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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Julio de Mesquita Filho” Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira RELATÓRIO DE PESQUISA Integração Lavoura-Pecuária: Consorciação de milho com forrageiras Projeto Agrisus N°: 673/10 Responsável: Prof. Dr. Luiz Malcolm Mano de Mello Ilha Solteira – SP Dezembro/2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“Julio de Mesquita Filho”

Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira

RELATÓRIO DE PESQUISA

Integração Lavoura-Pecuária: Consorciação de milho com forrageiras

Projeto Agrisus N°: 673/10

Responsável: Prof. Dr. Luiz Malcolm Mano de Mello

Ilha Solteira – SP Dezembro/2010

RELATÓRIO DE PESQUISA

Projeto Agrisus N°: 673/10

Título da Pesquisa: Integração Lavoura-Pecuária: Consorciação de milho com

forrageiras

Responsável: Prof. Dr. Luiz Malcolm Mano de Mello

Instituição: Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Fliho”/Faculdade de

Engenharia de Ilha Solteira (UNESP/FEIS); Av. Brasil, 56, Centro, 15385-000, Ilha

Solteira, SP; www.feis.unesp.br

Local da Pesquisa: Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE) da FEIS/UNESP

Valor financiado pela Fundação Agrisus:

Descrição Valor unitário (R$) Qtd Valor conjunto (R$)

Reagentes e vidraria p/ análises de solo e planta 2596,00

Insumos (sementes, fertilizantes, defensivos,etc.) 1350,00

Anéis para amostrador de uhland 11,00 160 1760,00

Total 5706,00

1. INTRODUÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA

Na região Oeste do Estado de São Paulo e nas regiões mais baixas do Cerrado,

a distribuição irregular das chuvas dificulta a implantação de culturas de

outono/inverno, quer seja para grãos, silagem ou para formação de palha para o

plantio direto. Essas condições têm dificultado a adoção do sistema plantio direto

pelos agricultores. Segundo Mello (2004), a integração agricultura pecuária é um

sistema que integra as duas atividades com os objetivos de maximizar racionalmente o

uso da terra, diversificar e verticalizar a produção, minimizar custos e agregar valores

aos produtos através do aproveitamento dos recursos e benefícios que uma atividade

proporciona à outra e vice-versa. Dentro desse contexto, é importante a produção de

silagem, porém, devido à exportação do material vegetal, por ocasião do corte, o

problema de formação de palhada para continuidade do plantio direto é agravado. A

consorciação do milho com forrageiras permite, após um período de pousio depois do

corte ou colheita de grãos, o restabelecimento das forrageiras para produção de

palhada. Uma alternativa para antecipação da semeadura e do estabelecimento de

culturas formadoras de palha em período favorável ao seu desenvolvimento é a

semeadura de gramíneas forrageiras em consórcio com a cultura do milho, que tem

mostrado bons resultados no que diz respeito à quantidade de palha produzida, porém

essa prática requer estudos para estabelecer qual a melhor espécie ou cultivar de

forrageira usar, qual o melhor método de consórcio, melhor época de semear a

forrageira em relação à época da semeadura do milho.

Segundo Kluthcouski et al. (2003) o consórcio entre culturas graníferas com

forrageiras tropicais pode ser efetuado sem comprometimento na produtividade de

milho simultaneamente ou com 10 a 20 dias após a emergência destas. Tsumanuma

(2004) e Bernardes (2003) demonstraram que a produtividade de milho foi semelhante

ao sistema de cultivo solteiro, sem aplicação de herbicida pós-emergente.

No consórcio de Brachiaria brizantha com o milho, Cobucci (2001) relata que

em vários experimentos a presença da forrageira não afetou o milho e, em outros, foi

necessário o uso de nicosulfuron em subdoses para reduzir o crescimento da forrageira e,

com isso, garantir o bom rendimento da cultura.

Calegari (2000) afirma que o sistema plantio direto com o emprego de plantas de

cobertura, conduzidas em rotação com cultivos comerciais, permite melhor distribuição

do trabalho durante o ano, resultando em economia e diversificação. Esse método

promove maior diversidade biológica e melhor redistribuição e aproveitamento de

nutrientes no solo, mostrando ser um sistema sustentável.

No consórcio de milho com as forrageiras, a forrageira pode ter dupla finalidade,

servindo como alimento para a exploração pecuária, a partir do final do verão até início

da primavera, e posteriormente, para formação de palha para realização do sistema

plantio direto. Existe a possibilidade da utilização da forrageira exclusivamente como

planta produtora de palha, proporcionando cobertura permanente do solo até a

semeadura da safra de verão sequente (BORGHI e CRUSCIOL, 2007). A semeadura da

forrageira pode ser realizada em diferentes épocas, inclusive simultaneamente com a

cultura do milho, misturada com o fertilizante, sendo que a época e a disposição das

sementes da forrageira poderão influenciar de maneira negativa a produtividade de

palha visando o plantio direto e até mesmo o desenvolvimento da cultura do milho

(PANTANO, 2003).

Espécies forrageiras perenes como B. brizantha, B. ruzizienses, Panicum

maximum cv. Tanzânia e P. maximum cv. Mombaça, além de fornecerem grande

quantidade de massa (matéria seca), que é fundamental para o sistema plantio direto,

apresentam alta relação C/N, em que diminui a velocidade de decomposição da palha e

protege o solo por mais tempo contra erosão e ação da radiação solar. O milho produz

grande quantidade de palha, contribuindo para viabilizar o sistema plantio direto, e

quando utilizado em consórcio com forrageiras, pode aumentar a produção de palha,

sem afetar a produção de grãos, se conhecermos o melhor arranjo desses consórcios, e

com isso viabilizar a sustentabilidade do sistema de produção.

Em área irrigada, por motivos econômicos, dificilmente os agricultores aceitam

a implantação de cultura formadora de palha que não gerem receita direta. Nessa

condição devemos pensar em formação de palhada utilizando culturas produtoras de

grãos ou silagem para geração de receita direta. A semeadura simultânea de forrageiras

com milho tem mostrado resultados promissores.

Dentro desse enfoque, este experimento buscou obter dados que contribuam

para a tomada de decisão em relação às espécies forrageiras e modalidades de

consórcio visando à produção de silagem, grãos e formação de palha.

2. OBJETIVO

O objetivo do projeto foi avaliar, em área irrigada, as modalidades de

semeadura de quatro espécies forrageiras em consórcio com o milho de outono, com

ênfase para a produção de silagem, de grãos e formação de palha.

3. MATERIAL E MÉTODOS

O projeto foi conduzido no outono/inverno de 2010, na Fazenda de Ensino, Pesquisa

e Extensão da FEIS/UNESP, em um Latossolo Vermelho Distrófico típico argiloso

(EMBRAPA, 1999), sob pivot central. O delineamento experimental foi em blocos

casualizados com 13 tratamentos em esquema fatorial 4x3+1 com quatro repetições.

Cada parcela experimental foi constituída de sete linhas de milho no outono, espaçadas

de 0,45 m, com 30 m de comprimento e com carreadores de 15 m para manobras das

máquinas e carreadores de 1 m para separação dos blocos experimentais.

3.1 DESCRIÇÃO DOS TRATAMENTOS

Os tratamentos foram constituídos por quatro espécies de forrageiras: E1-

Brachiaria brizantha, E2- Brachiaria ruzizienses; E3- Panicum maximum cv. Tanzânia

e E4- Panicum maximum cv. Áries e três modalidades de consórcio das forrageiras com

o milho: T1- Milho com forrageira na linha de semeadura, junto com o adubo no sulco

do milho; T2- Milho com forrageira a lanço em área total no mesmo dia da semeadura

do milho; T3- Milho com forrageira a lanço na época de adubação de cobertura do

milho, no estádio V4 e uma testemunha T4- Milho sem consorciação.

3.2 MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Para condução e instalação do projeto de pesquisa foram utilizados:

- Trator Valtra 985 4 x 2 TDA, 77,28 kW (105 cv) de potência no motor, operando com

2000 rotações no motor, com massa de 5.400 kg;

- Trator de pneu de marca Massey-Ferguson, modelo MF-275, tração 4 x 2, com

potência de 54,4 kW no motor, com massa de 3.951 kg em ordem de marcha;

- Pulverizador da marca Jacto, modelo PJ – 600, com barra de 12 m de comprimento,

provida de 24 bicos leque 110-02, com espaçamentos entre bicos de 0,50 m e tanque

com capacidade de 600 litros, acoplado ao trator MF-275;

- Semeadora-adubadora de precisão, marca Marchesan, modelo SUPREMA-

Pneumática, de arrasto, configurada com disco de corte frontal, equipada com haste para

abertura de sulco de deposição do adubo e discos duplos desencontrados para deposição

de sementes, com sete linhas espaçadas de 0,45m.

3.3. INSUMOS

A cultura do milho (Zea mays L.) foi implantada em sistema plantio direto,

utilizando-se o híbrido simples DKB 390 precoce. Na consorciação foram utilizadas

sementes certificadas das forrageiras. As sementes de milho foram tratadas com o

produto comercial Cropstar (ingrediente ativo: imidacloprido e tiodicarbe; grupo

químico: neonicotinóide e metilcarbamato de oxima, respectivamente) na dosagem de

0,25 L kg-1 sementes.

A área do experimento já está no sistema plantio direto há três anos, a adubação

foi realizada considerando o tempo de implantação do sistema. A adubação mineral, no

sulco de semeadura foi com 300 kg ha-1 da fórmula comercial 08-28-16 e a adubação de

cobertura foi realizada quando as plantas de milho atingiram o estádio V4, utilizando-se

120 kg de KCl ha-1 e 300 kg uréia ha-1. Para eliminação das plantas daninhas, foi

aplicado 2 L ha-1 de Atrazina + 0,2 L ha-1 de 2,4-D. A aplicação de inseticida foi

realizada com 0,8 L ha-1 de Lannate (ingrediente ativo: metomil; grupo químico:

metilcarbamato de oxima) + 60 mL ha-1 de Certero (ingrediente ativo: triflumurom;

grupo químico: benzoiluréia).

3.4. CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DA CULTURA DO MILHO

No milho foram avaliados:

- Estande inicial e final (no de plantas/ha): para estas avaliações foram

contados o número de plantas em duas linhas centrais de três metros de cada parcela.

- número de espigas/ha: para esta avaliação, foram contadas as espigas das três

linhas centrais com cinco metros. Os valores encontrados foram estimados para 1 ha,

obtendo-se assim o número de espigas/ha.

- massa de 1000 grãos: para esta avaliação, foram contados mil grãos de milho

de cada parcela, levados para estufa e pesados em balança de precisão. Os dados obtidos

foram transformados para umidade de 13%.

- produção de grãos (kg ha-1) e de massa seca de palha: para estas avaliações

foram coletadas as plantas da área útil de cada parcela e submetidas a trilha mecânica,

sendo os grãos separados e pesados e os valores extrapolados para kg ha-1 (13% de

umidade). A palha foi pesada para obtenção do peso úmido de palha e uma amostra

levada em estufa a 105 °C por 24 horas para determinação do teor de matéria seca. O

valor do peso úmido de palha multiplicado pelo teor de matéria seca fornece a produção

de massa seca de palha.

- produção de silagem: para estas avaliações foram coletadas as plantas da área

útil de cada parcela, no estádio fenológico R5 a 20 cm do solo. As plantas foram

pesadas e os valores transformados para determinação da produção de massa verde em

kg ha-1 (MV) e em seguida trituradas e retirada uma amostra, a qual foi pesada (MU-

massa úmida) e colocada em estufa com circulação de ar forçada à 65 °C por 72 horas,

sendo novamente pesada (MS- massa seca). A produção de matéria seca de forragem foi

calculada pela equação:

As avaliações realizadas na cultura do milho foram analisadas estatisticamente

em esquema fatorial (5x3):(B. brizantha, B. ruzizienses, P. maximum cv. Tanzânia, P.

maximum cv.Áries, milho solteiro x forrageira na linha, forrageira a lanço no plantio,

forraheira a lanço em V4).

3.5 AVALIAÇÕES NAS FORRAGEIRAS

- Produção de massa seca (kg ha-1): foi obtida através da amostragem da

parcela, por meio de um quadrado de área conhecida (0,5 x 0,5 m), coletando toda

forragem presente dentro do quadrado, em duas amostragens por parcela, e

determinando a quantidade de massa fresca, que foi levada a estufa a 65ºC durante 72

horas para determinar a porcentagem de umidade, obtendo uma relação de massa

seca/massa fresca. Essa avaliação foi realizada na época de colheita do milho, para

silagem e grãos. Esta avaliação foi analisada estatisticamente em esquema fatorial 4x3,

considerando apenas os tratamentos com a presença das plantas forrageiras.

- Cobertura do solo (%): foi utilizado um tubo de PVC com 60 pontos

equidistantes de 5,0 cm, na diagonal das parcelas. Cada ponto em contato com a palha

presente no solo foi considerado como cobertura, obtendo a percentagem de cobertura,

sendo as amostragens realizadas a cada 30 dias à partir da semeadura do milho até a

colheita. Esta avaliação foi analisada estatisticamente em delineamento de blocos com

13 tratamentos.

3.6 EXTRAÇÃO DE NUTRIENTES

Para avaliação da extração de nutrientes da palha de milho e forrageiras foram

determinados os macronutrientes: nitrogênio, cálcio, magnésio, potássio, fósforo e

enxofre, pelo método proposto por Malavolta et al. (1997) , no laboratório de análise de

plantas da UNESP de Ilha Solteira. Os dados de matéria seca de milho para silagem

foram analisados em esquema fatorial 5x3 e para as forrageiras em esquema fatorial

4x3.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme a Tabela 1, os dados obtidos de estande inicial apresentaram

diferenças significativas para o fator modalidades de semeadura, com maiores valores

no tratamento de semeadura à lanço na época de semeadura do milho, maiores que os

encontrados na semeadura nas forrageiras na linha de semeadura do milho. Esse

comportamento difere de resultados obtidos por Mello et al. (2007) que trabalharam

com consorciação de milho com braquiária, em dois espaçamentos e diferentes

modalidades de semeadura, e não observaram diferenças significativas nos valores

de população de plantas de milho em função das modalidades de semeadura. O estande

final do milho foi influenciado pelas espécies de forrageiras, sendo significativamente

menor no tratamento de consorciação com B. ruzizienses, quando comparado com os

valores obtidos nos tratamentos com B. brizantha e P. maximum cv. Áries. Os

resultados obtidos diferem dos observados por Chioderolli (2010), que trabalhando na

mesma região de origem deste trabalho não obteve diferenças significativas quando

comparou estande final de milho consorciado com diferentes cultivares de braquiária.

Para o atributo altura de plantas não houve diferença significativa tanto para as

espécies como para as modalidades de consórcio assim como a interação também não

apresentou significância. Esses resultados corroboram com os obtidos por Tsunanuma

(2004) em trabalho realizado com três espécies de braquiária, B. brizantha, B.

decumbens e B. ruzizienses, semeadas na entrelinha no mesmo dia da semeadura do

milho, na entrelinha na época de adubação de cobertura do milho e milho sem

consórcio, não obtendo diferença estatística na altura de planta para os tratamentos

estudados, mostrando a inexistência da influência da presença das braquiárias, mesmo

daquelas semeadas junto com o milho, no desenvolvimento da cultura. O parâmetro

avaliado diâmetro do colmo também não apresentou significância para os efeitos dos

fatores isolados de Espécies e Modalidades de consórcio assim como a interação

também não foi significativa conforme os dados apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Valores médios obtidos para estande inicial e final, altura de plantas e diâmetro do

colmo de milho consorciado com quatro espécies forrageiras e três modalidades de

semeadura e milho solteiro.

Fontes de Variação

Atributos Avaliados

Estande Inicial

(plantas/ha)

Estande Final (plantas/ha)

Altura de Plantas

(m)

Diâmetro do colmo

(mm)

Espécies (E)

B. brizantha 64815 62963 b 2,65 24,40

B. ruzizienses 66667 54938 a 2,59 24,62

P. maximum cv. Tanzânia 62037 58951 ab 2,66 24,64

P. maximum cv. Áries 64815 62654 b 2,62 24,42

Milho solteiro 69444 58333 ab 2,67 24,96

Modalidades de semeadura (M)

Linha 61944 a 58333 2,64 24,70

Lanço 69166 b 60741 2,63 24,39

Lanço (V4) 65555 ab 59630 2,65 24,78

Valor de F

E 0,841 2,515* 1,694 0,433

M 2,450* 0,548 0,444 0,803

ExM 1,308 1,029 0,917 0,392

CV (%) 15,74 12,21 3,23 4,79

DMS

E 10718 7558 0,088 1,224

M 6887 4857 0,057 0,787

ExM (E dentro de M) 18564 13092 0,153 2,120

(M dentro de E) 15399 18860 0,127 1,759

*Fator significativo ao nível de 10% de significância pelo Teste F.

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 10% de significância.

Os tratamentos estudados não mostraram diferenças estatísticas, entre si, no que

diz respeito à produção de silagem para os fatores isoladamente e sim na interação,

espécies vs modalidades de semeadura, conforme a Tabela 2.

Embora tenha havido diferenças significativas na população final de plantas, em

relação às espécies forrageiras, onde a B. ruzizienses mostrou menores valores, esse fato

não influenciou significativamente a produtividade de silagem.

Para a avaliação produção de grão kg/ha, os resultados estatísticos apresentados

também não mostram diferenças significativas, para as variáveis espécie forrageira,

modalidade de semeadura e também entre as interações, em trabalhos semelhantes,

Kluthcouski et al. (2000) também verificaram que a produtividade do milho

consorciado com a B. brizantha cultivar Marandu, com sementes misturadas ao adubo e

distribuídas na linha da cultura, não sofreu redução significativa em relação ao cultivo

do milho solteiro, resultados estes observados por vários autores (FREITAS et al., 2005;

KLUTHCOUSKI; AIDAR, 2003; PORTES et al., 2000; SILVA et al., 2004,

PEQUENO et al., 2006). Observa-se que independente dos tratamentos a produção de

grãos obtida das espécies consorciadas e as modalidades de semeadura foram

condizentes aos produzidos na região. Pode-se notar pequenas diferenças entre as

produções, como por exemplo a espécie P. Maximum cv. Tanzânia foi o consórcio que

apresentou a maior produção média, uma diferença de 665 kg/ha com relação ao milho

solteiro, resultados que corroboram com Pariz (2010), que em condições semelhantes

obteve maior produção no consórcio do milho com P. Maximum cv. Tanzânia sendo

mais produtivo que o milho cultivado solteiro. Estes resultados podem ser explicados

pelas alterações fisiológicas e morfológicas destes capins quando submetidos à

competição por água e luz ocasionada pelo consórcio com o milho. Comparando os

dados de estande inicial e final das plantas do milho (Tabela 1), observa-se que o

estande final de plantas de milho, dos consórcios entre P. Maximum cv. Tanzânia e B.

Ruzizienses foram menores, comparadas as outras espécies estudadas, isso pode ter

influenciado a produção de grãos, uma vez que essas espécies foram as que

apresentaram melhores produções de grãos, isso se deve uma vez que a competição

entre plantas é menor, com isso há uma maior absorção de nutrientes, ocasionando um

melhor enchimento de grão e uma maior produção.

Nas avaliações, massa de 1000 grãos e numero de espigas/ha, também não foram

constatados efeitos estatístico significativo, mostrando que os consórcios e as

modalidades de cultivo das forrageiras não provocaram nenhum tipo de estresse que

influenciasse na translocação de fotoassimilados e na sua polinização, em trabalho

semelhante, Pariz (2010), constatou que o número de grãos por espiga e a massa de 100

grãos foram influenciado pelos consórcios, devido o efeito de competição ocasionado

durante o período de desenvolvimento das espécies.

Para a variável massa seca de palha de milho, os resultados estatísticos também

não apresentaram significância, porem quando se avalia isoladamente as modalidades

de semeadura, nota-se uma diferença entre as modalidades semeada na linha de

semeadura e a lanço no mesmo dia em área total com relação a semeada a lanço no dia

da adubação de cobertura(V4), dados que corroboram com Chioderoli (2010), que em

trabalho semelhante constatou os mesmos resultados para essas modalidades de

semeadura das espécies forrageiras.

Essa ocorrência pode ser explicada devido a maior competição das

forrageiras consorciadas na linha com maior necessidade de luz solar para

realização de fotossíntese e superação das condições adversas que ocorreram,

com isso a cultura cresce com maior intensidade, refletindo proporcionalmente na

produção de palha.

Tabela 2. Valores médios de produção de matéria seca de silagem, produção de grãos, massa de mil

grãos, número de espigas/ha e massa seca de palha de milho consorciado com quatro

espécies de forrageiras em três modalidades de semeadura e milho solteiro.

Fontes de Variação

Atributos Avaliados

Produção de

silagem (kg

MS/ha)

Produção de grãos (kg /ha)

Massa de mil grãos (kg)

Número espigas/ha

Massa seca de palha de

milho (kg/ha)

Espécies (E)

B. brizantha 20433 8415 0,34 58888 10173

B. ruzizienses 20068 8767 0,33 58888 10870

P. maximum cv. Tanzânia 20421 8772 0,33 62098 12027

P. maximum cv. Áries 20820 7935 0,33 56049 11554

Milho solteiro 19778 8107 0,33 55925 11393

Modalidades de semeadura

(M)

Linha 20243 8422 0,33 59851 11293

Lanço 20714 8089 0,33 56592 11681

Lanço (V4) 19955 8687 0,34 58666 10636

Valor de F

E 0,249 0,923 0,496 1,694 1,86

M 0,388 0,959 0,242 1,191 1,72

ExM 2,097* 0,852 0,514 0,908 1,76

CV (%) 13,55 16,29 6,97 11,58 16,05

DMS

E 2859 1421 0,024 7022 1847

M 1837 913 0,015 4512 1199

ExM (E dentro de M) 4952 2461 0,041 1216 3234

(M dentro de E) 4108 2041 0,034 1008 2683

*Fator significativo ao nível de 10% de significância pelo Teste F. DMS: diferença mínima significativa.

A partir do desdobramento realizado para a produção de silagem (Tabela 3)

obteve-se que para a espécie B. ruzizienses as modalidades de semeadura a lanço, seja no

dia da semeadura do milho ou no dia da adubação de cobertura do estádio V4 da cultura

do milho, apresentaram maiores resultados de produção diferindo-se da modalidade de

semeadura no sulco na linha do milho. Para a espécie P. maximum cv. Tanzânia a

modalidade de semeadura a lanço em V4 proporcionou menores produções enquanto a

modalidade de semeadura a lanço no dia da semeadura do milho apresentou maiores

valores de produção de silagem; a modalidade no sulco na linha do milho não se diferiu

das duas anteriores. Para as demais espécies a modalidade de semeadura não foi

significativa.

Julgando do ponto de vista modalidades de semeadura, a espécie B. brizantha

apresentou maior resultado de produção para a modalidade na linha de semeadura do

milho, a espécie B. ruzizienses, por sua vez, apresentou a menor produção nessa

modalidade diferindo-se da B. brizantha, enquanto que para as demais espécies os valores

de produção não se diferiram das espécies citadas acima. Na modalidade a lanço e a lanço

em V4 não houve diferença em relação à espécie forrageira utilizada. Os resultados

obtidos neste trabalho encontram-se acima dos valores encontrados por Rosa et al. (2004)

avaliando diferentes híbridos de milho, no qual seus resultados foram 12471 kg ha-1 para

o híbrido AG-5011, 7201 kg ha-1 para o XL-344 e 8150 kg ha-1 para o C-806. Segundo

Freitas et al. (2005) a modalidade de semeadura da B. brizantha em consórcio com milho

não influenciou a produção de silagem em biomassa seca, sendo a produção de 11,43 t ha-

1 para o consórcio de duas linhas de braquiária na entrelinha do milho, 12,11 t ha-1 para a

braquiária semeada a lanço no plantio e 11,66 t ha-1 para a forrageira semeada 30 dias

após o plantio do milho.

Tabela 3. Valores médios obtidos no desdobramento de produção de matéria

seca de silagem de milho consorciado com quatro espécies de

forrageiras em três modalidades de semeadura e milho solteiro.

Modalidades de Semeadura (M)

Linha Lanço Lanço (V4)

Espécies (E)

B. brizantha 22439 bA 19319 aA 19541 aA

B. ruzizienses 17148 aA 21778 aB 21276 aB

P. maximum cv. Tanzânia 20224 abAB 22991 aB 18047 aA

P. maximum cv. Áries 21624 abA 19705 aA 21132 aA

Milho solteiro 19778 abA 19778 aA 19778 aA

Médias seguidas de mesma letra, maiúsculas na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 10% de significância.

A produção de massa seca de forragem apresentou valores superiores aos demais

tratamentos, não sendo também, um fator influente na produção de massa seca de

silagem. Em relação à massa seca de forragem, estas apresentaram diferenças

significativas tanto para as espécies utilizadas quanto para as modalidades de semeadura

para a avaliação realizada na época de colheita do milho para silagem, porém a

interação entre os fatores não se mostrou significativa (Tabela 4).

Tabela 4. Valores médios de produção de massa seca de quatro espécies de forrageiras

consorciadas com milho para silagem e grãos, em três modalidades de

semeadura.

Fontes de Variação

Atributo avaliado: Massa Seca de Forrageira (kg/ha)

Silagem Grãos

Forrageiras (F)

B. brizantha 1675ab 2333

B. ruzizienses 2033 b 1925

P. maximum cv. Tanzânia 1825ab 2575

P. maximum cv. Áries 1475a 2208

Modalidades de semeadura (M)

Linha 2256 a 2575a

Lanço 1919a 2162ab

Lanço (V4) 1081b 2043b

Valor de F

F 2,424* 1,803

M 21,231* 2,554*

FxM 1,091 1,393

CV (%)

29,27 12,21

DMS F 511 679

M 395 524

FxM (F dentro de M) 886 1176

(M dentro de F) 790 1049

*Fator significativo ao nível de 10% de significância pelo Teste F. DMS: diferença mínima significativa.

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 10% de significância.

A espécie que apresentou maior produção de massa seca foi B. ruzizienses

diferindo-se da espécie P. maximum cv. Áries. As espécies B. brizantha e P. maximum

cv. Áries não diferiram das demais. Já entre as modalidades de semeadura, na linha

obteve-se maior produção de massa seca juntamente com a modalidade a lanço no dia

da semeadura do milho. Estas duas modalidades diferiram-se da semeadura a lanço no

estádio V4 do milho, que por sua vez, apresentou menor média de produção de massa

seca de forragem. Esta diferença pode ser devida a maior competição existente entre as

plantas de milho e as forrageiras, que, quando, semeadas tardiamente em relação ao

desenvolvimento da cultura tiveram maior dificuldade de superar as competições por

água, luz e nutrientes, além de sofrer efeitos do sombreamento da cultura já estabelecida

(CHIODEROLI, 2010). Em estudo de consórcio de braquiária e milho realizado por

Freitas et al. (2005), os resultados apontaram menor produção forrageira nos

tratamentos em que as forrageiras foram semeadas a lanço 30 dias após a semeadura do

milho. Os autores justificam que a falta de incorporação da semente possa ser um fator

limitante, pois a incorporação beneficia a germinação e a sobrevivência de plantas,

devido à proteção das sementes, à eficiência no aproveitamento da umidade e à

facilidade de fixação das plântulas ao solo; assim como a competição com a cultura já

estabelecida e a menor capacidade de recuperação dos danos causados pelas máquinas

na colheita do milho para silagem, uma vez que nesse sistema as plantas se encontravam

com menor estrutura de reserva para rebrotarem.

Para a avaliação de massa seca realizada na época de colheita do milho para

grãos, as diferenças significativas ocorreram somente em função das modalidades de

semeadura, não apresentando efeito significativo para as forrageiras. As forrageiras

semeadas na linha de semeadura do milho misturadas com o adubo foram as que

apresentaram maior produção de matéria seca 2575 kg/ha, seguida da modalidade a

lanço na área total no dia da semeadura do milho chegando a 2162 kg/ha. Estas

modalidades apresentaram efeito significativo pra o teste de Tukey a 10% de

probabilidade quando comparadas as forrageiras semeadas a lanço no (V4) da cultura do

milho, apresentaram uma menor produção de massa seca.

De acordo com (CHIODEROLI, 2010), esses resultados podem ser explicados

pela maior competição por luz, água e nutrientes. As forrageiras semeadas na época de

adubação de cobertura também sofreram o efeito de sombreamento e concorrência do

milho, que já estava estabelecido (V4) por ocasião da semeadura da forrageira

A avaliação de cobertura do solo apresentou significância apenas para a

avaliação realizada em setembro, seis meses após a implantação do experimento (Tabela

5). Para as demais avaliações ocorreram diferenças significativas. O milho solteiro (MS)

apresentou a menor porcentagem de cobertura do solo e o tratamento E1M1 (B.

brizantha na linha de semeadura do milho) apresentou a maior cobertura, porém não se

diferiu dos demais tratamentos neste mês de avaliação. Mesmo nos tratamentos de

milho solteiro houve porcentagem de cobertura do solo devido à palhada existente na

área, da cultura anterior, no caso a soja, antes da implantação do experimento, porém

como apresentado foi o tratamento com menor índice de cobertura do solo.

Todos tratamentos apresentaram valores de cobertura do solo superiores ao mínimo

necessário de 30%, segundo recomendação da ASAE (1982) para sistemas

conservacionistas, inclusive o milho solteiro, devido , provavelmente, ao fato de ser

plantio direto e existir na área palhada da cultura anterior.

Tabela 5. Valores médios da cobertura do solo (%) após seis

meses (setembro/2010) de implantação do

experimento de milho consorciado com quatro

espécies forrageiras e três modalidades de semeadura

e milho solteiro.

Tratamentos Cobertura do Solo (%)

MS 68,34 a

E4M3 77,08 ab

E3M3 78,34 ab

E2M3 81,25 ab

E4M2 83,75 ab

E3M2 85,00 b

E4M1 85,83 b

E1M2 86,25 b

E2M2 86,67 b

E3M1 89,17 b

E1M3 90,42 b

E2M1 91,25 b

E1M1 92,50 b

F 3,72

CV (%) 8,27

DMS 15,98

E1- Brachiaria brizantha, E2- Brachiaria ruzizienses; E3- Panicum maximum cv. Tanzânia e E4- Panicum maximum cv. Áries e M1- Milho com forrageira na linha de semeadura, junto com o adubo no sulco do milho; M2- Milho com forrageira a lanço em área total no mesmo dia da semeadura do milho; M3- Milho com forrageira a lanço na época de adubação de cobertura do milho, no estádio V4 e MS – Milho solteiro.

Figura 1. Médias de cobertura do solo (%) para o tratamento Brachiaria

brizanta em três modalidades de consórcio com milho (M1:

Milho com forrageira na linha de semeadura, junto com o adubo

no sulco do milho; M2: Milho com forrageira a lanço em área

total no mesmo dia da semeadura do milho; M3: Milho com

forrageira a lanço na época de adubação de cobertura do milho,

no estádio V4)

Figura 2. Médias de cobertura do solo (%) para o tratamento Brachiaria

ruzizienses em três modalidades de consórcio com milho (M1:

Milho com forrageira na linha de semeadura, junto com o adubo

no sulco do milho; M2: Milho com forrageira a lanço em área

total no mesmo dia da semeadura do milho; M3: Milho com

forrageira a lanço na época de adubação de cobertura do milho,

no estádio V4)

Figura 3. Médias de cobertura do solo (%) para o tratamento Panicum

maximum cv. Tanzânia em três modalidades de consórcio com

milho (M1: Milho com forrageira na linha de semeadura, junto

com o adubo no sulco do milho; M2: Milho com forrageira a

lanço em área total no mesmo dia da semeadura do milho; M3:

Milho com forrageira a lanço na época de adubação de cobertura

do milho, no estádio V4)

Figura 4. Médias de cobertura do solo (%) para o tratamento Panicum

maximum cv. Áries em três modalidades de consórcio com

milho (M1: Milho com forrageira na linha de semeadura, junto

com o adubo no sulco do milho; M2: Milho com forrageira a

lanço em área total no mesmo dia da semeadura do milho; M3:

Milho com forrageira a lanço na época de adubação de cobertura

do milho, no estádio V4)

Figura 5. Médias de cobertura do solo (%) para o tratamento do milho

solteiro.

As braquiárias proporcionaram melhor cobertura do solo comparadas aos

panicuns. Um destaque maior pode ser dado à B. ruzizienses que para esta espécie a

modalidade na linha de semeadura do milho apresentou maiores porcentagens de

cobertura. As braquiárias apresentam alto potencial de cobertura do solo no sistema

plantio direto, devido a sua elevada relação C/N, alta produtividade de biomassa e à

plena adaptação ao bioma Cerrados, considerando, ainda a possibilidade na integração

lavoura pecuária de ser implantada a um custo reduzido (KLUTHCOUSKI et al., 2000).

A maior cobertura do solo promovida pelas braquiárias segue os objetivos para que se

promova o plantio direto em áreas onde foi implantada a cultura do milho para silagem,

que neste caso por ocasião do corte das plantas de milho há o problema de formação de

palhada.

Na avaliação de extração de nutrientes das palhas das espécies forrageiras houve

efeito significativo para todos os macronutrientes (Tabela 6). Para o N, obteve-se a

significância para a espécie forrageira sendo as espécies do gênero Panicum as mais

exigentes para esse nutriente; a interação também apresentou significância evidenciando

maior presença desse nutriente na composição das palhas das espécies do gênero

Panicum indiferente da modalidade de semeadura, com exceção para a B. ruzizienses

que apresentou teores semelhantes ao da espécie P. maximum cv. Tanzânia na

modalidade a lanço em V4 (Tabela 7).

Tabela 6. Teores de macronutrientes na planta de quatro espécies forrageiras consorciadas com milho em três

modalidades.

Fontes de Variação Macro nutrientes (g kg-1)

N P K Ca Mg S

Forrageiras (F)

B. brizantha 16,60 a 2,25 a 25,46 a 3,81 a 3,25 a 1,94 a

B. ruzizienses 16,67 a 2,72 b 30,67 b 5,47 b 3,83 b 2,45 b

P. maximum cv. Tanzânia 20,35 b 2,45 a 31,38 b 5,28 b 3,93 bc 1,71 a

P. maximum cv. Áries 20,83 b 2,41 a 30,58 ab 5,02 b 4,18 c 1,70 a

Modalidades de semeadura (M)

Linha 18,44 2,18 a 30,53 5,22 b 3,94 b 2,03 b

Lanço 18,78 2,25 a 29,31 4,61 a 3,67 a 1,69 a

Lanço (V4) 19,37 2,94 b 30,97 4,85 ab 3,80 ab 2,13 b

Valor de F

F 8,879* 7,556* 3,916* 15,377* 17,395* 14,639*

M 0,617 46,907* 2,425 3,430* 2,805* 8,219*

FxM 5,133* 3,666* 3,859* 2,510 1,294 2,42*

CV (%)

12,65 9,94 7,28 13,48 8,63 16,33

DMS F 2,32 0,24 2,15 0,64 0,32 0,31

M 1,79 0,18 1,66 0,50 0,25 0,24

FxM (F dentro de M) 4,02 0,41 3,72 1,11 0,55 0,54

(M dentro de F) 3,59 0,37 3,32 0,99 0,49 0,48

*Fator significativo ao nível de 10% de significância pelo Teste F. DMS: diferença mínima significativa.

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 10% de significância.

Tabela 7. Teores de macronutrientes na planta de quatro espécies

forrageiras obtidos no desdobramento da extração de N (g kg-

1) consorciadas com milho em três modalidades de

semeadura.

Modalidades de Semeadura (M)

Linha Lanço Lanço (V4)

Espécies (E)

B. brizantha 18,60 abA 15,45 aA 15,75 aA

B. ruzizienses 18,95 abA 16,50 aA 17,55 abA

P. maximum cv. Tanzânia 20,18 b A 20,88 bA 20,00 bA

P. maximum cv. Áries 16,05 aA 22,28 bB 24,18 cB

Médias seguidas de mesma letra, maiúsculas na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 10% de significância.

Para o P obteve-se significância tanto para as espécies tanto na modalidade de

semeadura assim como a interação entre os fatores. A espécie que apresentou maior teor

desse nutriente foi B. ruzizienses. Em relação à modalidade, os maiores teores foram

encontrados nos tratamentos em que se empregou a modalidade a lanço em V4. Na

interação a forrageira B. ruzizienses diferenciou-se das demais na modalidade na linha

de semeadura superando as demais espécies nessa modalidade em relação ao teor de P

presente na palha. Para a modalidade a lanço a forrageira B. brizantha diferiu-se das

demais, porém com o menor teor de P. E na modalidade a lanço em V4 B. ruzizienses

diferiu-se da espécie P. maximum cv. Áries, sendo a braquiária a forrageira com maior

teor de P, as espécies B. brizantha e P. maximum cv. Tanzânia não diferiram das demais

conforme a Tabela 8.

Tabela 8. Teores de macronutrientes na planta de quatro espécies

forrageiras obtidos no desdobramento da extração de P (g kg-1)

consorciadas com milho em três modalidades de semeadura.

Modalidades de Semeadura (M)

Linha Lanço Lanço (V4)

Espécies (E)

B. brizantha 1,98 aA 1,83 aA 2,95 abB

B. ruzizienses 2,60 bA 2,35 bA 3,20 bB

P. maximum cv. Tanzânia 2,00 aA 2,38 bB 2,98 abC

P. maximum cv. Áries 2,15 aA 2,45 bAB 2,63 aB

Médias seguidas de mesma letra, maiúsculas na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 10% de significância.

Tabela 9. Teores de macronutrientes na planta de quatro espécies

forrageiras obtidos no desdobramento da extração de K (g kg-1)

consorciadas com milho em três modalidades de semeadura.

Modalidades de Semeadura (M)

Linha Lanço Lanço (V4)

Espécies (E)

B. brizantha 30,13 abB 28,75 aAB 26,50 aA

B. ruzizienses 33,25 bB 30,00 abAB 28,75 abA

P. maximum cv. Tanzânia 31,13 abA 32,75 bA 30,25 bA

P. maximum cv. Áries 27,63 aA 32,38 abB 31,75 bB

Médias seguidas de mesma letra, maiúsculas na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 10% de significância.

Para o macronutriente K houve significância para as espécies forrageiras e na

interação. Brachiaria brizantha apresentou o menor teor do nutriente juntamente com

a espécie P. maximum cv. Áries, porém esta não se diferiu das demais espécies. Na

interação, na modalidade na linha de semeadura do milho a espécie com menor e

maior teores de K respectivamente foram P. maximum cv. Áries e B. ruzizienses , as

demais espécies não se diferiram das anteriores. Na modalidade a lanço as espécies

que se diferiram foram B. brizantha, com menor teor, e P. maximum cv. Tanzânia,

com maior teor de K. Na modalidade a lanço em V4 os panicuns apresentaram maiores

teores de K e a B. brizantha o menor teor e B. ruzizienses não se diferiu das demais.

Para o Ca houve significância nas espécies e nas modalidades de semeadura. A

espécie B. brizantha diferiu-se das demais apresentando menor teor desse nutriente em

sua palhada. Nas modalidades, os tratamentos na linha apresentaram maiores teores de

Ca enquanto os tratamentos a lanço na semeadura os menores, a modalidade a lanço

em V4 não se diferiu das anteriores.

Em relação ao teor de Mg presente nas palhadas das forrageiras, a espécies B.

brizantha apresentou o menor teor e P. maximum cv. Áries o maior, a espécie B.

ruzizienses diferiu-se das demais. Nas modalidades, os tratamentos na linha

apresentaram maiores teores de Mg enquanto os tratamentos a lanço na semeadura os

menores, a modalidade a lanço em V4 não se diferiu das anteriores.

Para o S obteve-se significância para os dois fatores estudados como também

para a interação entre eles. Na significância entre as espécies, a B. ruzizienses

diferenciou-se das demais devido ao maior teor de S presente em sua palhada. Para as

modalidades, os tratamentos realizados a lanço no dia da semeadura do milho

apresentaram menores teores de S diferindo-se das demais modalidades. Na interação,

a modalidade na linha apresentou diferença para B. ruzizienses, B. brizantha não se

diferiu desta nem dos panicuns. Para a modalidade a lanço não houve diferença entre

os teores de S nas espécies estudadas e para os tratamentos a lanço em V4 B.

ruzizienses diferenciou-se das demais por apresentar teor de S superior às demais

espécies nesta modalidade como indicado na Tabela 10.

Tabela 10. Teores de macronutrientes na planta de quatro espécies forrageiras

obtidos no desdobramento da extração de S (g kg-1) consorciadas com

milho em três modalidades de semeadura.

Modalidades de Semeadura (M)

Linha Lanço Lanço (V4)

Espécies (E)

B. brizantha 2,13 abB 1,60 aA 2,10 aB

B. ruzizienses 2,50 bB 1,90 aA 2,95 bB

P. maximum cv. Tanzânia 1,65 aA 1,63 aA 1,85 aA

P. maximum cv. Áries 1,83 aA 1,65 aA 1,63 aA

Médias seguidas de mesma letra, maiúsculas na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 10% de significância.

Na avaliação da extração de nutrientes do milho para silagem houve apenas

efeito significativo para o macronutriente K em relação às espécies e na interação.

Todos os tratamentos consorciados apresentaram teores maiores que o milho solteiro,

porém estatisticamente as espécies B. brizantha e P. maximum cv. Áries não diferiram

tanto do milho solteiro como consorciado com as demais espécies (Tabela 11).

Tabela 11. Teores de macronutrientes na planta de milho para silagem consorciado com quatro espécies

forrageiras em três modalidades de semeadura.

Fontes de Variação Macro nutrientes (g kg-1)

N P K Ca Mg S

Espécies (E)

B. brizantha 9,13 1,21 17,42 b 2,49 2,45 0,93

B. ruzizienses 8,64 1,13 16,86 ab 2,51 2,58 0,95

P. maximum cv. Tanzânia 8,30 1,00 17,17 b 2,78 2,65 0,94

P. maximum cv. Áries 8,60 1,14 16,71 ab 2,19 2,43 0,94

Milho solteiro 7,98 1,18 16,00 a 2,2 2,4 0,93

Modalidades de semeadura (M)

Linha 8,37 1,12 16,53 2,3 2,54 0,94

Lanço 8,48 1,12 17,00 2,46 2,44 0,95

Lanço (V4) 8,75 1,16 16,98 2,55 2,53 0,93

Valor de F

E 0,919 0,952 2,914* 2,23 1,268 0,229

M 0,314 0,12 1,193 0,957 0,58 0,078

ExM 0,545 0,258 2,089* 0,294 0,22 0,591

CV (%)

18,25 24,95 6,50 23,28 13,23 8,64

DMS E 1,62 0,29 1,14 0,59 0,34 0,08

M 1,04 0,19 0,73 0,38 0,22 0,05

ExM (E dentro de M) 2,8 0,51 1,97 1,02 0,6 0,15

(M dentro de E) 2,32 0,42 1,63 0,85 0,49 0,12

*Fator significativo ao nível de 10% de significância pelo Teste F. DMS: diferença mínima significativa.

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 10% de significância.

Pela análise de desdobramento obteve-se diferença apenas para a modalidade a

lanço em V4 para B. brizantha e a espécie P. maximum cv. Áries não diferiu

estatisticamente das demais como apresentado na Tabela 12.

Tabela 12. Teores de macronutrientes na planta de milho obtidos no

desdobramento da extração de K (g kg-1) da palha de milho para

silagem consorciado com quatro espécies forrageiras em três

modalidades de semeadura.

Modalidades de Semeadura (M)

Linha Lanço Lanço (V4)

Espécies (E)

B. brizantha 16,75 aA 17,00 aAB 18,50 bB

B. ruzizienses 17,50 aA 17,00 aA 16,13 aA

P. maximum cv. Tanzânia 16,63 aA 17,13 aA 17,75 abA

P. maximum cv. Áries 15,75 aA 17,88 aB 16,50 aAB

Milho solteiro 16,00 aA 16,00 aA 16,00 aA

Médias seguidas de mesma letra, maiúsculas na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 10% de significância.

.

5. CONCLUSÃO

Em relação à cobertura do solo todos os tratamentos podem ser classificados como

conservacionistas.

A produção de matéria seca de silagem foi influencia pela interação das espécies

forrageiras e modalidade de semeadura.

Considerando as produções de grãos e silagem, a produção de massa seca de

forragem e a facilidade de dessecação, embora sem apresentar diferenças estatísticas,

recomenda-se a utilização do consórcio de milho com braquiária ruziziensis semeada no

estádio V4 do milho.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Agronomia / Fitotecnia) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,

Universidade de São Paulo, Piracicaba.