Relatório Final 2014-Ronyere

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA Bolsista: Ronyere Sarges Rêgo Orientador(a): Profa. Dra. Madian de Jesus Frazão Pereira ANÁLISE SOBRE OS PROCESSOS DE CONSOLIDAÇÃO DA RESEX MARINHA DE CURURUPU E A GESTÃO SOCIOAMBIENTAL COMPARTILHADA São Luís MA 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA

Bolsista: Ronyere Sarges Rêgo

Orientador(a): Profa. Dra. Madian de Jesus Frazão Pereira

ANÁLISE SOBRE OS PROCESSOS DE CONSOLIDAÇÃO DA RESEX MARINHA

DE CURURUPU E A GESTÃO SOCIOAMBIENTAL COMPARTILHADA

São Luís – MA

2014

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_________________________________________

Ronyere Sarges Rêgo

_________________________________________

Profª. Dra. Madian de Jesus Frazão Pereira

ANÁLISE SOBRE OS PROCESSOS DE CONSOLIDAÇÃO DA RESEX MARINHA

DE CURURUPU E A GESTÃO SOCIOAMBIENTAL COMPARTILHADA

Relatório apresentado ao Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação

Científica – PIBIC, na Universidade

Federal do Maranhão.

São Luís – MA

2014

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RESUMO

Através do presente trabalho, buscou-se observar o grau de mobilização dos

Conselheiros/Extrativistas das diversas ilhas que compõem a Reserva Extrativista (RESEX)

Marinha de Cururupu face à implantação do Plano de Manejo, bem como perceber em que

medida os representantes das comunidades que integram o Conselho Deliberativo da RESEX

estão internalizando novas categorias advindas com o discurso da criação e gestão da unidade

de conservação, sobretudo pela interação constante com representantes da RESEX de

Cururupu/CNPT, um dos órgãos responsável pela gestão das RESEX, bem como a

Associação de Moradores da Reserva Extrativista Marinha de Cururupu - AMREMC e o

Sindicato de Pescadores, que são os pilares para a construção dessa gestão compartilhada

caracterizada primordialmente pelo diálogo entre as esferas locais, estadual e federal e o

Conselho gestor. Procura-se identificar se há uma forma de governança em que os seus

moradores/extrativistas têm o direito e plena participação nas tomadas de decisões sobre a

RESEX e na construção do Acordo de Gestão e no Plano de Manejo, que são os instrumentos

reguladores dos direitos e deveres e ao uso comum dos espaços utilizados para a pesca e

habitação. Na construção desses instrumentos, coloca-se como um dos objetivos observar se

está ocorrendo um efetivo processo de reconhecimento e inclusão dos etnoconhecimentos

desses extrativistas/pescadores. Ressalta-se que essa construção só é possível de acontecer e

ser mantida, devido aos diversos diálogos e parcerias entre os órgãos gestores da Reserva e os

membros do Conselho Deliberativo.

Palavras-Chave: Gestão Ambiental; Manejo Compartilhado; Representação Comunitária.

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LISTA DE SIGLAS

AMREMC– Associação de Moradores da Reserva Extrativista Marinha de Cururupu

ARPA – Áreas Protegidas da Amazônia

CNPT - Centro Nacional de Populações Tradicionais e Desenvolvimento Sustentável

DESOC – Departamento de Sociologia e Antropologia

FAPEMA – Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico

do Maranhão

GEDMMA – Grupo de Estudo Desenvolvimento Modernidade e Meio Ambiente

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

INCRA – Instituto Nacional de Reforma Agrária

IN – Instrução Normativa

MONAPE – Movimento Nacional de Pescadores

MPA – Ministério da Pesca e Aquicultura

PIBIC – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica

PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PPGPP – Pós-graduação em Políticas Públicas

PPGCSoc – Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais

PROECOTUR - Programa para o Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia Legal

RESEX – Reserva Extrativista

SEMA – Secretária Estadual do Meio Ambiente

SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação

UC – Unidade de Conservação

UFMA – Universidade Federal do Maranhão

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................. 6

2. OBJETIVOS ................................................................................................................. 8

2.1 Objetivo Geral .................................................................................................................... 8

2.2 Objetivos Específicos ......................................................................................................... 8

3. METODOLOGIA ......................................................................................................... 9

4. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS ................................................................. 10

5. RESULTADOS ........................................................................................................... 12

5.1 Temas do Plano de Ação RESEX de Cururupu– 11 e 12/11/2010....................................... 21

5.2 Análises das reuniões do Conselho Deliberativo.................................................................. 25

5.3 Entrevista realizada com o Senhor Alberto Cantanhede (Beto do Taim) sobre a RESEX de

Cururupu ................................................................................................................................... 27

6. CONCLUSÕES ........................................................................................................... 31

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 34

ANEXOS ............................................................................................................................ 36

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1. INTRODUÇÃO

O presente relatório tem como objetivo sistematizar os trabalhos desenvolvidos no

decurso de doze meses, período entre agosto de 2013 a julho de 2014, relativos à duração da

bolsa de pesquisa PIBIC-FAPEMA/UFMA de 2013/2014. A pesquisa foi realizada de acordo

com o plano de trabalho do bolsista que se intitula “Análise sobre os Processos de

Consolidação da RESEX Marinha de Cururupu e a Gestão Socioambiental Compartilhada”.

Assim, este relatório está sendo produzido para uma análise acerca do plano de trabalho que

está vinculado à pesquisa Projetos de Desenvolvimento e Conflitos Socioambientais no

Maranhão desenvolvido pelo grupo de Estudo Desenvolvimento, Modernidade e Meio

Ambiente (GEDMMA)1.

A pesquisa serviu de base para construção de trabalhos, artigos e banners que

foram apresentados no decorrer da vinculação da bolsa, como: JICS(Jornada Internacional de

Ciências Sociais), SNTC (Semana Nacional de Ciência e Tecnologia) e o XXV SEMIC

(Seminário de Iniciação Científica).Em todos estes, os trabalhos foram apresentados na

modalidade “Banner”. Por fim, apresentações na modalidade comunicação oral foram

oportunizadas em dois eventos: no Seminário Internacional Carajás 30 Anos, em São Luís-

MA, e na29ª Reunião Brasileira de Antropologia (RBA), em Natal-RN, no corrente ano.

Nesse âmbito vale destacar que, apesar do relatório ser final, a pesquisa não se

esgota aqui. O término da bolsa não implica no encerramento da pesquisa, pois os

levantamentos realizados até o presente momento terão o caráter de avaliação de bases para

futuras pesquisas realizadas no grupo de estudo.

Através do plano de trabalho objetiva-se fazer uma análise da consolidação da

Reserva Extrativista (RESEX) Marinha de Cururupu e as implicações geradas pela gestão

compartilhada. Nesta pesquisa, busquei identificar quais e em que medida as demandas estão

se constituindo no processo de criação e consolidação da RESEX de Cururupu, como também

perceber a forma que os representantes das comunidades no Conselho Deliberativo da

RESEX de Cururupu estão se mobilizando e incorporando aos seus modos de vida a cogestão

da reserva; assim como observar o processo de inclusão dos etnoconhecimentos destas

populações no processo de construção do Plano de Manejo, como identificar possíveis

conflitos pela ocupação e uso dos diferentes espaços.

1 O GEDMMA é vinculado aos Programas de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCSoc) e Políticas

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A Reserva Extrativista Marinha de Cururupu está localizada no Litoral Ocidental

do Maranhão. Criada por decreto presidencial em 02 de junho de 2004, sua área compreende

13 ilhas habitadas (Mangunça, Caçacueira, Guajerutiua, Mirinzal, São Lucas, Peru, Valha-me

Deus, Retiro, Iguará, Porto do Meio, Porto Alegre, Bate-vento e Lençóis) e inúmeras ilhotas

inabitadas, diversos canais, rios e baías, e uma das maiores florestas de manguezais do

mundo, como também uma biodiversidade ímpar que gera toda uma economia local voltada

para a pesca, produção de mariscos e o ecoturismo de base comunitária.

Nas reservas extrativistas a participação ativa da sociedade na gestão dos recursos

naturais está amparada pelas diretrizes da Lei 9.985/2000 que instituiu o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação (SNUC), mais especificamente no Artigo 5° e no Artigo 18,

parágrafo 2º. Além disso, ainda encontra base legal no Decreto 4.340 de 22 de agosto de

2002, no capítulo V, referente ao Conselho Deliberativo das Reservas Extrativistas, onde

estabelece nos parágrafos 1º e 2º que a gestão será feita, além das representações das

populações tradicionais, também por representações da sociedade civil, organizações

governamentais e não governamentais nos três níveis da federação: municipal, estadual e

federal, de acordo com o contexto que a Unidade está inserida. Desta forma, os Conselhos

Deliberativos se constituem como instrumentos de expressão, representação e participação da

sociedade, tendo, portanto, um grande potencial de transformação política. Se efetivamente

representativos, podem imprimir um novo formato às políticas públicas e ao processo de

tomada de decisões.

Para dar apoio ao bom funcionamento do Conselho Deliberativo nas RESEX, dois

instrumentos se fazem importantes e fundamentais, um é o Regimento Interno e o outro é o

Plano de Ação, que hoje se denomina Acordo de Gestão. Para a elaboração destes dois

instrumentos encontra-se prevista na IN 02/2007, em seu Artigo 13, onde os mesmos devem

ser elaborados após a publicação da Portaria de criação do Conselho e posse de seus

Conselheiros. A IN 02/2007, no seu Artigo 16, ressalta que o Regimento Interno deverá ser

elaborado em um prazo de até noventa dias a contar da data de instalação do Conselho,

seguindo o que orienta o Anexo II desta Instrução Normativa. É importante destacar que o

parágrafo §2º, do Artigo 16, orienta que “antes de sua aprovação pelo Conselho, a minuta do

Regimento Interno deverá ser encaminhada à Diretoria de Unidades de Conservação de Uso

Sustentável e Populações Tradicionais do Instituto Chico Mendes para ciência e, quando

necessária, para sugestões de alteração”.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

A abordagem busca observar o grau de mobilização dos

Conselheiros/Extrativistas das diversas ilhas que compõem a RESEX de Cururupu face à

implantação do Plano de Manejo, bem como perceber em que medida os representantes das

comunidades que integram o Conselho Deliberativo da RESEX estão internalizando novas

categorias advindas com o discurso da criação e gestão da unidade de conservação, sobretudo

pela interação constante com representantes da RESEX de Cururupu/CNPT, órgão

responsável pela gestão das RESEX.

2.2 Objetivos Específicos

Identificar quais e em que medida as demandas estão se constituindo no

processo de criação e consolidação da RESEX de Cururupu;

Perceber como os representantes das comunidades no Conselho

Deliberativo da RESEX de Cururupu estão se mobilizando e incorporando

o sentido de cogestão da Reserva;

Observar o processo de inclusão dos etnoconhecimentos dessas

populações no processo de construção do Plano de Manejo;

Identificar possíveis conflitos pela ocupação e uso dos diferentes espaços

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3. METODOLOGIA

Para a execução da presente pesquisa foram utilizados os seguintes procedimentos

metodológicos:

Revisão bibliográfica, com ênfase sobre temáticas como etnoconhecimentos, pesca

artesanal, territorialidade marinha e legislação ambiental;

Levantamento de indicadores socioeconômicos e ambientais da área estudada;

Participação em atividades, oficinas e seminários propostos pela RESEX de

Cururupu/CNPT em parceria com a AMREMC (Associação dos Moradores da

Reserva Extrativista Marinha de Cururupu);

Realização de entrevistas, sobretudo, com extrativistas e com representantes do

Conselho Deliberativo da RESEX de Cururupu, com registro através de gravador e de

máquina fotográfica.

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4. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

Para a execução desse projeto foi realizada a revisão bibliográfica referente ao

tema abordado, sendo que grande parte dos estudos foram feitos nas reuniões semanais do

Grupo de Estudo: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA).

A pesquisa desenvolvida teve seu foco em um primeiro momento na busca de

bibliografias que tratassem de temáticas como etnoconhecimentos, pesca artesanal, legislação

marinha e ambiental. Simultaneamente, o bolsista, permaneceu em contato periodicamente

com a sede da RESEX de Cururupu/CNPT – órgão responsável pela gestão da RESEX

Marinha de Cururupu – com finalidade de fazer um levantamento de documentos, laudos e

produtos de pesquisas anteriores sobre a temática proposta pela pesquisa.

Durante a pesquisa, foram realizadas duas reuniões do Conselho Deliberativo

promovida pela RESEX de Cururupu/CNPT. A primeira entre os dias 14 e 15 de janeiro no

corrente ano, mais especificamente na sede do município de Cururupu-MA, e uma segunda

reunião nos dias 05 e 06 de Junho de 2014 na ilha de São Lucas – RESEX de Cururupu. Estas

reuniões tiveram como finalidade a apresentação do novo Conselho Deliberativo da RESEX.

Para auxiliar no desenvolvimento desta pesquisa, foi realizada a leitura das atas

das reuniões promovidas com as lideranças do Conselho Deliberativo e o órgão gestor da

RESEX de Cururupu. A primeira reunião teve como principal finalidade a apresentação dos

novos conselheiros, assim como outros assuntos para o manejo da reserva, e na segunda

reunião deteve-sena pauta que trata do benefício do Governo Federal denominado Bolsa-

verde, que vai contemplar os moradores que possuem o Cadastro Único do Governo Federal e

também serem beneficiários do Programa Bolsa-Família. Tal benefício tem a função

primordial de prover entre os seus moradores beneficiários ou não, o senso de

responsabilidade ambiental com a reserva e seus recursos naturais.

A utilização das fontes documentais, que foram disponibilizadas pela RESEX de

Cururupu/CNPT, serviu de fomento para a análise das questões que foram problematizadas e

colocadas em discussão no presente relatório.

O relatório apresenta falas que foram retiradas da entrevista realizada com o

Senhor Alberto Cantanhede (Beto do Taim) que tratou de informações a respeito da pesca,

Reservas Extrativistas, como também da grandiosidade que é a RESEX de Cururupu, bem

como os possíveis conflitos que se encontram pela sua grande extensão territorial. Essa

entrevista teve um caráter informal, porém de grande importância para a melhor compreensão

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do que é a atual forma de gestão e governança da Reserva, como também foi feita uma

entrevista com o gestor da Unidade, o senhor Eduardo Borba, que apresentou informações

sobre a atual situação da Reserva. Sendo que estas entrevistas foram de fundamental

importância para a construção deste relatório.

Procura-se fazer neste relatório uma revisão e levantamento da legislação que rege

as unidades de conservação, bem como elas são geridas pelos órgãos dos três níveis de

governo: Federal, Estadual e Municipal; percebendo, assim, se a legislação ainda possui

vigência, como também a retirada de alguns quesitos que outrora eram considerados

importantes para a boa gestão da reserva, como também os processos e etapas em que os

espaços participativos são implantados e consolidados nas gestões da unidade de conservação.

Este relatório também trata das questões condizentes com a pesca e o uso de

espaços, ressaltando para os etnoconhecimentos que estão representados no Plano de Manejo,

que está em processo de finalização e levando em consideração todas as etapas que se

consolidaram até o presente momento. Através da observação e análise destes processos,

busca-se fazer uma reflexão das categorias de cogestão, governança e a representação

comunitária, que estão presentes entre seus moradores e conselheiros.

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5. RESULTADOS

A RESEX Marinha de Cururupu, a 175 km da cidade de São Luís, foi criada em

2004, através do Decreto de 02 de junho de 2004. Ela está localizada na zona costeiro-

marinha dos municípios de Cururupu e Serrano do Maranhão, na região denominada de

reentrâncias maranhenses no litoral norte do Estado do Maranhão.

Com uma área de aproximadamente 185.046 hectares, a reserva abrange

ecossistemas costeiro-marinhos, estuarinos, extensos manguezais, três baías marinhas (Baía

Cabelo da Velha, Baía do Capim e Baía de Bate Vento), 13 ilhas habitadas e uma população

de aproximadamente (4.500 habitantes) 1.300 famílias (dados do último levantamento em

2012); sendo que a pesca artesanal, a extração de crustáceos e moluscos constituem as

principais atividades de renda domiciliar na reserva e atividades econômicas realizadas pelos

extrativistas.

A unidade possui famílias distribuídas em 13 comunidades: Mangunça,

Caçacueira, São Lucas, Peru, Guajerutiua, Valha-Me-Deus, Porto Alegre, Lençóis, Bate

Vento, Mirinzal, Porto do Meio, Retiro e Iguará. Estas comunidades estão organizadas

formalmente através da Associação dos Moradores da Reserva Extrativista de Cururupu

(Associação Mãe)2, que reúne aproximadamente 700 sócios e sócias. Além disso, algumas

comunidades possuem Associações locais, Grupos de Apoio, Sindicatos de Pescadores, bem

como outras formas de organizações não formais, que contribuem para a representação das

comunidades como também a garantia dos seus direitos básicos de cidadania.

No atual contexto, a unidade começa a se articular em relação à infraestrutura

físico-administrativa, como também à logística e os seus instrumentos de gestão; como o

Conselho Deliberativo que já se encontra efetivado e o Plano de Manejo que está em seu

processo de finalização.

A criação do Conselho Deliberativo se constituiu como passo importante no

processo de gestão da unidade e de fortalecimento das comunidades e suas instâncias de

representações, visto que é o espaço legalmente constituído de valorização, discussão,

2É importante ressaltar que a Associação de moradores da Reserva Extrativista de Cururupu é conhecida tanto

pela sigla AMREMC quanto Associação Mãe. Sendo que as duas nomenclaturas são válidas perante os órgãos de

regência.

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negociação, deliberação e gestão da Unidade de Conservação e sua área de influência

referente a questões sociais, econômicas, culturais e ambientais.

A formação do Conselho Deliberativo é prevista no SNUC e têm as suas

diretrizes, normas e procedimentos para formação e funcionamento, disciplinado pela IN 02

de 18 de setembro de 2007. Assim, o Conselho Deliberativo da RESEX de Cururupu foi

formado e formalizado conforme orientações contidas nesses instrumentos da legislação para

garantir e legitimar a gestão compartilhada da Unidade e fortalecimento das comunidades.

O processo de gestão das reservas extrativistas deve levar em consideração as

características históricas de organização dessas comunidades, como suas relações com o meio

em que vivem e o uso coletivo da terra. Assim, o Conselho Deliberativo se constitui em uma

importante ferramenta de gestão participativa de Reservas Extrativistas e no fortalecimento de

suas comunidades e suas organizações representativas, pois é o espaço legalmente constituído

de valorização, discussão, negociação, deliberação e gestão da Unidade de Conservação e sua

área de influência referente a questões sociais, econômicas, culturais e ambientais.

Os Conselhos Deliberativos devem ser formados através de um processo de ampla

discussão que permita a participação efetiva dos atores envolvidos, particularmente os

extrativistas e suas organizações representativas, objetivando uma gestão participativa e o

fortalecimento das comunidades.

As particularidades desses processos de gestão, nessas categorias demandam o

estabelecimento de procedimentos que garantam a participação qualificada da população local

e o uso de metodologias que permitam gerar uma integração dos conhecimentos tradicionais

com os técnico-científicos.

Nas reservas extrativistas a participação ativa da sociedade na gestão dos recursos

naturais está amparada pelas diretrizes da Lei 9.985/2000 que instituiu o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação, mais especificamente no Artigo 5° e no Artigo 18, parágrafo 2º.

Além disso, ainda encontra base legal no Decreto 4.340 de 22 de agosto de 2002, no capítulo

V, referente ao Conselho Deliberativo das Reservas Extrativistas, onde estabelece nos

parágrafos 1º e 2º que a gestão será feita além das representações das populações tradicionais,

como também por representações da sociedade civil, organizações governamentais e não

governamentais nos três níveis da federação: municipal, estadual e federal, de acordo com o

contexto em que ela está inserida a Unidade.

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Desta forma, os Conselhos Deliberativos se constituem como instrumentos de

expressão, representação e participação da sociedade, tendo, portanto, um grande potencial de

transformação política.

O Regimento Interno deve ser elaborado em um prazo de até noventa dias a contar

da data de instalação do Conselho, seguindo o que orienta o Anexo II desta Instrução

Normativa. Sendo importante destacar que o parágrafo §2º, do Artigo 16, orienta que “antes

de sua aprovação pelo Conselho, a minuta do Regimento Interno deverá ser encaminhada à

Diretoria de Unidades de Conservação de Uso Sustentável e Populações Tradicionais do

Instituto Chico Mendes para ciência e, quando necessária, para sugestões de alteração”.

Nesse contexto o Regimento Interno é um conjunto de regras estabelecidas por

um grupo que regulamenta o seu funcionamento, informando sua estrutura organizacional, o

número de membros, o funcionamento das reuniões ou assembleias, a entrada e saída de

conselheiros, dentre outras normas. Nesse documento é observada a sua importância, pois

através dele são normatizadas as diretrizes específicas de funcionamento do Conselho, que

têm a pretensão de promover um processo gestor de participação mais efetiva dos seus

representantes, no que diz respeito aos extrativistas, como também às organizações que os

representam perante o Conselho Deliberativo.

O Plano de Ação é o momento importante para o Conselho pensar sobre a sua

missão, identificando e relacionando as atividades prioritárias para o ano em exercício, tendo

em vista os resultados esperados. É uma espécie de “contrato” firmado entre a instituição

gestora da UC e a população local, o qual estabelece as ações e restrições que são necessárias

executar para que os objetivos da Unidade de Conservação sejam atingidos.

Diferencia-se do Plano de Manejo, porque pode ser executado sem que se

disponha de todos os dados sobre as variáveis ambientais e socioeconômicas da UC e de seu

entorno. É um instrumento que é precedido do Plano de Manejo, pois pode ser elaborado mais

rapidamente que aquele e garante que algumas ações indispensáveis à proteção da UC sejam

executadas até que se tenham as condições técnicas e financeiras de elaborar o Plano de

Manejo da Unidade de Conservação (SILVA, 2007).

De acordo com Loureiro (2007), o Plano de Ação, bem como todo o trabalho de

fortalecimento do Conselho, é estruturado de modo sintonizado com a seguinte premissa:

quando pensamos em educação no processo de gestão ambiental estamos desejando

o controle social na elaboração e execução de políticas públicas, por meio da participação permanente dos cidadãos, principalmente de forma coletiva, na gestão

do uso dos recursos ambientais e nas decisões que afetam a qualidade do meio

ambiente. (IBAMA, 2002)

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Aqui é ressaltado que os mecanismos de regimento das RESEX foram se

constituídos a partir da metodologia de um planejamento participativo como um primeiro

produto que fomenta a reflexão e a ação institucional (unidade de conservação, conselho,

órgão ambiental responsável), que deve ser apropriado e aprimorado permanentemente por

todos os envolvidos, em um processo verdadeiramente educativo e democrático, voltado para

a consolidação dos espaços participativos, a convivência inclusiva entre as diferentes culturas

locais, a consolidação da gestão e a sustentabilidade das UC (LOUREIRO, 2007).

A presente abordagem tem como um dos objetivos identificar como se dá a

mobilização dos representantes/extrativistas das diversas ilhas que compõem a RESEX

Marinha de Cururupu face à implementação do Plano de Manejo, bem como perceber em que

medida representantes das comunidades que integram o Conselho Deliberativo da RESEX

estão internalizando novas categorias advindas com o discurso da criação e gestão da unidade

de conservação, sobretudo pela interação constante com representantes do RESEX de

Cururupu via CNPT, órgão responsável pela gestão da RESEX.

A pesquisa que dá suporte ao presente relatório baseia-seno levantamento e busca

de documentações, laudos, produtos e atas das reuniões realizadas, junto à sede da RESEX de

Cururupu/CNPT na cidade de São Luís, bem como, no acompanhamento direto nas reuniões

do Conselho e interlocução com os moradores e representantes das ilhas, na área da RESEX

de Cururupu.

Numa análise da consolidação da RESEX Marinha de Cururupu e suas

implicações geradas pela gestão compartilhada, buscou-se identificar quais e em que medida

as demandas estão se constituindo desde o processo de criação e a consolidação da RESEX

Marinha de Cururupu, e também não menos importante perceber como os representantes das

comunidades no Conselho Deliberativo estão se mobilizando e incorporando o sentido de

cogestão da reserva. Outro objetivo do plano de trabalho, sobre o qual está sendo finalizado o

presente relatório, diz respeito à identificação do processo de inclusão dos etnoconhecimentos

dessas populações no processo de construção do Plano de Manejo e identificar possíveis

conflitos pela ocupação e uso dos diferentes espaços.

O processo de gestão das reservas extrativistas deve levar em consideração as

características históricas de organização das comunidades, suas relações com o meio em que

vivem e o uso coletivo da terra.

O Conselho Deliberativo se constitui em uma importante ferramenta de gestão

participativa de Reservas Extrativistas e no fortalecimento de suas comunidades e suas

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organizações representativas. O mesmo deve ser formado através de um processo de ampla

discussão que permita a participação efetiva dos atores envolvidos, particularmente os

extrativistas e suas organizações representativas que objetivam uma gestão participativa e o

fortalecimento das comunidades.

As particularidades dos processos de gestão destas categorias demandam o

estabelecimento de procedimentos que garantam a participação qualificada da população local

e o uso de metodologias que permitam gerar uma integração dos conhecimentos tradicionais

com os técnico-científicos.

Para compreendermos os processos e etapas de consolidação dos espaços

participativos da RESEX Marinha de Cururupu-MA, é necessário termos a noção que diversas

atividades foram desenvolvidas e seguiram as etapas propostas conforme consta na IN

02/2007. Primeiramente, a identificação e escolha de representantes das populações

tradicionais da Reserva. Outra etapa importante foi a mobilização, sensibilização e

capacitação de representantes das populações tradicionais da Reserva. Aqui foram realizadas

oficinas e reuniões com os/as representantes das comunidades que foram escolhidos como

conselheiros e seus suplentes. Dialogando aqui com os dados socioambientais da Reserva e

indicando as tendências da área que será gerida pelos órgãos gestores, as suas potencialidades

e também as alternativas viáveis para seu uso. Os/As conselheiros(as) são estimulados a

assumir uma postura crítica e para elaborar sugestões em relação ao que for apresentado nas

reuniões.

As atividades pretendidas para a capacitação dos(as) conselheiros(as) e seus

suplentes visam reforçar os conceitos acerca do caráter, atribuições e deliberações do

Conselho, um marco legal que o regulamenta o perfil dos(as) conselheiros(as) e também a

prática do diálogo entre partes conflitantes, como também a comunicação entre as

comunidades e entidades parceiras nas questões que dizem respeito à gestão da reserva.

A realização de diagnóstico socioambiental em parceria com as populações

tradicionais serviu de subsidio para construção do Conselho e Plano de Manejo. Essa

elaboração do Plano de Manejo da Reserva Extrativista vem sendo realizado e já

proporcionou o levantamento e sistematização dos dados para a caracterização socioambiental

da área. Assim sendo, pretende-se realizar nesta atividade a divulgação dos resultados de tal

levantamento e, caso oportuno, complementações de informações.

Outro aspecto desse processo de espaços participativos é a identificação pelas

populações tradicionais da Unidade e pelo órgão executor dos atores ou segmentos da

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sociedade civil, governamentais e não governamentais, com influência direta ou indireta na

Unidade e seu entorno. Para isso foram avaliados os pontos negativos e positivos da eventual

participação destes no Conselho.

O processo de construção dos espaços participativos necessita de uma definição

do número de vagas e da composição final do Conselho Deliberativo em reunião com as

populações tradicionais e demais segmentos. Esta atividade se dá através de Reunião, onde os

membros do Conselho podem discutir e debater sobre a sua composição final e onde é gerada

uma ata de constituição, que é encaminhada posteriormente com documentação para a

formalização do Conselho Deliberativo.

Conforme a IN 02/2007, a composição do Conselho obedecerá aos seguintes

critérios: ser indicado para cada vaga no Conselho um representante titular e pelo menos um

suplente, os quais poderão pertencer à mesma ou a diferentes entidades, ou representações

desde que de um mesmo segmento; uma mesma entidade só poderá ocupar uma vaga no

Conselho; deve-se garantir, na composição do Conselho, maioria de representantes das

populações tradicionais da Unidade; o titular e o suplente do Instituto Chico Mendes deverão

ser indicados pela Diretoria de Unidades de Conservação de Uso Sustentável e Populações

Tradicionais do Instituto Chico Mendes.

Os documentos e registros do processo de formação do Conselho Deliberativo são

encaminhados à Diretoria de Unidades de Conservação de Uso Sustentável e Populações

Tradicionais do Instituto Chico Mendes para análise e emissão de parecer técnico conclusivo,

finalizando-se os trâmites para sua formalização com a elaboração de Minuta de Portaria.

O processo de formação do Conselho Deliberativo devidamente instruído deve ser

encaminhado para a Procuradoria Federal Especializada para emissão de parecer jurídico

fundamentado e posteriormente à Presidência do Instituto Chico Mendes para publicação da

portaria de criação do Conselho no Diário Oficial da União. Essa consultoria ficará

responsável por encaminhar ao processo legal de documentação da criação do Conselho,

conforme consta no termo de referência, em colaboração ao ICMBIO.

Depois da homologação do Conselho Deliberativo, passa-se para a etapa da

reunião de posse de seus conselheiros. Após a publicação em Diário Oficial, todos os

membros conselheiros tomam posse nas suas respectivas cadeiras no Conselho, através de

cerimônia pública de posse onde se deve fornecer uma breve explicação sobre a importância

do Conselho e da gestão compartilhada da Reserva Extrativista.

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Devem ser enfatizadas também as atribuições de cada membro do Conselho e o

papel do conselheiro perante os atores por ele representados, reforçando sua responsabilidade

em repassar o que for discutido e acordado dentro do Conselho. Além disso, os representantes

devem perceber-se como peças-chave para estimular a comunidade a manter-se mobilizada e

organizada em relação às questões da Reserva.

Constituído o Conselho e empossados os respectivos conselheiros, as etapas

seguintes são: discutir e elaborar o regimento interno e o plano de ação do próprio Conselho

da Unidade de Conservação. Para tanto serão realizadas reuniões preparatórias para a

elaboração do regimento interno, sendo necessário o comparecimento de todos os

conselheiros e seus respectivos suplentes.

No que tange sobre a gestão socioambiental compartilhada entrando diretamente

no plano de pesquisa que foi proposto, a análise dos processos que dizem respeito à criação da

RESEX Marinha de Cururupu, primeiramente faço um breve levantamento das legislações

que regem as UC, desde a introdução a lei SNUC como também a análise dos artigos e

instruções normativas que regem constitucionalmente as Unidades de Conservação no

território brasileiro, amparados pela Constituição de 1988.

Devemos ter a consciência de que existem especificidades e singulares das UC

(LOUREIRO, 2007). Para isso é levado em consideração os conhecimentos tradicionais no

que diz respeito às questões de zoneamento, limites de pesca, entre outros. O roteiro

metodológico, além de atender plenamente às determinações do SNUC, apresenta um

elemento importante:

a introdução do conceito de uso múltiplo, que, a rigor, difere dos modelos

tradicionais de plano de manejo, que eram direcionados para um recurso ou uma

determinada atividade produtiva (IBAMA, 2001).

Para se pensar no manejo das reservas extrativistas, o enfoque é o próprio

ecossistema o qual faz parte, sendo que aqui se incluem as funções e os serviços ambientais

que são provenientes do uso dos recursos naturais existentes, pois os objetivos básicos desta

unidade de conservação da categoria de uso direto é compatibilizar a manutenção da natureza

com o uso sustentável dos seus recursos (IBAMA, 2001).

É importante notar que existe aqui de forma intrínseca e relacional o manejo da

reserva; também como é que existe um anseio corrente entre os representantes para a

execução e manutenção do Plano de Manejo. Em relação à RESEX Marinha de Cururupu,

embora o plano de manejo ainda não se encontre finalizado, o mesmo já está em fase bastante

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19

avançada, dependendo apenas da publicação no Diário da União, para que este entre em vigor

na Reserva.

Desde a criação e o atual momento em que a RESEX está consolidada, lembrando

que dentre as demais RESEX marinhas, a de Cururupu é a que apresenta um grande avanço

no seu plano de gestão compartilhada. Desde a implantação dos seus planos, tanto o de uso

quanto o acordo de gestão, seus próprios moradores chegam a apresentar diversos pontos

positivos, desde a sensação de segurança que eles possuem em relação ao uso comum como

também a preservação do meio que lhes é assegurada por lei.

É percebido que os moradores possuem um senso de preservação e conhecimento

próprio. O conhecimento tradicional dos pescadores artesanais não é pré-lógico ou pré-

científico, mas sim baseado na observação contínua de fenômenos naturais recorrentes que

permitem ao pescador tomar decisões sobre o momento de ir pescar, sobre o local mais

adequado e sobre o uso das técnicas mais apropriadas (LÉVI-STRAUSS, 1989; DIEGUES,

2004).

Sem tais conhecimentos precisos seria impossível a sobrevivência dessas

comunidades e a reprodução de um modo de vida num ambiente marinho, sujeito a frequentes

e perigosas mudanças de tempo e condições adversas. Chama-se a atenção para se perceber

que a organização dos espaços faz-se permeada de regras informais que devem ser tratadas

como legítimas e que, muitas vezes, são mais eficazes que as estipuladas pelas leis formais

(PEREIRA, 2007).

Nesse sentido, concordamos com Diegues (2000) que, ao analisar as questões

ambientais que são críticas para a humanidade, propõe uma simbiose entre o conhecimento

científico e o tradicional, no qual as bases da “etnoconservação” devem ser fortalecidas

levando em conta o papel ativo das populações tradicionais. Ou seja, como bem afirma

Pereira (2007) em sua tese de doutorado:

na elaboração das estratégias de conservação as pessoas das comunidades

tradicionais não devem ser tratadas com um peso menor no processo deliberativo no

planejamento e execução de ações conservacionistas, mas sim como co-pesquisadores, como coautores de trabalhos pelas informações concedidas,

alicerçadas num rico (etno)conhecimento informal, mas não ilegítimo.

E só um efetivo trabalho de escuta etnográfica poderia nos dizer qual o ponto de

vista do nativo, as suas categorias de auto-atribuição e suas bases de etnoconservação que

demarcam um sentido de “tradicionalidade”.

Page 20: Relatório Final 2014-Ronyere

20

As RESEX são consideradas como instrumentos significativos para a manutenção

e reprodução da cultura e das práticas socioeconômicas de uma grande parcela de

comunidades tradicionais que são localizadas em regiões marinhas, costeiras, estuarinas e

ribeirinhas. Nelas têm-se como controle social nos métodos de exploração, sendo o sistema de

ordenamento e normalização que é baseado no manejo tradicional e na gestão compartilhada

dos recursos naturais e sociais.

Para o exercício da gestão compartilhada é preciso alcançar primeiramente regras

claras e flexíveis estabelecidas pelo manejo compartilhado, também é preciso a resolução de

conflitos consentidos de forma coletiva, uma distribuição dos direitos e deveres, justa e

equitativamente, gestão sustentável dos recursos naturais presentes na Reserva em longo

prazo, considerando aqui os planos de manejo otimizado pela organização socioprodutiva,

desde a agregação de valores à produção, identificação e estabelecimento de formas mais

justas de comercialização.

É de grande relevância notar que os próprios moradores das 13 ilhas habitadas da

região que hoje é a RESEX se articularam desde o início da década de 1990 para que a mesma

pudesse ser criada e consolidada. Passaram-se mais ou menos 13 anos para que de fato a

criação e homologação fossem realizadas.

Em alguns pontos, moradores divergem em suas perspectivas sobre a

consolidação da RESEX, mas é percebido a nítida e boa aceitação de seus moradores em

relação à criação da mesma. De certa maneira, é bem clara a percepção de que os moradores

sabem qual é o papel da criação da Reserva, que é de proteger os moradores dos agentes

externos (a pesca industrial, desmatamentos de áreas de mangue, retirada de madeira por

terceiros, etc.), as áreas de uso comum, a cultura local, os modos de vida e os recursos

naturais presentes.

O Plano de Ação3·, que hoje se denomina „Acordo de Gestão‟, tem como

finalidade preliminar as resoluções de “problemas” que podem acontecer e/ou serem

apontados antes da implementação do Plano de Manejo da RESEX. Sendo que o plano da

RESEX de Cururupu já está em fase de publicação e homologação.

Para entender como foi construído esse Plano de Ação, devemos fazer um recorte

histórico e analisar a sua concepção/construção. Nos dias 11 e 12 de novembro de 2010 foram

realizadas as reuniões de construção do Plano de Ação da RESEX Marinha de Cururupu na

3O Plano de Ação é um mecanismo anterior ao Plano de Manejo e tem finalidade de apontar possíveis

problemas estruturais que estão presentes na UC.

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21

ilha de Guajerutiua, com a presença da consultora Heloísa Aquino (PNUD) que teve a função

de coordenar essa construção.

Para a elaboração do Plano de Ação da RESEX Marinha de Cururupu, foi

utilizada a metodologia baseada no trabalho do IBASE (2006), intitulado Elaboração do

Plano de Ação em Unidades Conservação. Entretanto, é importante ressaltar que essa

metodologia não foi aplicada na sua totalidade, sendo adaptada à realidade de tempo e das

condições locais onde foi realizada a atividade.

Desta forma, a diretriz fundamental almejada para a elaboração do Plano perpassa

pela criação coletiva de um espaço sistemático de conversação, explicitação e negociação de

diferentes interesses e da aprendizagem compartilhada, envolvendo variados saberes e

referências. Conforme o documento do IBASE, os instrumentos e as dinâmicas sugeridos

devem auxiliar na estruturação coletiva de uma proposta, sem, no entanto, inibir a criatividade

e o bom senso na construção desse plano.

Durante a oficina do Plano de Ação, o trabalho foi conduzido, buscando sempre

privilegiar a participação de todos os participantes e os estimulando a expressarem suas ideias

e posições, bem como foi seguida uma lógica em que, antes de se chegar à matriz de

planejamento, os participantes puderam refletir e analisar a importância de tal planejamento e

seus objetivos.

Tendo como base os resultados obtidos com os trabalhos de grupo, foi construído

o plano por tema, elencando as responsabilidades de forma direta e indireta e estimando o

período, de curto e em longo prazo, necessário para o cumprimento das metas o que resultou

na matriz apresentada abaixo:

5.1 Temas do Plano de Ação RESEX de Cururupu4– 11 e 12/11/2010

Tema

Saúde

Segurança

Educação

Energia

Comunicação

Ambiental

Socioeconômico

4Formulado durante a reunião da constituição do Plano de Ação nos dias 11 e 12 de novembro de

2010, na ilha de Guajerutiua – RESEX de Cururupu-MA.

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Tomando como ponto de análise, os temas do plano de ação da RESEX de

Cururupu, podemos ver quais são as principais reivindicações dos moradores em relação ao

bem-estar e a melhoria da qualidade de vida. É importante lembrar que o Plano de Ação5 é o

plano primeiramente proposto, uma vez que este vai tentar resolver a um curto e/ou médio

prazo problemas recorrentes que são percebidos pelos próprios moradores.

Em relação ao Plano de Ação, quando perguntados sobre “como é sua vida

aqui?”, podemos ver os próprios moradores acionarem os problemas que foram mostrados na

tabela.

Percebemos, por exemplo, a preocupação dos moradores com a questão da

limpeza da praia, uma vez que é dito que os moradores das ilhas deveriam ser mais ativos na

conservação do local onde eles vivem e retiram o seu alimento diário.

Nas situações que estão apresentadas na tabela, são as principais causadoras de

circulação de moradores ilha-continente, sendo que em diversas vezes o retorno dos

moradores na maioria os jovens não acontece, devido aos poucos recursos presente nas ilhas

(saúde, educação, comunicação). Porém é notado que entre os seus moradores existe um

sentimento de pertencimento com o seu local de morada. Todos afirmam que são filhos do

lugar onde moram e têm certo orgulho disso. Isso foi percebido em suas falas durante

entrevistas e leitura de atas de reuniões do conselho, sendo nítida a preocupação como o

futuro das novas gerações e com as gerações mais anciãs que moram nas ilhas.

Os principais problemas que foram explicitamente apresentados foram as questões

de saúde e a educação. Todos veem apreensivos os problemas que são causados pela falta

e/ou a forma precária na qual a saúde e a educação são apresentadas pelos órgãos públicos.

Neste contexto, o Plano de Ação (Acordo de Gestão) é uma forma que os próprios

moradores podem contribuir para que existam possíveis resoluções dos problemas e melhorar

a qualidade de vida dos moradores.

Os papeis representativos dos órgãos locais tanto do Sindicato de Pescadores

quanto da Associação de Moradores da Reserva Extrativista Marinha de Cururupu

(AMREMC – Associação Mãe) são de grande relevância serem tratados neste relatório, pois

como se trata de uma gestão compartilhada e que abrange agentes federais, estaduais e

municipais, outras representações locais também têm grande relevância na constituição e

contribuição da RESEX Marinha de Cururupu.

5Hoje denominado Acordo de Gestão.

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23

Estas representações locais possuem um elevado grau de importância, uma vez

que elas têm um contato direto com os moradores das ilhas, sendo que através destas os

moradores são representados. A gestão compartilhada abre espaço para que cada comunidade

possua um representante no Conselho Deliberativo, sendo aqui apreciada pelos moradores a

forma de governança6 proposta e utilizada pela RESEX.

O Sindicato de Pescadores e a AMREMC têm sua importância tanto na

constituição, que é o caso do sindicato dos pescadores, quanto na consolidação da RESEX,

que é o caso do Conselho Deliberativo, e têm o desafio de gerir e buscar soluções, sobretudo

os interesses dos moradores/usuários da RESEX. Lembrando que em todas as decisões

passam por avaliação dos conselheiros(as) e por fim votam democraticamente para que a

resolução e/ou solução do impasse venha a ser resolvido, o que não é tarefa tão simples, pois

têm-se representantes de várias localidades com peculiaridades específicas.

O Regimento Interno e o Plano de Ação são importantes instrumentos que

auxiliam na gestão participativa de uma Unidade de Conservação e servem acima de tudo

para fomentar a reflexão e a ação institucional (Unidade de Conservação, Conselho, Órgão

Ambiental responsável), que deve ser apropriado e aprimorado permanentemente por todos os

envolvidos, em um processo verdadeiramente educativo e democrático, voltado para a

consolidação dos espaços participativos, a convivência inclusiva entre as diferentes culturas

locais, a consolidação da gestão e a sustentabilidade das Unidades de Conservação

(LOUREIRO, 2007).

No processo de construção destes espaços de atuação, percebeu-se que muito se

tem ainda que caminhar na busca de uma gestão verdadeiramente participativa, onde a

população tradicional possa exercer seu papel dentro do Conselho em condições de igualdade

com as representações de instituições externas.

Para tanto é fundamental que imprima cuidados e atenções diferenciados com tais

membros do Conselho, levando-se em consideração a capacidade diferenciada para a

participação, sendo preciso reafirmar a dimensão política do trabalho de criação, estruturação

e fortalecimento dos Conselhos, principalmente como processo de construção de novas

dinâmicas democrático-participativas.

Esse processo não se esgota na sua competência técnica, por mais imprescindível

que ela seja. Um Conselho forte, contribuindo efetivamente na gestão ambiental de áreas

6 O sentido apresentado refere-se à forma que os três níveis, o Municipal-Estadual-Federal, e também o local

(Conselho Deliberativo) dialogam para construir e aperfeiçoar a gestão da RESEX, utilizando as questões dos

moradores; sendo que essa forma de gestão é uma novidade no cenário político e surge no momento em que as

RESEX são criadas.

Page 24: Relatório Final 2014-Ronyere

24

protegidas, promove o alargamento da democracia, amplia a participação social na vida

pública e, consequentemente, amplia a dimensão pública para além do domínio do Estado.

Os Conselhos são uma vivência de cidadania, de trabalho articulado (em rede) que

precisa buscar se completar na solidariedade e na prática cooperativa, para imprimir

mudanças significativas na cultura política.

Esses são aspectos que apontam para uma nova governança em que a sociedade

civil e o Estado atuam em consonância. É fundamental programar o processo com

comprometimento, estabelecendo e ampliando as parcerias nesta trajetória.

Desta forma, os Conselhos Deliberativos se constituem como instrumentos de

expressão, representação e participação da sociedade, levando em conta os conhecimentos

tradicionais de seus moradores, tendo, portanto, um grande potencial de transformação

política. Se efetivamente representativos, podem imprimir um novo formato às políticas

públicas e ao processo de tomada de decisões. Tem-se percebido que mecanismos legais que

regem os Conselhos Deliberativos passam a fazer parte do discurso de alguns

moradores/extrativistas que participam das reuniões da Associação de Moradores da Resex e

de reuniões do Conselho Deliberativo. Por outro lado, a valorização plena do conhecimento

local requer aberturas, avanços efetivos nos espaços como as assembleias participativas, no

tocante ao fortalecimento da RESEX de Cururupu, pois percebemos que o sentido da

compreensão entre natureza e cultura ainda não se dá de forma tão claramente nas discussões.

Uma coisa interessante a destacar é que a etnoconservação passa pelas questões do dia-a-dia

dos pescadores, a forma como vêm manejando os recursos pesqueiros e a área do manguezal,

evidenciando o lado prático do modus vivendi.

A importância da inclusão dos saberes dessas populações no delineamento das

políticas públicas está sendo aqui pontuada, mas ainda não se percebe um discurso aberto que

incentive ou valorize as práticas desse manejo, de resguardo com o meio ambiente, com os

elementos da natureza, ligadas com o mundo não material tão fortes em sua vivência, mas não

explicitadas nas falas que se dão em espaços normatizados pela gestão da RESEX.

Conforme Pereira (2007, p.185), quando se fala em populações tradicionais, e se

quer realmente trabalhar a questão da etnoconservação, concebe-se que além das atividades de

subsistência, o conjunto de crenças, de mitologia, deva ser considerado nas práticas de manejo

realizadas no “lugar” em que dão sentido à sua vida, à sua reprodução material e cultural. Até

agora essas questões com os nossos interlocutores só se dão fora da discussão das políticas

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públicas. Não é percebida nenhuma deixa sobre o assunto durante as assembleias; embora

admitam que existam essas questões (nas conversas informais isso aparece sem dificuldades).

Um ponto bastante significativo que tem sido evidente é que nas suas próprias falas,

dos moradores/extrativistas das ilhas pertencentes à RESEX Marinha de Cururupu, há uma

clara tomada de consciência de seus direitos, que a cada momento de crise é acionada e

fortalecida. Quando há problemas de ocupação, uso de espaços comuns e de pesca, os

próprios moradores reivindicam seus direitos embasados nas leis que regem a Reserva.

5.2 Análises das reuniões do Conselho Deliberativo

No mês de Janeiro de 2014, aconteceu a sexta reunião do Conselho Deliberativo da

Reserva Extrativista Marinha de Cururupu, na sede do Sindicato dos Pescadores, no

município de Cururupu-MA. Estavam reunidos os moradores da RESEX de Cururupu, para a

apresentação do novo Conselho Deliberativo da Unidade de Conservação.

O mandato anterior teve seu prazo finalizado no mês de agosto de 2013, e o processo

de renovação do conselho foi iniciado em outubro do mesmo ano. O mandato de cada

conselheiro(a) dura dois anos, sendo que o mandato do atual conselho teve sua efetiva

iniciação a partir da 1ª reunião após a eleição do conselho, que passou a tomar posse de suas

obrigações a partir dessa reunião que aqui está em análise.

Com a apresentação dos novos conselheiros, foi feita a apresentação dos mesmos,

sendo também feita a distribuição da lista do cadastro dos beneficiários do ICMBio e do

INCRA. Importante aqui ressaltar que foi explicada a diferença entre estes dois órgãos, como

também o funcionamento de cada cadastro.

Cada membro do conselho levou para sua ilha que compõem a RESEX o cadastro

para a verificação dos beneficiários e para que fosse realizado o enquadramento dos

moradores no perfil que é definido pelo órgão gestor (ICMBio). Também nesta reunião foi

feita a explicação do programa ARPA (Áreas Protegidas da Amazônia) como também as

atividades que seriam iniciadas pelo programa no ano de 2014, sendo aqui ressaltada a

importância dessas atividades7 para o manejo da RESEX.

7Atividades como o mapeamento e análise de usos específicos das áreas de manguezal no interior da

UC; avaliação e qualificação das áreas de pesca e as artes de pesca que são utilizadas na RESEX e os

conflitos gerados pelas mesmas; uso da área da RESEX para a criação de gado.

Page 26: Relatório Final 2014-Ronyere

26

Nesta reunião foram apontados por seus moradores problemas de ocupação de

espaços em diversas ilhas da RESEX, lembrando que também foi discutido o Contrato de

Concessão de Direito Real de Uso, ressaltando a venda de terrenos, cerceamento de espaços

comuns por não residentes da unidade de conservação, criação de animais de grande porte que

causa danos na vegetação costeira.

É percebido aqui que os membros do Conselho Deliberativo, estão a par das leis que

regem a unidade de conservação e nestes espaços de reunião e deliberação apontam os

problemas que estão ocorrendo em suas localidades de morada e manejo coletivo.

A sétima reunião ocorrida no dia 05 de junho de 2014, na Ilha de São Lucas/RESEX

de Cururupu deteve-se primeiramente na pauta inicial sobre o Programa Bolsa Verde. Foi

entregue entre os moradores e conselheiros a resolução8 que define o papel do beneficiário do

programa.

Nesta reunião, foi publicado o Acordo de Gestão, onde fica explicitado que somente

os beneficiários da RESEX terão direito a pesca. Ainda sobre o Programa Bolsa Verde, foi

explicado que para seus moradores serem beneficiários, os mesmos devem estar cadastrados

no CAD-Único (Cadastro Único do Governo Federal) como também serem beneficiários do

Bolsa Família.

No segundo dia da reunião ordinária, foi apresentada a pauta sobre o Plano de

Manejo. Através do Programa ARPA, foi contratada uma consultora que fará o

acompanhamento das atividades junto com grupos de trabalho para a elaboração desse plano.

Estes grupos terão o papel de subsidiar e contemplar as questões das comunidades como um

todo sem priorizar questões particulares.

No final desta reunião foi decidida a próxima que será na sede do município de

Cururupu-MA nos dias 16 e 17 de Setembro de 2014.

8A Resolução Nº 05, de 06 de Junho de 2014, que dispõe sobre o Programa Bolsa Verde, encontra-se

no anexo deste relatório.

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27

5.3 Entrevista realizada com o Senhor Alberto Cantanhede (Beto do Taim)9 sobre a

RESEX de Cururupu

A criação da Reserva Extrativista Marinha de Cururupu deu-se a partir das seguintes

parcerias: Sindicato dos Pescadores de Cururupu, Centro de Apoio e Pesquisa ao Pescador

Artesanal do Maranhão (CAPPAM), Coordenação da Agenda 21 de Cururupu e Prefeitura de

Cururupu (PEREIRA, 2007).

Para entendermos melhor sobre essas parcerias da constituição da RESEX, subsidiei-

me da entrevista do Senhor Alberto Cantanhede (Beto do Taim), que possui uma grande

vivência e participação na constituição da Reserva. A entrevista realizada com Beto do Taim,

integrante do MONAPE (Movimento Nacional de Pescadores), foi colocada em evidência

neste relatório, devido à sua participação na consolidação da Reserva, bem como a sua

interação efetiva com os órgãos que fazem a gestão da mesma, possuindo grande visibilidade

e domínio em assuntos no que tangem a questões ambientais, marinhas e pesqueiras. Na sua

primeira fala, o entrevistado apresenta aspectos que levaram à criação da Reserva, bem como

a atuação de órgãos exteriores no que tange ao uso dos espaços comuns, pesca sustentável e

outros fatores aqui apresentados:

[...] a gente acabou discutindo esses dois momentos, um pouco mais sobre as

unidades de conservação, como os espaços para esses projetos de pesca sustentável e

destacando em alguns pontos essas... Por que Cururupu, no projeto da RARE10...

Cururupu não estava inserida ainda, eles não consideravam, eles estavam muito pela

pressão que o ICMBio sofre em Brasília e quem estava pressionado lá era pessoal do

Pará... no Pará tem nove unidades de água salgada e no Maranhão só tem uma... É

Cururupu, que foi criada... Só que a gente diz assim... A gente brinca com o pessoal

da Bahia, não mais o maior litoral é o da Bahia, o segundo que é do Maranhão. Mas

o da Bahia já está esticado, do Maranhão ainda está encolhido, se a gente esticar fica

maior. (Entrevista com o Senhor Alberto Cantanhede (Beto do Taim) – 26/06/2014)

Também, nesta entrevista apresenta aspectos da grandiosidade que é a RESEX de

Cururupu, comparando-a com outras reservas, sendo que a soma das mesmas, não alcança a

sua totalidade:

E as noves unidades do Pará, oito delas dá entorno de 160.000 hectares, a de

Cururupu sozinha é 186.000 hectares. Então pelo tamanho ela já é impossível ter um

cuidado, uma atenção maior... Ela é muito grande, né. As outras unidades que a

gente tem no litoral brasileiro a maioria delas são áreas contínuas ligadas ao

9Alberto Cantanhede, mais conhecido como Beto do Taim, pescador, dirigente da União de Moradores

do Taim, integrante do MONAPE (Movimento Nacional de Pescadores) e do GTA (Grupo de Trabalho Amazônico) e residente no povoado do Taim, localizado na Zona Rural II na ilha do

Maranhão, no município de São Luís.

10 ONG

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28

continente, Cururupu é quinze ilhas dispersas no meio do mar, recortado de baías, de

rios...(Entrevista com o Senhor Alberto Cantanhede (Beto do Taim) – 26/06/2014)

São apresentadas aqui, as dificuldades que a reserva apresenta, nos quesitos que

tangem os programas do governo, sendo demonstrada a dificuldade da logística e o transporte

para a construção das residências do programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida”,

mostrando que os valores calculados inicialmente teriam um acréscimo no seu estágio final e

estaria superior daquele que fora destinado para a construção das moradias:

Um diferencial que ela tem. E aí tudo é mais difícil, como comunicação, transporte

de pessoa com material, tanto é que o “Minha Casa Minha Vida”, ainda não

conseguiu implementar lá, porque quando fomos fazer o cálculo de transporte,

material e logística do material precisava de quase outro valor para fazer transporte.

Por esses aspectos ela já é um diferencial, pelo tamanho, pela complexidade que

é...(Entrevista com o Senhor Alberto Cantanhede (Beto do Taim) – 26/06/2014)

Nesta entrevista é apresentado diferencial cultural e populacional de determinadas

ilhas, sendo que algumas têm seus costumes específicos, outras servem de ranchos de

pescadores, como também refúgio de moradores de outras regiões, que segundo o senhor

Alberto Cantanhede estariam em situação de fuga de situações que outrora é desconhecida

para os demais moradores:

É... lá tem ilha que que tem um comportamento e cultura muito distinta uma das

outras é... Se a gente pensar o que é “Lençóis” que cultua ainda o Sebastianismo e o

“Beiradão” que são pessoas que basicamente são... Não vou dizer marginais, são

pessoas que estão em fuga de alguma situação fora de lá e ocuparam a ilha... Do lado

de... Deixa eu ver qual outra ilha que tem de lá, rapaz... Que está quase vazia... A

ilha do lado deles... Não, não é “Iguará”... Eu me esqueço o nome dela, “Porto

Alegre”, “Porto Alegre” mesmo, tá quase vazia... Têm umas três ou quatro famílias

ainda. E o “Beiradão” é um grupo que, que é só ranchos. Tem ninguém morando

definitivamente e são pessoas que quando a gente vai ouvir... Primeiro eles não

contam muito sobre eles, né... Não querem que ninguém saiba muito sobre eles, eu

tô colocando essas diferenças, daí tem mais outras no meio.(Entrevista com o

Senhor Alberto Cantanhede (Beto do Taim) – 26/06/2014)

A região da reserva é ambiente de reprodução do Mero, que segundo os próprios

moradores, confirmam pela abundância da espécie na região:

E os aspectos que a gente destaca como diferencial também acabou-se percebendo que desde 2002 com a proibição da pesca do Mero (Epinephelusitajara), lá ainda é

uma região que se busca mero, então tá... Ainda não tem nada cientificamente

comprovado mas pelo, pela vivência das pessoas, eu que vou lá com pouco mais de

frequência... É... a gente percebe que tem um ambiente próprio pra reprodução,

numa fase bem significativa do ciclo de vida do mero e é onde se concentra os

barcos dessa captura, da pesca do mero Então é inclusive uma espécie que a gente

incluiu como foco desse projeto, da RARE – Pesca Sustentável, pensando o

seguinte, se a gente conseguir fazer com que o cardume de mero se multiplique a

gente consegue com fiscalização, uma educação sobre as populações e uma

fiscalização sobre os pescadores de fora das ilhas que vão pra lá buscar esses

recursos, se a gente consegue fazer com que esse cardume de mero se multiplique, pode fazer um recorte de tempo, a gente consegue proteger outras espécies, tipo

peixe-boi, botos e por aí, as próprias espécies da economia deles mesmo: pescada,

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camurim... Então a gente elegeu o merocomo o foco, um alvo de preservação, de um

cuidado mais contínuo.(Entrevista com o Senhor Alberto Cantanhede (Beto do

Taim) – 26/06/2014)

Nesta entrevista, apesar de fragmentada, podemos perceber como a RESEX de

Cururupu possui importância ecológica, cultural e social para seus moradores, e é sabido que

sua grandiosa extensão é extremamente difícil fazer sua fiscalização. Porém como a

implantação das diretrizes gestoras, acordos de gestão entre os seus moradores, como também

a construção e constituição do plano de manejo, tem-se uma visão positiva de gestão num

futuro próximo.

Também foram analisados aspectos apresentados pelo chefe da unidade de

conservação, o senhor Eduardo Borba – RESEX de Cururupu/CNPT, onde captados por meio

de entrevista e foram os aspectos das últimas reuniões que aconteceram na RESEX. O

Conselho Deliberativo um dos órgãos que é responsável pela gestão da Reserva, possui hoje

23 representantes, sendo que apenas 14 cadeiras estão ocupadas (13 cadeiras, por conselheiros

de cada ilha habitada e 1 cadeira por uma associação). O Conselho Deliberativo passou por

um processo de renovação, em que novos conselheiros assumiram seus cargos juntos com

seus suplentes. O chefe da unidade de Conservação afirma que os conselheiros externos de

certo modo possuem um falta de interação com os demais conselheiros internos.

Um dado que deve ser levado em consideração é grande quantidade de mulheres que

assumiram os cargos de conselheiras da Reserva, sendo que a presença delas chegam a 70%

nos cargos do Conselho Deliberativo. É percebido que a presença feminina está em ascensão

no que tange as atividades de gestão da RESEX de Cururupu.

O programa Bolsa Verde, contempla 500 famílias domiciliadas na unidade de

Conservação, sendo que no total existem 1300 famílias cadastradas e morando nas diversas

ilhas que compõe a Reserva, segundo os dados do último levantamento realizado.

Levantamento este que teve como uma principal função a inserção de novas famílias como

também o acompanhamento das resoluções que são necessárias para a promoção do Bolsa

Verde na RESEX.

Maurício de Alcântara Marinho (2014, p.58) afirma que numa perspectiva que

envolve a coparticipação ou protagonismo de atores sociais externos ao Estado, é necessária a

diferenciação de modalidades de gestão de áreas protegidas envolvendo as gestões pública,

privada e comunitária. A partir da cooperação de dois ou mais segmentos nesse processo,

surge o “comanejo” ou “gestão compartilhada” ou “cogestão” no Brasil.

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30

Percebemos que os atores envolvidos na gestão compartilhada da RESEX de

Cururupu possuem estes mecanismos de legitimação e normatização dos seus direitos e

deveres no que envolve a participação destes no Conselho Deliberativo. É importante ressaltar

a importância dessa análise, pois os eventos que dizem respeito a esta cogestão ainda estão em

seus primeiros passos, sendo aqui de grande relevância o acompanhamento e análise dos

eventos que estão por vir.

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31

6. CONCLUSÕES

Foi acompanhado nesta pesquisa como é dada a participação ativa da sociedade na

gestão dos recursos naturais da RESEX Marinha de Cururupu que está amparada pelas

diretrizes da Lei 9.985/2000 que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação

(SNUC), mais especificamente no Artigo 5° e no Artigo 18, parágrafo 2º. Além disso, ainda

encontra base legal no Decreto 4.340 de 22 de agosto de 2002, no capítulo V, referente ao

Conselho Deliberativo das Reservas Extrativistas, o qual estabelece nos parágrafos 1º e 2º que

a gestão será feita, além das representações das populações tradicionais, também por

representações da sociedade civil, organizações governamentais e não governamentais nos

três níveis da federação: municipal, estadual e federal, de acordo com o contexto em que está

inserida a Unidade de Conservação.

O Regimento Interno e o Plano de Ação são importantes instrumentos que auxiliam

na gestão participativa de uma Unidade de Conservação, e servem acima de tudo para

fomentar a reflexão e a ação institucional (Unidade de Conservação, Conselho, órgão

ambiental responsável), que deve ser apropriado e aprimorado permanentemente por todos os

envolvidos, em um processo verdadeiramente educativo e democrático, voltado para a

consolidação dos espaços participativos, a convivência inclusiva entre as diferentes culturas

locais, a consolidação da gestão e a sustentabilidade das UC. (LOUREIRO, 2007).

É preciso reafirmar a dimensão política do trabalho de criação, estruturação e

fortalecimento dos Conselhos, principalmente como processo de construção de novas

dinâmicas democrático-participativas. Esse processo não se esgota na sua competência

técnica, por mais imprescindível que ela seja. Um Conselho forte, contribuindo efetivamente

na gestão ambiental de áreas protegidas, promove o alargamento da democracia, amplia a

participação social na vida pública e, consequentemente, amplia a dimensão pública para além

do domínio do Estado.

Os Conselhos são uma vivência de cidadania, de trabalho articulado (em rede) que

precisa buscar se completar na solidariedade e na prática cooperativa, para imprimir

mudanças significativas na cultura política. Esses são aspectos que apontam para uma nova

governança em que a Sociedade Civil e Estado atuam em consonância. É fundamental

programar o processo com comprometimento, estabelecendo e ampliando as parcerias nesta

trajetória. Desta forma, os Conselhos Deliberativos se constituem como instrumentos de

expressão, representação e participação da sociedade, levando em conta os conhecimentos

Page 32: Relatório Final 2014-Ronyere

32

tradicionais de seus moradores, tendo, portanto, um grande potencial de transformação

política.

Levando em consideração os mecanismos legais que regem os Conselhos

Deliberativos, podemos perceber que eles dão legalidade nos discursos dos moradores. É

percebido em suas próprias falas como os moradores/extrativistas das ilhas pertencentes à

RESEX Marinha de Cururupu possuem uma consciência de seus direitos, que a cada

momento de crise é acionada e fortalecida. Quando há problemas de ocupação, uso de espaços

comuns e de pesca; os próprios moradores reivindicam seus direitos embasados nas leis

regentes da reserva.

Pessoalmente é uma experiência extraordinária para mim, desde o acompanhamento

na sede da RESEX de Cururupu/CNPT onde busquei as documentações, laudos, produtos e

atas das reuniões passadas, até ao acompanhamento direto com Conselho, como também o

contato direto com os moradores e representantes das ilhas.

É importante ressaltar a importância dessa pesquisa, uma vez que ela ainda está em

sua gênese e certamente necessitará de acompanhamento dos eventos e fatos que surgirão

durante a governança compartilhada da UC.

Este relatório tenta constituir-se como um documento explicativo de que forma

acontece a construção da gestão compartilhada que a todo o momento é utilizada nas falas de

seus moradores e implicitamente nos seus modos de vida e de utilização dos espaços de uso

comum.

Para finalizar, destaco que embora o relatório seja final, não implica no encerramento

desta pesquisa, pois o modelo de gestão é uma realidade, e a co-gestão é anunciada como

possível, e então a pesquisa permanece fazendo o acompanhamento e o levantamento de

temáticas que venham surgir com o tempo. De modo que tal relatório seja fonte para outros

pesquisadores, assim como para outros interessados na temática.

Page 33: Relatório Final 2014-Ronyere

33

7. CRONOGRAMA DO PLANO DE TRABALHO

7.1 Apresentação do Trabalho em Eventos Científicos

2013 2014

J

u

n

J

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A

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J

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J

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A

g

o

Eventos

JICS (Jornada Internacional de

Ciências Sociais)

X

SNTC (Semana Nacional de

Ciência e Tecnologia)

X

XXV SEMIC (Seminário de

Iniciação Científica)

X

Seminário Internacional Carajás

30 Anos

X

29ª Reunião Brasileira de

Antropologia (RBA)

X

Page 34: Relatório Final 2014-Ronyere

34

REFERÊNCIAS

BENTO, Leonardo Valles. Governança e governabilidade na reforma do Estado: entre

eficiência e democratização. São Paulo: Manole. 2003.

DIEGUES, A. C. Conhecimento tradicional e Apropriação do ambiente marinho. In: Roteiros

metodológicos: plano de manejo de uso múltiplo das reservas extrativistas federais/ Ecio

Rodrigues, Alberto Costa de Paula, Carla Medeiros y Araújo; Organizadores – Brasília:

IBAMA, 2004. IBAMA/NEA/RJ.

______. Etnoconservação da natureza: enfoque alternativos. In:__(Org.). Etnoconservação:

novos rumos para a proteção da natureza nos trópicos. São Paulo: HUCITEC/NUPAUB-USP,

2000, p.2-46.

LÉVI-STRAUSS, C. O pensamento selvagem. Campinas, SP: Papirus, 1989. Cap. 1: A

ciência do concreto, p.15-49.

LOUREIRO, Carlos F. Bernardo et. al. Educação ambiental e conselho em unidades de

conservação: aspectos teóricos e metodológicos. Ibase: Instituto TerrAzul : Parque Nacional

da Tijuca, Rio de Janeiro. 88 p. 2007.

MARINHO, Mauricio A.Territorialidade e Governança em Áreas Protegidas: O

caso dacomunidade do Marujá, no Parque Estadual da Ilha do Cardoso Cananeia,

SP). 2013158f. (Doutorado em Geografia Física). Departamento de Geografia da Faculdade

deFilosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2014

PEREIRA, Madian de Jesus Frazão. O patrimônio da ilha encantada do Rei Sebastião: bens

simbólicos e naturais da Ilha dos Lençóis no cenário do ecoturismo e das unidades de

conservação. João Pessoa, 2007, 260p. (Tese) Doutorado em Sociologia – Universidade

Federal da Paraíba.

SILVA, Eridiane Lopes da.Conselhos Gestores de Unidades de Conservação: Ferramenta

de Gestão Ambiental & Estímulo à Participação Cidadã. 3ª edição revisada e ampliada.

Rio Grande do Sul. 35p. 2007.

Documentos:

BRASIL. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC: Lei N°

9.985, de 18 de julho de 2000, Brasília: MMA/SBF, 2004.

_______. Decreto n° 4.340, de 22 de agosto de 2002 – regulamenta artigos da Lei 9.985, de

18 de julho de 2000, que dispõe sobre o SNUC, e dá outras providências.

_______. Instrução Normativa ICMBio nº 02, de 18 de setembro de 2007 - disciplina as

diretrizes, normas e procedimentos para formação e funcionamento do Conselho Deliberativo

de Reserva Extrativista e de Reserva de Desenvolvimento Sustentável.

Gestão Participativa em Unidades de Conservação: Guia do Conselheiro. Cartilha. Rio de

Janeiro – RJ, p.22, 2007.

Page 35: Relatório Final 2014-Ronyere

35

_______. Documento para discussão pública. Reservas Extrativistas – Termos de

referência – Plano de Manejo de uso múltiplo. Brasília: CNPT, 2001. IBASE.

Elaboração de plano de ação em unidades de conservação. Programa Petrobras Ambiental:

Projeto Água em Unidade de Conservação. Rio de Janeiro- RJ, 2006, p.22.

Plano de Manejo de Uso Múltiplo das Reservas Extrativistas de Recursos Pesqueiros. In:

Roteiros metodológicos: plano de manejo de uso múltiplo das reservas extrativistas

federais/ Ecio Rodrigues, Alberto Costa de Paula, Carla Medeiros y Araújo; Organizadores –

Brasília: IBAMA, 2004.

Page 36: Relatório Final 2014-Ronyere

36

ANEXOS

Page 37: Relatório Final 2014-Ronyere

37

Ministério do Meio Ambiente Secretaria de Biodiversidade e Florestas

Departamento de Áreas Protegidas Cadastro Nacional de Unidades de Conservação

SEPN 505, Lote 2, Bloco B, Ed. Marie Prendi Cruz, sala 405 CEP 70.730-542. Brasília, DF. Telefone (61) 2028-2064 Fax (61) 2028-2063 - E-mail:[email protected]

Relatório Parametrizado - Unidade de Conservação

Data: 31/07/2014 13:40

Unidade de Conservação: RESERVA EXTRATIVISTA DE CURURUPU Código UNEP-WCMC (World Conservation

Monitoring Centre) 351778

Código UC 0000.00.0279

Nome do Órgão Gestor

Instituto Chico Mendes de Conservação da

Biodiversidade Esfera Administrativa Federal

Categoria de Manejo Reserva Extrativista

Categoria IUCN (União Internacional para a

Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais)

Category VI

Bioma declarado Marinho

Objetivos da UC

A Reserva Extrativista é uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência

baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de

pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e

assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade

Informações Complementares A UC possui dentro de seus limites a maior área de manguezais preservados dentro das unidades de uso

sustentável do Brasil.

Municípios Abrangidos Cururupu (MA)

Conselho Gestor Sim

Plano de Manejo Não

Outros Instrumentos de Planejamento e Gestão Sim

Qualidade dos dados georreferenciados Correto (O polígono corresponde ao memorial descritivo do ato legal de criação)

Em conformidade com o SNUC Sim

Data da última certificação dos dados pelo Órgão Gestor

19/03/2010

Estados Abrangidos MA

Contato: EDUARDO CASTRO MENEZES DE BORBA Gestor da Unidade EDUARDO CASTRO MENEZES DE BORBA

Endereço da Unidade Rua das Hortas, Nº 223 - CENTRO

CEP 65020270

Bairro CENTRO

UF MA

Cidade São Luís

Site da UC

Telefone da UC (98) 32214167

E-mail da UC [email protected]

Atos Legais

Page 38: Relatório Final 2014-Ronyere

38

Finalidade Tipo

Documento Número

Instr. de Publicação

Data Documento

Data Publicação

Área Shape

(ha)

Área Documento

(ha)

Qualidade do shape

Criação Decreto S/N Diário Oficial

02/06/2004 03/06/2004 0 185.046

Corresponde ao

memorial descritivo do ato

legal

Fatores Bióticos Existem espécies migratórias Sim

Espécies migratórias Calidrispussila Início: 14/10/2009 Término: 18/03/2010

Descrição da vegetação

A vegetação é principalmente composta por mangue e

em algumas porções de restinga. Espécie endêmica da flora

Espécie endêmica da fauna

Fatores Abióticos Descrição do relevo Relevo plano e baixo, em geral ao nível do mar.

Descrição do solo

Ocorrência de LateritaHidromórfica, Areias Quartzosas, enquanto no litoral observam-se Solos Indiscriminados

de Mangue. Ao largo da costa fundo é ondulado e

formado por bancos de areia alongados, alinhados com a

direção das correntes de maré.

Descrição da geologia

Terras baixas frequentemente inundáveis, bordejadas

por um platô pouco elevado (6 a 15 metros de altitude), constituído por sedimentos terciários e pleistocênicos.

Descrição da hidrologia Região com muitos rios com influência determinante do

regime de macro-marés Pluviosidade 2.000

Temperatura máxima 32

Temperatura média 26

Temperatura mínima 20

Altitude máxima 15

Altitude mínima 6

Clima 0

Presença Humana

Ano Não Tradicional Tradicional Indígena Quilombola

Total Int. Amort. Int. Amort. Int. Amort. Int. Amort.

2011 0 0 3688 0 0 0 0 0 3688

Infra-estrutura: Comunicação Telefone Sim

Internet Sim

Sistema de rádio Não

Sinal de telefonia celular Sim

Computadores Sim

Infra-estrutura: Benfeitorias Portaria Não

Centro de visitantes Não

Sede no limite da UC Não

Guarita Não

Mirante Não

Abrigo Sim

Alojamento Não

Camping Não

Hotel / Pousada Sim

Lanchonete Não

Restaurante Não

Estacionamento Não

Laboratório Não

Residência de funcionários Não

Atracadouro Sim

Page 39: Relatório Final 2014-Ronyere

39

Infra-estrutura: Meio de Transporte em Operação Veículos leves Não

Veículos de tração Sim

Veículos pesado Não

Embarcação miúda Não

Embarcação médio porte Não

Motocicleta Não

Infra-estrutura: Energia Energia da rede Não

Sistema de energia renovável Sim

Gerador diesel/gasolina Sim

Voltagem 220

Infra-estrutura: Saneamento Básico Possui banheiros Não

Tipo de abastecimento de água Sistema local com água sem tratamento

Destinação do esgoto

Destinação direta para o curso d'água mais próximo sem

tratamento

Infra-estrutura: Atendimento a Emergência Grupo de busca e salvamento

Desfibrilador

Soro antiofídico

Ambulância

Ambulatório

Outro tipo de estrutura de emergência Sim

Acesso Portão de Entrada UF Município Descrição Aeroporto

Aspectos Fundiários Situação fundiária das Unidades Não regularizado

Percentual de Área devoluta 0

Percentual de Área titulada a União 100

Percentual de Área titulada ao Estado 0

Percentual de Área titulada ao Município 0

Percentual de Área particular 0

Percentual de Área com titulação desconhecida 0

A área está ocupada? Sim

Qual o percentual de demarcação? 100

Recurso Humano Ano 2010

Regime trabalhista

Atividade Meio Atividade Fim Total

Fund. Méd. Sup. Esp. Mest. Dout. Fund. Méd. Sup. Esp. Mest. Dout.

Efetivo 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 2

Total Anual 2

Ano 2012

Regime trabalhista Atividade Meio Atividade Fim

Total Fund. Méd. Sup. Esp. Mest. Dout. Fund. Méd. Sup. Esp. Mest. Dout.

Efetivo 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1

Total Anual 1

Visitação Situação da visitação

Valor ingresso nacional (R$)

Valor ingresso mercosul (R$)

Valor ingresso estrangeiro (R$)

Valor ingresso outros (R$)

Possui cadastro de visitante?

Observações da Visitação

Período para a visitação

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40

Visitação Controle Visitantes pagantes nacional

Visitantes pagantes mercosul

Visitantes pagantes estrangeiros

Visitantes pagantes outros

Visitantes não pagantes

Programa e Proteção Especial Nome Esfera Tipo

Programa Áreas Protegidas da Amazônia Federal Programa

Uso dos Recursos Ordem Utilização Tipo de Recurso Observação

1 Pesca

Educação Ambiental Atividades de educação ambiental vinculadas ao ensino formal a UC

Não

Atividades interpretativas/educativas oferecidas aos visitantes

Não

Campanha de educação ambiental para usuários

dos recursos naturais Sim

Campanha de educação ambiental no entorno Não

Outros programa de educação ambiental

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