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Assemblé ia Legislativa Estado do Rio Grande Sul RELATÓRIO FINAL DA COMISSÃO ESPECIAL SOBRE O PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO DA MALHA RODOVIÁRIA DO RIO GRANDE DO SUL (BID II) Palácio Farroupilha, agosto de 2007. 1

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Assembléia Legislativa

Estado do Rio Grande Sul

RELATÓRIO FINAL

DA COMISSÃO ESPECIAL SOBRE O PROGRAMA DE

INTEGRAÇÃO DA MALHA RODOVIÁRIA DO RIO GRANDE DO SUL

(BID II)

Palácio Farroupilha, agosto de 2007.

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Composição

Presidente: Alexandre Postal - PMDB

Vice-Presidente: Giovani Cherini - PDT

Relator: Ivar Pavan - PT

Titulares

Fabiano Pereira - PTAlberto Oliveira - PMDB

Adolfo Brito - PPLeila Fetter - PP

Gilmar Sossella - PDTZilá Breitenbach - PSDB

Iradir Pietroski - PTBLuciano Azevedo - PPS

Paulo Borges – DEM

Suplentes

Dionilso Marcon - PTRaul Pont - PT

Edson Brum - PMDBGilberto Capoani - PMDB

Francisco Appio - PPMarco Peixoto - PPKalil Sehbe - PDT

Rossano Gonçalves - PDTPedro Pereira - PSDBCassiá Carpes - PTBCarlos Gomes - PPS

Marquinho Lang - DEM

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INTRODUÇÃO

Ao término de cento e vinte dias de existência da Comissão Especial do

Programa de Integração da malha Rodoviária – BID II, cabe ao relator a tarefa de

sistematizar e tornar públicas as conclusões de um trabalho rico e profícuo.

Na finalização dos trabalhos desta Comissão, não se pode deixar de

agradecer e prestar uma homenagem aos servidores desta Casa que foram

fundamentais para o sucesso do trabalho desta Comissão. Aos servidores da

taquigrafia, da TV Assembléia e da imprensa, e ao Departamento de Comissões

Parlamentares, a Comissão Especial também dedica um reverente agradecimento

em face da dedicação com que realizaram suas tarefas.

A Comissão realizou audiências públicas nas quais compareceram

muitos Prefeitos de Municípios que ainda não contam com o acesso asfáltico, bem

como representantes dos legislativos municipais e representantes de órgãos e

entidades públicas e privadas vinculados ao objeto da Comissão. Esses encontros

serviram para elucidar a situação em que se encontra o BID II e suas

possibilidades de concretização. Ao mesmo tempo, é importante destacar que a

Comissão Especial contou com a participação nas audiências públicas do

Presidente da Comissão dos Municípios sem acesso asfáltico da Famurs, Prefeito

João Davi Goergen.

Destaque-se que a Comissão dos Municípios sem acesso asfáltico da

Famurs surgiu em maio de 2005, numa tentativa de unificar 122 Municípios (na

época) e de elaborar um projeto global para o atendimento dos pequenos

Municípios. O projeto BID II tomou impulso a partir da atuação da Famurs por meio

da Comissão.

Essa Comissão da Famurs fez reuniões em Brasília, no BID, no

Ministério do Planejamento - com o ministro Paulo Bernardo - e também na

Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, onde todos foram favoráveis ao

pleito, mas sempre salientaram, a dificuldade de efetivação em face do

descumprimento pelo Estado das metas fiscais definidas na legislação.

A Comissão também buscou informações sobre os 117 Municípios que

seriam contemplados com asfalto com a contratação do BID II, o que propiciou um

diagnóstico da situação de cada um, o qual será apresentada nas conclusões a

seguir.

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Assim, o resultado do trabalho da Comissão Especial está exposto nas

páginas seguintes que culminam com propostas de encaminhamentos.

O relatório é apresentado com a seguinte estrutura:

I – Palavra do Presidente da Comissão Especial de Programa de

Integração da malha Rodoviária;

II – Palavra do Relator da Comissão Especial;

III – Histórico, composição e estrutura da Comissão Especial;

IV – Audi ências Públicas;

V – Possibilidade de viabilizar o Programa de Integração da Malha

Rodoviária – BID II;

VI – Conclusões e Recomendações;

VII – Anexos ao Relatório:

1. Notas taquigráficas das confer ências e debates

2. Planilhas

3. Mat érias jornalísticas.

I – PALAVRA DO PRESIDENTE DA COMISSÃO ESPECIAL DO PROGRAMA DE

INTEGRAÇÃO DA MALHA RODOVIÁRIA – BID II

Solicitamos a instalação da Comissão Especial da Malha Rodoviária,

ainda no primeiro dia dos trabalhos desta 52º Legislatura, com a intenção de

produzir um grande debate – mostrando as necessidades dos 117 municípios

ainda sem acesso asfáltico do Rio Grande do Sul. Também evidenciamos os

benefícios que os municípios terão ao ser contemplados com Programa BID II ,

bem como a importância da conclusão dos corredores de exportação como a RST-

471 e RST-481.

Acreditamos que partir do momento em que houver ligação asfáltica dos

municípios, o Rio Grande do Sul estará retomando o desenvolvimento harmônico

nas regiões valorizando e incentivando as suas diversidades, com o escoamento

de produção por vias pavimentadas, gerando empregos e renda e garantindo

serviços essenciais à população.

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Nestes 120 dias de trabalho, promovemos reuniões, audiências públicas

com o DAER, com a Secretária Estadual da Fazenda, Secretaria de Infra-Estrutura

e Logística, sempre com a participação de prefeitos, vice-prefeitos, vereadores,

empresários e diversas lideranças dos 117 municípios sem ligação pavimentada.

Em Brasília, obtivemos a garantia de que o Banco Interamericano de

Desenvolvimento tem interesse em conceder financiamento para a execução de

acesso asfáltico para os municípios gaúchos. Os técnicos da instituição

reafirmaram este interesse que já havíamos sido informados pelos diretores do

Banco em Washington, quando estivemos protocolando a Carta Intenção em 2005,

durante o Governo Germano Rigotto.

Queremos agradecer aos colegas deputados membros da comissão,

bem como, todos que colaboraram nestes 120 dias para a realização de todas as

atividades e reafirmar o nosso compromisso e o trabalho incansável.

Continuaremos lutando para a conclusão destes importantes corredores de

exportação, a RST 471 e a RST 481 e continuaremos a nos empenhar ao máximo

para que possamos aprovar o Programa de Integração da Malha Rodoviária do RS

– BID II, e assim termos todos os municípios do Rio Grande do Sul com acesso

asfáltico e capacidade de desenvolvimento sustentável.

Em agosto de 2007.

Dep. Alexandre Postal

II – PALAVRA DO RELATOR DA COMISSÃO ESPECIAL DO PROGRAMA DE

INTEGRAÇÃO DA MALHA RODOVIÁRIA – BID II

Na audiência com o Secretário de Estado da Fazenda, em 10/05/2007,

mencionei – o deputado Alexandre Postal é testemunha – que eu, como muitos

outros parlamentares presentes e também prefeitos, sei da importância que tem o

asfalto e da experiência de viver numa cidade sem asfalto.

Lembro que, quando morava em Aratiba, minha cidade natal, ao chegar

à Capital, se me perguntassem se havia asfalto, pelo fato de responder não eu

quase me sentia como um cidadão de segunda categoria. Morar numa cidade que

não possui nenhum acesso asfáltico é uma situação extremamente difícil, além da

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limitação que isso significa para o desenvolvimento, em decorrência do

encarecimento nos custos de transporte e do isolamento do Município. Assim, o

acesso asfáltico além de propiciar o desenvolvimento econômico contribui para

elevar a auto-estima do cidadão.

Então, é bastante compreensível e louvável a mobilização dos prefeitos

e a presença nas audiências públicas da Comissão Especial na busca de

respostas para seus anseios.

Todavia, o trabalho da Comissão Especial, infelizmente, não trouxe

todas as respostas que desejávamos e as soluções que pretendíamos viabilizar, ou

seja, de que fosse efetivado o empréstimo com o BID para a conclusão de

importantes corredores de exportação e do acesso asfáltico aos Municípios que

ainda não têm.

O Secretário de Estado da Fazenda falou muito em equilíbrio entre

dívida e receita a partir dos gastos. Rapidamente, também citou a questão

referente à melhoria do perfil da receita. Também citou que as dificuldades

financeiras do Estado vêm de longa data e que não há soluções mágicas. Ao que

sabemos, o Rio Grande enfrenta uma crise estrutural marcada pelo desequilíbrio

entre receita e despesa desde 1970.

Em relação à crise, é importante destacar que a Bancada do PT na

Assembléia Legislativa sempre denunciou que um dos fatores responsáveis pelo

estrangulamento das finanças públicas é a dívida do Estado com a União. O

acordo assinado em 1998 comprometeu o tesouro estadual com repasses anuais

de 13% da receita corrente líquida para os cofres federais. O impacto desta

negociação no caixa gaúcho até hoje não se dissipou. Antes do acordo, os

recursos destinados para o pagamento da dívida atingiam, no máximo, 6% da

receita corrente líquida. Portanto, a partir dessa operação a dívida pública passou

a ser um grave problema para os investimentos do Estado.

Também sabemos que, salvo uma improvável mudança na Lei de

Responsabilidade Fiscal, a renegociação da dívida só é possível por meio de

recursos internacionais, proporcionados por instituições como o Banco Mundial,

que têm programas de renegociação de dívidas, que podem permitir uma redução

do fluxo de pagamentos.

Não obstante, o ajuste fiscal não pode ficar restrito a um radical corte de

gastos da máquina pública, que faz sucumbir a prestação dos serviços públicos. O

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Estado deve garantir a prestação de serviços públicos de qualidade e o

acompanhamento dos gastos por meio de mecanismos de controle social diretos.

As ações governamentais devem estar voltadas ao incremento da

receita, o qual deve pautar-se pelo combate à sonegação, através do

fortalecimento da Administração Tributária. Também deve ser revista a política de

benefícios fiscais para buscar o equilíbrio das contas ampliando a receita e não

prejudicando os serviços públicos essenciais. Para o incremento da arrecadação

também pode contribuir a Reforma Tributária federal, que deverá beneficiar o Rio

Grande do Sul, acabando com a Guerra Fiscal.

A Comissão Especial teve o mérito de elucidar vários aspectos

envolvendo o Programa de Integração da malha Rodoviária – BID II.

Gostaríamos de deixar uma mensagem positiva no sentido de que a

mobilização das comunidades em prol de seus pleitos não deve arrefecer. O Poder

Legislativo continuará acompanhando o assunto e sendo parceiro para as

reivindicações justas e que visam a buscar recursos para ampliar investimentos e

garantir acesso asfáltico a todos os gaúchos.

Em agosto de 2007.

Dep. Ivar Pavan

III – HISTÓRICO, COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA DA COMISSÃO ESPECIAL

A Comissão Especial sobre o Programa de Integração da Malha

Rodoviária do Rio Grande do Sul (BID II) foi proposta por meio do Requerimento

RCE nº 02/2007 aprovado, na Sessão Plenária da Assembléia Legislativa de 21 de

março de 2007.

O requerimento de constituição da Comissão Especial foi proposto pelo

Deputado Alexandre Postal, tendo sido aprovado por unanimidade em Plenário.

O texto da proposta, na íntegra, é o seguinte:

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“Porto Alegre, 01 de fevereiro de 2007.

Senhor Presidente,

O Deputado que este subscreve, vem respeitosamente, com

fundamento no Artigo 79 e seguintes, do regimento Interno da Assembléia

Legislativa, requerer a criação de uma COMISSÃO ESPECIAL para

acompanhar a solicitação do Governo do Estado do “Programa de

Integração da Malha Rodoviária do Rio Grande do Sul” (BID II).

A relevância da matéria está fundamentada na Carta-Consulta

encaminhada pelo Governo do Estado à SEAIN/COFIEX (Secretaria de

Assuntos Internacionais/Comissão de Financiamentos Externos), órgãos

ligados ao Ministério do Planejamento, em agosto de 2005, solicitando o

aval da união para obtenção de financiamento de US$ 300 milhões, junto

ao BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento e JBIC – Banco do

Japão para Cooperação Internacional. A devida solicitação vem

tramitando, desde então, junto ao Governo Federal, e ainda não obteve a

autorização solicitada.

Na proposta apresentado pelo Estado do Rio Grande do Sul, o

programa tem objetivo de promover uma melhor integração da malha

rodoviária por meio da complementação das obras dos corredores de

exportação iniciados no Programa BID I, e da pavimentação de acessos

municipais a cidades que não possuam nenhuma ligação pavimentada.

Esta integração vai contribuir para a redução dos custos de transporte do

Estado e melhorar significativamente a acessibilidade em todo o seu

território, além de minimizar desigualdades sociais ainda existentes.

A importância para a sociedade gaúcha do andamento de uma

proposta com tal interesse fundamenta-se no expressivo número de

municípios onde as ligações são feitas a partir de rodovias não-

pavimentadas que, principalmente durante a época das chuvas, tem

dificuldades para deslocar-se até as rodovias integrantes da malha

rodoviária do estado. Essas dificuldades nos acessos rodoviários criam

problemas sociais significativos às populações em geral e, particularmente,

às que procuram outros centros, tornando mais difícil o acesso a escolas,

hospitais e trabalho. As empresas de ônibus com linhas intermunicipais

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têm dificuldades de aumentar a oferta de horários em função das

condições das rodovias, o que prejudica o deslocamento das pessoas.

São Objetivos da Comissão:

a) acompanhar o andamento da solicitação junto ao Governo

Estadual e Federal e Congresso Nacional;

b) buscar alternativas para a agilização e liberação do crédito;

c) buscar apoio de entidades como a FAMURS (Federação dos

Municípios do Rio Grande do Sul), SICEPOT/RS (Sindicato da

Indústria da Construção de Estradas , Pavimentação e Obras de

Terraplanagem em Geral do Estado do RS), SETCERGS

(Sindicato das Empresas Transportadoras de Cargas do Estado

do RS), FIERGS (Federação das Industrias do Estado do RS), e

Associação dos Municípios sem Ligação Asfáltica;

d) manter contato com os organismos internacionais fomentadores

do programa anterior – BID (Banco Interamericano de

Desenvolvimento) e JBIC (Banco do Japão para Cooperação

Internacional), bem como outras entidades fomentadoras de

crédito;

e) analisar a proposta encaminhada pelo Governo do Estado, bem

como os critérios estabelecidos para a execução do Programa de

Integração da Malha Rodoviária do Rio Grande do Sul.

Roteiro dos trabalhos:

a) instalação da comissão;

b) reunião com as entidades interessadas e Associação dos

Municípios sem Acesso Asfáltico, ligada a FAMURS, para definir

cronograma de trabalho;

c) audiência com prefeitos dos municípios sem ligação asfáltica;

d) reunião com integrantes do Poder Executivo Estadual para

discussão da matéria;

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e) reunião com integrantes do Poder Executivo Federal e Bancada

Gaúcha no Congresso Nacional;

f) reunião com integrantes do BID e JBIC;

g) relatório final.

Com isso, senhor presidente, pedimos deferimento para instalação da

referida Comissão Especial, convencidos da importância que o Programa

da Integração da Malha Rodoviária possui para o desenvolvimento

econômico e social do nosso Estado.

JUSTIFICATIVA

A solicitação ora proposta justifica-se pela importância que o

desenvolvimento de um programa de pavimentação como este traria para

o Rio Grande do Sul. Com a conclusão de alguns trechos do Programa

BID I, podemos perceber o desenvolvimento e crescimento no entorno das

regiões atendidas. A diminuição dos custos de transporte e a possibilidade

de atrair novos investimentos reanimou regiões antes desestimuladas, que

passaram a incrementar a economia do Estado. Por isso, é relevante a

finalização de rodovias como a RST 471 e RST 481, importantes

corredores de exportação, que tornarão nossos produtos mais

competitivos e facilitarão o acesso ao Porto de Rio Grande, local por onde

nossos produtos são enviados aos mercados consumidores.

Outro aspecto de extrema importância econômica e social é a ligação

asfáltica de aproximadamente 115 municípios que ainda não a possuem.

Cientes da atual realidade financeira do Estado, necessitamos nos

empenhar ao máximo para que possamos aprovar o referido “Programa de

Integração da Malha Rodoviária do RS – BID II”, e assim concretizar o

sonho e transformar a realidade das referidas comunidades. Com isso,

torna-se imprescindível o acompanhamento do Poder Legislativo a esta

matéria de extrema importância para a economia e a população do nosso

Estado. Pela experiência que tivemos à frente da Secretaria de Estado dos

Transportes do RS, nos anos de 2004, 2005 e 2006, sabemos que é

necessário unir esforços para que esta iniciativa se torne realidade e

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consigamos atingir o objetivo do programa. Necessitamos resolver os

impasses existentes e conscientizar o Governo Federal da importância que

esse projeto tem para o Rio Grande do Sul e quanto positivo será para o

Brasil.”

Por tratar-se de Comissão Especial, o Regimento Interno da assembléia

Legislativa (art. 79 à 82) prevê que o prazo de duração é de 120 dias contados da

instalação do órgão, improrrogáveis, dentro dos quais deve ser apresentado o

relatório final. O relatório deve apresentar conclusões com vista a regular a matéria

analisada, podendo propor projeto de lei, de resolução, ou de decreto legislativo,

ou propor o encaminhamento de sugestões ao órgão competente.

Em 03 de abril de 2007 a Comissão foi instalada em cerimônia presidida

pelo Senhor Presidente desta Casa Legislativa. Na mesma oportunidade, foram

eleitos por unanimidade e empossados o Presidente da Comissão, Deputado

Alexandre Postal, o Vice-Presidente, Deputado Giovani Cherini, e como Relator o

Deputado Ivar Pavan.

A partir de sua instalação, a Comissão Especial passou a funcionar

realizando reuniões ordinárias dos Deputados-membros e audiências públicas com

a presença de convidados que proferiram palestras e participaram de debates

sobre os temas apresentados.

Por meio do RDI 77/2007 foi requerida a suspensão dos trabalhos da

Comissão Especial do Programa de Integração da Malha Rodoviária - BID II -

durante o período do recesso parlamentar. O requerimento foi aprovado em

Plenário em 12/07/2007.

Os trabalhos da Comissão contaram com a colaboração inestimável de

Simone da Rosa Zuliani na secretaria, de Marcos Adriano Schleintvein

na função de coordenador geral e das assessorias dos Deputados membros deste

órgão técnico.

A primeira reunião da Comissão ocorreu em 12 de abril, na qual o

Senhor Presidente anunciou a abertura dos trabalhos da Comissão e fez uma

explanação sobre as ações a serem tomadas, tais como, envio de ofícios

reportando à instalação da Comissão, sua duração e seu objeto.

Também foi apresentada a proposta de Roteiro de Trabalho da

Comissão e salientada a importância de convidar para participar de Reuniões,

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solicitando colaboração, diversos órgãos e instituições, entre eles, Governo

Federal, Ministério do Planejamento, Ministério da Fazenda, Governos Estaduais,

Secretarias Estaduais de Infra-Estrutura e Secretarias Estaduais do Planejamento,

Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs),

Secretarias Municipais, Prefeituras do Estado do Rio Grande do Sul que não

tenham acesso asfáltico, bem como Associações dos respectivos municípios que

participem desse processo, Sindicato das Indústrias da Construção Pesada do

Estado do Rio Grande do Sul (SICEPOT), Sindicato das Empresas

Transportadoras de Carga do Estado (SETCERGS) e demais órgãos e entidades

vinculados ao objeto da Comissão, bem como emissão de convites a outras

autoridades, a cargo da Presidência da Comissão.

Na mesma reunião foi levantada a importância de buscar informações

sobre quantos quilômetros de rodovias foram asfaltados no Rio Grande do Sul por

meio do Programa BID I, do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Neste

sentido, foi aprovado o convite ao Diretor-Geral do DAER (Departamento Estadual

de Estradas de Rodagem), para que prestasse esclarecimentos sobre o Programa

de Integração da Malha Rodoviária BID I. O Presidente propôs o encaminhamento

de pedido de informações a todos os municípios do Estado, que por intermédio das

respectivas Câmaras Municipais e das Prefeituras, poderão dizer quais os acessos

são mais importantes para o Município, quantos quilômetros esses acessos

possuem e quantos ainda faltam ser pavimentados. Também foi encaminhada a

busca de informações junto aos trabalhos desenvolvidos na Assembléia Legislativa

pela Comissão de Representação Externa que abordou assuntos pertinentes à

integração da Malha Rodoviária em 2006.

Dando encaminhamento às resoluções tomadas na reunião da

Comissão, a presidência oficiou todos os órgãos e entidades pertinentes para que

colaborassem com o objeto da Comissão.

Buscou-se o desarquivamento do expediente nº. 20961-01.00/06-4 que

originou a Comissão de Representação Externa para tratar de Assuntos

relacionados ao empréstimo junto ao BID – Banco Interamericano de

Desenvolvimento, para conclusão das obras asfálticas de corredores de

exportação, como a RST-471 e RST-481, além de acesso asfáltico para 122

Municípios do Estado, cuja cópia encontra-se no expediente da presente Comissão

Especial constituída pela aprovação do RCE nº 06/06.

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Verifica-se que o relatório final da Comissão apontou a realização de

uma audiência em Brasília com o Secretário Nacional de Assuntos Internacionais

do Ministério do Planejamento, José Carlos Miranda, da qual participaram o Dep.

Adolfo Brito, acompanhado dos Deputados Federais Henrique Fontana e Beto

Albuquerque, além do diretor de Assuntos Internacionais da então Secretaria da

Coordenação e Planejamento. Os principais pontos discutidos e sistematizados

apontaram que não havia como avançar na preparação do projeto da Carta

Consulta para o BID II porque o Estado do Rio Grande do Sul não atendia os

limites de endividamento previstos nas Resoluções do Senado nº 40 e 43. A

capacidade de pagamento do Estado estaria na categoria “D”, conforme

metodologia de cálculo disposta na Portaria nº 89, do Ministério da Fazenda,

segundo a qual a média do resultado primário do Estado dos últimos cinco anos

deveria ser superior ao encargo da dívida.

Na oportunidade da audiência o Secretário José Carlos Miranda

ponderou que a melhor modalidade de operação deveria ser um programa com

enfoque setorial amplo (SWAP- Sector Wide Approaches), no qual os desembolsos

de recursos do empréstimo poderiam ser feitos contra a demonstração pelo Estado

de despesas em projetos próprios, como por exemplo, na expansão e recuperação

da malha rodoviária. O governo Federal já realiza essa operação em seus

contratos, na modalidade CREMA.

As conclusões da Comissão de Representação Externa foram

encaminhadas ao governador Germano Rigotto com o relato dos principais pontos

abordados na reunião em Brasília e com sugestão para que o Estado encontrasse

caminhos que viabilizassem a conclusão das obras viárias importantes para o

Estado bem como o acesso asfáltico aos Municípios que ainda não possuem.

Dando seguimento as resoluções tomadas na Comissão, a Presidência

encaminhou um questionário a todos os 117 Municípios sem ligação asfáltica, com

as seguintes indagações:

1) Quantos quilômetros de rodovia não pavimentada possui o acesso ao

seu município?

2 ) Nos últimos 03 anos foram realizadas obras nesse trecho? Quantos

quilômetros foram asfaltados?

3) Qual a denominação dessa rodovia? (ex. RS... ou RST... ou AM...)

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4) O município tem disposição de estabelecer alguma parceria com o

Governo do Estado para o desenvolvimento desse projeto?

A grande maioria dos Municípios consultados respondeu aos

questionamentos propostos. As respostas foram todas tabuladas pela assessoria

da Comissão, o que permitiu um amplo diagnóstico da situação em que se

encontram, conforme pode-se observar nas planilhas que acompanham o presente

relatório em forma de anexos. Da análise das respostas, pode-se constatar que:

1) em relação aos quilômetros de rodovia não pavimentada, verifica-se

que:

a) de 1 a 5 Km: 06 Municípios;

b) de 5,1 a 10 km: 29 Municípios;

c) de 10, 1 a 15 km: 18 Municípios;

d) de 15,1 a 20 km: 16 Municípios;

e) de 20,1 a 25 km: 12 Municípios;

f) acima de 25 km: 26 Municípios.

2) com relação à realização de obras no trecho sem asfalto nos últimos

três anos, a maioria respondeu negativamente, dos que responderam

positivamente, com exceção de um – Amaral Ferrador -, as obras foram de

pequena extensão;

3) dos Municípios consultados, 76 manifestaram-se favoravelmente à

disposição de realizar parcerias, enquanto 11 responderam que não fariam

parcerias. Outros Municípios não responderam à consulta ou afirmaram que

necessitariam estudar a possibilidade de parcerias.

Vale referir que ainda durante o período de atividade da Comissão

Especial, no início de julho do corrente ano, o Presidente realizou um encontro

com o Sub-representante no Brasil do Banco Interamericano de Desenvolvimento

(BID), no qual obteve a confirmação da disposição da instituição em conceder

financiamento para a execução dos acessos asfálticos a Municípios rio-

grandenses.

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Também anexa-se ao presente relatório uma planilha elaborada pela

assessoria da Comissão Especial que apresenta os principais dados sobre cada

Município sem acesso asfáltico. A planilha mostra os números referentes à

população, PIB total, PIB per capita, índice de crescimento anual do PIB, valor

agregado da agropecuária, da indústria, dos serviços, e os respectivos percentuais

desses índices em relação aos próprios Municípios e ao Estado. Observa-se que

os Municípios têm população de menos de 10 mil habitantes – com exceção de

Dom Feliciano que tem 14.526 – e que sua principal atividade econômica é a

agricultura.

IV – AUDIÊNCIAS PÚBLICAS

Seguindo as resoluções adotadas no âmbito da Comissão Especial,

foram realizadas audiências públicas para colher informações e debater o tema.

As audiências foram prestigiadas por deputados estaduais, por Prefeitos

Municipais, vereadores, secretários de Estado, dirigentes de entidades da

administração indireta do Estado, assessores parlamentares, por representantes

de entidades da sociedade civil e público em geral.

A nominata completa das autoridades, instituições e cidadãos que

acompanharam os eventos se encontra no expediente administrativo da Comissão

Especial de Programa de Integração da Malha Rodoviária e na transcrição das

audiências que se encontra em anexo.

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Audiência com o diretor do BID em Brasília.

Para um panorama dos temas tratados e da riqueza das exposições que

ocorreram na Comissão, apresenta-se um resumo das audiências realizadas, por

ordem cronológica.

A primeira audiência, realizada em 03 de maio do corrente ano teve

como convidada a Sra. Lia Cateri Rech Martinazzo, engenheira do Departamento

Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer) e Coordenadora do BID I. Depois, em

10 de maio, foi ouvido o Secretario de Estado da Fazenda, Sr. Aod Cunha. Por

último, a Comissão ouviu o Secretário de Estado de Infraestrutura e Logística, Sr.

Daniel Andrade.

03/05/2007 – Lia Cateri Rech Martinazzo

O convite ao DAER para a reunião foi para ouvir uma abordagem do que

foi o BID I, qual seu entendimento sobre este programa e quais as conseqüências

do trabalho que foi executado até os dias de hoje, bem como a situação em que se

encontra o programa. Os deputados integrantes da comissão desejavam ter um

panorama do que foi esse programa para que pudessem entender melhor o objeto

do BID II, que é o trabalho desta comissão.

A convidada propôs-se a passar o conhecimento do que foi o BID I, por

ela classificado como “um programa muito importante e pioneiro no Estado”,

estando à disposição para trabalhar pelo BID II.

Então, passou a dar um panorama sobre o BID I, o qual transcrevemos

a seguir em face da riqueza das informações transmitidas.

“O Programa BID I foi assinado com dois organismos financiadores. Nós

o chamamos de BID porque foi o principal organismo financiador, mas, na

verdade, ele é o Programa de Pavimentação Rodoviária do Estado do Rio

Grande do Sul – PPR-RS. O contrato com o BID foi assinado em julho de

1997, estando já em andamento, com o Estado e o BID aportando recursos.

Posteriormente, foi assinado um contrato com o Banco J. Bic, em junho de

2000.

Os prazos do programa eram de cinco anos. Não conseguimos concluí-

lo no prazo previsto. Foram necessárias três prorrogações. De acordo com a

primeira, passou de 2002 para 2004. Na segunda, de 2004 para 2005, e na

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última, a que chamamos prorrogação por recursos comprometidos, todos os

contratos já haviam sido assinados, mas não haviam sido concluídos. Então,

passamos de um programa de cinco anos para outro de nove anos.

O programa era de 300 milhões de dólares, sendo 150 milhões de

dólares aportados pelo BID, 75 milhões de dólares pelo Banco J. BIC e 75

milhões de dólares pelo Estado.

O aporte do BID terminou em 20 de julho de 2006. Nessa data,

passamos de 300 milhões de dólares para 320 milhões de dólares. O

excedente, os 20 milhões de dólares, foi passado para aporte do Estado.

A meta inicial era a construção de 800 quilômetros de rodovia. O

programa não era só de construção. Ele tinha outros componentes, que eram

a engenharia e administração, que englobavam toda a parte de execução de

projetos, supervisão de obras e o acompanhamento do programa, que

chamamos de gerenciamento do programa, uma parte de mitigação

ambiental, que é fundamental para conquistarmos qualquer programa, o

fortalecimento institucional e gastos financeiros.

O componente de custos diretos, que chamamos de obras, é o mais

pesado, representando de 85% a 90% do valor total do programa. Os custos

diretos eram previstos no contrato como sendo de 800 quilômetros de

rodovias, que foram caracterizados, principalmente, por dois corredores: o

corredor da RS-377 e o corredor da RS-471. O corredor da RS-377 liga

Quaraí a Jóia, Augusto Pestana. O corredor da RS-471 vem desde Passo

Fundo, da RS-324, passando por Soledade e pára na RS-392, em Vera Cruz,

Santa Cruz, Pantano Grande, Rio Camaquã e Canguçu.

Em meados de 2002, em função da valorização do dólar com relação ao

real, conseguimos, com os mesmos 300 milhões de dólares, executar ao

invés de 800 quilômetros de rodovia, 950 quilômetros de rodovia. Foi onde

entrou toda a parte de custos diretos, toda a parte da extensão do programa,

todos os corredores. Infelizmente, com a desvalorização, com a depreciação

cambial, tivemos que reduzir as obras. Não conseguiríamos executar, com os

mesmos 300 milhões de reais, os 950 quilômetros de rodovias. Foi feita uma

renegociação com o banco e foram retirados aproximadamente 250

quilômetros. Ficamos apenas com 709 quilômetros. Nessa renegociação foi

retirado o corredor da RS-471 porque, aquela altura, esse era o corredor

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que necessitava de mais aporte de recursos, pois tinha começado

posteriormente, e que necessitaria um prazo maior. O banco não tinha

como fazer uma outra prorrogação. Então, optou-se por ficar com o

corredor da RS-377. Hoje, em termos de corredor, podemos dizer que ele

está concluído, faltando apenas o contorno de Santiago. O aporte do banco

foi todo feito. O banco exige sempre um relatório anual de auditoria. Já foi

entregue o último relatório, precisando agora só ser entregue o de

recebimento das obras para que ele seja dado como concluído.

Foi feita uma reunião de avaliação dos programas. No final de cada

programa, o banco faz essa avaliação com uma equipe de Washington, e

chegou-nos a informação que a reunião foi muito boa. Foi dado os parabéns

para todos os envolvidos com o programa e para todo o Estado, pelo êxito do

programa e por ter atingido os objetivos.

Na parte de obras, que é a principal, em relação ao meio ambiente

tivemos muito êxito com o banco, ele valoriza muito essa área. Foi realizado

um acompanhamento ambiental junto ao projeto na RS-471. Esse foi um

projeto pioneiro no Estado, pois foi executado com a equipe de meio

ambiente junto e não depois.

Com relação ao fortalecimento institucional, conseguimos fazer centros

de pesquisa, equipar equipes, e contar com equipamentos.

(...)

O cenário hoje é que continuamos tendo que aportar recursos do

Estado em torno de 14 milhões. Sendo que desse valor, 3 milhões nós temos

fatura, estamos na fila para pagar, e 11 milhões teriam que ser de produção,

que fica no contorno de Santiago.

Dos 800 quilômetros do programa, passamos para 950 e depois

voltamos para 709 quilômetros. O corredor principal da RS-377, o da RS-

471, o que ligava o planalto do Rio Grande ao porto, não conseguimos

concluir. É interessante, porque esse corredor da RS-471 desvia todo o

tráfego da região metropolitana, reduzindo por volta de 100 quilômetros

o trecho a ser percorrido.” (grifamos)

A Sra. Lia Martinazzo também explicou que a demora na conclusão do

projeto, que passou de cinco para nove anos, deveu-se a problemas em licitações

19

de obras e a ações judiciais sobre esses procedimentos. Também teriam ocorrido

alguns impasses com o Banco e suas exigências, os quais foram solucionados

com negociações.

Os Deputados presente fizeram questionamentos à convidada, muitos

dos quais ressaltando as rodovias que necessitam de obras para sua conclusão.

Na oportunidade foi bastante salientada a urgência na conclusão dos dois

corredores de exportação, quais sejam a RST 471 e a 481 e que são objeto do

projeto BID II. Em relação aos acessos asfálticos dos Municípios foi salientado que

o Banco tem interesse em realizar o financiamento para tal finalidade em vista da

função social que envolve essa demanda.

Foi salientado ainda que a falta de capacidade do Estado de contrair

esse empréstimo do BID II é uma questão técnica, mas também teria componente

político. Foi citado exemplos de que o Estado do Maranhão e a Prefeitura

Municipal de São Paulo também não teriam condições de endividamento, mas que

conseguiram autorização para contrair empréstimos externos.

10/05/2007 – Aod Cunha – Secretário da Fazenda

A intenção do convite ao Secretário da Fazenda foi a de receber

informações sobre os contatos recentemente realizados junto ao Banco Mundial

(Bird) e ao Banco Interamericano (BID), cujo objetivo é alcançar novos

financiamentos internacionais.

O Secretário explicou que quando foi presidente da FEE houve a

elaboração de um estudo pela Fundação relacionado à competitividade dos

Estados. O estudo verificou que o Rio Grande do Sul ocupa boa posição em

20

Audiência Pública com a Eng. Lia Martinazzo, representante do DAER.

diferentes indicadores, como o da qualidade da mão-de-obra e o da área de

pesquisa e inovação –, mas tem problema relativo à área de infra-estrutura.

Enfatizou: “mais do que isso: quando analisamos os diferentes indicadores de

infra-estrutura, verificamos que temos um problema na nossa malha rodoviária,

relativo a diferentes entroncamentos e ligações asfálticas”. Ressaltou que a

melhoria de nossa malha rodoviária, de nossas ligações rodoviárias, se faz

necessária para a competitividade, para o desenvolvimento do Estado do Rio

Grande do Sul, constituindo-se em um investimento estratégico fundamental no

que diz respeito ao nosso desenvolvimento econômico.

Antes de tratar especificamente da questão do BID II e sobre as

negociações com o Banco Mundial (Bird), o Secretário fez uma exposição sobre a

situação fiscal do Estado e sobre como está sendo enfrentada.

Explicou que a situação fiscal do Estado é grave, e vem se acumulando

“ao longo ao longo de muitos anos, de muitas décadas – há mais de 30 anos. Ela

se deve ao fato de que temos, no Rio Grande do Sul, uma estrutura de gastos

incompatível com a estrutura de receitas do Estado. Isso pode alterar-se, melhorar

um pouco em um ano ou outro, dependendo da performance da nossa atividade

econômica. É, no entanto, um fato, o qual está relacionado com a constituição da

nossa rede de serviços públicos”.

Argumentou que a estrutura de gastos no decorrer do tempo foi se

tornando cada vez mais incompatível com a estrutura de receitas. Além da rede de

serviços constituída, também foi formada uma rede de servidores a qual provoca

nos dias de hoje um gasto com o pagamento da folha de inativos que é o mais alto

em relação ao de todos os outros Estado. Então, sustentou o Secretário que:

“Temos, portanto, uma inequação, ou seja, uma dificuldade de fechar a

estrutura de gastos e receitas. Essa é uma situação que precisa ser resolvida

ao longo dos próximos anos, sob pena de não conseguirmos recuperar uma

capacidade mínima de investimentos.

(...)

O Rio Grande do Sul, hoje, é o Estado que possui maior gasto de

pessoal em relação à sua receita corrente líquida. Temos uma estimativa,

para este ano, mesmo que não concedamos nenhum aumento salarial, de

um gasto, nessa área, de aproximadamente 73% da receita corrente líquida.

Além disso, somos o Estado que apresenta o maior gasto com folha de

21

inativos em relação à sua receita corrente líquida. (...)

Tivemos, nos últimos períodos, o pior resultado orçamentário do País.

Registramos, também, a menor taxa de investimentos em relação à nossa

receita corrente líquida, além do maior passivo financeiro, se nos

compararmos às 27 unidades da Federação.”

Após destacar os esforços que o governo tem feito para equilibrar as

finanças, citando corte de gastos, medidas de arrecadação, não-emissão de

empenhos sem receita para pagá-los, o Secretário fez as seguintes ponderações

sobre o BID II:

“Dentro dessa relação de transparência, e dada a prioridade da

proposta de recuperarmos a capacidade de investimentos do Estado, desde o

início do governo retomamos as tratativas iniciadas no governo anterior no

que diz respeito ao chamado programa BID II. Esse é um programa que

prevê o aporte de 450 milhões de dólares para o Estado, divididos em três

(ininteligível) de 150 milhões de dólares, sendo 300 milhões de dólares

alocados para construção, pavimentação, ligação das malhas rodoviárias

para estradas.

Recuperamos todo esse histórico. Como disse aqui o deputado

Alexandre Postal, o governo passado fez um grande esforço, em diferentes

etapas, junto ao BID, ao Tesouro Nacional e ao Ministério do Planejamento.

Ainda antes do programa apresentado em novembro do ano passado, na

última etapa, em 2005 foi feita uma série de visitas, nas quais o governador

Germano Rigotto também esteve presente. Foram visitas feitas em

Washington e em Brasília; temos datadas todas essas reuniões do nosso

acompanhamento.

Foi apresentado, ainda no ano de 2004, um primeiro projeto. Depois,

houve 2005. A partir da negativa do projeto de 2005, pela Secretaria do

Tesouro Nacional e pelo Ministério do Planejamento, o governo passou a

trabalhar no outro programa, que teve esse formato do BID II.

Essa tramitação depende, sempre, de uma triangulação entre o Estado,

o organismo internacional e a aprovação pelo Tesouro Nacional. Se este

último não dá sua aprovação, independentemente de haver acerto entre o

Estado e o organismo internacional não se pode fazer a operação, porque

22

não se tem autorização, como bem referiu o deputado, para a tomada do

empréstimo.

Nessa última versão, a de novembro, o primeiro passo dado por nós foi

retomar, começar a fazer essas negociações. A todo momento, tanto o

Ministério do Planejamento quanto o Tesouro Nacional nos colocavam a

impossibilidade de que se efetivasse essa operação agora, por conta de duas

variáveis.

A primeira delas é a incapacidade do limite de tomada de crédito

do Estado. O limite hoje existente nos Estados é de uma relação

receita/dívida de um por um, o que coloca praticamente todos os

Estados fora. O que se está fazendo agora, no âmbito do Congresso, por

movimento principalmente de São Paulo, Minas Gerais, Ceará e alguns

outros Estados, é mudar esse limite, passando-o, ao invés de um, para dois.

Ou seja, é uma relação dívida sobre receita para dois.

No caso do Estado do Rio Grande do Sul, estamos com uma

relação de dívida sobre receita ainda de 2,6. Ou seja, mesmo com essa

modificação, não conseguiríamos entrar sob esse critério.

Mas, fizemos toda essa negociação. Colocaram-nos essa

impossibilidade referente ao limite de endividamento e a outros indicadores

fiscais que listei para V. Exas., os quais estavam fora do compasso dos

termos de negociação da dívida entre o Estado com a União, que é um

contrato que é auditado todo ano pela Secretaria do Tesouro Nacional. Essa

manda uma missão para o Estado e, ao verificar essas metas, define novos

indicadores, dá autorização ou não para determinadas operações ou indica

determinados procedimentos para o Estado.” (grifamos)

Diante da negativa da Secretaria do Tesouro Nacional, referiu o

Secretário, que o governo do Estado continuou gestionando juntos aos órgãos

federais, contando com o apoio da Bancada federal do Rio Grande do Sul, e

prosseguiu em uma negociação que já havia iniciado com o Banco Mundial.

Explica que:

“O Bird havia sinalizado uma disposição de alocar um recurso para o

Brasil da ordem de 500 milhões de dólares, para tratar do tema de

23

reestruturação de dívidas. Começamos a avançar um pouco mais nessa

direção, ao mesmo tempo em que mantivemos o nosso interesse no

programa do BID II. No entanto, havia essa vedação total do Tesouro

Nacional, o que nos fez manter reuniões com a ministra Dilma Roussef, com

o ministro Guido Mantega e, antes disso, com o próprio Tesouro Nacional.

Não queríamos ficar embretados por esse impasse.

Como a observação era a de que a nossa grande limitação é o limite de

endividamento e o crescimento da dívida em descompasso com as nossas

receitas, identificamos essa possibilidade no Banco Mundial, ou seja, a da

existência de um recurso para a reestruturação de dívida, mas para todo o

Brasil. Começamos um trabalho gradual, com várias reuniões – tive oito

reuniões com o Banco Mundial –, numa tentativa de convencimento para a

alocação de parte desse recurso para o Estado do Rio Grande do Sul. Afinal,

o próprio Tesouro Nacional estava dizendo que o nosso era o Estado que

estava com maior dificuldade.

Avançamos nisso. Rapidamente o Banco Mundial veio aqui com

técnicos, avaliou nosso programa e reconheceu o esforço fiscal que estamos

fazendo. Estamos há mais de 10 anos sem operações internacionais,

inclusive com o Banco Mundial. E creio que houve esse reconhecimento.

No início de abril, o Bird aceitou constituir uma equipe e alocar recursos

para a preparação de um projeto visando à destinação de recursos de

reestruturação de dívidas. Isso teria, como contrapartida nossa, indicadores

de melhoria do ajustamento fiscal, de performance fiscal, de melhoria da

capacidade de investimento, de modernização da gestão e de

desenvolvimento econômico – ou seja, justamente nos três eixos do governo.

A contrapartida do Estado seria obter metas nas diferentes áreas. Mas

novamente esbarramos no Tesouro Nacional, que continuava mostrando-se

muito resistente.

O Tesouro, nesse momento, mudou um pouco a argumentação, porque

nossa principal estratégia, diante da colocação do limite de endividamento, foi

a de assinalar que havia possibilidade, mesmo na legislação de tomada de

empréstimos que vige no Senado Federal e sob o âmbito da Lei de

Responsabilidade Fiscal, de nós, para uma reestruturação de dívida que

melhore a capacidade de financiamento dos Estados, efetuarmos uma

24

operação, desde que consigamos comprovar que se trata de uma operação

de reestruturação de dívida.

O Tesouro aceitou essa argumentação, mas disse que não se tratava

apenas disso. Alegou que não estávamos cumprindo com nossos indicadores

e nossas metas fiscais no acordo da dívida. Argumentamos ao ministro Guido

Mantega, na última reunião, que à medida que a operação do Banco Mundial

fosse capacitando o Estado, nos próximos anos, a melhorar seu fluxo de

pagamento das dívidas, haveria uma diminuição da pressão dessa dívida.

Isso naturalmente geraria uma melhor trajetória da nossa relação dívida sobre

receita e melhoraria a nossa própria capacidade de financiamento, atendendo

ao próprio interesse de estabilização do governo federal.

O ministro ficou de dar uma resposta, e deu-a na sexta-feira passada

para a própria governadora. S. Exa. deu-nos um aval condicionado, no

sentido de que podemos captar esse recurso na frente, após preparar esse

projeto com o Banco Mundial, desde que mantenhamos nossas metas de

ajustamento fiscal e de modernização de gestão.

Na terça-feira, participei de uma reunião com representantes do Banco

Mundial para tratar desse assunto. Começaríamos agora a preparação da

carta consulta. (...)

O valor inicial – nessa linha de responsabilidade quero falar nessa meta

– é de 500 milhões de dólares. (...) É uma operação efetivamente de

reestruturação de dívida. Ou seja, vamos aliviar o pagamento da dívida, a

dívida do Estado, a chamada extralimite, que vai além dos 13% que o Estado

tem com a União. No ano passado, o governo teve de pagar 18% da

chamada receita líquida real, que é o conceito que o Tesouro Nacional utiliza,

para pagamento de dívida.

Além dos 13% foram pagos 5% de uma receita líquida próxima de 12

bilhões – estamos falando de um valor considerável. Temos operações da

época ainda das últimas contratações de empréstimos e algumas com

vencimentos para os próximos anos. A trajetória da nossa dívida a partir

deste ano aumenta de desembolsos até 2011. Temos uma curva, não trouxe

um gráfico para não aborrecê-los, uma linha da dívida que aumenta a partir

de 2007 e vai num crescendo até 2011, e depois cai acentuadamente.

(...)

25

A operação de reestruturação aliviará o fluxo de pagamento de dívida e,

do ponto de vista indireto, melhorará a capacidade de financiamento e de

investimento do Tesouro em diferentes áreas estratégicas, inclusive na de

estradas.

Nossa capacidade de investimento neste ano, com recurso livre do

Tesouro, se fôssemos descontar os recursos da Cide, sendo algo como 90

milhões, e recursos vinculados ao DAER, está próxima a zero.

(...)

Nós nos comprometemos, estamos trabalhando e apostando na

melhoria da nossa relação de dívidas sobre receitas e dos nossos indicadores

fiscais – e foi essa a objeção posta. Ao conseguirmos isso, deveríamos ter a

liberação para recursos como os do BID II.

Antecipo – e coloco-me à disposição dos senhores para esclarecer

quaisquer dúvidas – que obtivemos um grande sucesso nessa operação do

Banco Mundial, que tivemos que fechar pela limitação dessa carta formal, que

feito com a negativa que nos pôs nesse impasse. Não desistimos de outros

programas e devemos atrai-los.

A área de infra-estrutura, estradas, é vital, é importantíssima para o

Estado. Mas o nosso Tesouro não tem capacidade hoje para financiar um

programa adequado de investimentos em estradas. Queremos melhorar isso,

é esse o objetivo do ajustamento fiscal. Uma das nossas metas é chegar ao

final deste governo com o dobro da taxa de investimentos do Estado em

relação ao passado.”

Após a explanação, o Secretário recebeu e respondeu aos

questionamentos dos parlamentares.

Inicialmente, o Secretário foi questionado sobre as razões para que a

curva da dívida declinasse a partir de 2011. Ele esclareceu que o declínio é da

dívida extralimite, e acrescentou: “especificamente em relação ao crescimento da

dívida, deputado, ocorre o seguinte: na dívida extralimite, que é um valor alto –

estávamos falando de 13, na relação da receita líquida real, cinco, e na nossa

estimativa isso poderia passar, no total, de 20%, nos próximos anos, se não

fizermos essa operação.

Acontece que a dívida intralimite, que é aquela dos 13%, está

26

contingenciada. A cada mês, quando o Estado tem que pagar os juros e as

amortizações, chega a dar um pouco mais do que os 13% da receita, mas como

tem a limitação a esse percentual, o restante vai para o estoque da dívida – da

intralimite. Por isso, o estoque não cai tanto.

Agora, a dívida extralimite não tem essa limitação. Vai crescendo,

precisamos pagar juros e as amortizações.

Nesse fluxo, com os contratos que venceram, temos uma trajetória de

crescimento acentuado até 2011 e, depois, ela cai realmente. Isso se refere à

parcela da dívida extralimite”

Depois, o Secretário fez ponderações sobre proposta sugerida de

projetos de parceria do Estado, União e Municípios, mostrando o envolvimento das

comunidades. Explicou que por melhor que seja o projeto vai esbarrar na

necessidade de aprovação da Secretaria do Tesouro Nacional e depois nas

contrapartidas que não são possíveis de implementar. A negociação com o Bird

envolve uma contrapartida que não é financeira, mas vinculada ao atingimento de

indicadores voltados ao ajuste fiscal. O governo do Estado estaria negociando com

o Banco a possibilidade de incluir indicadores de desenvolvimento econômico .

O empréstimo do Bird, segundo explicou o secretário, deverá resultar

numa grande economia para o Estado, que pagará juros mais baixos na

amortização da dívida pública. Esses valores economizados poderão ser revertidos

em ações nas áreas de saúde, educação e infra-estrutura, como a construção de

estradas.

O Secretário também foi questionado sobre as medidas que estariam

sendo implementadas relativamente a ampliação da arrecadação. Referiu o

esforço que estava sendo feito sobre o tema e falou de algumas ações. Citou que

“A relação do ICMS sobre o PIB no Rio Grande do Sul coloca o Estado, conforme

o último dado, na 24ª posição. Considerando-se o ranking entre todos os Estados

da União, a carga tributária é alta no Rio Grande do Sul quando envolve impostos

federais e estaduais. Evidentemente, isso ocorre porque temos um grande volume

de impostos federais e outras contribuições. Quando falamos sobre a relação entre

ICMS e PIB, o nosso Estado está na 24ª posição. Com a não-renovação das

alíquotas de ICMS, não me surpreenderia que possamos chegar à 26ª posição,

ficando atrás apenas do Estado do Rio de Janeiro, que tem um volume muito

grande de receitas com royalties em função do petróleo.”

27

Ainda sobre o aumento da arrecadação citou o programa “cresce RS” e

ações relativas ao combate à sonegação e à evasão fiscal, inclusive mediante

parceria com o Ministério Público estadual, além de trabalho sobre a cobrança da

dívida ativa em conjunto com a Procuradoria-Geral do Estado. Também estaria

sendo feito um trabalho de especialização dos grupos setoriais de arrecadação,

bem como o avanço na implantação da nota eletrônica.

O Presidente da Comissão Especial abriu a palavra aos Prefeitos

presentes.

Destaca-se a intervenção do Prefeito João Davi Goergen do Município

de Boqueirão do Leão, que é presidente da Associação dos Municípios sem

ligação asfáltica, que assim se manifestou:

“Destaco, secretário, que criamos essa comissão em 2005. Na época, o

deputado Alexandre Postal era o secretário dos Transportes. Na Famurs,

unimos os Municípios sem asfalto. Sempre brincávamos que era fácil saber

quando havia reunião dos Municípios sem asfalto porque ou os carros

estavam todos empoeirados ou estavam todos embarrados.

Nós, que viemos lá dos rincões, do fundão, como dizem – o deputado

Ivar Pavan e outros deputados ressaltaram isso aqui –, estamos muito

preocupados porque representamos cerca de meio milhão de habitantes, um

PIB que deve ultrapassar hoje 4 bilhões de reais. Analisamos dados de 2002.

Temos um limitador total do crescimento dos nosso Municípios. Ao mesmo

tempo, um fator muito importante é o êxodo rural, que ainda está

acontecendo, agora talvez não para Porto Alegre, mas para as cidades-pólo

de cada região, aumentando seus problemas.

(...)

Minha inquietação aumentou agora pela explanação bem clara feita

aqui. Pelo que entendi – tenho as minhas dificuldades como advogado do

interior, lá de Boqueirão do Leão –, o nosso projeto, no momento, está para

as calendas porque o BID está parado e há possibilidade de se investir

recursos do Tesouro. Com relação a recursos do Tesouro, estamos muito

escaldados. Gostaria que V. Exa., secretário, falasse sobre a questão do

prazo, como tem feito simpaticamente, porque essa é uma questão que nos

preocupa muito. Os prefeitos que estão aqui estão saindo depois de amanhã.

Já começamos os mandatos com dificuldades. O que senti agora é que não

28

temos mais prazo para o nosso projeto.

Para finalizar, por outro lado, queremos pedir, como vários deputados

fizeram aqui, que não seja somente o BID II o foco, que tenhamos outras

variáveis, como aconteceu recentemente. Quero parabenizá-lo por ter tido

sucesso com o Banco Mundial. Esperamos ter mais outras oportunidades de

acessar esse empréstimo.”

Após, o Secretário reforçou que a possibilidade que se apresenta é o

projeto com o Banco Mundial que poderá melhorar a situação do Tesouro, mas só

poderá ser implementado em maio de 2008 e gerar efeitos a partir do segundo

semestre desse ano.

02/08/2007 – Daniel Andrade – Secretário de Estado de Infraestrutura e

Logística

O Secretário Daniel Andrade veio à Comissão para expor as propostas

do governo do Estado para a efetivação das obras atinentes ao projeto do

Programa de Integração da Malha Rodoviária do Estado – BID II. Inicialmente, o

Secretário expôs que há 13 anos o Estado não tem acesso a financiamentos

externos para realizar investimentos. Agora, há grande expectativa com o sinal

verde dado pelo Ministro Mantega para que o Governo do Estado pudesse abrir

negociações com o BIRD, e visualizar a possibilidade de encontrar recursos para

começar o ajuste fiscal.

29

Participação dos prefeitos na Audiência Pública com o Sr. Aod Cunha, Secretário da Fazenda.

O Secretário abordou a questão da situação das finanças do Estado

apontando que:

“Para terem uma idéia, no ano de 2006, não conseguimos cumprir os

índices mínimos do Tesouro Nacional com relação à dívida, o que nos onerou

em 500 milhões de reais nas despesas desse ano em multas que tivemos

que pagar.

Se associarmos as conseqüências que o desajuste estrutural do Estado

tem gerado para os nossos caixas, somados aos empréstimos que fizemos,

de depósitos judiciais, e de 13º salário, junto ao Banrisul, para pagar a folha

no ano de 2006, gastamos a quantia para fazermos todos os acessos

municipais em um ano.

Entre juros que pagamos a mais, por conta dos índices não cumpridos,

mais os juros de depósitos judiciais e os juros pagos ao Banrisul, tivemos

mais de 700 milhões de despesa neste ano, por conta apenas de juros

acrescidos.”

Assim, o Secretário, ao tecer considerações sobre a situação financeira

do Estado, foi ao encontro das ponderações já efetuadas pelo Secretário da

Fazenda reforçando as dificuldades estruturais enfrentadas. De outra parte, o

Secretário ressaltou a criação da Secretaria da qual é titular, enfatizando que

surgiu da fusão de duas importantes Pastas: a Secretaria dos Transportes e a de

Energia, Minas e Comunicação. Ressaltou que o Estado historicamente produz

muito e bem e que um dos pilares de nossa economia, responsável por 30% do

PIB, é o agronegócio. No entanto, salientou que a área da logística é bastante

deficiente e que o desafio está em integrar os diversos modais de transporte,

principalmente a área de energia, para gerar competitividade no Estado.

Sustentou o Secretário que “Num diagnóstico que fizemos, encontramos

no DAER uma demanda de investimentos na ordem de 4 bilhões e 300 milhões de

reais. Para o Rio Grande do Sul reencontrar o caminho do crescimento,

precisaremos nos próximos 5 a 7 anos, investir próximo de 4 bilhões e meio de

reais. Isto, única e exclusivamente, na área rodoviária.”

30

Também teceu algumas considerações sobre as deficiências

energéticas do Estado. Depois, especificamente sobre as estradas fez as

seguintes colocações:

“Vou-me ater à questão das estradas. Estamos extremamente

preocupados com essa questão, não só no que diz respeito aos acessos

municipais, mas, principalmente, quanto à conservação e manutenção das

nossas rodovias. Neste ano tivemos uma safra de 23 milhões de toneladas.

Estão circulando, pelas rodovias gaúchas, em 2007, 72 milhões de toneladas,

entre a produção agrícola e todos os produtos que geramos no Estado.

Deveremos chegar a 2011 com 100 milhões de toneladas/ano nas rodovias,

e estamos nos aliando aos índices de crescimento que o governo federal

propõe ao Brasil. Estamos projetando um crescimento acima de 5% ao ano

no Rio Grande do Sul. Neste ano estamos próximos a 6 ou 6,5%; é a

perspectiva. Isto vai determinar nas nossas rodovias um acréscimo, nos

próximos 5 anos, de 50% no tráfego que hoje circula. Ou seja, não teremos

mais rodovias em condições, em cinco anos, para atender toda a demanda

de transporte no Rio Grande do Sul, porque temos uma característica

diferente do Brasil: 58% de todo o produto brasileiro circula por rodovias, no

Rio Grande do Sul este percentual vai a 80%.”

O convidado também ponderou que a questão dos acessos a Municípios

sem asfalto é um assunto que não pode mais ser postergado e que o tema deve

ser tratado de forma global, evitando o tratamento isolado. Explicou que o diretor

do DAER, Gilberto Cunha, estaria orientado a tratar o tema como prioridade.

Todavia, ainda há necessidade de revisar contratos e reavaliar projetos, muitos dos

quais estariam na fase de projetos básicos, outros com problemas ambientais.

Também referiu que já conversou com a Famurs sobre esse tema e propôs

trabalho conjunto no sentido de encontrar a solução para o financiamento dessas

obras, fazendo também uma parceria com os Municípios no sentido de que eles

possam ir indicando ao governo um conjunto de prioridades. Também colocou que

se o governo não conseguir em curto prazo os recursos na sua totalidade,

pretendem iniciar trechos dentro da disponibilidade financeira do Estado, inclusive

com recursos da CIDE.

31

Sobre os acessos Municipais concluiu que:

“Temos uma perspectiva de zerar o déficit até dezembro de 2009 e,

retomar investimentos com recursos do Tesouro até o patamar de 10% da

receita corrente líquida até 2011. Isto vai determinar que, no médio prazo,

isto não acontece antes da metade de 2008, possamos começar a indicar

alguns trechos. Mas, para isso, precisamos, em conjunto com o parlamento e

os prefeitos, construir as condições técnicas e as condições de prioridades

para isso.

Isso é o que eu tinha, neste momento, para dizer sobre acessos

municipais, como estamos conduzindo o processo. A Secretaria tem um

grupo de trabalho junto com a Famurs, para tratar exclusivamente desse

tema.”

Depois, o Secretário expôs a situação da RS-471, explicando que há

estudos avançados, juntamente com o Ministério dos Transportes, diante da

possibilidade de tornar coincidentes os eixos da BR-153 e da BR-471.

Nessa negociação com o Ministério dos Transportes haveria

possibilidade de “viabilizar os recursos da BR-471, antes mesmo de termos

condições de buscar financiamentos externos”, tendo em vista o que o governo do

Estado já investiu.

Ponderou que a RST-471 custará acima de 200 milhões de Reais e que

apresenta problemas de projetos e de questões ambientais não resolvidas.

Sustenta que a RST-481 segue o mesmo caminho, tendo necessidade de

encontrar uma equação financeira.

Informou que até o mês de março, o governo gastava quase 70% da

CIDE na Rota do Sol, mas há previsão de conclusão desta obra em dezembro

deste ano. Também já teria sido reduzido o percentual de utilização da CIDE para

50% na Rota do Sol.

Esclareceu que diante da redução de recursos da CIDE para a Rota do

Sol “poderemos fazer alguns deslocamentos de recursos para trechos que vamos

debater a prioridade. Hoje, estamos priorizando recursos em trechos para os quais

estipulamos três critérios: Primeiro, que estivessem com obras muito adiantadas;

assim, com poucos recursos elas seriam concluídas. Segundo, que tivéssemos a

32

necessidade de proteger obras que já estavam em andamento para não perdemos

investimentos feitos anteriormente. Terceiro, obras que tenham alguma conexão

com o processo de desenvolvimento do Estado, como áreas de produção mais

emergenciais ou com fatores críticos.”

Neste sentido citou como exemplo a licitação para construção de um

viaduto e de uma ponte na RS-471 Sul, pois já há 150 quilômetros de rodovia

concluída e sinalizada, mas que não funciona por faltar a construção dessas duas

obras.

Previu que:

“Assim, estamos concentrando recursos para entregarmos em março do

ano que vem, para a safra do ano que vem, o escoamento de parte da

produção do Centro do Estado, em direção a Rio Grande, pela RS-471 Sul.

Hoje, quando os caminhões passam por esse trecho, precisam fazer um

desvio de 20 quilômetros ou precisam transitar pela BR-116, que está

totalmente estrangulada, para chegar a Rio Grande.”

Referiu ainda que outro problema grave é que o Rio Grande do Sul tem

o menor índice de rodovias duplicadas do Brasil. São apenas 370 quilômetros de

rodovias duplicadas no Estado, incluindo as rodovias federais, “Dá para contá-las

nos dedos: a Free-Way, a BR-116, no eixo norte da Região Metropolitana, a

ligação Gramado e Canela, a ligação Caxias do Sul e Farroupilha, a RS-122 e um

pedaço da RS-386.”

Mencionou que nas rodovias brasileira morrem 200 pessoas por dia. O

programa que envolve a duplicação de rodovias é considerado pelo secretário

como uma necessidade premente e custará 2 bilhões e meio de Reais para cinco

anos. Também expôs que o Estado estaria recebendo cerca de 5 bilhões de Reais

de investimentos e que precisa gerar infra-estrutura social e estrutural para tanto.

A partir dos questionamentos, o Secretário expôs que ainda não estão

definidas as fontes de recursos para o programa a ser desenvolvido e que seriam

“550 quilômetros de duplicações e 390 quilômetros de terceira e quarta faixas. Não

estou com o programa em mãos e não tenho autorização para fazer essa

apresentação agora – até porque a governadora vai divulgá-lo pessoalmente –,

mas, se não me engano, são 47 viadutos, 23 passarelas, 17 pontes e 270

33

interseções entre pequenos trevos, pequenos acessos e saídas de rodovias,

bainhas de viadutos, etc.”

A cerca de recursos de pedágios comunitários e da CIDE, o Secretário

expôs que: “o nosso compromisso, estamos cumprindo desde o início de janeiro,

com a CIDE, por exemplo. Temos recursos da CIDE no caixa único. Não deverá

haver em curto prazo nenhum recurso de pedágio colocado no caixa único. É um

compromisso do nosso governo aplicar o que está sendo reclamado com os

órgãos vinculados, no local.”

Quanto à conservação e manutenção de rodovias, o Secretário frisou

que essa é a maior preocupação, pois apesar de existir toda essa necessidade

estrutural, as rodovias pavimentadas do Estado demandam na ordem de 150

milhões de Reais/ano para manutenção. Por isso há necessidade de manter o

programa CREMA com o Banco Mundial.

O Secretário respondeu a outros questionamentos dos parlamentares.

Foi dada palavra ao prefeito João Davi Goergen, para que, em nome dos prefeitos,

vice-prefeitos e vereadores, fizesse sua manifestação, da qual destaca-se:

“Acho que temos procurado dizer, secretário, quando procuramos o

senhor, quando procuramos o DAER e anteriormente o deputado Alexandre

Postal, que era secretário, que nós sabemos que a obra mais importante para

cada comunidade é a sua obra, essa é a obra mais importante.

Respeitamos a colocação dos senhores deputados de colocar a obra a,

b, c , d ou da sua região como sendo a mais importante.

A obra mais importante para mim é Boqueirão, para Coqueiro Baixo, é

Coqueiro Baixo, enfim, todos têm a sua obra mais importante.

É isso que nós, como prefeitos, estamos aqui colocando, vocês estão

lidando com Municípios que têm, no máximo, dez mil habitantes, então, não

venham aqui falar de muita parceria, esses Municípios já estão sacrificados.

(Palmas)

O máximo que esses Municípios poderão oferecer será um cascalho

para colocar no leito da rodovia. (...)

Então, nós queremos o que mais ou menos o deputado colocou na

abertura do seu pronunciamento. Aceitamos sentar com a secretaria no mês

passado, aceitamos ver quais os critérios que usaremos com o pouco

34

dinheiro que temos, mas exigimos, exigimos, em nome de 120 prefeitos do

Rio Grande do Sul, que não se perca o foco.

O foco deve ser um projeto global porque, caso contrário, daqui uns 20

anos estaremos aqui novamente. Se não der para trabalhar um projeto

global, não vamos continuar a trazer os prefeitos a essas reuniões para

trabalhar uma questão que não vemos nenhuma possibilidade, e os prefeitos

vão procurar as suas soluções prontas. (...)

Aproveito, ainda, para pedir que faça parte da conclusão da comissão

que queremos que os Municípios que estão sem asfalto façam parte de um

projeto global do Estado do Rio Grande do Sul para resolver o problema

dessas comunidades.”

V – Possibilidade de viabilizar o Programa de Integração da Malha

Rodoviária – BID II

O “Programa de Integração da Malha Rodoviária do RS – BID II”

destinar-se-ia a finalizar as obras nas rodovias RST 471 e RST 481, importantes

corredores de exportação, bem como a executar as obras para asfaltamentos dos

acessos Municipais que ainda não têm essa pavimentação. Esse programa

consoante exposto anteriormente, depende da obtenção de um financiamento com

organismos internacionais, os quais já financiaram o chamado BID I.

Ocorre que para obtenção de empréstimos internacionais o Estado

necessita cumprir a legislação em vigor segundo a qual o Senado Federal deve

autorizar previamente a operação (art. 52, V, Constituição Federal). Todavia, a

matéria só será encaminhada à aprovação do Senado após análise do Ministério

35

Audiência com o Secretário de Infra-estrutura e Logística, Sr. Daniel Andrade.

da Fazenda que verificará o cumprimento dos limites e condições relativos à

realização de operações de crédito de cada ente da Federação, inclusive das

empresas por eles controladas, direta ou indiretamente (art. 32 da lei

Complementar nº 101/2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal). A Lei de

Responsabilidade Fiscal prevê ainda que os entes poderão conceder garantia em

operações de crédito internas e externas, observado o disposto no art. 40, as

normas do art. 32 e, no caso da União, também os limites e as condições

estabelecidas pelo Senado Federal.

Ocorre que não houve como avançar no projeto da Carta Consulta para

o BID II porque o Estado do Rio Grande do Sul não atende aos limites de

endividamento previstos nas Resoluções do Senado nº 40/2001 e 43/2001. Em

relação a esses limites dispõem as Resoluções do Senado Federal:

Resolução nº 40/2001

“Art. 4º No período compreendido entre a data da publicação desta

Resolução e o final do décimo quinto exercício financeiro a que se refere

o art. 3, serão observadas as seguintes condições:

I - O excedente em relação aos limites previstos no art. 3º apurado ao

final do exercício do ano da publicação desta Resolução deverá ser

reduzido, no mínimo, à proporção de 1/15 (um quinze avos) a cada

exercício financeiro;

II - para fins de acompanhamento da trajetória de ajuste dos limites de

que trata o art. 3, a relação entre o montante da dívida consolidada

líquida e a receita corrente líquida será apurada a cada quadrimestre

civil e consignada no Relatório de Gestão Fiscal a que se refere o art. 54

da Lei Complementar nº 101, de 2000;

III - o limite apurado anualmente após a aplicação da redução de 1/15

(um quinze avos) estabelecido neste artigo será registrado no Relatório

de Gestão Fiscal a que se refere o art. 54 da Lei Complementar nº 101,

de 2000;

IV - durante o período de ajuste de 15 (quinze) exercícios financeiros a

que se refere o caput, aplicar-se-ão os limites previstos no art. 3º para o

Estado, o Distrito Federal ou o Município que:

36

a) apresente relação entre o montante da dívida consolidada líquida e a

receita corrente líquida inferior a esses limites, no final do exercício de

publicação desta Resolução; e

b) atinja o limite previsto no art. 3º antes do final do período de ajuste de

15 (quinze) exercícios financeiros.

Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios tornarão

disponíveis ao Ministério da Fazenda os dados necessários ao

cumprimento do disposto neste artigo em até 30 (trinta) dias após a data

de referência das apurações.

Art. 5º Durante o período de ajuste, o Estado, o Distrito Federal ou o

Município que não cumprir as disposições do art. 4º ficará

impedido, enquanto perdurar a irregularidade, de contratar

operações de cr édito, excetuadas aquelas que, na data da

publicação desta Resolução, estejam previstas nos Programas de

Ajuste Fiscal dos Estados, estabelecidos nos termos da Lei nº.

9.496, de 11 de setembro de 1997, e, no caso dos Municípios, nos

contratos de refinanciamento de suas respectivas dívidas com a

União, ou aquelas que, limitadas ao montante global previsto,

vierem a substituí-las.” (grifamos)

Resolução nº 20/2003

“Art. 1º Nos termos do § 4º do art. 66 da Lei Complementar nº 101, de

2000, fica ampliado em 4 (quatro) quadrimestres o prazo estipulado pelo

seu art. 31 para o cumprimento dos limites para a dívida consolidada.

Parágrafo único. O disposto no caput será implementado da seguinte

forma:

I - de 1º de janeiro de 2003 a 30 de abril de 2005, fica suspensa a

obrigatoriedade de cumprimento dos limites e condições estabelecidos

pelos arts. 3º e 4º da Resolução nº 40, de 2001, do Senado Federal;

II - em 1º de maio de 2005, os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios deverão estar ajustados aos limites fixados no art. 3º ou

à trajetória de redução da dívida definida no art. 4º, ambos da

37

Resolução nº 40, de 2001, do Senado Federal, conforme o caso.”

(grifamos)

No tocante ao Rio Grande do Sul, deve-se frisar, conforme mencionado

pelo Secretário Estadual da Fazenda, que periodicamente uma Missão Técnica da

Secretaria do Tesouro Nacional visita o Estado para a revisão do Programa de

Reestruturação e Ajuste Fiscal do Estado do Rio Grande do Sul, sendo que a

última ocorreu de 11 a 13 de abril de 2007. Esse Programa é parte integrante do

Contrato STN/COAFI 014/98 de 15/04/98, firmado entre o Governo Federal e o

Governo do Estado do Rio Grande do Sul, qual seja, a renegociação da dívida do

Estado, no âmbito da Lei nº 9.496/97 e da Resolução do Senado Federal nº 64/98 .

No âmbito do contrato assinado, estão elencadas 6 metas de ajuste

fiscal que o Estado se compromete a cumprir. São elas:

Meta 1 – Relação Dívida Financeira/Receita Líquida Real: Estabelece

os índices resultantes da relação Dívida Financeira/Receita Líquida Real que

devem ser alcançados no período trienal ao qual se refere o PAF, consistentes

com uma trajetória decrescente desta relação, também especificada no PAF. Para

o cumprimento da Meta a relação Dívida Financeira/RLR pode ser igual ou menor

à estabelecida no PAF.

Meta 2 – Resultado Primário: Estabelece os montantes relativos ao

Resultado Primário, expressos a preços correntes, para o período trienal ao qual

se refere o PAF. Para o cumprimento da Meta, o Estado não pode ter resultados

inferiores ao expresso no PAF.

Meta 3 – Despesas com Pessoal/Receita Corrente Líquida:

Estabelece a relação percentual entre os montantes da Despesa com Pessoal e da

Receita Corrente líquida, a qual não deverá ser ultrapassada no período trienal ao

qual se refere o PAF.

Meta 4 – Receitas de Arrecadação Própria: Estabelece os montantes

relativos às Receitas de Arrecadação Própria, expressos em valores a preços

correntes, para o período trienal ao qual se refere o PAF.

Meta 5 – Reforma do Estado: Estabelece os montantes expressos em

valores correntes, provenientes de alienações de ativos. Na ausência de meta

relativa à reforma do Estado, são estabelecidos compromissos no âmbito do

38

processo de desestatização, reforma administrativa e patrimonial. Também pode

ser aferido o saneamento financeiro das empresas públicas.

Meta 6 – Despesas com Investimento/Receita Líquida Real:

Estabelece o limite para a realização de Despesas com Investimentos, expresso

como relação percentual da Receita Líquida Real, para o período trienal ao qual se

refere o PAF.

A capacidade de pagamento do Estado estaria na categoria “D”,

conforme metodologia de cálculo disposta na Portaria nº 89, do Ministério da

Fazenda, segundo a qual a média do resultado primário do Estado dos últimos

cinco anos deveria ser superior ao encargo da dívida.

A Portaria nº 89, do Ministério da Fazenda, estabelece a classificação

dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios segundo a sua situação

financeira, o cálculo de sua capacidade de pagamento e os critérios para a

concessão de garantias, no âmbito do Ministério da Fazenda. O art. 3º apresenta

essa classificação, conforme se observa:

“Art. 3º O resultado primário médio ponderado será o parâmetro básico

utilizado para classificar a situação financeira dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios em uma das seguintes categorias:

a) categoria “A”, quando o resultado primário for positivo e suficiente

para saldar todos os serviços das dívidas mobiliária, contratual e

flutuante, de origem interna e externa, que competem ao período, dado

o limite de comprometimento contratualmente assumido;

b) categoria “B”, quando o resultado primário for positivo e suficiente

para saldar todos os encargos das dívidas mobiliária, contratual e

flutuante, de origem interna e externa, porém insuficiente para cumprir

com o total da amortização programada, dado o limite de

comprometimento contratualmente assumido;

c) categoria “C”, quando o resultado primário for positivo, porém

insuficiente para saldar todos os encargos devidos das dívidas

mobiliária, contratual e flutuante, de origem interna e externa, dado o

limite de comprometimento contratualmente assumido; ou

d) categoria “D”, quando o resultado primário for negativo.

(...)”

39

Na Comissão Especial foram citadas, por mais de uma vez, as garantias

dadas pela União em financiamentos externos obtidos pelo Estado do Maranhão e

pelo Município de São Paulo, não obstante esses Entes também estarem com o

limite de endividamento extrapolado. Pesquisando as resoluções autorizativas de

contratações de operação de crédito externas no Senado Federal, encontrou-se a

Resolução nº 63/2005, originária do PR 44/2004, cuja tramitação iniciou em

04/11/2004, referente ao estado do Maranhão. A Resolução nº 05/2004, originária

do PR 68/2003, cuja tramitação iniciou em 02/12/2003, refere-se ao Município de

São Paulo. Em ambos os casos já se observa de início que a tramitação de ambos

foi anterior ao período previsto na Resolução nº 20/2003 do Senado Federal e que,

portanto, ainda se encontrava suspensa a obrigatoriedade de cumprimento dos

limites e condições estabelecidos pelos arts. 3º e 4º da Resolução nº 40, de 2001,

do Senado Federal. De qualquer sorte, reproduzimos a seguir excertos dos

Pareceres da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal que

contribuem para o entendimento do tema que envolve o Estado do Rio Grande do

Sul.

Maranhão – Resolução nº 63/2005

Senado Federal - MSG 725/2004 – MSF 180/2004 – PR 44/2004

Parecer nº 1975/2004 da Comissão de Assuntos Econômicos

“Com relação ao seu inciso I, o montante da operação pretendida não

viola o limite de 16% da receita corrente liquida do Estado, representando, em

conjunto com as demais operações de crédito, apenas 1,02% da receita corrente

líquida em 2004 e valores inferiores a 1% nos quatro exercícios subseqüentes.

Os requisitos contidos nos incisos II e III foram extrapolados. O inciso II

estipula em 11,5% da receita corrente líquida o teto para amortizações, juros e

demais encargos da divida consolidada do Estado. O inciso III veda operações

de cr édito que elevem o montante da dívida consolidada acima do patamar

previsto na Resolução nº 40, de 2001, do Senado Federal. No entanto, a

operação de cr édito sob exame, por estar prevista no Programa de

Reestruturação e Ajuste Fiscal do Estado do Maranhão, estabelecido nos

40

termos da Lei nº 9.496, de 1997, quando da publicação das Resoluções do

Senado Federal nos 40 e 43, de 2001, está excepcionalizada da

obrigatoriedade do cumprimento dos limites extrapolados.

Essa avaliação é confirmada pelos pareceres da Secretaria do Tesouro

Nacional (STFN) e da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), que

também atestam a apresentação de toda a documentação e a aprovação das leis

exigidas pelas Resoluções do Senado pertinentes e pela Lei Complementar nº 101,

de 4 de maio de 2000.

Além disso, análise da capacidade de pagamento do Estado do

Maranhão, realizada pela Secretaria do Tesouro Nacional e constante da Nota

Técnica STN/COREM nº 189, de 16 de fevereiro de 2004, conclui que o Estado do

Maranhão possui capacidade de pagamento para fazer frente aos compromissos

de serviço da sua dívida, inclusive da operação pleiteada.

A mencionada Nota T écnica classifica o Estado do Maranhão na

categoria “B”, suficiente para qualificá-lo para a operação pretendida.

O Estado do Maranhão encontra-se credenciado no Banco Central do

Brasil, segundo carta de Decec/Diope/Sucre-2004/211, de 19 de agosto de 2004.

(...)

Finalmente, cabe salientar que o Estado do Maranhão tem respeitado os

termos do acordo de refinanciamento de suas dívidas, que não há registro de

inadimplência do Estado frente ao Sistema Financeiro Nacional e que as

contragarantias oferecidas pelo Estado são suficientes e estão em conformidade

com o disposto no § 4º do art. 167 da Constituição Federal e no § 1º do art. 40 da

Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000.

Pelas razões acima, resta claro que o pleito do Governo do Estado do

Maranhão atende às normas acima citadas e está em condições de ser aprovado

por esta Casa do Congresso Nacional.”

Prefeitura de São Paulo - Resolução nº 05/2004

Senado Federal - PR 68/2003

Parecer nº 1810/2003 da Comissão de Assuntos Econômicos

41

“Os recursos dessa operação de crédito destinam-se ao financiamento

parcial do Programa de Reabilitação da Área Central do Município de São Paulo –

PROCENTRO.

Segundo informações contidas no parecer da Secretaria do Tesouro

Nacional, o custo total do programa está estimado em US$167,40 milhões, sendo

que, além dos recursos decorrentes desse empréstimo pretendido, a serem

desembolsados em seis anos, serão aportados, como contrapartida nacional, pelo

Tesouro do Município de São Paulo, setor privado e outros agentes, US$67,0

milhões.

A Secretaria do Tesouro Nacional emitiu pareceres favoráveis ao pleito

e à concessão de garantia da União nessa operação de crédito externo. Nesses

pareceres são fornecidas e disponibilizadas informações acerca da situação da

Prefeitura Municipal de São Paulo no que diz respeito ao cumprimento das

exigências e condições, de natureza financeira e processual, estipuladas nas

referidas Resoluções nºs 40 e 43, de 2001, do Senado Federal, bem como

relativas às disposições constantes da Resolução nº 96, de 1989, que trata das

premissas a serem observadas para que possa a União conceder garantias em

operações de crédito.

Assim é que, nos termos da Resolução nº 96, de 1989, do Senado

Federal, a concessão de quaisquer garantias por parte da União equipara-se à

operação de crédito que, para operações financeiras externas, exige a prévia

autorização do Senado Federal.

Essas operações financeiras estão, portanto, numa primeira instância,

sujeitas ao cumprimento das condições e exigências estabelecidas na referida

resolução que, além da observância quanto aos aspectos de natureza estritamente

financeira, exige que a União observe as seguintes condições prévias à prestação

de garantias:

1 – oferecimento de contragarantias suficientes para o pagamento de

qualquer desembolso que a União possa vir a fazer se chamada a honrar a

garantia;

2 – adimplência do tomador do empréstimo para com a União e com as

entidades controladas pelo Poder Público Federal. Depreende-se do parecer da

Secretaria do Tesouro Nacional que o garantido, Prefeitura Municipal de São

42

Paulo, tem condições de cumprir com as obrigações financeiras a serem

garantidas pela União. Isso porque:

a) há previsão do oferecimento de garantias adequadas por parte da

Prefeitura Municipal de São Paulo, comprovando a sua capacidade de honrar os

compromissos assumidos. Para tanto, é prevista a formalização de contrato entre o

município e o Tesouro Nacional para a concessão de contragarantias, sob a forma

de vinculação dos recursos de que tratam os arts. 156, 158 e 159, nos termos do §

4º do art. 167, todos da Constituição Federal, e outras em direito admitidas;

b) assim sendo, poderá o Governo Federal requerer as transferências

de recursos necessários para cobertura dos compromissos honrados. De acordo

com estudo elaborado pela COREF/STN acerca do comprometimento das

transferências federais e receitas próprias da Prefeitura Municipal de São Paulo,

ela dispõe de margens de recursos suficientes para ressarcir a União, caso esta

venha a honrar compromisso na condição de garantidora da operação de crédito

pretendida; e

c) o Município de São Paulo apresenta capacidade de pagamento do

empréstimo, como consignada em Nota Técnica STN/COREM, de forma suficiente,

portanto, para a concessão de garantia da União.

Assim, entende a STN que o Município de São Paulo conta com

recursos suficientes, devidamente demonstrados, para o atendimento das

contrapartidas a seu cargo, não impondo, pois, restrições à atual situação fiscal do

município, nem atribuindo ao Tesouro Nacional riscos superiores àqueles

normalmente assumidos em operações já contratadas com agências oficiais de

crédito.

Por outro lado, de acordo com informações contidas no Parecer

STN/COREF nº 288, de 17 de setembro de 2003, Consulta realizada por meio

eletrônico, na presente data, não indicou a existência de débitos em nome do

Município de São Paulo junto à União e suas entidades controladas. Informa,

ainda, que não há registro de pendências do interessado no âmbito do Siafi,

relativamente à prestação de contas de recursos recebidos da União.

Ademais, não há registro de débito em nome da Prefeitura Municipal de

São Paulo em operações de crédito já garantidas, de acordo com informação

prestada pela STN.

43

Em decorrência, há observância do inciso II do § 9º do art. 3º da referida

Resolução nº 96, de 1989, e do § 2º do art. 40 da Lei Complementar nº 101, de

2000 – a denominada Lei de Responsabilidade Fiscal.

Relativamente aos aspectos de natureza financeira, nos termos das

condições e exigências definidas na Constituição Federal e nas Resoluções nºs 96,

de 1989, e 40 e 43, de 2001, do Senado Federal, aplicáveis ao financiamento

pretendido, cabem os seguintes esclarecimentos:

a) os limites de endividamento da União, estipulados nos artigos 2º, 3º e

4º da referida Resolução nº 96, de 1989, são atendidos, conforme é informado no

Parecer STN/COREF nº 288, de 17 de setembro de 2003;

b) o Parecer da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, PGN/COF/Nº

1.698/2003, encaminhado ao Senado Federal, no exame das cláusulas da minuta

contratual, conclui que elas são admissíveis e estão de acordo com a legislação

brasileira aplicável à espécie, tendo sido observado o disposto no art. 5º da

Resolução nº 96, de 1989, que veda disposição contratual de natureza política ou

atentatória à soberania nacional e à ordem pública;

c) relativamente à exigência constitucional de que programas ou

projetos constem do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual, é informado

que os investimentos previstos no programa mencionado constam do Plano

Plurianual da Prefeitura Municipal de São Paulo para o período 2002/2005 – Lei nº

13.257, de 28 de dezembro de 2001.

Ainda, as dotações previstas na Lei Orçamentária Anual da Prefeitura

Municipal de São Paulo para o exercício de 2003 deverão ser suficientes para a

sua execução neste exercício. Conclui a Secretaria do Tesouro Nacional que,

considerando o cronograma de utilização de recursos e as informações prestadas

pelo município, esta Secretaria entende que o mutuário dispõe das dotações

necessárias à execução do Projeto no corrente exercício;

d) no parecer da Secretaria do Tesouro Nacional, Parecer STN/COPEM

nº 233, de 15 de agosto de 2003, são fornecidas e disponibilizadas informações

acerca da situação da Prefeitura do Município de São Paulo no que diz respeito ao

cumprimento das exigências e condições, de natureza financeira e processual,

estipuladas nas referidas Resoluções nºs 40 e 43, de 2001, do Senado Federal.

O referido parecer, anexo ao ofício encaminhado ao Senado Federal,

ressalta que a operação de crédito pretendida pelo Município de São Paulo atende

44

os limites definidos nas Resoluções nºs 40 e 43, de 2001, do Senado Federal, à

exceção dos definidos no inciso II do art. 7º, que trata do limite máximo de

comprometimento da receita corrente líquida com amortizações, juros e demais

encargos financeiros da dívida consolidada, e no inciso III do mesmo artigo, que

trata do montante da dívida consolidada dos municípios, ambos da Resolução nº

43, de 2001.

Todavia, como enfatizado no referido parecer, a operação de crédito em

exame acha-se explicitamente inserida no contrato de refinanciamento de dívidas

do Município de São Paulo com a União, o que dispensa o município da

obrigatoriedade de cumprimento dos mencionados limites, conforme disposto no §

8º do art. 7º da Resolução nº 43, de 2001, e no art. 5º da Resolução nº 40, de

2001, ambas do Senado Federal.

A operação de crédito pretendida encontra-se devidamente prevista no

parágrafo único da cláusula décima segunda do contrato de refinanciamento de

dívidas celebrado pelo Município de São Paulo com a União.

Por outro lado, de acordo com informações contidas nesse parecer, não

constam registros de inadimplência sob a responsabilidade do Município de São

Paulo junto às instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional.

Em decorrência, há observância do art. 16 da referida Resolução nº 43,

de 2001, e do § 2º do art. 40 da Lei Complementar nº 101, de 2000.

(...)

As demais condições e exigências estipuladas pelas Resoluções nºs 96,

de 1989, 40 e 43, de 2001, do Senado Federal, são atendidas pela Prefeitura

Municipal de São Paulo, conforme evidenciado pelos documentos que

acompanham a mensagem em questão.”

Então, tratam-se de situações específicas e diferentes da situação do

Estado do Rio Grande do Sul. A Comissão Especial não teve acesso aos

documentos de análise da Secretaria do Tesouro Nacional, mas o Secretário de

Estado da Fazenda não trouxe qualquer elemento que desabonasse a análise

técnica do órgão. Pelo contrário, a posição do Secretário mostrou que no momento

a única possibilidade do Estado obter financiamento externo é a concernente ao

ajuste fiscal, conforme as negociações travadas com o Bird.

45

No Balanço Geral do Estado 2006, já na introdução, o governador

Germano Rigotto referia expressamente que:

“Também é importante ressaltar que a convergência com o limite

máximo de endividamento do Estado foi mantida. Observa-se que a

Relação Dívida Consolidada Líquida/Receita Corrente Líquida –

DCL/RCL – foi reduzida de 2,5779 no final de 2005 para 2,5363 ao

término de 2006.

Apesar dos avanços conquistados, é relevante observar que eles ainda

foram insuficientes para alcançar o pleno equilíbrio financeiro-orçamentário, e

o déficit orçamentário global ainda persiste. Nesse sentido, salienta-se que o

Resultado Primário alcançado em 2006, somado às receitas financeiras,

ainda foi capaz de cobrir a totalidade dos gastos com as amortizações e

encargos da Dívida Pública.” (grifamos)

VII – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Como já referido inicialmente, a conclusão do trabalho de uma comissão

especial não é tarefa fácil, pois é necessário tentar abarcar o conjunto de

discussões realizadas ao longo de seus cento e vinte dias de existência. O relatório

final, neste sentido, deve pautar-se pela tentativa de objetividade e de retrato das

principais idéias consensuadas coletivamente. Desta forma, a palavra do relator é

mais do que um conjunto de impressões individuais e reflexo de uma concepção

político-ideológica e partidária, a qual é própria a cada Parlamentar e que informa

sua atuação. Afinal, cada um representa uma coletividade de pensamento que

somada a do conjunto do Parlamento reflete a sociedade rio-grandense. Então,

como não é possível expor a opinião individual de cada participante, deve partir-se

para a opinião mais geral e precisa - dentro do possível – da maioria.

O objetivo do BID-II, consoante já referido no documento que pleiteava a

instalação da Comissão Especial, é a realização de obras em dois importantes

corredores de exportação – as RST 471 e 481 – e a construção de acessos

asfálticos nos 117 municípios gaúchos que ainda não os possuem.

46

Essas obras são de inegável importância para o Estado, tanto do ponto

de vista da economia como um todo, quanto do ponto de vista do desenvolvimento

local e do impacto social para as comunidades atingidas pelos acessos asfálticos.

O requerimento inicial da Comissão citou que “é necessário unir

esforços para que esta iniciativa se torne realidade e consigamos atingir o objetivo

do programa.” Essa idéia permeou muitas das intervenções proferidas nas

audiências da Comissão Especial, inclusive, houve ponderações sobre

empréstimos obtidos por outros entes federados.

No entanto, as explanações feitas pelos convidados e os debates

realizados no âmbito da Comissão Especial demonstraram que há impedimentos

legais que, no momento, não puderam ser transpostos, fazendo com que o

Ministério da Fazenda, por meio da Secretaria do Tesouro Nacional não desse

parecer favorável ao pleito de nosso Estado. De outra banda, o governo do Estado,

na atual gestão, está priorizando a obtenção de empréstimo junto ao Banco

Mundial – Bird – para reestruturação da dívida do Estado e para o ajuste fiscal.

Neste sentido, os depoimentos apontam que a partir desses recursos, ainda que

direcionados à própria dívida, será possível melhorar a situação das finanças

estaduais, tanto no sentido de buscar novas fontes de financiamento, inclusive por

meio de empréstimos com organismos internacionais, quanto com recursos

próprios do Tesouro do Estado.

Neste sentido, observa-se que o Programa de Integração da Malha

Rodoviária – BID II encontra-se em um plano de médio prazo, que aponta para, na

melhor das hipóteses, o segundo semestre de 2008, conforme exposto pelos

Secretários de Estado da Fazenda e de Infraestrutura e Logística.

Por outro lado, o Secretário de Infraestrutura e Logística afirmou que o

governo do Estado está levantando as prioridades e que está conversando com os

envolvidos, em especial com a Famurs.

Por fim, tendo em vista o trabalho desenvolvido pela Comissão de

Programa de Integração da malha Rodoviária em suas múltiplas atividades e as

contribuições colhidas nas audiências públicas e reuniões realizadas, elenca-se

algumas recomendações a serem encaminhadas aos órgãos competentes.

1) Para o Governo do Estado:

47

a) que busque as alternativas necessárias para viabilizar o Programa

de Integração da Malha Rodoviária – BID II – para não perder os

recursos que o BID se dispõe a alcançar;

b) que sejam priorizados os Municípios sem acesso asfáltico nos

programas de governo referentes à pavimentação rodoviária,

tratando a questão de forma global;

c) que as demais obras em estradas priorize aquelas em andamento e

que estão próximas de conclusão, em especial aquelas com maiores

índices de insegurança em decorrência de sua situação ou da

quantidade de tráfego, a exemplo da RS 118, bem como os

corredores de exportação.

2) Para a Assembl éia Legislativa do Estado:

Que as Comissões de Assuntos Municipais; Economia e

Desenvolvimento; Orçamento, Finanças, Fiscalização e Controle; e de Serviços

Públicos mantenham o acompanhamento permanente do assunto.

3) Para o Governo Federal:

Que a mobilização do Estado do Rio Grande do Sul, por meio das

comunidades envolvidas e de organismos governamentais e não-governamentais,

seja inserida na análise dos pleitos de garantias para financiamentos externos para

viabilização de obras rodoviárias, em especial as do BID II.

Finalmente, recomenda-se que o Relatório Final desta Comissão

Especial seja encaminhado:

a) para o governo do Estado: à governadora do Estado, ao Secretário

de Estado de Infraestrutura e Logística, ao DAER, ao Secretário de

Estado da Fazenda e ao Secretário de Planejamento e Gestão;

b) no âmbito da Assembléia Legislativa, para as Comissões

Permanentes já referidas.

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c) para o Governo Federal: que seja encaminhado ao Ministro da

Fazenda, à Ministra Chefe da Casa Civil e ao Ministro dos

Transportes;

d) para a Câmara dos Deputados: à coordenadoria da bancada rio-

grandense;

e) para o Senado Federal: aos três Senadores que representam o

Estado do Rio Grande do Sul.

Também devem ser encaminhadas cópias à FAMURS, à AGM e, em

especial, à Comissão dos Municípios sem Acesso Asfáltico.

Deputado Ivar Pavan

Relator

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