Relatório Filosofia Contemporânea

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Trabalho para a Disciplina Estudos Dirigidos II Lívia Francisco Arantes de Souza RA: 474061 Roteiro de leitura sobre o texto O bem e a linha de Giovanni Casertano Introduçao Objetivo Metodologia Primeira parte: p.285-§1: O autor discorre sobre os elementos textuais utilizados por Platão antes do aparecimento das imagens da linha e da caverna, são eles: as oscilaçoes de definiçoes, a imagem da "educaçao com barulho" e a dos homens deseducados e deseducadores. p.286-§2: Propõe como um de seus objetivos ressaltar alguns aspectos, considerados por ele significativos no que se refere ao encerramento do Livro VI da República: 1) A gradual substituiçao do horizonte da discussão para o horizonte da "opinião e o das hipóteses". Como indícios desta mudança, aponta que após Sócrates mencionar que o bem é a "máxima aprendizagem", pontua dois aspectos sobre a ideia do bem: 1.1) Sobre o bem não podemos ter um conhecimento perfeito; 1.2) Que o conhecimento do bem é fundamental para os fins éticos e políticos, pois é a ideia do bem que atribui utilidade ao conhecimento; p.287-§2: Casertano conclui destes indícios que o guardião da cidade deve se ater ao conhecimento da relaçao entre as coisas justas e belas com o bem; assim como deve se ater a relaçao de todos os seus conhecimentos com o bem "deve saber com certeza como agir, para que sua açao leve a resultados bons" p.287-§3: Casertano realça as passagens em que o aspecto da imperfeiçao do conhecimento sobre o bem aparecem no livro VI, precisamente, a resposta de Sócrates a Adimanto sobre o bem: "E parece-se justo que alguém fale das coisas que não sabe como se soubesse?". Além disso, retoma a postura de Sócrates acerca de outro tema desenvolvido no Livro V a comunhão entre mulheres e filhos, onde Sócrates toma o cuidado de não falar como se soubesse, sobre algo que não possui conhecimento seguro, mas que

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Trabalho para a Disciplina Estudos Dirigidos IILívia Francisco Arantes de Souza RA: 474061Roteiro de leitura sobre o texto O bem e a linha de Giovanni Casertano

Introduçao Objetivo Metodologia

Primeira parte:p.285-§1: O autor discorre sobre os elementos textuais utilizados por Platão antes do aparecimento das imagens da linha e da caverna, são eles: as oscilaçoes de definiçoes, a imagem da "educaçao com barulho" e a dos homens deseducados e deseducadores.p.286-§2: Propõe como um de seus objetivos ressaltar alguns aspectos, considerados por ele significativos no que se refere ao encerramento do Livro VI da República:1) A gradual substituiçao do horizonte da discussão para o horizonte da "opinião e o das hipóteses". Como indícios desta mudança, aponta que após Sócrates mencionar que o bem é a "máxima aprendizagem", pontua dois aspectos sobre a ideia do bem: 1.1) Sobre o bem não podemos ter um conhecimento perfeito;1.2) Que o conhecimento do bem é fundamental para os fins éticos e políticos, pois é a ideia do bem que atribui utilidade ao conhecimento; p.287-§2: Casertano conclui destes indícios que o guardião da cidade deve se ater ao conhecimento da relaçao entre as coisas justas e belas com o bem; assim como deve se ater a relaçao de todos os seus conhecimentos com o bem "deve saber com certeza como agir, para que sua açao leve a resultados bons"p.287-§3: Casertano realça as passagens em que o aspecto da imperfeiçao do conhecimento sobre o bem aparecem no livro VI, precisamente, a resposta de Sócrates a Adimanto sobre o bem: "E parece-se justo que alguém fale das coisas que não sabe como se soubesse?". Além disso, retoma a postura de Sócrates acerca de outro tema desenvolvido no Livro V a comunhão entre mulheres e filhos, onde Sócrates toma o cuidado de não falar como se soubesse, sobre algo que não possui conhecimento seguro, mas que se está a investigar.p.287-288-§4: Quando Sócrates é convidado a emitir sua opinião sobre o bem, faz justamente abordar a distinçao entre conhecimento e opinião. Diante da fala de Glauco, Socrates decide por não falar sobre o bem, mas sobre o seu filho.p.288-289-§5: Casertano finaliza a primeira parte do seu texto enumerando as "afirmaçoes implícitas" presentes no texto platônico onde há a mudança de perspectiva notada pelo autor: sobre as virtudes, Sócrates até entao havia expresso opiniões restando ainda muito a se investigar sobre elas para obter um conhecimento seguro; para a finalidade da discussão, estas opiniões são suficientes se aceitas e partilhadas pelos interlocutores; sobre o bem, Sócrates não

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possui conhecimento certo e não falará sobre ele como se soubesse; Sócrates então, não falará sobre o bem em si, mas sobre o seu filho; Segunda Parte: p.289-§6: Para Casertano, o horizonte delineado pelo “máximo conhecimento”, ou seja, pela ideia do bem, é, segundo o autor, desde o início, um horizonte prático, político. Horizonte marcado pela distinção entre mundo sensível e mundo inteligível. Neste sentido, o autor deixa claro o que pretende no presente artigo:

"Isto significa certamente que aqui está em jogo o problema do conhecimento, como se pretende demasiadamente realçar, mas aqui também se joga sobretudo a r relaçao entre conhecimento e praxis, isto é, entre o mundo de nossas aquisiçoes intelectuais e o de nossa voda concreta, isto é, precisamente o da política, como

tentarei demonstrar."

p.289-290-§7: Em seguida o autor resume os passos argumentativos de Sócrates e Adimanto no momento em que estão a alcançar a importância diferenciada da visão em relaçao aos outros sentidos: a visão precisa de outra coisa, "algo que lhe permita cumprir suas funçoes". Uma relaçao de semelhanca ocorre com as ideias, elas precisam da ideia do bem para serem conectadas e para serem úteis para a vida do homem. Então, Casertano apresenta a analogia do Sol:

"E então eu chamo ao sol prole do bem, gerado do bem e a ele análogo, de maneira que no mundo inteligível o bem é em relação ao intelecto e aos inteligíveis aquilo que no mundo visível o sol é em relaçao à vista e aos visíveis."

p.289-§8: Acrescenta que a analogia do sol é para Platão uma analogia matemática, isto é, trata-se de uma relaçao, uma proporçao: o bem está para o intelecto e para os inteligíveis, assim como o sol está para a vista e para os visíveis. p.289-290-§9: Casertano ressalta a relaçao entre clareza e obscuridade permeia tanto o visível e os visíveis, como o intelecto e os inteligíveis. A inteligência quando está nas trevas, na obscuridade, trabalha com as opiniões.p.291-§10-11: Casertano enuncia as definiçoes da ideia do bem: i) aquilo que dá verdade aos objetos e que dá a faculdade de conhecer a quem conhece; ii) é o que transforma os conhecimentos num sistema organizado (ciência); iii) é o que válida os conhecimentos, que lhes confere um valor maior; iv) a ideia do bem é causa da verdade; v) o bem é "algo que por dignidade e potência está para além da existência".p291-292-§12: Ressalta que o sentido cognoscível e prático da analogia do sol é válido tanto para o visível, quanto para o inteligível: o bem é o que confere verdade aos conhecimentos, assim como é o que permite o conhecimento e o sol é o que torna visíveis as coisas (conhecimento) e o que torna possíveis as coisas (vida). Terceira parte:p.292-293-§13: A analogia do sol se desdobrará em outras duas: a analogia da linha e a analogia da canverna - que estão intimamente ligadas; fato que impede Casertano de considerar a

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analogia da linha comente do ponto de vista gnoseológico.p.293-§14: Inicia sua explicaçao sobre a analogia da linha: (A) (B) {___________(Visível)___________} {__________(Inteligível)__________}|_______(1)______|_______(2)_______|_______(3)_______|_______(4)_______| Antes de explicar cada parte que compõem a linha, Casertano posiciona-se para o Visivel que "Terás, numa relaçao recíproca de clareza e obscuridade" os dois segmentos que o compõem e para o Inteligível que "como o opinável se distingue do cognoscível relativamente à verdade, assim também a imagem se distingue relativamente daquilo de que ela é imagem : (A) Visível: (1) Imagens que são sombras que podem aparecer na água, no espelho, etc; (2) Objetos que são copiados pelas imagens, animais, plantas, etc; (B) Inteligível: (3) A alma busca o inteligível recorrendo à imagens, movendo-se para o fim; (4) A alma busca o inteligível movendo-se por hipoteses, fazendo a investigaçao por ideias e atraves de ideias.p.293-294-§15: Para Casertano não há uma distinção ontológica entre os segmentos da linha, os quatro segmentos pertencem ao plano da realidade. Decorre que a relaçao de clareza e obscuridade deve abarcar os quatro segmentos da linha; também decorre que a distinçao entre o opinável e o cognoscível e está mençao é por ele considerada como problemática: a chave desta problemática está no método utilizado para a investigaçao:

"Haveria portanto um conhecimento das coisas contra uma mera opinabilidade das imagens; o que, a rigor, não é correto, visto que se pode dar claramente um conhecimento também das imagens, quando são r

reconhecidas como tais. Mas talvez a chave esteja precisamente nesta menção à clareza e obscuridade: haveria assim um 'conhecimento obscuro', a que podemos também chamar opinião, e um 'conhecimento claro', a que

chamamos simplesmente conhecimento, e a diferença residiria então no método com o qual verificamos os objetos do nosso conhecimento"

p.294-§16: Devido as objeçoes de Glauco, Sócrates regressará ao segmento correspondente ao intelígivel. Casertano nota que no primeiro segmento (3) o discurso parte das imagens e nelas permanece, ao passo que no ultimo segmento (4) a alma deixa de lado as imagens e se deixa levar exclusivamente pelas ideias. p.294-295-§17: Segunda formulaçao de Socrates sobre o nível do inteligível (B): o segmento (3) então é explicado da seguinte forma: trata-se do mundo da geometria e das artes irmãs, que constroi discursos, hipoteses, partindo das espécies visíveis.p.295-1-§18: No segmento (3) as imagens são assumidas de maneira imediata, o método de investigaçao é o método adialético; as ciências que fazem uso deste método são caracterizadas por não 'dar conta' "das imagens que assumem, precisamente porque as consideram evidentes para todos".p.296-§18: O segmento (4) é aquele faz uso de hipoteses/imagens, mas não como se fossem princípios, e sim pontos de apoio, para ir em direçao ao principio de tudo; "e ao atingi-lo, se

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volte, verificando pari passu tudo o que dele deriva". As conclusões que se derivam deste metodo de investigaçao, o método dialético, nào se servem de nada que seja sensível, "mas apenas das próprias ideias, por elas e para elas".p.296-§20: Em seguida Casertano expõe o resumo de Glauco e a aprovaçao incondicional de Sócrates: nele a dialética é considerada como ciência mais clara do que a contemplada pela geometria e pelas artes irmãs, pois estes observam os objetos com o pensamento discursivo "sem fazer recurso das sensações" e os examinam por via hipotética, "sem recorrer ao princípio". E Glauco afirma que Sócrates chama a condiçao de se manter na via hipotetica de dianoia - considerada como algo entre opinião e intelecto.p.296-297-§21: Neste parágrafo, Casertano faz sua explicaçao sobre o ultimo segmento da linha e aponta as perspectivas problemáticas decorrentes do resumo de Glauco. Acrescenta que a ciência dialética pode partir das imagens, mas para ir além delas, ao encontro do mundo das ideias "metodologicamente distinto, não só do [mundo] das coisas sensíveis, mas também do [mundo] das imagens científicas que servem para explicar as coisas sensíveis". Como perspectiva problemática decorrente do resumo de Glauco, Casertano menciona a questao se a dianoia oferece ou não conhecimento, se está ou não entre conhecimento e opinião. p.297-§22: Além desse problema, Casertano menciona o significado abrangente de dialética nesta passagem, ou seja, establecer relaçoes, discorrer, discutir, argumentar. Em síntese, o que Casertano problematiza é: não seria também a dialética, neste sentido, um pensamento discursivo? Outra questão, como conciliar a dialética abordada como "uma investigaçao que serve para esclarecer as relaçoes que se criam entre as ideias em si mesmas" e nada tem a ver com o sensível com a noçao de ideias como paradigmas "que servem para explicar e conhecer as coisas"?. Enfim, Casertano termina por declarar que não se dedicará a estes problemas neste texto, apenas mencionando-os. p-297-298-§23: Após a aprovaçao do resumo de Glauco, Sócrates qualifica cada segmento como quatro afeçoes/atitudes/caracteristicas da alma, a saber: 4 - inteleçao (nóesis), 3 - pensamento dianoético (diánoia), 2- creça (pistis) e 1 - imagionaçao (eikasía). Estes segmentos são ordenados proporcionalmente; na medida em que "o seu objeto participa da verdade, assim eles participam da clareza".p.289-§24: A relaçao analocia fundamental, é a da clareza com a verdade. Relaçao que permeia os quatro segmentos da linha. Se há gradualidade, ela não se remete ao nível ontológico. Casertano deixa em aberto o problema da relaçao diánoia e noiésis, alem deste, deixa em aberta a questão: é fixa a correspondencia entre objeto e faculdade?

Consideraçoes finais

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Referencias bibliográficas