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TPGfolitécuico
1 daiGuardaPolytechnicof Guarda
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
Licenciatura em Farmácia
Relatório Profissional 1
Rui Pedro Proença Gaspar
janeirol 2015
R E L A T Ó R I O D E E S T Á G I O
RUI PEDRO PROENÇA GA SPAR
RELATÓRIO PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE LICENCIADO EM FARMÁCIA
janeiro|2015
Escola Superior de Saúde
Instituto Politécnico da Guarda
CURSO FARMÁCIA - 1º CICLO
4º ANO / 1º SEMESTRE
RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL I
ESTÁGIO EM FARMÁCIA HOSPITALAR
RUI PEDRO PROENÇA GA SPAR
SUPERVISOR: ANABELA SANTOS
ORIENTADOR: MANUEL MORGADO
janeiro|2015
Escola Superior de Saúde
Instituto Politécnico da Guarda
LISTA DE SIGLAS
HSM – Hospital Sousa Martins
ULSG – Unidade Local de Saúde da Guarda
SF – Serviços Farmacêuticos
DIDDU – Distribuição Individualizada Diária em Dose Unitária
TF – Técnicos de Farmácia
AO – Assistente Operacional
DCI – Denominação Comum Internacional
FEFO – First Expire, First Out
Na realização deste estágio curricular é impossível realçar alguém que contribuiu para
o meu processo de aprendizagem, pois toda a equipa dos serviços farmacêuticos da Unidade
Local de Saúde da Guarda foi incansável e dedicada ao longo de todo este tempo.
Gostaria de agradecer aos serviços farmacêuticos pela possibilidade de realização
deste estágio curricular, em particular à minha orientadora Anabela Santos por me ter
recebido de forma extraordinária e me ter acompanhado ativamente em todos os processos do
circuito do medicamento.
Deixo o meu obrigado à minha colega Catarina Almeida pela ajuda prestada durante
todo o meu estágio.
Agradeço ainda à Escola Superior de Saúde da Guarda, especialmente aos professores
Sandra Ventura, André Araújo, Fátima Roque e Manuel Morgado pela ajuda e
acompanhamento ao longo do meu estágio.
A todos, um forte abraço!
Muito Obrigado…
“O caminho do sucesso é o caminho da aprendizagem contínua. Invista sempre em
conhecimento e enxergue soluções para realizar o impossível.”
(Surama Jurdi)
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Sanatório Sousa Martins ............................................................................................ 9
Figura 2 - Antiga farmácia do Sanatório Sousa Martins Fonte: (Leite, 2013)1 .......................... 9
Figura 3 - Área da receção ........................................................................................................ 13
Figura 4 - Área da receção ........................................................................................................ 13
Figura 5 - Sala da reembalagem ............................................................................................... 14
Figura 6 - Receção de assistentes operacionais aos SF ............................................................ 14
Figura 7 - Frigorífico situado na receção.................................................................................. 18
Figura 8 - Armazém geral ......................................................................................................... 19
Figura 9 - Área dos produtos de grande volume ...................................................................... 19
Figura 10 - Área dos anticoncecionais ..................................................................................... 20
Figura 11 - Área dos dispositivos médicos ............................................................................... 20
Figura 12 - Armário dos medicamentos citotóxicos ................................................................. 20
Figura 13 - Frigoríficos do armazém geral ............................................................................... 21
Figura 14 - Armazém de soluções de grande volume .............................................................. 21
Figura 15 - Armazém de desinfetantes e antisséticos ............................................................... 21
Figura 16 - Armazém de bolsas de nutrição parentérica .......................................................... 22
Figura 17 - Pequenos stocks na sala de distribuição ................................................................ 22
Figura 18 - Laboratório............................................................................................................. 23
Figura 19 – Medicamentos etiquetados .................................................................................... 24
Figura 20 – Máquina de reembalamento .................................................................................. 24
Figura 21 - Rótulo de um medicamento reembalado ............................................................... 24
Figura 22 - Zonas de preparação dos serviços .......................................................................... 27
Figura 23 - Armário de apoio à DIDDU................................................................................... 27
Figura 24 - Módulo de um serviço ........................................................................................... 28
Figura 25 - Caixa para a distribuição tradicional ..................................................................... 29
Figura 26 - Entregas das distribuições tradicionais .................................................................. 29
Figura 27 - Módulo da Urgência Geral .................................................................................... 30
ÍNDICE GERAL
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 7
1. A INSTITUIÇÃO ................................................................................................................. 9
1.1. ABORDAGEM HISTÓRICA ............................................................................................. 9
1.2. UNIDADE LOCAL DE SAÚDE DA GUARDA ............................................................... 9
1.2.1. Hospital Sousa Martins ................................................................................................ 10
2. SERVIÇOS FARMACÊUTICOS .................................................................................... 12
2.1. ESPAÇO FÍSICO .............................................................................................................. 12
2.2. RECURSOS HUMANOS ................................................................................................. 15
2.3. HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO ............................................................................... 15
3. CIRCUITO DO MEDICAMENTO ................................................................................. 16
3.1. SELEÇÃO E AQUISIÇÃO ............................................................................................... 16
3.2. RECEÇÃO ........................................................................................................................ 17
3.3. ARMAZENAMENTO ...................................................................................................... 18
3.3.1. Armazém Geral ............................................................................................................. 19
3.3.2. Armazém de soluções de grande volume .................................................................... 21
3.3.3. Armazém de desinfetantes e antisséticos..................................................................... 21
3.3.4. Armazém de bolsas de nutrição parentérica .............................................................. 22
3.3.5. Pequenos stocks na sala de distribuição ...................................................................... 22
3.4. FARMACOTECNIA ......................................................................................................... 22
3.4.1. Preparação de fórmulas farmacêuticas não estéreis .................................................. 23
3.4.2. Reembalagem................................................................................................................. 23
3.5. DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS ....................................................................... 25
3.5.1. Distribuição Individual Diária em Dose Unitária ...................................................... 26
3.5.1.1. Revertências ............................................................................................................... 28
3.5.2. Distribuição Tradicional ............................................................................................... 28
3.5.3. Reposição por níveis ...................................................................................................... 30
CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 32
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 33
ANEXOS
ANEXO A – Guia de Remessa................................................................................................. 34
ANEXO B – Nota de Encomenda ............................................................................................ 35
ANEXO C – Receção de um produto em sistema informático ................................................ 36
ANEXO D – Ficha de Preparação de Manipulados ................................................................. 38
ANEXO E – Folha de Reembalagem de Medicamentos .......................................................... 39
ANEXO F – Prescrição Médica ............................................................................................... 40
ANEXO G - Mapa de Preparação dos Serviços ....................................................................... 41
ANEXO H - Folha dos Totais dos Serviços ............................................................................. 42
ANEXO I – Devoluções dos Serviços ...................................................................................... 43
ANEXO J – Requisição Tradicional ........................................................................................ 44
ANEXO K – Requisição de Desinfetantes ............................................................................... 45
ANEXO L – Requisição de um Centro de Saúde ..................................................................... 46
ANEXO M – Plano Mensal de Entregas para os Centros de Saúde......................................... 47
ANEXO N – Folha de Envio de Vacinas ................................................................................. 48
ANEXO O – Perfil da Reposição por Níveis ........................................................................... 48
7
INTRODUÇÃO
O presente relatório insere-se no âmbito do plano curricular do primeiro semestre, do
quarto ano do Curso Farmácia – 1º Ciclo da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico
da Guarda. O estágio foi realizado nos Serviços Farmacêuticos da Unidade Local de Saúde da
Guarda, com a duração total de 490h, realizadas entre os dias 6 de Outubro de 2014 e 15 de
Janeiro de 2015.
O estágio foi coordenado pelo professor Manuel Morgado e supervisionado no local de
estágio pela Técnica de Farmácia Anabela Santos.
O Técnico de Farmácia, segundo o Decreto-Lei nº564/99 de 21 de dezembro, está
habilitado a desenvolver atividades do circuito do medicamento, bem como análises e ensaios
farmacológicos, interpretação da prescrição terapêutica e das fórmulas farmacêuticas, sua
separação, identificação e distribuição, controlo da conservação, distribuição e stocks de
medicamentos e outros produtos, informação e aconselhamento sobre o uso de medicamentos.
O estágio curricular, segundo o Artigo 2, do Decreto-Lei nº 87.497/82, tem como
finalidade a aprendizagem social, profissional e cultural, proporcionadas ao estudante pela
participação em situações reais de vida e trabalho. Durante o estágio é possível também ganhar
a capacidade de identificar problemas e gerar as suas resoluções.
Este estágio mostra-se como uma possibilidade de colocar em prática os conteúdos
teóricos lecionados em aulas. Por sua vez facilita a inserção do estudante no mercado de
trabalho, uma vez que este já se encontra familiarizado com os processos praticados em
farmácias hospitalares.
O estágio teve como objetivos específicos:
Favorecer, em contexto real, a integração das aprendizagens que vão sendo
desenvolvidas ao longo do curso, de modo que o perfil do estudante vá ao encontro
das competências necessárias no âmbito da sua formação;
Preparar o estudante para dar resposta às exigências da sociedade, promovendo a
socialização e integração profissional.
Sendo assim, o estudante no final do estágio deverá demonstrar as seguintes
competências:
Capacidade científica e técnica na realização de atividades subjacentes à profissão do
Técnico de Farmácia, no enquadramento das várias áreas de intervenção profissional;
Aplicar os princípios éticos e deontológicos subjacentes à profissão;
8
Desenvolver e avaliar planos de intervenção adequadamente integrados numa equipa
multidisciplinar;
Responder aos desafios profissionais com inovação, criatividade e flexibilidade.
Durante o estágio passei por quase todas as áreas dos Serviços Farmacêuticos.
Inicialmente tive orientação por parte dos Técnicos de Farmácia de forma a adquirir o
conhecimento necessário para a realização das tarefas, posteriormente realizei-as
autonomamente.
Este relatório foi elaborado através de várias informações adquiridas ao longo do estágio
e tem como principal objetivo descrever todas as atividades desenvolvidas e conhecimentos
adquiridos ao longo deste. Todas as fotografias deste relatório foram obtidas por fonte própria,
bem como os anexos.
9
1. A INSTITUIÇÃO
1.1. ABORDAGEM HISTÓRICA
Esta instituição nasceu nos finais do século
XIX com o nome de Sanatório Sousa Martins (Figura
1) inaugurado com a presença da Rainha D. Amélia e
do Rei D. Carlos I. O nome deste sanatório é uma
homenagem ao trabalho de Sousa Martins, médico e
professor catedrático que estudava a tuberculose e
clima envolvente.
Este sanatório foi localizado na Guarda devido ao clima de altitude na cura contra a
tuberculose, doença que na altura era muito
predominante.1 Devido a estas características a
Guarda foi uma das cidades mais procuradas de
Portugal. Milhares de pessoas subiam à cidade
mais alta com o objetivo de usufruírem do clima
de montanha.2
Em novembro de 1975 o Sanatório
Sousa Martins foi integrado no Hospital
Distrital da Guarda e em 1989 passa a designar-
se Hospital Sousa Martins (HSM).2
1.2. UNIDADE LOCAL DE SAÚDE DA GUARDA
A criação das Unidades Locais de Saúde teve como principal objetivo a melhoria da
interligação dos Centros de Saúde com os Hospitais e, eventualmente, com outras entidades.3
A Unidade Local de Saúde da Guarda (ULSG) foi criada em Setembro de 2008, sob a
forma de Entidade Pública Empresarial e presta cuidados de saúde pública, primários,
diferenciados e continuados a cerca de 160.00 habitantes. A sua área de influência global perfaz
um total de 4.930,5 km2.4
Figura 1 - Sanatório Sousa Martins Fonte: (Leite, 2013)1
Figura 2 - Antiga farmácia do Sanatório Sousa Martins Fonte: (Leite, 2013)1
10
A ULSG integra:
Catorze centros de saúde:
o Guarda
o Ribeirinha
o Manteigas
o Sabugal
o Almeida
o Pinhel
o Figueira Castelo Rodrigo
o Vila Nova de Foz Côa
o Gouveia
o Seia
o Celorico da Beira
o Fornos de Algodres
o Trancoso
o Mêda
Uma unidade de saúde familiar
Hospital Sousa Martins
Hospital Nossa Senhora da Assunção
Duas tipologias de Cuidados Continuados que funcionam no Hospital Nossa Senhora
da Assunção
1.2.1. Hospital Sousa Martins
O Hospital Sousa Martins localiza-se no Parque de Saúde da Guarda na Avenida Rainha
D. Amélia. Conta com a colaboração de cerca de 1.000 profissionais, dispõe de
aproximadamente 350 camas e conta com várias especialidades médicas e cirúrgicas:
Psiquiatria
Medicina A
Medicina B
Ortopedia
Cirurgia
Cardiologia
Pneumologia
11
Cardiologia
Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente
Unidade de Cuidados Intensivos da Cardiologia
Gastrenterologia
Ginecologia
Neurologia
Obstetrícia
Oftalmologia
Otorrinolaringologia
Pediatria
Neonatologia
Unidade de Oncologia
12
2. SERVIÇOS FARMACÊUTICOS
Os Serviços Farmacêuticos (SF) são regulamentados pelo Decreto-Lei nº44 204 de 2 de
fevereiro de 1962 e constituem uma estrutura importante nos cuidados de saúde em meio
hospitalar. Estes asseguram a terapêutica medicamentosa aos utentes, bem como a qualidade,
eficácia e segurança dos medicamentos.5
Os SF são departamentos com autonomia técnica e científica, sujeitos à orientação geral
dos Órgãos de Administração dos Hospitais, perante os quais respondem pelos resultados do
seu exercício.5
É da responsabilidade dos SF a gestão do medicamento e outros produtos farmacêuticos,
implementação e monitorização da política de medicamentos, gestão de medicamentos
experimentais e da gestão da segunda maior rubrica do orçamento dos hospitais.5
Aos SF Hospitalares compete, entre outras:5
Seleção e aquisição de medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos médicos
Aprovisionamento, armazenamento e distribuição dos medicamentos experimentais e
os dispositivos utilizados para a sua administração, bem como os demais
medicamentos já autorizados
Produção de medicamentos
Análise de matérias-primas e produtos acabados
Distribuição de medicamentos e outros produtos de saúde
Participação em Comissões Técnicas
Informação de medicamentos
Desenvolvimento de ações de formação
2.1. ESPAÇO FÍSICO
Os SF da ULSG localizam-se no piso menos um e têm uma boa facilidade de acesso
externo e interno pois localiza-se perto dos elevadores e escadas. O ambulatório localiza-se
perto da circulação normal deste tipo de doentes, ou seja, perto das consultas externas.
Todas as áreas de implantação localizam-se no mesmo piso, incluindo armazéns.
Os SF da ULSG contam com:
Armazém de soluções de grandes volumes;
13
Armazém de desinfetantes e antisséticos;
o Espaço com detetor de fumos e sistema de ventilação.
Armazém central;
o Este é o local onde são armazenados quase todos os medicamentos necessários
para os diferentes serviços do hospital e tem acesso direto para a sala de
distribuição e receção. Está equipado com câmaras frigoríficas para os
medicamentos termolábeis e de termohigrómetros de modo a garantir as
condições de temperatura e humidade dos medicamentos. Os medicamentos
estão organizados em prateleiras segundo a ordem alfabética de Denominação
Comum Internacional. Os produtos de uso oftálmico, contracetivos orais e
produtos de grande volume (por exemplo Amoxicilina + Ácido Clavulânico 2,2g
e Paracetamol 1g solução injetável) estão armazenados neste armazém mas fora
da ordem alfabética. Existem ainda duas prateleiras destinadas ao
armazenamento de dispositivos
médicos, um cofre destinado ao
armazenamento de psicotrópicos e
estupefacientes, um armário com chave
destinado às benzodiazepinas e um
armário destinado aos medicamentos
citotóxicos.
Receção (Figuras 3 e 4)
o Esta área possui acesso direto para o exterior, onde se encontra um grande
estacionamento de carros de transporte. Tem acesso direto para os 3 armazéns
de maneira a facilitar o correto e rápido armazenamento. Possuí uma área interna
relativamente grande permitindo uma
boa manobra de todas as encomendas,
bem como um frigorífico que permite o
armazenamento de produtos
termolábeis. Pode-se encontrar também
um computador equipado com o sistema
informático “ALERT®” e um balcão de
apoio que são essenciais para facilitar a
receção e conferência de encomendas.
Ambulatório
o Local onde são dispensados medicamentos a doentes em regime de ambulatório.
Figura 3 - Área da receção
Figura 4 - Área da receção
14
Sala de Sujos
o Local onde as cassetes e gavetas
correspondentes à distribuição
individualizada diária em dose unitária
(DIDDU), são lavadas e desinfetadas.
Aqui encontra-se também o contentor
vermelho onde se despejam resíduos
hospitalares.
Sala de reembalagem (Figura 5)
o É neste local onde é feita a reembalagem de comprimidos com a ajuda de uma
máquina de reembalagem, um computador e uma bancada.
Receção de assistentes operacionais aos SF
(Figura 6)
o Espaço dedicado à entrega urgente de
produtos farmacêuticos necessários
nos serviços. Esta entrega é feita em
mão aos assistentes operacionais.
Sala dos serviços administrativos
Laboratório
Gabinete do diretor dos SF
Sala de distribuição
o Local onde os Técnicos de Farmácia (TF) exercem a maioria das suas funções.
Encontra-se equipado com computadores, bancadas de trabalho providas de
pequenos stocks de medicamentos de apoio à distribuição em dose unitária,
lavatório para desinfeção das mãos, frigorífico e um armário com gavetas onde
são armazenados os medicamentos de grande rotação, evitando assim que os TF
se desloquem várias vezes ao armazém central.
Sala dos farmacêuticos
o Espaço dedicado às funções exercidas pelos farmacêuticos, nomeadamente a
validação da prescrição médica, equipado com secretária e computadores.
Copa
Sala de arrumos
Vestiários
Figura 5 - Sala da reembalagem
Figura 6 - Receção de assistentes operacionais aos SF
15
2.2. RECURSOS HUMANOS
“Os recursos humanos são a base essencial dos Serviços Farmacêuticos Hospitalares,
pelo que a dotação destes Serviços em meios humanos adequados, quer em número, quer em
qualidade, assume especial relevo no contexto da reorganização da Farmácia Hospitalar.”5
Estes são dirigidos pelo diretor dos SF, licenciado em Ciências Farmacêuticas,
responsável também pela gestão de todas as atividades da farmácia. Para além dele existem
ainda mais oito farmacêuticas.
Exercem ainda funções nos SF cinco TF, três Assistentes Operacionais (AO) e três
administrativos.
Trabalham todos em conjunto com a finalidade de assegurar a terapêutica aos utentes e
assegurar a qualidade e segurança dos medicamentos.
2.3. HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO
Os SF estão em funcionamento das nove horas até às dezoito horas nos dias úteis, sem
interrupção para almoço. Fora do horário referido encontram-se encerrados, estando apenas
uma farmacêutica de prevenção.
16
3. CIRCUITO DO MEDICAMENTO
O circuito do medicamento é um conjunto de procedimentos realizados pelos SF de
forma a garantir a qualidade, eficácia, segurança e dispensa dos medicamentos para os utentes.
Este circuito é coadjuvado no HSM pelo programa informático ALERT® que permite
aumentar a qualidade e segurança dos serviços prestados, reduzir custos e racionalizar a
utilização de recursos humanos.
A gestão de medicamentos em farmácia hospitalar é um desafio diário, pois é necessário
diminuir os custos de medicamentos, de forma a não colocar em risco a logística operacional.
Esta gestão deve ser feita com o objetivo de saber qual o produto a encomendar e em que
quantidades, de maneira a que o produto esteja disponível quando solicitado.
O circuito de medicamentos engloba várias fases, começando na sua seleção, aquisição
e armazenamento, passando depois para a farmacotecnia, distribuição e acabando na
administração ao utente.
3.1. SELEÇÃO E AQUISIÇÃO
A seleção e aquisição de medicamentos tem por base adquirir os medicamentos mais
apropriados às necessidades farmacoterapêuticas de cada doente, tendo em vista sempre a sua
qualidade, segurança, eficácia, eficiência e custos.
A etapa de seleção tem por base o Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos,
pois é nele que constam todos os medicamentos necessários para uma terapêutica adequada à
generalidade das situações hospitalares.
Por outro lado também podem ser adquiridos produtos farmacêuticos através do
Catálogo de Aprovisionamento Público de Saúde. Este sistema vem sobretudo facilitar as
aquisições utilizando a internet como meio de comunicação e assegurar uma efetiva
concorrência entre fornecedores. Este sistema abrange os medicamentos de uso frequente que
foram previamente selecionados por concurso público.
Esta fase do circuito do medicamento é da responsabilidade de uma farmacêutica em
conjunto com o serviço administrativo. Ambos têm acesso ao sistema informático onde existe
uma listagem de todos os produtos que fazem parte do stock da farmácia. Neste sistema está
inserido um stock mínimo para cada produto, que é denominado ponto de encomenda, que nos
avisa quando deve ser feita uma nova encomenda de forma a evitar ruturas de stock na farmácia.
17
Quando o ponto de encomenda é atingido a farmacêutica tem a responsabilidade de
enviar para os serviços administrativos uma lista com os produtos necessários a encomendar.
Por sua vez os serviços administrativos fazem a encomenda ao laboratório previamente
selecionado através de concurso público, por fim emitem a nota de encomenda que deve conter
a data e número do pedido, a descrição do fornecedor e a enumeração e identificação dos
produtos e respetivas quantidades.
Por último, há situações de emergência onde este processo descrito não pode ser
realizado como por exemplo a rutura de stock, nestes casos é necessário recorrer à compra de
medicamentos a uma farmácia comunitária.
3.2. RECEÇÃO
Depois de concluído o processo da seleção e aquisição dos produtos farmacêuticos, estes
chegam à receção dos SF. Após a sua chegada é necessário assinar a nota de entrega ao
distribuidor e entregar a guia de remessa aos serviços administrativos para que estes a anexem
à nota de encomenda. De seguida a nota de encomenda e a guia de remessa são entregues ao
TF responsável pela receção, procedendo desta forma à:
Conferência qualitativa e quantitativa de todos os produtos (integridade da
embalagem, denominação comum internacional (DCI), dosagem, forma farmacêutica,
prazo de validade, acondicionamento);
Conferência da guia de remessa (Anexo A) com a nota de encomenda (Anexo B), para
aferir se o produto a rececionar é o que foi pedido em qualidade e quantidade;
Registo de entrada do produto;
Entrega da guia de remessa e nota de encomenda assinada e datada pelo TF que deu
entrada do produto aos serviços administrativos para que possa ser arquivada;
Armazenamento tendo em conta aos critérios que cada um apresenta.
O registo de entrada do produto é realizado em sistema informático no programa
ALERT®, para isso é necessário introduzir o número da nota de encomenda e proceder depois
à introdução das quantidades recebidas, lote, prazo de validade, DCI e a integridade da
encomenda. (Anexo C)
Alguns produtos requerem uma receção especializada, como é o caso das matérias-
primas e hemoderivados. Estes devem ser acompanhados pelos respetivos boletins de análise
que devem ser analisados antes de serem recebidos, de forma a garantir a qualidade do produto.
18
As benzodiazepinas e psicotrópicos são apenas recebidos pelas farmacêuticas e são
armazenados em cofres fechados.
Os medicamentos termolábeis
devido às suas condições especiais de
armazenamento são os primeiros a serem
retirados das caixas de transporte para
serem colocados rapidamente no frigorífico
situado na receção dos SF (Figura 7) até à
sua receção informática.
As soluções de grande volume
também têm prioridade na hora da receção,
uma vez que têm de ser rapidamente
armazenadas de forma a libertar a zona da
receção.
Na hora de rececionar os produtos, se nos depararmos com produtos com prazo de
validade curto (inferior a 6 meses) e com consumo hospitalar baixo contacta-se o laboratório
para devolver a encomenda.
Por fim, caso o produto esteja danificado os administrativos contactam o laboratório.
Este por norma aceita a encomenda de volta e envia novos produtos em bom estado de
conservação.
3.3. ARMAZENAMENTO
Após a receção, os produtos farmacêuticos são armazenados num espaço que lhes
permita ter todas as condições que assegurem a estabilidade (segurança, luz, espaço,
temperatura e humidade), onde permanecerão até serem transferidos para os serviços. É
extremamente importante manter estas condições, de forma a garantir que o produto
farmacêutico mantenha a sua integridade durante todo o seu prazo de validade.
Este processo envolve muita responsabilidade pois é aqui que se encontra a maior parte
do orçamento dos SF.
O HSM dispõe de várias áreas de armazenamento bem como sistemas de climatização
continuamente monitorizados que mantêm a temperatura entre 15-25ºC e a humidade entre 30-
60% e frigoríficos com temperaturas entre 2-8ºC de forma a cumprir as exigências das Boas
Práticas em Farmácia Hospitalar.
Figura 7 - Frigorífico situado na receção
19
Todos os espaços de armazenamento do HSM dispõem de facilidade de limpeza,
permitem boas condições de rotação de stock e portas largas que permitem a circulação de
paletes.
Os prazos de validade de todos os produtos farmacêuticos devem estar devidamente
identificados e verificados, sendo que o armazenamento é realizado segundo a método FEFO
“First Expire, First Out” ou seja, os produtos com prazo de validade inferior são os primeiros
a sair para os serviços.
3.3.1. Armazém Geral
O armazém geral (Figura 8) é o principal
local de armazenamento dos medicamentos. Para
facilitar a sua localização estão dispostos por
ordem alfabética de DCI e as prateleiras possuem
etiquetas e códigos identificativos de cada produto,
que incluem o nome, dosagem e forma
farmacêutica. Quando existem várias dosagens
para o mesmo medicamento, este é armazenado da
menor dosagem para a maior.
Este armazém está dividido em 11 espaços
de forma a facilitar o armazenamento e distribuição
de medicamentos, dispositivos médicos e outros
produtos farmacêuticos:
Área dos produtos com grande rotação,
como por exemplo a enoxaparina sódica
40mg/ml
Área dos produtos de grande volume
(Figura 9), como por exemplo o
paracetamol solução injetável 1g e o metronidazol 500mg/100ml
Figura 8 - Armazém geral
Figura 9 - Área dos produtos de grande volume
20
Área dos produtos oftálmicos
Área dos anticoncecionais (Figura 10)
o Produtos mais destinados aos centros
de saúde que incluem pílulas,
preservativos, dispositivo
intrauterino, entre outros.
Área dos dispositivos médicos e outros
produtos farmacêuticos (Figura 11)
o Espaço destinado, sobretudo, ao material de penso, mas também podemos
encontrar cremes gordos, soluções de
limpeza, entre outros.
Armário dos produtos importados
o Medicamentos cuja aquisição é
apenas de importação.
Armário dos medicamentos citotóxicos
(Figura 12)
o Este tipo de medicamentos são usados
no tratamento de neoplasias malignas
quando os tratamentos cirúrgicos ou
radioterápicos não são possíveis ou se
mostram ineficazes, ou ainda como
adjuvantes da cirurgia ou radioterapia
como tratamento inicial.6
Armário dos medicamentos oferecidos
o Por vezes, pessoas exteriores ao
hospital doam aos SF medicamentos
que por várias razões os deixam de administrar. Estes produtos dão entrada no
armazém se reunirem os padrões de qualidade, de forma a garantir a estabilidade
e segurança do medicamento.
Cofre dos estupefacientes e psicotrópicos
o A receção destes medicamentos é realizada por uma farmacêutica, como referido
anteriormente. Estes são armazenados num cofre e estão apenas acessíveis ao
farmacêutico responsável, de forma a garantir um controlo na sua administração.
Figura 10 - Área dos anticoncecionais
Figura 11 - Área dos dispositivos médicos
Figura 12 - Armário dos medicamentos citotóxicos
21
Têm regras mais restritas pois são
medicamentos que produzem
modificações comportamentais
podendo provocar dependência física
e/ou psíquica.
Armário das benzodiazepinas
Frigoríficos (Figura 13)
o Os medicamentos termolábeis são
armazenados em câmaras frigoríficas isentas de condensação e humidade, com
controlo e registo de temperatura. De maneira a ter um maior controlo da
temperatura, cada câmara frigorífica possui um visor embutido na parte exterior
que nos informa qual a temperatura no seu interior.
3.3.2. Armazém de soluções de grande volume
Este armazém (Figura 14) possui portas largas
de forma a possibilitar a circulação de paletes e
prateleiras apropriadas de maneira a que os produtos
não contactem diretamente no chão. Aqui são
armazenados produtos de grande volume, como por
exemplo os soros. Tem contato direto com a zona da
receção de forma a facilitar o seu armazenamento.
3.3.3. Armazém de desinfetantes e antisséticos
As soluções antisséticas e desinfetantes estão
armazenadas numa sala (Figura 15) junto ao armazém
de soluções de grande volume. Apesar de não estarem
ordenadas por ordem alfabética estão identificadas
por DCI, dosagem, código e forma farmacêutica.
Este armazém está equipado com um detetor
de fumos e com sistema de ventilação de forma a
cumprir alguns requisitos das Boas Práticas de Farmácia Hospitalar.
Figura 13 - Frigoríficos do armazém geral
Figura 14 - Armazém de soluções de grande volume
Figura 15 - Armazém de desinfetantes e antisséticos
22
3.3.4. Armazém de bolsas de nutrição parentérica
Este armazém (Figura 16) situa-se mais
isolado dos outros e destina-se apenas ao
armazenamento das bolsas de nutrição parentérica.
Este armazém encontra-se ordenado do menor
volume para o maior. As bolsas com eletrolíticos
encontram-se primeiro que as sem eletrolíticos,
seguindo-se depois as bolsas que contêm azoto. É o
armazém que mais se encontra ao abrigo da luz, visto
que quase todas as bolsas são fotossensíveis.
3.3.5. Pequenos stocks na sala de distribuição
De forma a facilitar o processo de distribuição
estão situados na sala de distribuição pequenos stocks
de medicamentos de apoio à DIDDU (Figura 17).
Estes stocks são escolhidos com base nos
medicamentos que têm mais saída em cada serviço.
Apesar de estarem ordenados por ordem
alfabética de DCI o armazenamento é ligeiramente
diferente porque as ampolas estão separadas dos
comprimidos e cápsulas. Ou seja, primeiro estão
situados todos os comprimidos e cápsulas por ordem alfabética de DCI e só depois se encontram
as ampolas também por ordem alfabética de DCI.
3.4. FARMACOTECNIA
Atualmente a indústria farmacêutica não consegue satisfazer na totalidade todas as
necessidades terapêuticas dos utentes. Este setor dos SF permite então efetuar a preparação de
formulações necessários ao hospital e que não se encontrem disponíveis no mercado.
Este setor permite garantir e assegurar uma:7
Maior qualidade e segurança na preparação de medicamentos para administrar aos
doentes;
Figura 16 - Armazém de bolsas de nutrição parentérica
Figura 17 - Pequenos stocks na sala de distribuição
23
Resposta às necessidades específicas de determinados doentes;
Redução significativa no desperdício relacionado com a preparação de medicamentos;
Gestão mais racional de recursos.
As preparações que se produzem atualmente no HSM destinam-se essencialmente a:
Preparações não estéreis;
Reembalagem de doses unitárias sólidas.
3.4.1. Preparação de fórmulas farmacêuticas não estéreis
Neste setor efetua-se a preparação de todos os manipulados ou formas farmacêuticas
não estéreis que não necessitem de grandes condições de esterilidade.
Estas preparações, que podem ser fórmulas magistrais (medicamento preparado
segundo uma receita médica) ou oficinais (medicamento
preparado segundo uma farmacopeia ou formulário) são
da responsabilidade de uma farmacêutica.
O laboratório (Figura 18) está localizado fora de
zonas movimentadas e tem iluminação e ventilação
adequada, bem como temperatura e humidade
controladas.
Como em qualquer laboratório, existem
procedimentos que devem ser seguidos com rigor para uma maior segurança e eficácia do
manipulado e do operador. É obrigatório o uso de equipamentos de proteção como bata, luvas
e máscara (se necessário).
Quando estas preparações são realizadas, a farmacêutica responsável recorre a um
dossier com fichas de preparação de manipulados, (Anexo D) onde está situado o procedimento
e onde tem de registar todos os dados referentes às matérias-primas e ao produto. Depois de
elaborado será verificado e caso esteja conforme a especificação será aprovado.
3.4.2. Reembalagem
Esta fase do circuito do medicamento aplica-se sempre que os medicamentos tenham
falta de acondicionamento em dose unitária, tenham identificação insuficiente ou por outras
razões que justifiquem a reembalagem hospitalar.
Figura 18 - Laboratório
24
Pode também haver necessidade de fracionar os medicamentos para adaptar as dosagens
dos medicamentos existentes à terapêutica do doente.
Sendo assim esta etapa permite aos SF disporem do medicamento na dosagem prescrita,
reduzirem os erros de administração, reduzirem o tempo de
enfermagem, garantirem a identificação do medicamento
reembalado e assegurar que o medicamento reembalado possa ser
utilizado com segurança, rapidez e comodidade.
No caso dos medicamentos em que os blisters não contêm a
informação necessária do medicamento (DCI, lote, dosagem, prazo
de validade) devem ser etiquetados, como mostra a figura 19. Depois
deste processo cada medicamento fica pronto para ser distribuído em
dose unitária. Nestes casos é escolhido este processo de forma a
evitar a reembalagem, garantir o estado de conservação das
substâncias, garantir aos doentes um medicamento com mais
qualidade e segurança e também diminuir os custos hospitalares. É
importante referir que o prazo de validade destes
medicamentos continua o original, uma vez que não se
chega a retirar o medicamento da embalagem primária.
No caso de medicamentos que tenham falta de
acondicionamento em dose unitária e medicamentos
fracionados é necessário recorrer a uma máquina
automatizada (Figura 20). No último caso recorre-se a
um bisturi devidamente desinfetado para se efetuar o
fracionamento.
Este processo exige que a máquina esteja devidamente
limpa, a bancada de trabalho limpa e desimpedida e o uso de
material de proteção, essencialmente o uso de luvas.
Numa primeira fase deste processo os comprimidos serão
retirados da embalagem primária e depois submetidos, se
necessário, ao fracionamento. De seguida é inserido em sistema
informático todos os dados necessários à correta rotulagem dos
medicamentos. O prazo de validade inserido é de 6 meses a contar
da data de reembalamento.
Esta informação é enviada para a máquina de reembalagem que por sua vez irá imprimi-
la nos rótulos (Figura 21).
Figura 19 - Medicamentos etiquetados
Figura 20 - Máquina de reembalamento
Figura 21 - Rótulo de um medicamento reembalado
Figura 19 – Medicamentos etiquetados
Figura 20 – Máquina de reembalamento
25
Os medicamentos são inseridos nos discos de abertura da máquina, que vão girando e
vão incorporando desta forma os medicamentos dentro dos invólucros com os rótulos já
impressos no verso.
Para uma maior controlo deste processo é registado numa folha de papel (Anexo E)
todos os medicamentos reembalados e suas características (lote, prazo de validade, laboratório,
rótulo, entre outros).
3.5. DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS
A distribuição de medicamentos é a face mais visível da atividade dos SF, representando
assim um processo fundamental no circuito do medicamento.
Os principais objetivos desta etapa são:5
Garantir o cumprimento da prescrição;
Garantir a administração correta do medicamento;
Racionalizar a distribuição dos medicamentos;
Diminuir os erros relacionados com a medicação (administração de medicamentos não
prescritos, troca da via de administração, erros de dosagens);
Monitorizar a terapêutica;
Reduzir o tempo de enfermaria dedicado às tarefas administrativas e manipulação dos
medicamentos:
Racionalizar os custos com a terapêutica.
Nos SF do HSM podemos distinguir quatro tipos de distribuição, a distribuição
individual diária em dose unitária (DIDDU), distribuição tradicional, reposição por níveis e
distribuição em ambulatório. Este último tipo de distribuição é da responsabilidade das
farmacêuticas e surge como necessidade de assegurar a terapêutica aos doentes, dado que o
fornecimento dos medicamentos pode não ser assegurado pelas farmácias comunitárias.
O sistema DIDDU é aquele que garante uma maior segurança e eficiência, uma vez que
possibilita o acompanhamento farmacoterapêutico do utente diminuindo os erros associados.
O tipo de distribuição é escolhido em função do serviço em causa e as suas respetivas
características, tentando minimizar os custos por utente e por serviço, de acordo com os recursos
humanos e materiais disponíveis.
Independentemente do sistema de distribuição escolhido é imprescindível um alto rigor
a nível da dispensa, de maneira a fornecer o medicamento correto, na quantidade correta
respeitando a prescrição médica, tendo sempre em conta os recursos disponíveis.
26
3.5.1. Distribuição Individual Diária em Dose Unitária
Este sistema de distribuição tem como objetivos manter disponível em lugar apropriado
e de forma correta os medicamentos prescritos pelo médico nas dosagens e formas
farmacêuticas prescritas, racionalizar a distribuição e garantir a correta administração dos
medicamentos ao doente. Porém tem também as suas desvantagens, maior necessidade de
recursos humanos, uma menor disponibilidade de medicamentos nas enfermarias e
consequentemente o aumento do número de pedidos urgentes.
A DIDDU é realizada diariamente para alguns serviços de internamento e para o período
de 24 horas, com exceção de sextas-feiras em que é realizada para todo o fim-de-semana.
Os princípios básicos da DIDDU são seis:
• Os medicamentos devem ir identificados até ao momento da administração já que os
medicamentos sem estarem identificados constituem um perigo potencial para o
doente;
• Os SF têm a responsabilidade de reembalar e etiquetar todas as dosagens dos
medicamentos que se utilizem no hospital e este deve ser feito nos SF e sob supervisão
da farmacêutica responsável por esta área;
• A distribuição é feita para vinte e quatro horas pelo que deve ter-se em conta que este
facto pode gerar erros e por isso devem ser estabelecidos procedimentos que
minimizem esta possibilidade, como por exemplo a implementação de sinaléticas nos
medicamentos que possam gerar mais confusão;
• O farmacêutico deve ter acesso a prescrição original do médico;
• Os medicamentos só devem ser dispensados após a validação da prescrição médica
por parte do farmacêutico;
• Os serviços de enfermagem ao receberem os medicamentos devem comprovar a
concordância com a prescrição médica e caso haja alguma discrepância deve ser
esclarecida com o médico.
Os serviços do HSM com este sistema são a Psiquiatria, Medicina, Cirurgia, Ortopedia,
Unidade de AVC, Pneumologia, Cardiologia, Neurologia e Unidade de Cuidados Intensivos
Polivalente.
Este tipo de distribuição inicia-se quando o médico faz a prescrição da terapêutica (Anexo
F), de seguida a farmacêutica faz a sua verificação, validação e transfere-a para o sistema
informático. Após estes processos a farmacêutica realiza o mapa de preparação dos serviços
(Anexo G) que contém todas as informações necessárias para a realização da DIDDU (nome
27
do utente, número de cama, medicamento, dosagem prescrita, frequência e o número total de
unidades).
Na sala de distribuição existem quatro zonas para a preparação dos serviços (Figura 22),
sendo que cada uma tem ao seu dispor um pequeno stock com medicamentos que mais se usam
nesses serviços, como referido anteriormente.
Figura 22 - Zonas de preparação dos serviços
Para além destes pequenos stocks, existe ainda um armário de apoio á DIDDU situado
no centro da sala (Figura 23).
A DIDDU é realizada e transportada para os serviços
em módulos (Figura 24 da página seguinte), preenchidas com
gavetas, em que cada uma se destina a uma cama/doente,
estando as últimas gavetas dos módulos destinadas às
heparinas. Cada gaveta está dividida em quatro segundo os
horários de toma, sendo que a primeira diz respeito ao
pequeno-almoço, a segunda ao almoço, a terceira ao jantar e
a quarta à noite e medicamentos em caso de SOS.
No caso de existirem medicamentos termolábeis estes
são colocados no frigorífico situado na sala de distribuição,
identificados com o serviço e número da cama. De forma a
avisar os AO’s na hora do transporte dos módulos para o serviço é colocado um aviso em cima
deste com uma notificação de medicamento termolábil em falta.
• PsiquiatriaZona 1
• Cirurgia
• Medicina AZona 2
• Ortopedia
• Medicina B
• Unidade AVC
Zona 3
• Pneumologia
• Cardiologia
• Unidade de Cuidados Intensivos Polivalentes
Zona 4
Figura 23 - Armário de apoio à DIDDU
28
Devido às dimensões das embalagens, alguns
medicamentos não podem ir dentro das gavetas. Neste caso os
medicamentos são colocados na parte superior do módulo
devidamente identificados com o número da cama, serviço e
quantidades.
Depois de tudo conferido os AO’s dos SF fazem o
transporte do módulo para o respetivo serviço e trazem de volta
o módulo do dia anterior.
3.5.1.1. Revertências
Todos os dias de manhã o AO responsável retira das gavetas da DIDDU toda a
medicação que não foi administrada aos utentes no dia anterior. Depois da primeira etapa estar
concluída o TF aponta na folha dos totais do respetivo serviço (Anexo H) os medicamentos que
foram devolvidos, sendo de seguida dada entrada no sistema informático para fazer uma
atualização de stock.
No caso de serem recebidos medicamentos que não constam nas folhas dos totais não é
possível fazer a revertência dos mesmos, neste caso faz-se uma devolução do serviço (Anexo
I). Isto acontece essencialmente quando os serviços enviam para os SF medicamentos que
existem nas enfermarias mas que já não estão a ser usados.
Por fim, é necessário ter sempre em conta o estado de conservação do medicamento e o
prazo de validade, pois quando este não se encontra em estado de ser recebido é colocado no
lixo vermelho para inceneração.
Este registo de devoluções de medicamentos não administrados possibilita uma gestão
de medicamento e acima de tudo uma redução dos custos.
3.5.2. Distribuição Tradicional
Este tipo de distribuição mais antigo tem uma série de desvantagens, nomeadamente a
ausência da prescrição médica, falta de intervenção de um farmacêutico na terapêutica do
doente, risco de acumulação de medicamentos e a possibilidade de erros de transcrição. Para
além disso garante ainda um menor controlo dos custos e menor controlo de prazos de validades
e stocks.
Figura 24 - Módulo de um serviço
29
Na distribuição para os serviços, tudo se
inicia quando o enfermeiro chefe envia
informaticamente um pedido de produtos
farmacêuticos para os SF. Esta requisição
(Anexo J) depois de validada será entregue aos
TF que por sua vez a dispensarão.
A medicação seguirá para o serviço bem
acondicionada e identificada numa caixa de
plástico apropriada para o efeito (Figura 25).
No caso de existirem medicamentos termolábeis segue-se o mesmo processo que na
DIDDU.
Os pedidos dos serviços são feitos semanalmente e as entregas serão feitas como
demonstra a figura 26.
• Unidade de Cuidados Intensivos PolivalentesSegunda - Feira
• Bloco de Obstetrícia
• Cirurgia de Ambulatório
• Psiquiatria
Terça-Feira
• Cardiologia
• Consulas Externas
• Oftalmologia
• Ortopedia
Quarta-Feira
• Unidade de AVC
• Bloco Central
• Cirurgia
Quinta-Feira
• Medicina Interna
• Pneumologia
• Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente
• Quimioterapia
• Urgência Pediátrica
Sexta-Feira
Figura 25 - Caixa para a distribuição tradicional
Figura 26 - Entregas das distribuições tradicionais
30
No caso de existir muita urgência no pedido dos medicamentos, estes podem ser
dispensados fora do dia atribuído. Para isso basta o enfermeiro chefe referir na requisição que
o pedido é urgente e depois de validado pelas farmacêuticas será imediatamente dispensado
pelos TF’s. A única diferença deste processo é o método de entrega, nos pedidos semanais são
os AO dos SF que fazem a entrega, enquanto neste caso são os AO do serviço em questão que
vão buscar à farmácia.
O processo de dispensa de soros e desinfetantes é igual, mas apenas são dispensados à
terça-feira e quarta-feira para todos os serviços (Anexo K).
Como o HSM faz parte de uma ULS, é também responsável pela dispensa de produtos
farmacêuticos para os centros de saúde (Anexo L). Estes são enviados segundo um plano
mensal (Anexo M) estabelecido.
As vacinas que constam no Plano Nacional de Vacinação que seguem para os centros
de saúde vão separadas do resto dos produtos farmacêuticos, numa caixa isotérmica. Juntamente
com elas é enviada uma folha (Anexo N), onde se coloca a quantidade dispensada, lote, prazo
de validade, por quem é aviada e conferida.
3.5.3. Reposição por níveis
Este tipo de distribuição consiste na reposição de stocks nivelados de medicamentos,
em módulos próprios previamente definidos pelos serviços e validados por uma farmacêutica.
Os serviços que atualmente dispõem desta distribuição são:
Obstetrícia
Ginecologia
Unidade de Cuidados Intensivos da Cardiologia
Urgência Pediátrica
Urgência Geral
Após os módulos (Figura 27) chegarem aos SF
vindos dos serviços é necessário efetuar o inventário
de forma a conseguir saber quais as quantidades de
medicamentos em falta, ou seja, para saber quais as
quantidades que têm de ser repostas.
Depois de ter sido feito o inventário é impresso
um perfil (Anexo O) que nos indica a quantidade que se tem de repor de determinado
Figura 27 - Módulo da Urgência Geral
31
medicamento. Esta folha contém o código do produto, a descrição por DCI, a forma
farmacêutica, o nível de stock previamente definido e a quantidade que deve ser reposta para
atingir esse nível.
As gavetas de cada módulo estão devidamente identificadas com o DCI, dosagem,
forma farmacêutica e nível de stock.
Como na maior parte das vezes os enfermeiros não cumprem o método FEFO é essencial
que durante a reposição se faça uma constante verificação dos prazos de validade, para garantir
a segurança ao utente. Caso se encontre algum medicamento com prazo de validade curta é
trocado por um de validade mais alargada e poderá ser utilizado na DIDDU. Caso o
medicamento esteja fora do prazo de validade é colocado no contentor vermelho.
Depois de tudo reposto e conferido é dada a saída dos medicamentos no sistema
informático e o AO dos SF transporta o módulo até ao serviço. Cada serviço tem um dia da
semana destinado para esta reposição, sendo que a Urgência é às terças-feiras e sextas-feiras, a
Urgência Pediátrica e a Obstetrícia às quintas-feiras, a Ginecologia às quartas-feiras e a Unidade
de Cuidados Intensivos da Cardiologia às sextas-feiras.
Por fim, este sistema de distribuição tem por objetivo diminuir os pedidos aos SF e
garantir a terapêutica ao utente a qualquer altura do dia.
32
CONCLUSÃO
Apesar dos SF da maioria dos hospitais não estarem visíveis, estes têm uma função
extremamente importante na prestação dos cuidados, pois são eles que garantem a terapêutica
ao utente, entre muitas outras funções.
Considero que apesar dos SF possuírem instalações bastante recentes, ainda pecam pela
falta de equipamento para a realização de algumas tarefas que fazem parte das habilitações dos
TF’s.
Estes SF encontram-se bem estruturados quer a nível de espaço físico como de recursos
humanos. Verifica-se uma boa disposição das áreas dos SF, visto o armazenamento ter ligação
direta para a receção e para a sala de distribuição e esta última ligação aos restantes serviços do
hospital.
Para o meu estágio ter sido mais completo considero que deveria haver um maior
seguimento na parte da preparação de manipulados não estéreis e na dispensa de medicamentos
a doentes em regime de ambulatório. Não foi possível também executar preparações de
citotóxicos e preparações estéreis porque o HSM não se encontra equipado com recursos
materiais para esta área.
Um aspeto bastante positivo destes SF são a correta identificação e armazenamento dos
produtos farmacêuticos, levando assim a uma melhor gestão de stock e diminuição de erros na
distribuição.
No caso da distribuição, considero que os procedimentos adotados são os mais corretos,
não havendo erros. Os pequenos stocks de medicamentos e o armário existente na sala de
distribuição são muito úteis para a preparação de DIDDU pois permitem um acesso rápido aos
medicamentos, evitando a constante ida ao armazém central.
Foi uma oportunidade de estágio bastante positiva, onde realço o facto de poder pôr em
prática conhecimentos apreendidos nas unidades curriculares ao longo do curso. Realço ainda
a forma de como fui recebido, bem como o profissionalismo e o acompanhamento de todos os
profissionais dos SF.
Por fim, sinto que os objetivos propostos foram cumpridos e atingidos na sua totalidade
de forma precisa e sinto-me mais autónomo no exercício da profissão.
33
BIBLIOGRAFIA
1. Leite, J. (7 de Agosto de 2013). Sanatório Sousa Martins. Obtido em 17 de Janeiro de 2015,
de Restos de Coleção: http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2013/08/sanatorio-sousa-
martins.html
2. Sequeira, H. (18 de Maio de 2014). Sanatório da Guarda inaugurado há 107 anos. Obtido
em 17 de Janeiro de 2015, de Correio da Guarda: http://correiodaguarda.blogs.sapo.pt
3. Entidade Reguladora da Saúde. (24 de Fevereiro de 2011). Estudo sobre a organição e
desempenho das unidades locais de saúde. Obtido em 17 de Janeiro de 2015, de
https://www.ers.pt
4. Unidade Local de Saúde da Guarda. (11 de Novembro de 2011). Relatório de Gestão e
Contas. Obtido em 17 de Janeiro de 2015, de http://www.acss.min-saude.pt
5. Ministério da Saúde. (s.d.). Manual da Farmácia Hospitalar. Obtido em 18 de Janeiro de
2015, de INFARMED: http://www.infarmed.pt
6. Oliveira, R. E. (22 de Janeiro de 2013). Fármacos Citostáticos. Obtido em 19 de Janeiro de
2015, de Portal da Educação: http://www.portaleducacao.com.br
7. Administração Central do Sistema de Saúde. (s.d.). Boas Práticas na Área do Medicamento
Hospitalar. Obtido em 19 de Janeiro de 2015, de http://www.acss.min-saude.pt
34
ANEXOS
ANEXO A – Guia de Remessa
35
ANEXO B – Nota de Encomenda
36
ANEXO C – Receção de um produto em sistema informático
1º Etapa – Colocar o número de encomenda
2º Etapa – Colocar a quantidade a receber
37
3º Etapa – Inserir o estado da entrega
4º Etapa – Inserir o lote e prazo de validade
38
ANEXO D – Ficha de Preparação de Manipulados
39
ANEXO E – Folha de Reembalagem de Medicamentos
40
ANEXO F – Prescrição Médica
41
ANEXO G - Mapa de Preparação dos Serviços
42
ANEXO H - Folha dos Totais dos Serviços
43
ANEXO I – Devoluções dos Serviços
44
ANEXO J – Requisição Tradicional
45
ANEXO K – Requisição de Desinfetantes
46
ANEXO L – Requisição de um Centro de Saúde
47
ANEXO M – Plano Mensal de Entregas para os Centros de Saúde
1ª Semana do Mês
Terça-Feira Guarda e Ribeirinha
Quinta-Feira Manteigas
Sexta-Feira Sabugal
2ª Semana do Mês
Quarta-Feira Almeida
Quinta-Feira Pinhel
Sexta-Feira Figueira de Castelo Rodrigo
3ª Semana do Mês
Terça-Feira Vila Nova de Foz Côa
Quinta-Feira Gouveia
Sexta-Feira Seia
4ª Semana do Mês
Segunda-Feira Celorico da Beira
Terça-Feira Fornos de Algodres
Quinta-Feira Trancoso
Sexta-Feira Mêda
48
ANEXO N – Folha de Envio de Vacinas
49
ANEXO O – Perfil da Reposição por Níveis