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_____________________________________________________________________________

R E L A T Ó R I O D E E S T Á G I O

P R O F I S S I O N A L I I

JÉSSICA GABRIELA SILVA ALMEIDA

RELATÓRIO PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE LICENCIADO EM FARMÁCIA

JUNHO/2012

Escola Superior de Saúde

Instituto Politécnico da Guarda

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_____________________________________________________________________________

R E L A T Ó R I O D E E S T Á G I O

P R O F I S S I O N A L I I

JÉSSICA GABRIELA SILVA ALMEIDA

LICENCIATURA EM FARMÁCIA

ORIENTADORA DE ESTÁGIO:

DR.ª MARIA MANUELA AMORIM

LOCAL DE ESTÁGIO:

FARMÁCIA S. JOÃO

OVAR

COORDENADORA PEDAGÓGICA:

DOCENTE FÁTIMA ROQUE

JUNHO/2012

Escola Superior de Saúde

Instituto Politécnico da Guarda

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AGRADECIMENTOS

Quero desde já agradecer à Farmácia S. João e a toda equipa pela

disponibilidade demonstrada no esclarecimento de dúvidas, pelo

profissionalismo e dedicação evidenciada na transmissão de conhecimentos, e

no apoio e atenção prestada em todos os momentos. Devo ainda enaltecer a

ética e o profissionalismo desta equipa e a ótima relação de trabalho que me

proporcionaram.

Este agradecimento é também direcionado à Comissão de Estágio da Escola

Superior de Saúde, que dedicaram todo um esforço no sentido de proporcionar,

a todos os estagiários, o melhor estágio possível.

A todos o meu muito obrigado.

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PENSAMENTO

A maior recompensa do nosso trabalho não é o que nos pagam por ele, mas aquilo em

que ele nos transforma.

(John Ruskin)

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SIGLAS

ADSE - Direção-Geral de Proteção Social aos Funcionários e Agentes da

Administração Pública;

ANF – Associação Nacional de Farmácias;

ARS – Administração Regional de Saúde;

B.I. – Bilhete de Identidade;

CNCM – Centro Nacional de Conferencia da Maia;

DCI – Denominação Comum Internacional;

DL – Decreto de Lei;

EMA - Agencia Europeia de Medicamentos;

ESS – Escola Superior de Saúde;

FEFO – First Expired First Out;

IMC - Índice de Massa Corporal;

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P.;

IRS – Imposto sobre Rendimento de Pessoas Singulares;

IVA - Imposto de Valor Acrescentado;

MNSRMO – Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica Obrigatória;

MSRME – Medicamentos Sujeitos a Receita Médica Especial;

MSRMO – Medicamentos Sujeitos a Receita Médica Obrigatória;

MUV - Medicamento para Uso Veterinário;

OMS – Organização Mundial de Saúde;

SNS – Serviço Nacional de Saúde;

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PCHC - Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal;

PVP - Preço de Venda ao Público;

SAMS – Serviços de Assistência Médico-Social.

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ÍNDICE DE FIGURAS

Ilustração 1 – Balcões Individualizados ...................................................................................... 18

Ilustração 2 – Prateleiras com Produtos Cosméticos ................................................................... 19

Ilustração 3 – Gôndola com produtos dietéticos ......................................................................... 19

Ilustração 4 – Prateleiras com produtos para tratamento capilar ................................................. 20

Ilustração 5 – Prateleiras contendo produtos de veterinária, champôs para piolhos, colutórios,

nebulizadores e produtos de higiene íntima ................................................................................ 20

Ilustração 6 – Conjunto de Gavetas ............................................................................................. 21

Ilustração 7 – Prateleiras com stock restante de produtos cosméticos, pomadas, cremes, entre

outros ........................................................................................................................................... 21

Ilustração 8 – Prateleiras de protocolo de diabetes e xaropes ..................................................... 22

Ilustração 9 – Prateleiras contendo stock restante de produtos para tratamento capilar, cremes e

desinfetantes ................................................................................................................................ 22

Ilustração 10 - Frigorífico ........................................................................................................... 23

Ilustração 11 - Termoigrómetro .................................................................................................. 23

Ilustração 12 - Bancada e armários do laboratório ...................................................................... 24

Ilustração 13 – Balcão na zona de receção .................................................................................. 25

Ilustração 14 – Armário onde contém capas com documentos, impressora fiscal e rádio .......... 26

Ilustração 15 – Banheira da Cofanor e gavetas contendo medicamentos reservados ................. 26

Ilustração 16 – Gavetas contendo as fichas dos utentes .............................................................. 27

Ilustração 17 - Área de atendimento personalizado .................................................................... 27

Ilustração 18 – Print-Screen da página inicial da SoftPharm ...................................................... 28

Ilustração 19 - Circuito do medicamento .................................................................................... 30

Ilustração 20 – Print-Screen da ficha de um produto .................................................................. 31

Ilustração 21 – Print-Screen durante a realização de uma encomenda ....................................... 32

Ilustração 22 – Print-Screen durante a importação da encomenda.............................................. 34

Ilustração 23 – Print-Screen durante as atualização dos prazos de validade ............................... 37

Ilustração 24 – Tabela de cálculo de IMC ................................................................................... 54

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 2 - Valores de Referência de Pressão Arterial .................................................... 54

Tabela 3 - Valores de Referência do Colesterol Total, Glicemia e Triglicéridos .......... 56

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ÍNDICE

ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................................. 7

ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................. 8

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 11

1. AVALIAÇÃO DOS OBJETIVOS E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ...... 14

2. LEGISLAÇÃO FARMACÊUTICA .................................................................... 14

3. ORGANIZAÇÃO DA FARMÁCIA .................................................................... 15

3.1. RECURSOS HUMANOS ................................................................................... 16

3.2. HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO ................................................................. 16

4. INSTALAÇÃO E EQUIPAMENTOS ................................................................. 16

4.1. ESPAÇO EXTERIOR DA FARMÁCIA ............................................................ 17

4.2. ESPAÇO INTERIOR DA FARMÁCIA ............................................................. 17

4.3. SISTEMA INFORMÁTICO ............................................................................... 28

4.4. OUTROS EQUIPAMENTOS ............................................................................. 29

5. APROVISIONAMENTO........................................................................................ 29

5.1. FORNECEDORES .............................................................................................. 31

5.2. FICHAS DOS PRODUTOS ................................................................................ 31

5.3. ENCOMENDAS ................................................................................................. 32

5.3.1. Receção e Conferência de Encomendas ....................................................... 33

5.3.2. Marcação de Preços ....................................................................................... 35

5.3.3. Critérios e Condições de Armazenamento .................................................. 35

5.3.4. Devoluções ...................................................................................................... 36

5.3.5. Notas de Crédito ............................................................................................. 36

5.4. CONTROLO DOS PRAZOS DE VALIDADE .................................................. 36

6. INTERAÇÃO TÉCNICO-UTENTE-MEDICAMENTO .................................. 37

7. DISPENSA DE MEDICAMENTOS ................................................................... 38

7.1. DISPENSA DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA ......... 39

7.1.1. Processamento Informático das Receitas..................................................... 42

7.1.2. Regimes de Comparticipação ....................................................................... 43

7.1.3. Faturação às Identidades .............................................................................. 44

7.2. DISPENSA DE PSICOTRÓPICOS E ESTUPEFACIENTES ........................... 45

7.3. DISPENSA DE PRODUTOS DE PROTOCOLO DIABETES MELLITUS ....... 45

7.4. AUTOMEDICAÇÃO .......................................................................................... 46

7.5. ACONSELHAMENTO E DISPENSA DE OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE ......... 47

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7.5.1. Produtos de dermofarmácia, cosmética e higiene ....................................... 47

7.5.2. Produtos dietéticos para alimentação especial e produtos dietéticos infantis ...... 48

7.5.3. Fitoterapia e suplementos nutricionais ........................................................ 50

7.5.4. Homeopatia ..................................................................................................... 50

7.5.5. Medicamentos de uso veterinário ................................................................. 51

7.5.6. Dispositivos Médicos ...................................................................................... 51

8. OUTROS CUIDADOS DE SAÚDE PRESTADOS NA FARMÁCIA ............. 52

8.1. AVALIAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL ....................................................... 53

8.2. PESO, ALTURA E IMC ..................................................................................... 54

8.3. DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS BIOQUÍMICOS ............................. 55

9. RECOLHA DA MEDICAÇÃO PARA DEVOLUÇÃO À VALORMED ......... 56

CONCLUSÃO ............................................................................................................... 58

BIBLIOGRAFIA E WEBGRAFIA ............................................................................ 59

ANEXOS ....................................................................................................................... 60

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INTRODUÇÃO

Este relatório é referente ao Estágio de Integração à Vida Profissional,

componente da unidade curricular de Estágio Profissional II realizado pelos alunos do

4º ano/2º semestre do curso de licenciatura em Farmácia da Escola Superior de Saúde

da Guarda (ESSG). O estágio decorreu na Farmácia S. João em Ovar no período de 5 de

Março a 15 de Junho, perfazendo um total de 500 horas, com interrupção para férias da

Páscoa do dia 2 até 9 de Abril. Este estágio teve a coordenação e supervisão da docente

Maria de Fátima dos Santos Marques Roque, bem como da orientadora Dr.ª Maria

Manuela Amorim, Diretora Técnica da Farmácia S. João.

Uma vez que será apresentado um relatório de estágio torna-se necessário definir

o termo “relatório”. Então, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea,

um relatório é:

“ (…) exposição escrita e minuciosa do conjunto

de ações desenvolvidas por uma organização profissional, associação, partido ou

no âmbito de um programa de trabalho, de um projeto científico ou outro.”1

Não só é relevante apresentar a definição de relatório, mas também de estágio.

Então estágio é:

“ (…) um procedimento didático que tem por finalidade colocar o

educando em contato direto com uma atividade real da sociedade, para aquisição

de experiência autêntica, e ao mesmo tempo para comprovar conhecimentos e

aptidões para o exercício de uma profissão.”2

Este relatório foi elaborado o presente relatório tendo como ponto de partida as

atividades e objetivos previamente estipulados, que serão mencionados de seguida.

Através deste relatório pretendo, relatar e argumentar todos os aspetos e situações que

considero mais importantes, refletindo de certa forma, todo o trabalho desenvolvido por

mim ao longo do estágio.

Este relatório tem vários objetivos, tais como:

• Avaliar a concretização dos objetivos propostos;

• Descrever e analisar as atividades realizadas planeadas e não planeadas;

1 Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea

2 Nérici, Ímideo Giuseppe (1987). Metodologias de Ensino. 2ª Edição. São Paulo: Editora Atlas

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• Facilitar a auto/hetero-avaliação, tendo em conta as atividades

desenvolvidas;

• Apresentar sugestões relativamente a aspetos que podem ser melhorados;

• Obter uma maior consciencialização do trabalho;

• Visita às diferentes áreas da farmácia;

• Receção e conferência de encomendas;

• Elaboração de encomendas e sua transmissão;

• Armazenamento dos medicamentos e outros produtos de saúde;

• Aviamento de receita médica e informação ao doente;

• Dispensa de medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica Obrigatória

(MNSRMO);

• Dispensa de medicamentos sujeitos/não sujeitos a receita médica através

do sistema informático;

• Procedimento de controlo de prazo de validade;

• Procedimento de recolha de medicação por devolução ao ValorMed;

Aquando da execução das atividades enunciadas anteriormente pretende-se, de

certo modo, que sejam atingidos determinados objetivos específicos, sendo eles:

• Reconhecer a Farmácia como entidade prestadora de cuidados de saúde;

• Caraterizar a estrutura de Farmácia em termos de espaço físico,

equipamentos e recursos humanos;

• Descrever o circuito do medicamento, matérias e outros produtos de

saúde;

• Caraterizar a aplicação informática utilizada e relacionar com áreas

funcionais da Farmácia;

• Interpretar as prescrições médicas;

• Identificar os motivos que justificam a devolução de medicamentos;

• Aplicar os conhecimentos teóricos e teórico-práticos sobre situações de

execução prática;

• Executar e avaliar as técnicas e métodos de acordo com os recursos

disponíveis;

• Aplicar normas de higiene/limpeza e desinfeção.

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Este relatório segue uma estrutura que acima de tudo se baseia numa introspeção

individual, sobre a forma como foi registada a aprendizagem e análise ao contexto que a

motivou e dirigiu. Desta forma, este apresenta-se organizado em quatro capítulos que

pretendem descrever e analisar as atividades e objetivos, sendo eles:

• Introdução, onde é apresentada a fundamentação teórica do que é um

estágio, concetualizando o termo relatório e onde são apresentadas as

atividades e objetivos referentes ao estágio e ainda a metodologia

seguida em termos de linguagem e estrutura;

• Corpo central, onde é descrita e é feita a análise critica sobre as

atividades desenvolvidas (planeadas e não planeadas);

• Conclusão, onde é feita uma retrospetiva do estágio realizado, bem como

as dificuldades que tenham surgido ao longo do mesmo e onde é

apresentado possíveis sugestões;

• Anexos, que complementam a explicação que é dada.

A metodologia usada para a realização deste relatório é o método descritivo e

reflexivo das atividades desenvolvidas.

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1. AVALIAÇÃO DOS OBJETIVOS E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Após a realização de determinadas atividades e o atingir de certos objetivos faz-se

uma avaliação dos mesmos. A avaliação não é simplesmente um conjunto de técnicas.

A avaliação é um processo contínuo que sustenta um ensino e uma aprendizagem de

qualidade.

Considero que os objetivos gerais deste estágio não só se resumem ao

conhecimento e integração à vida profissional, mas também à da prestação de cuidados

de saúde aos utentes doentes quando estes se deslocam à farmácia.

Antes de se iniciar a avaliação individual de cada objetivo proposto realizar-se-á

uma breve abordagem acerca da legislação farmacêutica e do espaço físico da Farmácia

S. João.

2. LEGISLAÇÃO FARMACÊUTICA

A farmácia comunitária vê a sua atividade regulada por deontologia e um

conjunto de leis próprias. A farmácia além de ciência é também uma profissão,

profissão que é regulamentada e suportada por uma legislação que procura sempre um

equilíbrio entre os interesses do exercício profissional e, acima de tudo, a prestação de

um serviço de qualidade aos seus utentes.

Em Portugal, a entidade reguladora é o Instituto Nacional da Farmácia e do

Medicamento (INFARMED). O INFARMED, trata-se de um organismo do Ministério

da Saúde dotado de autonomia administrativa e financeira que tutela tudo o que se

refere à farmácia e ao medicamento em Portugal. As atribuições do INFARMED dizem

respeito aos domínios da avaliação, autorização, disciplina, inspeção e controlo da

produção, distribuição, comercialização e utilização de medicamentos de uso humano e

veterinários, incluindo os medicamentos à base de plantas, homeopáticos e outros

produtos de saúde, nos termos da respetiva legislação específica e sem prejuízo das

competências legalmente atribuídas a outras entidades. Resumindo, o INFARMED,

juntamente com as Administrações Regionais de Saúde (A.R.S.), têm a

responsabilidade de fiscalizar todo o exercício farmacêutico, nomeadamente das

farmácias comunitárias e verificar o cumprimento da lei.

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No entanto, em 1995, a criação da Agencia Europeia de Medicamentos (EMA),

sedeada em Londres, e o consequente desenvolvimento do sistema europeu de avaliação

e supervisão dos medicamentos, sustentado por três pilares (Avaliação, Inspeção e

Farmacovigilância), induziu o aperfeiçoamento do sistema nacional que teve que se

ajustar às exigências de uma participação ativa e permanente como à crescente

competição entre as diversas agências e institutos nacionais, sem nunca retirar a sua (do

INFARMED) autonomia.

A farmácia comunitária conta também com legislação específica, nomeadamente

a Lei da Propriedade da Farmácia3 (ANEXO A) onde se encontram aspetos relativos às

condições de funcionamento e ao regime de propriedade, contemplando também

informação relativa à transmissão da farmácia, quer por trespasse ou herança. Aspetos

que envolvam a abertura e instalação de novas farmácias estão contemplados na Portaria

nº 936-A/99 de 22 de Outubro, assim como os processos de transferência da farmácia

para uma nova localização (nova redação dada pela Portaria nº 1379/2002 de 22 de

Outubro). As condições de laboração de uma farmácia comunitária são enumeradas no

Decreto-Lei nº 48547/68 de 27 Agosto, nomeadamente no que diz respeito à

conservação dos medicamentos, aconselhamento ao doente, aviamento de

medicamentos, aviamento fora de horas, proibição ou não de cobranças adicionais.

Neste Decreto-Lei também são tecidas considerações relativas à direção técnica e à

inspeção do exercício farmacêutico.

3. ORGANIZAÇÃO DA FARMÁCIA

Neste subcapítulo irá ser feita uma caracterização geral da Farmácia S. João,

explicitando os recursos humanos e o horário de funcionamento da mesma.

A Farmácia S. João é da propriedade e direção técnica de Dr.ª Maria Manuela

Amorim. Situa-se na Rua Manuel Bernardino Carvalho, nº 39, na cidade de Ovar, com o

código postal 3880-793.

Sendo uma farmácia localizada numa cidade com uma moderada taxa de

população envelhecida4, os utentes que recorrem aos seus serviços, na sua maioria,

pertencem a uma faixa etária também bastante envelhecida. No entanto, devido à

3 Lei nº 2125/65 de 20 de Março

4 Resultados Provisórios dos Censos 2011, Instituto Nacional de Estatística

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existência de uma clínica dentária, um centro de análises clínicas e o posto de saúde de

S. João de Ovar, é também frequente a procura de serviços nesta farmácia por parte de

utentes de diferentes idades.

3.1. RECURSOS HUMANOS

Na Farmácia S. João labora três farmacêuticos, um técnico de farmácia (TF) e

uma enfermeira.

A Dr.ª Maria Manuela Amorim (diretora técnica) responsável pela direção e

gestão da Farmácia, representando o órgão máximo desta; as farmacêuticas Isabel e

Marlene Jorge responsáveis pela coordenação da aquisição de produtos; aviamento das

receitas médicas; receção e conferência de encomendas; e a técnica de farmácia Tânia

Rodrigues também responsável pelo aviamento das receitas médicas; receção e

conferência de encomendas. Das 18.30 às 19.30 está presente uma enfermeira para

prestar os seus serviços, tais como, a admnistração de injetáveis.

3.2. HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

O horário de funcionamento da farmácia é das 9.00 às 20.00 horas, de segunda a

sábado, com encerramento das 13.00 as 14.00 para almoço. Todas as farmácias

comunitárias estão sujeitas a uma escala fixa de serviço de permanência previamente

estabelecido pela Administração Regional de Saúde (ARS). No entanto, a farmácia S.

João funciona em regime de disponibilidade, ou seja, a farmácia encontra-se disponível

para atendimento por chamada e pode ser recusada a dispensa de medicamentos não

prescritos em receita médica. De acordo com o Decreto-Lei n.º 53/2007, de 8 de Março,

artigo 10, a farmácia de turno de regime de disponibilidade tem de assegurar que um

farmacêutico ou um auxiliar legalmente habilitado está disponível para atender o

público que o solicite, em caso de urgência (ANEXO B).

4. INSTALAÇÃO E EQUIPAMENTOS

Uma farmácia contém um vasto leque de equipamentos essenciais para o seu

bom funcionamento e muitos deles exigidos pelo INFARMED. As instalações e

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equipamentos de uma Farmácia têm, assim, influência direta na qualidade da prestação

dos serviços de saúde e na satisfação do utente que se dirige à Farmácia.

Ao longo do presente capítulo irá ser feita a caracterização do interior e exterior

da farmácia.

4.1. ESPAÇO EXTERIOR DA FARMÁCIA

No que diz respeito à caraterização do seu aspeto exterior, a farmácia encontra-

se devidamente identificada com uma placa com o nome da farmácia e da diretora

técnica responsável (ANEXO C) e por um letreiro luminoso adequado. Ao abrigo do

Artigo nº 2 da Deliberação 414/CD/2007 de 29 de Outubro o símbolo de “cruz verde”

deve estar presente perpendicularmente à fachada da farmácia informando o público da

existência do estabelecimento. Também se pode encontrar duas montras cuja renovação

se faz de forma regular de modo a acompanhar as tendências atuais, tendo sempre em

conta as regras do merchandising. A porta de entrada da farmácia tem abertura direta

para a rua, possui um postigo de atendimento ao público e é onde está fixado o horário

de funcionamento da farmácia

4.2. ESPAÇO INTERIOR DA FARMÁCIA

Ao abrigo do Artigo nº 2º e 3º da Portaria n.º 1429/2007 de 2 de Novembro

(ANEXO D) as farmácias podem prestar os seguintes serviços farmacêuticos de

promoção de saúde e do bem-estar dos utentes:

• Apoio domiciliário;

• Prestação de primeiros socorros;

• Administração de medicamentos;

• Utilização de meios auxiliares de diagnóstico e terapêutica;

• Administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação;

• Campanha de informação;

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• Colaboração em programas de educação para a saúde.

Quanto à caraterização do espaço interior esta é uma farmácia que compreende

os seguintes espaços essenciais e previstos pela lei:

Zona de atendimento ao público: espaço devidamente iluminado de dimensões

adequadas às necessidades da farmácia. Aqui encontramos três balcões vidrados e

individualizados que permitem a exposição de diversos produtos/acessórios e panfletos

informativos ou revistas farmacêuticas destinadas aos utentes (ilustração 1). Em cada

balcão está acoplado um terminal de computador, um terminal Multibanco e uma caixa

registadora. A cada terminal de computador está associado um leitor ótico e uma

impressora para os talões fatura/recibo e processamento de receitas e uma gaveta para

guardar receitas aviadas. Num dos balcões existe um compartimento para guardar

faturas/recibos em caso que um utente fique a dever, uma gaveta para guardar receitas

quando durante o aviamento ficamos a dever algum produto, e um local onde se

guardam os talões multibanco.

Ilustração 1 – Balcões Individualizados

Atrás dos balcões ainda existem conjunto de gavetas onde contêm produtos

dietéticos, produtos sazonais, vitaminas e pastilhas. Ainda existe um conjunto de

gavetas onde contêm todo o tipo de chás, contracetivos orais e Medicamentos Não

Sujeitos a Receita Médica (MNSRM).

Ao longo de toda a área para atendimento ao público existem prateleiras com

produtos cosméticos (ilustração 2) organizados por marcas, produtos infantis e para

mães, produtos ortopédicos, entre outros. Também é onde está o contentor ValorMed.

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Ilustração 2 – Prateleiras com Produtos Cosméticos

Na época de estágio e devido à época balnear que se avizinhava, a maior parte

das gôndolas continham protetores solares e produtos dietéticos (ilustração 3).

Ilustração 3 – Gôndola com produtos dietéticos

Ainda existem prateleiras onde contêm produtos para tratamento capilar (cabelos

secos, oleosos, seborreia, etc), creme para mãos e pés, tratamento de unhas, pensos

rápidos, tintas para cabelo, tesouras e pinças (ilustração 4).

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Ilustração 4 – Prateleiras com produtos para tratamento capilar

Para além destas referências, está presente uma balança eletrónica (faz medições

de peso, altura e Índice de Massa Corporal (IMC)) e duas cadeiras para descanso

disponível aos utentes.

Indo para a zona de armazenamento, estão dispostas duas prateleiras onde estão

arrumados por ordem alfabética, os medicamentos de veterinária, champôs para piolhos

/ lêndeas, colutórios, nebulizadores e produtos de higiene íntima (ilustração 5).

Ilustração 5 – Prateleiras contendo produtos de veterinária, champôs para piolhos, colutórios, nebulizadores e

produtos de higiene íntima

De seguida, estão dispostas diversas gavetas onde estão arrumados, por

especialidade farmacêutica, ordem alfabética e dosagem, os Medicamentos Sujeitos a

Receita Médica (MSRM), incluindo medicamentos genéricos, sob a forma de

formulações orais sólidas, pós, granulados, formulações retais (supositórios e clisteres),

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colírios, nebulizadores, soluções injetáveis, loções, cremes, pomadas, adesivos

transdérmicos e soluções orais (xaropes e ampolas bebíveis) (ilustração 6).

Ilustração 6 – Conjunto de Gavetas

Zona de armazenamento: é um espaço amplo bem iluminado e devidamente

climatizado, onde existem vários armários e prateleiras que estão dispostos por ordem

alfabética e por forma farmacêutica todo o tipo de medicamentos.

Ilustração 7 – Prateleiras com stock restante de produtos cosméticos, pomadas, cremes, entre outros

Numa primeira zona do armazém existem prateleiras contendo os restantes

produtos de dermoestética e infantis, formulações orais sólidas, pós, granulados,

formulações retais (supositórios e clisteres), colírios, nebulizadores, soluções injetáveis,

loções, cremes, pomadas e adesivos transdérmicos, que não cabem nos lugares pré-

estabelecidos (ilustração 7).

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Ilustração 8 – Prateleiras de protocolo de diabetes e xaropes

De seguida, existe um armário contendo dispositivos do protocolo da Diabetes, e

um outro armário contendo leites, papas, fraldas, nebulizadores e soluções orais

(xaropes) (ilustração 8).

Ilustração 9 – Prateleiras contendo stock restante de produtos para tratamento capilar, cremes e desinfetantes

Existe, também, prateleiras onde são colocados os restantes champôs para

tratamento capilar (cabelos secos, oleosos, seborreia, para piolhos, etc), creme para

mãos e pés, tratamento de unhas e desinfetantes (ilustração 9).

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Ilustração 10 - Frigorífico

Na área de armazenamento podemos também encontrar um frigorífico que

mantém a baixas temperaturas (2 a 8ºC) vacinas, insulinas, alguns colírios e vitaminas

(ilustração 10). De referir que existe um termoigrómetro que mede a temperatura e

humidade, devendo a temperatura estar abaixo dos 25ºC e a humidade a 60% (ilustração

11).

Ilustração 11 - Termoigrómetro

Na ampla área que constitui a área de armazenamento podemos encontrar:

Espaço relativo ao Laboratório: onde seriam produzidos os medicamentos

manipulados, reconstituídos antibióticos e o registo da entrada/saída de matérias-primas.

O laboratório é constituído por uma bancada, um lavatório, prateleiras de vidro

(ilustração 12) que expõem instrumentos necessários à manipulação, balanças (uma de

precisão) e um armário onde todas as matérias-primas estão devidamente arrumadas por

ordem alfabética (juntamente com o boletim de análises) (ANEXO E).

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Ilustração 12 - Bancada e armários do laboratório

Ao abrigo da Portaria n.º 594/2004 de 2 Julho (ANEXO F), o laboratório possui

o seguinte material:

Alcoómetro;

Almofarizes de vidro e de porcelana;

Balança analítica com capacidade para pesar até 200g;

Balança com capacidade para pesar até 500mg;

Banho de água termostatizado;

Cápsulas de porcelana;

Copos de várias capacidades;

Espátulas metálicas e não metálicas;

Funis de vidro;

Matrizes de várias capacidades;

Papel de filtro;

Papel indicador pH universal;

Pedra para a preparação de pomadas;

Pipetas graduadas de várias capacidades;

Provetas graduadas de várias capacidades;

Vidros de relógio;

Termómetro;

Tamis.

No entanto na farmácia S. João não se produzem manipulados. Em caso de um

utente precisar de um manipulado, ficamos com a receita ou um documento contendo as

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informações para preparar o manipulado (ANEXO G) e faz-se o telefonema à

Cooprofar ou Cofanor para proceder à encomenda. Sendo assim, não tive a

oportunidade de preparar manipulados apenas reconstituir medicamentos, como é o caso

do Clavamox ES®. O laboratório ainda possui armários onde estão perfumes, testes de

gravidez, matérias-primas e produtos que estão fora-da-validade. O laboratório tem uma

zona com o objetivo de guardar os objetos pessoais de cada funcionário.

Zona de receção e conferência de encomendas: onde como o nome indica se

faz a receção, conferência, envio de encomendas, tal como devoluções. Esta zona é

constituída por um balcão no qual se encontra o computador central que está ligado a

vários dispositivos, nomeadamente: um aparelho de leitura ótica, uma impressora de

códigos de barras, impressora normal, um telefone, um telemóvel, um modem, uma

fotocopiadora e um computador com o objetivo de mostrar as imagens das câmaras

colocadas em certos sítios da farmácia (ilustração 13).

Ilustração 13 – Balcão na zona de receção

Existe também um armário onde existem capas com vários documentos, como

por exemplo, faturas, documentos sobre seguros, notas de crédito, devoluções, etc.

Neste armário é onde está a impressora fiscal e o rádio.

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Ilustração 14 – Armário onde contém capas com documentos, impressora fiscal e rádio

Neste espaço também se colocam as banheiras de cada armazém onde são

transportados os medicamentos, um conjunto de gavetas onde contêm medicamentos já

reservados paras os utentes (quando as gavetas estão completamente lotadas, torna-se

necessário colocar a tampa de uma banheira no chão para arrumar os restantes

medicamentos, para que estes não estejam em contato direto com o chão) (ilustração

15).

Ilustração 15 – Banheira da Cofanor e gavetas contendo medicamentos reservados

Existe também um pequeno compartimento onde estão as fichas dos utentes da

farmácia. Este compartimento com duas gavetas tem o objetivo de guardar os talões de

vendas a crédito para cada doente que possua uma ficha na farmácia. Cada ficha tem um

número, o nome completo do utente, contato e morada. Ao lado existe um extintor

como item de segurança (ilustração 16).

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Ilustração 16 – Gavetas contendo as fichas dos utentes

Instalações sanitárias: serve para uso dos funcionários e é onde estão os

produtos de limpeza.

Gabinete do Diretor Técnico, Sala de Reuniões e Biblioteca: anexo à zona de

armazenamento existe um espaço que serve se destina à gestão e contabilidade da

Farmácia e à realização de reuniões. Possui uma biblioteca atualizada e organizada, com

as publicações obrigatórias, recomendas e periódicas, documentos de gestão e faturas.

Área de atendimento personalizado: Constituído por uma marquesa duas

cadeiras, uma mesa com material necessário para avaliação de parâmetros bioquímicos;

determinação da pressão arterial e administração de vacinas não incluídas no Plano

Nacional de Vacinação. Esta zona é também utilizada para um atendimento mais

reservado, nomeadamente em situações de maior confidencialidade. Esta área ainda

possui um contentor para resíduos do grupo III e outro para resíduos do grupo IV

(ilustração 17).

Ilustração 17 - Área de atendimento personalizado

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Também existe um conjunto de prateleiras onde estão organizados todo o tipo de

material ortopédico (cintas, bengalas, muletas. apoio para braços partidos e meias de

descanso).

4.3. SISTEMA INFORMÁTICO

Ilustração 18 – Print-Screen da página inicial da SoftPharm

A gestão de uma farmácia comunitária, tanto a nível das exigências do utente,

como a nível do próprio trabalho e tarefas a realizar por uma farmácia, têm sido cada

vez mais exigentes.

Tendo em conta esta problemática, a SoftReis, empresa informática, desenvolveu

um sistema operativo, o SoftPharm, implementando num único software conceitos

importantes exclusivos do ramo farmacêutico, concebido para um gestão controlada,

simples e confidencial.

O SoftPharm é o sistema operativo que vigora na Farmácia S. João, servindo

como ferramenta de apoio para todas as atividades indispensáveis a serem realizadas

numa farmácia, como preparação de uma encomenda, receção de uma encomenda,

gestão de stocks da farmácia, gestão de validades, artigos, manutenção de ficha de

artigos e movimentos de stocks, aviamento ao balcão, reservas, vendas suspensas,

vendas institucionais, criação e manutenção de ficha de clientes, ficha de fornecedores,

devolução a fornecedores, gestão de encomendas, contabilização e encerramento do dia

e da caixa, emissão e faturação de lotes e receitas, entre muitos outros.

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Permite ainda, através de recorrentes atualizações, a manutenção de dados

relevantes acerca de medicamentos, como redimensionamento de embalagens,

descontinuação de medicamentos, alteração de preços estipulados, etc. Aliado a um

sistema de impressão, permite a impressão de receituário no verso na receita, onde são

impressos os produtos que foram dispensados, bem como o respetivo talão.

4.4. OUTROS EQUIPAMENTOS

A farmácia S. João consta de um conjunto de equipamentos que oferecem

grande utilidade aos utentes, como balança e medidor de altura, dispositivo avaliador da

tensão arterial (TA), bem como a máquina avaliadora de parâmetros bioquímicos,

Accutrend.

5. APROVISIONAMENTO

O aprovisionamento é definido como todo um conjunto de procedimentos

técnicos e comerciais que permite ter disponíveis para dispensa os diferentes tipos de

produtos na quantidade e qualidade pretendidas de modo a garantir o bom

funcionamento da farmácia. O aprovisionamento tem um grande relevo numa farmácia

comunitária. Relacionado com esta técnica tem-se o circuito do medicamento e outros

produtos de saúde. Este circuito inicia-se com a prescrição dos medicamentos e

produtos de saúde pelo médico prescritor. Por outro lado os laboratórios direcionam o

seu trabalho para a investigação e produção de novos medicamentos e produtos de

saúde. Após a introdução no mercado estes têm de informar e formar não só os médicos

e profissionais de farmácia mas também os utentes, dando a conhecer o novo

medicamento e produto de saúde.

De seguida é apresentado um esquema representativo do circuito do

medicamento (ilustração 19).

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Ilustração 19 - Circuito do medicamento

Esta operação é facilitada pela aplicação informática (SoftPharm)

independentemente da versão utilizada, uma vez que é possível o estabelecimento de

um stock máximo e mínimo para cada produto, dependendo da sua rotatividade, e ter

registo da sua existência na farmácia, permitindo que, automaticamente, o computador

adicione esse produto à proposta de encomenda do fornecedor quando o stock se

apresente abaixo do valor mínimo predefinido.

A vertente económica da dispensa do produto vai influenciar a aquisição do

mesmo. Assim, deve-se ter em consideração:

Localização da farmácia

A intensidade da procura;

A publicidade farmacêutica existente nos media;

Aspetos físicos, nomeadamente a capacidade de armazenamento da farmácia;

Aspetos económicos, que se prendem com as condições de pagamento e capital

disponível.

Na farmácia S. João o aprovisionamento é feito várias vezes por dia com três

armazenistas (Cooprofar, Cofanor e Alliance Healthcare).

Fornecedores de Matérias-Primas

Laboratórios

Distribuidores/Armazenistas Farmácia

Utentes

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5.1. FORNECEDORES

Os fornecedores são, normalmente, os intermediários entre a farmácia e os

laboratórios de produção. Assumindo um papel fundamental no bom funcionamento das

farmácias, os fornecedores oferecem uma resposta rápida às suas necessidades,

realizando várias entregas por dia e evitando ruturas de stock. Para a escolha do

fornecedor principal a farmácia tem de ponderar diversos fatores como: melhores

condições de pagamento, qualidade dos serviços prestados, rapidez e frequência das

entregas, menos faltas de produtos, facilidades nas devoluções e resolução dos prazos de

validade, entre outros.

É frequente a seleção de um fornecedor principal e ter e alguns fornecedores

como secundários e/ou alternativos. Na farmácia S. João temos como principal

fornecedor a Cooprofar e, como alternativos, a Cofanor e Alliance Healthcare.

As aquisições na farmácia também são possíveis por compra direta aos

laboratórios, quando a rotatividade do produto ou a promoção/oferta justifica a compra

de quantidades consideráveis e esta acarreta benefícios económicos para a farmácia. No

entanto, as aquisições devem ser controladas uma vez que há que atender à capacidade

de armazenamento da farmácia e ao investimento de capital que exigem. A aquisição

direta de produtos aos laboratórios é feita através dos delegados de informação e venda

que visitam as farmácias.

5.2. FICHAS DOS PRODUTOS

Ilustração 20 – Print-Screen da ficha de um produto

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Todos os produtos existentes na farmácia possuem uma ficha específica da qual

constam os seguintes dados: nome do produto, código do produto, fórmula de

apresentação, fabricante, quantidade encomendada, stock mínimo e máximo, stock

atual, família, prateleira, preço de custo, Preço de Venda ao Público (PVP), grossista

preferencial, Imposto de Valor Acrescentado (IVA) e prazo de validade (ilustração 20).

Os valores escolhidos para stock mínimo e máximo permitem ter sempre na farmácia a

quantidade que é normalmente necessária. De referir, que a SoftPharm disponibiliza

ainda toda uma informação técnico-científica compilada do produto tal como um leque

de informação detalhada sobre a compra/venda e stocks do produto na farmácia.

5.3. ENCOMENDAS

Ilustração 21 – Print-Screen durante a realização de uma encomenda

O contato entre a farmácia e os fornecedores estabelece-se via modem, através

da elaboração de uma nota de encomenda tendo por base uma proposta de encomenda

realizada pelo próprio sistema informático (chamada de encomenda “Diária”), que

contém apenas os produtos necessários para a reposição do seu stock nas quantidades

máximas predefinidas (ilustração 21). Quando o código de um produto não é processado

pelo sistema informático, quando já não é possível a inclusão de produtos numa

encomenda já enviada ou quando há pedidos urgentes, é possível a sua realização por

via telefónica e a sua entrega excecional. Assim sendo, sempre que um produto atinge o

stock mínimo, o computador de forma automática propõe a quantidade a adquirir na

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próxima encomenda (esta proposta de encomenda, pode ser alterada pelo operador). De

seguida, pode ser efetuada a transmissão da encomenda ao respetivo fornecedor. Por

norma, a encomenda por modem é efetuada três vezes por dia: a primeira até às 13

horas, a segunda até às 16.00 horas e a última até as 20.00 horas.

No caso da compra direta ao laboratório, esta compreende um delegado

farmacêutico como intermediário, da empresa que representa, que, por norma, dirige-se

à farmácia com o intuito de informar e promover um novo produto ou linhas de

produtos.

5.3.1. Receção e Conferência de Encomendas

Quando os medicamentos e produtos de saúde são pedidos aos armazenistas e,

posteriormente são entregues na farmácia, é necessário proceder à receção e conferência

da encomenda antes de realizar o seu armazenamento, para garantir que a nota de

encomenda realizada pela Farmácia está de acordo com o fornecimento do armazenista.

A encomenda, quando chega à farmácia, vem acompanhada de um guia de

remessa ou guia-factura, em duplicado, (ANEXO H) à qual se deve dar especial

atenção os seguintes detalhes:

• Identificação do fornecedor e da farmácia que recebe;

• Descrição individualizada dos produtos pedidos (código, nome comercial, forma

farmacêutica, dosagem e tamanho da embalagem);

• Quantidade enviada;

• Preço de custo unitário;

• Percentagem de IVA referente a cada produto;

• PVP;

• Motivo pelo qual não é satisfeito o pedido de envio de determinado produto.

Aquando a receção da encomenda na farmácia deve ser dada prioridade aos

produtos de frigorífico, ou seja, que necessitam temperaturas de 5 ºC a 8ºC. É então

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iniciado o processo de entrada dos produtos no sistema informático, de forma a atualizar

o stock, o PVP e o prazo de validade dos mesmos.

Tal como na preparação de encomendas, o processo de receção destas é

auxiliado e simplificado pela SoftPharm. Através do menu iniciar, no tópico

encomendas e no subtópico receção de encomendas, pode-se efetuar todo o tipo de

receção. No caso de encomendas feitas por modem, depois de nos encontrarmos já na

ferramenta de receção, temos que “importar a encomenda”, como mostra a ilustração 22

zona em que aparecem as encomendas feitas por modem, segundo ordem de data e hora,

discriminando quem efetuou a encomenda e para que fornecedor.

Ilustração 22 – Print-Screen durante a importação da encomenda

Quando se dá entrada dos produtos no computador (introdução de códigos e

quantidades manualmente ou através de leitura ótica), o sistema informático faz o

cruzamento destes dados com a nota de encomenda emitida, sendo possível detetar

algumas irregularidades, nomeadamente o aviamento de um produto diferente do

encomendado ou de um número superior ou inferior de embalagens. No entanto, não

deixa de ser necessário realizar este processo com especial atenção e com um sentido

crítico no que diz respeito à quantidade de embalagens recebidas, preços, condições da

embalagem, etc.

No sentido de obter uma maior eficácia neste processo, a receção de produtos

em que é necessária marcação de preços e produtos não constante na nota de encomenda

devem ser deixados para o fim. Quando o sistema informático reage a um produto que

não consta da nota de encomenda, deve ser identificado qual dos seguintes motivos se

deve: o produto foi pedido por telefone, o código do produto que chegou não

corresponde ao presente na ficha informática respetiva, ocorreu a troca de um produto

encomendado, ou foi enviado em quantidades diferentes.

No fim de registada a entrada de todos os produtos deve-se conferir uma última

vez se os produtos enviados correspondem aos produtos faturados. Quanto ao resumo

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das faturas, o original segue para contabilidade e os duplicados são guardados na

farmácia.

No que respeita aos medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, é de referir

que eles apesar de poderem chegar à farmácia junto dos outros medicamentos, vêm

acondicionados numa embalagem devidamente identificada. Estes são acompanhados

da respetiva requisição em duplicado (ANEXO I). A requisição deverá ser assinada por

um farmacêutico, sendo o duplicado guardado na farmácia junto do duplicado da fatura

por um período de 10 anos e o original é devolvido ao respetivo armazém.

As matérias-primas devem vir acompanhadas do boletim de análise que deve ser

assinada e datada e depois posta numa capa que está no laboratório.

5.3.2. Marcação de Preços

Alguns produtos, como sejam artigos dermocosmética, acessórios de farmácia,

medicamentos de uso veterinário, dietéticos e outros, não estão marcados na embalagem

com o PVP. Esta marcação é feita na farmácia tendo em conta o preço de custo para a

farmácia, a margem de comercialização e a taxa de IVA a que o produto está sujeito

(PVP= preço unitário + margem de comercialização + IVA). Determinado o PVP,

procede-se à marcação física do produto, a qual é efetuada recorrendo a etiquetas

autocolantes previamente impressas, nas quais é possível observar: código de barras do

referido produto, designação do mesmo, código, preço em euros e taxa de IVA a que

está sujeito.

5.3.3. Critérios e Condições de Armazenamento

A arrumação técnica dos medicamentos e produtos de saúde é uma atividade que

deve ser realizada com determinado rigor, isto para que o profissional de saúde possa de

uma forma eficaz e rápida fazer o aviamento da receita médica. Para que as boas

condições de armazenamento respeitem as características do medicamento é necessário

atender a determinados parâmetros como: luminosidade, humidade e temperatura

(temperatura menor que 25ºC e humidade inferior a 60%). No frigorífico, onde são

armazenados todos os medicamentos que necessitam condições específicas de

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temperatura, como insulinas, vacinas, alguns colírios e complexos vitamínicos, esta é

mantida entre os 2 e os 8ºC. Por outro lado, há que ter em conta um conjunto de

critérios essenciais no que diz respeito ao espaço disponível, regra dos prazos de

validade (regra FEFO, first expired first out, assegura que o produto com prazo de

validade mais curto seja o primeiro a sair), natureza do produto, e condições para

garantir a manutenção da estabilidade e qualidade dos produtos. Todos os produtos

devem ser armazenados conforme a sua forma farmacêutica (comprimidos,

pomadas/cremes, supositórios, etc.) e por ordem alfabética.

5.3.4. Devoluções

Por vezes, quando a nota de encomenda não corresponde à fatura, quando um

produto chega danificado, ou mesmo com prazo de validade muito curto, torna-se

necessário efetuar uma devolução. Da nota de devolução (ANEXO J) constam

nomeadamente a identificação da fatura onde se encontra o erro que motivou a

devolução (se for o caso), o motivo, data de devolução e a devida autenticação com

carimbo e assinatura pelo responsável da devolução na farmácia.

Durante o meu estágio na Farmácia S. João, este documento era emitido em

duplicado. O original seguia para o fornecedor, enquanto o duplicado era arquivado na

farmácia até chegada da nota de crédito.

5.3.5. Notas de Crédito

Após se realizar uma devolução para o armazenista, este envia uma nota de

crédito, para a farmácia. Posteriormente o profissional de saúde verifica se a nota de

crédito está de acordo com a nota de devolução, e em caso afirmativo regulariza a nota

de devolução no sistema informático.

5.4. CONTROLO DOS PRAZOS DE VALIDADE

Considera-se por prazo de validade de um medicamento, o espaço de tempo

necessário para que ocorra a diminuição do (s) princípio (s) ativo (s), num valor

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estimado em 10% do inicial, quando conservado em condições de temperatura e

humidade estipulado para o mesmo.

Qualquer medicamento é, por lei, obrigado a ter presente o seu prazo de

validade. O controlo do prazo de validade dos medicamentos e produtos de saúde é um

dos aspetos essenciais no armazenamento. Diariamente, ao dar entrada de cada

encomenda o prazo de validade inscrito na embalagem é comparado com o prazo de

validade apresentado pelo computador. E com uma frequência bimestral, com auxílio da

SoftPharm, é pedido uma listagem dos produtos cujo prazo esteja na eminência de

expirar, de acordo com a sua base de dados, num período de dois/três meses, de modo a

efetuar as respetivas devoluções.

O controlo de prazo de validade, deve ser uma importante preocupação do

Técnico de Farmácia porque cabe-lhe a ele a tarefa de assegurar que todos os produtos

dispensados se encontrem em perfeitas condições, para que o fim a que se destinam,

seja atingido na sua globalidade. Por fim, introduz-se e atualiza-se os prazos de validade

dos produtos (ilustração 23).

Ilustração 23 – Print-Screen durante as atualização dos prazos de validade

6. INTERAÇÃO TÉCNICO-UTENTE-MEDICAMENTO

O técnico de farmácia, aquando em exercício na farmácia comunitária, deve ter

consciência que embora esteja a exercer uma atividade comercial está também a prestar

um serviço de interesse público. Como agente de Saúde Pública e especialista do

medicamento, é necessário educar a população e promover o uso racional dos

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medicamentos, estando numa posição privilegiada para transmitir informações relativas

à sua posologia e modo de administração e, ainda, investigar a ocorrência de interações,

efeitos indesejáveis e reações adversas. O técnico de farmácia deve também assumir

uma conduta de responsabilidade, independência e autocrítica.

Durante o estágio tive a oportunidade de enquadrar, assimilar e tomar

consciência real de determinados conhecimentos que até então eram apenas teóricos.

Por um lado, o técnico de farmácia é o último elemento da cadeia de saúde, uma vez

que é a este que o utente recorre para a dispensa do medicamento. Por outro, o técnico

de farmácia é muitas vezes o primeiro profissional de saúde a quem o utente recorre

quando surgem complicações na sua saúde. O técnico de farmácia assume por isso um

lugar de destaque na saúde. É, assim, de extrema importância que o técnico de farmácia

desenvolva com o doente uma relação de confiança, que cumpra o sigilo profissional, e

que permita um diálogo e troca de informação clara, precisa e eficiente em ambos os

sentidos. Para além do ambiente que os rodeia, a postura (física e emocional) que o

técnico assume durante a interação com o doente deve ser exemplar, assertiva e

adequada às diversas situações que surgem no seu dia-a-dia.

O técnico de farmácia tem de garantir que recebe a informação correta e que as

recomendações que dá ao utente foram realmente compreendidas e assimiladas pelo

mesmo. É dever do farmacêutico esclarecer as dúvidas do utente, fornecer as indicações

necessárias para que a terapêutica seja seguida e forma correta e tentar garantir que as

características de qualidade e eficácia do medicamento se estendam para além da

farmácia após a sua dispensa.

Foram diversas as situações diárias que, durante o meu estágio, me levaram a

recorrer a esquemas terapêuticos ou escrita de posologia nas embalagens, para auxílio e

melhoria na transmissão de informação para o utente.

7. DISPENSA DE MEDICAMENTOS

A dispensa do medicamento na farmácia tem duas vias possíveis: quando o

utente apresenta a receita médica ou quando o utente recorre à farmácia

voluntariamente. Assim, segundo o DL 176/2006, de 30 de Agosto existe:

Medicamentos Sujeitos a Receita Médica Obrigatória (MSRMO) e Medicamentos Não

Sujeitos a Receita Médica Obrigatória (MNSRMO).

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7.1. DISPENSA DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA

A dispensa dos medicamentos e produtos prescritos na receita deve seguir um

conjunto de procedimentos que começa pela validação da receita. Para tal, a receita

deve estar corretamente preenchida com todos os elementos necessários:

• Local de prescrição: vinheta identificativa do local de prescrição e conforme as

exigências do respetivo organismo; ou então, carimbo ou inscrição manual no

caso de consultórios e/ou médicos particulares;

• Identificação do utente: nome e número de utente e/ou de beneficiário (outro

subsistema) mediante a apresentação de cartão;

• Identificação do médico: vinheta e preenchimento (manual ou carimbo) dos

campos para o nome do médico e a respetiva especialidade médica;

• Regimes de comparticipação especial (ANEXO K):

doenças crónicas especiais: quando a comparticipação do medicamento estiver

restringida a determinadas indicações terapêuticas por despacho ou portaria de

comparticipação. O respetivo despacho deverá ser inscrito pelo médico no

campo previsto da receita para doente com medicação especial;

doenças profissionais: com isenção total de encargos em medicamentos

comparticipados, as receitas vêm identificadas através de carimbo de cor

vermelha onde está inscrito “doença profissional”. Deverá também indicar o

Decreto Regulamentar nº 6/2001 de 5 de Maio;

doentes pensionistas: doentes com pensões de valor inferior ao salário mínimo

nacional. Estes são abrangidos por regime especial de comparticipação; na

receita será colocada a vinheta de cor verde de identificação da unidade de saúde

e/ou indicado o regime especial respetivo junto do local de inscrição do nº de

beneficiário. Devem apresentar o cartão de beneficiário do SNS, e neste deve

constar a letra R;

• Campo de prescrição: identificação dos medicamentos por DCI e marca

comercial ou laboratório (caso dos genérico), dosagem, forma farmacêutica, nº

comprimidos por embalagem, posologia e nº de embalagens. Em cada receita

médica podem ser prescritos o limite de quatro embalagens por receita, até

quatro medicamentos distintos, ou duas embalagens de cada medicamento até ao

limite de quatro embalagens totais por receita (exceto se se tratarem de

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monodoses, podendo nesta situação serem prescritas até quatro embalagens

iguais, por receita);

• Interpretar os símbolos médicos em relação à posologia: exemplos: SOS,

tomar apenas se necessário; 1+1+1, tomar um ao pequeno-almoço, ao almoço e

ao jantar;

• Autorização na dispensa de medicamento genérico: indicativo da autorização

ou proibição, por parte do médico, para a dispensa de um medicamento genérico

(o não preenchimento ou preenchimento simultâneo dos dois campos equivalem

à concordância do médico com a dispensa do medicamento genérico);

• Data de prescrição e assinatura: a assinatura do médico é obrigatória; as

receitas são válidas por 30 dias úteis, exceto as renováveis que são válidas por 6

meses;

• Ausências de rasuras ou correções (em caso de haver correções o médico deve

rubricar).

Caso exista discrepância entre a embalagem prescrita e as embalagens

comercializadas, deve-se adotar os seguintes princípios:

• a dimensão da embalagem deve ser o mais próximo possível da embalagem

prescrita;

• sempre que a receita não especificar a dosagem ou dimensão da embalagem,

deverá entender-se que se refere ao mínimo comercializado, tendo em conta se a

prescrição se destina a adultos, crianças ou lactentes;

• embalagens de dimensão superior à indicação terapêutica só poderão ser

dispensadas nos casos em que inequivocamente o prescritor menciona a sua

dimensão exata, quando está esgotada a prescrita e em caso de medicação

urgente (desde que devidamente justificado na receita).

Em caso de duvidas quanto à interpretação da prescrição, o técnico de farmácia

deve procurar ajuda entre os restantes colegas, questionar o utente e/ou entrar em

contato com o médico prescritor.

No caso das receitas de medicamentos manipulados deverão ter a indicação,

expressa pelo médico, da palavra “Manipulado”, não sendo permitida a prescrição

nestas receitas de qualquer outro tipo de medicamento. A descrição dos vários

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componentes do medicamento manipulado pode ocupar as diversas linhas da receita

previstas para a prescrição de medicamentos diferentes.

A partir do dia 1 de Junho de 2012, entrou em vigor a prescrição de

medicamentos por DCI (ANEXO K). Segundo a Autoridade Nacional do Medicamento

e Produtos de Saúde, a prescrição de medicamentos por DCI permite a liberdade de

escolha dos utentes em relação aos medicamentos que cumpram a prescrição do seu

médico. A implementação desta medida reforça assim a transparência da prescrição

médica e permite que o utente escolha o medicamento mais barato que cumpra a

prescrição pelo médico, exceto nos casos em que o médico assinale razões de segurança

(em casos de reação adversa prévia ou substâncias com margem terapêutica estreita -

medicamento que tem uma diferença pequena entre a dose terapêutica e a dose tóxica-)

ou não existam medicamentos equivalentes. Nos casos em que o médico prescreva

indicando a manutenção de tratamento anterior (“continuidade terapêutica”) o utente

poderá ainda selecionar medicamentos desde que com preço inferior.

A prescrição de medicamento comparticipado que inclua a denominação

comercial é efetuada através da receita, da qual não pode constar a prescrição de outros

medicamentos. No caso de a receita conter mais do que um medicamento em que é

indicada a denominação comercial, presume-se que a mesma foi efetuada por DCI

podendo o utente exercer o direito de opção.

As farmácias devem ter disponíveis para venda, no mínimo, três medicamentos

com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem, de entre os que

correspondam aos cinco preços mais baratos de cada grupo homogéneo. Na dispensa

tinha-se sempre em consideração o medicamento de menor preço, salvo se for outra a

opção do utente. No anexo L encontra-se a circular do INFARMED acerca das novas

regras de prescrição e dispensa de medicamentos.

Deste modo, existe assim diferenças no que diz respeito à própria receita:

• Campo de prescrição: apenas existe a prescrição por DCI, dosagem, forma

farmacêutica, nº comprimidos por embalagem, posologia e nº de embalagens,

deixando de existir o nome comercial. Também deixa de existir os códigos de

barras impressos no lado direito da receita (ANEXO M);

• Autorização na dispensa de medicamento genérico: indicativo da autorização

ou proibição, por parte do médico, também deixa de existir. No período de

transição ainda persiste esta opção, no entanto, mesmo que o médico não

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autorize, sendo uma receita prescrita a partir do dia 1 de Junho, esta opção deixa

de ser válida, podendo o farmacêutico fornecer outro medicamento.

A impressão no verso da receita também sofreu alterações, mais concretamente,

foi adicionado o Direito de Opção, em que o utente pode assinalar “Sim” ou “Não”.

Assinala-se “Sim”, no caso do utente ter escolhido o medicamento, por exemplo, se o

utente decidir continuar com um medicamento de marca em vez de levar um

medicamento genérico entre os cinco mais baratos (ANEXO N).

7.1.1. Processamento Informático das Receitas

O aviamento de receitas é exemplificado pelos seguintes passos, segundo ordem:

• Abertura da ferramenta “Aviamento ao Balcão” do sistema informático, com um

código específico de cada profissional, o que permite saber e visualizar todas as

vendas que o profissional efetuou, caso seja necessário, indicando o total de

vendas que efetuou, no fecho do dia;

• Como foi referido em cima, análise dos campos respetivos da receita;

• Proceder à recolha dos produtos desejados, retificando uma segunda vez a

receita e retificando os medicamentos pelo código de barras (quando se encontra

presente na receita);

• Se for o caso, quando um utente já toma uns medicamentos a algum tempo,

confirmar se são os que eles costumam tomar (por vezes, principalmente as

pessoas mais idosas, reconhecem os medicamentos pelas embalagens, o que

pode ser um pouco dificultador quando se trata de outro medicamento, ou a

embalagem foi modificada ou redimensionada ou mesmo um genérico, sendo

necessária uma breve e clara explicação);

• Efetuar a leitura ótica dos códigos de barras dos medicamentos, verificando se a

informação que aparece no ecrã depois da leitura, coincide com as características

do medicamento em questão;

• Colocação do organismo de comparticipação devido, se for o caso, através de

um código de siglas e números, e portarias/despachos se também for o caso. Na

maioria das vezes, o próprio sistema informático alerta-nos que para

determinado medicamento é necessária portaria/despacho, sendo indispensável a

devida atenção na mesma;

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• Clicar em “continuar”;

• Preenchimento dos campos destinados ao utente, como nome, morada e até

número de beneficiário. Outra maneira é, se o cliente possuir a ficha de cliente,

colocar o seu número de cliente, que assume todos os dados necessários.

• “Finalizar Venda”, sendo emitido um talão de venda, e impressão no verso da

receita. Na impressão do verso da receita ficam impressos os códigos de barra

dos medicamentos cedidos, o registo com o nº do lote e um número sequencial

de acordo com o organismo pelo qual é processada, para que se possa organizar

o receituário e remetê-lo à Administração Regional de Saúde, e esta, por sua vez,

regularizar o pagamento, à Farmácia, do valor relativo às comparticipações.

Quando existe complementaridade entre os subsistemas (ex. SAMS/SNS) o

sistema informático faz duas impressões, uma para cada subsistema de

comparticipação, sendo necessário tirar fotocópia da frente da receita e do cartão

de complementaridade para anexar na segunda impressão. Cada receita (original

e cópia) é então incluída no lote correspondente;

• Assinatura por parte do utente, em como declara que recebeu os medicamentos e

todo o aconselhamento sobre os mesmos. A partir do dia 1 Junho surge a opção

“Sim” e “Não” acerca da escolha que optou por algum medicamento;

• Respetivo Pagamento;

• Talão é entregue ao utente.

A receita é carimbada, datada, rubricada e guardada numa das gavetas do

balcão, para posterior recolha para efeitos de correção de receituário. Todos os cuidados

e atenção que se devem ter aquando da cedência dos medicamentos e no processamento

informático da receita médica não dispensam uma posterior verificação, antes do seu

envio para o organismo competente, de forma a garantir que não foram cometidos erros

ou que eles possam ser corrigidos com a maior eficácia e rapidez possível. Na farmácia

S. João esta função competia a um farmacêutico destacado para tal e a Diretora Técnica.

7.1.2. Regimes de Comparticipação

O regime de comparticipação é algo a ter em conta, pois é a partir do mesmo que

se fará a respetiva comparticipação e, posteriormente faturação às entidades. Deste

modo está anexado um exemplo acerca de alguns organismos comparticipantes

(ANEXO O).

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Conforme o sistema que estiver presente no receituário faz-se a aplicação da

mesma no sistema informático e este fará a respetiva comparticipação. Estas

comparticipações estão inteiramente dependentes dos subsistemas e do grupo de

comparticipação do medicamento.

Os utentes que usufruem do Regime de Trabalhador Migrante devem estar

abrangidos por convenções internacionais que preveem o reembolso, pelo sistema

estrangeiro de segurança social ao SNS português, das despesas com cuidados de saúde

prestados, nos montantes efetivos. Aos utentes abrangidos pelo Regime de

Trabalhadores Migrantes aplicam-se as taxas de comparticipação do regime normal. As

receitas com a menção “Acordos Internacionais” serão igualmente aceites. Nas receitas

médicas destinadas a estes trabalhadores deve constar o carimbo com a palavra

“Acordos Internacionais”, o nome do trabalhador e a entidade emissora do livrete.

Outro exemplo que refiro é a comparticipação a pensionistas dos Lanifícios. Os

pensionistas do setor dos lanifícios já podem levantar medicamentos sem custos nas

farmácias, não tendo de esperar por reembolsos posteriores. A comparticipação total dos

medicamentos é uma medida de que beneficiam cerca de 8.000 pensionistas que, até

1984, descontaram ao longo da carreira contributiva para o Fundo Especial dos

Lanifícios. Até 2011, tinham que desembolsar o valor dos medicamentos nas farmácias

e esperar por reembolsos. No anexo P, está um exemplo de uma receita de lanifícios.

Em anexo encontram-se exemplo de mais receitas com diferentes organismos,

tais como, GNR (ANEXO Q), SAD/PSP (ANEXO R), SAV/SNS (ANEXO S).

A existência de acordos entre a Associação Nacional de Farmácias (ANF) e os

diversos organismos constitui uma mais-valia para as Farmácias.

7.1.3. Faturação às Identidades

Depois de todo o processo mencionado anteriormente, durante o mês, as receitas

são preparadas de acordo com o organismo comparticipante, e agrupadas em lotes de

trinta receitas. As receitas são novamente conferidas no que diz respeito a:

• Preenchimento (data, assinatura do médico, carimbo, vinhetas);

• Coincidência nos medicamentos prescritos e dispensados;

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• Regime de comparticipação.

Este procedimento evita que posteriormente as receitas sejam devolvidas à

Farmácia e que não se receba a percentagem comparticipada pelas entidades. Quando os

lotes estão completos, o computador emite um documento para cada lote – verbete de

identificação (ANEXO T).

Dando como exemplo a faturação do SNS, a diretora técnica, deve acondicionar

numa caixa a faturação referente ao SNS. A documentação que deve ser incluída na

caixa é: fatura (duas vias: original e duplicado); relação de resumo de lotes; verbetes de

identificação de lotes; receitas e notas de crédito/débito (duas vias: original e

duplicado). A farmácia deve enviar à ANF uma das vias da fatura e das notas de

crédito/débito, bem como, arquivar um exemplar.

7.2. DISPENSA DE PSICOTRÓPICOS E ESTUPEFACIENTES

A aquisição, prescrição e dispensa de medicamentos estupefacientes e

psicotrópicos, devido à sua natureza, está sujeita a uma legislação específica. No

processamento informático o farmacêutico ou o seu auxiliar legalmente habilitado, que

avie a receita deve preencher todos os campos obrigatórios, tais como, o número e data

do bilhete de identidade ou da carta de condução, ou o nome e número do cartão de

cidadão do adquirente, o mesmo se faz nos campos referentes à pessoa a que se destina

a prescrição e os dados do médico. Após a venda, a receita tem de ser assinada pelo

adquirente, e se não souber, o farmacêutico consigna essa menção. De seguida, a

farmácia conserva em arquivo adequado, pelo período de três anos, uma reprodução em

papel da receita.

7.3. DISPENSA DE PRODUTOS DE PROTOCOLO DIABETES MELLITUS

As farmácias são fiéis depositárias dos produtos abrangidos pelo Protocolo

(seringas, agulhas, lancetas e tiras reativas) funcionando deste modo como

intermediárias entre o Estado e os doentes. Para que a farmácia possa aderir ao

Protocolo, necessita de uma autorização que passa por um processo de certificação

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mediante a sua presença numa ação de formação dado pela Administração Regional de

Saúde (ARS).

As receitas utilizadas são comuns com as receitas de MSRM, no entanto, nestas

situações apenas podem estar prescritos produtos abrangidos por este protocolo para que

possam seguir os trâmites normais na farmácia e se proceder à sua dispensa.

7.4. AUTOMEDICAÇÃO

A automedicação carateriza-se pela iniciativa por parte do doente, em que ele

assume a responsabilidade, na procura de uma melhoria do seu estado de saúde, sem

recurso a uma consulta médica, pela toma de medicamento em que não requerem receita

médica obrigatória (os MNSRM) para atenuação de sintomas que consideram pouco

graves e simples.

Nestas situações o profissional de farmácia tem voz ativa, pois é ele que ao

contactar com o utente analisa o caso e aconselha a respeito da terapêutica mais

adequada com dispensa de MNSRM se for caso disso. Deve por isso, assumir uma

postura crítica-pedagógica identificando a gravidade da situação e reconhecendo se o

quadro clínico com que se depara exige uma terapêutica farmacológica com dispensa de

MNSRM. Se for este o caso, este profissional de saúde deve ter em conta uma relação

benefício-risco-custo e garantir que o doente faça uso destes medicamentos de forma

correta e racional, dando-lhe informação sobre posologia, modo de administração,

precauções de utilização, contra-indicações, interações, efeitos indesejáveis e reações

adversas).

Para que um medicamento seja classificado como MNSRM requer, por um lado

que não preencham nenhum dos itens que compõem o Decreto-Lei nº 209/94 de 6 de

Agosto que se refere aos MSRM, por outro, os MNSRM devem poder ser usados em

segurança, sem supervisão médica e possuir documentação que fundamente o seu uso

seguro em automedicação. Ou seja, os MNSRM são definidos como especialidades

farmacêuticas destinadas ao alívio, tratamento ou prevenção de sintomas e síndromes

menores, que não requerem cuidados médicos e que têm na sua composição substâncias

previamente reconhecidas como úteis e seguras. Deste modo, existem alguns aspetos a

que devem obedecer esses medicamentos, tais como:

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• segurança direta (avaliada através da probabilidade de indução de reações

adversas) e indireta (avaliada através de efeitos secundários causados pelo uso

inadequado ou pelo facto de induzirem abuso);

• serem utilizados apenas em situações clínicas ligeiras, auto-limitadas e que

requeiram terapêutica de curta duração;

• apresentarem fraco risco e probabilidade de serem usados incorretamente

(devem ter margem de segurança alargada e, as dimensões das embalagens

devem ser reduzidas para limitar a duração do tratamento e repetição do seu

uso);

• exposição prévia das populações ao medicamento (é obrigatório que o

medicamento já esteja no mercado há pelo menos cinco anos);

• via de administração que não a injetável;

• folheto informativo com informação clara e que oriente para uma utilização

eficaz e segura.

Neste últimos anos, tem-se verificado um aumento do nº de utentes que recorrem

à automedicação a um ritmo bastante elevado, que é acompanhado em proporção pelas

preocupações dos profissionais que contactam com esta realidade. Justifica-se assim a

tomada de medidas como a criação de um grupo de consenso sobre automedicação e

aprovação da primeira lista de indicações passíveis de automedicação publicada em

Diário da República, 2.ª série, n.º 99, de 29 de Abril de 20025 (ANEXO V).

7.5. ACONSELHAMENTO E DISPENSA DE OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE

7.5.1. Produtos de dermofarmácia, cosmética e higiene

Os Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal (PCHC) não necessitam de

autorização administrativa prévia de comercialização. O fabrico, controlo, segurança e

cumprimento da legislação em vigor são da exclusiva responsabilidade do fabricante, do

importador ou do responsável pela introdução dos produtos no mercado. No entanto, as

5 Despacho n.º 2245/2003, de 16 de Janeiro

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exigências legais destinadas a estes produtos justificam-se essencialmente pela

necessidade de proteção da saúde pública, assegurando mecanismos de intervenção da

administração e permitindo uma eficaz fiscalização e vigilância do cumprimento das

exigências legais, garantindo assim, em última análise, a proteção dos direitos e

interesses dos consumidores. Os PCHC são regulamentados pelo Decreto-Lei n.º

142/2005 de 24 de Agosto que os define como: qualquer substância ou preparação

destinada a ser posta em contacto com as diversas partes superficiais do corpo humano,

designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais

externos, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade de, exclusiva ou

principalmente, os limpar, perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom

estado ou de corrigir os odores corporais.

O Decreto-Lei n.º 296/98, de 25 de Setembro, estabelece, no seu artigo 10º, que

as menções constantes da rotulagem dos PCHC não devem induzir o consumidor, em

erro sobre as suas características ou atribuir a esses produtos características que não

possuem, nomeadamente, indicações terapêuticas. Hoje em dia o uso destes produtos

vai muito além da componente estética, tratando-se sim de uma questão de saúde,

assumindo um papel de “tratamento” e proteção, como na resolução de determinadas

situações dermatológicas, nomeadamente acne, rugas, pele seca ou irritada, caspa,

queda de cabelo, higiene íntima, entre outros.

Uma vez que se trata de uma área em constante evolução, dinâmica e de larga

difusão nos media, compete então ao técnico de farmácia assumir uma constante

atualização de conhecimentos nesta área de forma conseguir corresponder às

expectativas do utente que o procura e a responder o melhor possível às características

individuais dos seus utentes.

7.5.2. Produtos dietéticos para alimentação especial e produtos dietéticos infantis

Segundo o Decreto-Lei nº 227/91 de 19 de Junho, entende-se por géneros

alimentícios para alimentação especial os produtos alimentares que, devido à sua

composição ou a processos especiais de fabrico, se distinguem claramente dos géneros

alimentícios de consumo corrente, são adequados ao objetivo nutricional pretendido e

são comercializados com a indicação de que correspondem a esse objetivo.

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Para além disso, o produto dietético define-se como produto de natureza

alimentar que se destina a complementar ou substituir parcialmente os alimentos

habituais ou a satisfazer necessidades nutritivas especiais de pessoas em que os

processos naturais de assimilação ou metabolismo estejam perturbados. Dentro dos

produtos dietéticos encontramos aqueles que se destinam à alimentação infantil e à

alimentação de adultos, podendo ambos serem incluídos em regimes alimentares hipo

ou hiper-calóricos, proteicos e glucídicos. Neste grupo inclui: preparados para lactentes;

leites de transição e outros alimentos de complemento; alimento para bebés; géneros

alimentícios com valor energético baixo ou reduzido, destinados a controlo de peso;

alimentos dietéticos destinados a fins medicinais específicos; alimentos pobres em

sódio, incluindo os sais dietéticos hipossódicos ou assódicos; alimentos sem glúten;

alimentos adaptados a esforços musculares intensos, sobretudo para os desportistas;

alimentos destinados a pessoas que sofrem perturbações no metabolismo dos glúcidos

(diabéticos).

No que diz respeito aos produtos dietéticos infantis, o técnico de farmácia

desempenha um importante papel no aconselhamento e acompanhamento das futuras e

atuais mamãs. Além de devidamente informado e atualizado, o técnico de farmácia deve

procurar ser uma fonte de informação a quem a mãe pode recorrer nas suas dúvidas,

estejam relacionadas com produtos dietéticos infantis ou não. Apesar deste tipo de

produtos não serem de venda exclusiva em farmácias é a este local que muitas vezes

recorrem, porque encontram sempre um atendimento personalizado. Essencialmente,

nas farmácias, encontram-se disponíveis dois tipos de produtos: os leites e as farinhas.

De acordo com as necessidades do lactente, e adaptado à sua idade e estado de

desenvolvimento, pode encontrar-se disponível nas farmácias uma vasta gama de leites,

que de forma geral podem ser caracterizados como: leites para lactentes (0-4/6 meses);

leites de transição (a partir dos 4 meses de idade) e leites de crescimento (do 1º ao 3º

ano de vida)

Por outro lado, existem as farinhas láteas que são outro produto dietético infantil

de extrema importância na alimentação das crianças. De uma forma geral classificam-se

em farinhas lácteas ou não lácteas, conforme sejam para preparar com água ou leite e,

ainda, com ou sem glúten, na sua composição.

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7.5.3. Fitoterapia e suplementos nutricionais

A fitoterapia diz respeito a produtos que tiram partido das propriedades curativas

de algumas plantas, constituindo uma alternativa possível aos medicamentos de síntese.

Os produtos fitoterapêuticos podem apresentar-se sob a forma de formulações orais

sólidas (comprimidos e cápsulas), soluções orais (xaropes, ampolas bebíveis) e infusões

(chás). Este tipo de produtos pode constituir alternativa razoável aos medicamentos de

síntese, principalmente em doentes polimedicados. Dos produtos fitoterapêuticos e

suplementos que se podem encontrar disponíveis na farmácia são exemplos:

• Produtos fitoterapêuticos:

o Chá verde - emagrecimento;

valeriana - insónia, nervosismo e ansiedade;

produtos com ginseng e Ginkgo biloba (QI plus ®; Ginsactiv ®)

– fadiga intelectual, agente antioxidante, reforça as defesas

imunitárias;

o chá midro – laxante;

• Suplementos nutricionais (essencialmente multivitamínicos):

o Centrum®;

o Viterra®;

o Pharmaton®.

7.5.4. Homeopatia

De acordo com o Decreto-Lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto que revoga o

anterior Decreto-Lei n.º 94/95 de 9 de Maio, os medicamentos homeopáticos define-se

como medicamento obtido a partir de substâncias denominadas stocks ou matérias-

primas homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico descrito na farmacopeia

europeia ou, na sua falta, em farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado

membro, e que pode conter vários princípios. Este documento prevê o registo

simplificado de medicamentos homeopático que, cumulativamente: sejam

administrados por via oral ou externa; apresentem um grau de diluição que garanta a

inocuidade do medicamento, não devendo este conter mais de uma parte por 10000 de

tintura-mãe, nem mais de 1/100 da mais pequena dose eventualmente utilizada em

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alopatia, para as substâncias ativas cuja presença num medicamento alopático obrigue a

receita médica; não apresentem quaisquer indicações terapêuticas especiais na

rotulagem ou em qualquer informação relativa ao medicamento.

7.5.5. Medicamentos de uso veterinário

Segundo o Decreto-Lei n.º 184/97 de 26 de Julho, entende-se como

medicamento para uso veterinário (MUV) como todo o medicamento (toda a substância

ou composição que possua propriedades curativas ou preventivas das doenças e dos

seus sintomas, com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou a restaurar, corrigir ou

modificar as suas funções orgânicas) destinado aos animais.

A gama de medicamentos de uso veterinário existentes à venda nas farmácias é

bastante variada, que vão desde produtos para a desparasitação interna e externa

(champôs, comprimidos, coleiras, pastas), anticoncetivos, medicamentos para o

tratamento de algumas patologias, etc. De referir que, existem alguns medicamentos

para uso humano podem ser utilizados em animais mediante indicação do médico

veterinário, como tive oportunidade de constatar no decorrer do meu estágio.

O técnico de farmácia tem pois um papel fundamental no aconselhamento e

dispensa destes produtos, nomeadamente no seu modo de emprego, doses e frequência

de administração. Por outro lado, o técnico de farmácia tem um papel educacional no

que diz respeito à valorização da importância da vacinação e aconselhamento de

medidas profiláticas para determinadas patologias. É, por isso, uma área em que cada

vez mais o técnico de farmácia deverá ter formação especializada.

7.5.6. Dispositivos Médicos

Atendendo à Diretiva do Dispositivos Médicos 93/42/CEE, transposta para a lei

nacional pelo Decreto-Lei n.º 273/95 de 23 de Outubro, alterado pelo Decreto-Lei nº

30/2003, de 14 de Fevereiro, considera dispositivo médico como, qualquer instrumento,

aparelho, equipamento, material ou artigo utilizado isoladamente ou combinado,

incluindo os suportes lógicos necessários para o seu bom funcionamento, destinado pelo

fabricante para ser usado no corpo humano para fins de: diagnóstico, prevenção,

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monitorização, tratamento ou atenuação de uma doença; diagnóstico, monitorização,

tratamento ou atenuação ou compensação de uma lesão ou deficiência; investigação,

substituição ou modificação da anatomia ou de um processo fisiológico; controlo da

conceção e cujo principal efeito pretendido no corpo humano, não seja alcançado por

meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser

apoiada por estes meios.

Os critérios como, os potenciais riscos inerentes à utilização do dispositivo e os

possíveis incidentes relacionados com as características e/ou funcionamento do

dispositivo, bem como a duração do contacto do dispositivo com o corpo humano; a

invasibilidade do corpo humano e a anatomia afetada pela uso do dispositivo, permitem

classifica-los em: dispositivos médicos de classe I - dispositivos de baixo risco (ex:

sacos coletores de urina, meias de compressão, muletas, pensos oculares, algodão

hidrófilo, seringas sem agulha, colares cervicais); dispositivos médicos de classe IIa -

dispositivos de baixo médio risco (ex: compressas de gaze, agulhas de seringa, cateteres

urinários, etc.); dispositivos médicos de classe IIb - dispositivos de alto médio risco (ex:

canetas de insulina, preservativos, diafragmas, material d penso para queimaduras

graves, etc); dispositivos médicos de classe III - dispositivos de alto risco (ex:

preservativos com espermicida, pensos medicamentosos, etc).

Estes são produtos com bastante procura na farmácia, o que obriga o técnico de

farmácia a estar devidamente informado sobre a variedade de produtos existentes e

aconselhamento a prestar na dispensa dos mesmos.

8. OUTROS CUIDADOS DE SAÚDE PRESTADOS NA FARMÁCIA

A grande diversidade de medicamentos, obriga a cuidados particulares no que

diz respeito às incompatibilidades físicas, químicas ou biológicas a que podem dar

origem. Problemas complexos do foro toxicológico e de estabilidade medicamentosa

são hoje frequentes, devido em grande parte, à administração simultânea de diversos

medicamentos ao mesmo doente.

O conceito de Farmácia Clínica tem evoluído nos últimos anos e corresponde

atualmente a um novo conceito da própria prática farmacêutica: o profissional de

farmácia, dentro do seu âmbito de ação no quadro dos cuidados de saúde deve assumir

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uma atitude mais voltada para o doente na sua individualidade, atendendo aos seus

hábitos de vida, condicionantes económicas, entre outras.

Pela formação científica e profissional, o técnico de farmácia está apto a

desempenhar um papel cada vez mais ativo, não se limitando à clássica dispensa do

medicamento. Dado o grau de credibilidade e de confiança que o técnico de farmácia

inspira na sociedade, a farmácia é um centro apropriado para o rastreio e controle de

algumas doenças. O recurso a novas técnicas e meios analíticos permitem que a nível

das farmácias, entre as quais a Farmácia S. João, se detetem as alterações ao nível de

pressão arterial, e de parâmetros bioquímicos como o colesterol, glucose, entre outros.

Neste estágio tive oportunidade de avaliar parâmetros como pressão arterial;

glicemia capilar, colesterol e triglicerídeos à população que se deslocava à farmácia e

solicitava o mesmo serviço.

8.1. AVALIAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL

A farmácia é um local privilegiado no controlo da pressão arterial e o técnico de

farmácia, mais uma vez, deve assumir para além do seu papel como profissional de

saúde o papel educacional. O profissional de saúde deve agir como promotor de uma

terapêutica correta, procurando prestar conselhos sobre a terapêutica não farmacológica

e farmacológica, detetando os efeitos secundários. A determinação da pressão arterial é

fundamental para o autocontrolo da hipertensão na identificação precoce de indivíduos

suspeitos de hipertensão, de modo a prevenir ou a atrasar as complicações da doença,

uma vez que não sendo tratada constitui um fator de risco de diversas doenças

cardíacas.

As avaliações de pressão arterial foram realizadas com aparelhos digitais e

envolvem algumas regras para que os resultados sejam o mais próximo do real possível:

o utente deve estar relaxado e repousar sentado durante alguns minutos antes da

medição; a medição não deve ser efetuada logo após: ingestão de café, refeições, ou o

ato de fumar; o utente deve estar sentado comodamente e não pode falar ou mover-se

durante a avaliação; o braço onde se faz a avaliação deve estar nu.

Podemos então enquadrar os valores de referência na tabela seguinte:

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Categoria Pressão Sistólica (mmHg) Pressão Diastólica

(mmHg)

Normal 120-129 80-84

Normal alto 130-139 85-89

Hipertensão Fase 1 140-159 90-99

Hipertensão Fase 2 160 100 Tabela 1 - Valores de Referência de Pressão Arterial

O valor é registado num cartão disponibilizado pela farmácia e entregue ao

utente. Assim, torna-se muito importante conversar com o doente e educá-lo de modo a

seguir a possível terapêutica instituída e se for o caso relembrá-lo de certas medidas

nomeadamente redução e ingestão de sal, redução e ingestão de bebidas alcoólicas e

café, alimentação racional, perder peso no caso de obesidade, aconselhar exercício

físico moderado, entre outros.

8.2. PESO, ALTURA E IMC

A determinação destes parâmetros é feita com o auxílio de uma balança

eletrónica presente na área de atendimento ao público. Qualquer uma das balanças

realizava a medição da altura, peso e cálculo do valor IMC de forma automática. De

qualquer forma o farmacêutico deve ter presente como é feito o cálculo do IMC: IMC=

peso (Kg) / Altura2 (m) (ilustração 24).

Ilustração 24 – Tabela de cálculo de IMC

O controlo do peso corporal é muito importante pelo fato da obesidade constituir

fator de risco para várias patologias.

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8.3. DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

Para avaliar os parâmetros bioquímicos como a glicemia, colesterol e

triglicerídeos utiliza-se o sistema Accutrend® Plus. É um equipamento adequado para o

rastreio, diagnóstico e monitorização terapêutica de desordens metabólicas e fatores de

risco cardiovascular no consultório ou na farmácia. O Accutrend® Plus é igualmente,

pela sua facilidade de utilização, o equipamento adequado para uso pelos próprios

utentes em suas casas, sempre aconselhados pelo médico.

Assim sendo, permite a medição em poucos minutos dos três principais fatores

de risco cardiovascular: glucose, colesterol e triglicéridos. O fato de valores elevados de

colesterol e triglicéridos não causarem quaisquer sintomas, torna o desenvolvimento

silencioso da doença, onde a deteção precoce e regular e a monitorização assumem

especial relevância.

O aparelho de medição Accutrend® Plus mede a intensidade da cor produzida na

camada de reação da tira de teste, através de fotometria de refletancia, e calcula a

concentração de cada parâmetro na amostra através de um algoritmo específico de lote.

O resultado apresentado aparece sob a forma de mg/dl e é automaticamente armazenado

em memória com data e hora.

Deste modo, o manuseamento é o seguinte:

• Ligar o aparelho: Coloca-se o aparelho sobre uma superfície plana estável e

liga-se.

• Codificação: Se estiver a piscar o símbolo code nr (número de código), insere-

se a tira de código conforme a imagem. Não se deve tocar na zona impressa da

tira situada na parte posterior da barra preta. Com a tampa fechada, insere-se a

tira de código até ao fundo e retira-se de imediato. A codificação bem sucedida é

confirmada por um curto sinal sonoro. Retirar a tira de código e fechar a

embalagem imediatamente.

• Inserir a tira de teste: Segurar a tira de teste conforme a imagem abaixo e

inserir até ao fundo. Se a tira estiver corretamente introduzida ouve-se dois

sinais sonoros;

• Recolha da amostra de sangue: Utilizar o sistema de punção capilar para

recolher a amostra de sangue capilar do dedo;

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• Aplicação da amostra: retirar a tira teste e deixar a tampa aberta, aplicar a gota

de sangue suspensa na zona lancetada. Não se deve tocar na zona de aplicação

com a pele.

• Inserir a tira de teste no aparelho e fechar a tampa: Quando a medição

terminar, o resultado é visualizado no visor. Os resultados que se situem fora do

intervalo de medição são visualizados como Hi (acima do intervalo de medição)

ou Lo (abaixo do intervalo de medição).

Na tabela 3 segue-se os valores favoráveis para a glicemia, colesterol e

triglicerídeos:

Parâmetro Bioquímico Valores de Referência

Colesterol Total <190 mg/dl

Glicemia Em jejum - 80-120 mg/dl

2 horas após as refeições < 145 mg/dl

Triglicerídeos <150 mg/dl

Tabela 2 - Valores de Referência do Colesterol Total, Glicemia e Triglicéridos

Todos os resíduos são colocados nos contentores para o lixo do grupo III e outro

para o lixo do grupo IV. Estes contentores são recolhidos mensalmente pela AmbiMed.

A AmbiMed é uma empresa que se dedica à Gestão Integrada de Resíduos Hospitalares,

sendo líder em Portugal, primeira na utilização das mais modernas, e ambientalmente

corretas, tecnologias de tratamento, trabalhando com todos os tipos de produtores de

resíduos, independentemente da sua dimensão ou localização geográfica.

9. RECOLHA DA MEDICAÇÃO PARA DEVOLUÇÃO À VALORMED

A ValorMed, sociedade comparticipada pela Associação da Indústria

Farmacêutica, ANF e pelas Associações de Empresas distribuidoras de Medicamentos,

é responsável pela recolha e valorização dos resíduos e embalagens de medicamentos

fora de uso. O objetivo é a melhoria do ambiente, eliminando a possibilidade dos

medicamentos contaminarem recursos tão importantes como a água e os solos.

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Neste estágio tive a oportunidade de proceder à recolha de medicamentos e

realizar todos os processos adjacentes para o envio dos contentores que serão descritos

de seguida.

A ValorMed encarrega-se pela recolha e gestão de embalagens de

medicamentos, contendo ou não medicamentos e outros produtos fora de uso,

nomeadamente. A 18 de Dezembro de 2008, a ValorMed realizou um contrato com a

Prolixo para que esta empresa inicie o processo de triagem de embalagens de

medicamentos fora de uso recolhidas em farmácias.

Após a receção do saco de recolha ValorMed, este deverá ser fechado efetuando

um nó com as próprias assas e imediatamente colocado no contentor de recolha

ValorMed, operação esta, que será efetuada apenas pelo pessoal da farmácia e não pelo

utente. Uma vez o contentor cheio, este é selado com a etiqueta de selagem.

Seguidamente preenche-se a ficha de contentor numerada sequencialmente

(autocopiativo em 4 vias) e afixa-se um envelope autocolante onde se colocará a

mesma. Na farmácia é arquivada a cópia verde e as restantes três cópias (cópia branca,

azul e amarela) são enviadas para o fornecedor.

Periodicamente, os contentores são transportados dos armazenistas para a

estação incineradora com vista à sua valorização energética. A recolha dos contentores

pelo ValorMed tem aumentado nos últimos anos. Segundo a ValorMed só em 2006

foram enviados para a valorização energética 576 toneladas de resíduos de embalagens

e medicamentos fora de uso, o que representa um acréscimo de 22,3% relativamente ao

ano anterior. Este é um indicador claramente positivo, sinónimo de uma crescente

preocupação e responsabilidade dos portugueses.

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CONCLUSÃO

Depois de ter realizado o estágio na Farmácia S. João e ter entrado na reta final

da elaboração deste relatório, considero que este tem um carácter valorativo, na medida

em que me permitiu uma reflexão e uma avaliação da concretização de atividades e dos

objetivos. Nenhum processo de ensino decorre sem falhas mas quando as reconhecemos

e admitimos, estamos de certa forma a aprender e a evoluirmos enquanto pessoas e

profissionais.

Deste modo farei uma reflexão global deste estágio comparativamente ao

anterior. Ao longo deste estágio depreendi que o técnico de farmácia tem um papel

bastante ativo e mais reconhecido: com efeito, não basta a dispensa do medicamento por

si só, a sociedade atual possui uma formação melhor e está muito mais influenciada

pelos meios de comunicação social, procurando estilos de vida mais saudáveis.

No que diz respeito à rapidez e eficiência, penso que fui evoluindo ao longo do

estágio. A destreza na realização de vários procedimentos era um dos meus objetivos

pessoais e penso que foi alcançado, pois a repetição destes permitiram-me adquirir

maior confiança e prática. Ao longo deste estágio senti-me motivado, não só porque a

integração foi bastante fácil mas também porque me foi conferida bastante autonomia.

De um modo geral todas as atividades foram executadas com sucesso e os

objetivos foram atingidos com elevada eficácia, excetuando a preparação de

manipulados de acordo com as boas práticas de preparação de manipulados, isto porque

na farmácia S. João não se faz a preparação de qualquer tipo de manipulado.

Posto isto, considero que este estágio foi bastante aliciante. Com este tive

oportunidade de contactar com a realidade de uma Farmácia Comunitária e com

profissionais da mesma, criando um espírito de equipa e de interajuda. De certo modo,

através deste tive oportunidade de conhecer a realidade de um futuro próximo e do

longo caminho que ainda há a percorrer nesta área.

Pelo conteúdo deste relatório, creio ter atingido os objetivos por mim delineados

para o estágio decorrente, de certa forma até ultrapassado. Refiro que todo o esforço

ganhou frutos, pelas oportunidades e experiencias vividas, assim como pela

aprendizagem obtida.

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BIBLIOGRAFIA E WEBGRAFIA

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30 de Agosto; Portaria n.º 1429/2007 de 2 de Novembro - Art. n.º 2º,3º; Portaria n.º

594/2004 de 2 Julho; Portaria n.º 1474/04; Despacho n.º 11387-A/2003; Despacho n.º

4250/07; Portaria n.º 1288/2005 de 15 Dezembro;

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Z). Lisboa: Verbo;

Guia de Elaboração e Apresentação de Trabalhos Escritos – Escola Superior

de Saúde, 2009;

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http://www.tdtonline.org/ - Acedido a 19 de Junho de 2012 às 21:45;

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ANEXOS