Relatório de Estágio da Prática de Ensino...
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
Escola Superior de Educao, Comunicao e Desporto da Guarda 1
Relatrio de Estgio da Prtica de
Ensino Supervisionada
Bruno Alexandre do Amaral Monteiro
Mestrado em Ensino do 1. e do 2. Ciclo do Ensino Bsico
Outubro de 2011
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
Escola Superior de Educao, Comunicao e Desporto da Guarda 2
Relatrio de Estgio da Prtica de
Ensino Supervisionada
Bruno Alexandre do Amaral Monteiro
Mestrado em Ensino do 1. e do 2. Ciclo do Ensino Bsico
Prof Orientadora
Professora Doutora Ana Margarida Fonseca
Outubro de 2011
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
Escola Superior de Educao, Comunicao e Desporto da Guarda 3
Resumo
O estudo que aqui se apresenta est organizado em trs partes: a primeira
incide no enquadramento institucional, ou seja, na descrio da organizao e
administrao escolar do Agrupamento de Gouveia, no ano lectivo 2010/2011; a
segunda patenteia uma breve descrio e reflexo do processo de Prtica de Ensino
Supervisionada no referido Agrupamento, reflectindo-se sobre aspectos relativos s
observaes e regncias de vrias aulas; e a terceira parte recai numa investigao
acerca das concepes que os professores tm acerca da importncia de hbitos de
leitura.
Os discursos sobre as baixas competncias de literacia dos alunos motivaram-
nos a realizar o presente estudo, no intuito de compreender a forma como os
professores se posicionam face prtica da leitura. O sucesso que podemos alcanar,
tanto a nvel social como pessoal e profissional, depende muito da compreenso que
advm da leitura e da importncia que lhe atribumos. Assim, torna-se pertinente que
a leitura seja feita de forma a que nos consigamos tornar leitores fluentes e crticos,
capazes de compreender o verdadeiro significado da mensagem transmitida pelo
texto.
Neste contexto, a famlia e a escola possuem uma funo primordial na
transmisso do gosto pela leitura. No entanto, apesar da importncia da leitura, os
estudos mostram que a situao de Portugal, no que concerne literacia,
preocupante. Para ajudar a combater este facto criou-se o Plano Nacional de Leitura, o
qual apresenta programas, estratgias e actividades para promover os hbitos de
leitura. Pretende-se, assim, assegurar que todas as crianas tenham acesso a livros e,
desta forma, aumentem os nveis de literacia. , portanto necessrio, que se
promovam actividades que motivem as crianas leitura e que tenham uma
abordagem ldica, principalmente para crianas que tenham alguma reticncia
relativamente a esta prtica. Torna-se, ento, importante reflectir profunda e
criticamente sobre os hbitos de leitura nas nossas escolas.
Palavras-Chave: Leitura, Plano Nacional de Leitura, Escola e Professores.
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Abstrac
This following study is organized in three parts: in the first part, it will be given
the institutional framing, e.g., the description of the school organization and
administration system in Agrupamento de Gouveia, in the school year 2010/11; the
second part will be a short description and reflexion of the Supervised Teaching
Practice process in the Agrupamento emphasizing aspects related with the supervision
and conduction in several classes; the third and last part, will be an investigation on
the conceptions that teachers have on the importance of reading habits.
The speeches on the low literacy skills of the students have led us to focus on
this matter, so that we could understand how a group of teachers will put the reading
into practice.
The success we can achieve at social, personal and professional level depends
greatly on the understanding that comes with ability and importance we give to the
ability of reading. Therefore, it is important that the reading is done in a way we can
become fluent, critical readers and able to understand the true meaning of the
message conveyed by the text.
In this context, family and school have the main responsibility to transmit good
reading habits to their children. However, despite the importance of reading, recent
studies show that, in what concerns literacy, Portugals situation is worrying. To go
against this tendency, the Plano Nacional de Leitura (National Reading Plan) was
created .
The National Reading Plan consists of programmes, strategies and activities
which aim to promote reading habits. In this way, assure that all children have access
to books and increase childrens literacy level. Therefore, it is necessary to promote
activities that motivate children to read in a funny way, especially for children who
dont like reading very much.
It is important to reflect deep and critically on the reading habits in our schools.
Key words: Reading, National Reading Plan, school and teachers.
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Agradecimentos
A formulao do presente projecto, bem como a investigao bibliogrfica que
pressupe, foram alcanados em merc do incentivo recebido, ao longo de algum
tempo de trabalho, por vrias pessoas e instituies.
Neste sentido, quero agradecer a todos os docentes, das distintas
componentes curriculares, a atitude e o estmulo que despertaram em mim, com
particular destaque para:
- A Professora Doutora Ana Margarida Fonseca, orientadora do presente
trabalho, pela disponibilidade, estmulo e apoio que sempre me deu.
- Os meus agradecimentos ao Professor Doutor Carlos Francisco de Sousa Reis,
pela sua orientao cientfica valiosa em todos os momentos, aos seus conhecimentos
e sua disponibilidade se devem, em grande parte, os aspectos positivos deste estudo.
- Professora Isabel Saraiva e Francisca Reis, professoras do Agrupamento de
Gouveia, agradeo o encorajamento e o apoio emocional.
Agradeo a todos os meus colegas da Escola Superior de Educao,
Comunicao e Desporto pela compreenso, companheirismo e aprendizagem ao
longo deste trajecto. Obrigado, por comprovarem que qualquer momento da vida
uma oportunidade para construir amizades vitalcias.
Zita, ngela, Isabel, Sandra, ao Lus, pela companhia em todas as horas
desta viagem e, principalmente, por acreditar que chegaramos ao destino.
Essencialmente, pelos dias que marcam a alma e a vida da gente, ao longo de centenas
de viagens em grupo, at cidade da Guarda.
minha famlia e em especial Rita, que ao longo da nossa histria resistiram
a todas contrariedades e me fizeram acreditar.
A todos os meus alunos, dos concelhos de Gouveia e Seia, pelo carinho, pelo
apoio e amor incondicional.
A todos os que, directa ou indirectamente, contriburam para este trabalho e
que fariam uma longa lista.
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ndice Geral
Resumo 3
Abstract 4
Agradecimentos 5
ndice Geral 6
ndice de Figuras, Mapas e Grficos 8
Siglrio 9
Introduo 10
Captulo I
1. Enquadramento Institucional 13
2. Caracterizaes Socioeconmicas e Psicopedaggicas das Turmas 20
Captulo II
1. Descrio do Processo de Prtica de Ensino Supervisionada 26
Captulo III
PRIMEIRA PARTE A LEITURA: UMA COMPETNCIA FUNDAMENTAL
1. O Prazer de Ler 40
2. O que Ler 43
2.1 O que a Literacia 45
2.2 A Criana e a Leitura 47
2.3 A Leitura no Programa do 1. Ciclo do Ensino Bsico 48
2.3.1 Compreenso Leitora 51
2.3.2 A Leitura nos Manuais 52
3. O Plano Nacional de Leitura 54
3.1 O Papel da Escola na Promoo da Leitura 57
3.2 O Plano e as Bibliotecas como Incentivo Leitura 58
3.3 O Plano e a Famlia 59
3.4 O Plano e a Escola 61
SEGUNDA PARTE ESTUDO EMPRICO
1. Problemtica 63
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1.2 Objecto 64
1.3 Metodologias 65
1.4 Anlise dos Inquritos aos Professores 66
Consideraes Finais 79
Referncias Bibliogrficas 82
Webgrafia/Legislao 85
Anexos
Anexo I Materiais utilizados na UC de Matemtica 87
Anexo II Materiais utilizados na UC de Lngua Portuguesa 88
Anexo III Materiais utilizados na UC das Cincias da Natureza 89
Anexo IV Materiais utilizados na UC de Histria e Geografia 90
Anexo V Actividades Intrnsecas Competncia da Leitura 91
Anexo VI Inqurito por Questionrio 98
Anexo VII Conjunto de modalidades de leitura. 100
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ndice de Figuras
ndice de Mapas
Mapa 1 Distrito da Guarda 13
Mapa 2 Freguesias do Concelho de Gouveia 15
ndice de Grficos
Grfico 1 Sexo (masculino/feminino) dos docentes 66
Grfico 2 Conhece o Plano Nacional de Leitura? 67
Grfico 3 Indique desde quando tomou conhecimento do PNL. 67
Grfico 4 Considera o Plano importante para incutir aos alunos o gosto pela leitura?
68
Grfico 5 No decorrente ano j iniciou a(s) leitura(s) de alguma(s) obra(s) do PNL?
69
Grfico 6 Como foram adquiridas as obras para trabalhar na sala de aula?
70
Grfico 7 Quanto tempo dedica, por semana, a essa modalidade? 71
Grfico 8 J sugeriu alguma obra de leitura autnoma aos alunos? 72
Grfico 9 Que modalidades de leitura efectua? 73
Grfico 10 Considera adequadas as obras recomendadas pelo PNL? 74
Grfico 11 A sua escola tem biblioteca? 76
Grfico 12 A biblioteca possui livros recomendados pelo PNL? 76
Grfico 13 Considera esta medida importante? 77
Pginas
Figura n. 1 Resultados Preliminares do Censos 2011 Regio Centro 14
Figura n. 2 Cidade de Gouveia 16
Figura n. 3 Rede Escolar do Agrupamento 17
Figura n. 4 Escola Sede do Agrupamento 18
Figura n. 5 Vista Lateral do Agrupamento de Escolas de Gouveia 26
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Siglrio
AEG Agrupamento de Escolas de Gouveia
CAP Comisso Administrativa Provisria
CEB Ciclo do Ensino Bsico
CET Curso de Especializao Tecnolgica
EFA Educao e Formao de Adultos
ESECD Escola Superior de Educao, Comunicao e Desporto
IPG Instituto Politcnico da Guarda
PES Prtica de Ensino Supervisionada
PNL Plano Nacional de Leitura
TIC Tecnologias da Informao e Comunicao
UC Unidade Curricular
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Introduo
O presente trabalho foi realizado no mbito do Mestrado em Educao - 1. e
2. Ciclo do Ensino Bsico, na Escola Superior de Educao, Comunicao e Desporto
do Instituto Politcnico da Guarda. Pretende descrever e analisar os resultados obtidos
nos inquritos por questionrio sobre os hbitos de leitura no 1. CEB e a estrita
relao com o PNL, projecto desenvolvido no AEG.
O relatrio encontra-se dividido em trs captulos. No primeiro fazemos
referncia ao enquadramento institucional organizao e administrao escolar, e
ainda caracterizao socioeconmica e psicopedaggica das turmas de estgio,
nomeadamente as do Agrupamento de Escolas de Gouveia (AEG), onde
desenvolvemos o estgio.
No segundo captulo descrevemos o processo de prtica de ensino
supervisionada, desenvolvido no AEG. Neste referimos, de forma global, o processo da
prtica de ensino enquanto professores estagirios, pormenorizando alguns
acontecimentos e actividades das nossas experincias docentes.
E finalmente, no que se refere ao ltimo captulo, pretendemos tratar a
problemtica dos hbitos de leitura dos alunos no 1. CEB. Este terceiro captulo surge
com o intuito de aprofundarmos o nosso conhecimento acerca da temtica da leitura e
dos hbitos dos alunos, reflectindo criticamente sobre o papel que ocupa no meio
escolar, familiar e social.
Foi com o objectivo de realizar este trabalho que nos propusemos a uma vasta
pesquisa bibliogrfica, de forma a darmos respostas a algumas questes intrnsecas
leitura: Ser que nas escolas do 1. ciclo a leitura uma prtica assdua? Como feita a
leitura? Que modalidade de leitura usam? At que ponto o Plano Nacional de Leitura
poder ter influenciado hbitos de leitura e competncia de leitura? Nas escolas lem-
se livros recomendados pelo Plano?
Apesar de conscientes das dificuldades que as mais diversas questes possam
levantar, esperamos dar a nossa contribuio. Para uma maior eficcia no tratamento
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da temtica, realizmos um inqurito por questionrio de perguntas abertas e
fechadas, possibilitando maior profundidade e diversidade da informao, contando
com a participao de um grupo de docentes do AEG. Deste modo, desejamos que o
nosso contributo ajude a despertar para a importncia da leitura e, posteriormente,
para a criao de hbitos da mesma, sendo que uma problemtica que tanto nos
inquieta.
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Captulo I
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1. - Enquadramento Institucional
Brofenbrenner ensinou-nos que o desenvolvimento da criana o
resultado de interaces complexas entre os diferentes sistemas
ecolgicos de que a criana parte, quer seja a famlia, a vizinhana,
a escola ou as instituies comunitrias (Marques, 1994:54).
O concelho de Gouveia, situado no centro do pas, tem cerca de 302,49 km de
rea, encontrando-se subdividido em 22 freguesias e 14 089 habitantes. O municpio
limitado a norte por Fornos de Algodres, a nordeste por Celorico da Beira, a leste pela
Guarda, a sueste por Manteigas e a sudoeste por Seia.
Mapa n. 1 Distrito da Guarda Fonte: http://mapas.owje.com/5948_guarda-district-map-portugal.html
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Diz-se que Gouveia ter sido povoada pelos Trdulos no sculo VI a.C. e
posteriormente pelos Luso-Romanos. A rainha D. Teresa doou-a em couto, no ano de
1125, aos freires da Ordem de So Joo de Jerusalm, radicados no Mosteiro de guas
Santas, na Maia. D. Sancho, ao v-la abandonada, outorgou-lhe foral em 1186,
enchendo de privilgios os seus moradores e tentando, desta forma, assegurar o seu
repovoamento. D. Afonso II renovou-lhe o foral em 1217, aumentando-lhe ainda mais
as suas regalias. Recebeu o foral novo manuelino em 1510.
A cidade foi conhecida por Tear da Beira, tendo recebido a primeira mquina
industrializada para a indstria de lanifcios. Foi, at meados dos anos 80, uma das
mais importantes cidades da regio na indstria de lanifcios. Esta zona caracteriza-se
pela sua natureza, onde as indstrias so escassas e pouco diversificadas. Muita da
populao vive do sector primrio - agricultura - sendo complementado por ainda
alguma actividade industrial e comercial existente no concelho.
Como todas as regies do interior, Gouveia sofreu um declnio demogrfico nos
ltimos anos. As principais causas desta desertificao so as migraes e a reduo da
taxa de natalidade.
Actualmente, considerada a Cidade Jardim, devido aos seus espaos verdes e
jardins cuidados.
Figura n. 1 Resultados Preliminares do Censos 2011 - Regio Centro Fonte: www.ine.pt em Censos2011_R.Preliminares_Parte1_cor2
http://www.ine.pt/
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A cidade de Gouveia conta com duas freguesias, So Julio e So Pedro, como
se pode observar, seguidamente, no Mapa n 2.
So Pedro uma das freguesias urbanas da cidade. As principais actividades
econmicas so o comrcio, a indstria e os servios.
Esta freguesia possui um vasto patrimnio arquitectnico edificado, que
testemunha a importncia histrica deste local. importante destacar a Casa da Torre,
um edifcio quinhentista, com uma janela manuelina que monumento nacional; o
Colgio dos Jesutas, actual Cmara Municipal, este um imponente edifcio do sculo
XVIII, construdo como colgio para a Companhia de Jesus; o Solar dos Serpa
Pimentis, Marqueses de Gouveia, tambm com caractersticas barrocas, que torna
majestosa a praa onde se situa; o Pao dos Condes de Vinh, onde actualmente se
situa o museu Abel Manta, com uma magnfica coleco de arte contempornea; a
igreja de So Pedro, que possui inmeros detalhes com caractersticas barrocas em
granito na sua parte frontal. Esta freguesia presenteia a cidade com dois mirantes: o
Paixoto e o do Senhor do Calvrio, que oferecem uma vista magnfica de toda a
regio. Esta freguesia encontra-se ainda repleta de uma oferta de numerosas
Mapa n. 2 Freguesias do Concelho de Gouveia Fonte: www.ine.pt em Censos2011_R.Preliminares_Parte1_cor2
http://www.ine.pt/
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colectividades e associaes, que enriquecem a localidade com uma oferta notvel de
bens desportivos e culturais.
So Julio possui um aglomerado de bairros operrios. Desta freguesia era
originria a maior arte da mo-de-obra txtil, que fez de Gouveia um importante
ncleo fabril da regio nos sculos XIX e XX. Esta freguesia apresenta-se com
caractersticas mais rurais, ligadas pastorcia e agricultura, devido qualidade e
pureza dos seus terrenos, fertilizados pela ribeira Ajax.
Entre o patrimnio cultural e edificado desta freguesia, destaca-se o Convento
de So Francisco, magnfica obra arquitectnica mandada edificar pela Ordem dos
Templrios, desconhecendo-se em concreto a data da sua construo, e a Capela de
So Miguel, um templo simples, todo ele construdo em pedra grantica da regio.
Como locais de interesse turstico apresenta-se a Avenida Botto Machado, com um
mirante com o mesmo nome, onde se encontra o busto de Pedro Amaral Botto
Machado, grande lutador e benemrito republicano, natural de Gouveia. Esta
freguesia centraliza uma grande parte do equipamento cultural e desportivo municipal
de Gouveia, como as piscinas, o estdio de futebol o Farvo, o pavilho
polidesportivo, uma das escolas de 1 ciclo, as escolas do 2, 3CEB e Secundria. Aqui
tambm se encontra a sede da Associao de Beneficncia Popular de Gouveia com o
seu jardim-de-infncia e a clnica de reabilitao, que oferece apoio teraputico a toda
a populao no s do concelho, mas tambm do distrito.
Figura n. 2 Cidade de Gouveia Fonte: www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1166243
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No que concerne Escola Bsica do 2 Ciclo do Agrupamento de Escolas de
Gouveia, est localizada na freguesia de So Julio, concelho de Gouveia, na Rua
Verglio Ferreira.
A maior parte dos alunos que frequentam este estabelecimento de ensino so
residentes nesta cidade e nas restantes freguesias do concelho.
O agrupamento de escolas est dividido por diversas turmas, desde o Jardim
Infantil at ao 12. ano. Estas encontram-se distribudas por todo o edifcio escolar e
escolas das freguesias limtrofes.
No ano lectivo 2010/2011, o agrupamento de escolas, face s reestruturaes
do Ministrio da Educao no que respeita rede escolar, passou a administrar as
seguintes turmas:
Nmero de Turmas Valncias
13 Jardins de Infncia
15 Escolas do 1. CEB
17 Turmas do 2. CEB
20 Turmas do 3 CEB
12 Turmas do Secundrio
5 Turmas - CET
4 Turmas - EFA
No que concerne ao pessoal docente do agrupamento de escolas,
constitudo, no ano lectivo de 2010/2011, por 180 professores, com uma mdia de
idades que ronda os 50 anos e uma mdia de anos de servio de 24. , assim, um
corpo docente que apresenta uma larga experincia e uma considervel estabilidade.
Relativamente ao pessoal no docente, a Escola dispe de uma psicloga, de
assistentes tcnicos (funcionrios administrativos) e de assistentes operacionais
(funcionrios auxiliares de aco educativa), num total de 75 elementos.
Em termos de estrutura organizacional, a Escola possui os seguintes rgos:
Figura n. 3 Rede Escolar do Agrupamento Fonte: Prpria
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o Comisso Administrativa Provisria (CAP) - o rgo provisrio da
administrao e gesto nas reas pedaggica, cultural, administrativa,
financeira e patrimonial, constituda por: Conselho Geral, Director,
Conselho Pedaggico e Conselho Administrativo;
o Estruturas de Organizao Pedaggica - constitudas pelas:
o Estruturas de coordenao e superviso - responsveis pelos
Departamentos Curriculares e Conselho de Orientadores de
Estgio;
o Estruturas de organizao das actividades da turma compostas
pelo Conselho de Turma, Director de Turma, Conselho de
Directores de Turma e Coordenador dos Directores de Turma.
O actual edifcio escolar tem uma disposio harmoniosa que permite a boa
circulao dos utentes nos seus espaos. Dispe de salas, gabinetes de trabalho e
espaos de convvio em nmero diversificado e adequado ao desenvolvimento das
actividades. O estado de conservao bom, embora j se verifique algum desgaste
das estruturas, tem sofrido algumas remodelaes ao longo dos anos e recentemente
foi equipada com um leque diversificado de novas tecnologias, contribuindo assim
para uma aprendizagem eficaz. A este respeito, Pato (1997) preconiza que a Escola,
para realizar aco eficaz, necessita de contar com meios tcnicos e cientficos que se
devem englobar num organismo prprio do saber pedaggico.
Figura n. 4 Escola Sede do Agrupamento Fonte: www.rbgouveia.com/index.php?option=com_content&view=article&id=47&Itemid=54
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O edifcio onde realizmos as nossas regncias constitudo por trs pisos: o
rs-do-cho, constitudo no s pelas salas de aula, mas tambm pela parte
administrativa da escola; o primeiro piso, totalmente constitudo por salas de aulas e
salas dos professores; e o segundo piso, onde se situam salas de aulas e bibliotecas.
Alm do edifcio central, a escola possui ainda vrios pavilhes, onde se encontram
salas de aula, casas de banho e salas de actividades. Um dos pavilhes comporta ainda
o ginsio e a cantina escolar.
O espao exterior est devidamente vedado com um gradeamento metlico.
Este um espao amplo que possui alguma vegetao e outras zonas trreas
suficientes para os alunos poderem desenvolver outro tipo de actividades, desde os
jogos tradicionais s brincadeiras livres. Neste espao existe ainda um campo de
futebol e um espao para a prtica de basquetebol.
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2. Caracterizaes Socioeconmicas e Psicopedaggicas das Turmas
No que concerne caracterizao socioeconmica e psicopedaggica das
turmas, ser feita resumidamente, devido no disponibilizao da informao por
parte dos directores das turmas da escola onde regemos. Estas caracterizaes
assentam apenas nas informaes orais que nos foram facultadas pelos professores
das turmas e nas observaes realizadas durante as regncias, pois existe um rigoroso
regime relativamente confidencialidade dos processos dos alunos
As Turmas de Lngua Portuguesa
No que respeita ao estgio, nomeadamente disciplina de Lngua Portuguesa,
foi realizado em duas turmas, 5. Azul e 5. Verde, que se demonstraram muito
distintas. A turma do 5 Azul constituda por 24 alunos, com idades compreendidas
entre os onze e os treze anos, sendo oito alunos do sexo masculino e dezasseis do sexo
feminino.
Nesta turma um dos alunos encontra-se integrado no Decreto-Lei 3 de 2008, de
7 de Janeiro, tendo por isso apoio individualizado, com o objectivo de responder s
necessidades especiais, requeridas no seu projecto individual.
O grupo apresenta alguns problemas comportamentais, o que por vezes leva
destabilizao. Estes problemas reflectem-se no s em termos de agitao motora,
mas tambm em termos verbais.
No que respeita ao ritmo das aprendizagens, podemos afirmar que um grupo
muito heterogneo. Apesar de alguns problemas que a turma apresenta, h alunos
interessados, muito dinmicos e bastante participativos.
Os alunos so assduos e pontuais e s costumam faltar por motivos de doena.
A grande maioria destes alunos vive nas aldeias limtrofes do concelho. Os alunos
pertencem a um meio socioeconmico mdio, sendo a maior parte dos encarregados
de educao empregados de servios, possuindo, maioritariamente, o 3 ciclo como
habilitaes acadmicas, apesar de haver tambm um nmero reduzido de
encarregados de educao licenciados.
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
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importante referir que na turma se verifica uma certa interculturalidade, uma
vez que existem alunos cujas famlias so de etnia cigana. Nestes casos as habilitaes
acadmicas dos encarregados de educao so muito reduzidas, indo desde o
analfabetismo at ao primeiro ciclo.
Pudemos observar que esta turma apresenta algumas necessidades, no que se
refere autonomia, sendo muito dependentes dos adultos na realizao das
actividades.
De uma forma geral, esta turma apresenta um nvel de aproveitamento escolar
satisfatrio.
Quanto turma do 5 Verde, esta constituda por 19 alunos, com idades
compreendidas entre os onze e os treze anos; seis alunos so do sexo masculino e
treze do sexo feminino.
Esta turma mostra-se diferenciada da anterior porque, no que concerne s
aprendizagens, homognea, de acordo com o interesse e nvel de aprendizagem,
sendo possvel realizar bons trabalhos e desenvolver assuntos de forma um pouco
mais aprofundada. H a excepo de dois alunos que esto integrados no Decreto-Lei
3/200 e, devido a este aspecto, a turma reduzida. Porm, durante as regncias os
mesmos encontraram-se ausentes da respectiva turma, mas presentes no
estabelecimento de ensino, acompanhados pela professora de Ensino Especial, que lhe
prestava apoio individualizado.
No que respeita residncia, muitos destes alunos vivem na cidade de Gouveia,
havendo alguns que habitam as aldeias limtrofes.
Os alunos pertencem a um meio socioeconmico mdio-alto, sendo que existe
um nmero reduzido de agregados familiares em que um dos cnjuges domstico, e
h mesmo um caso onde o agregado familiar no aufere rendimentos, sendo auxiliado
pelo Servio de Segurana Social, atravs do Rendimento Social de Insero.
Relativamente s habilitaes acadmicas, estas so significativas na maioria dos
encarregados de educao, com excepo dos casos referidos anteriormente.
O grupo bastante coeso, participativo e dinmico nas aprendizagens. A
grande maioria dos alunos no necessita de apoio individualizado, para que se
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
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verifique o sucesso desejado nas aprendizagens. um grupo de alunos com um
percurso escolar normal e bastante autnomo.
A nvel de comportamentos desviantes no h qualquer caso a registar,
normalmente so crianas educadas, meigas, atenciosas e simpticas. Os alunos
apresentam um comportamento bom, obedecendo sempre s regras estipuladas. Por
esta razo, muito fcil realizar com estes alunos aprendizagens activas, significativas,
diversificadas, integradoras e socializadoras. Esta turma no apresenta problemas de
ateno e/ou concentrao que prejudiquem a assimilao de contedos e o
desenvolvimento de competncias.
Esta turma demonstrou uma auto-estima muito elevada, que se reflectiu na
relao com os professores e no aproveitamento das actividades realizadas durante o
estgio.
A maioria dos alunos tem expectativas moderadas em relao escola e ao seu
futuro profissional. De uma forma geral, este grupo apresenta um nvel de
aproveitamento escolar muito satisfatrio.
A Turma de Cincias da Natureza e de Histria e Geografia
No que diz respeito turma de Cincias da Natureza, consideramos importante
referir que esta se encontra dividida em dois grupos, devido realizao das
actividades experimentais. Esta diviso torna-se profcua, permitindo uma maior
participao nas actividades realizadas, tal como preconiza o despacho 14027/2007 de
3 de Julho.
A turma do 5 Castanho uma turma homognea, no s em termos etrios,
mas tambm em termos comportamentais e de aprendizagem. de salientar que,
relativamente s aprendizagens e ao comportamento, o facto de a turma se encontrar
dividida se torna benfico para o seu desenvolvimento e para a sua progresso nas
aprendizagens.
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ainda importante realar que nesta turma no se encontram alunos
integrados no Decreto-Lei 3 /2008.
um grupo bastante autnomo, que no necessita de forma frequente de
ensino individualizado, para que se verifique o sucesso desejado nas aprendizagens.
Demonstrou, ao longo das regncias, ser uma turma bastante coesa,
participativa, dinmica e criativa, ajudando-se mutuamente ao longo das
aprendizagens. um grupo de alunos com um percurso escolar normal e bastante
autnomo.
Por norma, os alunos so assduos e pontuais, no tendo faltas injustificadas,
faltando apenas por motivos maiores, como por exemplo doena.
Quanto ao nvel socioeconmico destes alunos, pode-se mencionar que este
muito diversificado, uma vez que os encarregados de educao possuem tambm
habilitaes acadmicas muito distintas. Constata-se que h um nmero reduzido de
encarregados de educao com grau de licenciatura, no entanto, a maioria possui o
ensino secundrio.
Quanto origem destes alunos, so oriundos das mais diversas zonas da
cidade, tal como das aldeias limtrofes, cuja maioria dos pais/encarregados de
educao tm o seu local de trabalho situado na cidade de Gouveia.
A Turma de Matemtica
Os alunos com os quais realizei a minha prtica pedaggica integravam-se na
turma do 6 Dourado. Esta uma turma relativamente homognea em termos
etrios e comportamentais. De um modo geral, o grupo apresenta um comportamento
bastante satisfatrio. So alunos que possuem um desempenho considervel, no que
diz respeito realizao de tarefas, existindo uma ou duas excepes que demonstram
algumas necessidades no que se refere sua autonomia.
No que concerne ao nvel do ritmo das aprendizagens, a turma apresenta um
nvel bastante considervel, com a excepo de um aluno que est integrado no
Decreto-Lei 3/2008. Devido a este aspecto a turma reduzida, no que respeita ao
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
Escola Superior de Educao, Comunicao e Desporto da Guarda 24
nmero total de alunos. Este aluno possui um acompanhamento especializado e
individualizado, de forma a adquirir um maior desenvolvimento nas suas
aprendizagens.
Relativamente participao do grupo, este bastante participativo e
dinmico. So, de uma forma geral, assduos e pontuais e s costumam faltar por
motivo de doena. O seu aproveitamento ao longo das aulas demonstrou-se positivo,
uma vez que interiorizavam com relativa facilidade os contedos que eram
transmitidos.
A grande maioria destes alunos vive na cidade de Gouveia, havendo poucos
alunos residentes nas aldeias limtrofes. Os alunos pertencem a um meio
socioeconmico mdio, onde a maior parte dos encarregados de educao so
empregados de servios e tm, maioritariamente, o 3 ciclo do ensino bsico como
habilitaes acadmicas. No entanto, h tambm um nmero reduzido de
encarregados de educao com o grau de licenciatura.
No que concerne aos comportamentos desviantes no h qualquer caso a
registar, pois so alunos educados, atenciosos e simpticos. Os discentes mostram um
comportamento bom, pois obedecem s regras estipuladas pelo professor da turma.
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
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Captulo II
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
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1. Descrio do Processo de Prtica de Ensino Supervisionada
O que fomos, como nos desenvolvemos e nos convertemos no que
somos, aprendemos pela forma como actuamos, pelos planos que
seguimos, pela forma como sentimos a nossa vocao, pelos nossos
conhecimentos anteriores, pelos juzos que antes se iniciaram...Ns
compreendemos os outros, quando transmitimos as nossas
experincias vividas a todo tipo de expresso prpria e vida dos
demais.
Richman (2008:41)
A Prtica de Ensino Supervisionada (PES), tal como referido no captulo
anterior, foi realizada na Escola Bsica do 2 Ciclo do Agrupamento de Escolas de
Gouveia. Como descrevemos anteriormente, a sede do agrupamento um edifcio que
acolhe discentes residentes na cidade de Gouveia e nas restantes freguesias do
concelho.
A PES foi realizada tendo em conta a assinatura de um protocolo entre a Escola
Superior de Educao, Comunicao e Desporto da Guarda e o Agrupamento de
Figura n. 5 Vista Lateral do Agrupamento de Escolas de Gouveia Fonte: http://wikimapia.org/3471892/pt/Escola-Secund%C3%A1ria-C-3%C2%BACEB-de-Gouveia
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
Escola Superior de Educao, Comunicao e Desporto da Guarda 27
Escolas de Gouveia (AEG). importante referirmos que a PES fixa as normas
regulamentares dos ciclos de estudos conducentes ao grau de mestre dos cursos
previstos no Decreto-Lei 43/2007 de 22 de Fevereiro, a funcionar na ESECD, de acordo
com o disposto no artigo 26 do Decreto-Lei n 74/2006, de 24 de Maro.
Esta etapa final concretizou-se atravs da leccionao no 2. Ciclo do Ensino
Bsico, nomeadamente nas reas de Lngua Portuguesa, de Histria e Geografia, das
Cincias da Natureza e da Matemtica. O estgio foi realizado tendo em conta o
Regulamento da Prtica de Ensino Supervisionada dos Cursos de Mestrado
Habilitadores para a Docncia, aprovado em reunio do Conselho Tcnico-cientfico da
Escola Superior de Educao, Comunicao e Desporto (ESECD) do Instituto Politcnico
da Guarda (IPG).
O mesmo regulamento, no artigo 5, preconiza a elaborao de um dossier de
estgio pedaggico (entregue aos professores cooperantes e supervisores), onde
descrevemos o percurso como professor estagirio, atravs de reflexes, de
planificaes e de materiais usados durante a realizao das respectivas aulas, na
perspectiva de suporte ao relatrio final, nomeadamente a este 2. Captulo.
Torna-se importante referimos que, de acordo com Regulamento da Prtica de
Ensino Supervisionada, nomeadamente no artigo 4, o grupo de PES ficou constitudo
por trs elementos com o mesmo objectivo, ou seja, a realizao do estgio, no AEG
Estabelecimento de Ensino Cooperante Protocolado.
Neste contexto, sentimos que cada estgio que realizmos se constituiu como
um contributo para a nossa aprendizagem profissional. Nesta formao adquirimos
novos conhecimentos, e compreendemos com maior maturidade o processo educativo
como algo vivo, palpitante e tambm em constante mudana e evoluo.
Foi-nos proposto que, antes de qualquer regncia, fossemos assistir s aulas
dadas pelos professores cooperantes, de forma a obtermos um conhecimento prvio
das respectivas turmas. Este conhecimento, ainda que superficial, obtivemo-lo atravs
das aulas de observao no incio da nossa Prtica de Ensino Supervisionada. Nestas
aulas foi-nos permitido estabelecer um primeiro contacto, de apresentao, com os
discentes e observar as caractersticas globais das respectivas turmas. Ao mesmo
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
Escola Superior de Educao, Comunicao e Desporto da Guarda 28
tempo, foram-nos fornecidas informaes verbais pelos professores cooperantes, uma
vez que estes conheciam os alunos desde o incio do ano lectivo.
Houve ainda a necessidade de conhecer o meio onde estvamos inseridos. As
reunies iniciais de professores foram importantes, pois forneceram informaes
essenciais e ajudaram a compreender um pouco as ideias iniciais que existiam sobre os
nossos alunos.
Alguns professores revelaram os conhecimentos que tinham dos alunos,
obtidos em anos anteriores. Aqui fizeram-se alguns rtulos: os alunos bons, maus,
trabalhadores ou mesmo desinteressados. Pareceu-nos importante no querer
criar opinies sobre os alunos sem os conhecer, mas ao mesmo tempo no
desvalorizar completamente a informao a partilhada. A razo pela qual os alunos
teriam tais rtulos era evidentemente uma questo de perspectiva subjectiva, uma vez
que nem sempre geravam consenso por parte dos professores, e a opinio por eles
emitida no seria necessariamente a nossa opinio.
No decorrer das observaes realizadas nas diferentes reas curriculares
apercebemo-nos tambm das estratgias de ensino implementadas pelos professores
cooperantes nas suas aulas. A realizao deste trabalho serviu-nos como diagnstico,
onde detectmos os conhecimentos que os alunos possuam e quais os que tinham
mais dificuldades.
Para tentarmos dar respostas e colmatar as dificuldades existentes, tentmos
realizar com os professores cooperantes um conjunto de planificaes e actividades
diferenciadas, com a utilizao de um mtodo de trabalho que permitisse uma
execuo plena, e de forma particular equiparasse os alunos rotulados de menos bons.
Consideramos que no processo de ensino aprendizagem a planificao das
actividades reveste-se de extrema importncia, uma vez que pode condicionar a forma
como os alunos assimilam os conhecimentos a transmitir. Tambm na nossa Prtica de
Ensino Supervisionada lhe reconhecemos essa relevncia.
De acordo com Vasconcelos (1999), planificar e pensar andam de mos dadas.
Ao comear o dia, o homem pensa e distribui as suas actividades no tempo: o que ir
fazer, como fazer, para que fazer, com que fazer, etc. Segundo o autor anteriormente
referido, nas mais simples e corriqueiras aces humanas, quando o homem pensa de
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
Escola Superior de Educao, Comunicao e Desporto da Guarda 29
forma a atender os seus objectivos, ele est a planear, sem necessariamente criar um
instrumento tcnico que norteie as suas aces. Tomando como referncia a definio
de Padilha (2001:30), assumimos que planificar o processo de busca de equilbrio
entre meios e fins, entre recursos e objectivos. O acto de planificar sempre um
processo de reflexo, de tomada de deciso sobre a aco; processo de previso de
necessidades e racionalizao de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos)
disponveis, visando concretizao de objectivos, em prazos determinados e etapas
definidas, a partir dos resultados das avaliaes.
Neste sentido, podemos considerar que o processo de planificao exige uma
antecipao da aco educativa que se pretende desenvolver. No entanto, as nossas
planificaes nunca foram um esquema rgido, elas permitiam sempre um
reajustamento decorrente do normal funcionamento das aulas e do nvel de aquisio
dos alunos.
Na elaborao das planificaes, tivemos sempre conscincia que conhecer o
programa era fundamental. Assim, concebemos as planificaes de acordo com os
respectivos programas e tambm considerando as planificaes anuais e a mdio
prazo de cada disciplina, concebidas previamente pelos professores cooperantes das
turmas. Neste mbito, foi atravs de uma reunio, realizada no agrupamento de
escolas com cada cooperante, que nos foi facultada toda a informao acerca dos
contedos que devamos abordar.
Com a realizao prvia das reunies, coube-nos interiorizar que ao professor
no basta transmitir conceitos, deve saber o que se pretende para o aluno no nvel de
escolaridade que frequenta, ou seja, quais as competncias que deve dominar no final
da unidade de trabalho.
Na fase final das reunies, fiquei com a percepo de que, na disciplina de
Histria e Geografia, o professor cooperante no tinha tido em conta a excessiva
quantidade de contedos que distribuiu para cada uma das regncias. Facto esse que
se veio a reflectir como negativo, pois no cumpri nenhuma das planificaes desta
unidade curricular, tendo efectivamente a noo que foi a disciplina que correu menos
bem ao longo do referido estgio. No entanto, a rea que mais me cativa no dia-a-
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
Escola Superior de Educao, Comunicao e Desporto da Guarda 30
dia, mesmo a nvel da docncia das aulas do 1. CEB, nomeadamente na rea
curricular do Estudo do Meio.
importante referir que a chegada ao agrupamento de escolas foi, de facto, um
misturar de emoes. Foi sentido como um regresso ao local onde muitos anos foram
passados como aluno. Mas, simultaneamente, tive a noo de que as
responsabilidades seriam completamente diferentes.
Durante as regncias procurmos estabelecer um clima harmonioso, no qual os
alunos tinham parte activa na construo do seu prprio conhecimento, uma vez que
privilegimos o saber fazer, a aco. Podemos afirmar que os alunos se manifestaram
sempre perante as estratgias apresentadas com uma interveno muito participativa.
Paralelamente, durante as aulas, usmos uma linguagem que considermos
acessvel ao grau de escolaridade dos alunos e aos seus conhecimentos, se bem que
reflectindo sempre uma correco cientfica. As estratgias foram seleccionadas
depois de definir os objectivos e as competncias a desenvolver pelos alunos,
preconizadas nas reunies com os cooperantes.
Foram elaboradas planificaes para cada unidade curricular - planificaes
aula a aula. Existem vrios modelos de grelha de planificao de aula; todavia, a
estrutura modelo utilizada por ns foi desenvolvida durante as unidades curriculares
das didcticas do mestrado do 1. e do 2. CEB, da Escola Superior de Educao e
Comunicao da Guarda. Estas planificaes foram apresentadas no dossier da
unidade curricular de Prtica de Ensino Supervisionada e possuem uma descrio
detalhada da orgnica das diferentes aulas.
Procurmos que as nossas aulas se revestissem dum carcter interactivo,
recorrendo ao uso das tecnologias de informao e comunicao (TIC). Utilizmos a
Internet para a pesquisa sobre os contedos e sobre os temas. Conscientes de que a
motivao um elemento fundamental para captar a ateno dos alunos para o
processo de ensino aprendizagem, utilizmos as TIC, no decorrer das aulas.
Desta forma, foram-lhes apresentados powerpoints, construdos de acordo com
informao recolhida na internet e baseados em livros intrnsecos s unidades
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
Escola Superior de Educao, Comunicao e Desporto da Guarda 31
curriculares. Recorremos igualmente ao stio da Escola Virtual1, por ser bastante rico,
actualizado e motivador no que concerne aprendizagem das diferentes temticas.
Seguidamente sero referenciadas algumas das actividades desenvolvidas nas
diferentes reas curriculares.
Unidade Curricular de Matemtica
Nesta rea curricular os alunos puderam visualizar pequenos filmes
ldicos sobre a temtica em estudo, da Escola Virtual; realizaram o
preenchimento de lacunas2 e realizaram registos no caderno dirio. Foi uma
das unidades onde mais se fomentou o dilogo, de forma a serem discutidos
contedos patentes no manual de Matemtica. Realizaram-se leituras
intrnsecas aos contedos, assim como exerccios de memorizao, estando
subjacentes as transferncias de aprendizagem, em que o aluno depois de
compreender, memoriza e aplica os conhecimentos em novas situaes.
importante frisar que nesta aula, medida que os alunos iam realizando os
exerccios, tive o cuidado de ir passando pelos lugares, ajudando-os na
realizao dos mesmos e efectuando a correco. Durante esta ltima, pude
aperceber-me que os alunos se encontravam bastante motivados e vontade,
no que respeita s aprendizagens.
Neste sentido houve, portanto, que fortalecer as bases dos alunos;
partir daquilo que eles sabem, da sua experincia, apoiando-os em actividades
significativas, e ajud-los a construir aos poucos os conceitos para que, atravs
da repetio, manipulao e experimentao avancem confiantes para nveis
mais complexos e abstractos.
1 www.escolavirtual.pt
2 Encontram-se no Anexo I alguns dos materiais utilizados no decorrer desta UC.
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
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Unidade Curricular de Lngua Portuguesa
Esta foi, sem dvida, a rea curricular que mais gosto tive em leccionar,
No apenas pelas actividades, mas sobretudo pela disponibilidade revelada
pela professora cooperante, a qual nos facultou a possibilidade de podermos
planificar as nossas aulas com originalidade. Foram aulas enriquecedoras para
os alunos, mas principalmente para o professor estagirio que verificava, aula
aps aula, uma forte motivao dos discentes no que concerne s
aprendizagens.
Durante as aulas, os alunos puderam realizar leituras imagticas3.
Torna-se importante referir a importncia das imagens, pois por si s elas
constituem uma aprendizagem. Tambm proporcionmos o dilogo, o qual
um mtodo de aprendizagem por descoberta.
Realizaram-se audies de poemas: actividade que facilitou a
concentrao, permitiu a reflexo e a assimilao pela tomada de conscincia
de ideias, aguando-lhes o pensamento crtico. Tambm se efectuaram
construes de poemas diferentes, atravs do Jogo que abaixo descrevemos.
Ora, com esta actividade propiciou-se a interdisciplinaridade,
preconizada por Jos Morgado, que afirma que (...) a interdisciplinaridade
ultrapassa a simples coordenao entre disciplinas, caracterizando-se, antes
por combinaes dos saberes convocados, para o estudo de um determinado
assunto ou objecto, sem que (...) se exija a fuso ou dissoluo das fronteiras
disciplinares (1997: 37). Esta interdisciplinaridade concretizou-se com a
realizao de um jogo ldico, no qual utilizmos os sentidos do sujeito humano
(a viso, o paladar, o tacto e o olfacto).
Descrio do Jogo
Nesta aula formaram-se duas equipas e elaborou-se o jogo, com a diviso da turma em
dois grupos: o grupo A e o grupo B. Cada grupo nomeou um representante, um
chefe. As regras foram bem explcitas, ou seja, caso o grupo se antecipasse e fizesse
3 Encontram-se no Anexo II alguns dos materiais utilizados no decorrer desta UC.
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
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batota, referindo verbalmente algo em voz baixa, perdia o ponto, ganhando no final a
equipa que reunisse mais pontos.
Descrio das actividades (Grupo A + Grupo B): 1
F
ase
Para construo do 1. verso - (trs + trs frutos Paladar);
Como este poema (Os Frutos- de Eugnio de Andrade4) se referia aos
sentidos -sensaes gustativas, tacto, viso-, o professor levou frutos,
iguais e/ou diferentes dos do texto e os representantes dos alunos
provaram-nos. Estes tinham quinze segundos para adivinhar qual era o
fruto, sem ajuda do grupo. Houve um cronmetro on-line (utilizao
das TIC), que marcou o tempo previamente determinado.
2
Fas
e
Para construo do 2. verso - (trs + mais trs frutos Tacto);
O professor levou outros frutos, iguais e/ou diferentes dos do texto e os
representantes, atravs do tacto, tentaram adivinhar qual era o fruto,
sem ajuda do grupo.
3
Fas
e
Para construo do 3. verso - (trs + mais trs frutos Viso);
O professor levou outros frutos, iguais e/ou diferentes dos do texto.
Desta vez colocou as imagens dos frutos duas a duas, na parede do
fundo da sala, e os representantes, aps o professor ordenar, retiravam
a venda dos olhos e escreviam o nome dos frutos, no quadro. Ganhava
o grupo que realizasse a tarefa mais rapidamente. Caso houvesse algum
erro ortogrfico no nome que escreviam, perdiam o ponto.
Deste modo, e tal como refere Abreu observa-se que () as crianas
aprendem melhor a Lngua Portuguesa quando esta trabalhada a partir de
experincias reais (1990: 19), tendo sido este o meu objectivo, atravs do jogo.
Em suma, considero que as aulas de Lngua Portuguesa correram muito
bem e que todos os aspectos da planificao foram cumpridos.
4 Poema retirado do manual: COSTA, Fernando e MENDONA, Lusa. (2004). Lngua Portuguesa. Porto:
Porto Editora.
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
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O estgio nesta rea curricular de Cincias da Natureza permitiu que se
superassem vrios medos inicialmente imaginados. O confronto com os
receios e a superao de obstculos quase intransponveis constituram uma
surpresa agradvel, pois aqueles rapidamente se esvaram, durante a aula, sem
que os alunos dessem conta.
Um dos aspectos favorveis foi a diviso da turma em dois grupos
devido realizao das actividades experimentais. Neste sentido, e tendo em
conta o preconizado no Despacho 14027/2007 de 3 de Julho, as aulas
tornaram-se mais profcuas, havendo uma maior participao nas actividades
realizadas, devido ao reduzido nmero de alunos.
Numa das aulas leccionadas a temtica principal foi a clula unidade
na constituio dos seres vivos , bem como as partes constituintes do
microscpio, patentes na parte III do manual de Cincias da Natureza - Unidade
na Diversidade dos Seres Vivos, atravs da utilizao do microscpio ptico.
Esta temtica teve grande significado para os alunos, pois todos
quiseram mexer no microscpico. Desde logo foi essencial explicitar as regras
de utilizao e funcionamento do laboratrio, em conjugao com as regras de
sala de aula.
importante frisar que as actividades laboratoriais permitem colocar
em prtica e alargar os conhecimentos assimilados no decorrer das aulas,
tornando-se mais motivadoras. As actividades desenvolvidas nas aulas de
cincias5 foram um meio privilegiado para o desenvolvimento pessoal e
interpessoal. Os alunos puderam realizar a manipulao de material, aprender
tcnicas e experimentar a sensao de ver como as coisas acontecem.
Durante a realizao deste tipo de actividade prtica laboratorial coube-
me o papel de guia, orientador dos alunos, segundo as regras e contedos da
disciplina de Cincias da Natureza.
5 Encontram-se no Anexo III alguns dos materiais utilizados no decorrer desta UC.
Unidade Curricular das Cincias da Natureza
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
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Um aspecto bastante positivo foi a relao que consegui estabelecer
com alunos e professora. A cooperao, fruto de um relacionamento
constante, ajudou-me a encarar o estgio como uma experincia positiva.
Unidade Curricular de Histria e Geografia
Numa das regncias, o tema principal foram as razes que levaram
crise de sucesso do trono portugus, em 1383/85, com a subida ao poder de
D. Joo I (incio da segunda Dinastia).
Como forma de motivao, autonomia e facilidade de aprendizagem,
utilizei um recurso inovador a Escola Virtual. Este um sistema de ensino
online que permite revolucionar o estudo na escola e/ou em casa. Denotei que
a actividade promovida foi um sucesso entre alunos, pois os contedos das
disciplinas foram apresentados a partir do computador, graas a animaes e
aos vdeos interactivos, que permitiram uma aprendizagem mais intuitiva,
dinmica e envolvente6.
No decorrer das aulas, os alunos utilizaram o manual escolar de Histria
e Geografia para contextualizarem a matria.
Atravs da interdisciplinaridade com as TIC, os alunos utilizaram um
software Google Earth de forma a situarem locais; tiveram oportunidade de
visualizarem imagens fazendo a leitura imagtica e ainda identificaram
personagens histricas e monumentos.
Esta aula foi uma das mais bem conseguidas, visto que, devido
escassez de tempo, no consegui terminar as planificaes. No entanto,
estiveram sempre presente as competncias: tratamento de
informao/utilizao de fontes; compreenso histrica (temporalidade;
espacialidade e a contextualizao); comunicao em Histria.
6 Encontram-se no Anexo IV alguns dos materiais utilizados no decorrer desta UC.
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
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No decorrer das regncias, procurmos dialogar com os professores
cooperantes para o esclarecimento de dvidas cientficas e pedaggicas. Reenvimos
todo o material didctico e os recursos necessrios (planificaes, actividades a
desenvolver, fichas de trabalho) que seleccionmos e preparmos com bastante
antecedncia, via e-mail, ou ento reunimos pessoalmente.
No que concerne s planificaes, consideramos que devem ter sempre um
objectivo bem definido. No entanto, este objectivo no tem obrigatoriamente de ter
somente em conta a quantidade de conhecimento que transmitido aos alunos em tal
planificao. O ensino muito mais do que quantidade e, por vezes, gerar uma
discusso dentro da sala de aula pode ser muito importante, no s para os alunos
reflectirem como tambm para a sua predisposio para as aulas futuras.
Um dos aspectos problemticos no estgio e muitas vezes levantado o factor
tempo, que uma varivel difcil de controlar. Surge frequentemente a noo que
escasso e a planificao pressiona-nos para avanar. Este aspecto foi, sem dvida, o
factor mais negativo que me influenciou e que muitas vezes fez com que as aulas
resultassem de uma maneira menos favorvel.
Os passos na construo das planificaes foram comuns preparao das
aulas, nas quatro disciplinas, sempre com o objectivo de motivar os alunos com
material diversificado, e conseguir transmitir de forma cientificamente correcta os
contedos propostos, obtendo um feedback positivo das turmas.
Procurmos seleccionar estratgias e actividades que nos permitissem ir ao
encontro dos objectivos que estabelecamos nas planificaes e s necessidades dos
alunos. No desenvolvimento das nossas actividades, utilizmos sempre a pesquisa,
discusso, reflexo e explorao.
Parece-nos claro que as diferentes unidades curriculares que leccionmos tm
um papel muito importante, para alm da aquisio de conhecimento. Os alunos
devem ganhar competncias no campo crtico. A melhor forma de o fazer
proporcionando aos alunos a discusso para que gere conhecimento, lhes d confiana
e os motive para eles prprios tomarem decises.
Relativamente aos materiais a considerar quando se efectuam as planificaes,
pensamos que estes devem ser sempre escolhidos para que permitam aos alunos
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
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adquirir as competncias. Embora, a meu ver, no haja nenhum material ideal, existe
ao dispor uma vasta gama de materiais, que utilizando ou no as TIC, permitem
motivar os alunos para as aulas.
Consideramos que a dimenso de uma turma pode ser preponderante na
forma como se consegue gerir uma aula, pois este factor mesmo um dos mais difceis
de superar. Ora, numa turma numerosa, conseguir que todos os alunos sejam
participativos requer um esforo muito superior do que numa turma mais reduzida.
Este foi um dos aspectos que mais preocupao me causou. O excesso de alunos por
turma, nesta faixa etria onde todos necessitam de apoio, era preocupante, pois no
consegui oferecer um atendimento mais individualizado a cada um dos alunos. No
entanto, tentmos fazer o melhor que sabamos, reconhecendo que este aspecto
compromete a qualidade das actividades docentes e consequentemente a qualidade
da educao.
Consequncia das turmas numerosas e da imaturidade dos alunos, a
indisciplina foi um problema subjacente na prtica de ensino. Desde logo este foi um
dos problemas que nos preocupou; porm, a melhor forma de superao foi a
utilizao de estratgias diferentes, cativantes, motivadoras. O cumprimento e o
respeito pelas regras implcitas de sala de aula foram fundamentais para prevenir
comportamentos indesejveis. Mantivemos um bom ritmo de aula e suavidade na
transio entre tarefas, utilizmos uma linguagem e um discurso adequados, evitmos
comentrios desnecessrios entre alunos, diferencimos as aulas, indo ao encontro
das necessidades dos alunos, ou seja, utilizmos estratgias adequadas a cada aluno e
a cada situao, de forma a suprimirmos a indisciplina nas regncias.
Necessariamente pudemos verificar que as turmas so heterogneas no que
concerne aos comportamentos e aprendizagens. No entanto, esta diversidade foi vista
como fonte de enriquecimento da aco pedaggica. Ora, uma das estratgias
utilizadas foi colocarmos os alunos que aprendem mais rpido a ajudar os outros
alunos. Isto porque favorece a aquisio de competncias sociais de entreajuda, para
alm dos valores, da partilha, da responsabilidade e da solidariedade. Esta foi uma
vantagem no que respeita s turmas com um maior nmero de alunos, onde o
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
Escola Superior de Educao, Comunicao e Desporto da Guarda 38
professor no capaz de individualizar o ensino. Na nossa perspectiva, foi uma
estratgia bem aplicada que salvaguardou os ndices motivacionais dos alunos.
No que concerne avaliao pautmo-nos sempre pelos critrios previamente
estabelecidos e, atendendo s caractersticas dos alunos, valorizmos a assiduidade e
pontualidade, a participao empenhada respeitando as normas estabelecidas, o
interesse, a perseverana, a responsabilidade perante si e perante os outros, a
autonomia, a iniciativa e a criatividade.
Durante este tempo, apraz-nos referir que valorizamos hoje mais do que ontem
o trabalho do professor, pois ele tem um papel preponderante em todo o processo
educativo e de ensino aprendizagem. Ele exerce influncias educativas, lder formal
do processo escolar e ainda o delegado da sociedade para garantir nela a
incorporao ordenada das futuras geraes. Ele, como pessoa formada, actua
constantemente junto do grupo em formao. S a sua presena j exerce uma funo
paradigmtica, acrescentada do facto de ter de propor, ordenar, motivar e avaliar, etc.
Reiteramos que foi muito gratificante o estgio. Salientamos que o resultado foi
positivo, visto que adquirimos mais experincia, tanto a nvel pessoal como a nvel
profissional, tendo em conta que o factor mais significativo foi ter a oportunidade de
estar em contacto com as crianas, e passar por esta experincia maravilhosa que ser
Professor.
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Captulo III
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
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PRIMEIRA PARTE
A LEITURA: UMA COMPETNCIA FUNDAMENTAL
Neste terceiro captulo, sero abordados alguns temas de carcter mais
terico relacionados com a Leitura. Realizmos uma pesquisa
bibliogrfica, o que implicou uma seleco ponderada da informao
recolhida. Desenvolvemos a parte prtica do trabalho onde sero
abordados questes importantes intrnsecas aos hbitos de leitura, nas
Escolas do 1. Ciclo do Ensino Bsico.
1 O Prazer de Ler
As oportunidades culturais que a famlia oferece criana, atravs do contacto
com livros, revistas, jornais e espaos, despertam na criana o interesse para a leitura.
Os pais que lem respondem a perguntas, estimulam a resoluo de problemas, do
sugestes, apreciam as discusses, proporcionam aos filhos um ambiente ideal para a
imerso no livro e para a criao de hbitos de leitura.
A famlia , por esse motivo, o seu primeiro ponto de referncia onde a criana
pode obter informaes acerca da lngua, atravs de hipteses que formula,
permitindo-lhe integrar-se na conversao, ajudando-lhe a discriminar e especificar
palavras e ideias atravs da expanso lexical e sintctica (Balancho, 1996).
A capacidade de interesse pela leitura o resultado de um longo trabalho, no
qual o meio em que a criana vive desempenha um papel muito importante e decisivo.
Deste modo, necessrio que desde tenra idade se criem meios para que a criana
tome contacto com o registo escrito, pois () o contacto com os livros deve ser iniciado
o mais cedo possvel () no s pelo manuseio como tambm pela histria contada,
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Relatrio de Estgio da Prtica de Ensino Supervisionada
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pela conversa ou pelos jogos rtmicos, no sentido de fazer gostar da leitura para que o
leitor se sinta o protagonista do seu aprendizado (Mesquita, 2002:43).
O livro traz o conhecimento do mundo, do homem, das coisas, da natureza,
formando o leitor e possibilitando-lhe escolhas fundamentais na vida adulta. A
literatura infantil desempenha um papel importante na aquisio do prazer da leitura,
exercendo um fascnio e promovendo () na criana, o gosto pela beleza da palavra, o
deleite perante a criao de mundos de fico. Tem ainda () a funo de arreigar as
palavras no mundo mgico da criana, permitindo-lhe no s entend-las e us-las
como tambm goz-las e desfrut-las no contexto da imaginao (idem).
Para serem eficazes, as histrias e as leituras devem constituir uma
materializao da angstia da criana, o que lhe permite domin-la melhor, devem
proporcionar prazer e ser repetitivas, sabendo-se a importncia que a repetio tem
para as crianas, dia aps dia, da mesma histria, dos mesmos termos.
Segundo Pennac (1997), h grandes hipteses de a criana querer ouvir a
mesma histria, para se certificar que na vspera no estava a sonhar, e que nos faa
as mesmas perguntas, nas mesmas alturas, s pelo prazer de nos ouvir dar as mesmas
respostas. Reler no repetir, renovar constantemente um incansvel amor. Ao
relermos a histria, desenvolve-se na criana o gosto pela lngua narrativa, que se
refere a uma aco imaginria e para a qual a criana transporta toda a sua emoo e
o prazer de ouvir ler.
Quando estas actividades ldicas fazem parte do seu funcionamento mental, a
criana aprende a ler. Aprende a ler tanto mais facilmente quanto a lngua escrita lhe
permite reencontrar esta narrao que se refere ao imaginrio. Por outro lado, a
dimenso imaginria a fonte de prazer e base de uma melhor elaborao da
realidade, permitindo um domnio da angstia e ocasionando um particular prazer de
funcionamento mental; por outro lado, a linguagem do conto ou da histria imaginria
arrasta o interesse da criana para o aspecto formal desta fonte de prazer (Prata,
2005).
Alimentar o prazer e o gosto pela leitura depende, pois, em grande parte, da
atitude daqueles que rodeiam a criana e referimos a famlia, seguida da escola, como
os principais agentes para a formao de hbitos de leitura. Conforme gostam ou no
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de ler, conforme consideram a leitura uma actividade interessante ou, pelo contrrio,
uma perda de tempo e montona, conforme o livro ou no para eles um amigo
familiar que pode manusear livremente, assim a criana sentir ou no esse prazer e
motivao.
A leitura de histrias por parte do adulto cria ou refora laos afectivos entre a
criana e o adulto que as l. Nesta perspectiva, o livro s pode ser benfico, visto que
o intermedirio que torna possvel e agradvel essa relao entre aqueles que
partilham as leituras.
O livro pode ser considerado, assim, em simultneo, um objecto privilegiado,
quer de trocas afectivas quer intelectuais. Na escola, tal como preconiza Pennac
(1997), o papel do professor que l em voz alta para os seus alunos tambm o de
intermedirio, ajudando-os na reconciliao com o prazer de ler, muitas vezes
obstrudo pelo medo de no compreenderem o que est a ser lido. que a voz do
professor auxilia os alunos com a escrita, adianta a inteno do autor, revela um
subentendido, desvenda uma aluso dissipando a iluso de muitos daqueles que
julgam que no gostam de ler. Deste modo, as crianas compreendem o texto,
reconciliam-se com a leitura, desfrutam, entram no imaginrio e adquirem o gosto
pela leitura.
Porm, muitas vezes o que acontece que as crianas so () frequentemente
ligadas a obrigaes, a actividades meramente utilitrias (Postaniec, 2006:12). Isto
porque tudo depende da forma como o docente aborda a actividade ou o objectivo
que se quer alcanar, ou seja, preciso que o professor intervenha no processo,
estimulando, orientando e criando um ambiente propcio ao desenvolvimento
educativo e formao do aluno enquanto cidado.
Realmente, o que importante modelar as crianas para que, no meio social
e educativo, adquiram hbitos de leitura, se tornem leitores fluentes com capacidade
para interpretar todas as leituras que tenham de realizar, pois os estudos efectuados
revelam que Portugal apresenta baixos nveis de literacia7. Devido a estes fracos
7 Referimo-nos a estudos internacionais, como o TIMSS - Third International Study of Mathematics and
Science - (Ramalho, 1994) e o PISA (Programme International Students Assessment) lanado pela OCDE em 1997. Os desempenhos obtidos pelos adultos portugueses e pelos nossos alunos revelam os baixos nveis de literacia.
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resultados, o Governo decidiu implementar uma medida para desenvolver nos alunos
e populao em geral hbitos de leitura.
Porm, ir o Plano Nacional de Leitura8, to em voga actualmente, atravs das
obras seleccionadas, modalidades de leitura e actividades propostas, alterar os hbitos
de leitura e incutir nas crianas o gosto pela mesma?
Neste contexto, realmente importante que a criana seja sistematicamente
encorajada a utilizar as suas capacidades nas aprendizagens da leitura; que utilize a
leitura como instrumento de aprendizagem e de descoberta; e que seja estimulada a
adoptar uma postura personalizada face leitura e ao prazer de ler.
2 O que ler
Ao longo do sculo XX, o conceito de leitura foi-se alterando, como
consequncia das transformaes observadas na sociedade. Estas alteraes foram
provocadas por factores como o avano verificado a nvel cientfico e tecnolgico, os
desafios profissionais num mundo cada vez mais competitivo e a ideia de que todo o
homem tem direito ao saber e cultura bsica, como definido na Declarao
Mundial sobre Educao para Todos: Todas as pessoas crianas, jovens e adultos
devem poder beneficiar de oportunidades educativas, orientadas para responder s
suas necessidades educativas bsicas. Estas necessidades compreendem os
instrumentos de aprendizagem essenciais (como a leitura, a escrita, a expresso oral, o
clculo e a resoluo de problemas (Sim-Sim et al, 1997:11).
Mas, ento, o que ler?
Primeiramente, a leitura era concebida como uma prtica passiva, incluindo
apenas os actos de reconhecimento e decifrao dos cdigos, ou seja, a traduo letra-
som. Depois, verificou-se que alm da traduo letra-som, a leitura tem de passar pela
extraco e compreenso da mensagem que o autor transmite e que posteriormente
aplica em situaes diversificadas. Para outros autores que a seguir apresentamos, a
8 O Plano Nacional de Leitura ser abordado no ponto 3, deste captulo.
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leitura tem de ser um processo que permite interpretar e compreender a mensagem
do texto transmitida pelo autor, devendo tambm permitir outras funes, como a
apreciao esttica e a descoberta do prazer da leitura.
Emlia Amor explicita e enriquece esta questo, afirmando que a leitura
essencialmente, um fazer interpretativo, uma produo, relevando
tanto do escrito como do no escrito, do texto quanto do leitor e do
contexto, do processo de leitura em si, quanto de outras leituras
anteriores, do domnio da percepo, quanto de processos cognitivos ou
de pulses afectivas, mais complexas e profundas (2001:82).
J Sim-Sim preconiza que por leitura entende-se o processo interactivo
entre o leitor e o texto, atravs do qual o primeiro reconstri o
significado do segundo. A extraco do significado e a consequente
apropriao da informao veiculada pela escrita so os objectivos
fundamentais da leitura, dependendo o nvel de compreenso atingido
do conhecimento prvio que o leitor tem sobre o assunto e do tipo de
texto em presena (1997:27).
Para Mialaret, saber ler equivale a ser capaz de transformar uma
mensagem escrita noutra sonora em conformidade com determinadas
leis bem definidas, equivale a ser capaz de a conhecer e de apreciar o
seu valor esttico (1974:15).
Na perspectiva de Pestana, ler no poder entender-se de outro modo
que no seja o de compreender uma mensagem escrita, assimilar o seu
contedo e interpret-lo (1973:15).
Gonalves, na Didctica da Lngua Nacional, define o acto de ler como
sendo interpretar o pensamento expresso por meio de smbolos (leitura
silenciosa) e ainda traduzi-lo, se a leitura oral, por sons articulados
(1977:39).
Perante esta variedade de definies, podemos verificar a existncia de
elementos em comum: a leitura como descodificao de signos lingusticos grficos, a
extraco de sentido e o aspecto da fruio da leitura.
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Verificamos, assim, que saber ler no apenas saber decifrar, embora esta
condio seja necessria, e essencialmente () compreender o que se decifra,
traduzir em pensamentos, ideias, emoes e sentimentos (). Por outras palavras:
saber ler dispor de um novo meio de comunicao com o prximo () e em virtude
disso, particular na vida intelectual de toda a humanidade (Mialaret, 1974:16-17).
Com efeito, saber ler tambm ser capaz de apreciar esteticamente o que se l
e que, finalmente, resulta de uma educao que nunca pode ser dada como concluda.
Mialaret afirma, ainda, que saber ler tambm conseguir julgar, pois a
aprendizagem da leitura inseparvel da formao do pensamento e do
desenvolvimento do esprito crtico (idem).
Em suma, saber ler, num ponto de vista mais abrangente, integrador, no s
decifrar, tambm compreender, julgar, criticar, apreciar e criar.
No entanto, ser que os nossos alunos ao terminarem o 1. ciclo conseguem
extrair o verdadeiro significado, realizar uma apreciao crtica do que lem ou se
limitam apenas, na maior parte dos casos, a transformar grafemas em fonemas?
Cabe ao professor o papel de desenvolver nos alunos a capacidade de
interpretarem e compreenderem o que lem, atravs de leituras significativas e das
quais possam fazer uma anlise crtica, relacionando-as com outras j efectuadas.
2.1 O que a literacia
Muito se fala, actualmente, no combate aos baixos nveis de literacia dos
portugueses. Com efeito, muitos so os portugueses que sofrem de iliteracia, ou seja,
no conseguem entender informao bsica num artigo de um jornal, ver um mapa,
interpretar um texto, etc. Esta situao torna-se marcante quando uma dificuldade
na prpria lngua materna, que dificulta a compreenso de informao bsica e pode
contribuir para o insucesso escolar.
Mas ser que todos sabem o que a literacia?
Benavente define-a como () as capacidades de processamento de informao
escrita na vida quotidiana. Trata-se das capacidades de leitura, escrita e clculo, com
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base em diversos materiais escritos (textos, documentos, grficos), de uso corrente na
vida quotidiana (Benavente apud Salgado, 1997:15).
Segundo Sim-Sim (1993:7), o conceito de literacia entendido como a
capacidade de compreender e usar todas as formas e tipos de material escrito
requeridos pela sociedade e usados pelos indivduos que a integram, ultrapassando de
longe a mera capacidade de descodificao.
Assim, para educar para a literacia necessrio estimular os alunos a
desenvolver competncias que lhes possibilitem a aprendizagem () do saber agir na
lngua e pela lngua e que lhes permitam, em funo dos contextos de uso e dos
objectivos perlocutivos () construir textos discursivamente adequados s mltiplas
finalidades especficas dos jogos de actuao comunicativa nos quais eles se
movimentam e intervm (Azevedo, 2006:3-4).
Como j referimos anteriormente, as competncias, nomeadamente da leitura,
escrita e clculo, acompanharo o indivduo por todo o seu percurso escolar e social.
Este conceito procura na pessoa competncias contnuas que a vo ajudar a funcionar
na vida em sociedade, alcanar objectivos pessoais e desenvolver potenciais prprios,
evitando a excluso social.
Assim, no percurso da leitura imprescindvel a traduo letra-som
(descodificao), mas este processo no pode terminar aqui, necessrio que a
aprendizagem da leitura tenha () como meta primordial a fluncia, que implica
rapidez de decifrao, preciso e eficincia na extraco de significado do material lido
(Sim-Sim et al, 1997:27). A fluncia exige que o leitor descodifique automaticamente,
centrando toda a sua ateno na compreenso do texto. Evidencia-se, desta forma, a
necessidade de treino sistematizado de tcnicas de automatizao que permitam
ultrapassar o processo moroso de traduo letra-som, conduzindo ao imediato
reconhecimento visual das palavras e levando rpida compreenso de textos.
Desta forma, funo da escola que nos primeiros anos faa () de cada aluno
um leitor fluente e crtico, capaz de usar a leitura para obter informao, organizar o
conhecimento e usufruir o prazer recreativo que a mesma pode proporcionar (Sim-Sim
et al, 1997:28). Poder-se- referir que a leitura abre as portas para um mundo
misterioso, cheio de emoes desconhecidas, onde muitas vezes nos encontramos,
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nos reconhecemos, identificamos sentimentos ou vivncias pelas quais j passamos ou
que imaginamos acordados ou nos nossos sonhos.
2.2 A Criana e a Leitura
sabido que qualquer criana, independentemente da sua origem tnica ou
cultural, desde que imersa num ambiente lingustico, aprende a falar, e quando esta
entra para a escola j percorreu um longo caminho, adquiriu conhecimentos
lingusticos que lhe permitem perceber e produzir frases, que lhe possibilitam interagir
com o meio e extrair significado de informaes dadas pelo prprio meio.
O mesmo no acontece com o domnio escrito, pois este s aprendido com
base num trabalho e esforo consciente, exigindo, por isso, um ensino explcito e
sistematizado (Sim-Sim et al, 1997).
A leitura no se reduz apenas decifrao dos grafemas, sendo necessria uma
real descodificao do significado, da mensagem que o autor pretende transmitir. Para
que uma total e efectiva descodificao seja conseguida () para alm do
conhecimento implcito que a criana, ao chegar escola, tem da sua lngua nativa,
necessrio () apelar para as suas capacidades metalingusticas, ou seja, a criana
dever ser estimulada a conhecer a pluralidade da sua lngua materna (Sequeira &
Sim-Sim, 1989:2).
A experincia cultural e lingustica do leitor permite-lhe antecipar, ou no, o
texto do ponto de vista fonolgico, lexical e semntico. claro que, quanto maior for o
seu domnio da lngua falada, o interesse e conhecimento do texto, mais possibilidades
ter em adiantar significados das palavras ou frases, para uma leitura mais rpida e
compreensiva. Neste mecanismo de pr-decifrao do significado, o leitor pode
experimentar dificuldades e obstculos que tentar resolver formulando e
reformulando hipteses sobre o contedo do texto, podendo estas ser confirmadas ou
rejeitadas.
A compreenso requer, da parte do leitor, uma relao activa entre a
informao nova e aquela que j possui, sendo certo que esta relao ser feita
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dependendo das estratgias utilizadas pelo leitor, as quais variam de indivduo para
indivduo. Desta forma, o processo de leitura engloba uma aco que envolve o leitor e
que vai influenciar o seu comportamento em relao leitura e em relao a outros
conhecimentos.
Com efeito, sabe-se como a leitura de um livro s inteiramente conseguida
quando se entra na leitura do segundo nvel, ou seja, a passagem directa do grafema
ao significado, sem interveno do fonema (soletrar), ou seja, o aluno l fluentemente,
extraindo o seu significado e compreendendo o texto lido.
2.3 A Leitura no Programa do 1 Ciclo do Ensino Bsico
A Lngua Portuguesa, atravs do desenvolvimento das suas competncias
essenciais, desempenha um papel de relevo na aquisio de saberes nas diversas
disciplinas. de destacar o indiscutvel contributo desta disciplina para a integrao
dos saberes em todas as reas, desempenhando, assim, uma funo de destaque na
luta contra a fragmentao curricular e auxiliando o sucesso escolar do aluno. Para que
este sucesso ocorra da melhor forma, necessrio que se desenvolvam as cinco
competncias nucleares na rea da Lngua Materna: a compreenso do oral, a leitura,
a expresso oral, a expresso escrita, e o conhecimento explcito.
Em relao competncia de leitura, o 1. Ciclo tem como objectivo de
desenvolvimento a aprendizagem dos mecanismos bsicos de extraco de significado
do material escrito, com a finalidade de se tornar um leitor fluente e crtico (Sim-Sim et
al, 1997).
Para que tal acontea, as crianas no final desta etapa devem ter atingido os
seguintes nveis de desempenho: ser capazes de executar leitura silenciosa; ler com
clareza em voz alta; identificar as ideias principais de um texto; localizar no texto a
informao pretendida; antecipar contedos a partir de capas, gravuras, ttulos e
primeiras linhas; tomar a iniciativa de ler (Idem).
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Atravs do desenvolvimento destes nveis de desempenho na leitura, os alunos
estaro aptos a construir a sua aprendizagem, em processos significativos, noutras
reas, e a alcanar o sucesso escolar e social. O alcance destes nveis de desempenho
permite mais facilmente compreender e interpretar a informao que os rodeia e
combater a iliteracia.
assim necessrio que, em contexto de sala de aula, se propiciem mltiplas
ocasies de convvio com a escrita e com a leitura, realizando percursos integradores
com as experincias e os saberes anteriormente adquiridos atravs das novas
descobertas (O.C.P., 2004).
indispensvel que os alunos leiam sem receio, que possam contar com o
apoio necessrio ao seu aperfeioamento e que todas as produes de leitura tenham
sentido, que possam ser analisadas, formuladas e reformuladas e se aliem a momentos
de verdadeiro conhecimento de prazer. S assim os alunos conseguem fazer um uso
correcto do que lem, expondo a sua opinio, desenvolvendo uma personalidade
crtica que posteriormente lhes permitir serem cidados intervenientes e autnomos
na sociedade.
Por este motivo, o Programa do 1. Ciclo de Ensino Bsico, referente rea
Curricular de Lngua Portuguesa, no Bloco Comunicao Escrita, prope um
conjunto de actividades que permitem desenvolver a competncia da leitura9.
Est ainda proposto, com frequncia, a leitura de textos produzidos por
iniciativa prpria e produzidos pelos companheiros, pois este tipo de leitura tambm
uma forma de os motivar para as suas criaes e para a prpria leitura.
Como actividade de leitura para o 1. ano, aponta-se ainda a leitura de livros
adequados sua idade e nvel de competncia de leitura. No 2. ano j se sugere a
leitura na verso integral de histrias, livros, poemas, de extenso e complexidade
progressivamente alargadas, ou seja, em ambos os casos tm de ser adequadas ao seu
nvel de competncia de leitura.
Assim, como j referimos anteriormente, o programa prope nos dois
primeiros anos o contacto do aluno com diversos registos escritos e com diferentes
funes da leitura, que lhe permitam desenvolver o gosto por esta. Porm, ser
9 No Anexo V podemos verificar alguns exemplos.
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necessrio que a criana considere a leitura como algo que lhe possa ser til no seu
dia-a-dia e retire prazer nas actividades de leitura em que participa, nos primeiros
anos, com o objectivo de se tornar um leitor motivado e que consiga extrair o
verdadeiro significado da leitura.
Aparece referenciado no 3. e 4. anos a prtica de leitura por prazer,
relacionando-a com actividades de biblioteca de turma, de escola, municipais e
itinerantes. A prtica de leitura no deve ter apenas como finalidade o prazer, mas
tambm a extraco de novos conhecimentos.
Quando abordamos as funes da leitura remetemos para Sim-Sim, que refere
que a leitura recreativa tem como objectivo () a aprendizagem da extraco de
significado de diferentes tipos de textos que promovam o desenvolvimento do
imaginrio, do esprito criativo e do pensamento divergente, enquanto que a leitura
para fins informativos tem como objectivo a aprendizagem da extraco de significado
() com o objectivo de transformar a informao em conhecimento (1997:60).
Corroboramos opinio de Sim-Sim (idem), quando refere a importncia da
leitura recreativa e que esta deve partir de diferentes tipos de texto, uma vez que a
diversificao dos registos permite aos alunos uma abertura diferente, apelando para
o desenvolvimento da sua opinio crtica e para a sua imaginao. Este contacto
permitir-lhes- tambm a extraco de outros significados que passam para alm do
reconhecimento dos acontecimentos e personagens principais do texto.
A leitura para fins informativos deve facilitar aos alunos no