RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período: Agosto/2014 a ... · ... (desenho e poema do desejo)...

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC: CNPq, CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA. RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período: Agosto/2014 a Agosto/2015 ( ) PARCIAL ( x ) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título do Projeto de Pesquisa: O PAC Urbanização de Assentamentos precários em Cidades Amazônicas: Proposta metodológica para avaliação da produção e ocupação humana na política habitacional em Belém e Macapá. Nome do Orientador: Ana Kláudia de Almeida Viana Perdigão Titulação do Orientador: Doutor Faculdade: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - FAU Instituto/Núcleo: Instituto de Tecnologia Laboratório: Espaço e Desenvolvimento Humano - LEDH Título do Plano de Trabalho: Estudo de Adaptação Habitacional na Taboquinha em Belém (PA) Nome do Bolsista: Rosineide Pinho Trindade Tipo de Bolsa: ( ) PIBIC/ CNPq ( ) PIBIC/CNPq – AF ( ) PIBIC /CNPq- Cota do pesquisador ( ) PIBIC/UFPA ( ) PIBIC/UFPA – AF ( ) PIBIC/ INTERIOR ( ) PIBIC/PARD ( ) PIBIC/PADRC ( x ) PIBIC/FAPESPA ( ) PIBIC/ PIAD ( ) PIBIC/PIBIT

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC: CNPq, CNPq/AF, UFPA,

UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA.

RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período: Agosto/2014 a Agosto/2015 ( ) PARCIAL ( x ) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título do Projeto de Pesquisa: O PAC Urbanização de Assentamentos precários em Cidades Amazônicas: Proposta metodológica para avaliação da produção e ocupação humana na política habitacional em Belém e Macapá. Nome do Orientador: Ana Kláudia de Almeida Viana Perdigão Titulação do Orientador: Doutor Faculdade: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - FAU Instituto/Núcleo: Instituto de Tecnologia Laboratório: Espaço e Desenvolvimento Humano - LEDH Título do Plano de Trabalho: Estudo de Adaptação Habitacional na Taboquinha em Belém (PA) Nome do Bolsista: Rosineide Pinho Trindade Tipo de Bolsa: ( ) PIBIC/ CNPq ( ) PIBIC/CNPq – AF ( ) PIBIC /CNPq- Cota do pesquisador ( ) PIBIC/UFPA ( ) PIBIC/UFPA – AF ( ) PIBIC/ INTERIOR ( ) PIBIC/PARD ( ) PIBIC/PADRC ( x ) PIBIC/FAPESPA ( ) PIBIC/ PIAD ( ) PIBIC/PIBIT

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INTRODUÇÃO

A problemática habitacional tem sido um tema bastante difundido pelos governos, mídias e órgãos de apoio à luta pela moradia. Segundo Perdigão e Gayoso (2012) apesar de ser uma questão aparentemente conhecida é ao mesmo tempo desafiadora pois a tentativa de suprir essa demanda crescente tem sido acompanhada por uma padronização das habitações com modelos que são impostos à população sem a participação da mesma. As famílias alvo de remanejamento e reassentamento habitacionais sofrem, tanto com as dificuldades trazidas pelas novas taxas referentes aos serviços e impostos da nova área, quanto pela falta de adaptação espacial (PERDIGÃO E GAYOSO, 2012). A valorização da questão mercadológica, a disputa pela terra e os interesses imobiliários se sobressaem em relação às questões particulares das comunidades a serem beneficiadas pelas intervenções públicas.

As ações relacionadas com a tentativa de redução do déficit habitacional demonstram

estar voltadas para suprir quantitativamente essa demanda, o que reforça a produção de conjuntos habitacionais padronizados e com pouca flexibilidade espacial nas diferentes regiões do Brasil, dificultando assim a adaptação habitacional. Tal lógica de intervenção habitacional reprime a personalização do espaço, além de que, em muitos casos, as unidades não são compatíveis com o número de habitantes e com os hábitos de uso e costumes de cada família. Este fato tem sido recorrente na cidade de Belém; 40% de seu território são considerados originalmente área de várzea, mais conhecida como "baixadas”. Nelas se instalam uma população de baixo poder aquisitivo, originária em sua maioria de várias comunidades ribeirinhas que circundam a cidade e que vem para a capital em busca de oportunidades, sem contudo, ocupar um lugar na cidade formal. Essa população tem sido alvo de projetos de intervenção que adotam a padronização e a replicabilidade de unidades habitacionais considerando apenas a produção em larga escala por meio de modelos impositivos de habitação.

Dentro destas áreas, consideradas assentamentos precários1, por sua condição de

ausência de infraestrutura básica, saneamento e precariedade das habitações, a população se adapta às condições naturais do local procurando de forma particular conviver da melhor maneira possível com os “entraves” ali encontrados, muitos deles são leitos naturais de rios com interesse a preservação ambiental. A produção do espaço habitacional ocorre de forma espontânea com a construção de palafitas, interligadas por estivas, característica própria da cultura ribeirinha na Amazônia, indicando padrões espaciais peculiares que mesmo sofrendo mudanças no tipo de material construtivo, por exemplo, sobrevive e resiste ao tempo pela reprodução de um modo de vida da região.

Defende-se que o padrão espacial da cultura ribeirinha é uma referência importante para

produção de habitação formal de interesse social urbana na Amazônia, contribuindo para a redução de conflitos recorrentes em ações de remanejamento e facilitando assim o processo de adaptação habitacional no pós-reassentamento. Objetiva-se estimular estratégias projetuais para a produção habitacional em Belém que incluam as referências espaciais locais, garantindo com isso uma melhor apropriação do espaço habitacional pelo futuro morador e que isso seja um fator de fixação na nova moradia. 1 Em 2007, com a inclusão de um eixo denominado Infraestrutura Social e Urbana no PAC – Programa de Aceleração do Crescimento tornou-se possível contemplar a política habitacional com foco para urbanização de assentamentos precários, vislumbrando o tratamento adequado de favelas de maior porte e complexibilidade, situadas nas principais cidades e Regiões Metropolitanas do país.

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JUSTIFICATIVA

Os estudos que privilegiam a interação pessoa-ambiente, especialmente aqueles relacionados com a avaliação pós-ocupação – APO, vem sendo amplamente utilizados nos estudos de habitação por meio de métodos que identificam os elementos que qualificam o espaço habitacional com o objetivo de retroalimentar projetos de arquitetura a fim de diminuir erros recorrentes (BARROS E PINA, 2013). Este estudo busca Identificar padrões espaciais locais e regionais que contribuam para adaptação habitacional, aproximando códigos formais e profissionais de arquitetura de elementos espaciais que fazem parte do vocabulário informal local das comunidades envolvidas em intervenções de projetos habitacionais de baixa renda, tornando-os menos impositivos. Os estudos de padrões espaciais mostram grande importância para o avanço de métodos de projeto que visem qualidade espacial e atendimento das expectativas dos usuários finais, principalmente para a produção de habitação de interesse social na Amazônia (SILVA, 2013).

O presente estudo justifica-se como uma tentativa de oferecer aos envolvidos na

produção de habitação de interesse social subsídios que possam fundamentar a elaboração dos projetos. As referências de padrões espaciais locais, obtidos através da análise dos resultados finais podem ser confrontadas com alguns dos critérios estabelecidos nos editais de financiamento de projetos de habitação de interesse social em intervenções públicas podendo tornar tais financiamentos mais pertinentes às demandas locais através das agências atuantes no setor de habitação; e aos arquitetos responsáveis pelo projeto arquitetônico oferecer meios dentro do processo projetual de se alcançar a satisfação do usuário final visando diminuir o máximo possível às perdas causadas pelo remanejamento. OBJETIVOS Objetivo Geral: Discutir fundamentos do projeto de arquitetura por meio do uso espacial. Objetivos específicos: Avaliar o uso espacial em projeto de arquitetura de habitação destinada a remanejamentos urbanos; Identificar rupturas e permanências espaciais no reassentamento habitacional da Taboquinha em Belém (PA); sistematizar esquemas geométricos que representem subsídios ao trabalho do arquiteto para concepção arquitetônica de espaços habitacionais alvo do habitar ribeirinho. MATERIAIS E MÉTODOS Os materiais e métodos utilizados englobam:

• Levantamento bibliográfico e documental em fontes primárias e secundárias sobre: padrões espaciais, habitação ribeirinha, estudos sobre processos projetuais, levantamento da condição habitacional em Belém, caracterização da área de estudo e busca dos projetos oficiais (material gráfico) nos órgãos executores;

• Pesquisa de campo: levantamento do espaço físico in loco da produção habitacional informal da Comunidade Cubatão, aplicação de instrumental que utiliza técnicas verbais e não verbais que apresentam além das expectativas e desejos imediatos do morador que será remanejado, as manifestações implícitas nas representações espaciais dos moradores com o desenho da casa da infância e a casa dos sonhos; Aplicação de formulário verbal de adaptação habitacional aos moradores reassentados em empreendimentos executados pelo poder público no caso o Projeto

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Taboquinha; e oficina in loco também realizada com moradores reassentados através do Projeto.

O formulário de consulta não verbal, desenvolvido por Perdigão (2006) busca respostas

dos moradores da área de origem dos reassentados, a comunidade Cubatão, em Icoaraci (PA), para relacionar a subjetividade do habitar e os elementos geométricos dos espaços habitacionais, conforme quadro 01. Foram aplicados com moradores que estão na iminência de remanejamento para os empreendimentos habitacionais do Projeto Taboquinha, executado pela COHAB-PA, totalizando seis famílias a serem avaliadas do ponto de vista qualitativo para identificar evidências das referências espaciais dos moradores alvo de remanejamento.

Quadro 01: Blocos Temáticos abordados no formulário não verbal

Formulários de Consulta não Verbal 1-Casa da Infância (desenhos) 2-Casa atual (desenhos, falas e registro fotográfico) 3-Casa dos Sonhos (desenho e poema do desejo) 4-informações gerais (dados sobre o entrevistado) 5-Comparativo entre a casa atual e a casa anterior 6-Levantamento físico da casa

Fonte: Laboratório de Espaço e desenvolvimento Humano (LEDH), 2015.

O formulário verbal de adaptação habitacional foi elaborado pela equipe de pesquisa durante o desenvolvimento do projeto “O PAC Urbanização de Assentamentos Precários em Cidades Amazônicas: proposta metodológica para avaliação da produção e ocupação humana na política habitacional em Belém e Macapá”. Assim a elaboração resultou em diversas reuniões com pesquisadores e bolsistas do projeto nas áreas de conhecimento envolvidas, sendo elas: Arquitetura e Urbanismo, Psicologia e Serviço Social; possui itens referentes a aspectos, sociodemográficos; comparativo entre a casa atual e a anterior nos quesitos tempo de moradia, composição familiar, tipologia da casa, preferências e uso da casa; situação atual tratando de residência e áreas comuns; e avaliação e perspectiva do morador em relação à casa atual.

Para responder aos objetivos foram aplicados 137 formulários sobre adaptação habitacional na área de estudo. Os resultados que irão caracterizar o uso espacial foram alimentados em banco de dados para melhores análises. As perguntas do formulário de adaptação habitacional referiam-se a questões sociodemográficas, comparativo entre a casa atual e a anterior, situação atual e avaliação e perspectiva dos moradores. Os questionários foram aplicados pelos bolsistas da referida pesquisa, da qual faço parte desde 2013, no período de 13 de novembro de 2014 a 9 de janeiro de 2015, totalizando 12 visitas na área para conclusão dos questionários.

Quadro 02: Blocos Temáticos abordados no formulário de adaptação

Formulários de Adaptação 1-Identificação da área 2-Sociodemográfico (características dos entrevistados) 3-Antes e depois do remanejamento: comparativo entre a casa atual e a anterior 4-Situação atual (nível de adaptação da casa atual) 5-Avaliação e Perspectiva (sobre a casa atual)

Fonte: Laboratório de Espaço e desenvolvimento Humano (LEDH), 2015.

Também foi realizada na área uma oficina, com duração de um dia, que integra o projeto de pesquisa acima citado. A oficina promove dialogar com os moradores com material gráfico para registrar modificações desejadas e realizadas na unidade no pós reassentamento. A análise dos resultados subsidirá a elaboração de quadro de esquemas geométricos que

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aproximam saber informal e saber formal para subsidiar a produção formal de habitação em linguagem de projeto a fim de apoiar a prática arquitetônica. RESULTADOS

Para melhor compreensão dos resultados faz-se necessário primeiramente a caracterização da área de estudo, tendo em vista tratar-se de uma situação de remanejamento/reassentamento habitacional. Para o qual, o levantamento bibliográfico e documental foi de fundamental importância. Em seguida, inicia-se a apresentação dos resultados obtidos com os levantamentos realizados e a discussão dos mesmos.

Buscou-se através de levantamento bibliográfico e documental, trabalhar com dados oficiais, fornecidos pela executora do projeto, a Companhia de Habitação do Pará (COHAB), dados estes que por muitas vezes eram apresentados em relatórios específicos, sem a devida integração. A partir da observação e objetivos específicos, da análise desses dados somados a pesquisas bibliográficas e entrevistas com moradores antigos chegou-se aos resultados sobre a caracterização da área descritos a seguir:

1- Processo de ocupação informal A área de estudo escolhida é uma comunidade tradicional existente a mais de duas

décadas, que se originou ao longo de um igarapé denominado Cubatão; a comunidade é conhecida em Icoaraci, distrito de Belém-PA, como Taboquinha, nome que segundo relato de moradores da área foi dado pela então governadora do Estado no início do projeto de intervenção.

Segundo os relatos dos primeiros moradores da comunidade, o processo de ocupação

informal iniciou-se quando alguns moradores de bairros próximos ao igarapé Cubatão, que pertencia a um fazendeiro da cidade, junto com um líder comunitário decidiram invadir o terreno e garantir lotes individuais que garantissem moradia própria. Inicialmente a invasão recebeu o nome de Tabocão, que mais tarde seria substituído por Taboquinha.

Figura 01: Vista aérea da Comunidade Taboquinha e do Igarapé Cubatão.

Fonte: Google Maps (adaptação LEDH)

2- Caracterização da Comunidade Taboquinha

A comunidade localiza-se a aproximadamente 18 km do Centro de Belém, sendo os principais acessos, que permitem a conexão do bairro com o centro histórico da cidade de Belém, a Rodovia Augusto Montenegro e a Rodovia Arthur Bernardes. A área compreende um polígono delimitado pelas ruas: TV. Pimenta Bueno, Rua Dois de Dezembro, TV. Do Cruzeiro e Rua 15 de Agosto, conforme Figura 02.

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Figura 02: Mapa mostrando distância do centro histórico de Belém para a Comunidade Taboquinha.

Fonte: Laboratório de Espaço e desenvolvimento Humano (LEDH), 2015

A natureza da ocupação é informal ao longo do Igarapé Cubatão, área de propriedade da marinha brasileira com interesse a preservação; a presença dele cortando na diagonal o bairro em que se encontra a comunidade explica o fato de possuir 51%, dos 1.413 imóveis residenciais cadastrados pela executora do projeto, como estando em área alagável ou inundável. A área também possui 31%∗ destes imóveis residenciais caracterizados como palafitas (COHAB/PA, 2011).

Figura 03: Cubatão

Fonte: COHAB/PA, 2008.

A comunidade é caracterizada por uma população de baixo poder aquisitivo

apresentando rendimento familiar de: 45% com até um salário mínimo, 31% com mais de um e até dois salários mínimos e 12% com rendimento de dois a três salários mínimos. No que diz respeito à população residente foram cadastrados 1.413 titulares de imóveis, entre eles 72% eram do sexo feminino, 55% tinham escolaridade incompleta, sendo que destes 67% necessitavam concluir o ensino fundamental e 11% não possuíam escolaridade. Ainda de

∗ Dados gentilmente encaminhados pela COHAB-PA em atendimento ao Ofício 2013/79463, para a pesquisa científica “O PAC Urbanização de assentamentos precários em cidades Amazônicas: proposta metodológica para avaliação de produção e ocupação humana na política habitacional em Belém e Macapá”, aprovada no Edital MCTI/CNPq/MCidades N.11/2012.

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acordo com o cadastramento, 77% dos imóveis eram ocupados a mais 5 anos∗; o numero de cômodos por unidade habitacional varia de acordo com a diversidade das famílias; os mais comuns encontram-se entre 1 a 7∗ cômodos; também foram encontrados 15%∗ dos imóveis abrigando no mínimo uma família agregada caracterizando a coabitação, fato considerado comum na cultura ribeirinha (COHAB/PA, 2011).

Os ribeirinhos amazônicos possuem uma maneira peculiar de conviver

harmoniosamente com os rios, por isso as palafitas são ocupações tão recorrentes nos meios urbanos, já que boa parte do território é alagável ou alagada. As habitações possuem uma configuração espacial interna aparentemente simples; na maioria dos casos os ambientes são distribuídos ao longo de corredores (circulação); em sua maioria apresenta a varanda, elemento característico das casas brasileiras, independente da região ou classe social, como elemento de transição do espaço externo para o interno além do convívio social com os vizinhos, observatório, recepção (MARAGNO E COCH, 2011).

As aberturas de vãos são variadas e constantes permitindo a entrada de ventilação e

iluminação natural. Apresentam o “girau”, que é uma espécie de bancada cercada por ripas de madeira, que serve para as atividades domésticas como lavagem de roupa e preparo dos alimentos. As fachadas são as mais diversas possíveis, e apesar de estarem em estado de degradação devido à fragilidade da madeira, demonstram ser construídas com alto grau de “capricho” o que mostra o valor que a casa representa para seu dono.

Figura 04: Imagens internas e externas das palafitas no Cubatão

Fonte: Laboratório de Espaço e desenvolvimento Humano (LEDH), 2015

Embora as palafitas sejam construções bem adaptadas ao meio natural, os problemas

apontados como justificativas para sua erradicação a fim de viabilizar infraestrutura dizem respeito ao saneamento básico, principalmente a coleta de lixo, abastecimento de água e tratamento do esgoto, e o difícil acesso, que se dá por estivas de madeira. No caso da Comunidade Taboquinha, o Igarapé tornou-se contaminado devido ao acúmulo de lixo e esgoto depositado no mesmo. Os banheiros são construídos em sua maioria sem instalações hidro sanitárias, e segundo a executora do projeto, 43%∗ dos cadastrados disse utilizar a vala a céu aberto como meio de eliminação dos dejetos. Por conta de tal situação, agregada ao fato de estar inserida em meio urbano, a área ao longo dos anos tornou-se alvo de insetos e roedores, que causam prejuízos muitas vezes irreparáveis para a população como doenças e até o óbito.

∗ Dados gentilmente encaminhados pela COHAB-PA em atendimento ao Ofício 2013/79463, para a pesquisa científica “O PAC Urbanização de assentamentos precários em cidades Amazônicas: proposta metodológica para avaliação de produção e ocupação humana na política habitacional em Belém e Macapá”, aprovada no Edital MCTI/CNPq/MCidades N.11/2012.

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3- Implantação do Projeto O Projeto Taboquinha é uma iniciativa para diminuir os problemas habitacionais

mencionados; a Comunidade foi alvo de um projeto do Governo Federal em parceria com o Governo Estadual, dentro dos Projetos Prioritários de Investimentos, na Modalidade: Apoio à urbanização de Assentamentos Precários. O mesmo abrange a recuperação do Igarapé Cubatão com a erradicação das palafitas visando transformá-lo em área publica para lazer; além do aterramento das áreas sujeitas ao alagamento, regularização fundiária, ajuste de sistema viário, implantação de sistemas de infraestrutura básica de esgoto, tratamento de água, e produção de blocos de unidades habitacionais para atender a demanda de remanejados (COHAB-PA, 2013).

O projeto beneficiará 1.862 (COHAB, 2013) famílias, e mostra-se de alta complexidade

por envolver grande quantidade de remanejamento involuntário: Das 1.014 benfeitorias que serão atingidas com necessidade direta de remanejamento, 740 estão em área alagada ou inundável (COHAB-PA, 2011).

4- Tipologias habitacionais previstas e Andamento do Projeto

O projeto previa inicialmente a construção de 978 unidades habitacionais, sendo 166

unidades térreas com 30 destas adaptadas para portadores de necessidades especiais, e 812 unidades em modelo sobrado (COHAB-PA, 2011). Porém de acordo com os dados apresentados no recebimento do Selo de Mérito ABC/FNSHDU EDIÇÃO 2014 a provisão habitacional estava assim definida: construção de 66 unidades habitacionais térreas com área de 39 m² contendo 2 quartos, banheiro, sala e cozinha; melhoria de 100 unidades habitacionais de acordo com a necessidade encontrada em cada uma; e construção de 912 unidades habitacionais tipo sobrado com área de 43,62 m². Cada sobrado possui quatro apartamentos com sala/cozinha, dois quartos, banheiro e quintal (COHAB-PA, 2013). A configuração espacial básica da unidade é a mesma utilizada em outros projetos de produção habitacional de HIS no Brasil, acrescida de um “quintal”, que na verdade os moradores chamam de área de serviço.

As obras começaram em 2008; contudo o prazo para o término do projeto encontra-se

defasado. Foram entregues até maio de 2015, 524 unidades habitacionais e devido à escassez de terras dentro da poligonal, a alternativa tem sido aceitar moradia em outras áreas distantes do distrito de Icoaraci, entre elas estão o bairro do Tenoné que fica localizado em média 4 km da poligonal do projeto.

Figura 05: Layout Casa térrea e Layout Sobrado.

Fonte: COHAB/PA, 2010.

A comunidade tem questionado algumas ações desde o início do projeto; especialmente

sobre os critérios de remanejamento, pois os mais prejudicados e o alvo direto do projeto seriam as famílias que habitam as margens do Cubatão que até maio de 2015 ainda eram 308

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morando no local. Outro problema que tem causado conflito são as baixas indenizações; para não serem prejudicados quase sempre os moradores optam pela unidade habitacional oferecida pela executora, pois a indenização é baixa e considera apenas o imóvel, visto que as terras são de propriedade da marinha.

6- Resultados e Discussão Os ítens escolhidos do questionário cujos resultados comprovem as questões

levantadas neste trabalho serão descritos a seguir. Os mesmos foram selecionados a fim de cumprir os objetivos aqui propostos apontando inclusive que níveis de melhorias as intervenções em assentamentos precários na cidade de Belém alcançam e quais desses níveis deixam a desejar estes projetos.

6. 1-Comparação entre a casa atual e anterior na Comunidade Taboquinha

Os primeiros dados apresentam de um modo comparativo aquilo que os moradores da Taboquinha mais gostam na casa atual e mais gostavam na casa anterior, assim como o que não gostam da casa atual e o que não gostavam na casa anterior. As respostas foram categorizadas em três grupos: Centrado na pessoa (respostas voltadas a questões pessoais, não contemplam o ambiente físico, mas seu efeito no ser humano); Centrado no ambiente (questões relacionadas ao espaço físico); e Centradas no ambiente/pessoa (respostas ambíguas ligadas tanto ao ambiente físico e ao não físico). Os gráficos 01 e 02 apresentam a porcentagem das categorias. As tabelas 01 e 02 apresentam as respostas mais frequentes

Gráfico 01 e 02: O que gosta e o que não gosta na Casa Anterior e na Casa Atual.

Fonte: Pesquisa de campo, 2014.

Tabela 01: Principais respostas sobre o que mais gosta na Casa Anterior e na Casa Atual.

Categoria   O  que  mais  GOSTA  na  Casa  Anterior   O  que  mais  GOSTA  na  Casa  Atual  Centrado  na  pessoa   Privacidade  e  organização   Tranquilidade  

Visão  do  rio      

Centrado  no  ambiente  

Gostava  do  quintal  Sala  

Quarto  O  espaço  grande  

Cozinha  Espaço  Ventilado  

Quarto  Sala  

O  fato  de  ser  de  alvenaria  Saiu  do  alagado  É  na  beira  da  rua  

Localização  Centrado  no  

ambiente/pessoa  Gostava  de  tudo  Não  gosta  de  nada  

Vizinhança  Liberdade  

Familiares  próximos    

Gosta  de  tudo  Não  gosta  de  nada  

Ser  de  alvenaria  e  ventilação  Silêncio,  terreno  

Fonte: Pesquisa de campo, 2014.

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Tabela 02: Principais respostas sobre o que não gosta na Casa Anterior e na Casa Atual.

Categoria   O  que  NÃO  GOSTA  na  Casa  Anterior.   O  que  NÃO  GOSTA  na  Casa  Atual.      

Centrado  na  pessoa  

Falta  de  privacidade  Violência  Barulho  

 

Barulho  Falta  de  privacidade  Gastos  elevados  É  muito  violento.  

Quente  Morar  no  pavimento  superior  

     

Centrado  no  ambiente  

Faltava  muita  água  Era  de  madeira,  chovia  dentro.  

Pontes  Alagamento  

Tava  caindo  aos  pedaços  Lixo,  insetos  Banheiro  

Área  de  Serviço  Cozinha  pequena  

Não  gosta  de  não  ter  quintal  Rachaduras,  chove  e  molha  tudo  Casa  pequena  com  pouco  espaço  Muitos  problemas  construtivos  

   

Centrado  no  ambiente/pessoa  

Gosta  de  tudo  Não  gosta  de  nada  Privacidade  e  espaço  

Perigo  

Gosta  de  tudo  Não  gosta  de  nada  

   

Fonte: Pesquisa de campo, 2014.

As respostas sobre o que "mais gosta" e "o que não gosta", tanto na Casa Atual quanto na Casa Anterior, referem-se frequentemente às categorias Centrada no ambiente e Centrada no ambiente/pessoa, demonstrando um vínculo ao ambiente físico. Na Casa Anterior a relação com a vizinhança, com os familiares que moravam próximos ou até mesmo na mesma casa, ou o fato de ter um quintal, uma cozinha ampla, uma varanda, uma casa bem compartimentada com privacidade entre os cômodos, eram condições que embora não pudessem ser atendidas na sua totalidade já serviriam como repertório de projeto possibilitando não romper definitivamente com as referências anteriores, o que acontece nas habitações atuais por possuírem configuração mais compacta, tamanho extremamente reduzido e ausência de elementos espaciais regionais que facilitem a vinculação à nova unidade.

Algo que merece destaque aqui é o fato de que as unidades habitacionais entregues foram construídas em residenciais distribuídos dentro da poligonal de abrangência do projeto. Um desses residenciais, o Mestre Verequete, ficou situado em um terreno às margens do rio Maguari. Durante a escolha das unidades para aplicação dos questionários de adaptação adotou-se critérios para seleção das unidades: Um deles foi o tempo de remanejamento. Foi selecionado um percentual maior de unidades com mais tempo de reassentamento, e em menor proporção unidades com curto período de remanejamento. Os questionários aplicados com moradores do Mestre Verequete demonstram maior contentamento com a nova moradia e quase sempre justificavam esse estado também devido à proximidade com o rio, “a visão do rio”, daí o porquê deste item aparecer na coluna “o que mais gosta na casa atual”. No que se refere ao item "não gosta na Casa Anterior", as respostas da categoria “Centrado no ambiente” foram as mais recorrentes e estavam relacionadas predominantemente a problemas como a falta de saneamento, precariedade do material construtivo das palafitas e dificuldade de acesso às casas, pois as estivas de madeira apodrecem rapidamente necessitando de manutenção constante. Na Casa Atual, o “não gostar” também estava relacionado à categoria "Centrado no ambiente”, porém referia-se mais a ambientes pequenos, ausência de quintal, problemas com material construtivo, disposição da área de serviço para o apartamento superior que é bem recorrente como representação de conflito espacial, pois a mesma fica localizada no térreo, demandando uma

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mobilidade vertical, para realização das tarefas diárias que não condizem com os antigos hábitos. Concluindo-se que houve uma passagem do que antes era uma precariedade construtiva e urbanística e hoje se trata de precariedade espacial. Com relação à situação atual, os moradores foram questionados, podendo responder entre “ótimo, bom, regular e ruim”, a respeito do tamanho de cada cômodo e a disposição dos mesmos na composição da nova habitação. Os gráficos apresentados nos quadros 03, 04, 05, 06, 07, 08 e 09 apresentam os resultados obtidos. A fim de tornar mais claras algumas questões contidas nos gráficos optou-se por associar as respostas “ótimo e bom” na categoria “positivo” e “regular e ruim” na categoria “negativo”, como demonstra a Tabela 03. Observa-se de imediato que as respostas indicam que a maioria dos moradores acha “BOM” o tamanho dos ambientes da unidade habitacional, exceto a cozinha, que representa o maior conflito, devido às dimensões bem pequenas e ligação sem paredes à sala, muito diferente da casa de origem em que a cozinha fica situada quase sempre ao final da casa, portanto, afastada da sala.

Gráfico 03, 04 e 05: Respostas sobre os tamanhos da casa, da cozinha e do banheiro.

Fonte: Pesquisa de campo, 2014.

Gráfico 06 e 07 e 08: Respostas sobre os tamanhos da sala, dos dormitórios e da área de serviço

Fonte: Pesquisa de campo, 2014.

Gráfico 09: Respostas sobre a disposição dos cômodos.

Fonte: Pesquisa de campo, 2014.

A Tabela 03 mostra que a somatória das porcentagens sobre REGULAR e RUIM aproxima-se da metade do total de entrevistados, podendo apontar insatisfação com a dimensão dos ambientes na casa atual.

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Tabela 03: Síntese das respostas sobre o tamanho dos ambientes e disposição dos cômodos.

Tamanho...  Positivo  

Taboquinha  Negativo  

Taboquinha  N.S.  A  

Taboquinha  da  unidade  habitacional   54%   46%    

da  Cozinha   32%   68%    do  Banheiro   54%   46%    da  Sala   65%   35%    dos  Dormitórios   74%   26%    da  Área  de  serviço   53,3%   45,2%   1,5%  Disposição  dos  cômodos  

56%   44%    

Fonte: Pesquisa de campo, 2014.

Com relação à disposição dos ambientes, os conflitos relatados frequentemente pelos moradores referem-se ao uso da “cozinha americana”, à localização da área de serviço dos apartamentos do segundo pavimento que é no térreo, exigindo grande mobilidade vertical durante a realização das tarefas diárias, à circulação compacta e a localização do banheiro próximo à sala, já que nas habitações ribeirinhas, predominância da origem dos moradores dessas comunidades, este se localiza ao fundo da residência ou em área externa.

Percebe-se então que questões relacionadas ao espaço representam talvez os

principais conflitos da nova moradia. Malard (2006) apoia tais questões quando afirma que a gênese do espaço arquitetônico decorre da espacialidade que é inerente ao ser humano, pois este realiza todas as suas atividades no espaço, portanto o espaço é um componente essencial das ações humanas não podendo ser ignorado, principalmente quando se trata de habitação de interesse social onde as famílias já convivem com muitas restrições financeiras por exemplo.

Os moradores também foram questionados sobre a percepção entre a residência atual

em relação a anterior podendo escolher entre as opções "igual, melhorou, melhorou muito, piorou e outros" podendo ainda justificar a resposta. Para uma análise mais profunda foi considerado a questão da espacialidade (tamanho dos ambientes, vínculo espacial, casa). O objetivo é investigar as justificativas dos moradores quando diziam que melhorou, piorou, melhorou muito ou permaneceu igual, se estavam mais relacionadas a aspectos ligados a fatores externos a casa e também fatores ligados à espacialidade. Essa análise também demonstra quais aspectos estão sendo atendidos nos projetos de intervenções habitacionais que visam a melhoria das condições de moradias, ressaltando-se que essa melhoria não é completa somente com mudanças em sistemas construtivos, presença de saneamento e infraestrutura da área. A análise entre antes e depois permitiu a construção de duas tabelas com as falas dos moradores. A Tabela 04 apresenta a justificativa do morador para a pergunta realizada, com destaque aos aspectos espaciais referentes a casa, vínculo e tamanho.

Observou-se também na tabela 04, a incoerência entre a pergunta objetiva e a justificativa da mesma, que está representada na segunda coluna pelos sinais de igual (=) e de diferente (≠). O símbolo igual demonstra que há uma coerência entre o que o morador respondeu na pergunta objetiva e sua justificativa, enquanto que o símbolo de diferente mostra que existe incoerência na justificativa. Na alternativa “piorou” o símbolo 100% presente nas respostas foi o de “igual”, enquanto que nas demais alternativas houve variação. Esta análise

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permite a constatação de que nem todos os moradores que responderam que a situação da casa atual em relação a anterior “melhorou, melhorou muito ou permaneceu igual” condiz realmente com o que o morador realmente pensa. Porém nas justificativas da alternativa “piorou” a coerência se dá de maneira clara e objetiva apontando que as melhorias a que se referem não são totais e estão mais vinculadas a situações externas sobre a casa ou melhorias no sistema construtivo do que propriamente melhoria dos espaços, principalmente do espaço doméstico. E aqueles que disseram que a casa atual é maior e melhor que a anterior relacionavam com condições de habitabilidade totalmente precárias, como casas de um ou dois cômodos e estrutura física em estado de degradação.

Tabela 04: Comparação entre a casa atual e anterior - Espacial

Como você considera a residência atual em relação a anterior?

Coerência ou não entre a

resposta objetiva e

sua justificativa

Por quê?

Igual

≠ "Não mudou muita coisa, hoje a área é saneada, mas não compensa o bem estar da antiga casa”. ≠ "Lá era melhor pra mim". ≠ "Lá era melhor, mas agora eu moro aqui então aqui é melhor”. = "Lá era do mesmo jeito".

Melhorou

≠ "Construção melhor, localização, mas lá era maior”. = "Sai do alagado, e atualmente moro em uma casa melhor com mais acabamento". ≠ "Melhorou no aspecto sobre a estrutura que agora não tem enchente e nem invasão de bicho, mas a casa é

pequena". ≠ “A área é seca, a casa tem conforto, mas é pequena e tem muitas rachaduras”. = "o espaço é maior". = "Espaço maior pra as crianças brincarem". = "A casa é maior e fica na rua principal, antes a casa ficava nos fundos". ≠ "Agora é menos alagado, porém não tem quintal". ≠ "Aqui é confortável, mas lá era melhor". ≠ "Não moro mais em área alagada, entretanto a casa é pequena e não tenho privacidade" ≠ "Não melhorou muito, sinto saudade, lá tinha felicidade". ≠ "Lá nossa casa era velhinha, mas organizada, depois de uma semana que saímos nossa casa caiu”. = "Por causa da mudança da casa". ≠ "Lá era de madeira, aqui é de alvenaria, mas minha casa era bem feitinha". ≠ "Lá era de madeira, mas com relação a espaço e privacidade piorou". = "Lá era um quartinho muito pequeno, não podia comprar móveis nem nada". = "Porque era um só compartimento".

Melhorou muito

= Eram só dois cômodos, alagado e pequeno, agora está bem melhor". = "Bom, privacidade para as filhas" = "Antes a casa era de madeira, não tinha espaço e era longe de tudo, atualmente a minha casa é limpa e

lajotada". ≠ "A casa é mais confortável apesar de ser pequena, ela está situada em uma rua limpa" ≠ "Apesar da casa anterior ser grande eu tinha muitos gastos e aqui é melhor". = "Tem privacidade espaço externo para as crianças". = "Área seca, casa maior e com saneamento". ≠ "Em relação a estrutura melhorou muito, mas a casa era maior" = "Melhorou tudo, só tinha dois cômodos". = "Aqui tenho uma morada melhor, me deixou mais confortável". = "A casa é melhor em relação a anterior" = "A privacidade, e o espaço maior”. = "Porque era de madeira, palafita, hoje é alvenaria e mais de um cômodo”.

Outros ≠

"A residência atual melhorou em relação a estrutura, mas eu gostava mais da casa antiga, porque era maior, ventilada, também tinha um apego muito grande por ter morado mais de 30 anos la."

Piorou

= "A casa é muito ruim e pequena". = "A casa era maior e mais ventilada". = "Porque na minha casa anterior eu não gastava nada e era mais ventilada. Era feliz e não sabia." = "Não cabem todos os móveis". = "aqui é pequeno, é muito quente, lá eu tinha conforto, quintal e vida feliz". = "Na minha casa anterior tinha mais espaço, conforto e segurança”. = "O espaço é pequeno". = "Minha casa era muito melhor, não gostei daqui”. = "Lá tinha como mudar a casa, hoje em dia não posso mudar nada"

Fonte: Pesquisa de campo, 2014.

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A tabela 05 apresenta a relação de respostas de 82 moradores diferentes consideradas incoerentes com a pergunta, pois para justificar a resposta objetiva de "igual, melhorou, melhorou muito e piorou" os moradores recorreram a aspectos que não estavam relacionados à espacialidade (casa, vínculo, tamanho), e sim questões ligadas ao sistema construtivo, saneamento, infraestrutura e outros. As categorias na tabela demonstram o que mais se repete na fala dos moradores como justificativa para o que houve de melhoria entre a casa anterior e a atual. Apontando-se que as intervenções destinadas a população de baixa renda na cidade de Belém, estão focadas na resolução de problemas mais voltados a melhoria do sistema construtivo (aparecendo 40 vezes na tabela) e saneamento (aparecendo 36 vezes na tabela), as demais categorias aparecem em menor proporção, do que propriamente oferecer melhoria de vida, visto que o espaço projetado necessitaria considerar como fator importante as reais necessidades do usuários finais e também suas referências espaciais.

Tabela 05: Comparação entre a casa atual e anterior – Não Espacial Como você considera a residência

atual em relação a anterior?

Por quê?

Categoria

Igual

"Lá era de madeira." Sistema construtivo "Não mudou muita coisa". "Porque fiquei na área, eu tenho dinheiro para fazer uma casa, mas o dinheiro que ofereceram não dava para comprar aqui no bairro, então preferi ficar com o apartamento."

"Não mudou muito pois na casa precisava de algumas modificações a qual não poderia fazer, atualmente consigo fazer algumas alterações na casa nova".

Melhoria financeira

"É tudo a mesma coisa". "Não apareceu mudança de fato".

Melhorou

" Só pelo fato de não ser de madeira e também de não morar nos fundos, já melhorou. Hoje estamos na beira da pista."

Sistema construtivo, Localização

"Não é mais alagado, mas á muito quente". Saneamento "Porque é mais seguro, não tem conflito com vizinhos". Segurança, vizinhança "Lá era madeira, alagado e agora é lindo". Sistema construtivo, Saneamento "Melhorou o saneamento e a estrutura da casa". Sistema construtivo, Saneamento "Pelo menos a chuva não está caindo em cima de mim." Sistema construtivo "Lá era palafita, não tinha segurança, esgoto." Sistema construtivo, Saneamento "Aqui é mais tranquilo e limpo". Saneamento "Segurança e conforto". Segurança, Sistema construtivo "Antes a moradia era alagada e agora mora no seco". Saneamento "O local e o ambiente". Saneamento, Infraestrutura "O local não oferece tantos riscos". Segurança "Porque lá era alagado". Saneamento "Lá tava caindo a casa e aqui não é alagado". Sistema construtivo, Saneamento "Na casa antiga enchia de água". Saneamento "Antes a casa não tinha segurança". Sistema construtivo "Antes tinha muito lixo, e o frio do canal a noite provocava dores nas pernas do filho menor de idade".

Saneamento

"A casa é de alvenaria". Sistema construtivo "Em termo de estrutura da casa melhorou". Sistema construtivo "A estrutura da casa é de alvenaria". Sistema construtivo "Antes morava nos fundos e atualmente moro na principal". Acesso "A antiga casa era de madeira, hoje é de alvenaria". Sistema construtivo "O ambiente é melhor, o terreno". Saneamento, Infraestrutura "Antes a casa era de madeira e hoje é de alvenaria". Sistema construtivo "Agora aqui tenho mais venda e conforto". Sistema construtivo, Melhoria

financeira "Porque era palafita a outra". Sistema construtivo, Saneamento "A casa estava muito degradada e atualmente moro em uma casa de alvenaria".

Sistema construtivo

"Melhorou o conforto, mas sinto falto dos familiares que moravam na casa antiga".

Sistema construtivo

"Lá era de madeira, aqui é de alvenaria, mas minha casa era bem feitinha".

Sistema construtivo

"Todas as duas eram bonitas". Aparência "Porque agora agente pode comprar nossas coisas". Melhoria Financeira "Tem a visão do rio, o ambiente é melhor". Localização

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"Aqui é bom, só é muito quente, fico doente". Conforto "Porque eu não podia fazer uma casa de alvenaria". Sistema construtivo "a casa anterior era muito distante, aqui é tudo próximo". Localização "Aqui é bem melhor, não é alagado". Saneamento "Sai do aluguel". Casa própria "Era de madeira e ia gastar muito". Sistema construtivo "Atualmente tem infraestrutura que no espaço anterior era deficiente". Infraestrutura "Aqui tem saneamento e mais conforto". Sistema construtivo, Saneamento "Melhorou o conforto". Sistema construtivo "Não moro mais em palafita". Sistema construtivo, Saneamento "Aqui tem mais vizinho, e é de alvenaria". Vizinhança, Sistema construtivo "Aqui é mais conforto, lá era de madeira". Sistema construtivo "Porque as coisas são mais fáceis, tem água e luz". Infraestrutura

Melhorou muito

"aqui é saneado, não alaga e é de alvenaria". Sistema construtivo, Saneamento "Na casa anterior tinha problemas quando chovia." Sistema construtivo "Melhor ventilação e iluminação". Conforto "O terreno é melhor". Infraestrutura, Saneamento "Porque lá alagava e dava muito rato". Saneamento "tem muita coisa que não me preocupo na manutenção, e não moro mais nos fundos".

Sistema construtivo, Acesso

"Pela estrutura, conforto e segurança". Sistema construtivo, Segurança "Lá era palafita, aqui é alvenaria, lá era área de risco". Sistema construtivo, Segurança "Na casa anterior era muito lixo, rato, hoje graças a Deus melhorou". Saneamento "Sai da casa pra morar em uma área limpa que não enche". Saneamento "Não é alagado". Saneamento "Porque agora é saneado e de alvenaria". Saneamento, Sistema construtivo "Atualmente tem melhores condições de moradia, moro no seco e em casa de alvenaria".

Saneamento, Sistema construtivo

"Porque tinha rato e alagava". Saneamento "Não estou mais no alagado". Saneamento "Onde agente morava era ponte, hoje em dia as crianças brincam na rua, antes não conseguiam".

Acesso

"A anterior era ruim porque era a última e o poço era para todos". Acesso, Infraestrutura "Infraestrutura, terreno e ruas". Infraestrutura, Saneamento "Não moro mais na palafita". Saneamento, Sistema construtivo "A vida ficou melhor com o saneamento". Saneamento "o ambiente, a estrutura". Saneamento, Sistema construtivo "devido ser frente de rua". Localização "Moro próximo da pista, mais acessibilidade". Localização "a casa é segura e fica em área seca". Sistema construtivo, Saneamento Lá era alagado, enchia e não podia sair na rua". Saneamento "A questão do saneamento". Saneamento "Antes morava na palafita, alagava e atualmente moro em uma área seca e sem medo de cair na ponte, e a casa tinha goteiras.

Sistema construtivo, Saneamento

'Agora é seco aqui". Saneamento "Lá era madeira, aqui é saneado e confortável”. Sistema construtivo, Saneamento "A casa é de alvenaria, aqui é confortável”. Sistema construtivo "É toda bonitinha, é de alvenaria, a outra tava tudo podre”. Sistema construtivo

Fonte: Pesquisa de campo, 2014.

Daí constata-se que em muitos casos quando há uma avaliação positiva por parte do morador, alvo de remanejamento/reassentamento não necessariamente tal avaliação diz respeito ao Projeto Arquitetônico da unidade habitacional.

6. 2- Análises de rupturas e permanências espaciais na Comunidade Taboquinha

A consulta não verbal foi realizada com seis moradores que ainda residem nas áreas de palafitas no entorno do igarapé Cubatão. Através de escrita, fala, desenhos e fotos os moradores expressam particularidades de três tempos vividos, na casa da infância, na casa atual e ainda o tempo do porvir, a casa dos sonhos. O quadro 03 apresenta o desenho da casa da infância e da casa dos sonhos que são confrontados com a planta baixa modificada por um morador de um dos sobrados da área formal a fim de identificar rupturas e permanências espaciais no processo de remanejamento e como pode se identificar a relação existente entre a realidade e o desejo.

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Quadro 03: Análise dos elementos da casa dos sonhos e infância confrontados com a casa atual modificada pelo usuário

Fonte: Laboratório de espaço e Desenvolvimento Humano, (LEDH) 2015.

É possível observar que a casa da infância era marcada pela presença da natureza; A

fala da moradora também demonstra esse vínculo: “Eu gosto de pendurar plantas, eu gosto de casa de pátio”. A casa dos sonhos trás elementos significativos da cultura ribeirinha amazônica como a varanda, a disposição linear dos ambientes, a hierarquia entre os mesmos possibilitando privacidade. Aliás a privacidade representa uma das queixas dos moradores do sobrado, pois devido à configuração compacta e a ausência de circulação os cômodos ficam muito próximos e expostos; e também a separação da cozinha / sala é um fato destacado. Ao observar o sobrado modificado na mesma tabela percebe-se a busca por esses elementos citados. Os moradores, de maneira informal alteram o sobrado resgatando os vínculos espaciais rompidos, ou seja, dentro das possibilidades de layout da unidade o morador busca adaptar os espaços e de forma natural e dentro do que é possível o que acontece é que a casa atual modificada vai se aproximando ou da casa da infância ou da casa dos sonhos, ou seja, das casas de referência do morador.

5. 2-Analise Geométrica da produção do espaço informal e formal na Comunidade

Taboquinha

Os quadros 04 e 05, trazem uma análise geométrica da produção formal e informal da área de estudo. Este tipo de análise vem sendo explorado e aprimorado no Laboratório de Espaço e Desenvolvimento Humano da Universidade Federal do Pará (LEDH-UFPA), investigando e identificando elementos recorrentes da produção informal amazônica e de como são significativas para a população local e por isso merecem ser incorporados em espaços habitacionais propostos por arquitetos.

Como o objetivo maior dos estudos desenvolvidos no laboratório é investigar a interação

do ser humano com o espaço construído pra levar o projeto de arquitetura como objeto de investigação científica, a produção de habitação de interesse social é uma lacuna teórica ainda frágil e pouco explorada conceitualmente e operativamente na formação do arquiteto.

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Os elementos de analise utilizados referem-se a: Área total da casa, configuração espacial, setorização, circulação, elemento de transição e aberturas, elementos já pesquisados por Sampaio (2013) e Silva (2013).

Quadro 04: Produção do espaço formal no projeto Taboquinha

Fonte: Laboratório de espaço e Desenvolvimento Humano, (LEDH) 2015.

A produção formal, como representada no quadro 04, apresenta configuração espacial

compacta, não existindo uma hierarquia de ambientes e privacidade entre os mesmos; apresenta área total de 43.09 m²; setorização e circulação superposta aos ambientes, não havendo elemento exclusivo para circulação comprometendo também a privacidade entre os cômodos; ausência de elemento de transição individual, sendo o hall central pertencente às quatro unidades do sobrado; e janelas pequenas na cozinha com fechamento em esquadria basculante e peitoril elevado.

Quadro 05: Produção do espaço informal na comunidade Taboquinha

Fonte: Laboratório de espaço e Desenvolvimento Humano, (LEDH) 2015.

A produção informal (quadro 05) é definida por predominância da configuração espacial linear, em que os cômodos são bem definidos e separados havendo hierarquia entre os mesmos; área total de 63,75m²; setorização com delimitação dos ambientes; circulação linear

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através de corredores; presença de elemento de transição individual: as varandas; e fechamento das aberturas da cozinha com esquadrias de abrir que possibilitam melhor ventilação e peitoril baixo considerando a cultura ribeirinha de possuir janela ampla ou fechamento com ripas de madeira espaçadas no girau permitindo a entrada de luz natural.

As diferenças observadas nos quadros 04 e 05 mostram como os elementos da produção informal do espaço habitacional deixam de ser consideradas na produção formal, induzindo os moradores a adaptar os ambientes tanto para facilitar a execução das necessidades diárias como para aproximar dos referenciais anteriores. Isso se evidencia no quadro 06, inclusive a moradora da unidade analisada disse está satisfeita com sua moradia atual, pois agora está do jeito dela.

Quadro 06: Análise geométrica das modificações feitas e desejadas no projeto Taboquinha

Fonte: Laboratório de espaço e Desenvolvimento Humano, (LEDH) 2015.

A análise geométrica da unidade representada no quadro 06 é resultado da oficina realizada em um dos residenciais da área de estudo, o Residencial Raimundo Cardoso. Apresenta-se um exemplo para discussão dos elementos de modificações realizados e de modificações futuras. Observa-se que o morador alterou a configuração inicial da unidade habitacional: criou-se uma circulação central definida que dá acesso a alguns ambientes da casa, essa possibilidade trouxe mais privacidade a casa e maior definição da setorização. A cozinha, como de costume, na casa anterior, volta a parte posterior da habitação.

Tomando a parte frontal do bloco, que pertence tanto ao apartamento do térreo quanto do 1º pavimento, o morador construiu uma área coberta que funciona como um pátio, onde os vizinhos podem sentar para conversar ou simplesmente o morador pode observar e apreciar a movimentação na rua, situação comum nas áreas de palafitas. Essa questão remete ao que Hertzberger (1996) fala sobre o “intervalo” que cumpre uma função social, pois permite a sociabilidade entre as pessoas, porem sem a invasão da privacidade da família, o “estar em casa e ao mesmo tempo fora de casa”. Tal modificação evidenciou o espaço de transição também pensado como ambiente para as atividades de rendimento familiar. Em suas modificações futuras será construída uma pequena área de venda de lanches, que já é realizada como meio de contribuição no orçamento familiar, porém sem um espaço apropriado.

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Por último tem-se a abertura de janelas amplas na cozinha, próximo a pia. Uma das entrevistadas disse que um dos motivos pelos quais a casa atual causava tanto desapontamento estava relacionado à questão das aberturas, principalmente a da cozinha, que como visto no quadro 04 possuía um peitoril acima da visão do morador e era do tipo basculante. As aberturas das casas de origem apresentam fechamento de abrir, pois o mesmo além de permitir maior visibilidade externa durante a execução das tarefas diárias ainda permite maior entrada de iluminação e ventilação natural, algo que é essencial para estes moradores que devido habitarem margens de rios estavam acostumados com a presença da natureza através das brisas que provocavam sensação de refrigeração térmica.

As modificações realizadas e também as desejadas, apontam algumas dificuldade no

processo inicial de adaptação espacial no reassentamento. Os moradores que já alteraram as unidades demonstram maior grau de satisfação com a nova moradia, pois as mesmas passaram a atender suas necessidades e também possuem maior proximidade espacial com as casas anteriores.

Figura 05: Imagem das adaptações externas e internas nas unidades residenciais na Comunidade

Taboquinha

Fonte: Laboratório de Espaço e desenvolvimento Humano (LEDH), 2015, 2014.

CONCLUSÃO

Os dados quantitativos e qualitativos aqui apresentados e discutidos contribuem para incrementar as questões levantadas sobre o espaço habitacional em seus aspectos de concepção e de uso. Os projetos de intervenções públicas na região amazônica tem demonstrado um direcionamento para suprir uma demanda quantitativa por habitação, sem contudo, acompanhar a demanda qualitativa no que se refere a uma cultura ribeirinha amazônica que se reproduz tanto em ambiente rural quanto urbano.

Os resultados da pesquisa demonstram que os aspectos atendidos com intervenções

executadas pelo poder público, estão associados predominantemente a questões externas ao espaço habitacional, principalmente melhorias no sistema construtivo, no saneamento e infraestrutura conforme evidencia o Projeto Taboquinha a partir das respostas dos moradores. Os dados obtidos e apresentados através principalmente da análise da Casa da infância, Casa dos sonhos e a Casa atual (projeto) bem como as modificações realizadas e desejadas pelos moradores, trazem uma discussão importante sobre a relevância de se aprofundar uma melhor compreensão da relação ser humano/espaço, entre os valores de concepção e os valores de uso do espaço habitacional, ainda mais especialmente nos casos de remanejamento/reassentamento na Amazônia.

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Os esquemas geométricos apresentados nos quadros 04, 05 e 06 quando associados as respostas dos moradores, pelas justificativas sobre a vida espacial ter melhorado ou piorado após o remanejamento/reassentamento, demonstram que os padrões espaciais de cultura ribeirinha, reproduzidos informalmente, oferecem referências importantes e mais condizentes com as necessidades da população alvo da intervenção. Assim, elementos como os avarandados, aberturas amplas, cozinhas maiores e separadas da sala, área de serviço, presença de quintais (áreas permeáveis), são soluções que merecem atenção pelos projetistas, pois facilitam o processo de adaptação habitacional em casos de remanejamento e reassentamento na região amazônica pela aderência a soluções habituais e que promovem familiaridade com a nova casa proposta pelo poder público.

Esses elementos podem ser repensados e incluídos nos editais de financiamento de

habitação de interesse social para a região amazônica, considerando que, segundo Perdigão e Gayoso (2012), o esforço é menor quando o ambiente é adaptado às pessoas e não quando as pessoas tem que se adaptar ao ambiente.

Finalizaremos com uma citação de Malard (2006) pela importante contribuição que

oferece ao pensamento arquitetônico, do ponto de vista espacial, para fortalecer os estudos sobre a projetualidade e seu maior compromisso com o modo de vida amazônico, não como uma mera proposição profissional do arquiteto, mas como uma resposta aos anseios da população e da cultura ribeirinha amazônica.

O espaço é, portanto, constitutivo da existência humana, pertence à essência do ser. Ele não é apenas funcional, racional ou simbólico. Sendo existencial, ele é tudo isso, uma vez que incorpora as necessidades, expectativas e desejos que fazem parte da existência humana. (MALARD, 2006, p.26).

PUBLICAÇÕES Um artigo intitulado “REASSENTAMENTO HABITACIONAL EM OBRAS DO PAC NA CIDADE DBELÉM: discussão sobre adaptação espacial e decisões de projeto” foi aprovado e será apresentado no 3º CIHEL – Congresso Internacional de Habitação no Espaço Lusófono (Habitação: Urbanismo, Cultura e Ecologia dos Lugares), na Sessão Temática III. Informalidade e Precariedade do Habitat. ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NOS PRÓXIMOS MESES Apresentação do relatório final no Seminário de Iniciação Científica na UFPA. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS, R. R. M. P.; PINA, S. A. M. G.. A humanização no projeto da habitação coletiva. In: KOWALTOWSKI, D. C. C. K., MOREIRA, D. de C., PETRECHE, J. r. d., FABRÍCIO, M. M.. (Org.). O processo de projeto em arquitetura: da teoria à tecnologia. 1ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2011, v. , p. 245-272. CLARK, R. & PAUSE, M. Arquitetura: Temas de composición. México: Ediciones G. Gilli, 1987. CARDOSO, A. C. D. ; PEREIRA, G. J. C.; NEGRÃO, M. R. G. Urbanização e estratégias de desenvolvimento no Pará: da ocupação ribeirinha aos Assentamentos Precários. Belém (PA): UFPA- Novos Cadernos NAEA, v. 16, n. 2, p. 255-279, dez. 2013. COHAB-PA, COMPANHIA DE HABITAÇÃO DO PARÁ. Plano de Remanejamento Comunidade Taboquinha. Belém, 2011.

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HOLANDA, Ana Carolina Gomes. Avanços e limites da nova política de habitação de interesse social. In: Seminário Nacional Governança Urbana e Desenvolvimento Metropolitano, 2010, Natal-RN. Hertzberger, Herman. Lições e Arquitetura; [tradução Carlos Eduardo Lima Machado]. São Paulo: Martins Fontes, 1996. MAGNO, Fabiana Nolasco. Projeto Arquitetônico para reassentamento habitacional: A comunidade Taboquinha (PA). Trabalho de Conclusão de curso apresentado a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU- UFPA). Belém, 2013. MAHFUZ, Edson da Cunha. Nada provém do nada. São Paulo: Projeto n. 69, 1984. p. 90-95). MAHFUZ, Edson da Cunha. Reflexão sobre a arquitetura da forma pertinente. In: LARA, F. & MARQUES, S. (Org.). Projetar desafios e conquistas da pesquisa e do ensino. Rio de Janeiro; EVC, 2003. MALARD, Maria Lucia. As aparências em arquitetura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2006. MARAGNO, G. V.; COCH, H.. Análise ambiental de estratégias projetuais: um elo entre ciência ambiental e estética. In: Projetar: Processos de projeto: teorias e práticas, 5., 2011, Belo Horizonte. MENEZES, Tainá Marçal dos Santos. Tem gente ai! Diversidade Tipológica em projeto arquitetônico para os moradores da Vila da Barca. (Belém - PA), 2012. 126 f. Trabalho Final de Graduação de Arquitetura e Urbanismo – Universidade Federal do Pará. Belém, 2012. MENEZES, T. M. S.; PERDIGÃO, A. K. A. V.. Modo de habitar amazônico em sistemas: Aproximações com o tipo palafita. In: Projetar: O Projeto como Instrumento para a Materialização da Arquitetura: ensino, pesquisa e prática, 6., 2013, Salvador. PAES, T. H. S. L.. Contribuições para minimização de impacto negativo gerado por intervenções de urbanização em áreas de ocupação irregular: Estudo de caso em Belém/PA. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Pará, Belém, 2011. PERDIGÃO, Ana Klaudia de A. V. e COSTA, Solange. M. G.. Interpretações sobre a casa para produção de moradia. In: SANTANA, Joana V.; HOLANDA, Anna Carolina G.; MOURA, Aldebaran (Orgs.). A questão da habitação em municípios Periurbanos na Amazônia. Belém: Edufpa, 2012. PERDIGÃO, Ana Klaudia de Almeida Viana. A Dimensão Afetiva da Arquitetura de Espaços Habitacionais. São Paulo, Universidade de São Paulo, 2005 (Tese de Doutorado). PERDIGAO, A. K. A. V.. Investigações sobre a interação entre ser humano e ambiente construído pelo projeto de arquitetura. In: II Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo - Teorias e práticas na Arquitetura e na Cidade Contemporâneas, 2012, Natal. II ENANPARQ, 2012. REIS, Antônio Tarcísio. Repertório, análise e síntese: uma introdução ao projeto arquitetônico. Porto Alegre: Ed. Da UFRGS, 2002. SILVA, Mônica Nazaré Espírito Santo da. Investigação projetual em habitação social: O caso “Vila da Barca” (Belém-PA)", 2013. Dissertação (Arquitetura e Urbanismo) - Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Pará, Belém, 2013, 130p. SAMPAIO, T.G. Estudo de Tipologias habitacionais amazônicas com análise ambiental para fins projetuais. Belém: UFPA, 2013. Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade federal do Pará. Urbanização de Favelas: a experiência do PAC – Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Habitação. Brasília, 2010.

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DIFICULDADES

As principais dificuldades encontradas foram ligadas a reunião dos dados para caracterização da área de estudo, levando em conta as informações oficiais repassadas pela executora do Projeto, pois os dados muitas vezes quando confrontados apresentaram informações divergentes, tornando trabalhoso chegar aos resultados oficiais. A localização da área de estudo distante do centro de Belém, levou a seguir um cronograma combinado com toda a equipe e a consolidação dos dados foi realizada apenas no final. PARECER DO ORIENTADOR:

A bolsista demonstra muita vontade de aprender e seguir estudos com a temática habitação social. Demonstrou pensamento crítico e agilidade para coleta e tratamento de dados, inclusive foi muito importante na elaboração do banco da pesquisa em vias de finalização com a qual está vinculada. O que justifica minha pretensão de continuar a orientá-la nas demais etapas acadêmicas a serem cumpridas até o final de 2015, quando defenderá seu Trabalho de Conclusão de Curso.

DATA: 10/ 08 /2015

ASSINATURA DO ORIENTADOR

Rosineide Pinho Trindade ASSINATURA DO ALUNO

INFORMAÇÕES ADICIONAIS: Em caso de aluno concluinte, informar o destino do mesmo após a graduação. Informar também em caso de alunos que seguem para pós-graduação, o nome do curso e da instituição.

A aluna intenciona se submeter ao processo Seletivo do Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) da Universidade federal do Pará em 2016.

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FICHA DE AVALIAÇÃO DE RELATÓRIO DE BOLSA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

O AVALIADOR DEVE COMENTAR, DE FORMA RESUMIDA, OS SEGUINTES ASPECTOS DO RELATÓRIO :

1. O projeto vem se desenvolvendo segundo a proposta aprovada? Se ocorreram mudanças

significativas, elas foram justificadas? 2. A metodologia está de acordo com o Plano de Trabalho? 3. Os resultados obtidos até o presente são relevantes e estão de acordo com os objetivos

propostos? 4. O plano de atividades originou publicações com a participação do bolsista? Comentar sobre

a qualidade e a quantidade da publicação. Caso não tenha sido gerada nenhuma, os resultados obtidos são recomendados para publicação? Em que tipo de veículo?

5. Comente outros aspectos que considera relevantes no relatório 6. Parecer Final:

Aprovado ( ) Aprovado com restrições ( ) (especificar se são mandatórias ou recomendações) Reprovado ( )

7. Qualidade do relatório apresentado: (nota 0 a 5) _____________ Atribuir conceito ao relatório do bolsista considerando a proposta de plano, o desenvolvimento das atividades, os resultados obtidos e a apresentação do relatório.

Data : _____/____/_____.

________________________________________________ Assinatura do(a) Avaliador(a

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