Relatório n°01 - EXTRAÇÃO DA PIPERINA DA PIMENTA
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LICENCIATURA EM QUÍMICA – 6º PERÍODO
Aula Experimental
N°01 – Isolamento do
Alcaloide Piperina da
Pimenta do Reino
Ana Carla Ferreira Costa José Ricardo Loiola
Raquel Maria de Campos
BARBACENA / NOVEMBRO DE 2012
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OBJETIVOS
Extrair da pimenta do reino um de seus principais alcaloides, a piperina, através do
método de extração isolada conhecido como Soxhlet.
RESUMO
Esta prática demonstra o processo de extração alcoólica de uma substância orgânica
chamada piperina, encontrada na pimenta do reino.
Tendo em vista a concentração teórica possível, foi utilizada uma prática que visava a
extração através do Soxhlet com álcool etílico 95,0% funcionando como solvente extrator.
Após o procedimento de evaporação do extrato, filtração e neutralização dos contaminantes,
foi refeita uma nova filtração e cristalização da substância desejada.
E por fim o cálculo da concentração da piperina através da pesagem do material
filtrado resultou numa porcentagem de 1,21% na pimenta analisada.
INTRODUÇÃO
A extração por solvente é, em geral, usada em análise para se separar um soluto(s) de
interesse de substâncias que interfiram na análise quantitativa final do material; algumas
vezes os solutos interferentes são extraídos seletivamente. É também é usada para concentrar
uma espécie que, na solução aquosa, esteja muito diluída para ser analisada.
A extração pode ser efetuada em operação por batelada ou contínua. A extração por
batelada é a mais simples e mais amplamente usada, sempre que um grande quociente de
distribuição para a separação desejada possa ser prontamente obtido. Um pequeno número de
extrações por batelada remove rapidamente, e de maneira completa, o componente desejado.
Essas podem ser efetuadas em um funil de separação simples. Quando a razão da distribuição
é baixa, devem-se usar métodos contínuos de extração, que empregam um fluxo contínuo do
solvente imiscível através das soluções (BASSETT et al, 1981).
Extração sob refluxo
Nesse processo o material vegetal é colocado em contato com um solvente em
ebulição num recipiente fechado acoplado a um condensador. O condensador garante que os
vapores do solvente sejam condensados e voltem a entrar em contato com a solução,
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assegurando assim o reaproveitamento deste. Porém não se pode deixar de atentar para a
instabilidade térmica de algumas substâncias.
Extração em aparelho de Soxhlet
Nessa técnica de extração o material vegetal entra em contato com o solvente
renovado em cada ciclo da operação, tendo a vantagem de usar menos solvente, uma vez que
o mesmo é reaproveitado. Outra vantagem é a rapidez proporcionada pelo aquecimento e pela
renovação constante do solvente. Porém, assim como em todos os métodos de extração a
quente, deve-se atentar para a termolabilidade de algumas substâncias.
Piperina
A piperina é um alcaloide natural de caráter lipofílico responsável pela sensação
picante da pimenta do reino (piper nigrum) e outras plantas da família Piperaceae, junto com
a chavicina (um isômero da piperina). Tem sido também utilizada em algumas formas de
medicina tradicional e como inseticida. Ela é um inibidor das enzimas hepáticas de
metabolismo de fármacos, denominadas citocromos P450, e por isso, acaba aumentando o
tempo de meia-vida de muitos fármacos, fazendo com que a eliminação deles seja mais lenta,
o que pode levar a quadros de intoxicação. Na pimenta do reino é encontrada na faixa de 6 -
9% referente à massa de pimenta usada para extraí-la.
A variedade de atividades biológicas desempenhadas pela piperina é bastante ampla.
Ela age como amebicida, anticonvulsivante, antidepressiva, antifúngica, anti-inflamatória,
antitumoral, hepatoprotetora, inseticida e protetora do sistema nervoso centralC (FERREIRA
et al, 2012).
MATERIAIS E MÉTODOS
Materiais e Reagentes:
─ Algodão;
─ 10g de pimenta do reino;
─ 150 mL de álcool etílico 95,0%;
─ Balão de fundo redondo;
─ Condensador;
─ Funil simples;
─ Gelo;
─ Mangueiras;
─ Manta aquecedora;
─ Papel de filtro;
─ Pinça;
─ Sohxlet;
─ Solução alcoólica de KOH a 10%.
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Métodos:
1. Pesar 10 g de pimenta do reino em uma balança analítica.
2. Pesar o papel de filtro seco e anotar seu valor.
3. Montar a aparelhagem de Soxhlet adicionando em um cartucho feito de papel de filtro,
10 g de pimenta do reino dentro do sistema.
4. Adicionar no balão de fundo redondo 150 mL de álcool etílico a 95,0 %.
5. Ligar a manta aquecedora e deixar o sistema se aquecendo e em refluxo por
aproximadamente 2 horas (o sistema não deverá perder o solvente extrator).
6. Depois de 2 horas no sistema de Soxhlet, levar a extração obtida ao rotaevaporador
para concentrar a amostra e recuperar o solvente (que nesse caso é o álcool).
7. Adicionar 10 mL de uma solução alcoólica de KOH a 10% para que ocorra a
precipitação dos fenólicos, taninos e outros materiais contaminados do meio, que não é
de interesse obter.
8. Filtrar a amostra para separação dos sais de potássio.
9. Adicionar ao interior do recipiente gelo para que o meio se torne turvo.
10. Levar à geladeira o extrato com gelo e esperar até o dia seguinte.
11. Filtrar a solução obtida com o auxílio do funil e papel de filtro, promovendo a
separação de pequenas partículas amarelas.
12. Secar, à temperatura ambiente, o papel utilizado na filtração.
13. Pesar o papel para fins de comparação com o peso anterior à filtração.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O processo de extração ocorre com um solvente em ebulição (numa aparelhagem
Sohxlet) que retrocede constantemente sobre a matéria prima e arrasta a(s) substância(s) de
interesse, havendo, portanto vários solventes que se adequam a diferentes situações. Na
extração realizada, o álcool etílico (CH3CH2OH) sofreu refluxo por diversas vezes sobre a
pimenta do reino, extraindo a substância alcaloide piperina (Figura 1), juntamente com
taninos e fenólicos, devido a grande
quantidade de grupos hidroxila presentes
em suas cadeias.
A amostra foi filtrada, para
retirada de impurezas, e concentrada em
rotaevaporador. Figura 1 - Estrutura Molecular da Piperina
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Ao ser adicionada a solução de hidróxido de potássio (KOH) dissolvido em álcool
etílico a 10%, promoveu-se a precipitação de taninos e fenólicos (Figuras 2 e 3) 1 através da
formação de sais de potássio insolúveis.
Com a precipitação dos sais de potássio e posterior filtração dos mesmos, à amostra
foi adicionado gelo, tornando o meio turvo. A essa temperatura as moléculas de piperina
começam a se cristalizar, formando um resíduo amarelo, que foi filtrado e secou no próprio
papel da filtração.
A massa de piperina obtida foi de 120,7 mg, chegando a porcentagem de 1,21% em
relação a massa inicial de pimenta do reino. Sabendo que na literatura a concentração usual é
de 6 a 9%, podemos justificar essa diferença por um inconveniente durante a realização do
experimento: duas interrupções provavelmente comprometeram a massa real extraída,
presumindo que houve deterioração ou perda da substância nestes intervalos.
CONCLUSÃO
O experimento se mostrou eficaz, por indicar a presença de piperina na extração, mas
pouco eficiente, tendo em vista que a quantidade final atingida está muito discordante da
esperada para este composto.
1 Os compostos das figuras 2 e 3 foram usados como exemplo para indicar onde ocorrerá a reação e entrada do
íon potássio.
Figura 2 - Hemamelitanino
Pontos de reação
para entrada de K+
Figura 3- Ácido Cafeico
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REFERÊNCIAS
─ BASSET, J; DENNEY, R. C.; JEFFERY, G. H.; MENDHAM, J. Análise Inorgânica
Quantitativa – VOGEL. 4ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara: 1981.
─ Apostila da Disciplina IC357 – Química Orgânica Experimental – UFRRJ.
Seropédica-RJ.
─ FERREIRA, T. N. et al. Piperina, seus Análogos e Derivados: Potencial como
Antiparasitários. Revista Virtual de Química. Vol. 4. Nº 3. Maio/Junho de 2012.
Disponível em: <http://www.uff.br/RVQ/index.php/rvq/article/viewFile/233/245>.
Acessado em 05/11/12.
─ SANTOS, A. J. Extração da piperina de pimenta-do-reino. 49° Congresso Brasileiro
de Química. 2009. Disponível em: <http://www.abq.org.br/cbq/2009/trabalhos/7/7-208-
5853.htm>. Acessado em 05/11/12.