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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR: Manejo de Produção de Perus Willian Martins Silva Orientadora: Profª. Drª. Karina Ludovico de Almeida Martinez Lopes JATAÍ 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR: Manejo de Produção de Perus

Willian Martins Silva Orientadora: Profª. Drª. Karina Ludovico de Almeida Martinez Lopes

JATAÍ 2010

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WILLIAN MARTINS SILVA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR: Manejo de Produção de Perus

Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado para a obtenção de título de Médico

Veterinário junto à Universidade Federal de Goiás

Orientadora:

Profª. Drª. Karina Ludovico de Almeida Martinez Lopes

JATAÍ

2010

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) BSCAJ/UFG

S586r

Silva, Willian Martins Relatório de estágio curricular: manejo de produção de perus / Willian Martins Silva. - 2010. 41 f. : il., figs., tabs.

Orientadora: Profª. Drª. Karina Ludovico de Almeida Martinez Lopes. Monografia (Graduação) – Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí, 2010. Bibliografia. Inclui lista de tabelas e figuras. 1. Produção - Perus I. Título. CDU: 636.09

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Willian Martins Silva

Relatório de Estagio Curricular defendido e aprovado em _____ de _____,pela

seguinte Banca Examinadora:

_______________________________________________

Profa. Karina Ludovico de Almeida Martinez Lopes – UFG/Jataí

Orientadora

_______________________________________________

Profa. Erin Caperuto de Almeida – UFG/Jataí

_______________________________________________

Médico Veterinário Fernando de Paula Navarrette – BRF

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Agradecimentos

Primeiramente agradeço a Deus por me dar a oportunidade de estar

concluindo mais uma etapa da minha vida.

Agradeço ao meu pai Cleomar e minha mãe Ana Maria por dar todo

apoio e por me ajudar durante toda a minha vida em tudo que precisei, pois se

hoje estou aqui devo tudo a eles. Apesar de todas as dificuldades da vida

nunca me deixaram faltar nada desde jardim de infância até minha graduação.

Aos meus irmãos Cleanne e Gustavo.

A uma pessoa mais que especial na minha vida, Carine, com quem

eu passei mais de seis anos e sempre me incentivou e me ajudou muito me

deu força quando todos me davam as costas. Devo muito a você baixinha.

As minhas tias Cleunilda e Cleunice e minha avó Orminda.

Dizem que o destino escolhe os irmãos e a escolha os amigos,

então agradeço aos meus amigos e companheiros de república que moraram

comigo durante minha faculdade Miguel, Reiller, Rômulo, Fausto e Juliano.

Aos colegas de faculdade com quem convivi tantos momentos bons

e outros nem tanto. Assim compartilhando lágrimas e sorrisos estamos

vencendo juntos essa batalha.

Agradeço a equipe da BRF Brasil foods por me proporcionarem este

estágio curricular, em especial, a minha supervisora Poliane e toda a equipe de

extensionistas que tanto me ajudaram tendo paciência para explicar e

passando todo o conhecimento que adquiri até agora.

A minha Orientadora Karina que auxiliou durante a elaboração deste

trabalho.

Enfim, a todos que me ajudaram.

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"Quando alguém encontra seu caminho,

precisa ter coragem suficiente para dar passos errados.

As decepções, as derrotas, o desânimo são ferramentas que Deus utiliza para mostrar a

estrada."

Paulo Coelho

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 01

2. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA E DO ESTÁGIO ................................. 03

2.1. Unidade de Mineiros ......................................................................... 04

3. ATIVIDADES REALIZADAS ......................................................................... 06

3.1. Programa 5 S .................................................................................... 06

3.2. Boas Práticas de Fabricação ............................................................ 08

3.3. Bem Estar Animal ............................................................................ 08

3.4. Treinamento no Local de Trabalho ................................................... 09

3.5. Incubação ......................................................................................... 10

3.6. Manejo no SIP .................................................................................. 12

3.7. Manejo no STP ................................................................................. 25

4. BIOSEGURIDADE........................................................................................ 39

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 40

6. REFERÊNCIAS ............................................................................................ 41

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Vista aérea do complexo agroindustrial Brasil Foods – Unidade

Mineiros ........................................................................................................... 4

Figura 2. Máquina de vacinação ..................................................................... 11

Figura 3. Vista aérea aviário SIP. ...........................................................................13

Figura 4. Silo do SIP......................................................................................... 14

Figura 5. Aviário SIP no pré-alojamento ........................................................... 15

Figura 6. Peruzinhos sendo espalhados próximo aos bebedouros ................. 16

Figura 7. Peruzinho debicado .......................................................................... 18

Figura 8. Comedouro sobre a cama ................................................................. 20

Figura 9. Bebedouro utilizados no SIP ............................................................. 21

Figura 10. Apanha dos perus para transferência ............................................ 24

Figura 11. Vista aérea dos aviários do STP ..................................................... 25

Figura 12. Caixas d’água do STP .................................................................... 27

Figura 13. Silos de ração do STP ..................................................................... 27

Figura 14. Alojamento no STP ................................................................ 29

Figura 15. Comedouro do STP ......................................................................... 30

Figura 16. Sistema de ventilação mecânica por exaustão ............................... 31

Figura 17. Cama sendo batida com auxilio de trator ....................................... 33

Figura 18. Pesagem das aves .......................................................................... 34

Figura 19. Método manual de eliminação......................................................... 35

Figura 20. kit eliminador. A: saco de contenção. B: deslocamento cervical ..... 36

Figura 21. Carregamento de aves para o abate ............................................... 37

Figura 22. Pédiluvio para desinfecção de calçados ......................................... 39

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Distância mínima entre estabelecimentos avícolas .......................... 5

Tabela 2. Consumo de ração de machos e fêmeas – SIP ............................... 19

Tabela 3. Consumo de ração – STP ................................................................ 30

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANVISA Agência Nacional De Vigilância Sanitária

APRO Acordo de Preservação de Reversabilidade da Operação

BEA Bem Estar Animal

BPF Boas Práticas de Fabricação

BRF Brasil Foods

CADE Conselho Administrativo de Defesa Econômica

FAL Ficha de Acompanhamento do Lote

FAWC Farm Animal Welfare Council

GO Goiás

G/CAB Gramas por Cabeça

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

P.Os. Procedimentos Operacionais

SIP Sistema Iniciador de Perus

STP Sistema Terminador De Perus

TLT Treinamento no Local de Trabalho

UBA União Brasileira de Avicultura

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1. INTRODUÇÃO

Este relatório refere-se ao estágio curricular obrigatório realizado na

área de avicultura, mais especificamente na área de produção animal, no

Sistema Terminador de Perus (STP), na empresa Brasil Foods S/A (BRF),

localizada na cidade de Mineiros-GO, acompanhando extensionistas nas visitas

aos aviários.

A criação de perus, em escala comercial ou doméstica, é uma

atividade que exige alto investimento e que pode ser exercida por criadores

sem muita experiência. Dedicação constante, boa higiene, alimentação

adequada e boas condições de manejo são cuidados indispensáveis. Na

prática, a maior dificuldade de criar essas aves é no período entre três e seis

meses de vida, quando são extremamente sensíveis. Passado esse período,

tornam-se rústicas e resistentes (MEIRA et al., 2009).

Os perus não podem ser criados em locais úmidos. É fundamental

mantê-los num local abrigado, protegidos da chuva, vento e sol, sem contato

com o chão. O piso deve ser ripado ou forrado com serragem ou palha seca

(MEIRA et al., 2009).

Atualmente mais de 85% da criação avícola no Brasil segue o

sistema de integração. O potencial de produção de pintos de corte, que em

1989 era de cerca de 1,5 bilhão, em 20 anos atingiu a marca de 6,5 bilhões.

(UBA, 2009).

Nos últimos cinco anos o volume de produção de perus vem

acumulando altas consecutivas. Entre 2005 e 2009, houve incremento de

29,8% no total produzido a cada ano. No mesmo período, o volume direcionado

para o mercado interno cresceu 52% e a exportação obteve incremento de

apenas 1,8% (UBA, 2009).

No ano de 2009 foram abatidos no Brasil 44.110.455 perus sendo os

maiores produtores os estados do Paraná (20.219.482), Minas Gerais

(7.215.154), Santa Catarina (7.125.724), Goiás (5.542.460) e Rio Grande do

Sul (4.007.635).

Assim, os produtos de perus, apesar de ainda manterem sua

tradicional demanda sazonalizada, já aparecem permanentemente nas

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gôndolas dos supermercados e lojas especializadas, alcançando boa gama de

consumidores.

Na prática o sistema de produção de perus propõe um sistema

inteligente e dinâmico de criação. O sistema inicia no Sistema Iniciador de

Perus (SIP), com o integrado recebendo o peruzinho com um dia de vida já

vacinados e sexados, permanecendo no integrado por aproximadamente 28

dias. Com 29 dias esses perus são transferidos para o Sistema Terminador de

Perus (STP), permanecendo 90 dias (fêmeas) ou 120 dias (machos). Sendo

posteriormente destinados ao abate no frigorífico na unidade industrial de

Mineiro-GO.

Objetivou-se com o presente trabalho descrever o manejo de

produção na criação de perus adotado pela empresa Brasil Foods S/A.

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2. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA E DO ESTÁGIO

O estágio foi realizado na BRF Brasil Foods Agroindustrial (Unidade

de Mineiros), atual denominação social da Perdigão, sob a supervisão da

Médica Veterinária Poliane Martins Almeida, extensionista da área de

Terminação de Perus. A carga horária do estágio será de 1200 horas, sendo

exigida por parte da empresa uma carga horária de 40 horas semanais.

Com faturamento de R$ 24,4 bilhões e valor de mercado de U$11,4

bilhões, registrados em 2009, a BRF é a quarta maior exportadora brasileira,

maior exportadora mundial de aves e maior empresa global de proteínas em

valor de mercado, sendo também uma das principais companhias brasileiras na

captação de leite. Empresa de escala internacional, seus produtos chegam a

mais de 110 países (Brasil Foods, 2010).

Quando finalizado o processo de fusão com a Sadia, a BRF será

uma das maiores e mais eficientes companhias de alimentos processados do

mundo. Em 18 de agosto de 2009, a incorporação das ações ordinárias e

preferenciais da Sadia pela BRF foi aprovada pelos acionistas das duas

empresas. Com isso, a Sadia passou a ser subsidiária integral da BRF, mas as

companhias manterão suas operações independentes até que o CADE

(Conselho Administrativo de Defesa Econômica) se posicione sobre a fusão

(Brasil Foods, 2010).

Desde o anúncio da associação entre as duas empresas, o processo

avançou dentro dos parâmetros estabelecidos no Apro (Acordo de Preservação

de Reversabilidade da Operação), firmado com o CADE. A BRF foi liberada

para gerir de forma conjunta a área financeira e recebeu autorização para

coordenar as atividades das duas empresas no Mercado Externo (Brasil Foods,

2010).

A BRF também pode coordenar as atividades relacionadas ao

segmento de carnes in natura e à negociação e compra de insumos e serviços.

Essas ações foram permitidas porque não comprometem a reversibilidade da

operação, prevista no Apro (Brasil Foods, 2010).

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2.1. Unidade de Mineiros

O Complexo Agroindustrial de Mineiros ocupa 135 hectares

localizado às margens da rodovia GO 341, a 430 quilômetros da capital goiana,

Sudeste do Estado (Figura 1). Do total da área, 23 hectares foram destinados à

reserva legal. A área construída soma 55 mil m². A unidade é composta de dois

abatedouros, um incubatório e uma fábrica de rações, que ocupa 200 mil m². O

incubatório, instalado em uma área de 4,5 mil m2, tem capacidade para 209 mil

ovos/semana. A obra representa o mais moderno conceito em tecnologia de

incubação e biossegurança.

O projeto de arquitetura e engenharia do novo complexo foi

elaborado pela Herwig Shimizu Arquitetos, de Blumenau (SC), especializada

em plantas agroindustriais. Todo o empreendimento conta com as mais

modernas soluções que visam obter máxima produtividade e excelência em

biossegurança e contribuir para a preservação do meio ambiente. Os

equipamentos, de última geração, foram importados de fabricantes europeus,

canadenses, americanos e japoneses, já que grande parte deles ainda não

estava disponível no país.

Figura 1. Vista aérea do complexo agroindustrial BRF Brasil Foods - Unidade Mineiros. Fonte: BRASIL FOODS (2010).

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A região de Mineiros foi dividida ao meio, tomando-se como base a

barreira natural formada pelo rio Verde, que passa próximo à cidade. De um

lado foram instalados os módulos para produção de frango/Chester®, que hoje

também estão sendo utilizados para a produção de perus e do outro, os

diferentes sistemas de produção de perus, que também são separados em

microrregiões, criando uma espécie de barreira sanitária. A disposição das

rodovias locais ajudou nesse planejamento. Tanto os caminhões de transporte

quanto as equipes de assistência técnica seguem rotas diferentes para realizar

seu trabalho, garantindo, assim, os mais rigorosos padrões em sanidade.

As distâncias mínimas entre diferentes núcleos de criação foram

estabelecidas seguindo as recomendações estabelecidas na Instrução

Normativa nº 4/1998 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(Tabela 1).

Tabela 1. Distância mínima entre estabelecimentos avícolas

Estabelecimentos Distancia mínima (m)

Entre Granja e Abatedouro 5.000

Entre Bisavozeiro e Avozeiro 5.000

Entre matrizeiros 3.000

Entre núcleos e limites periféricos da

propriedade 100

Entre núcleo e estrada vicinal 500

Entre núcleos de diferentes idades 500

Entre recria e produção 500

Fonte: MAPA (1988).

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3. ATIVIDADES REALIZADAS

A empresa tem como política a adoção de programas que visam

principalmente a qualidade do produto final, tais como o Programa 5 S, BPF

(Boas Praticas de Fabricação), BEA (Bem Estar Animal) e TLT (Treinamento

no Local de Trabalho)

No decorrer do estágio foram acompanhadas as atividades

desenvolvidas dentro destes programas. Também foi acompanhado o manejo

de produção desde a incubação dos ovos, alojamento e manejo no SIP e STP

até o abate.

3.1. Programa 5 “S”

O programa de qualidade total é uma questão de sobrevivência das

empresas e uma das principais ferramentas para aprimorar a gestão do

negócio. Representa um dos pilares para sustentação no mercado e os

empresários rurais inteligentes acreditam no poder deste importante

instrumento. O Programa 5 “S” Rural integra o Programa de Qualidade Total e

é uma filosofia de trabalho que busca promover a disciplina, por meio da

consciência e responsabilidade de todos, de forma a tornar o ambiente

agradável, seguro e produtivo, com a adoção de atitudes que geram melhorias.

É aplicado em indústrias, empresas, propriedades rurais organizadas,

hospitais, supermercados, escolas igrejas, farmácias, residências e outros

locais. Teve sua origem nos Estados Unidos da América, mas sua aplicação e

desenvolvimento foram iniciados no Japão, em 1940, após a segunda guerra

mundial, com o objetivo de auxiliar na reconstrução do país, pela mudança

cultural (BRASIL FOODS, 2010)

3.1.1 Programa 5 S na BRASIL FOODS

A partir de outubro de 2008, nas unidades de Rio Verde, Jataí e

Mineiros, foram implantadas avaliações que promovem acompanhamento

intensivo para evitar desperdícios de água e ração, problemas relacionados a

má conservação de equipamentos e instalações ocorridos nas granja da

integração. Durante as avaliações, são extraídas as não-conformidades citadas

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e com base nelas, tomam-se as decisões cabíveis, envolvendo sempre os

maiores beneficiados que são os produtores e seus familiares. A avaliação dos

cinco sensos é realizada junto com a visita técnica e, desta forma concilia-se a

mesma com a visita e o Treinamento no Local de Trabalho (TLT). Cada granja

recebe ao longo do ano, seis avaliações do Programa. O bem-estar no

ambiente de trabalho também influencia diretamente na rotatividade nas

granjas, que é menor quando a empresa rural reconhece, valoriza o capital

humano e a importância de se trabalhar em parceria dentro do modelo cultural

da Brasil Foods, onde o estilo de negociação é o “ganha-ganha”, ou seja, se a

família rural vai bem, todos vão bem.

O nome 5 S vem das iniciais de cinco palavras de origem japonesas,

que foram traduzidas para o nosso idioma como:

SEIRI – Senso de Seleção

SEITON – Senso de Ordenação

SEISO – Senso de Limpeza

SEIKETSU – Senso de Bem-Estar

SHITSUKE – Senso de Autodisciplina

1º SENSO – SENSO DE SELEÇÃO

Consistem na cultura de separar os materiais e equipamentos

desnecessários a cada ambiente de trabalho, dando um destino aos que

deixam de serem úteis.

2º SENSO – SENSO DE ORDENAÇÃO

Consiste na cultura de ordenar e guardar materiais e equipamentos

de acordo com a facilidade de acessá-los, levando-se em consideração a

freqüência de uso, o tipo, o peso, a real necessidade, como também a

seqüência lógica já praticada. O que menos se usa fica mais afastado do

ambiente.

3º SENSO – SENSO DE LIMPEZA

Consiste na cultura da eliminação sistemática da sujeira, das

matérias orgânicas, não permitindo aumentar sua presença no ambiente e

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inspecionando para descobrir e atacar as fontes de aumento ou intermitente

das sujeiras.

4º SENSO – SENSO DE BEM-ESTAR

Consiste na cultura de que, para se ter saúde, é necessário

conservar a higiene física e mental, gostar da vida, do próprio corpo e do

ambiente de trabalho.

5º SENSO – SENSO DE AUTODISCIPLINA

Consiste na cultura de que disciplina é fazer cumprir

adequadamente as normas e Procedimentos Operacionais (P.Os.) dos

processos de produção e biossegurança, com companheirismo, ética e

compromisso pessoal.

3.2. Boas Práticas de Fabricação - BPF

As Boas Práticas de Fabricação (BPF) abrangem um conjunto de

medidas que devem ser adotadas pelas indústrias de alimentos a fim de

garantir a qualidade sanitária e a conformidade dos produtos alimentícios com

os regulamentos técnicos. A legislação sanitária federal regulamenta essas

medidas em caráter geral, aplicável a todo o tipo de indústria de alimentos e

específico, voltadas às indústrias que processam determinadas categorias de

alimentos (ANVISA, 2002).

3.3. Bem Estar Animal - BEA

A BRF adota um programa de bem estar animal para atender

exigências de mercado, no qual visa sempre o melhor para as aves. Equipes

são treinadas para aprenderem praticas de manejo que proporcionem sempre

qualidade de vida aos animais.

O conceito de bem-estar animal está também diretamente

relacionado com a forma de alojamento e, por sua vez, medido sob a forma de

índices de mortalidade, agressões individuais, canibalismo e doenças

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respiratórias (LIMA et al., 2004). Os autores afirmam ainda que o alojamento de

grande número de animais no mesmo ambiente leva a um desequilíbrio social

e limitações de movimento e liderança, que geram desconforto e estresse de

ordem social. Por outro lado, as atividades regulares de manejo são também

relacionadas pelos novos princípios de bem-estar, tais como a debicagem, que,

quando mal feita pode acarretar problema de bem-estar durante a vida útil da

ave.

O Livro Branco sobre a Segurança dos Alimentos, da Comissão das

Comunidades Européias (2001), relata no item Saúde e Bem-Estar dos

animais, que as questões de bem-estar devem integrar de maneira mais

completa este tema, a medida em que a política de segurança dos alimentos

seja diretamente afetada.

De acordo com LIMA et al., (2004) são consideradas as bases do

bem estar animal assegurar-lhes as seguintes liberdades:

1. Liberdade de movimento e de expressar comportamento normal, inerente a

sua espécie;

2. Liberdade de não passar fome ou sede ou de ser mal nutrido;

3. Liberdade de não passar estresse físico ou térmico;

4. Liberdade de não estar exposto a doenças e mal tratos;

5. Liberdade de não passar medo.

As “cinco liberdades” foram originalmente desenvolvidas pelo

Conselho do Bem-Estar de Animais de Produção do Reino Unido (Farm Animal

Welfare Council – FAWC) e oferecem valiosa orientação para o bem-estar

animal. Elas são internacionalmente reconhecidas e foram ligeiramente

adaptadas desde a sua formulação.

3.4. Treinamento Local de Trabalho - TLT

O TLT é feito com todos que participam de atividades na empresa e

visa a compreensão, quanto a organização e padronização dos procedimentos

executados.

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O treinamento prático e teórico é a descrição de tarefas, de acordo

com as exigências da empresa. Todo integrado recebe uma pasta contendo

todos os procedimentos, forma de executar, como e quando. O extensionista é

quem faz o treinamento avaliando o granjeiro, e o classifica em apto ou em

treinamento (caso ainda não esteja apto a desenvolver certa tarefa).

3.5. Incubação

O incubatório da unidade de mineiros é instalado em uma área de

4,5 mil m2, tem capacidade para 209 mil ovos/semana. A obra representa o

mais moderno conceito em tecnologia de incubação e biossegurança.

Atualmente, estão sendo incubados cerca de 26 mil ovos por semana.

As atividades no incubatório são executadas em ambientes distintos

sendo o fluxograma estabelecido a partir da plataforma de recepção, sala de

ovos, sala de incubação, nascedouro, sala de sexagem e sala de espera.

3.5.1. Sala de ovos

Os ovos chegam dos aviários de matrizes limpos e selecionados e

são classificados como brancos, areia, bons ou de riscos (botados fora do local

apropriado para a desova). Ovos de postura de chão ou que passaram por

algum tipo de limpeza, devem ser de preferência incubados separados, pois o

risco de apodrecimento é maior, levando à contaminações das incubadoras.

Após a chegada são estocados na sala de ovos em carros com

capacidade para 3276 ovos distribuídos em 26 bandejas por um período de

três a cinco dias como um mínimo de três dias para descanso a uma

temperatura de 18,5°C e variação de 0,5°C com umidade relativa de 70% com

10% de variação. Estes dados importantes para que não haja diminuição na

taxa de eclosão.

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3.5.2. Salas de Incubação

O incubatório conta com quatro salas de incubação contendo oito

incubadoras em cada com capacidade de 26.208 ovos por unidade alojados

em badejas que giram a cada 50 minutos a uma temperatura de 37,6 °C com

81% de umidade sendo desinfetados com Pharmaceptico plus a cada 12 horas,

pelo método de fumigação.

Os ovos ficam na incubadora por um período de 25 dias, sendo no

15º dia realizado a ovoscopia para determinar o índice de fertilidade do lote.

Esse procedimento consiste em colocar os ovos contra uma fonte de luz, de

preferência estando em um local escuro, com isso observa-se o interior do ovo

e por consequência a presença ou não do embrião, determinando assim o

índice de fertilidade do lote.

Ao final dos 25 dias na incubadora os ovos são retirados para a

vacinação contra Bouba aviária e Rinotraqueite. Em uma sala climatizada a

25°C a máquina de vacinação (Figura 2) contendo 63 agulhas injeta 0.005 ml

de vacina em cada ovo, podendo variar de acordo com a composição e

recomendações do fabricante. Após a vacinação os ovos são levados para os

nascedouros.

Figura 2. Máquina de vacinação. Fonte: BRASIL FOODS (2010).

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3.5.3. Nascedouro

No nascedouro os ovos ficam mais três dias a uma temperatura de

36,8°C e umidade relativa de 60 a 75%.

A troca de ar dentro do nascedouro ocorre através do damper, este

deve estar aberto 10% aumentando gradativamente até a eclosão.

3.5.4. Sala de Sexagem

Após a eclosão os peruzinhos são encaminhados para uma sala

climatizada e com luminosidade reduzida, para a realização da sexagem, feita

através da cloaca. As aves são separadas em caixas verdes (machos) e

amarelas (fêmeas) contendo 60 aves em cada uma.

3.5.5. Sala de espera ou penumbra

As caixas são empilhadas e encaminhadas para uma sala escura e

então carregadas em caminhões e levadas aos aviários dos SIP.

3.6. MANEJO NO SISTEMA INICIADOR DE PERUS – SIP

O sistema de produção de perus é dividido em duas fases, uma fase

de iniciação e outra de terminação. Na fase inicial os peruzinhos são alojados

com um dia de vida permanecendo ate 28 a 32 dias.

Atualmente o SIP conta com 13 integrados e 24 núcleos, cada

núcleo é composto por dois aviários (Figura 3). O desempenho das aves é

acompanhado por extensionistas que visitam as propriedades orientando

integrados e granjeiros.

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Figura 3. Vista aérea aviário SIP. Fonte: BRASIL FOODS (2010).

A fase inicial é a mais importante para o desenvolvimento das aves,

por isso, deve ser estimulado o consumo de água e ração e oferecer uma boa

ambiência para não comprometer o crescimento das aves, tornando-as aves

saudáveis e que consigam atingir as metas desejadas pela empresa.

3.6.1. Instalações e equipamentos

Cada núcleo do SIP possui dois aviários que medem 12.8 m de

largura por 100 m de comprimento, sempre enumerados, sendo ímpares para

produção de machos e pares para produção de fêmeas.

Quanto aos equipamentos, os aviários possuem 480 bebedouros do

tipo nipple divididos em três linhas paralelas e 224 comedouros de

abastecimento automático abastecidos por um silo de 12000 Kg (Figura 4),

localizado na parte externa do aviário.

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Figura 4. Silo do SIP. Fonte: BRASIL FOODS (2010).

Um bom sistema de alimentação, além de atender as necessidades

da ave, deve ser de baixo custo, pouca manutenção e priorizar a economia de

mão de obra (SILVA, 2006).

O controle da ambiência é feito através de ventiladores, utiliza-se

pressão positiva e cortinas azuis, um painel de gás com sondas de

temperatura, umidade e termostato controlam a temperatura.

3.6.2. Pré-alojamento

Antes de serem alojados os aviários do SIP passam por uma

inspeção para receberem os peruzinhos. A cama feita de maravalha ou casca

de arroz deve estar macia, sem a presença de cascões, nem muito seca e nem

muito úmida. O ambiente é climatizado para atingir uma temperatura de

aproximadamente 30°C, os bebedouros e comedouros são regulados de

acordo com o tamanho das aves para facilitar ao máximo a ingestão de água e

alimentos, contudo para estimular o consumo utiliza-se cartelas de ovos

abastecidas de ração manualmente espalhadas por todo aviário (Figura 5).

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Folhas de papel colocadas embaixo dos bebedouros estimulam o consumo de

água, evitando assim mortes por desidratação.

Figura 5. Aviário SIP no pré-alojamento. Fonte: BRASIL FOODS (2010).

Para atingir a temperatura ideal utilizam-se 32 campânulas a gás por

aviário, aquecendo e evitando a variação de temperatura, estas devem ser

ligadas três horas antes da chegada das aves e reguladas na altura ideal.

Quando as aves chegam, por estarem apenas com um dia de vida

não necessitam ocupar toda a extensão do aviário, então são montados

círculos de proteção, utilizando chapas de Eucatex pra restringir as aves em

uma área menor, deste modo há um maior controle de temperatura e

distribuição de alimento. Aves que chegam debilitadas são colocadas em uma

área de recuperação, e após se recuperar retornam junto aos demais. Aves

com problemas que impedem seu crescimento são eliminadas.

3.6.3. Alojamento

As aves chegam aos aviários do SIP para serem alojadas em

caminhões climatizados vindos do incubatório em caixas plásticas que são

rapidamente descarregadas.

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Cada caixa possui 60 aves e um número correspondente a quem fez

a sexagem e contou as aves no incubatório, através deste número à um maior

controle sobre a sexagem . Caixas verdes são peruzinhos machos e amarelas

são fêmeas. Após serem descarregadas são escolhidas 15 caixas

aleatoriamente para conferência da quantidade de aves. Caixas que possuem

números inferiores de aves são registradas na FAL (ficha de acompanhamento

do lote).

Após a conferência os peruzinhos são espalhados próximos as

linhas dos bebedouros (Figura 6) de forma homogênea para se hidratarem e

evitar o amontoamento.

Figura 6. Peruzinhos sendo espalhados próximo aos bebedouros. Fonte: BRASIL FOODS (2010).

Os primeiros dias de alojamento são criteriosos para o

desenvolvimento das aves, por isso é fundamental que granjeiros analisem o

comportamento destes a fim de evitar a mortalidade. Deve estar atento ao

consumo de água, ração e temperatura do ambiente. Barulhos, luzes, baixa

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temperatura ou objetos estranhos fazem com que os peruzinhos se amontoem

devido a sua curiosidade, e isso é uma das principais causas de mortalidade.

3.6.4. Acomodação

Na primeira noite dos perzinhos nos aviários é necessário que os

granjeiros os coloquem para dormir. Esse manejo é feito da seguinte forma: ao

entardecer, desligam-se as luzes dos aviários e com o auxilio de uma lanterna

caminha-se próximo as campânulas atraindo-os com a luz para próximo a elas,

para que fiquem bem acomodados de forma que não fique muitas aves em

algumas campânulas e poucas em outras.

Durante a primeira noite o manejo deve ser intenso, granjeiros

devem entrar no aviário várias vezes para evitar qualquer anormalidade,

evitando assim alta mortalidade.

3.6.5. Debicagem

A debicagem é um procedimento feito para evitar o canibalismo

entre as aves, que por serem curiosas acabam ferindo umas as outras. É um

processo cirúrgico de corte e cauterização do bico das aves e constitui uma

das práticas de manejo mais importantes dentro da criação, visto que erros

neste processo afetam sobremaneira o desenvolvimento da ave e

conseqüentemente sua produtividade, interferindo negativamente em sua

viabilidade econômica (PAULA, 2007).

O processo é feito no segundo dia de vida, com a utilização de uma

máquina debicadora que cauteriza o bico superior das aves com tamanho de

dois a três milímetros (Figura 4). A parte cauterizada se desprende e cai após

alguns dias. O procedimento é feito por uma equipe terceirizada.

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Figura 7. Peruzinho debicado. Fonte: BRASIL FOODS (2010).

3.6.6. Arraçoamento

A ração fornecida no SIP é fabricada pela empresa e dividida em

duas fases, T1 inicial e T1 final. Do primeiro ate o 20° dia é oferecida a ração

T1 inicial, que se diferencia da outra pela sua textura e composição, uma ração

farelada para facilitar e estimular o consumo pelas aves. Após esse período é

oferecida a T1 final, uma ração peletizada (Tabela 2).

Existem diversos fatores que afetam o consumo do alimento, mesmo

ele estando à disposição de forma livre e em equipamentos adequados,

preliminarmente podemos resumir que o consumo do alimento é o resultado de

uma interação ampla entre a genética (diferentes linhagens), o ambiente, a

sanidade, a nutrição e o manejo (BUTOLO, 2010).

Quando se programa o alojamento se programa também as cargas

de rações oferecidas no núcleo. É gerada uma programação de rações que é

entregue aos granjeiros, e estes devem calcular se a quantidade programada é

necessária ou não, caso não seja deve ser feito o pedido ou cancelamento de

cargas na fábrica até as 11 horas da manhã do dia anterior a entrega. Ao

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chegar o carregamento de ração deve ser coletada uma amostra de 500

gramas que deve ser etiquetada e estocada por três lotes.

A ração é oferecida automaticamente nos comedouros e deve-se

estimular o consumo pelas aves.

Tabela 2. Consumo de ração de machos e fêmeas – SIP

Fonte: BRF BRASIL FOODS (2010).

3.6.7. Fornecimento de Água

Três caixas d’água garantem o abastecimento de água para as aves,

a água é oferecida a vontade em bebedouros do tipo nipple.

A qualidade da água é essencial para o desenvolvimento das aves,

por isso é feito o controle microbiológico através do uso de cloro. A água é

clorada através de pastilhas de cloro colocadas dentro do filtro de água do

aviário. O cloro deve estar sempre entre dois e quatro ppm por isso cada

aviário possui um kit de mensuração da quantidade de cloro na água. O

granjeiro coleta uma amostra de água dos bebedouros e adiciona Ortotolidina,

um reagente que muda a coloração da água variando de amarelo à vermelho-

alaranjado, medindo assim a quantidade de cloro na água de acordo com os

parâmetros do kit. A análise é feita diariamente e anotada.

Para estimular o consumo de água é feito o “flushing”. Aves

consomem menos água se caso esta estiver em temperatura elevada logo

comem menos. Segundo BUTOLO (2010) em temperaturas termoneutras, o

consumo de água corresponde aproximadamente ao dobro do alimento

ingerido. O flushing é a troca de água da tubulação diminuindo assim a

temperatura da água oferecida no aviário, é feito a cada duas horas por 15

Tipo de ração Idade Período Quantidade

g/aves

Consumo

diário (g)

T1I 1-20 dias 20 dias 590 30

T1F 21-32 dias 12 dias 1100 90

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minutos das oito horas da manha às 16 horas da tarde. Deve-se fechar o

registro de água do aviário e abrir a válvula para passagem direta, “esgotando”

a água quente da tubulação.

3.6.8. Regulagem de equipamentos

Além das caixas de ovos espalhadas em todo o aviário para facilitar

o consumo de ração das aves, os comedouros e bebedouros também devem

ser regulados de forma que facilite o consumo. Estes são regulados de acordo

com a idade e tamanho das aves, sendo assim, os comedouros na primeira

semana são colocados sobre a cama (Figura 8) e logo após esse período são

regulados de acordo com a altura das aves, mantendo um centímetro de ração

abaixo da borda na primeira semana e depois dois centímetros, evitando assim

o desperdício de ração.

Figura 8. Comedouro sobre a cama. Fonte: BRASIL FOODS (2010).

Os bebedouros são regulados de acordo com a altura das aves de

modo que facilite o consumo (Figura 9) e não molhe a cama. Sendo assim

durante os dez primeiros dias são mantidos na altura do papo e logo após na

altura do dorso dos animais.

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Figura 9. Bebedouro utilizado no SIP. Fonte: BRASIL FOODS (2010).

3.6.9. Manejo de Cama

A cama dos aviários do SIP, não diferente das demais, deve estar

sempre seca a ponto de não produzir poeira e não úmida pra evitar a produção

de gases poluente prejudiciais aos peruzinhos.

A qualidade da cama é responsável pelo acréscimo de produção de

gases dentro do interior do aviário, de maneira que, tanto a concentração como

o potencial de emissão, está vinculada a itens como umidade e pH, que por

sua vez são produto do ambiente interno. A presença e o metabolismo de

microorganismos presentes na cama são acompanhados por produção de

calor, liberação de CO2 e formação de amônia (FRANCO, 2008).

Cama molhada aumenta a emissão de gases, interferindo no

desenvolvimento das aves, com o excesso de gases e troca de ar deficiente, os

peruzinhos consomem menos água, logo comem menos, aumentando assim o

índice de mortalidade e refugo.

Por outro lado, cama muito seca, aumenta produção de poeira torna-

se prejudicial ao sistema respiratório das aves, levando as mesmas

conseqüências. Quando tem muita formação de poeira dentro do aviário, deve-

se ligar a nebulização com o intuito de umedecer a cama e reduzir a poeira.

A cama presente embaixo dos bebedouros às vezes molha e forma

cascões, então deve ser revolvida com o auxilio de um garfo, sempre evitando

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esse procedimento nos primeiros dias e de forma que não cause estresse nas

aves.

3.6.10. Manejo de Ambiência

O controle da ambiência é feito através do uso de ventiladores

exercendo pressão positiva, nebulizadores e cortinas azuis que estão sempre

abaixadas permitindo total entrada de ar. O controle da temperatura conta com

um painel de gás, termostato, sondas de temperatura e umidade.

Na fase inicial, por serem muito jovens, os peruzinhos não possuem

o sistema termorregulador desenvolvido por isso necessitam de ambiente com

a temperatura mais elevada, variando de 28 a 30°C. Essa temperatura é

alcançada com o uso de campânulas que são reguladas de acordo com a

idade das aves.

Durante a primeira semana de vida os perus precisam de um

microclima bastante uniforme. Isto é alcançado pelo correto manejo da

ventilação natural ou forçada (uso de exaustores) para que seja atingida uma

taxa de ventilação mínima. O uso de ventiladores axiais juntamente com o uso

de nebulizadores passa a ser importante a partir da oitava ou décima semana

de vida, quando a quantidade de calor armazenado na instalação é fator

determinante à taxa de ventilação a ser aplicada (UBA, 2004).

Na primeira semana as campânulas são ligadas durante 24 horas, já

na segunda semana a metade é desligada durante o dia e todas ligadas

durante a noite. Do 15º dia ao 18º apenas a metade é ligada durante a noite e

não se utiliza campânulas durante o dia. A partir do 19º desligam-se todas as

campânulas.

O painel controlador de gás através dos dois termostatos indica se

há necessidade de aumentar a temperatura dos aviários ou não.

3.6.11. Pesagem das aves

A pesagem das aves é feita semanalmente, sendo realizada aos

sete, 14, 21 e 28 dias de vida. Com auxílio de um círculo, as aves são

separadas de forma aleatória em três pontos distintos do aviário, pesando 1%

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do lote. São colocadas 20 aves por saco e pesadas com uma balança móvel. A

média dos pesos das aves é registrada na FAL.

O objetivo da pesagem é obter maior controle sobre o

desenvolvimento dos peruzinhos, sabendo assim, se estes estão atingindo o

peso esperado para determinada idade de acordo com sua linhagem.

3.6.12. Necropsia

A necropsia é um procedimento utilizado para identificação de

doenças em aviários ou somente para acompanhamento sanitário, devendo ser

sempre realizada afastada das demais aves, de preferência fora do aviário. O

sacrifício das aves é feito por deslocamento cervical.

No SIP a alta mortalidade no 4º dia é considera normal, pois animais

que não se hidrataram e nem se alimentaram sobrevivem por quatro dias

absorvendo o saco da gema. Ao fim desse período essas aves acabam

morrendo, não sendo necessário a necropsia.

Dependendo da suspeita clínica, a necropsia é direcionada aos

órgãos atingidos pela doença da qual se suspeita, o que de forma alguma,

inviabiliza um exame completo de todos os órgãos da ave. Segundo GUAHYBA

(2010) é recomendado que seja realizada a necropsia em aves recém

sacrificadas, pois as lesões encontradas em aves mortas (mesmo há algumas

horas) podem estar mascaradas por alterações post mortem.

Primeiramente na necropsia e feita a análise do trato respiratório,

incluindo traquéia e fossas nasais. Alterações nestes locais caracterizam

problemas na ambiência do aviário, como, excesso de poeira ou gases.

Logo após é realizada a análise do englúvio, moela e pró-ventriculo

o que caracteriza problemas na granulometria da ração. O coração é analisado

em suspeitas de pericardite, pulmões em suspeita de problemas respiratórios e

sacos aéreos e intestinos, em casos de aerosaculite e enterites,

respectivamente.

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3.6.13. Transferência para o STP

Após 28 a 32 dias no SIP as aves são transferidas para a

terminação nos aviários do STP. A transferência é feita em caminhões por uma

equipe terceirizada, e deve ser realizada de modo a evitar o estresse das aves

e garantir o bem estar animal. Geralmente ocorre na parte da manhã, e no dia

anterior ao entardecer, são desligados os comedouros para evitar que estejam

cheios na hora da transferência.

Sob a supervisão dos granjeiros e às vezes dos extensionistas as

aves são pesadas, é conferido o número de caixa descarregadas dos

caminhões, número de aves por caixa e quantidade de aves mortas no

carregamento.

Após a chegada do caminhão para a transferência, as linhas dos

bebedouros são levantadas para facilitar o manejo, as próprias caixas que

carregarão os peruzinhos são utilizadas como cercado para facilitar a apanha.

São colocadas 20 aves por caixa (Figura 10), confere-se 20 caixas de modo

aleatório e também sob a supervisão do responsável pela apanha, são

pesadas 20 caixas por aviário.

Figura 10. Apanha dos perus para transferência Fonte: BRASIL FOODS (2010).

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No momento da transferência deve ser preenchido o romaneio

com data, nome do integrado, idade da matriz, idade, sexo, quantidade de

caixa, número de aves transferidas, peso médio e mortalidade. O romaneio é

assinado pelo granjeiro do SIP e entregue ao granjeiro do STP para controle do

lote.

3.7. MANEJO NO SISTEMA TERMINADOR DE PERUS

O STP recebe as aves vindas dos criadores do SIP com

aproximadamente 30 dias, e recriam estas até a idade de abate, os machos até

atingirem o peso de 16,5 Kg com aproximadamente 125 dias, e as fêmeas ate

9,5 Kg com 108 dias.

Nessa fase de terminação, as aves recebem água e ração a

vontade, com a finalidade de ganhar peso. O objetivo é o maior ganho de peso

consumindo o mínimo de ração, atingindo as metas estabelecidas para sua

linhagem, sendo assim, quanto menor a conversão alimentar maior será os

benefícios para os criadores que são bonificados ao fim do lote.

Atualmente o STP conta com 77 integrados, que juntos formam 81

núcleos de terminação. Cada núcleo possui três aviários (Figura 11) destinados

sempre a criação de machos ou fêmeas e nunca os dois juntos como no SIP.

Há alguns núcleos com quatro aviários que foram construídos para a criação

de Chester®, porém hoje foram adaptados a criação de perus.

Figura 11.Vista aérea dos aviários do STP. Fonte: BRASIL FOODS (2010).

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3.7.1. Instalações e equipamentos

A estrutura dos aviários do STP é semelhante a estrutura do SIP,

porém com algumas modificações devido a idade das aves e suas diferentes

exigências.

As granjas seguem um mesmo padrão de construção. Cada granja

possui uma barreira sanitária e são cercadas por cercas de arame liso e cerca

viva. O projeto de arborização é composto por uma linha de Mimosa

caesalpineafolia (Sansão do campo) plantada junto à cerca que delimita o

núcleo, formando uma cerca viva. Externamente, circundando o núcleo,

encontram-se três linhas de Eucalyptus globulus (Eucalipto) que funcionam

como um quebra vento. Dispostas ao lado do aviário, a uma distância de cinco

metros, encontram-se duas fileiras de Azadirachta indica (Nim indiano), cuja

função é o sombreamento dos aviários.

Os aviários medem 1600 m², sendo 12,8 m de largura por 125 m de

comprimento, feitos em estrutura de concreto, telhado feito em laminas de

alumínio, e telas laterais.

O sistema de nebulização é composto por 126 bicos nebulizadores

que fazem aspersão de água controlando a temperatura do ambiente. Cada

aviário conta com 1200 bebedouros do tipo nipple e 420 comedouros do tipo

tubular. São divididos por grades evitando assim o agrupamento dos animais e

favorecendo o controle de doenças

Para o abastecimento de água cada núcleo conta com quatro caixas

d’água de 20000 litros cada totalizando 80000 litros, dois silos para o

abastecimento de ração, um maior com capacidade de 18000 kg e outro menor

de 6000 kg (Figuras 12 e 13).

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Figura 12. Caixas d’água Fonte: BRASIL FOODS (2010).

Figura 13. Silos de ração. Fonte: BRASIL FOODS (2010).

A ambiência é controlada por ventilação tipo túnel, com pressão

negativa, que consiste em uma entrada de ar no fundo do aviário e sete

exaustores na frente. Não há uso de campânulas para aquecimento, pois

devido a idade das aves, estas já possuem seu sistema termorregulador

desenvolvido, portanto necessitam de uma menor temperatura pra seu conforto

térmico.

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3.7.2. Preparação dos aviários para alojamento

Para o alojamento, os aviários devem ser preparados previamente

para dar o maior conforto e evitar ao máximo o estresse das aves. O

extensionista responsável pelo núcleo faz uma visita pré-alojamento verificando

as condições gerais da granja.

A cama seja ela nova ou reutilizada deve estar seca, nivelada e sem

a presença de cascões. Comedouros e bebedouros devem estar abastecidos e

a ambiência já controlada. A linha de bebedouros próxima ao portão de

desembarque das aves deve ser levantada para facilitar o manejo e a outra já

regulada de acordo com o tamanho das aves.

Para evitar que as aves gastem energia e percam peso andando

toda a extensão do aviário, são colocadas grades restringindo o espaço que

posteriormente são retiradas.

Para a recuperação de aves debilitadas é construído uma área

restrita onde aves com chances de recuperação são mantidas até se

recuperarem e posteriormente voltam para junto das outras, aquelas que não

são viáveis são descartadas.

3.7.3. Alojamento

Após o aviário estar apto para o alojamento das aves, os caminhões

são descarregados por uma equipe terceirizada (Figura 14), e o granjeiro fica

responsável por todo o procedimento.

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Figura 14. Alojamento no STP. Fonte: BRASIL FOODS (2010).

É feita a conferência do número de caixas e a quantidade de aves

presente em 15 caixas, verifica-se também o número de aves mortas no

transporte e a quantidade de aves alojadas. Todas essas informações são

anotadas na FAL.

3.7.4. Ração

A ração oferecida no STP também é fabricada na fábrica de rações

da empresa, porém segue uma curva diferente quando se diz respeito a

machos e fêmeas.

Os machos recebem a ração T2B, T3B, T4B, T5B e T6B, esta última

é uma ração de terminação, sem qualquer promotor de crescimento, que deve

ser consumida durante dez dias antes do abate. As fêmeas consomem as

mesmas rações T2B, T3B e T4B, porém a ração de terminação é a T4 final

fêmea (Tabela 3).

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Tabela 3. Consumo de ração – STP

Tipo de

ave

Tipo

Ração

Idade

(dias)

Período

(dias)

Quantidade

(g/ave)

Consumo

Diário(g)

Fêmea

STP

T2B 33-49 17 2560 160

T3B 50-74 25 6635 275

T4B 75-86 12 4000 360

T4 final 101-112 12 3967 360

Macho

STP

T2B 33-49 17 2800 175

T3B 50-74 21 6200 260

T4B 75-91 21 8300 520

T5B 92-114 23 10300 470

T6B 115-125 11 8100 810

Fonte: BRF BRASIL FOODS (2010).

3.7.5. Regulagem de equipamentos

Os equipamentos devem ser regulados de acordo com a altura das

aves que varia dependendo da idade com que elas chegam aos aviários do

STP (Figura 15).

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Figura 15. Comedouro do STP. Fonte: BRASIL FOODS (2010).

Os parâmetros estabelecidos para regulagem dos bebedouros

baseiam-se em uma altura em que as aves não levantem o corpo para alcançar

a taça e assim não molhe a cama. Para estimular o consumo de água, os

bebedouros devem estar sempre limpos e desinfetados e o flushing deve ser

feito, oferecendo sempre água limpa e fresca.

Os comedouros são regulados de forma que evite o desperdício de

ração, para isso abas são colocadas quando as aves atingem 4,5 Kg o que

ocorre aproximadamente na sétima semana, buscando cada vez mais a menor

conversão alimentar. Para estimular o consumo os comedouros são manejados

vários vezes ao dia nas primeiras semanas.

3.7.6. Manejo de ambiência

Para se manter uma boa ambiência, os aviários contam com

ventilação do tipo túnel, que consiste basicamente em duas entradas de ar na

lateral do fundo do aviário e sete exaustores na parede oposta (Figura 16), o

restante é fechado com lona e totalmente vedado, deve-se evitar qualquer

entrada falsa de ar, como furos e rasgos. Os exaustores que trabalham

divididos em três grupos succionam o ar renovando-o a uma velocidade de

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aproximadamente 3 m/s e são ativados automaticamente através da

programação do painel de controle.

Figura 16. Sistema de ventilação mecânica por exaustão. Fonte: União Brasileira de Avicultura, 2004.

A umidade relativa do ar é medida através de sondas que enviam

informações para o painel de controle, assim a nebulização é ativada quando

necessária, variando de 45 a 85%.

Segundo NASCIMENTO & SILVA (2009), as aves são animais

homeotermos, ou seja, mantêm sua temperatura corporal relativamente

constante (aproximadamente 41ºC), mas possuem como característica a

ausência de glândulas sudoríparas, o que dificulta as trocas de calor com o

ambiente. Sendo assim é imprescindível manter uma boa ambiência nos

aviários para se obter bons resultados.

3.7.7. Manejo de cama

A cama deve ser sempre manejada de forma que se apresente seca,

sem a presença de cascões. Devido ao uso intenso de nebulizadores nos

aviários do STP a umidade da cama pode aumentar, deixando-a compactada.

Bebedouros mal regulados também podem prejudicar a qualidade da cama,

favorecendo a formação de cascões. A cama pode ser reutilizada até quatro

vezes, dependendo da qualidade da mesma e das recomendações do

extensionista.

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Quando se observa a compactação em todo o aviário a cama deve

ser revolvida com o auxílio de um trator (Figura 17). Recomenda-se que esse

procedimento seja feito sempre pela manhã para evitar que as aves se

estressem e com exaustores e nebulizadores ligados evitando poeira.

Deve-se evitar revolver a cama com o uso de trator quando as aves

estão com idade superior a 80 dias, devido à lotação do aviário. Este é um

período crítico para o desenvolvimento de doenças respiratórias que podem ser

causadas pelo excesso de poeira. Neste período cama deve ser revolvida

apenas embaixo dos bebedouros com o auxilio de um garfo.

Áreas muito úmidas ou encharcadas devem ser removidas e uma

nova cama deve ser colocada no local. Segundo PAIVA (2005), a umidade

favorece a proliferação de moscas podendo causar transmissão de doenças

para as aves e humanos, além de desconfortos para os operários.

Figura 17. Cama sendo batida com auxilio de trator. Fonte: BRASIL FOODS (2010).

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3.7.8. Pesagem das aves

Assim como descrito no SIP as aves também devem ser pesadas

(Figura 18) semanalmente para se obter um maior controle sob o

desenvolvimento do lote, sabendo assim se estão atingindo as metas

programadas. Para a pesagem é feita uma amostragem de 1% do lote

escolhidos aleatoriamente no inicio, meio e fim do aviário, pesando-se as aves

individualmente. É feito uma media de pesos que devem ser registrados na

FAL e passados aos extensionistas.

Figura 18. Pesagem das aves. Fonte: BRASIL FOODS (2010).

3.7.9. Eliminação das aves

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A eliminação das aves é um procedimento que visa sempre o bem

estar e a rentabilidade do lote.

Aves com lesões graves, fraturadas ou que estão fora do padrão do

lote e sem chances de recuperação são eliminadas. A eliminação segue

padrões do BEA, sendo feita sempre fora do aviário e longe das outras aves.

A eliminação é feita manualmente (Figura 19) ou com o kit

eliminador (Figura 20), ambos por deslocamento cervical. Aves que são

eliminadas com o kit são colocadas em um saco de contenção para evitar que

se debatam e logo após abatidas. A causa da eliminação deve ser registrada

na FAL.

Figura 19 – Método manual de eliminação. Fonte: BRF BRASIL FOODS (2010).

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Figura 20. Kit eliminador. A: Saco de contenção B: deslocamento cervical. Fonte: BRASIL FOODS (2010).

3.7.10. Jejum pré-abate

Uma das maneiras de diminuir a contaminação no abatedouro é

submeter as aves a um período de jejum alimentar antes da apanha,

carregamento e transporte. Durante o período de jejum, o trato digestivo é

esvaziado e com isso haverá menor quantidade de material contaminante no

abatedouro (LYON et al. 1991).

O maior custo de produção no STP é a ração, por isso quando não

se faz o jejum pré abate uma grande quantidade de ração não digerida é

desperdiçada durante a evisceração.

O tempo indicado para o jejum é de seis horas, este tempo deve ser

suficiente para que não haja perda de peso excessiva e nem contaminação no

abatedouro.

B A

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Ao saber a data e horário do abate o extensionista informa ao

granjeiro a hora correta para iniciar o jejum, sendo assim, a ração dos

comedouros é cortada de forma que ao iniciar o jejum os comedouros estejam

vazios evitando a sobra. A água é mantida disponível para as aves até o

momento da apanha.

3.7.11. Carregamento das aves

O carregamento das aves é feito por uma equipe terceirizada,

seguindo sempre as normas do BEA.

A equipe entra no aviário e deslocam as aves para a porta de saída

que são colocadas em uma esteira e conduzidas até o caminhão (Figura 21).

Ao final da esteira outros membros da equipe acomodam as aves em gaiolas

que são transportadas até o abatedouro.

Figura 21. Carregamento de aves para o abate. Fonte: BRASIL FOODS (2010).

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4. BIOSSEGURIDADE

Segundo BEAL (2009), todo ambiente localizado dentro das cercas

de delimitação do núcleo e da barreira sanitária deve ser considerado “limpo” e

tudo o que estiver fora deve ser considerado “sujo”. Pessoas, equipamentos,

materiais de consumo, objetos em geral, qualquer coisa que venha entrar na

área “limpa” deve passar por medidas de controle adequadas para impedir a

possibilidade de contaminar a área interna do núcleo.

É de fundamental importância que os produtores conheçam como

está a sanidade das outras granjas situadas próximas a sua, de forma a adotar

as medidas mais apuradas de precaução.

As principais medidas de prevenção adotadas pela BRF de mineiros

são:

Permitem-se somente visitas extremamente necessárias e, mesmo

assim, adotar um período de quarentena de, pelo menos, 72 horas quando o

visitante teve contato com outras aves selvagens, aves criadas em fundo de

quintal ou aves de um nível acima da cadeia produtiva, ou seja, se o visitante

entrar em um núcleo do SPT, exige-se a quarentena para que este possa

entrar em um núcleo do SIP e assim sucessivamente, evitando assim a

contaminação dos demais aviários.

Restringe-se o máximo possível o movimento de equipamentos e

trabalhadores entre aviários, núcleos ou granjas. Estes movimentos devem

obedecer a períodos de quarentena que dependem da idade do lote e também

da condição sanitária.

Núcleos e granjas são dotados de locais apropriados para banhos e

troca de roupas. A limpeza e desinfecção dos calçados (figura 21) devem

sempre ser feitas antes de entrar nos aviário em solução desinfetante e cal.

O procedimento correto para o banho antes de entrar em qualquer

núcleo obedece a seguinte ordem:

1. Molhar muito bem todo o corpo

2. Ensaboar os cabelos e, em seguida todo o corpo principalmente

as axilas e partes púbicas

3. Escovar as unhas das mãos e pés (30 segundos).

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4. Assoar o nariz e fazer bochecho durante o banho.

5. Enxaguar os cabelos e o corpo.

*O tempo mínimo de banho de ser de cinco minutos.

Todos são conscientizados sobre a importância de não criar aves

em suas casas e, em caso de contato com aves de vizinhos ou amigos, jamais

retornarem à granja com a mesma roupa ou mesmo calçado.

O controle de roedores, insetos e animais silvestres também é uma

importante tarefa de biosseguridade das granjas. O controle é feito através de

armadilhas com iscas distribuídas por todo o núcleo que são verificadas a cada

15 dias.

Figura 22. Pedilúvio para desinfecção de calçados. Fonte: BRASIL FOODS (2010).

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estágio na BRF me proporcionou a oportunidade de adquirir um

grande conhecimento sobre a criação de perus e conhecer o funcionamento de

uma grande empresa.

A rotina de trabalho junto aos extensionistas mostrou que a empresa

funciona como engrenagens, necessitando da influência mútua de integrados,

extensionistas e granjeiros.

Apesar das dificuldades enfrentadas no setor devido ao mercado

avícola a produção de perus é um negocio rentável, porém deve-se trabalhar

com o objetivo de reduzir custos, adotando sempre o melhor manejo e nunca

se esquecer do bem estar animal.

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6. REFERÊNCIAS

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Disponível em <http://www.anvisa.gov.br/alimentos/bpf.htm>. Acesso em 10 nov/2010.

2. BEAL, J. Informativo Dirigido ao Sistema de Integração da BRF – Brasil

Foods S/A. Serviço Rural BRF. Videira/Sc: Beal Media, p. 1-12. ed. mai/jun. 2009.

3. BULOTO, J.E. Comedouros - Tipo - Vantagens e Desvantagens.

Disponível em: <http://www.avisite.com.br/cet/trabalhos.asp?codigo=14>. Acesso em 04 nov/ 2010.

4. BUTOLO, A. E. Água - Importância e Qualidade. Disponível em

<http://www.avisite.com.br/cet/trabalhos.asp?codigo=1>. Acesso em 10 nov/ 2010.

5. FRANCO, A. P. G. RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA ÁREA: SISTEMA PRODUÇÃO PERU. 2008. Relatório de Estágio. Universidade Federal do Paraná – UFPR. Curitiba/ PR.

6. GUAHYBA, A. da S. Necropsia em Avicultura. Disponível em

<http://www.fortdodge.com.br/fd/aves/bannerrevista/Revista%20Aves%204/novorumo.html>. Acesso em 10 nov/2010.

7. LIMA, A.M.C.; NÄÄS, I.A.; BARACHO M.S. et. al. Ambiência e bem-

estar. In MENDES, A.A.; NAAS, I.A.; MACARI, M. Produção de frangos de corte. Ed. Facta, 2004. Cap. 3, p.37-54

8. MEIRA, A. S. SANTOS, E.G. PEREIRA, J. P. G. et al. Manejo

Agroecologico De Perus Como Incremento Na Renda Familiar No Assentamento Queimadas/Pb. Campina Grande/ Areia, PB. 4º

Congresso de Ensino Agrícola Superior – 4º CONEAS. Nov/ 2009.

9. NASCIMENTO, S. T.; SILVA, I. J. O. ; RODRIGUES, V. C.; NUNES, M. L. A. Estudos preliminares de tolerância ao estresse térmico de duas linhagens comerciais de frangos de corte na sexta semana de produção. In: XVIII Congresso de Zootecnia, II Congresso Ibero-Americano de Zootecnia, 2009, Vila Real, Portugal. Livro de Comunicações, p. 474-

477.

10. PAIVA, D. P. Manejo da cama após a retirada do aviário para evitar a criação de moscas. Instrução técnica ao produtor: Embrapa suínos e aves [on line], Concórdia. 2006. Disponivel em:

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www.ns.cnpsa.embrapa.br/down.php?tipo=publicacoes&cod_publicacao. Acesso em: 15 Nov. 2010.

11. PAULA, G. A Importância de Debicagem. 2007. Disponível em: <http://www.agrosoft.org.br/agropag/26081.htm >. Acesso em 04 de nov/2010.

12. Público (2010). Avipa Avicultura Integral e Patologia Animal.

Campinas/ SP. Disponível em <http://www.avipa.com.br/arqs/a_arte_de_incubar1.pdf>. Acesso em 10 nov/2010.

13. UBA, União Brasileira de Avicultura. Relatório Anual 2009. Diponível

em: http://www.uba.org.br. Acesso em 12 de setembro de 2010.

14. SILVA, N. M. Cadeia produtiva de perus de corte planejamento e implantação. 2006. Monografia (Curso de Zootecnia oferecido pelo Instituto de Ciências Agrárias e mantido pelas Faculdades Integradas de Mineiros) – FIMES, Mineiros/ Goiás.