RELATÓRIO TÉCNICO FINAL I FAUNATRANS II PORTUGAL · com lesões de tecidos identificados nos...

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MONITORIZAÇÃO E MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTES DAS LINHAS ELÉCTRICAS AÉREAS DE ALTA E MÉDIA TENSÃO NA AVIFAUNA RELATÓRIO TÉCNICO FINAL INTERREG FAUNATRANS II - PORTUGAL SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves QUERCUS A.N.C.N. - Associação Nacional de Conservação da Natureza FEVEREIRO 2008 Uma parceria de: ICNB

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MONITORIZAÇÃO E MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTES DAS LINHAS ELÉCTRICAS AÉREAS

DE ALTA E MÉDIA TENSÃO NA AVIFAUNA

RELATÓRIO TÉCNICO FINAL – INTERREG FAUNATRANS II - PORTUGAL

SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves

QUERCUS A.N.C.N. - Associação Nacional de Conservação da Natureza

FEVEREIRO 2008

Uma parceria de:

ICNB

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Ficha Técnica:

Créditos fotográficos: João Neves ,Samuel Infante e Ricardo Lima

Redacção: João Neves e Samuel Infante

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Índice

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................5 2. DESENVOLVIMENTO DO PROJECTO ....................................................................................6 3. METODOLOGIA GERAL ........................................................................................................8 4. . MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO APLICADAS ...........................................................................12 5. RESULTADOS ....................................................................................................................16 6. PRINCIPAIS ESPÉCIES AFECTADAS ...................................................................................19 7 – CONDICIONANTES AO ESTUDO........................................................................................22 8- BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................22 9 - Anexos..............................................................................................................................23

Índice de figuras

Figura 1 – Distribuição das zonas pelas Ongas…………………………………………………………………………………………7

Figura 2 - Troços monitorizados na ZPE de Castro Verde ……………………………………………………………………….…12

Figura 3- Comparação da Mortalidade entre períodos ……………………………….…………………………………………….14

Índice de tabelas

Tabela 1 – Resumo dos objectivos do protocolo para Quercus e SPEA…………………………………………………………….6

Tabela 2 – Distribuição do trabalho de campo em Quilómetros ………………………………………………………………..……8

Tabela 3 - Mortalidade em visitas sistemáticas com periodicidade trimestral em 2003-2005.......………………………………13

Tabela 4 - Mortalidade em visitas sistemáticas com periodicidade trimestral no presente estudo………………………………13

Tabela 5 – Espécies de aves detectadas no decorrer do presente estudo, ……………………………………………………….16

Índice de tabelas anexas

Tabela anexa 1 – Lista de troços corrigidos objecto de monitorização e seus controlos

Fotografias Lista de abreviaturas Instituições EDPD - EDP Distribuição ICNB – Instituo da Conservação da Natureza e da Biodiversidade PNTI – Parque Natural do Tejo Internacional PNVG – Parque Natural do Vale do Guadiana CERAS – Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens de Castelo Branco IPA – Instituto Português de Arqueologia

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Termos técnicos BFD - Bird Fligth Diverter TAL – Triângulo em Alinhamento GAL – Galhardete em Alinhamento TAN – Triangulo em Amarração (ângulo) GAN – Galhardete em Amarração (ângulo) PT – Posto de Transformação PAL – Pórtico em Alinhamento PAN - Pórtico em Amarração (ângulo) Outros IBA – “Important Bird Area” ZPE – Zona de Protecção Especial para Aves CTALEA – Comissão Técnica de Linhas Eléctricas e Aves AP´s – Áreas Protegidas LVVP – Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal

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1. INTRODUÇÃO

O segundo protocolo de colaboração entre a EDPD, o Instituto da Conservação da Natureza e

da Biodiversidade (ICNB), a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e a Quercus

A.N.C.N. (Quercus) foi assinado em Maio de 2006 e estará em vigor até Maio de 2009. Com este

protocolo prossegue-se a iniciativa de tornar as redes eléctricas aéreas de alta e média tensão mais

compatíveis com a conservação das populações de aves em Portugal. A concretização dos objectivos

protocolados envolve a caracterização do impacte causado por linhas de distribuição, a correcção de

troços mais perigosos e a monitorização da eficácia das medidas de minimização aplicadas. As acções

que têm lugar nas regiões da Beira Interior e do Alto e Baixo Alentejo estão enquadradas no âmbito do

programa Interreg (Faunatrans II – Portugal).

A SPEA e a Quercus são responsáveis por uma porção significativa do trabalho de campo e

pela implementação da classificação de perigosidade na rede de distribuição de energia em áreas

classificadas. De acordo com o plano de trabalho das associações prevê-se a monitorização de 92km

de linhas de média e alta tensão na área de território enquadrado no projecto Interreg (Faunatrans II –

Portugal).

Os trabalhos de campo foram realizados desde Julho de 2006 até Agosto de 2007, sendo a

sua periodicidade trimestral. Para além da Introdução o relatório está organizado em diferentes

capítulos: 2 Desenvolvimento do Projecto – onde se faz uma apresentação dos objectivos do projecto e

da organização e coordenação dos trabalhos de campo na SPEA e na Quercus; 3 Metodologia geral –

onde se descreve a metodologia utilizada; 4 Medidas de Minimização Aplicadas; 5 Resultados; 6

Principais espécies afectadas.

Este relatório foi elaborado pela equipa de coordenadores do “Projecto Linhas Eléctricas e

Aves II”.

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2. DESENVOLVIMENTO DO PROJECTO

Objectivos

As acções a desenvolver na Área do Programa Interreg estão enquadradas pelo artigo 1c) do

segundo protocolo de colaboração entre a EDPD, o ICNB, a SPEA e a Quercus. Este artigo e a

principal acção definida para as duas associações é apresentado na Tabela 1.

Tabela 1 – Resumo dos objectivos do protocolo que estão dependentes da participação das

associações Quercus e SPEA

Objectivos SPEA e Quercus Tipo de acções esperadas

Artigo 1 Este Protocolo tem como objectivo dar continuidade ao processo de compatibilização das redes eléctricas aéreas de alta e média tensão com a conservação das aves em Portugal, através da minimização dos impactes daquelas infra-estruturas e dos seus traçados sobre a avifauna, designadamente desenvolvendo as seguintes acções:

c) Monitorização

Trabalho de campo

No ponto 1c) estabelecem-se as bases para uma avaliação do nível de mortalidade de aves em

linhas eléctricas de alta e média tensão que tenham sido corrigidas com medidas excepcionais. Neste

estudo foi quantificada a eficácia de todas as alterações nas linhas, controlando os efeitos de variáveis

temporais e espaciais. Deste modo estão a ser prospectados troços de linhas eléctricas de controlo

para cada linha corrigida. Para as linhas corrigidas propôs-se a prospecção de 46km, mais os

respectivos controlos.

A localização dos troços a monitorizar está dependente da distribuição das correcções

efectuadas às linhas eléctricas no âmbito do primeiro protocolo de colaboração e do actual protocolo. A

área com financiamento directo do Programa Interreg (Faunatrans II – Portugal) corresponde à Beira

Interior e ao Alto e Baixo Alentejo.

Organização e coordenação dos trabalhos de campo

A SPEA e a Quercus distribuíram entre si a organização e coordenação das acções que lhes

são atribuídas em conjunto no actual protocolo de colaboração.

7

Figura 1 – Distribuição das zonas pela Quercus (Verde) e SPEA (Azul). As áreas com cor Verde e Azul

mais forte estão incluídas no Estudo do Programa Interreg (Faunatrans II – Portugal).

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Estabeleceram-se limites territoriais de acção de recolha de dados para as duas associações

Fig.1, para evitar a duplicação de uso de recursos em deslocações repetidas às mesmas áreas de

amostragem. Após o tratamento dos dados próprios as duas associações integraram a informação para

a apresentação de documentos unificados correspondentes ao relatório ao relatório final da área

Interreg.

Todo o trabalho de campo foi realizado em 2006 e 2007 (Tabela 2). As linhas a monitorizar na

área Interreg tiveram prioridade sobre outras áreas de prospecção no país, uma vez que o projecto

Faunatrans II terminou em Dezembro de 2007.

Tabela 2 – Distribuição do trabalho de campo em quilómetros, incluindo os troços de controlo (Linhas

de Média Tensão a estudar dentro e fora da Área Interreg)

Objectivos Âmbito Ano I Ano II

2006 2007

1º Protocolo 92 92 1c) Corrigidas

2º Protocolo 0 0

Total 92 92

A SPEA coordenou o trabalho de campo na região Norte e Sul do país e contou com dois

colaboradores para auxiliar o seu coordenador do projecto. A Quercus coordenou o trabalho de campo

no Centro Este e Oeste do país e contou igualmente com dois colaboradores para auxiliar o seu

coordenador de projecto. Para além disso a Quercus assegurou a realização de necrópsias a

cadáveres de espécies prioritárias ou espécies comuns com causa de morte desconhecida, nas

instalações do CERAS - Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens de Castelo Branco.

As duas associações promoveram regularmente acções de divulgação do projecto para conseguir a

participação de voluntários na recolha de dados.

3. METODOLOGIA GERAL

Prospecção

A avaliação da mortalidade de aves ao longo das linhas de alta e média tensão seleccionadas,

baseia-se na prospecção a pé de aves mortas. Cada transecto ou troço seleccionado é percorrido por

dois observadores, deslocando-se um de cada lado da linha, a 5-10m da projecção no solo do cabo

condutor exterior. Cada apoio individual é prospectado numa área com um raio de 10m. A taxa de

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mortalidade é definida como número de aves mortas por quilómetro de linha, ou número de apoios por

ano. As unidades de amostragem são troços de 2 ou 1 km onde a tipologia dos apoios e o habitat ou

tipo de uso de solo do corredor das linhas é relativamente uniforme.

Os observadores estimaram a percentagem de troço onde não foi possível conduzir uma

prospecção eficaz (ex. vegetação muito densa, plano de água, cercado com animais domésticos). Se

esse valor ultrapassar 20% o troço é eliminado.

Todos os restos de aves encontrados foram identificados, registados e recolhidos. A data da

morte das aves determina-se de acordo com 4 Categorias (24h; 2-3 dias; mais de 1 semana; mais de 1

mês). A causa de morte, definida como Electrocussão ou Colisão, é atribuída a cada ave de acordo

com lesões de tecidos identificados nos cadáveres ou indícios indirectos (ex. posição do cadáver em

relação aos elementos da Linha). As várias informações de um troço foram reunidas numa ficha de

campo de preenchimento obrigatório.

A taxa de mortalidade é estimada em quatro visitas a cada troço, em períodos de amostragem

que correspondem a épocas do ciclo de vida das aves em que a actividade comportamental apresenta

características distintas: Invernada (Dezembro e Janeiro); Reprodução (Março e Abril); Dispersão pós-

reprodutora (Maio a Julho); Migração (Setembro e Outubro).

Passagem de aves pelas linhas

A estimativa no número de voos de aves através das linhas estudadas foi realizada com

contagens de passagens ao longo de vãos de diferentes troços. Estas contagens foram efectuadas em

todas as épocas de amostragem e seguiram a metodologia usada em 2003-2005 (Infante et al. 2005),

nomeadamente os períodos de contagem de 1hora e a discriminação da altura de passagem de

indivíduos e bandos. Os resultados estão expressos em números de aves por km de linha e por época

de estudo.

Tratamento dos dados

A Taxa de Mortalidade Observada (TMO) é corrigida para obter uma Taxa de Mortalidade Real

(TMR). Existem 4 factores que introduzem enviezamento no estudo de linhas eléctricas baseado na

recolha de aves mortas. Um primeiro factor refere-se à percentagem do Troço Prospectada

Eficazmente (TPE). Outro factor enquadra a possibilidade das aves que sofrem acidentes com linhas

não morrerem de imediato, pelo que apenas uma percentagem Morre na Área Prospectada (MAP). Um

novo factor quantifica a percentagem de aves que se encontra morta debaixo dos cabos ou apoios,

mas Não é Encontrada pelos Observadores (NEO). Finalmente o último factor trata da porção

significativa das aves mortas que podem ser Removidas Por Necrófagos (RPN).

O valor da taxa de mortalidade real (TMR) pode ser dada pela fórmula:

10

TMR = TMO x 1/ TPE x MAP x (1-NEO) x (1-RPN)

Todos os factores de correcção foram determinados no âmbito dos trabalhos de campo do

primeiro protocolo. Uma vez que se efectuam comparações na taxa de mortalidade antes (2003-2005)

e depois (2006-2007) da aplicação de correcções, foi decidido adoptar os mesmos valores para este

estudo.

Correcções

As medidas de minimização aplicadas às linhas consideradas como mais perigosas para

avifauna, foram de dois tipos principais de acordo com as tipologias das linhas. Certos trabalhos foram

realizados com recurso a tecnologia TET/MT ou a utilização de geradores de emergência para

minimizar o período de interrupção de energia.

Para troços perigosos em linhas de Galhardete as medidas foram:

Colocação de sinalização (salva pássaros) nos três condutores com distância de 15 metros por fase (5

metros em perfil), obrigando a desmontagem e posterior regulação dos condutores;

Colocação de protectores isolantes em pinças de amarração e de suspensão;

Colocação de protectores em condutores (extensores de protecção de pinça);

Substituição de todos os arcos e fiadores por arcos e fiadores em cabo coberto;

Substituições de algumas armações para amarração;

Substituição de seccionadores de montagem horizontal por montagem vertical;

Colocação de dispositivos anti nidificação/pouso em todos os apoios de amarração;

Colocação de apoios de nidificação;

Para troços perigosos em linhas de Triângulo as medidas foram:

Isolamento dos condutores sobre os isoladores rígidos de eixo vertical;

Colocação de protectores isolantes em pinças de amarração e de suspensão;

Substituição de todos os arcos e fiadores por arcos e fiadores em cabo coberto;

Isolamento do condutor em cerca de 1.4m, a partir do seu ponto de fixação;

Isolamento do condutor em cerca de 0.7m, junto às pinças de amarração;

Isolamento dos arcos;

Substituição dos seccionadores horizontais por verticais;

Desmontagem dos seccionadores que se consideraram dispensáveis;

Colocação de dispositivos anti-poiso;

Monitorização das correcções

11

Programou-se a monitorização da eficácia das medidas aplicadas em 46km de linhas de média

tensão corrigidas em 2005 mais respectivos controlos. A totalidade destas linhas foi prospectada em

2003/2004, pelo que existe informação da situação de mortalidade antes das correcções.

Para cada troço de linhas já corrigidas tentou estabelecer-se um troço de controlo, com a

mesma tipologia, situado na mesma região e que atravesse o mesmo tipo de habitat. Assim é possível

avaliar independentemente a eficácia das correcções efectuadas em troços de Galhardete e em troços

de Triângulo. Todos os troços de controlo devem também já ter sido prospectados em 2003/2004, para

serem seleccionados para o estudo. Deste modo pode seguir-se um Modelo BACI (Before and After

Control Impact Study), que permita avaliar se o efeito das correcções se destaca da variabilidade

espacial e temporal natural da mortalidade. O uso destas réplicas emparelhadas garante a aplicação

de soluções avançadas como o BACIP, para testar com ANOVA bi-factorial. Assim aumenta-se a

confiança no resultado do teste de hipóteses sobre a interacção de factores, sobretudo em relação à

variação temporal natural.

Este modelo experimental implica que sejam estudados 92km de linhas de média tensão, que

serão todas visitadas em 4 épocas do ano (Março-Maio, Junho-Agosto, Setembro-Novembro e

Dezembro-Fevereiro).

Foram realizadas contagens de passagens de aves através das linhas em 10 troços diferentes

de 3 tipos gerais de habitats (Estepe, Mosaico Agro-Florestal e Floresta). Estas contagens serão

efectuadas em todas as épocas de amostragem e devem seguir a metodologia usada em 2003-2005

(Infante et al. 2005).

A Taxa de Mortalidade e a Frequência de Colisão serão estimadas a partir do número de

cadáveres encontrados, com o uso dos factores de correcção usados no estudo de 2003/2005.

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4. MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO APLICADAS

Para monitorização das correcções realizadas entre 2003 e 2005 foram seleccionados troços de duas

tipologias, Triangulo e Galhardete, tendo sido seleccionados troços em três áreas, Tejo Internacional,

Castro Verde e Vale do Guadiana. (tabela 3.)

As linhas monitorizadas foram objecto de aplicação de medidas anti colisão e anti electrocussão.

As medidas anti colisão consistiram na aplicação de BFD com 8 cm de diâmetro e com um

espaçamento de três metros, alternadamente nos cabos condutores, para zonas mais sensíveis e 5

metros para ares onde a problemática da colisão no era tão evidente. As medidas de mitigação dos

riscos de electrocussão, seguem duas estratégias diferentes, por um lado condicionar o uso do apoio

de rede pelas aves, impedindo que pousem em zonas perigosas, e por outro actuar na forma da

travessa e isoladores, para diminuir o risco de electrocussão, incluindo se necessário o isolamento das

partes em tensão. Como medidas de anti electrocussão isolaram-se os condutores de rede em cerca

de 1.4m, a partir do seu ponto de fixação e isolar o condutor em cerca de 0.7m, junto às pinças de

amarração.

No PNTI as medidas de minimização aplicadas foram:

• Colocação de sinalização (salva pássaros) nos três condutores com inter

• Distância de 15 metros por fase (5 metros em perfil),

• ·Colocação de protectores isolantes em pinças de amarração e de suspensão,

• Colocação de protectores em condutores (extensores de protecção de pinça),

• Substituição de todos os arcos e fiadores por arcos e fiadores em cabo

coberto,

• ·Substituição de seccionadores de montagem horizontal por montagem

vertical,

• Colocação de dispositivos anti nidificação/pouso em todos os apoios de

amarração,

Em Mértola para redução da electrocussão, foram adoptadas as seguintes medidas:

• Isolamento dos condutores sobre os isoladores rígidos de eixo vertical;

• Colocação de protectores isolantes em pinças de amarração e de suspensão,

• ·Colocação de arcos cobertos em amarrações, derivações e aparelho de

manobra,

13

Para redução da colisão foi instalada sinalização intensiva de linhas por dispositivos salva-passáros do

tipo espiral, aplicados nos três condutores de 3 em 3m alternadamente.

Em Castro Verde para redução da electrocussão, foram adoptadas as seguintes medidas:

• Isolamento dos condutores sobre os isoladores rígidos de eixo vertical;

• Colocação de protectores isolantes em pinças de amarração e de suspensão,

• Colocação de arcos cobertos em amarrações e derivações

• Colocação de arcos cobertos nas amarrações e derivações

• Substituição de seccionadores horizontais e postes de betão pelos

equivalentes verticais,

Para redução da colisão foi instalada sinalização intensiva das linhas por dispositivos

salva-pássaros do tipo espiral, aplicados nos três cabos de 3 em 3m, alternadamente.

Tabela 3 – Troços com medidas de minimização monitorizados

Área Tipologia Âmbito Denominação Tejo Internacional TAL Corrigidas Mt. Corgas Tejo Internacional TAL Corrigidas Mt. Escrivão Tejo Internacional TAL Corrigidas Mt. Negrete Tejo Internacional TAL Corrigidas Cegonhas-Alagoa Tejo Internacional GAL Corrigidas Cabeço Mouro Tejo Internacional GAL Corrigidas Vale da Morena Guadiana TAL Corrigidas Azinhal-Mértola Castro Verde TAL Corrigidas Castro Verde Castro Verde GAL Corrigidas Namorados Castro Verde GAL Corrigidas Corte Pequena 1

14

ALGUNS EXEMPLOS

5 Metros

Espiral BFD 8cm

Manga anti electrocussão

140 cm

300 cm

Extensor de manga anti electrocussão

ANTES DA APLICAÇÃO MEDIDAS MINIMIZAÇÃO

15

Manga anti electrocussão na pinça

Cabo coberto no arco

Manga anti electrocussão

Manga anti electrocussão na pinça

Cabo coberto no arco

Anti -poiso

Seccionador em posição vertical

16

5. RESULTADOS

A recolha de dados no campo iniciou-se em Julho de 2006. Foram prospectados 48km de

linhas com correcções mais 24km de controlo. As amostragens foram realizadas em 3 Áreas

Classificadas e resultaram na detecção e recolha de 96 cadáveres de aves de 41 espécies.

Para monitorização das correcções realizadas em 2005 foram seleccionados troços de duas

tipologias, Triângulo e Galhardete (Tabela 4 e 5). No PNTI foram seleccionados 22 km em Triângulo e

4km em Galhardete. Na ZPE de Castro Verde foram seleccionados 8km de linhas em Triângulo e 6km

em Galhardete. No PNVG foram seleccionados 8km em Triângulo.

Figura 2 –Troços monitorizados de linhas corrigidas (traço contínuo) e seus controlos (troço pontilhado)

na ZPE de Castro Verde. A figura diferencia linhas da tipologia Triângulo (cor azul) e da tipologia

Galhardete (cor amarela).

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Na Figura 2 ilustra-se o exemplo do desenho experimental na ZPE de Castro Verde. As linhas

corrigidas estão assinaladas com linhas contínuas e os seus controlos estão assinalados com linhas a

tracejado. As cores diferentes indicam tipologias de Triângulo ou de Galhardete. As mortalidades estão

indicadas nas Tabelas 4 e 5.

Figura 3–Troços monitorizados de linhas corrigidas no Tejo Internacional

Tabela 4 - Mortalidade em visitas sistemáticas com periodicidade trimestral no estudo realizado em

2003-2005. Dados de colisão e de electrocussão nas épocas de Verão, Migração e Inverno.

Correcções Área Extensão (km) Mortalidade Electrocussão Colisão

PNTI 22 18 17

ZPE Castro Verde 8 30 6

Linhas de Triângulo

PNVG 8 14 5

PNTI 2 1 5

ZPE Castro Verde 8 9 0

Controlo de Triângulo

PNVG 8 2 1

PNTI 4 11 18 Linhas de Galhardete

ZPE Castro Verde 6 5 6

PNTI - -. - Controlo de Galhardete

ZPE Castro Verde 6 1 4

18

Mortalidade

0

20

40

60

80

100

2003-2005 2006-2007

nºav

es colisãoelectrocussão

Tabela 5 - Mortalidade em visitas sistemáticas com periodicidade trimestral em 2006/2007, no âmbito

do presente estudo. Dados de colisão e de electrocussão nas épocas de Verão, Migração e Inverno.

Correcções Área Extensão (km) Mortalidade Electrocussão Colisão

PNTI 22 0 6

ZPE Castro Verde 8 9 6

Linhas de Triângulo

PNVG 8 3 4

PNTI 2 4 5

ZPE Castro Verde 8 15 3

Controlo de Triângulo

PNVG 8 6 2

PNTI 4 4 12 Linhas de Galhardete

ZPE Castro Verde 6 3 7

PNTI - - Controlo de Galhardete

ZPE Castro Verde 6 4 3

Comparando a mortalidade obtida no primeiro protocolo (2003-2005) com 153 aves (91 por

electrocussão e 62 por colisão) e no segundo com 97 aves (49 por electrocussão e 48 por colisão),

verificamos que ocorreram reduções na mortalidade (Figura 4). Esta diminuição da mortalidade

apresenta maior relevância para a electrocussão.

Figura – 4 -Comparação da Mortalidade entre períodos (Antes e Depois das correcções aplicadas em

2005)

19

6. PRINCIPAIS ESPÉCIES AFECTADAS

Das 36 espécies de aves detectadas e identificadas no âmbito do presente estudo destacam-

se as referidas na Tabela 6, devido ao elevado número de exemplares encontrados ou ao seu estatuto

de conservação. As espécies afectadas dizem respeito aos dados recolhidos entre 2006 e 2007para as

linhas corrigidas e de controlo. Foram afectadas 11 espécies por electrocussão e 21 por colisão.

De acordo com os dados a Cegonha-branca é a espécie com mais indivíduos mortos

recolhidos, entre os quais 13 foram vítimas de Electrocussão e 3 resultaram de Colisão. Estes

resultados são semelhantes ao que já tinha sido determinado no estudo anterior. Apesar da evolução

favorável do seu efectivo populacional a Cegonha-branca não deixa de ser uma espécie incluída no

Anexo I da Directiva Aves e de ter classificação SPEC 2.

Entre as espécies com sérias ameaças à conservação destaca-se o Sisão e a Abetarda

,classificadas em perigo no livro vermelho dos vertebrados de Portugal. No caso do Sisão foram

encontrados 7 indivíduos mortos por colisão no Alentejo em linhas sinalizadas e em linhas de controlo.

Esta espécie, incluída no Anexo I da Directiva Aves e com classificação SPEC 2, já tinha revelado

grande sensibilidade à colisão em estudos anteriores. Outra espécie que merece grande atenção a

Abetarda. (incluída no Anexo I da Directiva Aves e com classificação SPEC 2) com 1 colisão registada

na ZPE de Castro Verde numa linha sinalizada com BFD de 8cm.

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Tabela 6 – Espécies de aves detectadas no decorrer do presente estudo, cujo estatuto de conservação

em Portugal é desfavorável e/ou cujos números registados são elevados

Estatuto de Conservação

Nome Científico Nome

comum

Colis. Elec.

Livro

Vermelho

SPEC Dir. Aves

Ciconia ciconia Cegonha-

branca

3 13 LC SPEC

2

DIR AVES

Buteo buteo Águia-d'asa-

redonda

2 LC - -

Falco tinnunculus Peneireiro 2 LC SPEC

3

-

Tetrax tetrax Sisão 7 VU SPEC

2

DIR

AVES*

Otis tarda Abetarda 1 EN

Pterocles orientalis Cortiçol 1 EN

Alectoris rufa Pediz 10 EN

Columba Livia Pombo 2 EN

Columba palumbus Pombo bravo 2

Corvus corax Corvo 3 NT - -

Milaria calandra Trigueirão 4 LC

Cyanopica cyana Pega azul 2

Turdus philomelus Tordo ruivo 4

Ave n ident 10 12

Legenda: SPEC – As categorias SPEC (Species European Conservation Concern) identificam as espécies de aves na Europa que

necessitam de acções de protecção. Foram definidos por Tucker&Heath (1994) de acordo com os critérios do UICN e os dados do Atlas

Europeu de Aves; SPEC 1 – Espécies ameaçadas a nível global; SPEC 2 – Espécies concentradas na Europa com estatuto de

conservação desfavorável; SPEC 3 – espécies não concentradas na Europa, mas com estatuto de conservação desfavorável; SPEC 4 –

espécies concentradas na Europa com estatuto de conservação favorável; DIR AVES - Directiva Aves Decreto-lei n.º 140/99, de 24 de

Abril, - directiva europeia que visa a conservação das aves e dos seus habitats no estado selvagem. Estatuto de Conservação – Livro Vermelho dos Vertebrados Portugueses

EX (Extinto) Taxon considera-se extinto quando não restam duvidas de que o último individuo morreu. Um taxon está presumivelmente

extinto quando falharam todas as tentativas exaustivas para encontrar um individuo em habitats conhecidos e potencias, em períodos

apropriados, realizados em toda a sua área de distribuição histórica.

EW (Extinto na Natureza) Um taxa considera-se extinto na natureza quando é dado apenas como apenas sobrevivendo em cultivo ou

cativeiro ou como uma população naturalizada fora da sua anterior área de distribuição. Uma taxa está presumivelmente extinto na

natureza quando falharam todas as tentativas exaustivas para encontrar um indivíduo em habitats conhecidos e potencias, em períodos

apropriados, realizados em toda a sua área de distribuição histórica.

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CR (Criticamente em perigo) Um taxon considera-se criticamente em perigo quando as melhores evidencias disponíveis indicam que se

cumpre qualquer dos critérios para Criticamente em Perigo, pelo que se considera enfrentando um risco de extinção na natureza

extremamente elevado.

EN (Em Perigo) Um taxon considera-se em perigo quando as melhores evidencias disponíveis indicam que se cumpre qualquer dos

critérios para em Perigo, pelo que se considera enfrentando um risco de extinção na natureza muito elevado.

VU (Vulnerável) Um taxon considera-se Vulnerável quando as melhores evidências disponíveis indicam que se cumpre qualquer dos

critérios para em Vulnerável, pelo que se considera enfrentando um risco de extinção na natureza elevado.

NT (Quase ameçado) Um taxon considera-se quase ameaçado, quando tendo sido avaliado pelos critérios, não se classifica actualmente

como Criticamente em Perigo, Em perigo e Vulnerável, sendo no entanto provável que num futuro próximo lhe venha a ser atribuído uma

categoria de ameaça.

LC (Pouco Preocupante) Um taxon considera-se pouco preocupante, quando tendo sido avaliado pelos critérios, não se classifica

actualmente como Criticamente em Perigo, Em Perigo e Vulnerável e quase ameaçado. Taxa de distribuições amplas e abundantes são

incluídos nesta categoria.

DD (Informação insuficiente) Um taxon considera-se informação insuficiente, quando não há informação suficiente para fazer uma

avaliação directa ou indirecta do seu risco de extinção, com base na sua distribuição e ou estatuto da população. Um taxon desta

categoria até pode estar bem estudado e a sua biologia conhecida, mas faltarem dados sobre a sua distribuição e ou abundância. Não

constitui por isso uma categoria de ameaça.

Comparando os resultados obtidos agora com os dados anteriores a aplicação das medidas de

minimização (ver tabela 7), verifica-se uma diminuição significativa do número de espécies afectadas

por electrocussão de 16 espécies em 2003 para 4 espécies em 2007. Nas linhas de controlo também

ocorreu uma diminuição das espécies afectadas, de 9 espécies afectadas em 2003 para 7 em 2007.

Para a colisão não se verificou uma redução muito significativa, de 15 espécies em 2003 para 13 em

2007, tendo sido verificado um pequeno aumento nas linhas de controlo para oito espécies afectadas.

Tabela 7 - Comparação do numero de espécies e indivíduos antes e após a aplicação das medidas de

minimização.

Linhas não corrigidas (2003-2005)

Controlo Linhas corrigidas (2006-2007)

Controlo

16 9 4 7

Electrocussão nº espécies nº indivíduos 78 13 19 29

15 5 13 8

Colisão nº espécies nº indivíduos 52 10 35 13

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7 – CONDICIONANTES AO ESTUDO

O processo de selecção de troços de linhas a estudar esteve condicionado pela decisão de

seguir o modelo experimental BACIP e encontrar troços de controlo emparelhados para cada troço com

medidas de minimização a monitorizar. Os troços de controlo, para além da necessidade de possuírem

tipologias idênticas, atravessarem os mesmos tipos de habitat e situarem-se na mesma área

classificada ou IBA, têm de ter sido prospectados no estudo de 2003-2005. Em algumas Áreas

Protegidas, como o PN Tejo Internacional, foram corrigidos ramais completos de linhas que haviam

sido estudadas em 2003-2005. A situação de mortalidade em alguns locais era de tal modo grave que

todas as linhas monitorizadas foram corrigidas. Desse modo não existem linhas monitorizadas em

2003-2005, que mantenham as mesmas características e que possam servir de controlo. Por esta

razão o modelo BACIP e a análise da eficácia das medidas de correcção pela interacção de factores

numa ANOVA bi-factorial, não será aplicada a todas os 46km de linhas corrigidas.

Os problemas sentidos foram resolvidos de modo a manter os objectivos iniciais do projecto. A

aplicação do modelo BACIP a apenas parte da avaliação da eficácia das correcções é aceitável, desde

que os dados recolhidos em troços não emparelhados de linhas corrigidas possam contribuir também

para a discussão final.

8- BIBLIOGRAFIA

Alonso J. A. & J. C. Alonso (1999): Colisión de aves con líneas de transporte de energía eléctrica en España. In Ferrer M. & G. Janss (eds.): Aves y Líneas eléctricas. Colisión, electrocución y nidificación. Quercus. 253 pp.

Bevanger, K.1998. Biological and conservation aspects of bird mortality caused by electricity power

lines: a review. Biol. Conserv. 86: 67-76.

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Cambridge, UK: BirdLife International. (BirdLife Conservation Series No. 12).

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Natureza e Assírio & Alvim, Lisboa.

Costa,L.T.,M. Nunes, P Geraldes e H. Costa, 20003 – Zonas Importantes para as Aves em Portugal.

SPEA, Lisboa

Graham M. Tucker and Melanie F. Heath ,1995 – Birds in Europe Their Conservation Status

23

Haas, D., M Nipkow, G Fiedler, R Schneider, W Haas and B Schürenberg. 2003. Protecting Birds from Powerlines : a practical guide on the risks to birds from electricity transmission facilities and how to minimise any such adverse effects. Bern Convention Standing Committee, Strasbourg. December 2003 Infante, S., Neves, J., Ministro, J. & Brandão, R. 2005. Estudo sobre o Impacto das Linhas Eléctricas de Média e Alta Tensão na Avifauna em Portugal. Quercus Associação Nacional de Conservação da Natureza e SPEA Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Castelo Branco (relatório não publicado). Janss, G. F. 2000. Avian mortality from power lines: a morphologic approach of a species-specific mortality. Biological Conservation 95: 353 – 359 Janss G.F. & M. Ferrer. 2000. Common crane and great bustard collision with power lines: mortality rate and risk exposure. Wildlife Society Bulletin 2000, 28 (3): 675-680.

9 - Anexos

Tabela Anexa 1 – Lista de troços corrigidos objecto de monitorização e respectivos controlos

Área Tipologia Âmbito Denominação Tejo Internacional TAL Corrigidas Mt. Corgas Tejo Internacional TAL Corrigidas Mt. Escrivão Tejo Internacional TAL Corrigidas Mt. Negrete Tejo Internacional TAL Corrigidas Cegonhas-Alagoa Tejo Internacional GAL Corrigidas Cabeço Mouro Tejo Internacional GAL Corrigidas Vale da Morena Tejo Internacional TAL Controlo Soalheiras-Cegonhas Guadiana TAL Corrigidas Azinhal-Mértola Guadiana TAL Controlo Azinhal - Vale do Açor 1 Guadiana TAL Controlo Controlo Azinhal-Mértola Castro Verde TAL Corrigidas Castro Verde Castro Verde TAL Controlo Controlo Castro Verde Castro Verde GAL Corrigidas Namorados Castro Verde GAL Controlo Controlo Namorados 1 Castro Verde GAL Corrigidas Corte Pequena 1 Castro Verde GAL Controlo Corte Pequena 2

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FOTOGRAFIAS

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Figura 1- Apoio TAL com manga anti electrocussão

Figura 2 – Linha em habitat “matos” na RNSM

Figura 3 – Apoio em GAL com manga anti electrocussão

Figura 4 – Águia Cobreira num Apoio em TAL com manga anti electrocussão no PNTI

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Figura 5 e 6 – Apoio tipo PT no PNTI com mangas anti electrocussão e arcos isolados onde ocorreu electrocussão de Cegonha Branca.

Figura 7e 8 – Apoio tipo HRFSC no PNSSM onde ocorreu electrocussão de um Grifo.

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Figura 9- Apoio tipo VAN com medidas anti electrocussão na ZPE de Castro Verde

Figura 10- Cegonha Branca electrocutada numa linha de controlo na ZPE de Castro Verde

Figura 11 - Peneireiro das torres electrocutado numa linha de controlo na ZPE de Castro