategoria Relação da obra com o título. Surge

quando o IND6 procura estabelecer a diferença significante entre Estimar e Subestimar, sendo que: estimar é acarinhar,

subestimar é pouco acarinhado. Este processo desperta o potencial das narrativas pessoais reais Ex: “Eu acho que em relação

ao título é: nós às vezes quando recebemos uma coisa, a mim já aconteceu, recebemos uma coisa no Natal e ficamos super

felizes, e passadas, para aí, 5 semanas, já não brincamos com essa coisa, mas antes disso quando íamos para um sítio tínhamos

sempre essa coisa, estávamos sempre a acarinhá-la. Eu acho que é isso.” IND1 (Masculino). Surge assim a relação de intrusão

do tema por extensão a dimensões mais pertinentes e sensíveis como aceitar a Impermanência de certos interesses ou do que

supomos como garantidos como a riqueza que emerge como proporcionadora de uma felicidade fugaz. Assim, a felicidade

surge como uma Valorização condicionada Ex: “(…) O que acontece com os ricos: alguns deles é, têm dinheiro e não fazem

nada da vida, fazem como muitos deles que têm o dinheiro e o que fazem é gastar o dinheiro e aproveitarem o dinheiro que

têm, não conhecem a verdadeira felicidade que outros têm que é perceberem que o dinheiro que têm, [têm-no porque] trabalham

por ele e depois merecem ter os momentos de felicidade a que têm direito.” IND6 (Masculino). Ou seja, a felicidade que foi

relacionada à posse ou à possibilidade de posse, e o exemplo mais rápido e acessível de felicidade foi de imediato por associação

ao dinheiro, porém, este só proporciona verdadeira felicidade se provier de um esforço que merece ser compensado, e esses

momentos, sim, são avaliados como verdadeiros momentos de felicidade. É portanto, uma Felicidade condicionada uma vez

que a verdadeira felicidade é entendida como aquela que provém do Esforço Ex: “(…) aquela felicidade de alcançar, se

esforçarem por alguma coisa que quando alcançamos temos a felicidade de conseguir do: - Chegámos lá! Foi difícil mas

consegui, tenho de aproveitar agora! Acho que os ricos não se esforçam, têm a felicidade de ter o dinheiro mas não têm aquela

felicidade de se esforçar porque já tinha… A felicidade do esforço!” IND4 (Masculino).

Neste contexto o CONV1 inquire “Mas se os ricos derem felicidade aos pobres através de lhes oferecerem imensas coisas que

eles não têm, estarão ou não, a retirar aos pobres, pergunto, a possibilidade de conquistarem esta felicidade que o IND6 falou,

de conquistar por si mesmos qualquer coisa que lhes produza felicidade?”, surge, então, a tese pertinente de como e quem pode

Auferir direitos: os que trabalham Ex: “(…) Se essa pessoa se esforçou, quis mesmo aquilo, é o que aqui está em causa, é se

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14

ela quis, se ela se esforçou!” IND9 (Masculino); os que mesmo sendo ricos constroem a felicidade Ex: “Eu acho que devia

haver ricos que constroem a felicidade, não sei se há! Imagina, um rico está num bairro de pobres e depois aconteceu uma

agitação ali no bairro e ele no fim, ele diz: eu pago o jantar a cada um de vocês! Os pobres ficam todos felizes, por terem um

jantar e se calhar podia ser muito pior: [hoje] vão comer um frango e ontem comeram uma ervilha!” IND1 (Masculino) e ainda,

“Imagina, um rico que tem dinheiro herdado, em vez de passar a vida a gastar dinheiro o que pode fazer é criar uma empresa,

onde pode ganhar mais dinheiro, aumentar o dinheiro que ganha, e dar assim o dinheiro merecido e poder ensinar o trabalho

aos pobres que nunca tiveram direito a trabalhar, dá-lhes esse trabalho.” IND6 (Masculino). Sendo assim, o esforço necessário

para poder Auferir direitos deve proporcionar por dilatação o sentimento de Valorização pessoal: sente-se bem o que se

esforça e ganha por mérito próprio porque é merecido, porque assim pode dar um exemplo a seguir por outros e proporcionar

o desejo de também este participar num acto idêntico “ (…) se algum dia chegar a ser rico vou isto que este homem fez, que foi

muito simpático, e eu acho que devo seguir esse caminho!” IND1 (Masculino) ou “Acho que o rico não está a tirar a felicidade

e o pobre também foi feliz por ter jantado. Mas se não tiver tudo o que quer… Está a tirar este tipo de felicidade ao pobre e está

a dar a si, outro tipo de felicidade (…) que é a felicidade de dar felicidade, a felicidade de ver que ajudei uma pessoa, e dei

felicidade a mim próprio!” IND4 (Masculino).

A título de conclusão o IND6 acrescenta: “ (…) as mulatas estão sempre aqui a simbolizar a ajuda. O facto mais necessário não

é ser “a canadiana”, é ser as pessoas acreditarem e terem felicidade, e testemunhar a felicidade do ser humano é a coisa mais

importante!”

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

RELAÇÃO DA OBRA COM O TÍTULO

"A felicidade é subestimada"

1 . Surpresa acidental

2 . Possibilidade de mobilidade

3 . Felicidade condicionada

Simbólica das canadianas

Entreajuda

Dor

Felicidade / Esperança

Acreditar

Significado do título

Estimar

Subestimar

Impermanência

Valorização condicionada

Felicidade condicionada

Esforço

Auferir direitos

Valorização pessoal

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Fig. 11 – Relação da obra com o título (Relevância temática)

A ARTD da subcategoria Relação da obra com o título (Fig.11) apresenta, em geral, um nível de relevância de intervenções

significativamente alto.

Assim, a subcategoria Relação da obra com o título com um grau de relevância médio-alto estende-se às subcategorias:

- “A felicidade é subestimada” que apresenta um grau de relevância médio-alto;

1. Surpresa acidental com um grau de relevância médio-alto;

2. Possibilidade de mobilidade com um grau de relevância médio-baixo;

3. Felicidade condicionada com um grau de relevância médio;

- Simbólica das canadianas que apresenta um grau de relevância médio-alto;

Felicidade / Esperança com um grau de relevância alto;

Dor com um grau de relevância baixa;

Acreditar com um grau de relevância médio-baixo;

Entreajuda com um grau de relevância alto;

- Significado do título que apresenta um grau de relevância baixo;

Estimar com um grau de relevância baixa;

Subestimar com um grau de relevância baixa;

Impermanência com um grau de relevância baixa;

Valorização condicionada com um grau de relevância médio-baixo;

Felicidade condicionada com um grau de relevância médio-alto;

Esforço com um grau de relevância médio-alto;

Auferir direitos com um grau de relevância médio-alto;

Valorização pessoal com um grau de relevância elevada.

A Discussão e a obra

Code: DISCUSSÃO \ A Discussão e a obra

Classificação: SUBCATEGORIA 1 - Categorização estrutural

Fig. 1 2 – A Discussão e a obra

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(Diagrama) A subcategoria A Discussão e a obra (Fig.12) apresenta uma estrutura linear e bastante simples, porém, com uma particular

categorização estrutural, uma vez que constitui-se de um conteúdo-base evidencia um fenómeno que circunscreva e auxilie a

teoria constituída, ou seja, como é que o próprio fenómeno que a Discussão constitui por si mesma enquadrou, permitiu que se

desenvolvesse e constituísse a teoria proveniente do referente da própria Discussão - a obra.

A subcategoria A Discussão e a obra surge aquando da intervenção da IND7 quando esta questiona, próximo do final da

Sessão, a direcção temática da Discussão “Como é que chegamos à história dos ricos e dos pobres?”. Esta intervenção, que

aparentou uma pretensa inocência, foi cuidadosamente lançada na Discussão, interrompendo o seu natural percurso, com o

intuito de introduzir um rasgo no conteúdo ou desenlace da Discussão. Após algumas intervenções por parte de outras crianças-

participantes, que procuraram criar simbolicamente um fio de Ariane, esta replicou “Então, estamos a dar mais importância ao

título do que à peça propriamente dita, as canadianas? (…) Não sei, mas isto acontece a quase todas as coisas que fazemos de

filosofia.”, a sua argumentação revela-se (tal como noutras sessões anteriores) entre um seu perfil crítico que se anunciou,

posteriormente, céptico.

A Discussão retoma a sua temática em vigência, e que foi estruturado pela subcategoria Esforço (extensão já referenciada da

Relação da obra com o título), todavia, não fica obscurecida pelo suposto esquecimento pois, o IND7 logo a seguir ao

comentário que apresentou sobre o conceito de apresentado pelo IND 4, felicidade de dar felicidade, irrompe o seu próprio

discurso com uma forte argumentação que se impõe pela pertinência e sagacidade “(…)E agora é só mais uma coisinha, IND6

eu acho que estamos sempre a falar das canadianas, porque o que eu acho é que as mulatas estão sempre aqui a simbolizar a

ajuda. O facto mais necessário não é ser “a canadiana”, é ser as pessoas acreditarem e terem felicidade, e testemunhar a

felicidade do ser humano é a coisa mais importante!”

Posteriormente, o CONV1, muito próximo do final da Sessão, intervém inquirindo a própria [IND7] sobre a controvérsia que

apresentou “Agora queria colocar só mais única pergunta à [IND7], posso? Queria perguntar à [IND7], para concluir, se acha

que esta peça que estivemos a discutir, foi na nossa discussão subestimada ou não?

Uma vez que se considera o fenómeno estrutural exposto, revertemos a nossa atenção à teoria sustentada pelas subcategorias

que organizaram o mesmo. Assim, a própria subcategoria A Discussão e a obra constituísse do enquadramento e da explicação

do fenómeno: por um lado constituísse de um deslocamento e aproximação à obra, por outro, às várias concepções que a própria

Discussão fomenta, referência sugerida pelo IND 9 “ (…) E acho que a partir do momento em que conseguimos relacionar o

título com as canadianas e as canadianas com o título, conseguimos chegar a uma grande conclusão!” (é de referir, para registo

comportamental, que esta intervenção foi aplaudida pela maioria das crianças-participantes). Por outro, para a IND7, este

movimento é referido como que um afastamento da própria obra.

Daqui pode-se depreender e manter como essencial a esta investigação a questão: De que se constitui então um discurso perante

uma experiencia que se quer de qualidade estética?

Ao prosseguir com o desenvolvimento da teoria que sustenta a subcategoria A Discussão e a obra surge a subcategoria Título

sobrepõe-se à obra que situa o fenómeno referido no início em que este emerge, precisamente, quando a IND7 questiona como

é que a Discussão se destacou da obra e da intervenção do CONV1, que procura inteira-la da importância da sua observação:

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“E portanto isso significa o quê? Que foi subestimada a peça?”. Apesar da pertinência colocada a descoberto pela IND7 esta

não consegue sustentar a mesma e a sua defesa detém-se numa argumentação ambígua, entre sim e o não: “No início foi

subestimado o título mas foi mais subestimada a peça que o título.” Destaca-se, com algum interesse o modo como esta estrutura

a sua intervenção apropriando-se do vocábulo subestimado, o mesmo que em Discussão, na sua opinião havia desviado o foco

da própria Discussão - a obra. Apesar da subtileza da intervenção, surge uma outra possibilidade de relação ou de entendimento

do fenómeno colocada pelo IND4 a questão “É para subestimar a peça, não é?”, a mesma que coloca o foco da Sessão

(alegadamente estética) na ambiguidade do conteúdo revelado pela própria Discussão.

A subcategoria Canadianas (simbólica de ajuda) é dita como a estrutura de adaptação ao fenómeno, em que as argumentações

ou intervenções acompanham-se de um discurso que pretende oferecer à própria IND7, num acto de parceria, um entendimento

integrado e integrador do que ocorreu durante a Sessão, mesmo que estes ocorram através de exemplos bastante facilitados “É

isto: imagina que estás num anúncio de um hospital ou coisa assim, em que está um médico a ensinar um homem a aprender a

andar de canadianas. Não pensas que é um bom hospital para aprender a "fazer omeletes"? Então, é [como a] ajuda!” IND1

(Masculino). De facto, é revelador como as crianças-participantes assimilaram a necessidade de compreender os conteúdos do

título para que em associação com o conhecimento adquirido da interpretação da obra se pudesse constituir, um saber próprio

e agregador, e ainda, manterem a plena percepção dessas passagens.

As partes constituíram-se da obra, do meio envolvente, do título que convida o observador a um olhar outro, estes são os três

pilares essenciais que possibilitaram compreender como a Discussão permitiu que aos que a observaram, a obra se desvelasse.

A intervenção do IND6 sem dúvida inquestionável para a representatividade deste fenómeno “(…) as canadianas estão sempre

aqui a simbolizar a ajuda (…)” mas no sentido em que estas se referem ao facto de esta não ser de facto o objecto de reflexão

mas o caminho ou a direcção que aponta a um pensamento maior: o de as pessoas acreditarem na possibilidade de atingirem a

felicidade e poder usufruir deste testemunho, ou seja, a referência a reter é essa direcção que aponta ao pressuposto de Lipman

– intervir enquanto acto de cidadania.

Fig. 13 – A Discussão e a obra

(Relevância temática)

A ARTD da subcategoria A discussão e a obra (Fig.13) apresenta um grau de relevância elevado para a integração do período

de tempo em que o fenómeno em referência se constituiu.

Assim, a subcategoria Relação A discussão e a obra apresenta um grau de relevância elevado e estende-se ainda às

subcategorias:

- Título sobrepõe-se à obra com um grau de relevância médio-alto;

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

A Discussão e a Obra

Título sobrepõe-se à Obra

Canadianas (simbólica de ajuda)

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- Canadiana (simbólica de ajuda) com uma relevância baixa, contudo, estabelecida por conteúdos teóricos deveras pertinentes

para o melhor benefício desta investigação).

ANÁLISE DE RELEVÂNCIA POR GÉNERO (Crianças-participantes e Adultos)

A ARDG do R11A manteve o protocolo proposto no R1A. A ARDG de um tipo de análise mais fechada que se desenvolveu a

partir da análise dos interesses temáticos revelados pela da Discussão de modo a possibilitar que se constituam as questões de

referência (Fig.14).

A ARDG (Crianças-participantes) do R11A mantém os mesmos parâmetros metodológicos delineados e apresentados no

Relatório 1 A, pelo que, apenas incide nos comentários e argumentos mais relevantes das crianças-participantes para as questões

de referência. A ARDG (Adultos) das intervenções da INV e do CONV1 foram de igual modo consideradas separadamente,

por serem adultos.

Tal como no R1A, a ARDG da 11ª Sessão A, permitiu que se constituísse o RAPI (Crianças-participantes) e RAPI (Adultos)

de cada indivíduo considerado.

Na 11ª Sessão A da ARDG (Crianças-participantes e Adultos) considerou as seguintes questões de referência (Fig. 14):

1. Qual o propósito expresso na obra? surge a partir da 5ª questão “O que é que aquilo quer dizer?” colocada

pelo IND 8 (Masculino) aquando da constituição da Agenda da Discussão e é muito estruturada com base na

necessidade de nomeação ou descrição dos elementos constituintes da obra, desde as fitas que permitem as canadianas

permanecerem juntas e em equilíbrio, à sombra que esta mesma peça (por via do foco de luz que se lhe sobrepõe)

projecta na parede, se estas fazem parte da leitura completa da obra ou se é apenas um efeito visual fruto das normais

circunstâncias envolventes;

Fig. 1 4 – Questões de Referência

( Diagrama )

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19

2. Que relação se estabelece entre a obra e o contexto envolvente? como resposta natural às questões

suscitadas pela questão anterior, esta questão abre um espaço de reflexão globalizante a convite do CONV1 "(...)

Então a pergunta que eu vos ponho é se vocês acham que uma peça, qualquer obra de arte, vive por si só, isolada de qualquer contexto, ou se qualquer obra de arte depende para expressar o que pretende expressar do contexto em que

se encontra? Que relação é que vocês encontram entre a peça e o seu contexto: se a peça vale por si só ou se a peça

vale também em função do seu contexto e porquê?", sendo que, o contexto, foi entendido como o próprio local onde

a obra se insere e que lhe pode imprimir alguma da sua expressividade e que implica com o discurso próprio da obra

(o que ela representa, expressa, comunica ou simboliza);

3. Que relação se estabelece entre a obra e o seu título “A Felicidade é Subestimada?, depois da Discussão

ter considerado: a obra em si, a obra e o seu contexto envolvente, volta-se agora para a questão pertinente do seu

próprio título, que segundo IND4 “Qual é a relação que existe entre o título e a peça?” não deixa de ser pertinente

porque obriga a uma reflexão intricada: a simbólica das canadianas; o significado do título e a relação efectiva que se

revela desta relação obra & Título;

4. A Discussão estética subestima o seu próprio objecto - a obra? tem origem no comentário da IND7 “Então

estamos a dar mais importância ao título do que à peça propriamente dita, as canadianas!” e que posteriormente,

próximo do final da Sessão o CONV1foi de novo rebusca-la: “Queria perguntar à IND7, para concluir, se acha que

esta peça que estivemos a discutir, foi na nossa discussão subestimada ou não?. De acordo com o argumentado foi

posto em causa se a própria Discussão, pelo desenvolvimento assumido, não subestima a próprio obra, objecto directo

do seu propósito, porém, observou-se o título como uma reflexão interpretativa necessária e que no fundo, a natureza

da própria discussão não se omitia da presença continua da obra em presença mas antes, estruturava-se segundo uma

simbólica já interpretada, ou seja, decifrada.

1. Qual o propósito expresso na obra ?

Fig. 1 5 – 1 . Qual o propósito expresso na obra ?

( Diagrama )

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20

A questão 1. Qual o propósito expresso na obra? (Fig. 15) apresenta uma estrutura relativamente simples e algo ampliada, o

que revela uma estruturação focada, própria de uma associação directa à leitura da obra, que neste caso, se revela com uma

forte necessidade teórica de sistematizar a identificação ou descrição dos elementos constituintes da obra (Sombra e Posição

das canadianas) para estender o seu sentido à origem (Efeito visual e Escolha do autor).

A 1ª Questão surge por associação 5ª Questão “O que é que aquilo quer dizer?” IND 8 (Masculino). Assim, a intenção da obra

é sugerida pela mesma, ou seja, reconhecesse-se um possível discurso com a obra através dos elementos que dela sobressaem

e que, na Discussão, se tornam mais valorizados: a Sombra da obra projectada na parede que multiplica a obra em tantas

quantas o Efeito visual que sobrevém permite, e esta leitura leva o observador a considerar se é um efeito a considerar uma vez

que pode “ (…) causar coisas na cabeça das pessoas.” IND 4 (Masculino), ou pelo contrário, uma vez que há luz não se pode

determinar que provém de um propósito pré-estabelecido “(…) mas claro que, como há luzes, faz o efeito (…).”IND 4

(Masculino); por outro lado, observam-se os elementos que sobressaem e regista-se a estranheza que provoca a sustentação da

própria obra garantida pela Posição das canadianas porque as fitas entrelaçadas que envolvem as pegas das canadianas as

mantém coladas e, tal como a Sombra, estas estão vinculadas à intenção ou Escolha do autor.

No que diz respeito a possíveis intersecções, não se verificam registos de ligações internas ou externas.

Fig. 16 – 1. Qual o propósito expresso na obra?

(ARDG - Crianças-participantes)

A ARDG (crianças-participantes) apresenta, na sua quase integralidade, a questão 1. Como se relacionam as obras entre si?

(Fig. 18) com uma forte relevância para o género masculino e diminuta para o género feminino, mas, que se estende ainda às

subcategorias:

- Sombra com um com um grau de relevância elevado apenas para o género masculino e que, por sua vez, se estende à

subcategoria Efeito Visual com um com um grau de relevância alto, igualmente, só para o género masculino;

- Posição das canadianas com um com um grau de relevância elevado para o género masculino e de relevância diminuta

para o género feminino, mas que se estende ainda à subcategoria Escolha do autor com uma relevância diminuta para o género

feminino.

0 1 2 3 4 5 6

1 .Qual o propósito expresso na Obra?

Sombra

Efeito visual

Posição das canadianas

Escolha do autor

MASC

FEM

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Esta Análise de relevância por género (crianças-participantes) destaca, no que diz respeito ao interesse de relevância discursiva,

uma forte inclinação do género masculino descrição e leitura dos elementos plásticos constituintes da obra.

Fig. 17 – 1. Qual o propósito expresso na obra? (ARDG

- Adultos)

A ARDG (Adultos) da questão 1. Como se relacionam as obras entre si? (Fig. 17) apresenta um forte contraste no que diz

respeito à relevância das intervenções dos facilitadores. De facto, apesar da intervenção se revelar diminuta, o que também nos

apresenta a parca necessidade de moderação da Discussão logo no início da mesma, esta revela-se apenas para intervenções do

CONV1.

Esta intervenção abre o interesse da Discussão para um foco de suma importância e que abre de imediato o espaço teórico

inevitável da 2ª Questão “(…) a pergunta que eu vos ponho é se vocês acham que uma peça, qualquer obra de arte, vive por si

só, isolada de qualquer contexto, ou se, qualquer obra de arte, depende, para expressar o que pretende expressar, do contexto

em que se encontra? Que relação é que vocês encontram entre a peça e o seu contexto: se a peça vale por si só ou, se a peça

vale, também, em função do seu contexto, e porquê?”.

2. Que relação se estabelece entre a obra e o contexto envolvente?

0 1 2

1 .Qual o propósito expresso na Obra?

Sombra

Efeito visual

Posição das canadianas

Escolha do autor

CONV1

INV

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(Diagrama)

A questão 2. Que relação se estabelece entre a obra e o contexto envolvente? (Fig. 18) apresenta uma estrutura simples e

quase que linear.

Com havia sido referido anteriormente, a 2ª Questão tem origem na intervenção do CONV1 que, no contexto natural da questão

anterior, abre o espaço de reflexão globalizante em que o Contexto foi compreendido como o próprio local onde a obra se

insere e que lhe pode imprimir alguma da sua expressividade e que, consequentemente, compromete o próprio discurso da obra

(o que ela representa, expressa, comunica ou simboliza).

Assim, a subcategoria Contexto constrói-se segundo uma percepção estabelecida segundo conceitos que esta investigação

considera originados num pensamento que já se deseja estético, e isto porque, segundo o IND9 (Masculino), contexto é um

conceito que, pode, ou não, interferir com a leitura e o propósito da obra, em pelo menos com quase todas as obras de arte,

mais, têm alguma coisa a ver com o que estas querem transmitir, tem a ver “(…) com o gostar!”.

Deste modo, foram consideradas duas realidades: o Local que imprime expressividade à obra na medida em que pode servir os

propósitos do artista na concepção da obra, com o ambiente que este procura conceber e que obedece à sua vontade oculta ao

observador; ou ainda, com o próprio Discurso da obra pois é igualmente firmado o discurso intencional da obra “(…) até

agora, todos os que nós vimos, todos os quadros, querem representar pelo menos alguma coisa.” IND6 (Masculino), que não

tem necessariamente de estar associado a um prazer visual mas a um querer dizer do próprio autor, que reflecte a necessidade

de um problema que ele próprio se coloca Ex: “E eu acho que quando ele tem um problema, ele está a usar as canadianas para

representar esse problema.” IND6 (Masculino), daí, a natureza simbólica do discurso da obra e a necessidade do observador

descobrir o significado, mesmo que simbólico, da questão sobre a qual o autor se debruçou Ex: “Eu acho que já descobri o

significado das canadianas.” IND9 (Masculino).

No que diz respeito a possíveis intersecções, não se verificam registos de ligações internas ou externas.

Fig. 18 – 2 . Que relação se estabelece entre a obra e o contexto envolvent e?

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Fig. 19 – 2. Que relação se estabelece entre a obra e o contexto envolvente?

(Relevância por género - Crianças-participantes)

A Análise de relevância por género (crianças-participantes) apresenta, na sua generalidade, a questão 2. Que relação se

estabelece entre a obra e o contexto envolvente? (Fig. 19) sem qualquer intensidade de relevância discursiva para ambos os

géneros (mesmo porque foi introduzida pelo CONV1), porém, estende-se ainda às subcategorias:

- Contexto com um com um grau de relevância elevado apenas para o género masculino; e que, por sua vez, se estende à

subcategoria Local (imprime expressividade) com um com um grau de relevância alto, igualmente, só para o género

masculino;

- Discurso da obra com um com um grau de relevância elevado apenas para o género masculino.

Apesar da fraca adesão das crianças-participantes para a constituição da teoria inerente a questão, pode-se observar a 2ª Questão

como de uma das abordagens que mais intensamente e de forma centralizada, abordou ideias e/ou conceitos, que julgamos,

serem originados num pensamento que, depois de todas estas Sessões em torno de obras de arte, já se pode ambicionar originado

de uma experiência estética.

Fig. 20 – 2.Que relação se estabelece entre a obra e o contexto envolvente?

(Relevância por género - Adultos)

A Análise de relevância por género (adultos) da questão 2. Que relação se estabelece entre a obra e o contexto envolvente?

(Fig. 20), à semelhança da questão anterior, anuncia um forte contraste na intervenção dos facilitadores, ou seja, apresenta-se

diminuta, com a mesma parca necessidade de moderação sendo que esta limita-se às intervenções do CONV1.

0 1 2 3 4 5

2 . Que relação se estabelece entre a Obra e o contexto envolvente?

Contexto

Local (imprime expressividade)

Discurso da Obra

MASC

FEM

0 1 2 3

2 . Que relação se estabelece entre a Obra e o contexto envolvente?

Contexto

Local (imprime expressividade)

Discurso da Obra

CONV1

INV

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Assim, a questão 2. Que relação se estabelece entre a obra e o contexto envolvente? apresenta uma relevância diminuta,

porém, de grande importância teórica para o desenvolvimento da questão e depende inteiramente da intervenção do CONV1,

tal como havia sido referido anteriormente.

A subcategoria Contexto apresenta uma relevância um pouco mais desenvolvida mas apenas para o registo das intervenções

do CONV1.

A fraca intensidade de relevância desta 2ª Questão não compromete o domínio notável da teoria associada à questão original

formulada pelo CONV1 "(...) Então, a pergunta que eu vos ponho é se vocês acham que uma peça, qualquer obra de arte, vive

por si só, isolada de qualquer contexto ou se, qualquer obra de arte depende para expressar o que pretende expressar do contexto

em que se encontra? Que relação é que vocês encontram entre a peça e o seu contexto: se a peça vale por si só ou, se a peça

vale também em função do seu contexto e porquê?", pelo que, a natureza específica da moderação revela-se sobretudo na

preservação de assertividade focada desta questão fundamental Ex: “Então, nesse sentido, podemos considerar que a sombra

faz parte do sentido da peça, ou devemos isolar a peça daquilo que ela projecta na parede? Como é que vocês querem discutila?”,

e ainda, “Achas que a sombra não acrescenta nada à peça?”.

3. Que relação se estabelece entre a obra e o seu título “A Felicidade é Subestimada?

Fig. 21 – 3. Que relação se estabelece entre a obra e o seu título “A Felicidade é Subestimada?

(Diagrama)

A questão 3. Que relação se estabelece entre a obra e o seu título “A Felicidade é Subestimada”? (Fig. 21) apresenta uma

estrutura entroncada, complexa e extensa e com uma visível tendência para a categorização por valorização, porém, à

semelhança da categoria Relação da obra com o título estruturada aquando da Análise de relevância temática (ver pág.

1215), a 3ª Questão estabelece-se mediante o cumprimento do seu princípio-base: observar a subtileza da relação da obra com

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o seu título e da natureza dessa interacção na edificação de uma outra linguagem que posteriormente se formaliza no discurso.

Neste contexto, constatasse a necessidade de uma reflexão que obriga a estabelecer, separadamente, a natureza da obra

Simbólica das canadianas e do seu título, ou seja, a e o Significado do título, para, posteriormente, vir a restitui-se como um

todo significativo obra & Título. A matéria que forma a teoria manteve-se, assim, num registo intenso que permitiu aprofundar

a significação dos conceitos em discussão, sejam estes, de natureza puramente textual ou corpórea (obra).

Assim, a subcategoria Simbólica das canadianas edificou-se por conjugação de parcerias argumentativas temática que

suportaram a própria questão, o que justifica a intervenção da INV para que se mantivesse a assertividade do foco teórico

revelou-se essencial para uma conceptualização unitária “Então, aqui as canadianas para ti é o quê? É essa ajuda? É a felicidade?

Ou é a dor?”. As intervenções que se seguiram foram imediatas e perspicazes, e conceberam a subcategoria Dor assegurando

o sentido que esta não é esperada, que causa mal-estar, e que, ainda neste contexto prolongou-se na subcategoria Subestima a

felicidade Ex: “ (…) quando ainda não existiam as canadianas, se calhar, as pessoas [que] se lesionavam ou tinham qualquer

coisa na perna e não conseguiam andar, aí subestimavam a sua felicidade, como não tinham nada que as pudesse ajudar tinham

de ficar numa cadeira.” e na subcategoria Promove mudança de atitude no sentido em que é um acontecimento que pode

promover um profundo acto de reflexão, e a uma consequente mudança de atitude Ex: “Mas o que é bom, a felicidade é nós

conseguirmos andar, não somos paraplégicos, se fossemos paraplégicos estávamos numa cadeira de rodas ou numa cadeira

elétrica.” IND1 (Masculino). A subcategoria Acreditar foi concebida enquanto sinónimo de esperança ou motivação Ex: “ (…)

nós temos de acreditar que vamos conseguir, temos de estar felizes e temos de, pronto, conseguir viver com as coisas e

ultrapassar o que acontece!” IND10 (Masculino), ou ainda, Ex: “Acho que o significado das canadianas é como um sinal de

esperança, podíamos ficar sentados numa cadeira!” IND7 (Feminino). A subcategoria Entreajuda surge no momento em que

o IND4 dirige a sua atenção à obra, observa-a e questiona-se “E porque é que estão juntas?”, este fenómeno marca um momento

único de volte-face da simbólica da obra porque o olhar de retorno à obra, que a formaliza e que a mantém sempre presente,

compele o indivíduo-observador a preencher o silêncio e a estender a forma plástica à forma dialéctica, isto é, a forma como as

pernas das canadianas se apoiam mutuamente obriga a que estas se mantenham amarradas uma à outra para que a obra, enquanto

peça tridimensional, se mantenha estável. Ora, quando a simbólica da coisa formada se associa à narrativa do real hipotético

pode-se especular Ex: “ (…) se estiver muita gente a precisar de ajuda, juntamo-nos todos para ajudar.”, ou seja, tal como

rematou o CONV1 “O que o [IND4] quis dizer é que às vezes para constituir uma verdadeira ajuda precisamos da ajuda de

todos e não apenas de um.”

A subcategoria Significado do título processa-se quando se considera a felicidade como subestimada, tal como entendido e

estruturado na subcategoria 1. Surpresa acidental que observa como a recorrente vivência da felicidade abstrai o individuo da

possibilidade de acidente Ex: “(…)Basicamente, antes de nós nos magoarmos e ficarmos com a cicatriz ainda pensamentos que

se calhar não vai acontecer nada, porque nunca ninguém está à espera de se magoar!” IND6 (Feminino); posteriormente

considera-se a subcategoria 2. Possibilidade de mobilidade garantida pela utilização das canadianas, na medida em que,

quando necessárias, podem devolver ou recuperar alguma felicidade perdida Ex: “É as pessoas que têm problemas como andar

e essas coisas, sem isto, não podiam fazer mais nada, tinham de estar sentadas numa cadeira sem fazer nada. Com isto já podem

andar e fazer coisas que fazem no dia-a-dia.” IND9 (Masculino); por último, surge o entendimento estruturado através da

subcategoria 3. Felicidade condicionada, que de apesar de associar os dois pontos de vista anteriores, apresenta-se mais

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optimista Ex: “(…) eu acho que quando ele tem um problema ele [o autor], está a usar as canadianas para representar esse

problema, que é uma maneira de recuperar a felicidade. Mas é difícil recuperar a felicidade porque não podemos desfrutar da

vida como desfrutávamos quando estávamos extremamente felizes e pensamos que a felicidade já não é possível ser feliz

enquanto estamos a usar as canadianas.” IND6 (Masculino). É precisamente esta última posição 3. Felicidade condicionada

que oferece à 3ª Questão na mais extensa e complexa amplitude das quatro questões. Assim, a 3ª Questão estende-se ainda à

subcategoria Auferir direitos & deveres que sustenta a tese pertinente de como e quem pode auferir de direitos e foi

referenciado como aquele que se esforça através do seu trabalho Ex: “Então, trabalham para isso, têm o direito!” IND6

(Masculino), trabalho esse que proporciona, por dilatação do seu próprio sentido, o sentimento de Valorização pessoal “Eu

acho que o sentimento que tu sentes por trabalhares toda a vida e por teres lutado para ter aquilo deve ser um sentimento muito

melhor do que pensares que o teu avô lutou… também deve ser bom pensares que a tua família é uma família de trabalhadores

e não sei o quê, mas pensares que tu também conseguiste acho que deve ser um bocadinho melhor, e acho que deves pensar que

é dinheiro merecido!” IND6 (Masculino), e que por sua vez centraliza-se na ideia de que essa felicidade se pode centralizar no

sentido da valorização por Esforço Ex: “Para haver ricos, tipo têm o dinheiro por herança e não trabalham para o ganhar, e

depois não têm aquela felicidade de alcançar, de se esforçarem por alguma coisa, que quando a alcançamos temos a felicidade

de conseguir do: - Chegámos lá! Foi difícil mas consegui, tenho de aproveitar agora! Acho que os ricos não se esforçam, têm a

felicidade de ter o dinheiro mas não têm aquela felicidade de se esforçar (…), a felicidade do esforço! IND4 (Masculino). No

seguimento da mesma ordem de ideias ou conceitos a subcategoria Felicidade de dar felicidade oferece uma perspectiva

diferente no sentido em que refere a constituição de um acto altruísta que estrutura a autoestima de quem o pratica Ex: “Acho

que o rico não está a tirar a felicidade e o pobre também foi feliz por ter jantado. Mas se não tiver tudo o que quer… Está a tirar

este tipo de felicidade ao pobre e está a dar a si, outro tipo de felicidade (…) que é a felicidade de dar felicidade, a felicidade

de ver que ajudei uma pessoa, e dei felicidade a mim próprio!” IND4 (Masculino). Ainda neste sentido a questão é alargada aos

deveres e práticas de uma cidadania consciente uma vez que a sua demanda passa também por Inspirar (Encaminhar) sente-

se bem o que se esforça e ganha por mérito próprio porque é merecido, porque assim pode dar um exemplo a seguir por outros

e proporcionar o desejo de também este participar num acto idêntico “(…) se fizerem isto, uma vez as pessoas ficam felicíssimas

e pensam assim: - Eu vou conseguir fazer este esforço não só porque preciso de dinheiro, como [porque] se algum dia chegar a

ser rico vou fazer isto que este homem fez, que foi muito simpático, e eu acho que devo seguir esse caminho!” IND1

(Masculino).

A felicidade condicionada surge também associada a uma Valorização condicionada na qual a felicidade que foi relacionada

à posse ou à possibilidade de posse (ao dinheiro), só proporciona verdadeira felicidade se provier de um esforço que merece ser

compensado, e esses momentos, sim, são avaliados como verdadeiros momentos de felicidade Ex: “ (…) os ricos apresentam o

dinheiro como uma maneira de mostrar a felicidade, portanto, não conhecem a felicidade, conhecem o dinheiro: - Yah o

dinheiro, é fixe o dinheiro! mas não conhecem o que é realmente a felicidade. E os pobres não têm o dinheiro mas têm uma

coisa a mais que os ricos que é ter a felicidade. E eu acho que os ricos subestimam a felicidade porque pensam que o dinheiro

dá-nos tudo o que nós podemos ter.” IND6 (Masculino).

A subcategoria obra & Título surge, pretensiosamente, para restituir um todo significativo, isto é, a relação da obra com o

observador regista-se no seu contínuo diálogo através da contínua procura de criação de sentido, e neste sentido, Comunica e

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estimula a percepção de uma ligação Ex: “O título e as canadianas… Eu acho que desviámos um pouco com os exemplos mas

acho que isto comunica, está ligado." IND1 (Masculino); mais, através da Associação simbólica a abordagem ao título tornase

possível por associação directa à simbólica das canadianas, ou seja, o próprio título associa a as canadianas como um símbolo

físico de si mesmo “… É que o título também pode ser esse símbolo que nós estamos a dizer que a felicidade é subestimada.”

IND1 (Masculino) ou ainda, Ex: “(…) nós olhamos para uma obra de arte, e esta aqui até é um bom exemplo, ele [autor] não

pode fazer isto e dizer: “Olha as canadianas são coisas muito bonitas!”, ele deve querer dizer alguma coisa e ainda, vendo o

título, dá para perceber que ele quer dizer alguma coisa com as canadianas, está a usá-las como um símbolo (…).”IND6

(Masculino).

No que diz respeito a possíveis intersecções verificam-se registos de ligações internas.

Fig. 22 – 3. Que relação se estabelece entre a obra e o seu título “A Felicidade é Subestimada”?

(ARDG - Crianças-participantes)

A questão 3. Que relação se estabelece entre a obra e o seu título “A Felicidade é Subestimada”? (Fig. 22) apresenta, para

a generalidade do fenómeno em análise, uma forte relevância para o género masculino e uma relevância muito baixa para o

género feminino.

Assim, neste contexto, a questão 3. Que relação se estabelece entre a obra e o seu título “A Felicidade é Subestimada”?

apresenta uma relevância que se pode considerar elevada apenas para o género masculino. A mesma subcategoria difunde-se

ainda nas subcategorias:

- Simbólica das canadianas que apresenta uma relevância média apenas para o género masculino e que ainda se estende

às subcategorias:

0 1 2 3 4 5 6

.Que relação se estabelece entre a Obra e o seu título “A Felicidade é Subestimada"? 3 Simbólica das canadinas

Dor Subestima a felicidade

Promove mudança de atitude Entreajuda

Acreditar Significado do título . Surpresa acidental 1

. Possibilidade de mobilidade 2 . Felicidade condicionada 3

Auferir direitos & deveres Valorização pessoal

Esforço Felicidade de dar felicidade

Inspirar (Encaminhar) Valorização condicionada

Obra & Título Comunica (ligação)

Associação simbólica

MASC FEM

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Dor com um grau de relevância médio para o género feminino e baixo para o género masculino, que por sua vez ainda

se estende à subcategoria Subestima a felicidade com um grau de relevância baixo apenas para o género feminino e

ainda à subcategoria Promove mudança de atitude com um grau de relevância baixo apenas para o género masculino;

Entreajuda como uma relevância elevada apenas para o género masculino;

Acreditar com um grau de relevância médio apenas para o género masculino;

- Significado do título que apresenta uma relevância elevada apenas para o género masculino e que ainda se estende às

subcategorias:

1.Surpresa acidental com um grau de relevância médio apenas para o género masculino;

2.Possibilidade de mobilidade com um grau de relevância baixo para ambos os géneros;

3. Felicidade condicionada com um grau de relevância elevado apenas para o género masculino e que por sua vez

ainda se estende às subcategorias:

Auferir direitos & deveres igualmente com um grau de relevância elevado apenas para o género masculino e

que se estende à subcategoria Valorização pessoal de relevância média-alta apenas para o género masculino

e ainda associada à subcategoria Esforço com um grau de relevância elevado apenas para o género masculino;

à subcategoria Felicidade de dar felicidade com um grau de relevância elevado apenas para o género

masculino; e ainda, à subcategoria Inspirar (Encaminhar) com um grau de relevância baixo apenas para o

género masculino;

Valorização condicionada de relevância média-alta apenas para o género masculino;

- obra & Título sem registo de relevância por se tratar de uma categorização teórica por valorização mas que consagra

lugar teórico para as subcategorias:

Comunica (ligação) com um grau de relevância baixo apenas para o género masculino;

Associação simbólica com um grau de relevância médio somente para o género masculino.

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Fig. 23 – 3. Que relação se estabelece entre a obra e o seu título “A Felicidade é Subestimada?

(ARDG - Adultos)

A ARDG (Adultos) da questão 3. Que relação se estabelece entre a obra e o seu título “A Felicidade é Subestimada? (Fig.

23) apresenta um forte contraste no que diz respeito à relevância das intervenções dos facilitadores.

Assim, a questão 3.Que relação se estabelece entre a obra e o seu título “A Felicidade é Subestimada? apresenta uma

intensidade diminuta que regista a intervenção da INV para uma aferição do assunto abordado “Mas o que ele quis dizer é de

uma maneira simbólica!”. Na continuidade desta observação é de registar a subcategoria Significado do título com um grau de

relevância pertinente apenas para o CONV1 que preconizou logo no início da Sessão a elevada utilidade em compreender o

significado dos termos que constituíam entre si o sentido do próprio título Ex: “A felicidade é subestimada. Vocês sabem o que

é subestimar alguma coisa? É estimar pouco.”, e ainda, “O título da peça não é um conselho que vos é dado, é uma afirmação

sobre o estado de coisas. A felicidade é subestimada!”. Por conveniência da análise da moderação em parceria, refere-se a

subcategoria 3. Felicidade condicionada que representa a sintonia em que funcionou a parceria e que se reflecte no grau de

relevância médio que apresenta para ambos os facilitadores Ex: “É uma extensão da do Tomás, não é?” INV e ainda, Ex: “É

um terceiro ponto de vista este que de alguma forma abarca os dois, não é?”. As restantes subcategorias apresentaram uma fraca

relevância para a moderação da Discussão, porém, as subcategorias 1.Surpresa acidental; 2.Possibilidade de mobilidade;

Valorização pessoal; Felicidade de dar felicidade e Valorização condicionada apresentam, mesmo que diminutas, o foco de

interesse de relevância das intervenções de moderação apenas para o CONV1 Ex: “Mas se os ricos derem felicidade aos pobres

por lhes oferecerem imensas coisas que eles não têm, estarão ou não, a retirar aos pobres, pergunto, a possibilidade de

0 1 2 3 4 5

.Que relação se estabelece entre a Obra e o seu título “A Felicidade é Subestimada"? 3 Simbólica das canadinas

Dor Subestima a felicidade

Promove mudança de atitude Entreajuda

Acreditar Significado do título . Surpresa acidental 1

. Possibilidade de mobilidade 2 . Felicidade condicionada 3

Auferir direitos & deveres Valorização pessoal

Esforço Felicidade de dar felicidade

Inspirar (Encaminhar) Valorização condicionada

Obra & Título Comunica (ligação)

Associação simbólica

CONV1 INV

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conquistarem esta felicidade que o IND6 falou, de conquistar por si mesmos qualquer coisa que lhes produza felicidade?”2.

Neste mesmo contexto pode-se referir a subcategoria Entreajuda e a subcategoria Auferir direitos & deveres, com igual

relevância diminuta mas apenas por referência às intervenções da INV Ex: “Tal e qual como aqui: o discurso de uma única

pessoa a falar sobre esta peça, pouco construía, não quer dizer que não tivesse o seu valor, mas o discurso de todos juntos

constitui uma sabedoria partilhada.”3.

As restantes subcategorias que não foram aqui nomeadas não apresentaram qualquer relevância na intervenção da INV e do

CONV1 para a moderação da Discussão.

Apesar da extensa estrutura da 3ª Questão, à semelhança das questões anteriormente analisada, a indispensabilidade de uma

moderação mais intensa para a integração da teoria preserva a fraca intensidade das intervenções observadas, o que

simultaneamente revela como a natureza da moderação em parceria sustenta-se perante a parca necessidade de moderação da

Discussão na sustentabilidade da assertividade das argumentações das crianças-participantes.

4. A Discussão estética subestima o seu próprio objecto - a obra?

A questão 4. A Discussão estética subestima o seu próprio objecto - a obra? (Fig. 24) apresenta uma estrutura linear,

relativamente simples e algo ampliada, e de estruturação focada à semelhança da questão anterior.

Assim, tal como havia sido referido anteriormente, a subcategoria A Discussão e a obra estabelece-se a partir de um momento

de controvérsia provocado pela IND 6 Como é que chegamos à história dos ricos e dos pobres?”, ou seja, questiona a direcção

temática subjacente à própria Discussão que põe em causa o cumprimento dos propósitos da própria Discussão no sentido em

que afastou o seu verdadeiro interesse - a obra.

A referida intervenção aparentou, inicialmente, uma pretensa inocência: foi cuidadosamente lançada na Discussão e

interrompeu o seu natural percurso com o intuito de introduzir um rasgo no conteúdo ou desenlace da Discussão. Após algumas

intervenções por parte de outras crianças-participantes, que procuraram criar simbolicamente um fio de Ariane, esta replicou

2 Citação sinalizada na constituição da subcategoria Valorização pessoal. 3 Citação sinalizada na constituição da subcategoria Entreajuda.

Fig. 2 4 – 4 . A Discussão estética subestima o seu próprio objecto - a obra ?

( Diagrama )

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“Então, estamos a dar mais importância ao título do que à peça propriamente dita, as canadianas? (…) Não sei, mas isto acontece

a quase todas as coisas que fazemos de filosofia.”, a sua argumentação revela-se (tal como noutras sessões anteriores) entre um

seu perfil crítico que se anunciou, posteriormente, céptica. Posteriormente, próximo do final da Sessão, o CONV1, intervém e

inquire a própria [IND6] sobre a controvérsia que apresentou “Agora queria colocar só mais única pergunta à IND7, posso?

Queria perguntar à [IND6], para concluir, se acha que esta peça que estivemos a discutir, foi na nossa discussão subestimada

ou não? – que nesta analise se traduz na própria 4ª Questão.

Assim, partimos do pressuposto apresentado pela IND6, de que a Discussão subestima a obra e em que refere, ainda no mesmo

contexto, que o mesmo se passa em quase todas as coisas que fazem em Filosofia, que a subestimação revelou-se em fases: no

início da Discussão subestimou-se o título mas em geral foi a obra a mais subestimada, ou seja, que no seu entender O título

sobrepõe-se à obra Ex: “Porque estamos a falar da felicidade, que é o título, mas já não estamos a falar de nada que tenha a

ver… [com a obra].” IND6 (Feminino), ao que o CONV1 replica “E portanto isso significa o quê? Que foi subestimada a

peça?”.

Revela-se então, no seguimento do fenómeno em análise, um momento de reflexão sobre o percurso teórico desenvolvido pela

Discussão e em que o Título entende-se como o que promove a possibilidade de uma reflexão interpretativa Ex: “(…) eu dei

um exemplo de que como estávamos a falar da felicidade (…).” IND1 (Masculino) e ainda, a intervenção do CONV1 que

oferece um enquadramento generalizado das intervenções anteriores mais significativas “A felicidade é subestimada, e nesta

altura, aquilo a que o IND4 chegou, decorrente de uma intervenção do IND6, foi que no plano dos ricos e dos pobres a felicidade

que os ricos subestimam é a felicidade que se consegue através do esforço. Foi com isto que o IND4 avançou.”

De facto, as crianças-participantes assimilaram a necessidade de compreender os termos que permitiram aceder à compreensão

dos conteúdos do título para que, num segundo momento, em associação com o conhecimento adquirido da interpretação da

obra, se pudesse organizar um conhecimento agregador, sem que se perca a plena percepção dessas passagens. É neste contexto

que se estabelece a subcategoria Simbólica interpretada ou, dito de um outro modo, o próprio fenómeno estrutural manifesto

constituindo-se, por si mesmo, no enquadramento e na explicação de si mesmo, ou seja, o próprio fenómeno constituísse em

contínuo por deslocamento e aproximação à obra acompanhando as várias concepções interpretativas (ou ligações simbólicas)

que a própria Discussão fomenta e que são descritas sucintamente pelo IND6 “Nós começamos com as canadianas, depois

falámos de uma série de coisas à volta das canadianas e depois quando começamos a perceber a relação das canadianas com o

título começámos a pensar no título para depois liga-lo às canadianas e pensarmos nas relações entre os dois.”.

Neste resumo generalizado do fenómeno que é a Discussão da obra, as argumentações poderiam manter uma certa subtileza

teórica que lhes oferecesse-se uma natureza volátil ou pouco edificada. Contudo, não foi o que foi observado, pelo contrário, o

próprio IND6 defende que a obra manteve-se sempre em presença seja por transferência de teorias, simultaneamente, lógicas e

simbólicas Ex: “(…)E agora é só mais uma coisinha, IND6 eu acho que estamos sempre a falar das canadianas, porque o que

eu acho é que as canadianas estão sempre aqui a simbolizar a ajuda. O facto mais necessário não é ser “a canadiana”, é ser as

pessoas acreditarem e terem felicidade, e testemunhar a felicidade do ser humano é a coisa mais importante!” IND6 (Masculino),

se4ja pela intervenção mais concisa do IND9 Ex: “(…) E acho que a partir do momento em que conseguimos relacionar o título

com as canadianas e as canadianas com o título, conseguimos chegar a uma grande conclusão!”.

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Porém, para a IND7 este movimento é referido como que um afastamento da própria obra enquanto para o IND4 manteve-se a

questão “É para subestimar a peça, não é?”, o que coloca o foco da Sessão (alegadamente estética) no conteúdo revelado pela

própria Discussão. Daqui pode-se depreender e manter como essencial a esta investigação a questão: De que se constitui então

um discurso perante uma experiencia que se quer de qualidade estética?

No que diz respeito a possíveis intersecções, não se verificam registos de ligações internas ou externas.

Fig. 25 – 4. A Discussão estética subestima o seu próprio objecto - a obra?

(ARDG - Crianças-participantes)

A questão 4. A Discussão estética subestima o seu próprio objecto - a obra? (Fig. 25) apresenta, para a generalidade do

fenómeno em análise, uma forte relevância para o género masculino e relevância baixa para o género feminino.

Assim, a questão 4. A Discussão estética subestima o seu próprio objecto - a obra? apresenta um grau de relevância baixa e

apenas para o género masculino, porém, estende-se ainda às subcategorias:

- Discussão subestima a obra que apresenta uma relevância média-baixa para o género feminino e baixa para o

género masculino mas que se estende ainda à subcategoria Título subestima a obra com um grau de relevância médio-

alto apenas para o género feminino;

- Título (reflexão interpretativa) com um com um grau de relevância baixa apenas para o género masculino; -

Simbólica interpretada que apresenta uma relevância elevada apenas para o género masculino.

A questão 4. A Discussão estética subestima o seu próprio objecto - a obra? completou um ciclo teórico (muito associado à

dissecação de dados que serão posteriormente interpretados e associados em discursos de caracter narrativo) e revelou um outro

discurso associado a teorias construídas e estabelecidas em abordagens sucintas, explanativas e intensas na sua forma

argumentativa bem como na abordagem de ideias e/ou conceitos, que cremos totalmente constituídos pelo pensamento

originado pela continuidade do que se entende por experiência estética.

0 1 2 3 4 5 6

4 .A Discussão estética subestima o seu próprio objecto - a Obra?

Discussão subestima a Obra

O título sobrepõe-se à Obra

Título (refllexão intepretativa)

Simbólica interpretada

MASC

FEM

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Fig. 26 – 4. A Discussão estética subestima o seu próprio objecto - a obra?

(ARDG – Adultos)

A questão 4. A Discussão estética subestima o seu próprio objecto - a obra? (Fig. 26) à semelhança de quase todas as

questões anteriores, anuncia um forte contraste na intervenção dos facilitadores, ou seja, apresenta-se com a mesma parca

necessidade de moderação sendo que esta limita-se às intervenções do CONV1.

Assim, destacamos a própria questão, 4. A Discussão estética subestima o seu próprio objecto - a obra? que se apresenta

como fundamental para o desenvolvimento da teoria e que partiu da intervenção do CONV1, tal como havia sido referido

anteriormente.

A subcategoria Discussão subestima a obra com uma maior expressividade mas cuja importância se reveste no foco a instigar,

ou seja, a posição apresentada pela IND7 Ex: “E portanto isso significa o quê? Que foi subestimada a peça?

As restantes subcategorias sinalizadas por intervenções revelantes, Título (reflexão interpretativa) e Simbólica interpretada,

apresenta-se ambas num contexto de intervenções que se querem revestidas de uma natureza informativa ou orientadora de um

foco sequencial que se quer garantir em presença Ex: “A felicidade é subestimada, e nesta altura aquilo a que o IND4 chegou

decorrente de uma intervenção do IND6 foi que, no plano dos ricos e dos pobres, a felicidade que os ricos subestimam é a

felicidade que se consegue através do esforço. Foi com isto que o IND4 avançou.”

ANÁLISE ETNOGRAFICA DO REGISTO DE VIDEO

Para a AERV desta Sessão adaptou-se por uma abordagem dedutiva, na medida em que foi observado um evento específico e

fortemente conduzido pela questão desta investigação, e que foi anteriormente objectivado e delineado no R1A.

Esta análise mantem o protocolo assumido e teve em conta: a relação dos comportamentos físicos com o espaço físico

envolvente; desses comportamentos físicos com as obras previamente selecionadas; e ainda, a associação dos comportamentos

físicos aos momentos e à qualidade dos discursos dos intervenientes.

Assim, a AERV mantém-se organizada de acordo com dois momentos específicos: 1º Momento refere-se aos comportamentos

referentes ao momento em que as crianças entraram em contacto com o espaço onde as obras estavam expostas e a observação

directa das mesmas; o 2º Momento refere-se aos registos comportamentais durante o decorrer da própria Sessão.

0 1 2 3

4 .A Discussão estética subestima o seu próprio objecto - a Obra?

Discussão subestima a Obra

O título sobrepõe-se à Obra

Título (refllexão intepretativa)

Simbólica interpretada

CONV1

INV

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34

Análise etnográfica do registo de vídeo

Tempo Categoria Acção Contextualização Observação

1º Momento

Entrada no espaço onde as obras estão localizadas

Posicionamento da câmara e das crianças-participantes em posição de meia-lua defronte para as obras selecccionadas IND6 questiona se é só a peça sugerida ou se também se inclui outra peça que lhe está contígua

Apropriação do espaço IND6 revela um comportamento entusiasta em relação às restantes crianças-participantes que aguardam atentas

(conversas cruzadas) 00:28 CONV1 esclarece palavras

que compõe título da obra

CONV1 explica significado de palavras que compõe o título da obra IND7 levanta-se e dirige-se à peça para ler o título em voz alta (conforme solicitação do CONV1)

IND 7 regressa ao seu lugar

Silencio 00:55 CONV1 estabelece significado de subestimar

(Conversas cruzadas)

Leitura da obra Leitura da obra CONV1 sugere leitura silenciosa da obra IND6 apresenta-se com atitude jocosa observando o relógio para cronometrar o tempo de leitura da obra

Dinâmica comportamental:

Olhares atentos e respeitadores do que foi sugerido pelo CONV1

Preparação do registo da sessão

(INV esqueceu-se de ligar MP4 e está a prepará-lo, CONV1 coloca tm no silencio)

2º Momento 1:54

Agenda da Discussão Início da 11ª Sessão [A]

Registo de questões e leitura das mesmas

IND9 refere sombra projectada na parede pela obra (possível alusão à 2ª Sessão) IND6 inscreve-se (dedo no ar) IND11 inscreve-se (dedo no ar) IND8 aproxima-se para tentar perceber de que material a obra é feita Questão elaborada em comum por analogia sequencial às questões colocadas pelo IND8 CONV1 lê registo das questões da Agenda da Discussão

Dinâmica comportamental: Comportamentos calmos, compenetrados e respeitadores Alguns registos de agitação

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35

04:07

3º Momento 05:14

DISCUSSÃO IND1 e IND5 inscrevem-se na discussão

Dinâmica comportamental: Comportamentos atentos, outros alheados

Descrição da obra

Início da Discussão CONV1 dá palavra ao IND5 IND5, IND8 e IND6 inscrevem-se (dedo no ar)

Dinâmica comportamental: Alguns participantes estão deitados no chão de barriga para baixo. Comportamentos atentos

6:21 IND8 inscreve-se (dedo no ar) Intervenção do CONV1 de modo a estabelecer alguns limites temáticos significativos da Sessão (“Estamos a tentar perceber a razão porque foi feito assim e não de outro modo qualquer.”)

Dinâmica comportamental: Comportamentos agitados

06:56

07:30

Luzes (efeito do acaso, sem propósito)

Intenção de produção da sombra Contexto da obra

IND4 intervém (1ª posição) IND8 contrapõe (2ª posição) IND6, IND8 e IND9 inscrevem-se (dedos no ar) CONV1 intervém com o objectivo de objectivar/esclarecer componentes das posições que surgiram na Discussão

Dinâmica comportamental: Comportamentos atentos CONV1 intervém para objectivar posições

Intenção da obra

IND9 intervém IND6 inscreve-se (dedo no ar) e intervém (3ª posição)

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36

10:02 Contexto da obra

CONV1 questiona se a sombra projectada faz parte do sentido da peça?

Dinâmica comportamental: CONV1 inquire para uma maior objectivação Silêncio geral. Comportamentos de interiorização

Efeito visual Acaso

IND6 intervém para responder à solicitação do CONV1 CONV1 instiga a uma maior assertividade e IND6 pára abruptamente e passa MP4 a IND9

Comportamento atentos à intervenção do IND6

10:49 Contexto da obra IND9 Intervém IND6 e IND8 inscrevem-se (dedo no ar) Comportamentos atentos

Relação da obra com o título (1.Surpresa acidental)

IND 8 Intervém

12:31

(2. possibilidade e mobilidade)

IND6 inscreve-se (dedo no ar) e apresenta o seu argumento

13:11 CONV1 determina as 2 visões opostas que foram apresentadas. Dinâmica comportamental:

14:02

(3. Felicidade condicionada)

IND6 inscreve-se (dedo no ar) e apresenta o seu argumento

Comportamentos atentos às intervenções dos participantes Muita quietude

15:14 IND7 inscreve-se (dedo no ar)

Simbólica das canadianas Dor

INV questiona IND7 intervém mas assume dificuldade em expor o seu ponto de vista IND6 intervém (tom desagradável com conotação de algum aborrecimento, algum registo de tom espirituoso) IND 1 inscreve-se (dedo no ar) IND1 e IND4 negoceiam entre si quem intervém primeiro

IND6: é difícil explicar… Porque é filosofia!

Conversas paralelas

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37

Felicidade /Esperança IND 1 intervém

17:36

Estimar

Acreditar

CONV1 interrompe IND6 (Significado de subestimar) IND 7 inscreve-se (dedo no ar) IND 6 e IND1 inscrevem-se (dedo no ar) IND5 inscreve-se (dedo no ar) IND1, IND 6 e IND9 inscrevem-se (dedo no ar)

Dinâmica comportamental: Comportamentos agitados

21:44

“A felicidade é subestimada”

INV e CONV1 instigam a uma maior assertividade associada ao significado do título da obra IND 5 inscreve-se (dedo no ar)

Conversas cruzadas 22:00 Valorização condicionada IND1 intervém Dinâmica comportamental: Felicidade

condicionada (Esforço)

IND6 intervém Comportamentos atentos, maioria dos participantes com os seus corpos relaxados deitados no chão

25:28

Auferir direitos

IND7 e IND4 inscrevem-se (dedo no ar) IND6 mantem a palavra IND10 comenta

Dinâmica comportamental: Conversa e comportamentos agitados

Conversas cruzadas

Esforço Vs Herança)

IND6 intervém com alguma agitação e contrapõe a sua

argumentação à do IND10

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26:42 27:32

A Discussão e a obra Mudança de curso temático da discussão

IND7 intervém questionando o percurso temático da Discussão CONV1 intervém questionando-a se esta não seguiu a discussão IND1 procura esclarecer IND6 mas é interrompido pelo CONV1 e assume ele mesmo o esclarecimento IND7 usa um tom de voz autoritário para assumir a sua posição, considera que a Discussão de desviou da obra e deu mais importância ao entendimento do título

IND7 intervém desviando a temática da discussão com intenção velada Dinâmica comportamental: CONV intervém prestativo IND1 revela-se prestável e empático IND7 apresenta atitude céptica.

Discussão regressa à temática IND6 inscreve-se de imediato (dedo no ar) IND8 inscreve-se (dedo no ar)

Dinâmica comportamental: Movimentos de resposta imediata

Conversas cruzadas

29:27 31:49 32:14

34:56

Felicidade condicionada Valorização pessoal

(Felicidade de dar felicidade) Valorização pessoal Canadianas (simbólica de ajuda)

IND6 com aguçada

intervenção

IND6 inscreve-se (dedo no ar) e intervém IND9 inscreve-se (dedo no ar) e intervém IND1 intervém e apresenta argumentação CONV1 instiga a uma maior assertividade IND1 justifica IND4 intervém e introduz conceito pertinente: Felicidade de dar felicidade

IND6 intervém para apresentar a sua argumentação subdividida em duas refutações fundamentais (1 parte assoaciada à valorização pessoal e a 2 parte, dirigida `intervenção da IND6, apresenta as canadianas como simbólica de ajuda IND1 quer passar palavra a IND7 IND 1 aponta para as questões da Agenda de Discussão

Dinâmica comportamental: Comportamentos calmos e atentos

36:21 CONV1 lê Agenda da Discussão a pedido do IND1

Descrição da obra A Discussão e a obra

IND8 avança para a obra para assim poder exemplificar a sua intervenção

Aplausos gerais

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Significado do título Simbólica das canadianas (Entreajuda)

IND1 argumenta que os exemplos associados às narrativas podiam ter-se desviado da obra, porém, os mesmos comunicam uma ligação à mesma IND4 inscreve-se (dedo no ar) IND4 espia a possibilidade de a apresentação formal da obra se pode associar a uma interpretação directa com o título IND1 intervém apresentando a associação simbólica como ele de ligação entre a obra e o título IND4 intervém

(risos… isso é impossível!)

Entreajuda

CONV1 apresenta ponto de situação IND4 intervém

Dinâmica comportamental: Mudança de registo de comportamentos: crianças-participantes que estavam deitadas no chão de barriga para baixo sentaram-se!

(conversas cruzadas)

CONV1 instiga IND4 a uma maior assertividade IND4 explana com maior assertividade a sua argumentação IND1 concorda com IND4

Dinâmica comportamental: Comportamentos atentos e bemdispostos Participação activa

(conversas cruzadas)

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40

41:03 41:20 42:30

A Discussão e a obra INV comenta a entreajuda como uma função a desempenhar durante a discussão CONV1 retoma questão da IND6 de pergunta-lhe se considera que esta peça que se estive a discutir, foi subestimada na nossa discussão ou não IND7 justifica-se considerando que a obra foi subestimada IND4 inscreve-se (dedo no ar) CONV1 pede-lhe que desenvolva argumentação No início foi subestimado o título mas foi mais subestimada a peça que o título IND4 questiona-se: É para subestimar a peça, não é?

Dinâmica comportamental: Comportamentos atentos e alguns registos de alheamento

Risos

IND4 intervém IND6 intervém IND9 intervém, com argumentação conclusiva

Dinâmica comportamental: Comentário bemdisposto e bem construído, acompanhado por expressões encorajadoras dos colegas. Bom sentido de parceria.

Aplausos

IND4 anuncia o tempo de gravação 44:00 min Sessão termina por determinação das crianças-participantes Obs.

Crianças-participantes dominaram praticamente sozinhas a dinâmica da Discussão no sentido da passagem de voz

Próprias crianças-participantes terminam por si mesmas a Discussão anunciando o tempo de gravação registado no MP4 (em vídeo.)

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RETRATOS E ANÁLISE DE PARTICIPAÇÃO (por indivíduo)

Esta análise, tal como foi referenciado no R1A, apoia a necessidade de definir, não só o modelo de participação por indivíduo

em relação às categorias balizadas pela ARTD, mas também a sinalização da tipologia do carácter argumentativo de cada

uma das crianças-participantes.

Visualizar o mapeamento categorial da participação de cada indivíduo (da Fig.27 à Fig.38) e a descrição da respectiva

participação na dinâmica do grupo, permitiu aceder a uma maior sensibilização das possíveis relações comportamentais e

permitirá avaliar a evolução das suas participações. De igual modo foi integrado o retrato de participação dos facilitadores

de modo a compreender a necessidade ou dispensabilidade das suas intervenções, o carácter e tipologia das mesmas.

IND1 não participou na formulação da Agenda da Discussão.

No que diz respeito à Discussão participou com interesse e entusiasmo nas questões

anunciadas pela subcategoria Relação da obra com o título, e com menor intensidade

na subcategoria A Discussão e a obra.

As suas intervenções revelam uma natureza maioritariamente intuitiva, porém, estruturadas em narrativas hipotéticas que criam entre si relações de analogia plausível com o real. A participação do IND 1 é atenta, o seu tom de voz é cordial e entusiasta

Fig. 27 – IND 1 (Masculino) com registos prestativos e empáticos. O seu comportamento físico revelou-se, por vezes,

demasiado relaxado.

O IND 2 mantém um registo de comportamento pacato, por vezes, alheado ou em

conversas paralelas, porém, nesta Sessão, porém, participou na formulação da Agenda

da Discussão com uma questão cujo conteúdo estava directamente associado aos

interesses que estruturaram a subcategoria Descrição da obra.

Nota: Manter em observação possível evolução de comportamentos e participação no

Fig. 28 – IND 2 (Masculino) decorrer das próximas Sessões.

Fig. 29 – IND 4 (Masculino)

O IND4 participou na constituição da Agenda da Discussão

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O IND4 anunciou-se muito entusiasta na estruturação da subcategoria Relação da obra com o título e da subcategoria

A Discussão e a obra.

O seu comportamento revelou-se atento, motivado e respeitador das regras da Discussão. As intervenções do IND4

mantiveram a sua natureza ambivalente, entre o perspicaz e o confuso, porém, é de salientar, que nesta Sessão observa-

se uma maior incidência no sentido arguto, nomeadamente na fase final e conclusiva da subcategoria Relação da

obra com o título. Esta alteração da natureza qualitativa das suas intervenções proporcionou, em geral, uma partilha

e entendimento geral dos conceitos mais assertivo em discussão.

As argumentações do IND4 associaram fortemente a sua tipologia naturalmente intuitiva

a outra mais analítica.

O IND5 não participou na formulação da Agenda da Discussão.

O seu comportamento mantém-se agitado, inquieto e, por vezes, desatento.

O IND5 revelou-se mais animado na participação da estruturação da subcategoria

Descrição da obra e muito menos interventivo nas questões relacionadas com a

Relação da obra com o título.

O IND 5 mantém-se no perfil de uma intervenção em espelho, sempre à procura de Fig.

30 – IND 5 (Masculino) intervir em sobreposição ao que está a ser discutido. Nesta sessão as

suas intervenções careceram dos seus habituais rasgos pertinentes e sensíveis que superam os conteúdos em

discussão.

O IND6 participou na constituição da Agenda da Discussão com uma questão cujo

conteúdo estava directamente associado aos interesses que estruturaram a subcategoria

Descrição da obra.

O IND6 manteve o seu habitual entusiasmo na participação dos temas visados durante

toda a discussão, pelo que registam-se intervenções de relevância para todas as

subcategorias de primeiro nível: Descrição da obra e Contexto da obra com menor

intensidade; com um interesse dominante para a subcategoria Relação da obra com o

título e de uma perspicácia eficaz a subcategoria A Discussão e a obra. A narrativa

apresentada pelo IND6 foi consideravelmente consistente e revelou uma tipologia

argumentativa determinante com qualidades céptico-analítica. Durante esta Sessão, o

IND6 contrapôs-se veementemente à argumentação da IND7, ou seja, ao defender que

durante a discussão a obra esteve sempre em presença, manteve o seu o seu ponto de

vista sustentado num discurso abstracto, fortemente eloquente e sedimentado numa

postura fortemente elaborada.

Fig. 3 1 – IND 6 ( Masculino )

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A IND7 não participou na constituição da Agenda da Discussão e a sua participação

oscilou fortemente por contraste entre os vários momentos da discussão.

O seu comportamento revelou-se atento, respeitador das regras da discussão, porém,

pouco entusiástico. A IND7 participou na constituição da subcategoria Relação da obra

com o título e foi a impulsionadora da entrada pertinente da subcategoria A Discussão

e a obra na discussão. A narrativa apresentada pelo IND7 mantem a sua tipologia

argumentativa fortemente analítica, porém, nesta sessão assumiu alguns traços de

Fig.32 – IND 7 (Feminino) cepticismo estratégico que sustentaram a sua argumentação (de alteração de tema). O IND8 participou activamente na constituição da Agenda da Discussão com duas questões cujo

conteúdo estava directamente associado às subcategorias em que veio a participar,

posteriormente, com elevado interesse: a subcategoria Descrição da obra e a

subcategoria Relação da obra com o título.

O seu comportamento revelou-se atento, observador e menos activo que o habitual.

Mantém o seu perfil de elemento respeitador das regras da discussão e defensor do seu

espaço de intervenção; muito participativo e sensível ao gesto e de aproximação à obra.

Fig. 33 – IND 8 (Masculino) É de referir que apesar de se registar uma menor participação manteve a sua argucia habitual para sustentar o conteúdo das mesmas. A narrativa apresentada pelo IND8 mantem as

características de uma enorme coerência com uma narrativa de tipologia argumentativa

fortemente analítica. A sua visão alargada dos conteúdos em discussão, sinalizada em

sessões anteriores, permitiram-lhe uma vez mais desdobrar conceitos apresentados de

modo igualmente incisivo.

O IND 9 alterou fortemente as várias componentes do seu comportamento nesta Sessão.

Assim, o IND9 participou na constituição da Agenda da Discussão com uma questão

cujo conteúdo lançou a subcategoria Descrição da obra e porém estendeu-se e alargou

os interesses associados à subcategoria Contexto da obra (para a constituição da qual

participou activamente). Também registou-se algum interesse no tema que constitui a

subcategoria Relação da obra com o título e, com maior intensidade e eloquência, para

O IND10 não participou com nenhuma questão para a constituição da Agenda da Discussão. Nesta Sessão revelou-

se mais entusiasta na participação e estruturação da subcategoria Relação da obra com o título.

Fig. 34 – IND 9 (Masculino) a subcategoria A Discussão e a obra (tendo mesmo sido aplaudido pelas

criançasparticipantes após a sua intervenção).

Mantém um registo de comportamento pacato, atento à circulação das intervenções,

porém, nesta Sessão, com a novidade de participar com argumentos eloquentes de

natureza narrativa intuitiva.

Nota: As suas intervenções, após análise de conteúdo, registaram uma forte incidência de referência a conteúdos trabalhados nas sessões anteriores. Esta observação permite assegurar que por vezes o silêncio é um método de apreciação e de constituição de um saber que poderá exigir tempo e espaço emocional para que possa emergir.

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A sua participação na constituição da subcategoria Relação da obra com o título consistente mas, muito imbuída dos

conteúdos introduzidos pelo IND6, isto é, mantémse no perfil de intervenção dobrada (intervir em sobreposição ao

que está a ser discutido). Reconhecem-se, todavia, os seus esforços para introduzir conteúdos diferentes à

Fig. 35 – IND 10 (Masculino) discussão. Em geral o seu comportamento revelou-se atento e respeitador das regras da

Discussão. A tipologia narrativa de argumentação céptica adoptou um perfil

associativoanalítico.

IND 11 participou na constituição da Agenda da Discussão com uma questão cujo

conteúdo pertinente e fortemente associado à leitura da obra foi associada à constituição

da subcategoria Descrição da obra.

O seu comportamento mantem-se num registo de algum constrangimento e dificuldade

em entrar em sintonia com o resto do grupo.

Nota: Manter em observação possível evolução de comportamentos e participação no

decorrer das próximas Sessões.

O CONV1 participou na moderação em conjunto da Sessão com a INV. Esta partilha

da moderação da Discussão ocorreu naturalmente e assegurou os benefícios registados

nos Relatórios anteriores. Nesta Sessão a intervenção do CONV1 iniciou-se com uma

intervenção que assegurasse o entendimento do conteúdo significativo do título que

nomeava a obra.

As suas intervenções foram mais incisivas em questões relativas à subcategoria Contexto da obra e Relação da obra com o título, porém, na fase final da Sessão, foi

Fig. 37 – CONV1 (Masculino)

o responsável por reintroduzir na Discussão a intervenção da IND7 remetendo-a à mesma

e possibilitando assim a estruturação da subcategoria A Discussão e a obra, de extrema

pertinência para a constituição de teoria focada na questão principal desta investigação.

Registaram-se ainda alguns momentos de necessidade de intervenção comportamental que foram assegurados pelo CONV1.

A INV deu início à Sessão relembrando os procedimentos, idênticos aos das sessões

anteriores e foi responsável pela recolha de dados de registo de vídeo. Durante a

moderação partilhada com o CONV1 a INV desempenhou uma abordagem menos activa

no que diz respeito às suas intervenções na qualidade de facilitadora. A participação da

INV foi incisiva e atenta às intervenções e abordou com firmeza as questões

comportamentais que foram necessárias. Nesta Sessão a intervenção da INV foi mais

incisiva nas questões que constituíram a

Fig. 38 – INV (Feminino) subcategoria Relação da obra com o título.

Fig. 3 6 – IND 11 (Femin ino )

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Nota: É de referir que a intervenção dos moderadores torna-se cada vez mais indispensável perante o comportamento

adoptado pelas próprias crianças-participantes que assumem elas mesmas a ordem da passagem de voz; a advertência

CONCLUSÕES FINAIS

A análise à estrutura desta discussão permite localizar e distinguir distintos momentos na dinâmica da discussão:

1. Momento de interpretação em que as

criançasparticipantes percepcionam os elementos

constituintes da obra e com os quais estruturam uma

Agenda da Discussão

2. Momento de contextualização em que as crianças-

participantes procuram desenvolver questões suscitadas

pela Agenda da Discussão ou derivadas desta, porém,

focadas em discursos associados à interpretação da obra

e na construção de conceitos interpretativos suportados

por discursos de estruturação narrativa que reforcem as

suas argumentações.

3. Momento específico em que as

crianças-participantes desenvolvem e ampliam as suas

argumentações com vista ao desenvolvimento de um

discurso abstracto pertinente para o modo como se

relacionam com a obra.

4. Os momentos de passagem ou flutuantes que

ocorrem através de uma alteração ambivalente das ideias

de fundo da Discussão, desviantes ou não, porém,

sempre associada à criação de um discurso de sentido

com a obra.

Legenda: Subcategorias da Discussão Questões derivadas da Análise da Discussão

Fig.39 - RRT D 11 A

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Agenda da Discussão Descrição da obra 1. Qual o propósito expresso na obra? Contexto da obra 2. Que relação se estabelece entre a obra e o contexto envolvente? Relação da obra com o título 3. Que relação se estabelece entre a obra e o seu título “A Felicidade é Subestimada”? A Discussão e a obra 4. A Discussão estética subestima o seu próprio objecto - a obra de arte?

(Registos comportamentais) Interpretação

A categoria Agenda da Discussão (Fig. 40) formou-se a partir de 7 questões que destacaram o carácter de uma interpretação

que se reflecte directamente na relação do observador com a obra e desta com o seu título.

Assim, a estruturação da teoria revelada em análise subdividiu-se do seguinte modo: a 1ª Questão constituiu a subcategoria

obra que, por sua vez, prolongou-se ainda na observação da Sombra projectada pela obra; a 2ª, 3ª e 4ª Questão focaramse

nas Fitas negras que envolvem as braçadeiras; a 5ª Questão constituiu a subcategoria Significado da obra; a 6ª Questão na

subcategoria Título que se constituiu da necessidade de compreender as possíveis dimensões do Significado do título; e

por último, a 7ª Questão que deu origem à subcategoria Título & obra onde se determina da necessidade de fazer

corresponder a relação entre ambos.

As crianças-participantes entrarem no espaço onde se localizava a obra com o intuito de observarem as obras expostas, mas

com uma maior preocupação dirigida à obra em referência. Após esta 1ª fase registaram-se pedidos imediatos de inscrição

com comportamentos de preocupação com o cumprimento das regras da Filosofia com Crianças.

A Agenda da Discussão desta Sessão (Fig.3) evidência, num primeiro momento, a necessidade de uma interpretação directa

da relação do observador com a obra, através de uma leitura sensível da obra, e desta com o seu título, pelo que se evidenciou

a necessidade de compreender o sentido dos termos que constituem o próprio título, ou seja, qual poderá o seu significado.

Agenda da Discussão

1. Será que a sombra quer dizer uma coisa diferente que as canadianas? IND 9 (Masculino)

2. Porque é que a zona onde se põe as mãos está cheia de fitas à volta? IND 6 (Masculino)

3. O que é que são as fitas? IND 2 (Masculino)

4. Porque estão as canadianas coladas? IND 11 (Feminino)

5. O que é que aquilo quer dizer? IND 8 (Masculino)

6. O que é que o título quer dizer? IND 8 (Masculino)

7. Qual é a relação que existe entre o título e a peça? IND 4 (Masculino)

Fig. 40 – Agenda da Discussão (Questões)

Contextualização

Nesta Sessão registaram-se dois momentos algo circunscritos à contextualização, ou seja, o momento próprio de

disseminação das ideias, conceitos ou questões que ressoaram logo após a constituição da Agenda da Discussão. Na

primeira parte da Discussão as questões apelaram directamente à obra por associação directa à 1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª Questão,

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uma vez que evidenciaram a inquietação latente por deslindar os elementos que materializam e dão significado à peça (as

canadianas).

Assim, é de salientar como a rápida entrada de teoria que associa estas qualidades descritivas da obra ao registo perceptivo

da experimentação da obra e estabeleceu de imediato o fenómeno revelador da experiência estética, ou seja, um primeiro

instante há uma preocupação evidentemente formal (Descrição da obra) e o segundo instante salienta uma apreensão mais

conceptualizada da relevância da obra (Contexto da obra) no sentido da circunstância espacial em que a obra se insere,

associando o duplo sentido: o dentro (integrado pela obra) e o fora (espaço expositivo que rodeia a própria obra).

Consequentemente, conduziu à reflecção quase imediata de como esta reflexão e a teoria por ela produzida influência a

qualidade da experiência com a obra: o próprio local onde a obra se insere e que lhe pode imprimir alguma da sua

expressividade o que, consequentemente compromete o próprio discurso da obra (o que ela representa, expressa, comunica

ou simboliza).

Nesta fase de contextualização, tal como já havia sido observado no R8A, o discurso de estruturação narrativa foi de algum

modo aglutinado, ou seja, as crianças-participantes já não necessitam de experimentar ou testar múltiplas abordagens, o

fenómeno em observação e análise revela que estas controlam as suas intervenções de interpretações focalizadas em

conceitos interpretativos muito direcionados e sustentados por discursos de estruturação narrativa (reais ou hipotéticos) com

os quais reforçam as suas argumentações.

Na verdade, a subcategoria Contexto constrói-se segundo uma percepção estabelecida segundo conceitos que esta

investigação considera originados num pensamento que já se deseja estético, e isto porque, segundo o IND9 (Masculino),

contexto é um conceito que, pode, ou não, interferir com a leitura e o propósito da obra, em pelo menos com quase todas as

obras de arte, mais, têm alguma coisa a ver com o que estas querem transmitir, tem a ver “(…) com o gostar!”. Deste modo,

foram consideradas duas realidades: o local que imprime expressividade à obra na medida em que pode servir os propósitos

do artista na concepção da obra, com o ambiente que este procura conceber e que obedece à sua vontade oculta ao

observador; ou ainda, com o próprio Discurso da obra uma vez que é igualmente firmado o discurso intencional da obra

“(…) até agora, todos os que nós vimos, todos os quadros, querem representar pelo menos alguma coisa.” IND6 (Masculino),

que não tem necessariamente de estar associado a um prazer visual mas a um querer dizer do próprio autor, que reflecte a

necessidade de um problema que ele próprio se coloca Ex: “E eu acho que quando ele tem um problema, ele está a usar as

canadianas para representar esse problema.” IND6 (Masculino), daí, a natureza simbólica do discurso da obra e a

necessidade do observador descobrir o significado, mesmo que simbólico, da questão sobre a qual o autor se debruçou Ex:

“Eu acho que já descobri o significado das canadianas.” IND9 (Masculino).

Durante este período as crianças-participantes revelam comportamentos atentos e focados nos conteúdos em discussão.

Discurso abstracto

A entrada de discursos de cariz abstracto surge, nesta sessão ainda no início da mesma através da 7ª Questão que recupera

e amplia a relevância, algo enigmática, da Relação da obra com o título, ou seja, as canadianas (a forma) com a expressão

que a nomeia: “A felicidade é subestimada”.

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Todavia, o fenómeno registou, num primeiro momento, a necessidade de isolar a obra da função do título, isto é, a simbólica

inerente ao entendimento da obra em si (Simbólica das canadianas) e o significado do próprio título, para posteriormente,

ser de novo, directamente assumido, como associado à obra. As diferentes linguagens, a plástica e a escrita, apesar de

assumidas como diferentes, ambas servem a função de comunicar, de associar ou ligar, linguagens de expressões diferentes

Ex: "O título e as canadianas… Eu acho que desviámos um pouco com os exemplos mas acho que isto comunica, está

ligado." IND1 (Masculino).

Este fenómeno provocou fortes alterações argumentativas, porventura, impulsionadas por estas Sessões que começam a

revelar um forte cunho estético Ex:“ (…) até agora todos os que nós vimos, todos os quadros querem representar pelo menos

alguma coisa. Porque nós olhamos para uma obra de arte, e esta aqui até é um bom exemplo, ele não pode fazer isto e dizer:

- “Olha as canadianas são coisas muito bonitas!”- Ele [o autor] deve querer dizer alguma coisa (…).” IND6 (Masculino). É

neste contexto que se revela, para a criança-participante, uma noção de discurso patente entre ela própria e a obra que

observa e com a qual estabelece uma relação discursiva sensível - esse entendimento que lhe proporciona o revelar de um

gostar Ex: “Por isso, eu acho que quase todas as obras de arte, pelo menos, têm alguma coisa a ver com o contexto e com o

que querem explicar, com o gostar.” IND6 (Masculino). A obra ganha, de igual modo, a sua função simbólica activa na

medida em que esta sua qualidade lhe permite, ou uma mobilidade plástica significativa perante um problema ou dilema

físico, ou apenas símbolo específico desse mesmo problema que torna a sua mobilidade numa maleabilidade comprometida

Ex: “E eu acho que, quando ele tem um problema, ele está a usar as canadianas, para representar esse problema." IND6

(Masculino).

Em suma, a Relação da obra com o título estabelecesse-se mediante o cumprimento do seu princípio-base: observar a

subtileza da relação da obra com o seu título e da natureza dessa interacção na edificação de uma outra linguagem que

posteriormente se formaliza no discurso. Assim, constatasse a necessidade de uma reflexão intricada que obriga a estabelecer

a natureza das partes (obra e Título), ou seja, a Simbólica das canadianas e o Significado do título, para, posteriormente,

vir a restitui-se o todo - Obra & Título. A matéria que forma a teoria manteve-se, assim, num registo intenso que permitisse

aprofundar a significação dos conceitos em discussão, sejam estes de natureza puramente textual ou corpórea (obra).

Neste contexto as narrativas observadas geram-se por associações hipotéticas em discursos por vezes fervorosos que se

espelham em comportamento algo inquietos.

Posteriormente, próximo do final da Sessão, o conteúdo em discussão altera-se e o próprio modo como a Discussão se

realiza é posto em causa, ou pelo menos, sob observação crítica e criteriosa. De facto, surge a partir de um momento de

controvérsia provocado pela IND7 (Feminino) quando questiona a direcção temática subjacente à própria Discussão “Como

é que chegamos à história dos ricos e dos pobres?” para, posteriormente, regressar à mesma questão para avançar com o seu

posicionamento em que põe em causa o cumprimento da mesma uma vez que os afastou do verdadeiro objecto em Discussão

- a obra.

Esta intervenção, que aparentou uma pretensa inocência, foi cuidadosamente lançada na Discussão, interrompendo o seu

natural percurso, com o intuito de introduzir um rasgo no conteúdo ou desenlace da Discussão. Num momento de ignorância,

algumas intervenções procuraram criar simbolicamente um fio de Ariane que ajudasse a compreender o percurso que os

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conduziu até então, porém, a IND7 replicou “Então, estamos a dar mais importância ao título do que à peça propriamente

dita, as canadianas? (…) Não sei, mas isto acontece a quase todas as coisas que fazemos de filosofia.” Apesar de a

Discussão ainda retomar momentaneamente a temática em vigência, o próprio CONV1, muito próximo do final da Sessão,

intervém inquirindo a própria [IND7] sobre a controvérsia que apresentou “Agora queria colocar só mais única pergunta à

[IND7], posso? Queria perguntar à [IND7], para concluir, se acha que esta peça que estivemos a discutir, foi na nossa

discussão subestimada ou não?

Surge, então, a subcategoria A Discussão e a obra que ocorre enquanto momentos de passagem ou flutuantes por se

enquadrar numa alteração ambivalente das ideias em discussão, desviantes ou não, porém, sempre associada à criação de

um discurso de sentido com a obra. Assim, se constituí a subcategoria A Discussão e a obra do enquadramento e da

explicação do fenómeno: se por um lado este constituísse por deslocamento e aproximação à obra devido às várias

concepções que a própria Discussão fomenta, referência sugerida pelo IND9 “(…) E acho que a partir do momento em que

conseguimos relacionar o título com as canadianas e as canadianas com o título, conseguimos chegar a uma grande

conclusão!” (e de referir, para registo comportamental, que esta intervenção foi aplaudida pela maioria das

criançasparticipantes), por outro, para a IND7 este movimento é referido como que um afastamento da própria obra.

Daqui pode-se depreender e manter como essencial a esta investigação a questão: De que se constitui então um discurso

perante uma experiência que se quer de qualidade estética?

De facto, as partes constituíram-se da obra, do meio envolvente, do título que convida o observador a um outro olhar, estes

são os três pilares essenciais que possibilitaram compreender como a Discussão permitiu que aos que a observaram, a obra

se desvelasse. A intervenção do IND6 (Masculino) foi sem dúvida inquestionável para a representatividade deste fenómeno

“(…) as canadianas estão sempre aqui a simbolizar a ajuda (…)” mas no sentido em que estas se referem ao facto de esta

não ser de facto o objecto de reflexão mas o caminho ou a direcção que aponta a um pensamento maior: o de as pessoas

acreditarem na possibilidade de atingirem a felicidade e poder usufruir deste testemunho, ou seja, a referência a reter é essa

direcção que aponta ao pressuposto de Lipman – intervir enquanto acto de cidadania.

A fase final da Discussão completou, de facto, um ciclo teórico (muito associado à dissecação de dados que foram

posteriormente interpretados e associados em discursos de carácter narrativo) e revelou um outro ciclo formal associado a

teorias construídas e estabelecidas em abordagens sucintas, explanativas e intensas na abordagem de ideias e/ou conceitos,

que cremos totalmente constituídos pelo pensamento originado na continuidade do que entendemos ser a experiência

estética.

No que diz respeito a questões comportamentais, registaram-se alguns momentos de alheamento e outros de alguma

convulsão ou entusiasmo, porém, sempre em relativo respeito pelas regras de comportamento. As intervenções constituem

conteúdos pertinentes para a construção de teoria. Manter em observação se alguns registos de alheamento ou distrações

temporárias não serão já vestígios de um certo “à vontade” ou domínio dos procedimento, mesmo dos discursivos. É ainda

de referir que ocorreram menos registos de aproximação à obra.

REGISTO DE CONTROLO

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O necessário ajustamento do modelo de Lipman, a sua transferência para outro discurso associado à leitura e interpretação

de obras de arte, obriga a que haja, desde o início do trabalho de campo, a preocupação de assegurar a qualidade e rigor dos

procedimentos.

O Relatório da 11ª Sessão A debruçou-se sobre o possível discurso e discussão em torno de uma única obra do escultor Rui

Chafes, A Felicidade é Subestimada, em exposição colectiva intitulada XXI, no CCMB em 12 de Janeiro de 2011.

A Sessão foi realizada num contexto público (CCMB), procedendo ao percurso necessário e integrador da principal questão

desta investigação.

Assim, a Sessão realizou-se segundo os pressupostos principais definidos por Matthew Lipman para Filosofia com crianças

e promoveu a experiência fundamental para um melhor entendimento de um discurso, que se prevê manifestamente estético.

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ANÁLISE DA OBRA E ENQUADRAMENTO NO ESPAÇO

Sessão: 11ª Sessão [A]: Rui Chafes, A Felicidade é Subestimada

Exposição: XXI

Data: 12 de Janeiro de 2011

Local: CCMB (Lisboa)

Horas: 14:30h às 16:00h (Visita a toda a exposição seguida da Sessão de Filosofia)

Critérios metodológicos

Relevância Para critérios metodológicos manteve-se a abordagem dedutiva dos fenómenos observados tendo estes sido fortemente conduzidos pela teoria e pela questão de investigação.

Enquadramento temático

As crianças-participantes não revelaram qualquer dificuldade em desenvolver a interpretação e contextualização da obra seleccionada.

Referências anteriores Com visita prévia à exposição seguida da Sessão de Filosofia.

Leitura da obra Características formais Obedeceu ao protocolo associado ao da Filosofia com Crianças

(à excepção da integração da obra de arte)

Interpretação da obra Verificou-se adaptação imediata dos seus discursos e

comportamentos em relação à obra em discussão.

A intervenção dos facilitadores foi consistente e em parceria durante toda a sessão.

Espaço museológico

Localização CCMB (Lisboa), ao qual acedemos através da utilização de transportes públicos.

Leitura/percepção Foi considerado: que as crianças-participantes percorressem livremente a exposição. A preparação da sessão incluiu visita prévia efectuada pela INV para observação e análise prévia da obra seleccionada.

Integração na

exposição

A obra estava inserida numa única sala tendo essa mesma sala sido experimentada e percepcionada como um todo antes do início da sessão e da referência à obra a ser considerada.

Obs:

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Avaliação da sessão

Sessão: 11ª Sessão [A]: Rui Chafes, A Felicidade é Subestimada

Exposição: XXI

Data: 12 de Janeiro de 2011

Local: CCMB (Lisboa)

Horas: 14:30h às 16:00h (Visita a toda a exposição seguida da Sessão de Filosofia)

Participantes: IND 1; IND 2; IND 4; IND 5; IND 6; IND 7; IND 8; IND 9; IND 10; IND 11; CONV 1; INV.

ENTRADA NO CAMPO

Declarações Individuais Participação de todos sem necessidade de instigação dos facilitadores; participação escassa ou diminuta de 2 elementos (IND2 e IND11); participações individuais foram maioritariamente respeitadoras e integradas nos objectivos esperados. Registos de alguns comportamentos por alheamento.

Grupo Intervenções iniciam-se rapidamente com forte associação à percepção e contextualização dos elementos constituintes da obra; forte abertura para discursos com estruturação narrativa de cariz real hipotético que se mantiveram latentes durante quase toda a Discussão.

Professor Intervenção no início com o objectivo de enquadrar o significado do título da obra e apenas para instigação de argumentações assertivas e algumas com referência a questões comportamentais.

Investigadora As suas intervenções integraram-se em parceria com as intervenções do CONV1. Participação menos activa mas atenta e cuidadosa na manutenção da parceria.

Outros - Comportamentos Individuais Inscrição na discussão através do “dedo no ar”; comportamentos de

atenção, entusiasmo. Alguns registos de alheamento aparente e/ou efectivo.

Grupo Comportamentos de atenção e de alheamento; cumprimento das regras da discussão.

Professor Partilhou a moderação com a investigadora. Investigadora Comportamentos associados à organização do equipamento; registo da

sessão; participação na moderação. Outros -

Obs.

DISCUSSÃO

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obras de arte Tempo de leitura 2 minutos (aproximadamente) Comport. Físico No 1º momento as crianças-participantes efectivaram uma

experimentação directa da obra. Comport. Relacional

Comportamentos de empatia e complementaridade discursiva; alguns registos de conversas cruzadas.

Relevância Obra Obra seleccionada revelou-se estimulante à percepção visual e vivencial (redução de registos de aproximação à obra durante a sessão).

Temáticas Constituição de um leque de interesses focados e articulados à percepção e descrição da obra; teorias focadas em questões específicas: obra, Título, Relação da obra com o Título, Discussão da obra.

Discussão Registo de 3 momentos: “leitura” das obras; constituição da Agenda de discussão; Discussão.

Investigação As intervenções possibilitaram patentear diferentes fases da discussão; tipologias do carácter argumentativo; alteração de estrutura teórica da Discussão e teorização directa do próprio acto associado à Discussão.

A. Discussão Grau de participação

Participação contextualizada

Relevância Temática Participação alargada com a formulação de 7 questões que apresentaram as possíveis relações de natureza perceptiva; narrativas de contextualização; conclusões conceptuais que objetivaram alteração teórica de fundo.

Discussão As 7 questões da Agenda da Discussão formaram o carácter inicial da Discussão que facilmente se deslocou para uma argumentação conceptual. Intervenções ricas em elementos de sustentabilização das várias análises de conteúdo. Participação de todos os elementos, com reduzida necessidade de moderação.

Discussão Dinâmica Grupo Comportamentos em cumprimento das regras da discussão; intervenções integradas no assunto em discussão. Alguns elementos com registo de alheamento aparente e efectivo.

Indivíduos Todas as crianças-participantes participaram na Sessão.

Professor Moderação empática e em parceria com a INV. Investigadora Intervenções mais circunscritas mas em parceria integrada

com o CONV1 Acções Interrupções

acidentais Não se verificaram

Interrupções provocadas

Não se verificaram

Comportamentos físicos

Aproximação à obra.

Argumentações Narrativas Estruturadas segundo distinções preceptivas; validaram áreas temáticas.

Argumentativas Verificaram-se Normativas Não se verificaram Estruturalistas Não se verificaram

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Jocosas Não se verificaram

OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE

Comportamentos Flexibilidade Verificou-se Objectividade Preocupação com a partilha da moderação. Verificou-se

Empatia Verificou-se

Indução/Persuasão Não se verificou

Integração no grupo Boa integração no grupo.

Avaliação do grupo Empático, boa disposição, participações constantes e interessadas.

Moderação Direcção formal

(limitada à Agenda)

Não se verificou

Condução temática

(introduz outras questões)

Não se verificou

Orientação da dinâmica Redução efectiva da necessidade de gestão das inscrições na discussão; as crianças-participantes prescindem com facilidade a moderação.

Preparação da sessão

Adequação da obra A obra foi seleccionada tendo em conta pedido directo dO IND6 para que se discutisse uma escultura e pela relação da obra com o próprio título.

Adequação ao grupo Verificou-se uma aceitação motivada na integração dos pressupostos da sessão e da obra seleccionada. Manter em observação se alguns registos de alheamento ou distrações temporárias não serão já vestígios de um certo “à vontade” ou domínio dos procedimento, mesmo dos discursivos.

Adequação à discussão Adequada e incitadora da discussão

Benefícios Abordagem espontânea ao espaço e à obra em referência para a discussão e de integração conceptual da teoria construída em observada (neste momento) em 2 sessões.

Dificuldades encontradas Nenhuma.

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Obs.

Observar alteração de comportamentos das crianças-participantes IND2, IND9 e IND11, uma vez que alteraram as suas

abordagens à em momentos específicos da Discussão.

AVALIAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DE TEORIAS ENRAIZADAS4

1 Os critérios foram concebidos? Critérios observados em análise conduziram à alteração da

organização interna da Discussão (ver Conclusão)

2 Os conceitos estão sistematicamente relacionados? Os conceitos foram sistematicamente relacionados ao longo de todo este Relatório.

3 Há muitas ligações conceptuais e as categorias estão

bem elaboradas?

As categorias têm densidade conceptual?

As ligações conceptuais foram devidamente sustentadas bem como a elaboração das categorias que apresentam densidade conceptual e estrutura sensível, alargada ou complexa.

4 Há muita variedade introduzida na teoria? Considerou-se uma delineação mais concentrada da teoria (redução de categorias). Inclusão de categorização por valorização e por estruturação. Associação da percepção à conceptualização generalizada de cariz abstracto onde foram fundamentados os pressupostos da Discussão pelas próprias crianças-participantes.

5 As condições mais amplas que afectam o fenómeno estudado são contempladas na explicação?

Confirma-se, o fenómeno é amplamente confirmado e contextualizado na sua explicação.

6 O “processo” foi tido em linha de conta? Sim, o processo bem como a natureza específica desta sessão conduziram a alterações efectuadas no seu conteúdo teórico.

4 Critérios elaborados por Corbin e Strauss (Flick, 2005, pág. 237)

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7 Os resultados teóricos parecem significativos?

Em que medida?

O que reflectem?

“o ponto de vista do sujeito”;

Descrição dos ambientes;

Interesse na produção da ordem social; Reconstituição das “estruturas de profundidade, geradoras da acção e do significado”?

Sim, na medida em que se verificou alterações na organização

interna da Discussão; verificaram-se alterações na percepção,

experimentação e interpretação da obra em relação a uma

conceptualização mais alargada e notoriamente focada na

experiência estética e no próprio processo inerente à Discussão

da obra.

Mais congruência na concepção das argumentações;

Adaptabilidade e controlo do ambiente;

Dinâmicas comportamentais e dialécticas consolidadas;

Dinâmicas comportamentais e dialécticas consolidadas na percepção e alargamento dos conceitos elaborados a uma dialéctica abstracta, integrada e integradora, na organização interna da Discussão e nos fundamentos da própria Discussão.

AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE PESQUISA5

1 Como foi constituído o grupo original? Com

que base (selecção de grupo)? O grupo enquadra-se no conceito de grupo focalizado (amostra teórica). Para esta sessão, foi constituído um grupo de 9 crianças-participantes (2 Femininos e 7 Masculinos) e 2 adultos (1 Feminina e 1 Masculino)

2 Que categorias principais emergiram? Agenda da discussão, Discussão (categorias de cariz descritivo, associativo e conceptual)

3 Quais foram os acontecimentos, incidentes, acções etc., que serviram de indicadores para aquelas categorias?

Dinâmicas comportamentais de grupo, dialécticas consolidadas na percepção e alargamento dos conceitos elaborados a uma dialéctica abstracta

4 Que categorias serviram de base ao prosseguimento da amostragem teórica, ou seja, como é que as formulações teóricas guiaram parte da colecta de dados? Depois de efectuada a amostragem teórica, que representatividade provaram ter estas categorias?

Prática inscrita na Filosofia com Crianças desde os 3 anos de idade; adaptabilidade ao protocolo proposto, perfeita integração no panorama pedagógico-científico da Cooperativa de Ensino a Torre. Revelaram a consolidação dos pressupostos em análise em sessões anteriores e a constatação da sua evolução para o domínio teórico da Estética.

5 Quais foram as hipóteses centrais acerca das relações entre as categorias? Em que bases foram formuladas e testadas?

Hipóteses centralizaram-se na continuidade conceptual apresentada nas intervenções, na dinâmica revelada pela própria discussão e na relação comportamental. Formuladas e estudadas a partir dos pressupostos metodológicos da grounded theory.

5 Critérios elaborados por Corbin e Strauss (Flick, 2005, pág. 236)

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6 Houve casos em que as hipóteses não se mantiveram, face ao realmente observado? Como foram explicadas as discrepâncias? Como foram efectuadas as hipóteses?

As hipóteses suscitadas pelas sessões anteriores foram alteradas e verifica-se o efectivo alargaramento do seu espectro conceptual no sentido da sua evolução enquanto fenómeno. Não se verificaram Observação incisiva no fenómeno da relação percepção/experimentação da obra consolidada pela interpretação sustentada e alargada na construção de discursos.

7 Como e porquê foi escolhida a categoria nuclear? A selecção foi repentina ou gradual, fácil ou difícil?

Em que bases foram tratadas as decisões da análise final? Como apareceram nessas decisões os critérios “vasto poder explicativo” e “relevância” em relação ao fenómeno estudado?

Pela escolha do objecto em referência e pela natureza da Discussão que a revelou (Hipótese). A análise foi gradual e facilitada e em consideração pela adaptabilidade do grupo. A análise final obriga à confrontação teórica dos vários relatórios formulados. O seu poder explicativo reflecte-se apenas no fenómeno em análise e registado neste relatório, pelo que o critério de “vasto” apenas se verificará em confronto teórico revelado por todos os relatórios. A relevância do fenómeno revela-se na consolidação da relação percepção/experimentação/teorização da obra consolidada pela interpretação e alargada à dialéctica e pela organização interna revelada pela própria Discussão.