Relatório de Avaliação Ambiental dos Componentes do Programa · Sistema de Esgotamento...
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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo – SSE
Banco Internacional para Reconstrução
e Desenvolvimento - BIRD
Relatório de Avaliação Ambiental dos Componentes do Programa
Programa Mananciais
Junho de 2007
(Revisado em 15 de Junho de 2009)
E1684
V.10
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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INDICE
SUMÁRIO EXECUTIVO DO RELATÓRIO AMBIENTAL ....................................................... ii
1. APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. 2
2. MARCO LEGAL E QUADRO INSTITUCIONAL ................................................................. 4
2.1. Políticas de Salvaguarda do Banco Mundial ................................................................ 7
2.2. Legislação Ambiental Aplicável .................................................................................. 12
2.2.1. Legislação Federal .............................................................................................. 12 2.2.2. Legislação Estadual e Municipal ......................................................................... 14
2.3. Gestão e Controle Ambiental na Área de Abrangência do Programa ......................... 17
2.4. Licenciamento Ambiental ........................................................................................... 24
2.4.1. Licenciamento Ambiental do Programa ............................................................... 24 2.4.2. Licenciamento Ambiental das Ações do Programa .............................................. 24
2.5. Políticas de Compensação pelos Impactos Ambientais.............................................. 39
3. DESCRIÇÃO DO PROGRAMA MANANCIAIS ................................................................ 41
3.1. Objetivos do Programa .............................................................................................. 52
3.2. Critérios para a Definição do Conjunto de Intervenções do Programa ....................... 53
3.3. Arranjo Institucional .................................................................................................... 57
3.3.1. Estrutura Organizacional ......................................................................................... 57
3.3.2. Sistema de Gestão Ambiental ................................................................................. 60
3.3.3. Supervisão Ambiental de Obras .............................................................................. 62
3.4. Cronograma e Orçamento do Programa .................................................................... 63
4. CONTEXTO GERAL DO PROGRAMA MANANCIAIS ..................................................... 67
4.1. Área de Abrangência do Programa Mananciais ......................................................... 67
4.2. Elementos de Diagnóstico: Dinâmica Urbana e Aspectos Socioeconômicos da RMSP ............................................................................................................................... 70
4.3. Cenários Prospectivos: Projeções Populacionais e de Expansão Urbana .................. 76
4.4. Disponibilidades e Demandas de Água: Balanço Hídrico da Bacia do Alto Tietê ....... 88
4.5. Sistema de Esgotamento Sanitário e Projeções das Cargas Poluidoras .................... 95
4.6. Evolução da Qualidade da Água ................................................................................ 99
5. AVALIAÇÃO AMBIENTAL DAS AÇÕES DO PROGRAMA .......................................... 112
5.1. Impactos do Programa sobre a Dimensão Regional ................................................ 113
5.1.1. Efeitos Positivos ................................................................................................ 114 5.1.2. Efeitos Negativos .............................................................................................. 119 5.1.3. Recomendações e Medidas de Caráter Estratégico .......................................... 121
6. ALTERNATIVAS PARA O ENFRENTAMENTO DO QUADRO CRÍTICO E DOS RISCOS RELACIONADOS À OFERTA DE ÁGUA NA RMSP ........................................... 124
6.1. Exploração de Águas Subterrâneas ......................................................................... 124
6.2. Disponibilidades Hídricas em Bacias mais Distantes ............................................... 127
6.3. Remoção de Grande Parte da População Instalada em Sub-bacias de Mananciais ...................................................................................................................... 135
6.4. Ações Diretas em Corpos Hídricos Afluentes a Reservatórios de Mananciais e Sofisticação de Tecnologias Empregadas para o Tratamento da Água .......................... 138
6.5. A Opção do Programa Mananciais: Mitigação e Gestão de Conflitos entre Urbanização e Proteção de Mananciais da RMSP .......................................................... 141
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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7. PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL - PGA ..................................................................... 146
7.1. Ações e Medidas Previstas no PGA ......................................................................... 146
7.2. Sistema de Gestão Ambiental do Programa ............................................................. 150
7.2.1. Licenciamento Ambiental das Ações do Programa ............................................... 150
7.2.2. Arranjo Institucional e Sistema de Gestão Ambiental ............................................ 150
8. RESULTADOS DAS CONSULTAS PÚBLICAS ............................................................. 155
8.1. Fase de Preparação do Programa ........................................................................... 155
8.2. Fase de Implementação do Programa ..................................................................... 161
9. FICHA TÉCNICA ............................................................................................................ 163
ANEXOS ............................................................................................................................ 164
Anexo 1 - Anexo Ambiental – SSE ................................................................................... 164
Anexo 2 - Anexo Ambiental – SMA .................................................................................. 164
Anexo 3 - Anexo Ambiental – CDHU ............................................................................... 164
Anexo 4 - Anexo Ambiental – SABESP ........................................................................... 164
Anexo 5 - Anexo Ambiental – PMSBC ............................................................................. 164
Anexo 6 - Anexo Ambiental – PMG .................................................................................. 164
Anexo 7 – Consultas Públicas ......................................................................................... 164
Anexo 8 – Manual Ambiental de Construção .................................................................. 164
Anexo 9 – Fichas Ambientais .......................................................................................... 164
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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INDICE DE QUADROS
Quadro 2.01. Tipos de Intervenção e Requisitos para o Licenciamento Ambiental ............... 35
Quadro 3.01. Ações da SSE no Programa, por Componente ............................................... 43
Quadro 3.02. Ações da SMA no Programa, por Componente (* em processo de revisão pela SMA) ................................................................................................................ 44
Quadro 3.03. Ações da CDHU no Programa, por Componente ............................................ 44
Quadro 3.04. Ações da SABESP no Programa, por Componente ........................................ 45
Quadro 3.05. Ações da PMSBC no Programa, por Componente (* em processo de revisão pela Prefeitura Municipal) ......................................................................................... 46
Quadro 3.06. Ações da PMG no Programa, por Componente .............................................. 47
Quadro 3.07. Valor do Programa por Componente (US$ milhão) ......................................... 64
Quadro 3.08. Valor do Programa por Sub-Bacias de Intervenção (US$ milhão) ................... 64
Quadro 3.09. Valor do Programa por Tomador / Executor (US$ milhão)............................... 65
Quadro 4.01. Sub-Bacias, Municípios da Bacia do Alto Tietê e Áreas de Drenagem ............ 67
Quadro 4.02. Evolução da População no Município de São Paulo e na RMSP..................... 72
Quadro 4.03. Projeções de Crescimento Populacional na RMSP (2000-2025) ..................... 83
Quadro 4.04. População Total nas Sub-Bacias de Intervenção (2000) e Projeções Qüinqüenais do Crescimento Demográfico (2006-2021)** Cenário Tendencial .................... 85
Quadro 4.05. Disponibilidade Hídrica dos Mananciais e Capacidade das Estações de Tratamento do Sistema Integrado ......................................................................................... 91
Quadro 4.06. Demandas Médias e Máximas na Bacia do Alto Tietê (m3/s)........................... 92
Quadro 4.07. Projeções de Demandas Hídricas – Cenários Tendencial e Dirigido para a RMSP (2000-2020) – Vazões Médias em m3/s .................................................................. 92
Quadro 4.08. Demanda Média por Bacia (m³/s) do PBH-AT, por Cenário............................. 93
Quadro 4.09. Critérios para os Cenários de Demandas Médias para a RMSP (2000/2020) .......................................................................................................................... 93
Quadro 4.10. Projeções de Demandas para os Municípios com Sistemas de Abastecimento Isolados na RMSP – ETA ou Poços ............................................................. 94
Quadro 4.11. Capacidade Nominal da ETE, Vazão Tratada e Bacias Drenantes ................. 95
Quadro 4.12. Evolução do IQA segundo os Pontos de Captação Analisados ..................... 100
Quadro 4.13. IQA e IAP nas Captações da Bacia do Alto Tietê Avaliadas Média do Período 2002 a 2005 .......................................................................................................... 102
Quadro 4.14. Possíveis Relações de Causas e Efeitos ...................................................... 102
Quadro 5.01. Principais Efeitos do Programa sobre a Dimensão Regional ......................... 120
Quadro 5.02. Efeitos e Medidas Recomendadas para o Programa ..................................... 122
Quadro 6.01. Potencial Hídrico Subterrâneo da Bacia do Alto Tietê (Hirata & Ferreira, 2001) .................................................................................................................................. 125
Quadro 6.02. Disponibilidade dos Sistemas Produtores (m3/s) e Projeções de Incremento, segundo o Plano Diretor de Água da RMSP ................................................... 128
Quadro 6.03. Custos Estimativos de Implantação e de Operação dos Mananciais Alternativos ......................................................................................................................... 134
Quadro 7.01. - Descrição sintética da composição dos programas, sub-programas e projetos que compõem o Plano de Gestão Ambiental........................................................ 128
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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INDICE DE FIGURAS
Figura 2.01. Estrutura Organizacional da SMA ..................................................................... 20
Figura 2.02. Cronograma de Licenciamento Ambiental de Empreendimentos do Programa Mananciais ........................................................................................................... 27
Figura 2.03. Organograma e Estrutura de Licenciamento da SVMA ..................................... 30
Figura 2.04. Sistemática de Licenciamento da SVMA ........................................................... 31
Figura 3.01. Mapa das Intervenções do Programa – SSE e SMA ......................................... 48
Figura 3.02. Mapa das Intervenções do Programa – SABESP ............................................. 49
Figura 3.03. Mapa das Intervenções do Programa – PMSBC ............................................... 50
Figura 3.04. Mapa das Intervenções do Programa – PMG ................................................... 51
Figura 3.05. Intervenções do Programa – Matriz Multicritério ............................................... 57
Figura 3.06. Arranjo Institucional para a Implementação do Programa Mananciais .............. 59
Figura 4.01. Mapa de Localização (SP e RMSP) .................................................................. 68
Figura 4.02. Sub-bacias abrangidas pelo Programa - Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais - APRMs ................................................................................ 69
Figura 4.03. Expansão da Mancha Urbana (1974, 1985, 1992, 1997) .................................. 73
Figura 4.04. Mancha Urbana (2003) ..................................................................................... 74
Figura 4.05. Uso do Solo na bacia do Alto Tietê ................................................................... 75
Figura 4.06. Crescimento anual dos municípios do Programa Mananciais 1970_1980 ......... 77
Figura 4.07. Crescimento anual dos municípios do Programa Mananciais 1980_1990 ......... 78
Figura 4.08. Crescimento anual dos municípios do Programa Mananciais 1991_2000 ......... 79
Figura 4.09. Densidade Demográfica .................................................................................... 80
Figura 4.10. Níveis de Renda na RMSP ............................................................................... 81
Figura 4.11. Mapa com Localização de Favelas nas bacias Billings e na Guarapiranga ....... 82
Figura 4.12. Sistema Integrado de Esgoto da RMSP ............................................................ 97
Figura 4.13. Evolução do IQA nas Principais Captações das Sub-bacias Abrangidas pelo Programa Mananciais ................................................................................................. 100
Figura 4.14. Evolução da Carga de Fósforo Gerada na Bacia do Guarapiranga ................. 104
Figura 4.15. Evolução das Concentrações de Fósforo Total nos Tributários do Reservatório Guarapiranga ................................................................................................. 105
Figura 4.16. Evolução das Concentrações de Fósforo Total na Captação .......................... 106
Figura 4.17. Evolução da População na Bacia do Guarapiranga e IQA no Ponto de Captação ............................................................................................................................ 107
Figura 4.18. Evolução da População na Bacia do Guarapiranga e Materiais de Tratamento na ETA Alto da Boa Vista ................................................................................ 107
Figura 4.19. Evolução das Vazões de Água Bruta Tratada (Média Anual) na ETA Alto da Boa Vista ....................................................................................................................... 108
Figura 4.20. Evolução da Dosagem Total de Produtos Químicos (Média Anual) na ETA Alto da Boa Vista ........................................................................................................ 108
Figura 4.21. Evolução da Dosagem de Carvão Ativado em Pó (Média Anual) na ETA Alto da Boa Vista ................................................................................................................ 109
Figura 4.22. Evolução do Volume de Água e Materiais de Tratamento nas ETAs da RMSP ................................................................................................................................. 110
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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Figura 7.01. Ações e Responsabilidades Institucionais - SGA ............................................ 110
Figura 7.02. Responsabilidades Institucionais no Âmbito das Ações de Remoção e Reassentamento no Programa Mananciais ........................................................................ 110
SIGLAS E ABREVIATURAS
APA Área de Proteção Ambiental BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
BIRD Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento CDHU Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de
São Paulo CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental COFIEX Comissão de Financiamentos Externos
CP Contrapartida DAEE Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo EMAE Empresa Metropolitana de Águas e Energia
FECOP Fundo Estadual de Prevenção e Controle da poluição FPEDF Fundo de Participação dos Estados e Distrito Federal
FPM Fundo de Participação dos Municípios GESP Governo do Estado de São Paulo ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços MA Unidade de Negócio da SABESP - Produção ML Unidade de Negócio Leste da SABESP MN Unidade de Negócio Norte da SABESP MS Unidade de Negócio Sul da SABESP
ONG Organização Não Governamental PM’s Prefeituras Municipais
PMBM Prefeitura Municipal de Biritiba-Mirim PMC Prefeitura do Município de Cotia PMD Prefeitura do Município de Diadema PME Prefeitura do Município de Embu
PMEG Prefeitura do Município de Embu-Guaçu PMG Prefeitura Municipal de Guarulhos PMIS Prefeitura do Município de Itapecerica da Serra PMJ Prefeitura Municipal de Juquitiba PMM Prefeitura Municipal de Mairiporã
PMMC Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes PMRGS Prefeitura do Município de Rio Grande da Serra PMRP Prefeitura do Município de Ribeirão Pires PMS Prefeitura Municipal de Salesópolis
PMSA Prefeitura do Município de Santo André PMSBC Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo PMSLS Prefeitura do Município de São Lourenço da Serra PMSP Prefeitura do Município de São Paulo PMSu Prefeitura Municipal de Suzano RMSP Região Metropolitana de São Paulo
SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SERT Secretaria de Estado de Emprego e Relações do Trabalho SET Secretaria de Estado dos Negócios do Transporte SH Secretaria de Estado da Habitação SJ Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania
SMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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SOC.CIV. Sociedade Civil SADS Secretaria de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social SAAE Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Guarulhos
SANED Cia de Saneamento de Diadema SRHSO Secretaria de Estado de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras
SEMASA Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André SSE Secretaria de Estado de Saneamento e Energia SS Secretaria de Estado da Saúde
SSP Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública TESP Tesouro do Estado de São Paulo UGP Unidade de Gerenciamento do Programa
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
i
____________________________________________
SUMÁRIO EXECUTIVO DO
RELATÓRIO AMBIENTAL
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
ii
SUMÁRIO EXECUTIVO DO RELATÓRIO AMBIENTAL
1. Introdução
O presente sumário executivo do relatório de Avaliação Ambiental dos Componentes e
Ações do Programa de Saneamento Ambiental dos Mananciais do Alto Tietê – Programa
Mananciais foi concebido como forma de disponibilizar, de forma sucinta e objetiva, as
principais informações do Programa, como subsídio à análise do Banco Mundial, dos
órgãos ambientais e às discussões públicas.
O Programa Mananciais tem como principais objetivos contribuir para a proteção dos
mananciais de água para abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo - RMSP,
área de extrema escassez de recursos hídricos, mantendo suas condições operacionais
mediante iniciativas de ordenamento da ocupação de seu território e de melhoria da
qualidade de vida da população residente, particularmente no que diz respeito à infra-
estrutura sanitária e à habitação. Estes objetivos, vistos como indissociáveis, devem ser
perseguidos sob uma perspectiva de ações integradas.
A finalidade mais importante é a sustentabilidade ambiental das Áreas de Proteção e
Recuperação dos Mananciais - APRMs, afetada por diversos fenômenos urbanos que,
nas últimas décadas, comprometeram os níveis de salubridade destas áreas. Com efeito,
o melhor padrão de organização urbana e a melhoria da qualidade de vida da população
influem diretamente sobre os mananciais, o que implica a adoção de políticas que
permitam o acesso a serviços públicos de infra-estrutura sanitária e a condições de
habitabilidade que, a um só tempo, reduzam impactos de poluição e motivem a inclusão
social, alterando de forma gradativa, mas substantiva, a relação hoje difícil entre a
ocupação urbana e a manutenção dos mananciais para o objetivo do abastecimento
público.
2. Estratégia para Análise Ambiental do Programa
A análise ambiental do Programa Mananciais foi organizada de duas formas, que se
complementam: (i) na fase de preparação do Programa, foi realizada uma análise
ambiental seguindo as diretrizes ambientais do BIRD, tendo por base as informações
disponíveis nos estudos de concepção das obras previstas; (ii) na fase de execução do
Programa, serão obrigatoriamente realizados os estudos ambientais para as obras
previstas atendendo a legislação nacional e estadual, as regras de licenciamento
ambiental e as diretrizes ambientais do Banco Mundial, tendo por base as informações
detalhadas contidas nos projetos executivos que serão preparados nessa fase.
Os estudos e as licenças ambientais, na fase de execução, serão encaminhados ao BIRD
previamente à contratação das obras, conforme previsto no Acordo de Empréstimo.
3. Marco Legal e Quadro Institucional
O Programa Mananciais está em conformidade com o conjunto de leis e normas
nacionais e estaduais que disciplinam a questão dos recursos hídricos, meio ambiente e
uso e ocupação do solo, tanto no que diz respeito às diretrizes para o planejamento e a
gestão dos territórios em áreas de proteção aos mananciais quanto as regras para o
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
iii
licenciamento ambiental dos projetos e obras. Desde a preparação do Programa até a
sua fase de implantação e pós-obra, deverão ser seguidos todos os requisitos legais e
obtidas todas as licenças ambientais pertinentes, em respeito ao amplo esforço
empreendido pelo poder público nas últimas duas décadas para o ordenamento territorial
e a sustentabilidade dos mananciais da RMSP.
3.1. Atendimento à Legislação Nacional e Estadual
- Marco Legal
O Programa, desde a sua preparação, enquadra-se nas condições e exigências das
políticas e legislações relacionadas à proteção ambiental e ao ordenamento do uso e
ocupação do solo das áreas de mananciais, em especial, o Estatuto da Cidade (Lei
Federal 10.257/01); as Políticas Estaduais de Meio Ambiente (Lei Estadual 9.509/97) e
de Recursos Hídricos (Lei Estadual 7.663/91); Lei Estadual 9.866/97 (Lei de Proteção aos
Mananciais); Leis Estaduais 898/75 e 1.172/76 (disciplina o uso do solo para a proteção
dos mananciais, cursos e reservatórios de água e demais recursos hídricos e delimita as
APRMs); Lei Específica do Guarapiranga e respectivo regulamento (Lei Estadual
12.233/06 e Decreto Estadual 51.686/07); Planos Diretores Municipais e demais
legislações de caráter local com influência da organização territorial e urbana. Todos os
dispositivos legais citados foram analisados e considerados no processo de seleção e
detalhamento das intervenções e, também, na definição das premissas e estratégias que
justificam e orientam a existência do Programa.
- Marco Institucional
Na fase de preparação do Programa Mananciais, coube à SSE – Secretaria Estadual de
Saneamento e Energia a coordenação dos estudos e tarefas de organização e
detalhamento dos componentes e ações previstas, contando com o envolvimento de um
Conselho de Coordenadores formado por representantes das entidades executoras do
Programa. A execução das intervenções, a supervisão das obras e a implantação das
ações socioambientais serão empreendidas pelos executores mediante unidades de
gerenciamento local (UGLs), ficando a coordenação a cargo de uma UGP – Unidade de
Gerenciamento do Programa. Desde o planejamento até as fases de execução, operação
e pós-obra, contar-se-á com o envolvimento das comunidades locais, ONGs,
universidades, etc. no acompanhamento e avaliação, sobretudo por meio de reuniões nos
foros colegiados, tais como o Comitê de Bacia do Alto Tietê, os sub-comtês de bacia
hidrográfica e na Agência de Bacia do Alto Tietê.
- Marco Legal e Institucional para o Licenciamento Ambiental
Para o licenciamento ambiental, o Programa está de acordo com as legislações nacional
e estadual que definem as regras e procedimentos para o licenciamento e a gestão
ambiental das intervenções e empreendimentos, com destaque para as Resoluções
CONAMA 01/86 e 237/97, a Resolução SMA 42/94 (Estado de São Paulo) e as
Resoluções CADES 61/2001 e 69/2002 do Município de São Paulo e, também, as Leis
Estaduais 898/75 e 1.172/76; Lei Específica do Guarapiranga e respectivo regulamento
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
iv
(Lei Estadual 12.233/06 e Decreto Estadual 51.686/07), todas apoiadas nas diretrizes e
critérios da legislação ambiental brasileira.
A Secretaria Estadual de Meio Ambiente será o órgão licenciador para todas as
atividades e projetos que impliquem em impactos ao meio ambiente, excetuando-se os
empreendimentos habitacionais, que ficarão por conta do GRAPROHAB (também no
nível estadual) e os projetos circunscritos ao município de São Paulo, os quais poderão
ser licenciados pela SVMA por meio do CADES e DECONT. Uma vez que nem todas as
obras e intervenções do Programa Mananciais possuem um nível de detalhamento
compatível com as regras de licenciamento ambiental ou com as exigências do BIRD -
por não terem ainda avançado no nível de concepção ou de projeto de engenharia – as
modalidades de licenciamento poderão sofrer alterações, após definições oficiais dos
órgãos licenciadores sobre tais empreendimentos. Ainda sim, em todo o processo está
prevista a realização de consultas públicas, conforme preconiza a legislação ambiental.
3.2. Políticas de Salvaguarda do Banco Mundial
Pelas suas características, o Programa Mananciais recebeu do Banco Mundial a
classificação de Categoria Ambiental “A”, de acordo com as políticas de salvaguarda
correspondentes. As políticas de salvaguarda do BIRD referidas ao Programa incluem:
OP 4.01 - Avaliação Ambiental; OP 4.04 - Habitats Naturais; OP 4.11 – Recursos Físico –
Culturais; OP 4.12 - Reassentamentos Involuntários; e OP 4.37 – Segurança de
Barragens. Em relação às salvaguardas, podem ser destacados:
- Habitats naturais (OP 4.04): verificam-se áreas de 1a categoria e áreas de preservação
permanente (APPs) ao longo dos reservatórios e cursos d’água, as quais apresentam
diversos trechos degradados com ocupações urbanas, incluindo habitações de baixo
padrão construtivo, existindo, por outro lado, áreas preservadas e outras passíveis de
recuperação. Nessas áreas, a concepção das intervenções prevê a recuperação das
áreas já degradadas, mediante a remoção de famílias e, posteriormente à transferência,
a recuperação paisagística e ambiental. No caso das áreas parcialmente degradadas ou
ainda preservadas, a estratégia é proteger tais remanescentes através de ações de
recuperação e implantação de parques (incluindo parques lineares nas margens do
reservatório Billings), com vistas à preservação.
- Recursos Físico-Culturais (OP 4.11): não se verificam, na área de abrangência do
Programa, sítios arqueológicos ou histórico-culturais que justifiquem o tratamento
diferenciado nessa fase do Programa. No caso de descoberta fortuita de materiais e
vestígios de interesse histórico-científico, seguir-se-ão os procedimentos da legislação
nacional pertinente e dos órgãos e procedimentos para o licenciamento ambiental, sendo
incluídas no Manual Ambiental de Construção todas as instruções e regras para este
processo.
- População diretamente afetada pelas intervenções (OP 4.12): foi elaborado um
Marco Conceitual do Plano de Reassentamento Involuntário, elaborado de acordo com as
diretrizes e salvaguardas do Banco (OP 4.12) e, posteriormente, será desenvolvido e
implementado o Plano de Reassentamento de Famílias;
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- Segurança de Barragens (OP 4.37): as atividades do Programa não deverão interferir
na segurança e na operação das barragens dos reservatórios de abastecimento público.
Apenas as ações coordenadas pela Sabesp de desassoreamento das barragens nas
represas Paiva Castro (sub-bacia do Juqueri-Cantareira) e Isolina (sub-bacia do Baixo
Cotia) tenderão a influenciar o regime de operação, contribuindo, porém, com o aumento
da vida útil dos reservatórios.
É inerente à fase de implantação de infra-estrutura, a geração de impactos ambientais
negativos, mesmo quando visando a corrigir situações de degradação já instaladas,
sendo, portanto, necessário seu manejo com critérios e procedimentos adequados
constantes do manual ambiental de construção. Os impactos ambientais das obras do
Programa foram devidamente caracterizados na avaliação ambiental aqui empreendida,
constando dos Anexos do presente documento, o qual está organizado por Executor.
Desse modo, em cada Anexo, é apresentado um conjunto de ações, estudos e
programas para mitigar, atenuar e/ou compensar os impactos negativos e potencializar
aqueles efeitos positivos previstos. Estas ações, igualmente, constam dos respectivos
Anexos e dos respectivos Planos de Gestão Ambiental – PGA de cada Executor.
3. Descrição do Programa
O objetivo principal do Programa Mananciais é contribuir para a proteção dos mananciais
metropolitanos, propiciando, além disso, o ordenamento territorial e a melhoria da
qualidade de vida da população. Dadas as características das áreas de intervenção,
especialmente as sub-bacias da Billings e do Guarapiranga, onde são maiores os
impactos da ocupação, o Programa prevê a execução integrada de ações variadas, de
expansão e melhoria da infra-estrutura pública, de preservação ambiental e de natureza
social, além de estudos técnicos relacionados à qualidade da água e à gestão das sub-
bacias. Com isso, desdobram-se como objetivos específicos do Programa os seguintes
aspectos:
o correção dos principais fatores de poluição dos corpos d´água naturais;
o melhoria dos padrões de ocupação urbana;
o melhoria da qualidade de vida da população e atenuação da pobreza urbana;
o melhoria do padrão de desempenho operacional dos serviços públicos de infra-
estrutura;
o proteção e recuperação ambiental;
o contenção da ocupação inadequada e promoção de usos compatíveis com as
necessidades ambientais;
o desenvolvimento tecnológico e do processo de tratamento da água; e,
o gestão integrada das sub-bacias e estudos técnicos de interesse para esta gestão.
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
vi
Com base nesses objetivos, foram definidos os componentes e ações do Programa,
tomando por base um trabalho de preparação coordenado pela SSE – Secretaria de
Saneamento e Energia do Estado de São Paulo, através de uma UGP – Unidade de
Gerenciamento do Programa. Isto envolveu uma série de organizações participantes,
incluindo-se o próprio Governo do Estado, a Sabesp e os Municípios inseridos nas sub-
bacias de mananciais – como executores - e entidades colegiadas e da sociedade civil
organizada, estas consultadas durante o processo preparatório1.
Finalmente, a preparação do Programa levou à redação de uma Carta Consulta,
aprovada em maio de 2006, pela COFIEX – Comissão de Financiamento Externo, da
Secretaria de Assuntos Internacionais do Governo Federal.
O Programa Mananciais deve ser compreendido como parte de um conjunto mais amplo de intervenções coordenadas pelo Governo do Estado e pelas Prefeituras na área metropolitana de São Paulo, inter allia, cujas prioridades foram identificadas no Plano de Bacia do Alto Tietê (PBAT), no Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado (PMDI) no Plano Diretor de Abastecimento de Água da Sabesp (PDAA) e no Plano de Macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê. Este amplo programa, denominado Programa Metropolitano de Mananciais, inclui:
a) Programa Guarapiranga e Billings, cujo escopo contempla ações de desenvolvimento
urbano (expansão de infra-estrutura pública em loteamentos de baixa renda, urbanização
de favelas, construção de unidades habitacionais para famílias a serem reassentadas,
regularização fundiária) nas bacias Billings e Guarapiranga. em 45 núcleos, que abrigam
cerca de 44 mil famílias. Participam do Programa o Governo do Estado (Secretaria de
Saneamento e Energia, Sabesp e CDHU) e a Prefeitura de São Paulo (Secretaria da
Habitação). O orçamento alcança R$ 870 milhões e conta com o apoio dos recursos do
Governo Federal (PAC). A coordenação está sob a responsabilidade da mesma UGP do
Programa Mananciais.
b) Programa Córrego Limpo, que reúne a Prefeitura de São Paulo e a Sabesp, tem por
objetivo corrigir deficiências de sistemas já existentes de esgotamento sanitário,
ampliando as vazões transportadas até as estações de tratamento e gerando maiores
benefícios ambientais. Uma vez que as deficiências são mais agudas em áreas marcadas
pela urbanização desorganizada (arruamento inadequado, ocupação de fundos de vale
por favelas e outras moradias, problemas de drenagem), a ação da Sabesp com
freqüência deve ser apoiada por intervenções da Prefeitura, como remoção de imóveis
situados nas faixas ribeirinhas ou reurbanização de favelas nas proximidades dos fundos
de vale para permitir a implantação de coletores-tronco, e a implantação de parques
lineares para a preservação dos fundos de vale. Contempla um total de 100 córregos
com população estimada em 3,8 milhões de habitantes e orçamento estimativo de R$
440 milhões, dos quais R$ 310 milhões deverão ser aportados pela Sabesp e R$ 130
milhões pela Prefeitura de São Paulo.
1 As discussões foram iniciadas no âmbito do sub-comitê Billings-Tamanduateí, pouco tempo depois da conclusão do
Programa Guarapiranga, aproveitando a fase de avaliação dos seus avanços e lições aprendidas. Dessas discussões, desdobraram-se várias propostas para o aperfeiçoamento e a continuidade dos investimentos nas áreas de mananciais metropolitanos – agora extensíveis a todas as bacias hidrográficas da Metrópole. A partir de 2001, as discussões, levaram ao estabelecimento de um acordo do Governo do Estado de São Paulo com o Policy and Human Resources Development Fund – PHDR, do Japão (Fundo de Políticas e Desenvolvimento de Recursos Humanos), intermediado pelo Banco Mundial, para doação de recursos destinadas à preparação do Projeto Mananciais.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
vii
c) Pró-Billings - Programa Integrado de Melhoria Ambiental na Área de Mananciais da
Represa Billings no município de São Bernardo do Campo, a ser financiado pela JICA –
Japan International Cooperation Agency para a Sabesp, preve expansão do sistema de
esgotamento sanitário no município de São Bernardo do Campo (sobretudo na bacia de
drenagem da represa Billings). Seu orçamento é de US$ 123 milhões e a principal obra
planejada é a do coletor tronco do Ribeirão dos Couros, que permitirá o transporte dos
esgotos coletados até a Estação de Tratamento do ABC. A população a ser beneficiada
alcança 250 mil habitantes e o prazo previsto para a execução das obras é de 5 (cinco)
anos.
d) Projeto Orla Guarapiranga, desenvolvido pela Prefeitura de São Paulo seu objetivo é
a recuperação da região da orla do Guarapiranga para as atividades de esporte, turismo
e lazer, por meio de investimentos na implantação de novos parques e equipamentos
para uso da população. Os parques deverão ocupar, principalmente, áreas cedidas pela
Empresa Metropolitana de Águas e Energia – EMAE (empresa do Governo do Estado), a
quem pertence o patrimônio da barragem, da represa e de suas margens. Prevê-se um
total de cinco parques, com área total de i milhão de m2, sendo um deles o Nove de
Julho, que faz parte do Programa Mananciais. Os parques serão interligados por uma via
pública, uma pista de caminhada e uma ciclovia.
O Programa Mananciais tem como áreas de intervenção cinco sub-bacias de mananciais
da RMSP, utilizadas para o seu abastecimento público: Guarapiranga, Billings, Alto Tietê-
Cabeceiras, Juqueri-Cantareira e Alto e Baixo Cotia. A implementação do Programa
envolverá ações estruturais e não-estruturais, de curto, médio e longo prazo, voltadas,
simultaneamente, a objetivos ambientais, sociais e de ordenamento territorial, definidos a
partir do entendimento de que, nas áreas de mananciais da RMSP, as situações mais
agudas se caracterizam pela sobreposição de problemas de uso e ocupação do solo com
o conseqüente comprometimento da qualidade das águas, freqüentemente envolvendo
quadros acentuados de pobreza urbana.
Na implementação, estão envolvidos quatro Tomadores (Governo do Estado de São
Paulo, Cia. de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP e Prefeituras dos
Municípios de São Bernardo do Campo e Guarulhos), os quais assinarão Acordos de
Empréstimo com o Banco Mundial. O valor total dos investimentos do Programa
Mananciais é de US$ 235,00 milhões, sendo o empréstimo de US$ 130 milhões.
As intervenções encontram-se referidas a um conjunto multidisciplinar que abrange
quatro componentes:
(i) Instrumentos de gestão do Programa (sustentação, acompanhamento,
controle e viabilização) e de fortalecimento dos sistemas de gestão das áreas
de intervenção: (US$ 32,18 milhões sendo US$ 13,85 milhões de financiamento
do BIRD). Os objetivos deste componente incluem a melhoria da capacidade
institucional e técnica para a coordenação, gestão e promoção da sustentabilidade
das intervenções do Programa em nível metropolitano, propiciando o ordenamento
territorial e urbano, o disciplinamento do uso e ocupação do solo nas áreas de
mananciais com vistas à preservação e recuperação de corpos d´água
estratégicos, e, também, contribuindo com o planejamento, gestão e
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
viii
monitoramento. O componente prevê entre as atividades (i) gerenciamento
integrado do uso e ocupação do solo e recursos hídricos; (ii) monitoramento
ambiental e da qualidade das águas; (iii) educação ambiental e ações de promoção
social e da cidadania; (iv) gerenciamento do Programa, monitoramento, avaliação e
disseminação de informações.
(ii) Estruturação e recuperação urbana: (US$ 54,30 milhões, sendo US$ 11,50
milhões a serem financiados). Este componente busca melhorar os padrões de
ocupação urbana nas sub-bacias do Programa e melhorar a qualidade de vida da
população residente, especialmente as comunidades mais pobres que residem em
assentamentos ilegais. Entre as atividades incluem-se: (I) urbanização de favelas;
(ii) recuperação urbana de loteamentos irregulares; (iii) recuperação de áreas
degradadas e de risco geotécnico e ambiental; (iv) reassentamento; (v) preparação
de planos habitacionais; (v) regularização ambiental e urbana dos assentamentos;
e (vi) supervisão ambiental para as intervenções de melhorias urbanas e
habitacionais.
(iii) Ações de preservação e de recuperação ambiental: (US$ 23,16 milhões, sendo
US$ 13.67 financiados pelo BIRD). O objetivo deste componente é proteger e
recuperar os habitats naturais e as áreas sensíveis e degradadas nas sub-bacias
do Programa, buscando-se a melhoria da qualidade ambiental. São atividades
deste componente: (i) repovoamento vegetal; (ii) urbanização de áreas públicas
com a criação de áreas livres e de lazer comunitário; (iii) estabelecimento de áreas
ambientalmente protegidas; (iv) reabilitação e proteção de reservatórios e sistemas
de produção de água; e (v) controle de transporte de cargas perigosas na região.
(iv) Ações de saneamento ambiental: (US$ 122,38 milhões, com US$ 89,49
financiados pelo BIRD). Pretende-se, com as ações deste componente, reverter os
principais fatores que contribuem para a poluição dos reservatórios e ampliar o
atendimento por serviços de saneamento à população. As atividades incluem: (i)
melhorias nos sistemas de coleta e tratamento de esgotos sanitários; (ii) melhorias
nos sistemas de captação e abastecimento de água; (iii) implementação de
programas de controle e redução de perdas na distribuição de água; (iv) melhoria
dos processos de tratamento de água e aperfeiçoamento tecnológico; (v) melhoria
das condições de tratamento e disposição final do lodo das ETAs; (vi) melhorias no
sistema de coleta e disposição final de resíduos sólidos urbanos; (vii) estudos e
diagnósticos da disposição ilegal de resíduos e aparelhamento das prefeituras com
equipamentos de coleta; (viii) preparação de planos integrados de gerenciamento
de resíduos sólidos.
4. Justificativas e Critérios que Influenciaram no Desenho do Programa
- Área de Abrangência do Programa
Com uma extensão de 5.985 km², a bacia hidrográfica do Alto Tietê abrange uma área
intensamente urbanizada, integrada por 35 municípios, onde residem 17,7 milhões de
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
ix
habitantes, sendo quase coincidente com os limites físicos da RMSP – Região
Metropolitana de São Paulo. As Áreas de Proteção aos Mananciais – APRMs
representam cerca de 54% da área total da RMSP (4.356 dos 8.051 km2) e 73% da área
de drenagem da bacia do Alto Tietê, tendo sido criadas por meio da Lei Estadual nº
1.172/76, a qual estabeleceu, além de seus limites físicos, as normas e critérios de uso
do solo e demais condições de ocupação compatíveis com a sua vocação ambiental.
Somente nas APRMs reúnem-se, hoje, 2,2 milhões de habitantes, com 76% dessa
população residente nas sub-bacias Billings e Guarapiranga (pelo menos, 1,7 milhão de
pessoas, em cálculo estimativo conservador2). No que diz respeito ao quadro econômico
e social, a bacia do Alto Tietê é o maior pólo de riqueza nacional, onde se localizam
sedes de importantes complexos industriais, comerciais e financeiros, que se destacam
dentre as atividades econômicas do país. O seu produto interno bruto – PIB, em 2000,
atingiu a cifra de US$ 99,1 bilhões, cerca de 17% do total do país, com uma renda per
capita de US$ 5,557.
- Disponibilidade e Qualidade Hídrica
A bacia do Alto Tietê caracteriza-se pela baixa disponibilidade hídrica frente às
significativas demandas metropolitanas e por inúmeros conflitos reais de uso. Essa
limitação quantitativa se deve à sua localização no trecho de montante da bacia do rio
Tietê, com caminhamento para a região oeste-interior do Estado de São Paulo, em
sentido oposto à vertente marítima. Para o suprimento do déficit da produção hídrica do
Alto Tietê, são importados 31 m3/s das águas do complexo formado pelas bacias
hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, 1 m3/s da bacia da Baixada Santista
e 0,5 m3/s da bacia do Litoral, que alimentam, respectivamente, os sistemas produtores
de água metropolitanos Cantareira, Guarapiranga e Rio Claro. Essas reversões
representam 48% da capacidade nominal dos oito sistemas produtores integrados (Alto e
Baixo Cotia, Cantareira, Guarapiranga/Billings, Rio Claro, Rio Grande/Billings, Alto Tietê e
Ribeirão da Estiva), que abastecem 99% da população residente na bacia, além de 15%
da demanda industrial, a qual complementa suas necessidades mediante fontes próprias,
essencialmente com águas subterrâneas.
As limitações decorrentes de sua localização, somadas à complexidade dos regimes
hidráulicos e hidrológicos resultantes da dinâmica espacial e urbana, atuam de modo
significativo sobre o comportamento e a qualidade dos corpos hídricos superficiais. A
densa ocupação e a ampla atividade industrial fizeram com que o conjunto da bacia
apresente uma das piores condições de qualidade das águas do Estado de São Paulo,
conforme atestam os relatórios da CETESB, organismo de controle ambiental do
Governo do Estado, no período entre 2000 e 2005.
- Evolução da Ocupação
Aproximadamente 37% da bacia do Alto Tietê encontra-se ocupada por uma densa
malha urbana. Apesar das taxas de crescimento populacional terem sofrido uma
acentuada diminuição nas últimas décadas, situando-se em 1,61% a.a. (período 1991-
2 As projeções populacionais constantes do presente Relatório de Avaliação Ambiental estimam, para o ano 2.021, pouco
superior a 2 milhões de habitantes para as sub-bacias Billings e Guarapiranga. Estas projeções estão, atualmente, em fase de revisão, baseando-se nas atualizações mais recentes efetuadas pelo PIR/Sabesp e Fundação SEADE.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
x
2000), a área urbanizada continua em sensível expansão, em particular nas áreas mais
periféricas, em contrapartida à queda populacional nos pólos centrais de atividade
econômica que são encontrados nos vários quadrantes da Metrópole.
Figura 0.1. Localização das Sub-Bacias e Áreas de Proteção dos Mananciais
A expansão de população de baixa renda para zonas mais periféricas resultou, dentre
outros fenômenos, na desqualificação ambiental de territórios legalmente protegidos –
conforme exemplos de algumas APRMs -, surgindo regiões com padrões de ocupação
fortemente diferenciados e desiguais, que conjugam baixa renda e pobreza, índices de
criminalidade mais elevados, ausência de infra-estrutura urbana básica, degradação
ambiental, com freqüentes ocupações de encostas, fundos de vale, beiras de rios,
córregos e várzeas por favelas e loteamentos irregulares. Função deste cenário, fontes
de abastecimento dentre as mais importantes da bacia do Alto Tietê – como o
Guarapiranga e a Billings - encontram-se agudamente afetadas por esta expansão da
malha urbana, pondo em risco a sustentabilidade do fornecimento público de água da
RMSP.
- Pressupostos e Estratégias para a Priorização das Ações do Programa
A avaliação do quadro urbano e ambiental foi básica para a preparação e seleção das
melhores alternativas para a estruturação do Programa. O diagnóstico incorporou
dimensões diversas – ambiental, sócio-econômica e institucional -, sob uma perspectiva
multicriterial, que permitiu a identificação das ações e propostas mais consentâneas aos
objetivos e aos conceitos do Programa. Alguns pressupostos foram essenciais nesta
avaliação:
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
xi
a importância estratégica de assegurar as condições ambientais e operacionais
adequadas dos mananciais utilizados para o abastecimento público da Região
Metropolitana, dada a baixa disponibilidade de recursos hídricos interiores aos
seus limites territoriais;
a ausência de alternativas sustentáveis e equivalentes para a substituição dos
mananciais hoje sob risco ao seu uso continuado, dados os elevadíssimos custos
de toda ordem implicados;
o dramático cenário urbano, marcado pelo crescimento intenso e desordenado,
baixos níveis de renda familiar média, padrão habitacional deficiente e presença
insuficiente de infra-estrutura pública e de serviços;
o interesse público relacionado à preservação destes corpos d’água, tendo em
vista o objetivo geral de ampliação dos níveis de qualidade de vida na RMSP;
a necessidade de um enfoque inter-institucional e multidisciplinar, com a
participação, em regime cooperativo, de organismos diversos, pertencentes a
esferas também diversas de governo, dada as múltiplas responsabilidades
envolvidas e áreas abrangidas;
as lições aprendidas no Programa Guarapiranga, implementado no período
1993/2000, que conferia um caráter de essencialidade à relação entre recursos
hídricos e quadro urbano, baseando-se numa estratégia fundamentada em
investimentos continuados em infra-estrutura urbana e medidas de preservação.
As áreas de concentração do Programa Mananciais são as sub-bacias Billings e
Guarapiranga, ambas marcadas por um quadro acentuado de pobreza urbana, alta
densidade populacional e degradação ambiental, sobretudo, devido à poluição. Por
oportuno, destaque-se que o Programa reconhece que os fatores de uso e ocupação do
solo, por sua vez, derivam de uma dinâmica regional metropolitana, que envolve tanto os
investimentos públicos quanto fenômenos típicos do mercado privado. Da mesma forma,
a natureza da ocupação guarda relação direta com a evolução e distribuição das rendas
familiares, que diz respeito a comportamentos macroeconômicos, evidentemente fora da
esfera de interferência, no mínimo, de governos regionais e locais.
De toda forma, as áreas de concentração do Programa, nesta linha de interpretação,
constituem hoje reservatórios urbanos, com características bastante definidas, em uma
escala de importância para o abastecimento público para a qual não se encontram
precedentes. Acresce que a ocupação urbana concentra-se nas vizinhanças dos
reservatórios, incluindo loteamentos e outras iniciativas de maior padrão de renda, mais
predominantemente com um número elevado e extensivo de assentamentos de baixa
renda e de núcleos favelados. Os impactos maiores sobre as águas das represas,
sobretudo no caso do Guarapiranga – também na Billings, após o estabelecimento de
novas regras de bombeamento das águas do rio Pinheiros para o seu espelho d’água -,
vêm dos esgotos sanitários e das cargas difusas, em especial urbanas, isto é, de
milhares de fontes emissoras espalhadas por territórios que ainda apresentam infra-
estrutura urbana e/ou sanitária insuficiente.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
xii
A concepção multidisciplinar do Programa também apresenta aspectos para os quais
cabe chamar atenção. A experiência do Programa Guarapiranga é, em larga medida,
replicada, ou seja, parte do orçamento agregado do Programa será destinado à expansão
de infra-estrutura sanitária, especialmente do sistema de esgotamento sanitário, à
urbanização de favelas e à melhoria urbanística de loteamentos de baixa renda média.
Estas ações visam tanto à melhoria direta da qualidade de vida da população quanto à
redução, pela interceptação de esgotos ou pela melhoria da coleta e da disposição final
de resíduos sólidos, das cargas de outra maneira afluentes aos reservatórios. Da mesma
forma, o Programa Mananciais deverá investir na criação de áreas socialmente úteis e
ambientalmente protegidas, como parques, parques lineares (marginais às represas e
aos cursos d’água) e áreas públicas de lazer.
Ressalvadas tais intervenções, o Programa deve voltar seus esforços também a ações
estruturais inovadoras e a ações não-estruturais, sobretudo àquelas voltadas à gestão
dos territórios. Parte delas deriva do aprendizado com as experiências do Programa
Guarapiranga e, de maneira geral, com as lições que podem ser extraídas da expansão
de infra-estrutura pública tradicional em áreas densas, de padrão urbano desorganizado
e de renda baixa.
Uma das opções adotadas pelo Programa é, complementarmente à expansão de
sistemas de esgotamento sanitário, a implantação de unidades de tratamento de
córregos antes do seu deságüe nos reservatórios. Esta medida, prevista para diversas
bacias, segue a diretriz já enunciada, qual seja, a de que as áreas de mananciais impõem
investimentos em montante e qualidade superiores às de outros quadrantes não-
produtores de água para o abastecimento público. Além disso, sobressai a constatação
de que em territórios com as características da Billings, do Guarapiranga, e também de
parte do Alto Tietê e do Baixo Cotia, o rendimento de estruturas sanitárias tradicionais é
menor que o usual, resultando em uma carga residual de efluentes que afeta a qualidade
dos corpos d’água. Sucintamente, a experiência detecta tanto a adesão mais baixa das
famílias à utilização de sistemas públicos quanto, em especial, uma interação mais
complexa entre os sistemas de esgotamento e de microdrenagem (no interior dos
domicílios e nos sistemas de responsabilidade pública direta ou indireta). Da mesma
forma, a experiência e os estudos indicam um relevante run-off urbano, que merece um
tratamento específico próprio e prioritário.
Na mesma linha, o Programa Mananciais tem igualmente por objetivo o investimento em
melhorias dos sistemas de infra-estrutura já implantados, uma vez que as dificuldades
detectadas também interferem na operação diária de redes coletoras, coletores-troncos,
elevatórias e interceptores. As bacias impõem a adoção de padrões diferenciados de
projeto e de operação, que elevem os rendimentos dos sistemas, sem prejuízo da
comentada necessidade de estruturas adicionais para o pré-tratamento dos cursos
d’água.
Por último, ainda nesta circunscrição de atividades, o Programa pretende a modernização
tecnológica e de processos das estações de tratamento de água, neste caso também
utilizando os estudos e os avanços do conhecimento proporcionados pelo Programa
Guarapiranga.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
xiii
Em resumo, o Programa Mananciais adota uma estratégia firmada sobre os seguintes
aspectos:
Participação em regime integrado de organismos públicos diversos, função dos
aspectos multifacetados dos problemas urbanos e de qualidade da água a equacionar
ou controlar.
Gestão integrada dos territórios, dando curso às legislações específicas das sub-
bacias hidrográficas.
Investimentos em infra-estruturas públicas clássicas de esgotamento sanitário, de
drenagem e de resíduos sólidos.
Urbanização de núcleos favelados, isto é, trato direto de uma tipologia de ocupação
marcada pela informalidade.
Implantação de estruturas de pré-tratamento de corpos d’água, para controle de
cargas difusas urbanas e de efluentes não coletados pelos sistemas de saneamento
convencionais.
Investimentos em melhorias tecnológicas e de processo de estações de tratamento
de água, permitindo elevação da sua capacidade de lidar com situações mais críticas
do ponto de vista de qualidade da água bruta.
Por sua vez, o Programa reconhece o caráter metropolitano da questão dos mananciais.
Sua estratégia de “institutional building”, nos limites de um federalismo de tipo singular
como o brasileiro, visa à elaboração de um marco jurídico-legal que mantenha a
disposição cooperativa, lhe forneça regras socialmente sancionadas e contorne, com a
distribuição pactuada de responsabilidades, a ausência de uma hierarquia de poderes
normativos e executivos no interior das regiões metropolitanas como a de São Paulo.
Dada a complexidade com a qual o Programa terá de lidar, foi previsto um leque de
intervenções bastante amplo, segundo um quadro de distribuição de responsabilidades
executivas também bastante alargado.
5. Avaliação Ambiental
5.1.Principais Benefícios e Resultados do Programa
Os principais benefícios e resultados ambientais esperados com a implementação do
Programa Mananciais estão associados à manutenção e ao controle operacional dos
mananciais metropolitanos, visando assegurar o abastecimento público e melhorar a
qualidade de vida da população.
Relacionando-se os benefícios e resultados, especificamente, às intervenções previstas,
podem ser destacados:
Redução das cargas poluidoras afluentes aos corpos d’água e reservatórios e
manutenção da qualidade da água, considerando as projeções de crescimento
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
xiv
populacional. Tal redução será mensurada por meio de indicadores de monitoramento
de qualidade ambiental e das águas. Estão associadas a este resultado as seguintes
questões:
Implementação do sistema de saneamento ambiental, especialmente nas áreas
das sub-bacias Billings e Guarapiranga, mediante a execução de sistema de
coleta e tratamento de esgotos sanitários e destinação adequada de resíduos
sólidos, com melhorias e maior controle da qualidade da água dos tributários e
das represas, pela diminuição do aporte de carga orgânica e da quantidade de
nutrientes.
Urbanização de favelas, recuperação urbana de loteamentos irregulares,
remoções e reassentamentos (nas sub-bacias do Guarapiranga, Billings, Juqueri-
Cantareira e Alto Tietê), compreendendo melhorias de drenagem, pavimentação,
esgotamento sanitário, abastecimento de água, contenção geotécnica, coleta de
lixo, urbanização, etc., assegurando a melhoria da qualidade ambiental (sobretudo
o controle da poluição hídrica e a contenção dos processos de degradação
ambiental);
Com as intervenções para a melhoria das condições e da cobertura dos serviços
de coleta de lixo serão reduzidas as cargas difusas afluentes aos tributários e
reservatórios, considerando-se a ampliação da cobertura e a melhoria da
eficiência. Na sub-bacia do Guarapiranga, os atuais lixões poderão ser
recuperados e transformados em aterros sanitários em outras áreas – de acordo
com as diretrizes do PDPA -, o que deverá melhorar significativamente as
condições de escoamento de cargas oriundas do chorume e da lixiviação dos
resíduos no solo.
Melhoria da qualidade ambiental e de vida da população residente, com base nos
seguintes aspectos:
Melhoria do atendimento à população por serviços públicos e infra-estrutura, a
partir das ações físicas de urbanização de favelas, recuperação urbana de
loteamentos irregulares, remoções e reassentamentos, com melhorias sobre a
qualidade de vida da população. Tais efeitos serão mensurados através de
pesquisas de opinião e de satisfação.
Melhoria dos padrões urbanos de ocupação e valorização financeira e sócio-
ambiental dos terrenos e imóveis, favorecendo a inserção das áreas de baixa
renda à cidade formal. Os impactos desse processo são analisados por métodos
de pesquisa socioeconômica, tais como os preços hedônicos.
As remoções e reassentamentos reduzirão ou eliminarão situações de risco
geotécnico e ambiental (domicílios rústicos situados em declividades altas, sem
estruturas civis adequadas; favelas assentadas em áreas de preservação
permanente ao longo de corpos d’água e reservatórios; etc.), levando à
recuperação de áreas degradadas e melhorando a qualidade de vida e das águas.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
xv
Deverá ser beneficiada diretamente, com ações de promoção da cidadania, parte
da população das sub-bacias Billings e Guarapiranga, pela implantação do CIC –
Centro de Integração da Cidadania no bairro do Grajaú. O CIC tem como objetivo
prevenir e resolver os conflitos sociais em sua origem, prestando serviços
públicos à população, tais como a emissão de documentos, delegacia de polícia,
atendimento ao consumidor, etc. O Posto Fixo do CIC-Grajaú conterá: Juizado
Especial Civil; Promotoria de Justiça; PAT – Posto de Atendimento ao
Trabalhador; policiamento comunitário e delegacia de polícia; emissão de
documentos (RG, Carteira Profissional, Certidões); orientação e atendimento
social; acompanhamento de adolescentes egressos da FEBEM e suas famílias;
atendimento a mutuários da CDHU; Procon; atividades de lazer e cultura; etc.
O conjunto de obras de implantação de parques, revitalização urbana de áreas
livres e recuperação de áreas degradadas tenderá a evitar ocupações irregulares
e invasões, possibilitando o ordenamento do uso e ocupação do solo e o
aproveitamento de áreas ambientalmente sensíveis de acordo com as vocações
exigidas pela proteção aos mananciais. Uma vez articuladas às ações de
repovoamento vegetal e arborização, potencializar-se-ão as melhorias ambientais
nessas áreas, principalmente de 1a categoria e APPs, nas margens da Billings e
Guarapiranga.
A recuperação de áreas degradadas deverá reverter o quadro acentuado de
deterioração dos recursos naturais, sobretudo nas margens da represa Billings
(braços do Cocaia, Bororé, Lavras, Alvarenga, etc), retirando o lixo acumulado
(resíduos inertes, lixo doméstico, etc.), readequando quando for o caso a
topografia das áreas e protegendo as margens dos córregos.
Deverão ser sensivelmente melhoradas as condições para a prática de atividades
recreativas e de lazer nas favelas, nos loteamentos irregulares (com a
implantação de praça e áreas de lazer) e nas margens dos reservatórios; também
esportes náuticos e usos similares se beneficiarão da melhoria da qualidade das
águas e da redução das macrófitas e plantas aquáticas.
Melhoria da Capacidade Técnica e Institucional para a Gestão Ambiental e Territorial,
mediante a implementação dos PDPAs – Planos de Desenvolvimento e Proteção
Ambiental das Sub-Bacias abrangidas pelo Programa e desenvolvimento jurídico-
institucional, incluído o avanço de aprovação e implementação das legislações
específicas. As ações de fortalecimento institucional, de capacidade técnica e
tecnológica e de e gestão, incluindo as atividades de monitoramento e fiscalização
ambiental e do uso e ocupação do solo, deverão amparar e incrementar as ações
integradas e articuladas entre as diversas organizações com atuação nas áreas de
mananciais, permitindo melhorias e avanços na gestão de bacias (mediante
contratação ou atualização dos PDPAs, de instrumentos como sistemas de
informação, modelos matemáticos de correlação entre o uso do solo e a qualidade da
água, planos diretores e legislação municipal, etc.). Também estão previstas a
capacitação de quadros técnicos, o aparelhamento técnico, a disseminação de
informações, a educação ambiental e diversas ações para a ampliação do
conhecimento sobre os mananciais.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
xvi
Do ponto de vista dos benefícios e resultados sobre a qualidade da água, em especial,
vale ressaltar a projeção das cargas de fósforo geradas na bacia do Guarapiranga para o
período 2006-2021, conforme demonstra a Figura seguinte. Nela são apresentados três
cenários distintos - comentados no âmbito do presente Relatório Ambiental -
representando a situação atual, a situação sem o Programa Guarapiranga (caso o
mesmo não tivesse sido implementado), e a situação com o Programa Mananciais. Todos
os valores foram calculados com a utilização do modelo MQUAL 2.0, utilizado para
estabelecer a correlação entre o uso do solo, a carga gerada, e a qualidade da água.
Figura 0.2. Evolução da Carga de Fósforo Gerada na Bacia do Guarapiranga
400
450
500
550
600
650
700
750
800
850
900
950
1000
2006 2011 2016 2021
Ano
Ca
rga
de
Fó
sfo
ro G
era
da
(kg
/dia
)
Sem Programa Guarapiranga Situação Atual Com Progama Manancias
Sem Programa Guarapiranga Situação Atual Com Projeto Mananciais
O valor da carga gerada de fósforo para o ano de 2006, considerando a população atual
e a infra-estrutura de saneamento, é de cerca de 580 kg/dia. Este valor é 27% inferior ao
valor de quase 800 kg/dia, que seria o valor esperado para os dias de hoje, caso não se
tivesse implantado o Programa Guarapiranga. Para o ano de 2021, o cenário da situação
atual projeta um valor de 725 kg/dia, 275 kg/dia inferior ao cenário de não execução do
Programa Guarapiranga, contra um valor 625 kg/dia para o cenário que considera a
implantação do Programa Mananciais.
Uma variação dos cenários apresentados nesta figura pode considerar alterações nos
padrões de operação do sistema de saneamento, e o adensamento da população em
favelas. Considerações como estas, certamente irão alterar as inclinações das curvas de
tendência, podendo afastar mais ainda as situações de implantação ou não do Programa
Guarapiranga e do Programa Mananciais.
Os investimentos na tratabilidade na ETA Alto da Boa Vista, bem como o efeito de
diluição da água do reservatório Guarapiranga com as reversões do Taquacetuba e
Capivari/Monos, contribuem para garantir sua utilização como manancial, apesar da
carga gerada hoje ser quase o dobro da preconizada quando da elaboração da Lei
Específica deste manancial. A não realização do Programa Guarapiranga levaria, com
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
xvii
certeza, a uma situação de comprometimento muito maior do que a observada
atualmente.
5.2. Principais Impactos do Programa
A metodologia da avaliação ambiental utilizou o recorte por Executor, isto é, descreve e
aponta os impactos negativos e positivos e as medidas mitigadoras na forma de Anexos,
por Executor do Programa, incluindo: (i) Governo do Estado de São Paulo (SSE, SMA e
CDHU); (ii) Cia. de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP; (iii)
Prefeitura de São Bernardo do Campo; e (iv) Prefeitura de Guarulhos. Visando a reunir os
impactos na forma dos componentes do Programa, o Quadro seguinte aponta uma
síntese dos principais impactos, os quais estão detalhados nos respectivos anexos.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
xviii
Quadro 0.1 - Resumo dos Impactos Ambientais Identificados para as Intervenções Físicas do Programa
COMPONENTE DO PROGRAMA IMPACTOS POSITIVOS IMPACTOS NEGATIVOS
1) Instrumentos de gestão (sustentação, acompanhamento, controle e viabilização) e de fortalecimento dos sistemas de gestão das áreas de intervenção Obras Previstas: o Centro de Integração da Cidadania do Grajaú
(Guarapiranga) o Implantação de Centro de Referência em
Educação Ambiental (Guarapiranga e Billings) o Obras para Implantação de Centros de
Ecologia e Cidadania
Meio Físico-Biótico: melhoria da qualidade ambiental e social melhoria das condições de assepsia e limpeza das áreas do entorno (CIC -Projeto Reciclagem de Atitude, etc.), Redução da degradação e poluição visual Meio Socioeconômico:
ampliação do acesso dos cidadãos (principalmente os de baixa renda) à justiça e aos serviços de utilidade pública; potencialização das formas de organização da comunidade valorização e transformação do espaço educação comunitária melhoria das condições de informação e de assistência social melhoria das condições de segurança (Policiamento Comunitário) ampliação das oportunidades e eventos sócio-culturais, com reflexos sobre a melhoria do convívio e bem-estar social geração de renda e empregos diretos e indiretos durante as obras conscientização da população em relação à proteção dos mananciais
Meio Físico-Biótico: acúmulo de resíduos sólidos e efluentes do canteiro de obras assoreamento das porções de jusante (obras) poluição sonora e atmosférica (poeiras e particulados) supressão de vegetação, para a implantação das estruturas civis. Meio Socioeconômico: incômodo à população residente no entorno das obras (transtornos quanto à acessibilidade, etc.) durante a operação do CIC, intensa movimentação de veículos e pessoas, podendo causar incômodo aos moradores do entorno e congestionamento de tráfego local; especulação e valorização dos imóveis próximos ao CIC para uso comercial e de serviços
2) Estruturação e Recuperação Urbana Obras Previstas: o Obras de urbanização de favelas e
revitalização urbana o Relocação de famílias de áreas de primeira
categoria - Grande Alvarenga o Obras de Recuperação de Áreas de 1ª
Categoria Liberadas pela Relocação - Grande Alvarenga
o Obras de Readequação Urbana e Ambiental de Loteamentos
o Obras das novas Unidades Habitacionais
Meio Físico-Biótico: melhoria da qualidade das águas dos córregos, canais, etc., devido à retirada dos esgotos e cargas poluidoras (do núcleo atendido e das áreas de jusante) Melhoria das condições de salubridade ambiental redução da poluição e dos fatores de degradação da fauna e da flora locais proteção e recuperação de áreas de 1
a categoria e APPs (sobretudo nas margens da
Billings) melhoria e controle das condições de escoamento e drenagem, evitando acúmulo de água e lixo eliminação das situações de risco geotécnico e ambiental Meio Socioeconômico: melhoria das condições de acessibilidade, habitabilidade, segurança e convívio social melhoria do sistema de coleta de lixo, por meio da acessibilidade a locais antes não atendidos melhorias sanitárias e de qualidade de vida da população redução dos índices de contaminação e doenças de veiculação hídrica, provocadas pelos esgotos sanitários, com redução dos custos de saúde melhoria das condições de distribuição e da qualidade de água para abastecimento público, com maior controle das perdas redução de insetos e vetores atraídos pelo acúmulo de águas e do lixo ordenamento territorial e urbano, com elevação dos padrões de vida valorização imobiliária das áreas atendidas e do entorno
Meio Físico-Biótico: Nas obras: Carreamento de terra para os cursos d’água,com piora da qualidade das águas; Piora da qualidade do ar (poeiras e particulados); Acumulo de lixo e entulho nas ruas, com poluição visual; Supressão vegetal para abertura de vias; Obstrução das redes de drenagem por terra, lixo ou entulho, com prejuízos ao sistema de escoamento das águas Meio Socioeconômico: Incômodo aos pedestres e moradores, dificultando acesso, inclusive, de veículos durante as obras (dada a largura das vielas das favelas) Ruídos e vibrações durante as obras, devido à movimentação de máquinas e equipamentos Odor desagradável durante as obras de construção das redes de esgoto, pela concentração das cargas em alguns pontos (antes das interligações)
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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Quadro 0.1 - Resumo dos Impactos Ambientais Identificados para as Intervenções Físicas do Programa (continuação)
3) Ações de preservação e de recuperação ambiental Obras Previstas: o Obras de revitalização urbana e recuperação
de áreas degradadas (Guarapiranga, Billings e Alto Tietê)
o Obras de implantação de Parques (Parque Nove de Julho – Guarapiranga; Parques Lineares – Billings; Parques – Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra)
o Repovoamento vegetal nas margens da represa Billings
o Recuperação de áreas degradadas e revitalização urbana
o Implantação de Estações de Remoção de Carga Poluidora (Guarapiranga, Billings, Alto Tietê, Juqueri Cantareira e Alto e Baixo Cotia)
o Implantação de Wetlands na Várzea do Rio Parelheiros / Itaim Sub-Bacia do Guarapiranga
o Desassoreamento da Isolina Superior (Cotia) e do Paiva Castro (Cantareira)
o Implantação de Infra-estrutura para Aplicação de Algicidas no Reservatório Paiva Castro
o Implantação de Parques no Entorno dos Reservatórios Paiva Castro (Sistema Cantareira) e Isolina (Sistema Cotia)
o Arborização Urbana – Grande Alvarenga o Obras para urbanização e revitalização de
áreas públicas livres e implantação de equipamentos comunitários de lazer – Grande Alvarenga
o Implantação de Parques na Área de Proteção aos Mananciais – Grande Alvarenga
o Repovoamento vegetal das margens do reservatório Billings na faixa de 50 metros e nos trechos antropizados – Grande Alvarenga
o Obras de recuperação das áreas degradadas – Grande Alvarenga
Meio Físico-Biótico: redução das cargas poluidoras afluentes aos reservatórios Guarapiranga, Billings, Taiaçupeba e Paiva Castro (incluindo-se cargas difusas) recuperação e restauração das funções ecológicas das áreas de 1
a categoria e APPs –
Áreas de Preservação Permanente, assegurando a melhoria da qualidade ambiental criação de ambientes favoráveis para a manutenção da biodiversidade valorização dos recursos socioambientais da bacia e conscientização da comunidade quanto ao uso sustentável das áreas de mananciais melhoria das condições estético-paisagísticas e ambientais equilíbrio ecológico através da ampliação de áreas verdes permeáveis, contribuindo para minimizar inundações em época de chuvas, melhorando as condições ambientais e do ecossistema local recuperação das áreas degradadas, com tendência de reequilíbrio das condições naturais das áreas afetadas redução e/ou eliminação de processos de degradação ambiental (erosão, poluição, etc.). eliminação de situações de risco geotécnico e inundações, mediante obras de consolidação geotécnica e canalização de córregos ou retificação de suas margens Meio Socioeconômico: modificação dos usos atuais nas margens do reservatório, propiciando a melhoria da qualidade de vida da população geração de renda e empregos diretos e indiretos durante as obras melhoria das condições de salubridade humana e ambiental prevenção contra invasão das áreas de 1
a categoria e APPs
valorização urbana e imobiliária das áreas sob intervenção melhoria sócio-ambiental e ampliação das áreas de recreação e lazer (praças, áreas livres arborizadas, etc.) melhoria das condições de convívio social e bem-estar, diminuindo os altos índices de violência urbana estímulo do sentimento de pertencimento ao bairro e à cidade, possibilitando a criação de vínculo afetivo com o meio possibilidade de integração na criação de um sistema de parques e áreas verdes e de lazer para a área de manancial valorização por parte da população dos espaços públicos como elementos de equilíbrio ambiental (com melhoria das condições de sustentabilidade das intervenções e
manutenção/preservação dos equipamentos públicos)
Meio Físico-Biótico: carreamento de solo para os cursos d’água, durante a fase de obras e movimentação de terra,com piora da qualidade das águas piora da qualidade do ar (poeiras e particulados), durante a movimentação de máquinas e equipamentos (na fase de obras) acumulo de lixo e entulho nas ruas e geração de efluentes dos canteiros de obras, com poluição visual carreamento de sedimentos, adubos e fertilizantes nas vias públicas, redes de drenagem (arborização urbana) ou na própria represa Billings (repovoamento vegetal) durante o plantio das espécies na área urbana (calçamento e praças) e áreas de 1
a
categoria – APPs, com degradação da qualidade das águas e piora da qualidade ambiental Meio Socioeconômico: tensões sociais quando da execução das obras de contenção (recuperação de áreas degradadas, podendo haver remanejamento provisório) incômodo aos pedestres e moradores, dificultando acesso, inclusive, de veículos durante as obras ruídos e Vibrações durante as obras, devido à movimentação de máquinas e equipamentos, podendo afetar a estrutura das residências
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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Quadro 0.1 - Resumo dos Impactos Ambientais Identificados para as Intervenções Físicas do Programa (continuação)
4) Ações de saneamento ambiental: Obras Previstas: o Obras de conversão de lixões em aterros
sanitários no município de Embu-Guaçu o Remediação dos locais de disposição
clandestina de resíduos sólidos na sub-bacia Billings
o Sistema de Retenção de Detritos na Captação da ETA Alto da Boa Vista – Reservatório Guarapiranga
o Implantação de Módulos Tubulares nos Decantadores, Remoção de Lodo das ETAs; Estocagem de Cal e Sistemas de Recuperação de Águas de Lavagem
o Expansão dos Sistemas de Esgoto (Redes, Coletores, etc.), Ampliação da ETE Mairiporã e Melhoria Operacional (Eliminação de Extravasamentos, etc)
o Expansão e Melhorias dos Sistemas de Abastecimento de Água (Reservação, Redes, etc.) – Setores Shangri-la e PAT Prosanear
o Obras para recuperação da área do Lixão do Alvarenga
Meio Físico-Biótico: redução significativa das cargas poluidoras dos córregos, diminuindo, com efeito, as cargas afluentes aos reservatórios, com reflexos e melhorias sobre a qualidade da água captada para fins de abastecimento público (pela implantação de infra-estrutura de saneamento) melhoria da qualidade ambiental e social das áreas situadas a jusante das estações de remoção de nutrientes redução da poluição visual, do odor e dos demais fatores degradadores dos recursos hídricos das áreas atendidas melhoria das condições físicas, hidrológicas e hidrodinâmicas dos reservatórios, propiciando a melhoria das condições operacionais e ampliando a capacidade de produção de água nas sub-bacias beneficiadas pelas ações do Programa retirada dos sedimentos inertes e/ou resíduos orgânicos prejudiciais à captação de água e ao equilíbrio ambiental melhores condições de controle dos bloons algais, a partir da melhoria das condições de aplicação de algicidas ampliação das possibilidades de restauração da vida aquática nos corpos d’água e melhoria das condições ecológicas para a manutenção da biodiversidade nos reservatórios, contribuindo para o equilíbrio ambiental diminuição do potencial de proliferação das plantas aquáticas e macrófitas e dos riscos de insetos, vetores e doenças a elas associadas Meio Socioeconômico: melhoria das condições ambientais e de qualidade da água (manejo adequado dos líquidos percolados-chorume e menor contaminação dos resíduos dispostos irregularmente) melhoria das condições estéticas e paisagísticas e da qualidade do ar redução da possibilidade de aparecimento de exploração clandestina de resíduos dos lixões recuperação, manutenção e controle das condições físicas dos aterros, para controle e eliminação dos focos de contaminação e poluição das águas e do solo redução dos custos operacionais e com produtos químicos de controle de florações algais (algicidas – nos reservatórios - e demais produtos relacionados ao pré-tratamento das águas brutas) geração de renda e empregos diretos e indiretos durante as obras melhoria das condições de salubridade humana e ambiental criação de alternativas para destinação adequada e controlada do lodo das ETAs atendidas pelo Programa (ETA ABV, Rio Grande, Taiaçupeba, etc.) melhoria do convívio social e da qualidade de vida em função das melhorias sanitárias obtidas com a coleta, afastamento e tratamento dos esgotos sanitários ampliação e melhoria das condições de prestação de serviços públicos de saneamento, particularmente nas áreas de baixa renda (favelas e loteamentos) diminuição dos coeficientes de morbidade e mortalidade infantil e redução das despesas públicas com serviços médicos e de saúde redução dos riscos de contaminação dos peixes consumidos pela população, pescados na região e de contaminação e doenças junto aos pescadores e demais usuários (crianças, recreacionistas, esportistas, etc.) que se utilizam das águas dos reservatórios, das várzeas a ele associadas e demais rios atração de investimentos e investidores para a região e expansão das ofertas de serviços valorização dos terrenos urbanos melhoria das condições operacionais na produção e distribuição de água e na operação dos sistemas de esgotos (aperfeiçoamento tecnológico, redução dos extravasamento e da ineficiência do sistema, etc.)
Meio Físico-Biótico: acúmulo de resíduos sólidos e efluentes do canteiro de obras, com prejuízo à qualidade das águas e à paisagem assoreamento das porções de jusante, com o carreamento de sólidos durante as obras poluição sonora e atmosférica (poeiras e particulados), em função da movimentação de terra, caminhões, máquinas e equipamentos pesados supressão de vegetação nas margens dos córregos e mudança da paisagem, para a implantação das estruturas civis e assentamento de condutos durante a operação, risco de carreamento do lodo para os córregos, caso não sejam adequadamente acondicionados e transportados para os aterros ou locais de disposição final (estação de remoção de nutrientes) risco geotécnico de colapso e geológico de contaminação (remediação do Aterro do Alvarenga e Implantação de aterros na sub-bacia do Guarapiranga) degradação e contaminação dos solos por resíduos e em áreas de botas-fora e empréstimo (aterros) interferência à fauna aquática (peixes e organismos bentônicos) pela retirada dos sedimentos de fundo dos reservatórios Isolina e Paiva Castro aumento temporário dos sólidos em suspensão e revolvimento da matéria orgânica, decorrente da movimentação dos sedimentos de fundo durante a realização do desassoreamento, com prejuízos à qualidade das águas geração e acúmulo de resíduos sólidos (lodo) decorrente da retirada dos sedimentos do fundo dos reservatórios, causando odor desagradável e atraindo insetos e vetores, caso não sejam adequadamente coletados e transportados durante a operação, risco de carreamento do lodo para os córregos, caso não sejam adequadamente dispostos (ETE Mairiporã) Meio Socioeconômico: incômodo à população residente no entorno das obras, incluindo transtornos quanto à acessibilidade, conforto e convívio social aumento dos custos operacionais, devido à necessidade de aplicação de produtos químicos, transporte do lodo, energia elétrica, etc. incômodos aos transeuntes e tráfego local de veículos e pedestres, também associados às mudanças nos corredores de acesso, em função das obras possibilidade de ocorrência de acidentes de trabalho necessidade de áreas de bota-fora e atividades de transporte de material excedente na fase de operação e de manutenção do aterro, aumento dos custos operacionais e de controle
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
xxi
6. Alternativas para o Enfrentamento dos Problemas de Oferta de Água na RMSP
Sob a perspectiva de uma avaliação ambiental mais abrangente, o presente documento
analisou – além do próprio Programa Mananciais – outras possibilidades para o
enfrentamento dos problemas de oferta e abastecimento de água na RMSP,
considerando as seguintes situações:
Possibilidade de exploração de águas subterrâneas, por meio da captação em poços
e aqüíferos da RMSP. Apesar de ser uma alternativa pouco onerosa (facilidade de
captações de baixa manutenção, com águas de boa qualidade natural) a exploração
sustentável do aqüífero pode ser limitada por dois fatores: as vazões extraídas que
não podem ultrapassar a recarga e a densidade dos poços, que deve garantir uma
interferência sem grandes descensos. Outras restrições incluem: (i) possibilidade de
impactos nos cursos de água superficiais, limitando seus fluxos de base; (ii)
dificuldades em estabelecer qual seria uma vazão segura (safe yield), devido às
incertezas associadas a estimativas de recarga e das características do aqüífero; (iii)
exploração inadequada, cuja resultante pode levar à exaustão do aqüífero ou a sérios
incrementos nos custos de obtenção da água; (iv) grande número de poços com
baixas vazões, cujo manejo ou controle centralizado poderia ser difícil e oneroso em
uma área extensa e diversificada como a RMSP; e (v) problemas pela indução de
águas contaminadas para níveis mais profundos e protegidos dos aqüíferos, devido
ao controle e operação deficientes.
Exploração de disponibilidades hídricas em bacias mais distantes, que não estejam
sujeitas à ocupação pelo processo de expansão metropolitana: sob a hipótese dos
atuais sistemas produtores não contarem com melhorias que propiciem o seu controle
operacional e/ou de um agudo comprometimento da qualidade das águas na RMSP,
haveria a necessidade de se antecipar o aproveitamento das águas de mananciais
das bacias hidrográficas circunvizinhas ao do Alto Tietê, tais como o Alto Juquiá, rio
São Lourenço, Paraíba do Sul, Médio Tietê e Ribeira do Iguape. Esse processo
encontra vários níveis de dificuldades, a começar pela obtenção de outorgas de
direitos de uso e pelos elevados custos financeiros para a implementação e a
operação dos sistemas. Estimam-se que tais custos superem a casa dos R$ 6
bilhões, somados a custos operacionais bastante elevados (próximos a R$ 657
milhões anuais), além dos impactos sociais e ambientais decorrentes.
Viabilidade de promover a remoção de grande parte da população instalada em sub-
bacias de mananciais, atuando no sentido de restringir o processo de expansão
metropolitana sobre estas áreas. Esse tipo de solução apresenta severas limitações,
com destaque para: (i) a necessidade de áreas extensas para a transferência das
famílias; (ii) dificuldades do poder público para uma ação integrada e coordenada que
empreenda um programa de reassentamento dessa dimensão; (iii) custos elevados
(estimados entre R$ 11 a 15 bilhões); (iv) problemas jurídico-institucionais e de
legalização da posse da terra, sobretudo naqueles casos onde já está em curso o
processo de regularização edilícia ou fundiária.
Ações diretas em rios e córregos afluentes a reservatórios de mananciais e a adoção
de tecnologias mais sofisticadas para o tratamento das águas: estas medidas exigem
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
xxii
uma visão sistêmica e, portanto, não são vistas como uma solução isolada. O
Programa Mananciais considerou tais ações (wetlands, estação de remoção de
cargas, tecnologias de tratamento da água e remoção de lodo das ETAs, etc.) como
uma solução complementar às intervenções previstas, tendo em vista o seu
importante papel na redução do aporte de carga poluidora e o ajuste às demais ações
de provisão de infra-estrutura de saneamento, inclusive a urbanização de favelas. As
intervenções nos corpos d’água não visam substituir a coleta e o afastamento de
esgotos que, dentre outras funções, buscam a melhoria da qualidade de vida e da
saúde pública da população. O que se procura, mediante alternativas tecnológicas
complementares, é assegurar a melhoria da qualidade dos corpos hídricos.
7. Plano de Gestão Ambiental
7.1. Ações e Medidas previstas no PGA
O plano de gestão ambiental – PGA apresenta um conjunto de medidas de caráter
preventivo, mitigador e compensatório para os possíveis impactos negativos
identificados, destacando-se, entretanto, que a principal característica do Programa
Mananciais é a de um conjunto de ações de recuperação sócio-ambiental, portanto
corretivo e mitigador das vulnerabilidades e problemas verificados.
Desse modo, as ações do PGA coincidem com os componentes do Programa, isto é,
todas as ações e medidas mitigadoras previstas no Programa foram incluídas no conjunto
de ações dos seus componentes. Apresenta-se, a seguir, um quadro-síntese das ações
do PGA por executor, destacando que os custos das medidas mitigadoras propostas nos
respectivos PGAs estão incorporados ao orçamento total dos componentes do Programa.
O detalhamento dos PGAs de cada executor são apresentados e comentados nos
Anexos I a VII deste Relatório Ambiental.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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Quadro 0.2 - Descrição sintética da composição dos programas, sub-programas e projetos que compõem o Plano de Gestão
Ambiental
Executor: SSE - Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo
Programas Ações Incluídas no PGA
Instrumentos de Sustentação, Acompanhamento, Controle, e Viabilização (Gestão)
Apoio Técnico à operação, integração e atualização dos instrumentos de gestão (GIS e PDPA), monitoramento do uso e ocupação do solo e adequação do solo à legislação; Centro de Integração da Cidadania (CIC); Concepção, desenvolvimento, estruturação e institucionalização de instrumentos técnicos para apoio à gestão nos municípios inseridos nas áreas de mananciais da bacia da Billings e Juqueri-Cantareira; Educação Ambiental, Monitoramento, Apoio Técnico-Operacional pós-obra e acompanhamento social pós-ocupação;Gerenciamento do Programa; Pesquisas junto a população usuária e beneficiária, mediante investigação amostral em todas as cinco bacias abrangidas; Ações de Mobilização e Apoio a Projetos de Entidades Civis;Operação do Sistema de Gestão; Rede de Informações de Apoio à Gestão; Concepção Técnica, estruturação e implantação da Rede de Informações de Apoio à Gestão; Divulgação do Sistema de Gestão (ao público); Seminários Internacionais Anuais sobre Recursos Hídricos e Desenvolvimento Urbano; Auditoria Ambiental Independente; dinamização da atividade econômica, empreendedorismo e inclusão social;Programa de Desenvolvimento de Atividades Econômicas Compatíveis; Geração de Empregos e Gerenciamento de Receitas para Proteção Ambiental; Gerenciamento das intervenções do Programa Mananciais do Alto Tietê
Ações de Estruturação e Recuperação Urbana
Implantação de Áreas de Uso Comunitário - Recuperação de Áreas Degradadas; Projeto e Obras de revitalização urbana e recuperação de áreas degradadas nos nas sub-bacias Guarapiranga e BIllings
Ações de Preservação e Recuperação Ambiental
Projeto e Obras de implantação do Parque Nove de Julho, abrangendo 26,9 hectares;
Ações de Saneamento Ambiental
Projetos e Obras de conversão de lixões em aterros sanitários no município de Embu-Guaçu e avaliação da capacidade operacional e de suporte dos aterros existentes; Identificação e avaliação das formas e locais de disposição clandestina de resíduos sólidos na sub-bacia Billings; Aquisição e manutenção de equipamentos para limpeza urbana de áreas públicas e para amparo ao sistema de coleta de resíduos sólidos urbanos na sub-bacia Billings
Executor: SMA - Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo
Instrumentos de Sustentação, Acompanhamento, Controle, e Viabilização do Programa (Gestão)
Capacitação de Agentes Ambientais; Oficinas de Capacitação para Nova Lei Específica; Exposição Itinerante; Centro de Referências em Educação Ambiental; Coleção de Vídeos Educativos - Água e Meio Ambiente; Projeto Antena Verde - Educação Ambiental Através do Rádio; Implementação de um Sistema de Fiscalização Ambiental na Bacia do Guarapiranga e Billings, articulado ao Sistema de Fiscalização Integrada dos Mananciais da Bacia do Alto Tietê; Adequação das instalações físicas, visando a implementação de um Sistema de Fiscalização Ambiental e do Uso e Ocupação do Solo na Bacia do Guarapiranga, Billings, Alto Tietê-Cabeceiras e Juqueri-Cantareira; Concepção, desenvolvimento e implementação de Programa de Monitoramento do Uso e Ocupação do Solo, mediante a utilização de imagens de satélite, com supervisão de campo e um Sistema Integrado de Comunicação entre agentes de fiscalização ambiental; Monitoramento da Qualidade Ambiental
Ações de Preservação e Recuperação Ambiental
Obras de implantação do Parque Nove de Julho, abrangendo 26,9 hectares; Estudos, Projetos e obras para Implantação de Parques ao longo da Represa Billings, nos município de São Paulo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, abrangendo uma área de 767.000 m2 (76,7 ha); Projeto e implantação das obras de recomposição vegetal das matas ciliares e margens da represa Billings; Projeto e obras de recuperação de áreas degradadas e revitalização urbana no município de São Paulo, compreendendo 3,6 hectares; Plano de Controle do Transporte de Cargas Perigosas (inclui a bacia do Guarapiranga)
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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Quadro 0.2 - Descrição sintética da composição dos programas, sub-programas e projetos que compõem o Plano de Gestão
Ambiental (continuação)
Programas Ações Incluídas no PGA
Executor: CDHU - Cia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano
Estruturação e Recuperação Urbana
Construção de unidades habitacionais, melhoria de habitações e serviços sociais para reassentamentos em áreas de recuperação urbana de favelas e loteamentos precários em municipalidades selecionadas.
Executor: SABESP - Cia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
Instrumentos de Sustentação, Acompanhamento, Controle, e Viabilização do Programa (Gestão)
Desenvolvimento de Instrumentos Técnicos para Gestão; Modelos Hidrodinâmicos dos reservatórios Guarapiranga, Rio Grande, Taiaçupeba, Jundiaí, Biritiba, Paiva Castro, Atibainha; Sistema de Suporte à Decisão e Controle para Operação Integrada dos Mananciais do Sistema Adutor Metropolitano; Educação Ambiental e Monitoramento (incluído pós-obra)
Ações de Preservação e Recuperação Ambiental
Estações de Remoção de Carga Poluidora; Wetland Parelheiros; Retenção de detritos na captação do Guarapiranga; Planos de Manejo (Capivari, Rio Claro, Morro Grande); Remoção de Macrófitas; Dessassoreamento de reservatórios (Paiva Castro e Isolina); Infra-Estrutura para aplicação de algicidas; Implantação de Parques (Paiva Castro, Atibainha, Cachoeirinha e Isolina); Melhorias ESI – Elevatória Santa Inês
Ações de Saneamento Ambiental
Melhoria dos Processos de Tratamento de Água (automação da ETA ABV, ETA Rio Grande, ETA Rio Claro, ETA Guaraú, ETAs Alto e Baixo Cotia, melhorias e adequação dos processos, filtração, etc.); Implantação de sistemas de remoção de lodo das ETAs; Sistemas de Recuperação de Águas de Lavagem; Implantação de sistemas de abastecimento de água (PAT PROSANEAR e Shangri-la); Execução e/ou ampliação de Estações Elevatórias de Esgoto; Extensão da rede coletora de esgotos (redes, coletores, linhas de recalque, etc.); Ampliação da ETE Mairiporã; Aperfeiçoamento Tecnológico; Otimização e Melhorias Operacionais (Controle); Eliminação de Extravasamentos
Executor: PMSBC - Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo
Instrumentos de Sustentação, Acompanhamento, Controle, e Viabilização do Programa (Gestão)
Educação Ambiental ; Monitoramento e Fiscalização; Planejamento Integrado; Controle dos Processos Erosivos e de Produção de Sedimentos; Programa de Desenvolvimento de Atividades Econômicas Compatíveis, Geração de Empregos e Gerenciamento de Receitas para Proteção Ambiental; Controle da Disposição Clandestina de Resíduos Sólidos
Estruturação e Recuperação Urbana
Elaboração de Levantamentos e Programas para Adequação do Uso Habitacional / Reassentamentos; Urbanização de Favelas; Relocação de Áreas de 1ª Categoria e Recuperação das Áreas Desocupadas na Relocação de Áreas de 1ª Categoria; Regularização e Readequação Urbana e Ambiental de Loteamentos; Acompanhamento Sócio Ambiental das Intervenções Urbanas e Habitacionais
Ações de Preservação e Recuperação Ambiental
Arborização Urbana ; Urbanização de Áreas Públicas Livres - Criação de Praças e Equipamentos de Lazer; Implantação de Parques e Unidades de Conservação; Repovoamento Vegetal; Recuperação de Áreas Degradadas (Intervenções de Baixo Custo em Encostas, Taludes e Áreas de Produção de Sedimentos - Bacia Rio Grande e Taquacetuba); Controle do Transporte de Cargas Perigosas
Ações de Saneamento Ambiental Remediação do Lixão do Alvarenga; Aquisição de Equipamentos para Coleta de Resíduos Sólidos; Implantação de Centros de Ecologia e Cidadania; Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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Quadro 0.2 - Descrição sintética da composição dos programas, sub-programas e projetos que compõem o Plano de Gestão
Ambiental (continuação)
Executor: PMG - Prefeitura Municipal de Guarulhos
Instrumentos de Sustentação, Acompanhamento, Controle, e Viabilização do Programa (Gestão)
Estudo para ampliação do Programa de Educação Ambiental e aquisição de materiais e equipamentos para o Programa de Educação Ambiental; Estudo para criação, regulamentação e implementação de fiscalização municipal na Bacia do Cabuçu, para o manancial subterrâneo e para a sub-bacia do Tanque Grande; Estudo para desenvolvimento e implantação do SIG; Aquisição de equipamentos e softwares para o SIG e treinamento; Aquisição de equipamentos para o laboratório central
Ações de Preservação e Recuperação Ambiental
Estudo para criação e regulamentação de APA municipal (Sub-bacia Tanque Grande); Projetos e obras de parque municipal (Sub-bacia Tanque Grande); Projeto e obras de centro de educação ambiental (Sub-bacia Tanque Grande); Estudo para criação e regulamentação de APA municipal (Sub-bacia Lagoa Azul/Lavras); Projeto e obras de parque municipal (Sub-bacia Lagoa Azul/Lavras); Estudo para ampliação da Exploração do Manancial Subterrâneo
Ações de Saneamento Ambiental Projeto e obras das reformas gerais na ETA Tanque Grande; Projeto e obras do sistema de abastecimento de água Ururuquara e Lagoa Azul/Lavras; Estudos de viabilidade técnico-econômico-ambiental Sub-bacia Engordador e Borracha; Elaboração e implantação de Programa de Controle e Redução de Perdas;. Projeto e obras do sistema de esgotamento sanitário Lagoa Azul / Lavras
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
xxvi
7.2. Sistema de Gestão Ambiental do Programa
Cada uma das UGLs e também a UGP – esta última na qualidade de coordenadora
executiva das ações sob responsabilidade da SSE – terão um Sistema de Gestão
Sócio-Ambiental – SGSA destinado a gerenciar todas as ações sócio-ambientais do
Programa Mananciais, com vistas ao atendimento da legislação ambiental, das
diretrizes e salvaguardas do Banco Mundial e, essencialmente, dos compromissos
assumidos por cada executor no cumprimento e implementação das medidas
mitgadoras e atenuadoras dos impactos ambientais identificados. Estes SGSAs de
cada executor estarão integrados a um Sistema de Gestão do Programa, composto
por:
(i) Coordenação Técnico-Sócio-Ambiental, responsável pela coordenação das
ações técnicas e socioambientais por parte dos executores e
acompanhamento do processo de licenciamento ambiental, verificando,
também, o atendimento das diretrizes e salvaguardas do BIRD;
(ii) Unidades Executivas, vinculadas a cada executor, responsáveis pela
implementação do PGA e pelo atendimento às normas de licenciamento,
diretrizes e salvaguardas ambientais;
(iii) Supervisão Ambiental de Obras, à qual caberá a fiscalização,
acompanhamento e orientação das ações ambientais, em estrita atenção
ao que dispõe o PGA e o Manual Ambiental de Construção, apresentado no
Anexo VIII deste RAA. À Supervisão Ambiental cumpre, também, preparar
e apresentar relatórios mensais a serem submetidos aos executores e ao
BIRD via UGP, efetuando, ainda, o planejamento ambiental das ações, com
periodicidade quinzenal.
As Figuras seguintes demonstram, na forma de fluxogramas, as diversas ações e
responsabilidades institucionais no âmbito do Sistema de Gestão Ambiental, incluindo-
se as atribuições relativas ao licenciamento ambiental, à implementação e gestão do
PGA e às ações de reassentamento.
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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Figura 0.3. Ações e Responsabilidades Institucionais - SGA
Elaboração dos Estudos de Concepção e Projetos de
Engenharia
UGP/SSE UGL/SMA UGL/CDHU
UGL/SABESP UGL/PMSBC
UGL/PMG UGL/PMSP
Licenciamento Ambiental (RAP)
SMA DAIA DUSM DEPRN
Ações fora do Município de SP
Ações no Município de SP
PMSP CADES DECONT DEPAV
Execução das Intervenções
Acompanhamento das Intervenções / Benefícios
Comunidades Locais Beneficiários
Controle Social Lideranças (Associações, etc.) ONGs Comitê Alto Tietê Sub-Comitês de Bacia
Implantação / Supervisão Ambiental / Gestão do PGA
Operação, Manutenção e Sustentabilidade das Intervenções
GESP ( SSE, CDHU e SMA); Secretaria Justiça; DAEE; SABESP; PMSBC; PMG; Comitês e Sub-comitês de Bacia; Oscips; Associação de Moradores; Liderança Locais; Defesa Civil
Monitoramento Comitês e Sub-comitês de Bacia SMA/Cestesb Sabesp
SUPERVISÃO UGP
Supervisão Ambiental
Obras
Fornece Relatórios Mensais e
Planos Quinzenais
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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Figura 0.4. Responsabilidades Institucionais no Âmbito das Ações de Remoção e Reassentamento no Programa Mananciais
Levantamento da forma de organização da população na área a ser urbanizada
CDHU / Prefeitura
Informação da população sobre a importância e do
Projeto, impactos e
Preparação da população para o cadastramento
CDHU / Prefeitura
Lideranças Locais Associações Comunitárias
Apresentação das alternativas de intervenção
e discussão do projeto CDHU / Prefeitura
Elaboração dos Projetos de Urbanização de Favelas e
Recuperação de Loteamentos CDHU / Prefeitura
Elaboração do Plano de Reassentamento
CDHU / Prefeitura
Licenciamento
SMA / GRAPROHAB
Participação Comunitária Manifestações por Escrito
Consultas/ Audiências Públicas
Planejamento da Remoção e Transferência
das Famílias Notificação das Familias
Implantação do Projeto
CDHU / Prefeitura
Apresentação de alternativas de
atendimento habitacional Criação de Comissão
para Acompanhamento
Identificação de grupos de vizinhança
Arrolamento e habilitação das famílias a serem
reassentadas
Preparação da população para as obras e para as
remoções Plantões semanais para
atendimento da população afetada
Execução das Obras e Remoções
Acompanhamento das famílias durante a
mudança Recepção das famílias no
novo conjunto habitacional
Supervisão de Obras
UGLs
Acompanhamento Geral
UGP
Acompanhamento Pós- Obra (Pesquisas de
Satisfação, Educação Ambiental, etc.) CDHU
Reuniões Palestras Eventos Entrevistas Questionários etc.
CDHU / Prefeitura
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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8. Consultas Públicas
8.1. Fase de Preparação do Programa
O processo de preparação do Programa Mananciais contemplou uma série de
consultas públicas realizadas, respectivamente, nos sub-comitês Billings-
Tamanduateí, Cotia-Guarapiranga, Alto Tietê-Cabeceiras e Juqueri-Cantareira,
durante o período de janeiro de 2004 e dezembro de 2006, todas abertas ao público
em geral.
As reuniões tiveram por objetivo apresentar e debater as idéias e propostas para a
estruturação dos componentes do Programa, identificando demandas e
condicionantes por parte dos executores e da sociedade em geral para a viabilidade e
priorização do conjunto de intervenções.
Também foram efetuadas consultas públicas na fase final de preparação do Programa,
com a finalidade de apresentar e discutir o presente relatório ambiental, o marco de
reassentamento, o relatório de impactos sociais, a análise de viabilidade econômica e
os demais documentos que importam ao processo de aprovação e viabilização do
acordo de empréstimo junto ao BIRD. As consultas foram realizadas, respectivamente,
nos sub-comitês Billings e Cotia-Guarapiranga, em 04 de junho de 2007.
8.2. Fase de Implementação do Programa
Tanto as políticas ambientais vigentes quanto as salvaguardas do BIRD estabelecem
a necessidade de envolver e comunicar a sociedade e os grupos de interesse ao longo
de toda a execução do projeto, informando sobre os resultados e avanços do processo
e, resolverem-se questões que afetem a qualidade ambiental e de vida da população.
Nesse sentido, a UGP e as UGLs de cada executor implementarão um sistema de
comunicação e de consultas públicas que contemplará as seguintes atividades:
Participação nas reuniões ordinárias ou extraordinárias dos respectivos sub-
comitês de bacia hidrográfica e no Comitê de Bacia do Alto Tietê;
Criação de espaço de comunicação para acesso da população e dos demais
interessados aos documentos públicos do Programa, entre eles os próprios
relatórios ambientais, marcos e planos de reassentamento, relatório de impacto
social, relatórios de andamento e de progresso, etc;
Realização de seminários anuais de avaliação do Programa, tendo como
principal objetivo demonstrar e debater os resultados e avanços do Programa,
abrindo aos diversos agentes públicos, privados e da comunidade a
oportunidade de manifestarem-se sobre tais questões.
Através do espaço de comunicação a ser criado (website, etc.) e, também, nos
diversos eventos pertinentes ao Programa (como no caso dos Seminários), a UGP e
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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as UGLs fornecerão, com a devida antecedência, materiais e documentos que apóiem
a discussão e qualifiquem o envolvimento desses atores, incluindo-se folders,
cartazes, cópias de relatórios, releases, etc., disponibilizando-os, também, no formato
digital.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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____________________________________________
1. APRESENTAÇÃO
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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1. APRESENTAÇÃO
Este documento constitui o Relatório de Avaliação Ambiental dos Componentes do
Programa de Saneamento Ambiental dos Mananciais do Alto Tietê - Programa
Mananciais, e seu conteúdo visa ao atendimento das políticas ambientais de salvaguarda
do Banco Mundial - BIRD. Assinale-se, por oportuno, que não obstante o presente
relatório tenha por finalidade a observação de regras do BIRD, em cumprimento aos
requisitos e exigências para a assinatura do Acordo de Empréstimo, cuidou-se que o seu
conteúdo esteja em harmonia com os pressupostos constantes das legislações e normas
ambientais brasileiras.
Trata-se, o Programa Mananciais, de um conjunto bastante amplo de ações voltadas ao
desenvolvimento urbano, à proteção ambiental e à promoção social, tendo como áreas
de intervenção as sub-bacias da Billings, do Guarapiranga, do Alto Tietê-Cabeceiras, do
Juqueri-Cantareira e do Alto e Baixo Cotia, todas de importância estratégica para o
abastecimento público da Região Metropolitana de São Paulo.
Registre-se que, do conjunto de obras previstas no Programa, grande parte ainda não
dispõe de estudos de concepção ou projetos de engenharia que dêem condições de
detalhar as características, tipologias ou processos envolvidos, o que se fará em fases
posteriores. Dessa maneira, ainda que o conjunto das ações tenha sido abordado neste
relatório, muitas delas deverão ser pormenorizadas e analisadas pelo Governo do Estado
e pelo BIRD por ocasião dos licenciamentos ambientais específicos. Isto implica afirmar
que as ações aqui apresentadas, acrescidas do detalhamento daquelas que ainda serão
objeto de estudos mais detalhados, serão avaliadas pelas equipes dos órgãos ambientais
licenciadores e pelo Banco Mundial, em conformidade com a legislação nacional e as
regras do próprio BIRD.
O presente relatório foi desenvolvido sob a coordenação da Secretaria de Saneamento e
Energia do Governo do Estado de São Paulo. Previamente à sua elaboração, as
diretrizes e as ações principais do Programa Mananciais foram objetos de discussões
públicas, realizadas em fóruns do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos
Hídricos (sub-comitês Cotia-Guarapiranga, Billings, Alto Tietê-Cabeceiras, Juqueri-
Cantareira e Pinheiros-Pirapora, além da Agência da Bacia do Alto Tietê).
O corpo principal deste documento comporta oito capítulos, apresentando-se, no primeiro
deles, a abordagem dos marcos legais e institucionais nos quais se apóia a presente
análise ambiental. Os capítulos 3 e 4 descrevem e contextualizam o Programa
Mananciais para, em seguida, efetuar-se uma avaliação ambiental global das ações do
Programa, objeto do capítulo 5. O capítulo 6 comenta as alternativas para o
enfrentamento dos riscos relacionados à oferta de água na RMSP, apoiando-se nas
análises anteriores. O capítulo 7 apresenta informações sobre consultas públicas e, por
fim, o último capítulo apresenta as referências e equipes envolvidas no trabalho.
Complementam esse RAA nove anexos, constando, nos oito primeiros, a análise
ambiental detalhada de cada componente do Programa, organizada por executor. O
Anexo 9 trata da transcrição de uma das reuniões públicas.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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____________________________________________
2. MARCO LEGAL E QUADRO INSTITUCIONAL
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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2. MARCO LEGAL E QUADRO INSTITUCIONAL
A presente avaliação dos componentes do Programa Mananciais foi elaborada
considerando, simultaneamente, o (ii) o estrito cumprimento e atenção aos preceitos
legais federais, estaduais e municipais, em particular referência às normas e
procedimentos para o licenciamento ambiental das ações previstas no Programa; e (i) o
atendimento aos requisitos e exigências ambientais constantes das políticas de
salvaguarda do Banco Mundial, como condição para a assinatura do Acordo de
Empréstimo.
No que respeita ao quadro legal e institucional geral, o Programa, desde a sua
preparação, enquadra-se nas condições e exigências das políticas e legislações
relacionadas à proteção ambiental e ao ordenamento do uso e ocupação do solo das
áreas de mananciais, em especial, o Estatuto da Cidade (Lei Federal 10.257/01); as
Políticas Estaduais de Meio Ambiente (Lei Estadual 9.509/97) e de Recursos Hídricos
(Lei Estadual 7.663/91); Lei Estadual 9.866/97 (Lei de Proteção aos Mananciais); Leis
Estaduais 898/75 e 1.172/76 (disciplina o uso do solo para a proteção dos mananciais,
cursos e reservatórios de água e demais recursos hídricos e delimita as APRMs); Lei
Específica do Guarapiranga e respectivo regulamento (Lei Estadual 12.233/06 e Decreto
Estadual 51.686/07); Planos Diretores Municipais e demais legislações de caráter local
com influência da organização territorial e urbana. Todos os dispositivos legais citados
foram analisados e considerados no processo de seleção e detalhamento das
intervenções e, também, na definição das premissas e estratégias que justificam e
orientam a existência do Programa.
Do ponto de vista institucional, na fase de preparação do Programa Mananciais, coube à
SSE – Secretaria Estadual de Saneamento e Energia a coordenação dos estudos e
tarefas de organização e detalhamento dos componentes e ações previstas, contando
com o envolvimento de um Conselho de Coordenadores formado por representantes das
entidades executoras do Programa. A execução das intervenções, a supervisão das
obras e a implantação das ações socioambientais serão empreendidas pelos executores
mediante unidades de gerenciamento local (UGLs), ficando a coordenação a cargo de
uma UGP – Unidade de Gerenciamento do Programa. Desde o planejamento até as
fases de execução, operação e pós-obra, contar-se-á com o envolvimento das
comunidades locais, ONGs, universidades, etc. no acompanhamento e avaliação,
sobretudo por meio de reuniões nos foros colegiados, tais como o Comitê de Bacia do
Alto Tietê, os sub-comitês de bacia hidrográfica e na Agência de Bacia do Alto Tietê.
No que é pertinente às regras do BIRD, os componentes do Programa foram
correlacionados ao conjunto de suas políticas operacionais de salvaguarda (ambientais,
reassentamentos involuntários, segurança de barragens, patrimônio físico-cultural, etc.),
verificando-se a relação entre as características e tipologia das intervenções e os
requisitos específicos de cada uma destas políticas, no sentido de atendê-las
integralmente.
Além do BIRD, há que se considerar que informações aqui apresentadas também serão
objetos de avaliação e ampla discussão na própria Região Metropolitana de São Paulo,
quando do envolvimento dos órgãos ambientais e demais atores vinculados ao processo
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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de licenciamento ambiental. Uma vez que a avaliação dos componentes do Projeto é
realizada à luz da legislação ambiental vigente e, particularmente, das normas e
condicionantes relacionadas aos mananciais metropolitanos, o presente conteúdo
motivará, além das avaliações dos órgãos licenciadores, a realização de debates
públicos, por exemplo, em foros colegiados de gestão, tais como o Conselho Estadual de
Meio Ambiente - CONSEMA ou os sub-comitês de bacia hidrográfica.
O Programa Mananciais deve ser compreendido como parte de um conjunto mais amplo de intervenções coordenadas pelo Governo do Estado e pelas Prefeituras na area metropolitana de São Paulo, inter allia, cujas prioridades foram identificadas no Plano de Bacia do Alto Tietê (PBAT), no Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado (PMDI) no Plano Diretor de Abastecimento de Água da Sabesp (PDAA) e no Plano de Macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê. Este amplo programa, denominado Programa Metropolitano de Mananciais, inclui:
a) Programa Guarapiranga e Billings, cujo escopo contempla ações de desenvolvimento
urbano (expansão de infra-estrutura pública em loteamentos de baixa renda,
urbanização de favelas, construção de unidades habitacionais para famílias a serem
reassentadas, regularização fundiária) nas bacias Billings e Guarapiranga. em 45
núcleos, que abrigam cerca de 44 mil famílias. Participam do Programa o Governo do
Estado (Secretaria de Saneamento e Energia, Sabesp e CDHU) e a Prefeitura de São
Paulo (Secretaria da Habitação). O orçamento alcança R$ 870 milhões e conta com o
apoio dos recursos do Governo Federal (PAC). A coordenação está sob a
responsabilidade da mesma UGP do Programa Mananciais.
b) Programa Córrego Limpo, que reúne a Prefeitura de São Paulo e a Sabesp, tem por
objetivo corrigir deficiências de sistemas já existentes de esgotamento sanitário,
ampliando as vazões transportadas até as estações de tratamento e gerando maiores
benefícios ambientais. Uma vez que as deficiências são mais agudas em áreas
marcadas pela urbanização desorganizada (arruamento inadequado, ocupação de
fundos de vale por favelas e outras moradias, problemas de drenagem), a ação da
Sabesp com freqüência deve ser apoiada por intervenções da Prefeitura, como
remoção de imóveis situados nas faixas ribeirinhas ou reurbanização de favelas nas
proximidades dos fundos de vale para permitir a implantação de coletores-tronco, e a
implantação de parques lineares para a preservação dos fundos de vale. Contempla
um total de 100 córregos com população estimada em 3,8 milhões de habitantes e
orçamento estimativo de R$ 440 milhões, dos quais R$ 310 milhões deverão ser
aportados pela Sabesp e R$ 130 milhões pela Prefeitura de São Paulo.
c) Pró-Billings - Programa Integrado de Melhoria Ambiental na Área de Mananciais da
Represa Billings no município de São Bernardo do Campo, a ser financiado pela JICA
– Japan International Cooperation Agency para a Sabesp, preve expansão do sistema
de esgotamento sanitário no município de São Bernardo do Campo (sobretudo na
bacia de drenagem da represa Billings). Seu orçamento é de US$ 123 milhões e a
principal obra planejada é a do coletor tronco do Ribeirão dos Couros, que permitirá o
transporte dos esgotos coletados até a Estação de Tratamento do ABC. A população
a ser beneficiada alcança 250 mil habitantes e o prazo previsto para a execução das
obras é de 5 (cinco) anos.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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d) Projeto Orla Guarapiranga, desenvolvido pela Prefeitura de São Paulo seu objetivo é
a recuperação da região da orla do Guarapiranga para as atividades de esporte,
turismo e lazer, por meio de investimentos na implantação de novos parques e
equipamentos para uso da população. Os parques deverão ocupar, principalmente,
áreas cedidas pela Empresa Metropolitana de Águas e Energia – EMAE (empresa do
Governo do Estado), a quem pertence o patrimônio da barragem, da represa e de
suas margens. Prevê-se um total de cinco parques, com área total de i milhão de m2,
sendo um deles o Nove de Julho, que faz parte do Programa Mananciais. Os parques
serão interligados por uma via pública, uma pista de caminhada e uma ciclovia.
O conteúdo do presente relatório considera e analisa, do ponto de vista ambiental, o
conjunto de obras e intervenções do Programa Mananciais, sabendo, de antemão, que
nem todas possuem um nível de detalhamento compatível, por exemplo, com as regras
de licenciamento ambiental ou com as exigências do BIRD. Tratando-se de um Programa
multi-institucional e multifacetado, a ser implementado a longo prazo (seis anos), com
grande número de ações planejadas, muitas delas, que constam da presente abordagem,
ainda não avançaram no nível de concepção ou de projeto de engenharia. Neste
momento, elas constituem propostas baseadas em estudos gerais, diagnósticos e
recomendações veiculadas de alguma forma por cada executor do Programa.
No caso da Sabesp, por exemplo, algumas ações de proteção dos sistemas produtores
de água vêm sendo cogitadas há vários anos, não se contando, porém, com projetos de
engenharia ou estudos de viabilidade ou de concepção técnica. Neste caso, experiências
já implementadas são referências para a proposição destas soluções. Para os demais
executores, há situações semelhantes.
À medida que esse processo avance, isto é, que as concepções e os projetos sejam
realizados, serão indispensáveis os processos de licenciamento ambiental junto aos
órgãos estaduais e municipais e, também, as análises pelo BIRD, como pré-requisito
para a sua implementação.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
7
2.1. Políticas de Salvaguarda do Banco Mundial
No âmbito das políticas de salvaguarda do Banco Mundial, há orientação para que os
impactos ambientais e sociais negativos sejam identificados, evitados, atenuados,
mitigados e monitorados, e os positivos, potencializados. Para o Programa Mananciais,
considerado - segundo as políticas de salvaguarda - como PROJETO CATEGORIA A,
aplicam-se as seguintes salvaguardas do BIRD:
OP/BP 4.01 Avaliação ambiental
OP/BP 4.04 Habitat Natural
OP/BP 4.11 Recursos Físico-Culturais
OP/BP 4.12 Reassentamento involuntário
OP/BP 4.37 Segurança de Barragens.
As demais políticas de salvaguarda (OP 4.09 Gestão de Pragas; OP 4.20 Povos
indígenas; OP 4.36 Atividades florestais; OP/BP 7.50 Projetos em vias navegáveis
internacionais; e OP/BP 7.60 Projetos nas áreas em litígio) não se enquadram nos
componentes e no escopo de desenvolvimento do Programa.
A seguir, comentam-se os principais aspectos e requisitos das políticas de salvaguardas,
de acordo com o conteúdo definido pelo Banco Mundial.
OP/BP-4.01 - Avaliação Ambiental
Esta política de salvaguarda prevê que sejam realizadas análises prévias dos impactos
potenciais das intervenções do Programa (incluindo-se impactos diretos, indiretos e
cumulativos), comparando-se com as alternativas “com e sem” Programa. Também prevê
a definição de medidas mitigadoras para prevenir, mitigar, minimizar ou compensar os
efeitos negativos, avaliando os instrumentos mais apropriados para essa atividade. Inclui
a necessidade de preparação de Planos de Gestão Ambiental, avaliando a capacidade
institucional dos executores para a gestão do conjunto de medidas propostas nos
programas do PGA. Além disso, as salvaguardas ambientais da OP 4.01 estabelecem a
necessidade de consulta aos grupos afetados e às ONGs (neste caso, para os projetos
nas categorias A e B).
Essa avaliação ambiental (AA), de que trata a OP 4.01, é parte integrante dos estudos de
preparação do Programa Mananciais, cuja dimensão, profundidade e tipo de análise
dependeu da natureza, da escala e dos impactos ambientais potenciais, inerentes a um
projeto metropolitano, como o que ora se apresenta.
O RAA avaliou os potenciais riscos ambientais do projeto na sua área de influência;
examinou alternativas ao projeto; identificou maneiras de melhorar a seleção, localização,
planejamento, concepção e execução do projeto, propôs medidas para evitar, minimizar,
mitigar ou compensar os efeitos ambientais adversos; realçou seus os impactos positivos;
incluiu o processo de mitigação e gestão dos impactos ambientais adversos durante a
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
8
execução do projeto. Sempre que possível, o Banco prefere a adoção de medidas
preventivas às medidas mitigadoras ou compensatórias.
O projeto proposto é classificado na Categoria A, dados os impactos de caráter sensível
sobre as áreas de mananciais da Região Metropolitana de São Paulo. Estes impactos
afetarão, seguramente, uma área mais extensa do que os locais ou instalações onde
ocorrerem as atividades físicas, tendo em vista que as ações deverão incidir sobre os
sistemas produtores de água que abastecem, atualmente, cerca de 18 milhões de
pessoas na RMSP.
O Programa Mananciais, por essência, é um projeto de recuperação ambiental e melhoria
da qualidade de vida da população, cujas ações deverão reduzir as limitações hídricas -
quantitativas e qualitativas - da Metrópole, atuando no controle da poluição, na melhoria
sócio-ambiental, no disciplinamento e ordenamento territorial, na contenção da expansão
urbana desordenada e no desenvolvimento e melhoria dos processos de gestão, que
permitam ampliar e aperfeiçoar a ambiência técnica e institucional para a sustentabilidade
das intervenções implantadas.
Desse modo, o Programa é reconhecido como um grande projeto de implementação de
“medidas mitigadoras e de compensação social e ambiental”, porquanto prevê, no
conjunto de ações, com maior ou menor concentração de esforços, atividades de
recuperação de áreas degradadas, implantação de parques e áreas verdes, controle de
resíduos sólidos e combate à disposição de lixo clandestino, controle de cargas
poluidoras afluentes aos tributários e reservatórios (esgoto doméstico e cargas difusas,
principalmente), melhorias urbanas (essencialmente através de ações de urbanização de
favelas, recuperação urbanística de loteamentos e recuperação de áreas de preservação
permanente e áreas de 1a categoria), promoção da cidadania (implantação de Centro de
Integração da Cidadania), entre tantas outras.
De outro lado, ainda que a maioria das ações tenha caráter mitigatório sobre os
processos de deterioração ambiental atualmente em curso, há que se cuidar daqueles
impactos sócio-ambientais negativos, associados à implementação e construção das
obras, por exemplo, à movimentação de terra, terraplenagem, limpeza e escarificação
das áreas, fechamento de vias de circulação, etc., as quais, de modo inevitável,
ocasionam incômodos e problemas para a população ou para o meio ambiente, ainda
que de baixa magnitude e intensidade. Dada a situação de pobreza e abandono a que
estão sujeitas muitas famílias e bairros nos territórios das APRMS – Áreas de Proteção e
Recuperação dos Mananciais, esses incômodos acabam por ser ignorados pela
população, em função das melhorias trazidas pelas intervenções como, aliás, já foi
observado nas experiências antecedentes, no âmbito do Programa Guarapiranga.
Em resumo, o que se põe em evidência, aqui, é a nítida preocupação do Programa
Mananciais, com a potencialização dos benefícios desses componentes e intervenções,
cuidando de mitigar ou compensar aqueles impactos ambientais negativos e transtornos
à população, ainda que estes sejam contornáveis e suplantados pelas melhorias
previstas.
OP/BP 4.04 – Habitat Natural
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
9
A principal diretriz dessa política de salvaguarda é não financiar projetos que degradem
os habitats críticos, apoiando projetos que afetem tais habitats somente no caso de não
haver alternativas disponíveis e se existirem medidas de mitigação. Há necessidade de
consultas à comunidade local sobre planejamento, desenho e monitoramento dos
projetos.
A conservação de habitats naturais, como outras medidas que protegem e melhoram o
ambiente, é essencial para o desenvolvimento sustentável a longo prazo.
Conseqüentemente, o Banco apóia a proteção, manutenção e reabilitação dos habitats
naturais e as suas funções nos seus estudos econômicos e setoriais. O Banco apóia e
espera que os mutuários tratem cuidadosamente a gestão dos recursos naturais, a fim de
assegurar oportunidades para o desenvolvimento ambientalmente sustentável. A política
de Salvaguardas do Banco considera como habitat natural crítico aqueles: protegidos
legalmente; propostos oficialmente para serem protegidos; e· desprotegidos com alto
valor ambiental.
No Programa Mananciais, estão previstas ações em várias unidades e compartimentos
ambientais que se ajustam à presente orientação da OP 4.04 do BIRD.
No primeiro grupo, de habitats naturais protegidos legalmente, o Programa prevê
intervenções sobre as áreas de preservação permanente – APPs (protegidas pelo Código
Florestal Brasileiro – Lei federal 4.771/65), sobre as chamadas Áreas de 1a Categoria (de
que trata a Lei Estadual no 1.172/763) e sobre as próprias APRMs - Área de Proteção e
Recuperação dos Mananciais – APRM, protegidas por diversas leis estaduais, com
destaque para a Lei Estadual 898/75 e Lei 9.866/97.
Nessas áreas, o Programa prevê uma série de intervenções que buscam recuperar e
proteger os recursos naturais e habitats já degradados, impedindo, ao mesmo tempo, o
avanço das ocupações e a deterioração dos espaços públicos ainda preservados. Nas
APPs e áreas de 1a categoria, onde já há invasões de favelas e loteamentos
clandestinos, com lançamento direto de esgoto e lixo nos córregos e represas, o
Programa prevê a remoção de população, transferindo-a para outras localidades que não
sejam áreas protegidas, promovendo, em seguida, melhorias ambientais como o
3 Segundo o artigo 2
o da lei 1.172/76, as áreas de 1
a categoria são classificadas da seguinte maneira:
“Artigo 2º — Nas delimitações de que trata o artigo anterior, constituem áreas ou faixas de 1º categoria ou de maior restrição: I — os corpos de água: II — a faixa de 50 metros de largura, medida em projeção horizontal, a partir da linha de contorno correspondente ao nível de água máximo dos reservatórios públicos, existentes e projetados; III — a faixa de 20 metros de largura, medida em projeção horizontal, a partir dos limites do álveo, em cada uma das margens dos rios referidos no artigo 2º da Lei nº 898, de 18 de dezembro de 1975, e das de seus afluentes primários, bem como em cada uma das margens dos afluentes primários dos reservatórios públicos, existentes e projetados; IV — as faixas definidas no artigo 2º e sua alínea “a” da Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, referentes ás margens dos demais cursos de água; V — as áreas cobertas por mata e todas as formas de vegetação primitiva; VI — as áreas com quota inferior a 1,50 metros, medidas a partir do nível máximo dos reservatórios públicos existentes e projetados, e situados a uma distância mínima inferior a 100 metros das faixas de que tratam os incisos II e III deste artigo; VII — as áreas onde a declividade média for superior a 60%, calculada a intervalos de 100 metros a partir do nível de água máximo dos reservatórios públicos existentes e projetados, e dos limites do álveo dos rios, sobre as linhas de maior declive. Parágrafo único — Consideram-se afluentes primários: 1. os cursos de água diretamente tributários dos reservatórios públicos, existentes e projetados, e dos rios citados no artigo 2º da Lei nº 898, de 18 de dezembro de 1975. 2. O curso de água diretamente tributário, resultante da confluência de dois ou mais rios, considerando-se, também, seu prolongamento, o rio formador que tiver maior área de drenagem.”
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
10
repovoamento vegetal (com o plantio de espécies nativas), o cercamento e a proteção
dessas áreas, entre outras ações. Casos de ocupação de áreas de APP são encontrados
especialmente às margens do reservatório Billings. A intenção é restaurar as condições
naturais desses ambientes, contribuindo diretamente para a melhoria da qualidade
ambiental e das águas.
Outro conjunto importante de ações refere-se à proteção das várzeas e unidades de
conservação já existentes. Nas várzeas, há proposições para a proteção e
aproveitamento desses sistemas na retirada de cargas poluidoras, restaurando e
ampliando as funções ecológicas e bioquímicas desses ambientes (wetlands naturais).
No caso da proteção de unidades de conservação, em geral, a própria natureza e
concepção do Programa Mananciais abrange intervenções em APRMs, com vistas à
proteção dessas áreas ambientalmente sensíveis. Além disso, serão promovidas de
criação de parques (Parque Nove de Julho, parques lineares ao longo da represa Billings,
etc.), os quais poderão ser enquadrados nas classificações do SNUC – Sistema Nacional
de Unidades de Conservação4, em fases posteriores.
Nos outros dois grupos de áreas (espaços propostos para serem protegidos e· áreas
desprotegidas com significativo valor ambiental), o Programa também deve atuar
propondo a revitalização urbana e ambiental, com a criação de áreas verdes e praças em
espaços públicos e no interior de favelas, etc.
OP/BP 4.11 – Recursos Físico-Culturais
A salvaguarda OP 4.11 possui como objetivo ajudar os países que tenham projetos
financiados pelo Banco a evitar ou mitigar impactos adversos em seus recursos físicos
culturais. No caso específico do Programa Mananciais, não se identificam interferências
significativas das obras e intervenções sobre sítios arqueológicos ou sobre o patrimônio
histórico-cultural, tendo em vista, principalmente, que grande parte das intervenções
ainda se encontra no seu estágio de concepção.
O detalhamento das atividades e a elaboração dos projetos executivos das ações
previstas deverão propiciar melhores condições para a avaliação dessas interferências,
ainda que se conheça – de antemão – que grande parte das obras não deva provocar
impactos significativos por localizarem-se em áreas urbanas já degradadas (favelas,
loteamentos irregulares, margens de córregos urbanos, etc.).
Ainda sim, conforme preconizam as salvaguardas do BIRD, no caso de descobertas
fortuitas de vestígios arqueológicos (através da escavação de objetos, ossos, etc.) e de
manifestações culturais e históricas no decorrer das obras do Programa Mananciais,
deverão ser atendidos os pressupostos da legislação brasileira (em especial as Leis
Federais nº 3.924/61, n.º 7542/86 e demais normas de tombamento e proteção do
patrimônio, pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), além do
cumprimento irrestrito das orientações desta OP 4.11, todas elas explicitas no Manual
Ambiental de Construção.
4 O SNUC foi instituído pela Lei Federal 9.985, de 18 de julho de 2000.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
11
Uma vez registradas as descobertas, desenvolver-se-á o gerenciamento desses recursos
físico-culturais, incluindo medidas para evitar ou mitigar todos os impactos adversos,
gestão dos achados arqueológicos, implantação de medidas necessárias para o
fortalecimento institucional e a viabilização de um sistema de monitoramento para seguir
o progresso destas atividades.
OP/BP 4.12 – Reassentamento Involuntário
Essa diretriz define ser necessário assistir as pessoas desalojadas em seus esforços
para melhorar, ou pelo menos restaurar, a sua qualidade de vida, consultando os
reassentados e a comunidade hospedeira e incorporando as visões expressas nos
planos de reassentamento, listando as opções propostas pelos reassentados.
Para atender as exigências da política de reassentamento do Banco Mundial e planejar o
reassentamento das famílias atingidas pelas intervenções do Programa, foi elaborado um
documento específico – marco de reassentamento involuntário -, com os seguintes
objetivos: reduzir e aliviar impactos negativos nas populações afetadas pela
desapropriação das terras, recuperar a qualidade de vida da população e da comunidade;
restabelecer ou melhorar a renda e as condições de vida da população deslocada;
desenvolver e implementar o reassentamento a partir de um projeto de desenvolvimento
sustentável; restabelecer ou melhorar a renda e as condições de vida da população
deslocada.
O Programa Mananciais, em continuidade às estratégias implementadas no âmbito do
Programa Guarapiranga, prevê remoções de famílias de áreas ambientalmente frágeis,
tais como as APPs – áreas de preservação permanente e áreas de 1a categoria, como
decorrência das ações de urbanização de favelas, recuperação urbana de loteamentos e
recuperação ambiental de áreas degradadas. Para as famílias removidas, serão
construídas ou reformadas unidades habitacionais localizadas, em parte, no próprio
núcleo de origem (mas fora das áreas ambientalmente frágeis) ou em outras localidades
(outros bairros, etc.).
As remoções são consideradas necessárias por conta de alguns aspectos, entre eles: (i)
é preciso recuperar e preservar os recursos ambientais das áreas mais frágeis,
preferencialmente nos fundos de vale, nas margens dos reservatórios e córregos,
propiciando a redução da poluição e a melhoria da qualidade ambiental; (ii) os casos de
remoção são indispensáveis a soluções técnica ou economicamente viáveis para a
provisão de infra-estrutura e o atendimento por serviços públicos, ou mesmo para garantir
a acessibilidade interna (sistema viário interno, escadarias, etc.); (iii) as moradias se
encontram em condições de extremo risco geotécnico ou ambiental, em encostas,
taludes ou áreas de instabilidade geológica, que propiciam escorregamentos e acidentes;
(iv) a implantação de ações de melhoria da qualidade de vida da população, em geral;
etc.
Em todas as fases do processo de reassentamento (desde o cadastramento das famílias
até a transferência definitiva), haverá acompanhamento social e levantamentos quanto ao
nível de satisfação das famílias, visando a assegurar a adequação das novas condições
de moradia e de convívio social.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
12
PO/PB 4.37 – Seguranças de Barragens
Essa política de salvaguardas significa que, no caso de grandes represas, devem-se
realizar análises técnicas e inspeções de segurança por profissionais independentes, não
sendo necessária nenhuma consulta pública. Aqui cabe ressalva quanto ao conteúdo do
Programa Mananciais, que, embora preveja um conjunto de intervenções para a melhoria
da qualidade das águas e a busca pela manutenção das condições operacionais dos
reservatórios, não possui ações estruturais diretas sobre as barragens das represas
Billings, Guarapiranga, Taiaçupeba, etc., não implicando, portanto, em ações diretamente
relacionadas à segurança estrutural das instalações. O Programa Mananciais prevê uma
série de ações que contribuirão para a manutenção do abastecimento público,
melhorando as condições operacionais das barragens e captações, sem interferir
diretamente na estrutura física das barragens existentes. As ações de contenção das
ocupações, controle e retirada de cargas poluidoras afluentes aos córregos e represas
farão com que o atual sistema de barragens e reservatórios amplie a sua vida útil,
evitando a antecipação de investimentos para reformas ou ampliações de barragens ou
com a construção de novas estruturas.
São exemplos dessas intervenções a coleta de esgotos e resíduos sólidos das favelas,
loteamentos e bairros contribuintes à bacia hidrográfica dos mananciais de
abastecimento público; a efetivação das ligações existentes ainda não efetuadas; a
urbanização de favelas e a recuperação urbana de loteamentos irregulares, contribuindo,
igualmente, para a redução das cargas difusas; criação e implementação de parques,
áreas verdes e recuperação de áreas degradadas, reduzindo o aporte de sedimentos e
poluição aos corpos d’água e às próprias represas; a implantação de wetlands e sistemas
de remoção de cargas em córregos; entre outras.
Cabe ressaltar que as ações que poderão ter maior influência no controle e operação das
represas são as atividades de limpeza e desassoreamento de canais e lagos, previstas
para serem realizadas nas represas Paiva Castro (sub-bacia do Juqueri-Cantareira) e
Isolina (sub-bacia do Baixo Cotia), cuja retirada de sedimentos de fundo poderão ampliar
o tempo de vida útil desses reservatórios e melhorar a operação por parte da Sabesp.
2.2. Legislação Ambiental Aplicável
Além das políticas de salvaguarda do Banco Mundial, os componentes do Programa
Mananciais serão avaliados à luz das políticas e leis federais, estaduais e municipais
relacionadas à proteção do meio ambiente e ao licenciamento ambiental de
empreendimentos, conforme itens e comentários seguintes. Essa análise, portanto, será
efetuada pelos órgãos ambientais licenciadores, de acordo com os ritos administrativos e
processuais aqui mencionados, com o propósito de atender – para o BIRD e para os
órgãos ambientais governamentais, simultaneamente – os requisitos procedimentais e
legais, mitigando os impactos negativos do Programa e potencializando os efeitos
positivos previstos.
2.2.1. Legislação Federal
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
13
As avaliações de impacto ambiental – AIA, e seus instrumentos de previsão de impacto,
principalmente o Estudo de Impacto Ambiental – EIA, chegaram ao Brasil em fins da
década de 70 e início dos anos 80, através de publicações tais como: Environmental,
Health, and Human Ecologic Considerations in Economic Development Projects, pelo
Banco Mundial; e Las Evaluaciones de Impacto Ambiental, por Maria Tereza Esteban
Bolea (Madri, 1977), iniciativa do CIFCA – Centro Internacional de Formación em
Ciencias Ambientais.
Em termos de legislação federal, a efetiva implantação dos métodos de AIA no Brasil, por
meio dos seus instrumentos mais conhecidos e aplicados - o Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) – se deu a partir dos anos 80.
Dentre as leis, decretos e resoluções surgidas a partir de então, destacam-se as que se
seguem, em um breve histórico da evolução da legislação ambiental brasileira.
a) Lei no 6. 803, de 2 de julho de 1980: esta legislação “dispõe sobre as diretrizes
básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição”, introduzindo o
Estudo de Impacto Ambiental (EIA), inspirado no direito americano (National
Environmental Policy Act – NEPA, de 1969).
b) Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que instituiu a Política Nacional do
Meio Ambiente e elevou a avaliação de impactos ambientais à categoria de
instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, sem qualquer limitação ou
condicionante, já que a mesma passou a ser exigível tanto nos projetos públicos
quanto particulares, industriais ou não industriais, urbanos ou rurais, e em áreas de
poluição consideradas críticas ou não;
Decreto no 88.351 de 1º de junho de 1983: o objetivo era regulamentar a Lei no
6.938/81 e, ao realizá-lo, foi mais adiante ampliando o conteúdo da lei regulamentada,
ao estabelecer a vinculação da Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) aos sistemas
de licenciamento, outorgando ao Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)
competência para “fixar os critérios básicos segundo os quais serão exigidos estudos
de impacto ambiental para fins de licenciamento”, com plenos poderes, para baixar as
resoluções que fossem necessárias;
Resolução CONAMA Nº 001/86 de 23 de janeiro de 1986: estabeleceu as “definições,
as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e
implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da
Política Nacional do Meio Ambiente”. Foi seguida das Resoluções CONAMA no
011/86, no 006/87, no 009/87 e, por fim, da Resolução CONAMA no 237/97, que
dispõe sobre a definição de licenciamento ambiental e que, na atualidade, é uma das
principais referências para o desenvolvimento dos estudos e avaliações de impacto
ambiental, porquanto reafirma definições pertinentes ao processo de licenciamento
ambiental e estabelece os requisitos e critérios de exigibilidade para a viabilização e
implantação de grandes empreendimentos.
Em nível federal, outro conjunto de legislações também concorre para consolidar e
amparar o processo de avaliação de impactos ambientais, particularmente aplicáveis à
realidade do Programa Mananciais, entre elas:
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14
Código Florestal Brasileiro, promulgado em 15 de setembro de 1965, apresentada na
forma da Lei no 4.771, cuja redação foi posteriormente alterada pela Lei Federal
7.803, de 18 de julho de 1989 e, mais recentemente, reportada pela Resolução
CONAMA 369/06, esta tratando dos casos excepcionais de utilidade pública,
interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou
supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente – APP, cuja situação é
típica na grande maioria das intervenções do Programa (urbanização de favelas,
recuperação urbana em loteamentos, implantação de infra-estrutura de saneamento,
etc.);
Lei Federal no 9.605, de 13 de fevereiro de 1998, conhecida como “Lei dos Crimes
Ambientais” e que trata das sanções penais e administrativas derivadas de condutas
e atividades lesivas ao meio ambiente (regulamentada pelo Decreto no 3.179 de 21 de
setembro de 1999);
Lei no 3.924, de 26 de julho de 1961, que disciplina e dispõe sobre os monumentos
arqueológicos e pré-históricos nacionais, cuja legislação estabelece diretrizes gerais
para a descoberta fortuita de sítios arqueológicos;
Portarias do IBAMA, relativas às espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção
(Portarias nº 1.522, de 19 de dezembro de 1.989 e Portaria nº 45-N, de 27 de abril de
1.992, referentes à fauna e Portaria no 37-N, de 03 de abril de 1992 correspondente à
flora brasileira, além das subseqüentes e recentes revisões);
Lei Federal no 9.985 de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), com destaque para o artigo 36 que
define regras para o licenciamento de empreendimentos quando estes afetam as
unidades de conservação ou respectivas zonas de amortecimento. Essa lei federal foi
regulamentada pelo Decreto no 4.340/02;
Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei Federal no 9.433/97) e Decreto Federal n°
24.643/34 - Código de Águas, e alterações posteriores (Decreto Federal n° 94.076 de
05.03.87), além da Resolução CONAMA n° 20/86, recentemente alterada pela
também Resolução CONAMA 357/05, que definem regras para o enquadramento dos
rios em classes de uso e disciplinam os lançamentos de efluentes;
Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001, que estabelece o Estatuto da Cidade,
regulamentando os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, definindo as diretrizes,
instrumentos e condições para a implementação da política urbana, cujas implicações
são diretas das áreas de proteção dos mananciais da RMSP.
2.2.2. Legislação Estadual e Municipal
No Estado de São Paulo, merecem destaque a Política Estadual de Meio Ambiente (Lei
Estadual no 9.509/97) e as Resoluções da Secretaria Estadual de Meio Ambiente – tais
como a SMA no 42/94 –, que disciplinam o sistema de gestão e licenciamento ambiental
no Estado.
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
15
Um dos principais aspectos, emanado destes regramentos, diz respeito à exigência de
estudos ambientais em função das características e porte do empreendimento, deixando
ao órgão ambiental competente a incumbência de verificar essas particularidades e
definir o tipo e o detalhamento requerido para esses estudos e para o subseqüente
processo de licenciamento. Essa condição, particularmente no Estado de São Paulo,
possibilitou a criação de modalidades simplificadas de estudos ambientais, tais como o
RAP – Relatório Ambiental Preliminar, destinado a abrigar obras e empreendimentos de
menor porte ou, reconhecidamente, de impacto menos significativo. No Estado, as
intervenções de saneamento, dadas as suas características singulares (normalmente
implicando em mais benefícios do que impactos negativos), têm motivado o Poder
Público à exigência destes RAPs, ainda que dependentes da análise específica de cada
projeto.
O processo de licenciamento de empreendimentos de saneamento ambiental vincula-se,
ainda, ao conteúdo da Política Estadual de Recursos Hídricos (Lei Estadual no 7.663/91)
e de suas normas e regulamentos subseqüentes, particularmente no que concerne às
outorgas de direitos de uso de recurso hídricos (para captação e lançamento de
efluentes), o que implica na análise cuidadosa da legislação de enquadramento dos
corpos d’água em classes de uso e nos limites de lançamento de efluentes tratados.
Nesse quesito, vale ressaltar o Decreto Estadual n.º 10.755 de 22 de novembro de 1977,
que dispõe sobre o enquadramento dos cursos de água situados no Estado de São Paulo
– incluídos os corpos d´água da Região Metropolitana de São Paulo –, e as legislações e
atos administrativos do DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de
São Paulo, que é o poder outorgante5.
Também em âmbito estadual, a Lei n° 997 de 31.05.76, o Decreto Estadual n° 8.468 de
08.09.76, complementado pelo Decreto Estadual n° 10.755 de 22.11.77, com alterações
dadas pelos Decretos Estaduais n° 24.839 de 06.03.86 e nº 39.173 de 08.09.94,
normatizam e regulam os procedimentos básicos para o controle da poluição nos cursos
d'água.
Igualmente deve ser destacada a atuação do GRAPROHAB – Grupo de Análise e
Aprovação de Projetos Habitacionais do Estado de São Paulo, cujo objetivo é centralizar
e agilizar os procedimentos administrativos de anuência prévia do Estado para
empreendimentos de parcelamento do solo urbano e implantação de núcleos
habitacionais, públicos ou privados. Esta anuência pode ser requerida no caso de
algumas intervenções previstas no âmbito do Programa Mananciais.
O GRAPROHAB foi instituído pelo Decreto no 33.499 de 10 de julho de 1991 e é dirigido
por um Presidente designado pelo Governador e conta com uma Secretaria Executiva,
funcionando no âmbito da Secretaria da Habitação do Estado de São Paulo. Há, por
parte deste órgão, um manual para orientação e planejamento de projetos urbanísticos
que venham a ser objeto de análise pelos órgãos públicos no Estado de São Paulo, o
qual deverá, também, ser objeto de consulta e análise no Programa.
5 Entre esses regramentos merece destaque o Decreto Estadual 41.258/96, que regulamenta a outorga de direitos de uso
(art. 9 a 13 da Lei 7.663/91); a Portaria DAEE 717/96, que dá seqüência às normas do referido Decreto e a Portaria DAEE 01/98, que trata das infrações e penalidades associadas ao uso dos recurso hídricos.
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
16
No nível municipal, de modo geral, há um conjunto de legislações e normas ambientais e
urbanísticas que se aplicam, diretamente, à proteção, recuperação e sustentabilidade das
áreas de mananciais, ainda que – comparativamente - em estágios distintos de
implementação.
Entre os executores do Programa, somente o município de São Paulo possui normas
específicas para o licenciamento ambiental de empreendimentos e supressão e corte de
indivíduos arbóreos, conforme dispõe a sua legislação. Algumas leis podem ser
destacadas, entre elas:
Lei Municipal n.º 11.426/93 que cria a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente
– SVMA;
Lei 11.228/92 – Código de Obras e Edificações;
Lei 12.563/98 – Disposição de sucata e materiais reutilizáveis;
Lei 13.276/2002 – Construção de reservatórios para detenção de vazões de
drenagem nos lotes;
Lei 13.319/2002 – Obrigatoriedade de áreas verdes em estacionamentos;
Lei 13.430/2002 – Plano Diretor Estratégico do Município (PDE);
Leis 13.558/2003 e 13.876/2004 – Regularização de edificações;
Lei 13.885/2004 – Normas complementares ao PDE;
Lei 14.040/2005 – Controle da destinação de óleos lubrificantes servidos.
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17
2.3. Gestão e Controle Ambiental na Área de Abrangência do Programa
A principal referência concernente à gestão ambiental no Brasil corresponde ao artigo
225 da Constituição Federal e à Política Nacional de Meio Ambiente (Lei Federal no 6.838
de 31/08/81), que constituiu o SISNAMA e, também, estabeleceu o Cadastro Nacional de
Defesa Ambiental, criando uma nova conformação jurídico-institucional e técnica para a
gestão ambiental no Brasil. Igualmente, as Resoluções CONAMA nº 01 de 23/01/86 e no
237, de 19/12/97, constituem, atualmente, as principais referências infraconstitucionais
para o licenciamento ambiental.
Já o Estado de São Paulo conta com o Sistema Estadual de Administração da Qualidade
Ambiental, Proteção, Controle e Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado
dos Recursos Naturais - SEAQUA, instituído pela Lei Estadual nº 9.509, de 20-3-1997, e
posteriormente tratado pelo Decreto Estadual no 24.932/86 - que também criou a
Secretaria de Estado do Meio Ambiente -, tendo o objetivo de "organizar, coordenar e
integrar as ações dos órgãos e entidades da administração direta, indireta e fundacional
instituídos pelo poder público, assegurada a participação da coletividade, para a
execução da Política Estadual do Meio Ambiente, visando à proteção, controle e
desenvolvimento do meio ambiente e uso sustentável dos recursos naturais, nos termos
do artigo 193 da Constituição do estado".
O SEAQUA, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente, SISNAMA, é constituído
pelos órgãos e entidades da administração direta, indireta e fundacional do estado e dos
Municípios instituídos pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da
qualidade ambiental, administração de recursos naturais, bem como as voltadas para
manutenção e recuperação da qualidade de vida. Sua estrutura inclui:
(i) Órgão Central: a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SMA), com a
finalidade de planejar, coordenar, supervisionar, controlar a Política Estadual
do Meio Ambiente, bem como as diretrizes governamentais, fixadas para a
administração da qualidade ambiental;
(ii) Órgãos Executores: os instituídos pelo Poder Público Estadual com a
finalidade de executar e fazer executar, como órgão estadual, a política e
diretrizes governamentais fixadas para a administração da qualidade
ambiental;
(iii) Órgãos Setoriais: os órgãos ou entidades integrantes da administração
estadual direta, indireta e fundacional, cujas atividades estejam associadas à
proteção da qualidade ambiental e de vida ou ao disciplinamento de uso dos
recursos ambientais ou, ainda, ao controle da produção, comercialização e
emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a
vida, qualidade de vida e o meio ambiente;
(iv) Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle
e fiscalização ambiental nas suas respectivas áreas de atuação.
No caso do licenciamento ambiental do Estado, vale lembrar alguns dos regramentos que
permitem a descentralização dessas atividades, com destaque para o Decreto Estadual
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
18
no 43.505/98, que autoriza o Secretário Estadual do Meio Ambiente a celebrar convênios
com Municípios Paulistas, visando à fiscalização e ao licenciamento ambiental. Além da
Secretaria Estadual de Meio Ambiente – e respectivas sub-divisões -, o Conselho
Estadual do Meio Ambiente – CONSEMA tem papel central na análise, discussão e
aprovação de empreendimentos no Estado de São Paulo, cujas atribuições e principais
características são comentadas nos itens que se seguem.
- Secretaria Estadual de Meio Ambiente
A Secretaria do Meio Ambiente teve sua estrutura organizada em 1986, atuando como
órgão seccional do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA e como órgão central
do Sistema Estadual do Meio Ambiente, contando com a seguinte estrutura geral:
a) Gabinete do Secretário;
b) Coordenadoria de Informações Técnicas, Documentação e Pesquisa Ambiental –
CINP, com a atribuição de planejar, coordenar, orientar e executar atividades técnico-
científicas voltadas à pesquisa desenvolvida pelos Institutos de Pesquisa a ela
vinculados: Instituto de Botânica, Instituto Florestal e Instituto Geológico. Estes Institutos
têm por objetivo a pesquisa e proteção dos recursos naturais e o suporte às políticas de
gestão ambiental. O Instituto Florestal, que realiza pesquisas na área de conservação e
manejo florestal, é responsável pela administração da maior parte das unidades de
conservação do estado de São Paulo (23 parques, 22 estações ecológicas, 21 estações
experimentais, 10 florestas estaduais, 6 hortos florestais, 2 viveiros florestais e 2 reservas
florestais);
c) Coordenadoria de Licenciamento Ambiental e de Proteção de Recursos Naturais –
CPRN, realiza o licenciamento e fiscalização ambiental das atividades e
empreendimentos potencialmente degradadoras do meio ambiente, por meio de 03
departamentos: Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais – DEPRN, do
Uso do Solo Metropolitano – DUSM e de Avaliação de Impacto Ambiental – DAIA, cada
um com atribuições específicas. As atividades de fiscalização são realizadas em conjunto
com a Polícia Florestal e de Mananciais, subordinada à Secretaria de Segurança Pública,
conforme Resolução Conjunta SSP/SMA 03, de 11/08/97;
d) Coordenadoria de Planejamento Ambiental – CPLA, realiza o planejamento ambiental,
desenvolvendo trabalhos de zoneamento do litoral e interior, compatibilizando o
desenvolvimento regional com a proteção de recursos naturais. A CPLA é a unidade
responsável pela regulamentação e implantação das Áreas de Proteção Ambiental –
APA’s. Atua na promoção de ações de proteção e recuperação das bacias hidrográficas,
dando apoio técnico e administrativo aos Comitês de Bacias, consoante o Sistema
Integrado de Gerenciamento dos Recursos Hídricos - SIGRH;
e) Coordenadoria de Educação Ambiental – CEAM, responsável pela promoção de
campanhas educativas e pelo fornecimento de diretrizes de educação ambiental no
âmbito do Sistema Estadual do Meio Ambiente. Atualmente, a CEAM tem incentivado,
apoiado e coordenado a criação de Núcleos Regionais de Educação Ambiental;
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
19
f) Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB, criada pela Lei
Estadual nº 118 de 29/06/73. Tem como atribuições a prevenção e o controle da poluição
no estado de São Paulo por meio de licenciamento, fiscalização e monitoramento das
atividades potencialmente poluidoras, visando a promoção, proteção e a recuperação da
qualidade do ar, das águas e do solo. A estrutura da CETESB é composta de:
Presidência, Diretoria Administrativa e Financeira e 03 Diretorias Técnicas – de Controle
de Poluição Ambiental, de Desenvolvimento e Transferência de Tecnologia e de
Recursos Hídricos e Engenharia Ambiental; além do Conselho de Administração.
g) Fundação para a Conservação e Produção Florestal do estado de São Paulo –
FUNDAÇÃO FLORESTAL, criada pela Lei nº 5208 de 01/07/86, com o objetivo de
realizar a conservação, o manejo e a ampliação das florestas de preservação,
conservação e produção, pertencentes ao patrimônio do estado ou por ele fiscalizados,
em particular daquelas sob a administração do Instituto Florestal (IF). É também
responsável pela comercialização dos produtos florestais do IF.
A estrutura organizacional básica da SMA é ilustrada na Figura seguinte6. Entre os
principais órgãos e divisões da SMA, que possuem vinculação direta com o licenciamento
e análise da viabilidade ambiental do Programa Mananciais, destacam-se o CINP -
Coordenadoria de Informações Técnicas, Documentação e Pesquisa Ambiental, a CPRN
- Coordenadoria de Licenciamento Ambiental e Proteção de Recursos Naturais, a CPLA -
Coordenadoria de Planejamento Ambiental e a CEAM - Coordenadoria de Educação
Ambiental.
6 O Instituto de Botânica, o Instituto Geológico e o Instituto Florestal são órgãos autônomos, possuindo e controlando –
cada qual - um fundo especial de despesas.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
20
Figura 2.01. Estrutura Organizacional da SMA
SMA
CONSEMA - Conselho
Estadual de Meio Ambiente
CODEL - Comitê de Defesa do
Litoral
CETESB FUNDAÇÃO FLORESTAL
GABINETE DO SECRETÁRIO
CINP - Coordenadoria
de Informações
Técnicas,
Documentação e
Pesquisa Ambiental
DPP - Depto de Projetos de
PaisagemCED - Centro de Editoração
ADMINISTRAÇÃO
CENTRALIZADAORGÃOS COLEGIADOS
ADMINISTRAÇÃO
DESCENTRALIZADA
CPRN -
Coordenadoria de
Licenciamento
Ambiental e Proteção
de Recursos Naturais
CPLA -
Coordenadoria de
Planejamento
Ambiental
CEAM -
Coordenadoria de
Educação Ambiental
A CINP - Coordenadoria de Informações Técnicas, Documentação e Pesquisa Ambiental
exerce as funções de planejamento, coordenação, orientação, comando, controle e
execução das atividades técnicas e científicas relacionadas com a pesquisa de proteção
e uso de recursos ambientais, utilizando, principalmente, recursos de informática.
A CPRN - Coordenadoria de Licenciamento Ambiental e Proteção de Recursos Naturais
tem a atribuição de planejar, coordenar, orientar, comandar, controlar e executar
atividades técnicas e administrativas, relacionadas com o licenciamento ambiental e a
proteção dos recursos naturais, compreendendo: (i) o licenciamento de atividades efetiva
ou potencialmente poluidoras, bem como as consideradas causadoras de degradação
ambiental; (ii) a análise e emissão de pareceres técnicos sobre as atividades
modificadoras do meio ambiente e potencialmente geradoras de impactos ambientais de
acordo com a Resolução nº 1/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente e da
Legislação Ambiental - CONAMA, em vigor; (iii) o desenvolvimento de um arcabouço
técnico e metodológico de Avaliação de Impacto Ambiental para aplicação no
planejamento das atividades modificadoras do meio ambiente; (iv) o desenvolvimento de
critérios técnicos para a exigência de Estudos de Impacto Ambiental de atividades
disciplinadas pela Resolução nº 1/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente -
CONAMA; (v) o atendimento técnico para avaliação de planos de trabalho e termos de
referência para EIA-RIMA; (vi) o acompanhamento técnico através de Banco de Dados,
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
21
dos Estudos de Impacto Ambiental - EIAs e dos Relatórios de Impacto Ambiental –
RIMAs, de acordo com a Resolução nº 1/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente -
CONAMA, e com a legislação ambiente em vigor; (vii) a avaliação de impactos
ambientais de projetos, em atendimento à Resolução nº 1/86 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente - CONAMA, no âmbito estadual e demais legislação pertinente; (viii) a
avaliação preliminar dos projetos e obras apresentados por entidades públicas e
privadas, exigidas quando da implantação de obras públicas, atividades industriais e
extrativas, e outras, de acordo com a legislação, especialmente quanto ao
desenvolvimento do Estudo de Impacto Ambiental - EIA e do Relatório de Impacto ao
Meio Ambiente - RIMA; (ix) a preservação dos habitats, santuários, espécies da flora e
fauna e reservas ecológicas importantes, testemunhas de sítio e de ambientes naturais; e
(x) a fiscalização do uso e da exploração dos recursos ambientais do estado.
De particular interesse ao Programa Mananciais, ao CPRN estão vinculados o DAIA –
Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental, o DUSM - Departamento de
Licenciamento e Fiscalização do Uso do Solo Metropolitano e o DEPRN – Departamento
Estadual de Proteção dos Recursos Naturais.
Ao DUSM cumpre elaborar estudos de caráter técnico sobre assuntos de interesse
metropolitano e executar os atos de aprovação e licenciamento dos projetos definidos no
Sistema de Disciplinamento do Uso do Solo para a Proteção aos Mananciais da Grande
São Paulo, em conformidade com a legislação vigente e com as normas específicas de
uso e ocupação do solo nas APRMs.
Na estrutura do DUSM, cabe à sua Divisão de Fiscalização “fiscalizar, nas áreas de
proteção, a implantação de projetos e atividades, como: execução de arruamento,
loteamentos, desmembramentos, edificações, obras, atividades agropecuárias,
comerciais, industriais, recreativas, efetuando inspeções e vistorias, objetivando o
cumprimento, pelas entidades particulares e públicas, das normas fixadas na legislação”.
A CPLA - Coordenadoria de Planejamento Ambiental, por fim, desenvolve estudos e
atividades relacionadas com o planejamento ambiental, visando a adequar e integrar a
atividade humana com a proteção, manutenção e melhoria do Meio Ambiente, com o
objetivo de promover o desenvolvimento ecologicamente sustentado. Nas áreas de
mananciais, cumpre à CPLA a coordenação de estudos, diagnósticos, etc. voltados ao
planejamento ambiental das bacias hidrográficas, observados os usos múltiplos das
águas e buscando manter as condições de equilíbrio desses ecossistemas e/ou sua
recuperação ambiental.
A CEAM - Coordenadoria de Educação Ambiental cuida de planejar, desenvolver e
promover a educação ambiental, o ecoturismo e a difusão de procedimentos que, visando
à melhoria do meio ambiente estimulem a adesão da população à política de
desenvolvimento ecológico sustentado, assim como a preservação, conservação,
recuperação e melhoria do meio ambiente.
A CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental é, também, parte
integrante da estrutura básica da SMA, sendo, reconhecidamente, uma das principais
referências em prevenção e controle da poluição sobre o meio ambiente. A CETESB
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
22
criada pela Lei nº 118 de 29-6-1973, é o órgão responsável pelo monitoramento da
qualidade das águas dos mananciais da RMSP, destinadas ao abastecimento público e a
outros usos.
- Conselho Estadual do Meio Ambiente – CONSEMA
O Conselho Estadual do Meio Ambiente – CONSEMA foi criado pelo Decreto nº 20903 de
26/04/83. É o órgão normativo e recursal que propõe, acompanha e avalia a política
ambiental do estado; estabelece critérios, normas e padrões para o licenciamento e
gestão ambiental; aprecia e delibera a pertinência das propostas de obras e atividades
sujeitas à avaliação de impacto ambiental.
O CONSEMA é composto por representantes de 36 entidades, governamentais e não
governamentais (sendo que, para cada uma, são designados 1 titular e 1 suplente). É um
órgão colegiado presidido pelo Secretário de Estado do Meio Ambiente, e integrado por
representantes de diversas Secretarias do Governo do Estado de São Paulo, das
unidades que integram a SMA, da Procuradoria-Geral do Estado, de Entidades Sindicais
de trabalhadores e patronais, dos Conselhos Municipais de Defesa do Meio Ambiente, da
Associação Paulista de Municípios, das Universidades, da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência - SBPC, do Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB, da Associação
Brasileira de Engenharia Sanitária - ABES e de associações com tradição na defesa do
Meio Ambiente.
Além do CONSEMA, cite-se, ainda, o Comitê de Defesa do Litoral – CODEL, criado com
a função de coordenar a atuação das diversas entidades que possam cooperar com a
proteção do meio ambiente no litoral do estado.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
23
- Graprohab
O GRAPROHAB é dirigido por um Presidente designado pelo Governador e conta com
uma Secretaria Executiva, funcionando no âmbito da Secretaria da Habitação do Estado
de São Paulo. A função da Secretaria Executiva é a de orientar o empreendedor, receber
a documentação, redistribuir para os órgãos afins, preservar prazos, reunir as análises de
cada uma das entidades para aprovação, organizar as reuniões plenárias com voto de
cada órgão, elaborar as atas das reuniões e emitir o respectivo atestado.
O GRAPROHAB é constituído de 12 (doze) membros titulares, representantes de cada
um dos seguintes órgãos ou empresas do Estado:
I – Secretaria da Habitação;
II – Secretaria da Saúde;
III – Secretaria do Meio Ambiente;
IV – Procuradoria Geral do Estado;
V – CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental;
VI – Sabesp – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo;
VII – Eletropaulo – Eletricidade de São Paulo S.A.;
VIII – Comgás – Companhia de Gás de São Paulo;
IX – CESP – Companhia Energética de São Paulo;
X – CPFL – Companhia Paulista de Força e Luz;
XI – Emplasa – Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A.;
XII – Corpo de Bombeiros da Polícia Militar;
E órgãos da classe da construção civil:
I – SECOVI – Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de
Imóveis, Residências e Comerciais de São Paulo;
II – AELO – Associação de Empresas de Loteamento e Desenvolvimento Urbano do
Estado de São Paulo;
III – CREA – Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de
São Paulo.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
24
2.4. Licenciamento Ambiental
2.4.1. Licenciamento Ambiental do Programa
No que concerne aos empreendimentos e ações do Programa, conforme se verá no item
seguinte, estas serão objeto de licenciamento específico, de acordo com a legislação
ambiental vigente e aplicável – federal, estadual e, quando existente, municipal -,
considerando os requisitos e condições exigíveis para cada tipologia de intervenção. Isso
significa, por exemplo, que cada projeto de urbanização de favelas, recuperação urbana
de loteamentos irregulares, implantação de sistemas de saneamento básico, etc., na
forma exigida pelas leis ambientais, deverá seguir o rito próprio do licenciamento
ambiental, atendendo as exigências documentais, processuais, de prazo, etc., vinculadas
às normas e procedimentos definidos pelo órgão licenciador.
2.4.2. Licenciamento Ambiental das Ações do Programa
Em decorrência da Resolução CONAMA 237/97, foi sancionado no Estado de São Paulo
o Decreto 43.505/98 que permite à SMA firmar convênios com os municípios atribuindo-
lhes competência no tocante à descentralização de ações de gestão ambiental. Na
Região Metropolitana de São Paulo e, especificamente, na área de proteção aos
mananciais – analisando-se o conjunto de municípios executores do Programa
Mananciais –, somente o município de São Paulo possui delegação para o licenciamento
ambiental local de empreendimentos.
Os demais processos e pedidos são analisados e coordenados diretamente pela SMA, a
partir da Coordenadoria de Licenciamento Ambiental e Proteção de Recursos Naturais –
CPRN ou da CETESB, no caso de controle das fontes de poluição.
Vale lembrar que todas as ações do Programa Mananciais atenderão os critérios legais
para a obtenção das respectivas licenças prévia (LP), de instalação (LI) e de operação
(LO), quando exigíveis. No caso particular das ações a serem implementadas na bacia do
Guarapiranga, será também observado o conteúdo de sua Lei Específica (Lei Estadual no
12.233/06 e Decreto Estadual 51.686/07), o qual define que as intervenções urbanas e de
saneamento ambiental são, entre outras, passíveis de licenciamento, verbis:
“Artigo 60 - Serão objeto de licenciamento pelos órgãos estaduais
competentes, na forma desta lei, além daquelas atividades já
definidas na Lei estadual nº 997, de 31 de maio de 1976, e em
seu regulamento:
I - a instalação ou ampliação de indústrias, na forma a ser
estabelecida em regulamento;
II - os loteamentos e desmembramentos de glebas, na forma a ser
estabelecida em regulamento;
III - as intervenções admitidas nas ARO;
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
25
IV - os empreendimentos definidos nesta lei como de porte
significativo;
V - as atividades de comércio e serviços potencialmente
poluidoras, na forma a ser estabelecida em regulamento;
VI - os empreendimentos em áreas localizadas em mais de um
Município;
VII - a infra-estrutura urbana e de saneamento ambiental.
§ 1º - Entende-se por empreendimentos de porte significativo,
para efeito desta lei, aqueles que apresentem:
1. 10.000m² (dez mil metros quadrados) de área construída ou
mais, para uso não residencial;
2. 20.000m² (vinte mil metros quadrados) de área construída ou
mais, para uso residencial;
3. movimentação de terra em área superior a 10.000m² (dez mil
metros quadrados).
§ 2º - Excetuam-se das disposições do inciso VII deste artigo as
obras de pavimentação e drenagem nas Subáreas de
Urbanização Consolidada - SUC, nas Subáreas de Urbanização
Controlada - SUCt, nas Subáreas Especial Corredor - SEC, e nas
Subáreas Envoltória da Represa - SER, que poderão ser
licenciadas pelos Municípios, observadas as normas técnicas
aplicáveis.
§ 3º - O Subcomitê Cotia-Guarapiranga deverá ser notificado
quando da entrada do pedido de licenciamento e análise dos
empreendimentos de que trata este artigo.
§ 4º - As atividades de licenciamento tratadas neste Capítulo, que
estiverem a cargo do Estado, poderão ser objeto de convênio com
os Municípios, no qual serão fixados as condições e os limites da
cooperação.
Artigo 61 - As obras, empreendimentos e atividades não referidas
no artigo 60 poderão ser licenciadas pelos Municípios, sem a
participação do Estado, desde que a legislação municipal de
parcelamento, uso e ocupação do solo tenha sido compatibilizada
com as disposições desta lei.
Logo aos a concepção do sistema, a UGP/UGL deve iniciar os procedimentos de
licenciamento ambiental junto ao órgão ambiental competente. Caso o órgão ambiental
porventura exija estudo ambiental complementar para a obtenção da Licença Prévia, é
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
26
necessário: (i) definir o seu nível e conteúdo (escopo); e (ii) providenciar a sua
elaboração conjuntamente com o Programa. Com base na licença Prévia, a UGP/UGL
deve preparar o Projeto Básico do sistema contemplando as medidas sugeridas na fase
de concepção e na LP e, posteriormente providenciar a Licença de Instalação, LI. O
Projeto só deverá ser licitado após a emissão da Licença Prévia, LP e a Ordem de
Serviço só deverá ser emitida após a emissão da respectiva Licença de Instalação, LI.
Uma vez que grande parte das ações encontra-se, ainda, na fase de concepção, é
possível que após o seu detalhamento acuse-se que não haverá impactos significativos
sobre o meio ambiente, cuja situação pode redundar na dispensa da elaboração de
estudos ambientais. Embora o presente documento aponte no Quadro 2-01,
preliminarmente, a modalidade dos estudos ambientais exigíveis para cada uma das
intervenções, com base nos pressupostos legais, é possível que alguns deles sejam
dispensados (ou, ao contrário, mais detalhados), de acordo com a análise do órgão
ambiental licenciador.
Para o conjunto de ações que não necessite destes estudos, haverá, ainda sim, o
preenchimento de uma Ficha Técnica Ambiental, a qual contemplará tanto os aspectos
até aqui levantados quanto as principais salvaguardas ambientais do Banco Mundial. O
seu preenchimento propicia uma checagem e confirmação de que os empreendimentos
não afetam ou interferem com questões ambientais importantes e que, portanto,
apresentam conjunto irrelevante de impactos ambientais.
No Anexo IX deste Relatório são apresentados modelos de fichas referentes a: (i)
sistema de abastecimento de água; (ii) sistema de esgotamento sanitário; (iii) sistema de
resíduos sólidos; (iv) ações de infra-estruturação urbana e urbanização; (v) parques.
As Fichas Técnicas, ademais, devem ser aprovadas pela UGP e, com o detalhamento do
Projeto Básico, dever-se-á revisar e atualizar a Ficha Ambiental respectiva. Após a
aprovação do Projeto pela UGP/UGL deverá ser dada divulgação da Ficha Ambiental,
com aviso publicado em jornais de expressão local e regional, colocando-a à disposição
do público junto aos escritórios da UGP/UGL, empreendedor e na sede da
correspondente Prefeitura Municipal
- Licenciamento pela SMA
Na CPRN, conforme já comentado, o licenciamento é realizado pelos 03 Departamentos
que a integram: DUSM, DEPRN e DAIA. Cada Departamento tem atribuição específica e
aplica somente a legislação que lhe cabe. As atividades de licenciamento na estrutura da
CPRN são desenvolvidas pelos Departamentos:
Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais – DEPRN, que analisa
os pedidos de autorização de supressão ou manejo de vegetação natural e as
intervenções em áreas de preservação permanente, em todo estado de São
Paulo. Possui estrutura descentralizada, com diretorias regionais, equipes
técnicas específicas e postos de atendimento;
Departamento de Uso do Solo Metropolitano – DUSM, que analisa os pedidos de
licença de obras ou atividades nas Áreas de Proteção aos Mananciais de
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
27
Interesse da Região Metropolitana de São Paulo e que, portanto, deve ser o
responsável por grande parte do licenciamento ambiental das intervenções do
Programa.
Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental – DAIA, que analisa os
empreendimentos e atividades sujeitos à apresentação de EIA´s/RIMA´s e de
Relatório Ambiental Preliminar - RAP.
Os três Departamentos emitem pareceres técnicos e licenças ambientais (LP, LI e LO,
Autorização para Supressão de Vegetação e Alvará de Licença Metropolitana), contando
com critérios próprios.
De modo geral, ainda que possa haver mudanças ou simplificações nas regras para o
licenciamento de obras do Programa Mananciais (a ser definido pela SMA), considera-se
– até, em certa medida, de modo mais conservador – que o cronograma de licenciamento
ambiental para a implantação dos empreendimentos e intervenções previstas ocorra, em
média, em torno de 17 meses a partir das contratações dos projetos, conforme ilustra a
Figura 2.02 seguinte. Naqueles casos onde os projetos básicos ou executivos já foram
contratados ou concluídos, o prazo do licenciamento deve ser reduzido, a depender do
avanço do projeto, de sua tipologia e complexidade7.
Figura 2.02. Cronograma de Licenciamento Ambiental de Empreendimentos do Programa Mananciais
6 meses 6 meses 4 meses
3 meses 3 meses6 meses
4 meses
Licitação
Obras
Execução
Obras
Licitação
Proj. Básico
Elaboração
Proj. Básico
Elaboração
Proj. Executivo
1
mê
......
17 meses 11 meses 5 meses 1 mês
0 6 12 16 17
Meses
Licitação
Est. Ambiental
Elaboração
Est. Ambiental
Emissão
LP
Emissão
LI
7 Muitos dos projetos executivos, ao terem sido concluídos, já foram protocolados ou licenciados no órgão ambiental
correspondente, reduzindo, ainda mais, o prazo ora referido.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
28
Vale lembrar que, em função das peculiaridades das intervenções, os prazos para análise
e deferimento das Licenças Prévia - LP e de Instalação - LI, conforme consta da Figura
acima, são estimativos, em atenção ao que dispõe a legislação paulista e, também, o
artigo 14 da Resolução CONAMA 237/97, verbis:
“Art. 14. O órgão ambiental competente poderá estabelecer
prazos de análise diferenciados para cada modalidade de licença
(LP, LI e LO), em função das peculiaridades da atividade ou
empreendimento, bem como para a formulação de exigências
complementares, desde que observado o prazo máximo de 6
(seis) meses a contar do ato de protocolar o requerimento até seu
deferimento ou indeferimento, ressalvados os casos em que
houver EIA/RIMA e/ou audiência pública, quando o prazo será de
até 12 (doze) meses.”
- Graprohab
Além da SMA, deve-se ressaltar o papel do GRAPROHAB no licenciamento das
unidades habitacionais previstas no componente de remoções e reassentamento do
Programa Mananciais.
Para amparar o processo de licenciamento, há o chamado Manual GRAPROHAB, que
constitui um instrumento de orientação e planejamento de projetos urbanísticos objeto de
análise pelos órgãos públicos no Estado de São Paulo. Este documento define, entre
outras, a documentação a ser apresentada a cada órgão público, empresa,
concessionárias de serviços públicos ou Secretarias de Estado, integrantes do Colegiado.
O manual apresenta-se como uma listagem de documentos e plantas a serem
encaminhadas à análise, fazendo referência à norma técnica ou legislação específica,
quando oportuno. Isto se aplica aos empreendimentos passíveis de licenciamento relativo
à glebas inferiores a um milhão de metros quadrados, acima do qual o licenciamento
ambiental prévio se faz determinante. Nesses casos, e após esta iniciativa e apreciação,
os projetos ingressam no sistema GRAPROHAB de anuência.
As fases de apresentação e análise dos projetos contemplam as seguintes atividades:
(i) Protocolo: deverão ser apresentados os projetos devidamente assinados por
proprietário e responsável técnico; este, com seus respectivos números de CREA e
ART. Os memoriais também deverão conter as mesmas assinaturas. Deverá conter
as plantas dos empreendimentos;
(ii) .Análise do Projeto: Os projetos habitacionais, percorridos os trâmites nos diversos
órgãos ou empresas, serão apreciados em reunião do Grupo, podendo ocorrer:
exigências técnicas – com a expedição do Relatório de Exigências Técnicas;
Indeferimento – com a expedição do Relatório de Indeferimento; ou aprovação, com
a expedição do competente Certificado de Aprovação;
No âmbito dos procedimentos habitacionais também estão envolvidos os órgãos
ambientais do estado e as respectivas secretarias de habitação dos entes federados. A
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
29
CETESB analisa os parcelamentos do solo e empreendimentos habitacionais quanto à
sua compatibilidade com a localização pretendida e sob os aspectos de saneamento. À
Secretaria da Habitação cumpre a anuência prévia para aprovação de projetos de
loteamento e desmembramento na região metropolitana de São Paulo. A Procuradoria
Geral do Estado examina a documentação pessoal e relativa à propriedade do imóvel. A
SMA – Secretaria do Meio Ambiente é responsável pela análise dos projetos sob os
aspectos da legislação ambiental, em especial aqueles relacionados à alteração da
paisagem natural e às intervenções com a vegetação natural e com áreas especialmente
protegidas, tais como as áreas de proteção ambiental – APAs; áreas de proteção e
recuperação de mananciais da região metropolitana de São Paulo – APRMs; áreas de
preservação permanente definidas pelo código florestal – APPs e outras áreas
especialmente protegidas por força de Leis, Decretos e Resoluções das autoridades
ambientais estaduais e federais.
Também se envolvem nesse processo as concessionárias de serviços públicos, as quais
atuam na análise dos projetos quanto à disponibilidade, por exemplo, de energia elétrica,
com a prévia verificação da demanda necessária ao empreendimento e à capacidade da
rede local, fornecendo as especificações para a execução do projeto. Avaliam também os
aspectos do empreendimento que possam interferir na construção e manutenção do
sistema elétrico que atenderá os futuros consumidores. No caso da Sabesp ou serviços
municipais autônomos, estes fornecem inicialmente as diretrizes do sistema de
abastecimento de água e tratamento de esgoto para a confecção dos projetos de
abastecimento de água, de coleta e afastamento de esgoto sanitário e de tratamento de
esgoto do empreendimento, para posterior análise e aprovação.
Também participam a Comgás (nos municípios operados pela concessionária, manifesta-
se sobre a disponibilidade de rede, com a prévia verificação da demanda necessária do
empreendimento e a capacidade da rede local instalada, para o fornecimento de gás em
conjuntos habitacionais), o Corpo de Bombeiros (no caso de implantação de conjunto
habitacional vertical com relação aos sistemas de segurança e proteção contra incêndio)
e a EMPLASA, que analisa a adequação do parcelamento do solo ou de grandes
empreendimentos habitacionais à Legislação Federal, Estadual e Metropolitana, frente
aos planos de planejamento metropolitano, examinando principalmente os impactos
urbanísticos gerados pelos empreendimentos. A EMPLASA atua, no âmbito das regiões
metropolitanas de São Paulo, Baixada Santista e Campinas.
- Município de São Paulo
No caso do licenciamento municipal (Município de São Paulo), a Secretaria Municipal do
Verde e Meio Ambiente – SVMA, criada pela Lei Municipal n.º 11.426/93 e o Conselho
Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – CADES, vinculado àquela
Secretaria, são as principais referências para o disciplinamento da questão, de acordo
com legislação e regras específicas.
A SVMA conta com três departamentos – Parques e Áreas Verdes (DEPAVE), Controle
da Qualidade Ambiental (DECONT) e Administração e Finanças (SGA). Esses
departamentos são supervisionados por duas Coordenadorias – de Planejamento
Ambiental (COPLAM) e de Educação Ambiental (CEA), conforme organograma seguinte.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
30
Figura 2.03. Organograma e Estrutura de Licenciamento da SVMA
CEA
DECONT SGA
COPLAM
DEPAVE
Gabinete do
Secretário
SVMA
O DECONT 1 é a Divisão que cuida da fiscalização, autuações e Termos de Ajustamento
de Conduta. O DECONT 2 cuida do licenciamento ambiental de empreendimentos.
Dentro de DEPAVE, a Divisão de Proteção e Avaliação Ambiental trata da autorização
para corte de árvores para obras públicas e privadas.
O CADES é presidido pelo Secretário de SVMA e sua Secretaria Executiva está
vinculada também à SVMA, onde 50% de seus membros são representantes do
Executivo Municipal, de suas várias secretarias. A SVMA conta com um staff de 980
funcionários, sendo 74 Agentes de Controle Ambiental (ACAs), que dividem-se entre
tarefas de campo e funções internas às equipes de fiscalização.
Os procedimentos de licenciamento ambiental municipal são similares aos empregados
pelos demais órgãos do SISNAMA e consistem em:
consulta prévia por parte do promotor de empreendimento potencialmente causador
de dano ambiental significativo, por meio do Requerimento de Consulta Prévia;
análise do pedido por DECONT 2, à luz da legislação ambiental pertinente;
manifestação de DECONT 2 – se pela dispensa de licença, publicação do despacho e
emissão de certidão ao interessado; se pela exigibilidade de licenciamento, definição
do tipo de estudo requerido – do mais simples, denominado Estudo de Viabilidade
Ambiental (EVA) ao mais completo, o EIA-RIMA;
requerimento da licença, pelo interessado, com apresentação do estudo requerido;
análise de DECONT 2, atendimento de comentários, análise de versões revisadas,
etc.;
em casos mais simples, DECONT 2 se manifesta diretamente pelo deferimento ou
indeferimento, sendo expedida, no primeiro caso, a licença correspondente (prévia,
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
31
de instalação ou de operação); nesses casos, o estudo deve ficar à disposição do
CADES para consulta, por um prazo de 45 dias, antes da aprovação;
no caso do EIA-RIMA, o documento deve ser submetido à aprovação do CADES;
caso este aprove o relatório, é expedida a licença requerida.
A Figura 2.04 seguinte demonstra o fluxo de atividades para licenciamento ambiental no
município de São Paulo, observadas a estrutura organizacional ora comentada.
Figura 2.04. Sistemática de Licenciamento da SVMA
Uma das questões que se põe em evidência é o tipo de licenciamento aplicável a cada
um dos componentes e tipos de intervenções do Programa. Neste caso, embora a
definição caiba à SMA, ao GRAPROHAB e à SVMA/SP, estima-se que as principais
intervenções estruturais se associem aos estudos e documentos ambientais constantes
do Quadro 2.01 seguinte. Ainda cabe, porém, uma definição oficial sobre o assunto.
- Consultas Públicas e Aprovação das Licenças Ambientais
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
32
No que concerne à questão das consultas públicas, em especial, há que serem
esclarecidas as formas previstas na legislação federal e estadual que disciplinam as
formas de participação da sociedade, dos órgãos públicos e da iniciativa privada na
aprovação e licenciamento dos empreendimentos.
Por certo, a Resolução SMA 42, de 29 de dezembro de 1994, é a principal referência
para a qualificação desse processo de participação, a qual define as regras para
manifestações dos interessados e para as audiências públicas durante a apresentação e
análise dos estudos ambientais, observada a Resolução nº 9/87, do CONAMA e a
Deliberação nº 50/92, do CONSEMA, igualmente relacionadas. A Resolução SMA 42/94
estabelece, primeiramente, o Relatório Ambiental Preliminar (RAP) como um “documento
primeiro” para o licenciamento ambiental, possibilitando a tomada de decisão – por parte
da SMA e do CONSEMA - sobre a exigência ou dispensa de EIA-RIMA, para a obtenção
da Licença Prévia.
Quando há a apresentação de um RAP (e publicação do respectivo pedido de licença),
por exemplo, há um prazo de trinta dias onde qualquer interessado pode manifestar-se
por escrito, através de petição, sobre o empreendimento e o conteúdo do relatório
ambiental, cujas manifestações serão analisadas pela SMA. Com base no RAP e nas
manifestações recebidas, a SMA pode (i) indeferir o pedido de licença em razão de
impedimentos legais ou técnicos ou (ii) exigir a apresentação de EIA e RIMA ou
dispensá-la. Caso seja exigido o EIA-RIMA, poderá ser solicitada audiência pública 45
dias após a publicação da decisão por parte da SMA e, daí por diante, segue-se o rito de
elaboração do Plano de Trabalho (até 180 dias da publicação da decisão da SMA);
definição do Termo de Referência do EIA-RIMA pelo DAIA; definição do prazo de
elaboração do EIA-RIMA, etc. Após a entrega do EIA-RIMA, conforme dispõe a legislação
federal, há um prazo de 45 dias para solicitação de audiência pública, de acordo com as
citadas Resolução CONAMA 9/87 e Deliberação CONSEMA nº 50/92.
Uma vez publicada a súmula do relatório do DAIA, a Secretaria Executiva do CONSEMA
encaminhará o RIMA e o relatório do DAIA a uma das câmaras técnicas do CONSEMA
que analisará o empreendimento, ouvindo o interessado, técnicos da SMA envolvidos
com a questão e demais segmentos sociais interessados, dando seqüência,
posteriormente, aos procedimentos de análise e aprovação final, antes da expedição da
licença respectiva.
No caso do município de São Paulo, que também possui órgão licenciador
(CADES/;DECONT), há basicamente três modalidades de estudos ambientais que
orientam o processo de licenciamento, sem prejuízo das demais condições previstas na
legislação nacional e estadual: o EIA-RIMA, o EVA – Estudo de Viabilidade Ambiental e o
PRAD – Plano de Recuperação e Áreas Degradadas, sendo, o primeiro, requerido para
empreendimentos de maior complexidade; o EVA, para intervenções menos impactantes
ou de menor potencial de degradação ambiental; e o PRAD com destinação específica
para as situações onde há necessidade de recuperação e reabilitação de áreas ou
recursos naturais contaminados ou degradados.
Para todos há previsão de realização de consultas públicas, nos termos das Resoluções
CADES no 69/2002 e no 61/2001. Para o EIA-RIMA, a SVMA convocará audiência pública
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
33
para todos os empreendimentos ou atividades em processo de licenciamento ambiental,
publicando em jornal de grande circulação e pelo Diário Oficial do Município o pedido de
audiência, com antecedência mínima de 20 dias. No caso do EVA e do PRAD, a SVMA
poderá convocar audiência sempre que solicitada nos termos das referidas Resoluções e
tal solicitação poderá ser realizada, de acordo com as normas, pelas seguintes entidades:
Por entidade civil sem fins lucrativos, constituída há mais de um ano e que tenha
por finalidade social a defesa de interesse econômico, social, cultural ou
ambiental, que possa ser afetado pelo empreendimento ou atividade objeto do
respectivo EVA ou PRAD:
Por 50 (cinqüenta) ou mais cidadãos que representem legítimos interesses da
coletividade, que possam ser afetados pelo empreendimento ou atividade;
Pelo Ministério Público Federal ou do Estado de São Paulo;
Pelo Poder Público Estadual, através da Secretaria do Meio Ambiente do Estado
de São Paulo;
A partir do recebimento do EVA ou do PRAD, fixa-se um prazo de 45 dias para
solicitação de audiência pública, quando a SVMA anuncia tal condição em edital
publicado no Diário Oficial do Município, na imprensa local e outros meios de
comunicação. Podem ser realizadas mais de uma audiência pública, a critério da SVMA,
desde que a solicitação das novas audiências ocorram até 5 dias úteis contados da
realização da anterior. Uma vez convocada a audiência pública, o empreendedor deverá
assegurar a mais ampla divulgação e participação dos interessados, fazendo-a por meio
de jornal de grande circulação no Município de São Paulo, pela imprensa, por outros
veículos de comunicação locais e, em especial, de rádio-difusão, enviando à SVMA a
comprovação dessa divulgação. As Audiências Públicas são realizadas na região de
influência do empreendimento ou atividade, em local de acesso público e instalações
adequadas.
Por fim, a SVMA disponibiliza para consulta um exemplar do respectivo estudo ambiental
(EIA-RIMA, EVA ou PRAD), desde a divulgação da audiência até seu encerramento.
Os resultados das consultas públicas e manifestações dos interessados, assim como no
caso do licenciamento estadual, subsidia o processo de análise dos estudos ambientais e
a elaboração de pareceres técnicos conclusivos, os quais antecedem a tomada de
decisão por parte da autoridade ambiental local (no caso do EIA-RIMA, sujeito à
aprovação do CADES; no caso do EVA, o parecer é submetido ao diretor do DECONT).
No caso específico da deliberação de outorga do Certificado de Aprovação de
empreendimentos habitacionais, junto ao Graprohab, não há previsão de consultas
públicas no processo de apresentação, tramitação e análise dos pedidos de outorga. No
prazo de 60 dias percorridos os trâmites nos diversos órgãos, o projeto será apreciado
em reunião deliberativa do Graprohab, que poderá aprovar, exigir complementações ou
indeferir o pedido.
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
34
Caso sejam necessários complementos para cumprimento das exigências técnicas de
qualquer um dos órgãos associados, o empreendedor terá até 60 dias para atendê-las e
o Graprohab mais 60 dias para analisá-las. Após esse prazo, caso remanesçam
problemas ou pendências de toda a ordem, é facultado ao interessado interpor recurso
contra a decisão do órgão ou empresa, tendo 20 dias para fazê-lo. Há, também, prazo de
90 dias para o interessado solicitar reabertura do processo, em caso de indeferimento do
projeto.
O Quadro 2.01 seguinte apresenta uma síntese das diversas situações e condições para
a realização das consultas públicas na fase de licenciamento dos empreendimentos,
observadas as condições acima enunciadas.
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Quadro 2.01. Tipos de Intervenção e Requisitos para o Licenciamento Ambiental
INTERVENÇÕES / OBRAS Estudos e
Documentos Vinculados
Abrangência Consultas Públicas
SSE - Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo
1 Centro de Integração da Cidadania do Grajaú (Guarapiranga) RAP específico
Facultada a Manifestação dos Interessados por Escrito à SMA, via Petição, em até 30 dias após
a publicação do pedido de licença (apresentação do RAP)
2 Obras de revitalização urbana e recuperação de áreas degradadas (sub-bacias Guarapiranga, Billings e Alto Tietê)
RAP bacia hidrográfica
3 Obras de conversão de lixões em aterros sanitários no município de Embu-Guaçu RAP bacia hidrográfica
SMA - Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo
1 Implantação de Centro de Referência em Educação Ambiental (Guarapiranga e Billings) RAP específico
Facultada a Manifestação dos Interessados por Escrito à SMA, via Petição, em até 30 dias após
a publicação do pedido de licença (apresentação do RAP)
2 Obras de implantação de Parques (Parque Nove de Julho - Guarapiranga; Parques Lineares - Billings; Parques - Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra)
RAP bacia hidrográfica
3 Remediação dos locais de disposição clandestina de resíduos sólidos na sub-bacia Billings RAP bacia hidrográfica
4 Repovoamento vegetal nas margens da represa Billings RAP bacia hidrográfica
5 Recuperação de áreas degradadas e revitalização urbana no município de São Paulo PRAD específico
SVMA após entrega do EVA abre prazo de 45 dias para
solicitações de audiência pública por parte dos interessados
(Resoluções CADES 61/2001 e 69/2002)
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36
INTERVENÇÕES / OBRAS Estudos e
Documentos Vinculados
Abrangência Consultas Públicas
CDHU – Cia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano
1 Obras das novas Unidades Habitacionais GRAPROHAB específico
Não se prevêem consultas públicas para a deliberação da
outorga do Certificado de Aprovação. A participação da
comunidade se dá, geralmente, no planejamento do empreendimento.
SABESP – Cia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
1 Implantação de Estações de Remoção de Carga Poluidora (Guarapiranga, Billings, Alto Tietê, Juqueri Cantareira e Alto e Baixo Cotia)
RAP específico
Facultada a Manifestação dos Interessados por Escrito à SMA, via Petição, em até 30 dias após
a publicação do pedido de licença (apresentação do RAP)
2 Implantação de Wetlands na Várzea do Rio Parelheiros / Itaim – Reversão do Taquacetuba, Sub-Bacia do Guarapiranga
RAP específico
3 Sistema de Retenção de Detritos na Captação da ETA Alto da Boa Vista – Reservatório Guarapiranga
RAP bacia hidrográfica
4 Desassoreamento da Isolina Superior (Cotia) e do Paiva Castro (Cantareira) RAP específico
5 Implantação de Infra-estrutura para Aplicação de Algicidas no Reservatório Paiva Castro RAP específico
6 Implantação de Parques no Entorno dos Reservatórios Paiva Castro (Sistema Cantareira) e Isolina (Sistema Cotia)
RAP bacia hidrográfica
7 Implantação de Módulos Tubulares nos Decantadores, Remoção de Lodo das ETAs; Estocagem de Cal e Sistemas de Recuperação de Águas de Lavagem
RAP bacia hidrográfica
8 Expansão dos Sistemas de Esgoto (Redes, Coletores, etc.), Ampliação da ETE Mairiporã e Melhoria Operacional (Eliminação de Extravasamentos, etc)
RAP bacia hidrográfica
9 Expansão e Melhorias dos Sistemas de Abastecimento de Água (Reservação, Redes, etc.) – Setores Grajaú e PAT Prosanear
RAP específico
INTERVENÇÕES / OBRAS Estudos e
Documentos Vinculados
Abrangência Consultas Públicas
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37
PMSBC - Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo
1 Obras de Urbanização de Favelas - Grande Alvarenga RAP bacia hidrográfica
Facultada a Manifestação dos Interessados por Escrito à SMA, via Petição, em até 30 dias após
a publicação do pedido de licença (apresentação do RAP)
2 Relocação de famílias de áreas de primeira categoria - Grande Alvarenga RAP bacia hidrográfica
3 Obras de Recuperação de Áreas de 1ª Categoria Liberadas pela Relocação - Grande Alvarenga RAP bacia hidrográfica
4 Obras de Readequação Urbana e Ambiental de Loteamentos - Grande Alvarenga RAP bacia hidrográfica
5 Arborização Urbana - Grande Alvarenga RAP bacia hidrográfica
6 Obras para urbanização e revitalização de áreas públicas livres e implantação de equipamentos comunitários de lazer - Grande Alvarenga
RAP bacia hidrográfica
7 Implantação de Parques na Área de Proteção aos Mananciais - Grande Alvarenga RAP bacia hidrográfica
8 Repovoamento vegetal das margens do reservatório Billings na faixa de 50 metros e nos trechos antropizados - Grande Alvarenga
RAP bacia hidrográfica
9 Obras de recuperação das áreas degradadas - Grande Alvarenga PRAD específico
Não há previsão de consultas públicas para o PRAD. Caso os empreendimentos, a critério da SMA, necessitem de EIA-RIMA,
segue-se o rito de prazos e condições para audiências
públicas segundo legislação 10 Obras para recuperação da área do Lixão do Alvarenga PRAD específico
11 Obras para Implantação de Centros de Ecologia e Cidadania RAP específico
Facultada a Manifestação dos Interessados por Escrito à SMA, via Petição, em até 30 dias após
a publicação do pedido de licença (apresentação do RAP)
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38
INTERVENÇÕES / OBRAS Estudos e
Documentos Vinculados
Abrangência Consultas Públicas
PMG - Prefeitura Municipal de Guarulhos
1 Obras de implantação de Parques (Tanque Grande e Lagoa Azul/Lavras) RAP bacia hidrográfica
Facultada a Manifestação dos Interessados por Escrito à SMA, via Petição, em até 30 dias após
a publicação do pedido de licença (apresentação do RAP)
2 Reformas gerais na ETA Tanque Grande; obras do sistema de abastecimento de água Ururuquara e Lagoa Azul/Lavras; Programa de Controle e Redução de Perdas
RAP bacia hidrográfica
3 Obras do sistema de esgotamento sanitário Lagoa Azul / Lavras RAP bacia hidrográfica
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39
2.5. Políticas de Compensação pelos Impactos Ambientais
A compensação ou reparação de danos ou impactos ambientais é um mecanismo que se
fundamenta no princípio da responsabilidade objetiva do causador, conforme dá conta o
parágrafo 3º do art. 225 da Constituição Federal de 1988.
A Política Nacional de Meio Ambiente, no seu art. 4º, inciso VII, impõe ao poluidor e ao
predador a obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da
contribuição pela utilização de recursos naturais para fins econômicos.
A Lei do SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei Federal n.º 9.985,
de 18/04/2000) também prevê que nos casos de licenciamento ambiental de
empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão
ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo
relatório – EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção
de unidade de conservação do grupo de Proteção Integral. Desse modo, o montante de
recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade não pode ser inferior a
meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo
o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto
ambiental causado pelo empreendimento.
Assim, de modo geral, cumpre ao órgão ambiental licenciador competente, definir os
critérios e condições, fixando – como no caso do SNUC - as unidades de conservação ou
áreas a serem beneficiadas, considerando as propostas de compensação apresentadas e
ouvidos os empreendedores.
Outras formas de compensação – não pela implantação de empreendimentos, mas pela
necessidade de compensar ou manter unidades de conservação – aplicam-se ao Estado
de São Paulo, como os instrumentos econômicos previstos nas Lei 8.510/93 (Lei do
ICMS Ecológico) e Lei 9.146/95 (Compensação por Áreas Protegidas).
A Lei do ICMS Ecológico direciona 0,5 % do ICMS para os municípios abrangidos por
espaços territoriais protegidos pelo Estado, considerando a área protegida em relação ao
território do município e o grau de restrição imposto. Cerca de 150 municípios são
beneficiados pelo ICMS ecológico.
A Lei 9.146/95, a seu tempo, institui a compensação financeira, com recursos do Tesouro
Estadual, para municípios abrangidos por espaços territoriais protegidos pelo Estado,
incluindo APAs e Áreas de Proteção aos Mananciais. A regulamentação da lei ainda está
tramitando.
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
40
____________________________________________
3. DESCRIÇÃO DO PROGRAMA MANANCIAIS
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
41
3. DESCRIÇÃO DO PROGRAMA MANANCIAIS
O Programa de Saneamento Ambiental dos Mananciais da Bacia Hidrográfica do Alto
Tietê – Programa Mananciais – tem como áreas de intervenção as bacias de mananciais
situadas no interior da RMSP, utilizadas para o seu abastecimento público: Guarapiranga,
Billings, Alto Tietê-Cabeceiras, Juqueri-Cantareira e Alto e Baixo Cotia.
A implementação do Programa envolverá ações estruturais e não-estruturais, de curto,
médio e longo prazo, voltadas, simultaneamente, a objetivos ambientais, sociais e de
ordenamento territorial, definidos a partir do entendimento de que, nas áreas de
mananciais da RMSP, as situações mais agudas se caracterizam pela sobreposição de
problemas de uso e ocupação do solo com o conseqüente comprometimento da
qualidade das águas, freqüentemente envolvendo quadros acentuados de pobreza
urbana.
O conjunto das intervenções de interesse encontra-se referido a um conjunto
multidisciplinar que abrange os seguintes componentes:
Instrumentos de gestão do Programa (sustentação, acompanhamento, controle
e viabilização) e de fortalecimento dos sistemas de gestão das áreas de
intervenção, compreendendo estudos e providências destinados a estruturar e
melhorar a gestão dos territórios; estudos relacionados à qualidade da água; ações
de educação ambiental, fiscalização, monitoramento das cargas poluidoras e
promoção da cidadania e solidariedade social;
Estruturação e recuperação urbana, abrangendo urbanização de favelas;
implantação de infra-estrutura pública em loteamentos de baixa renda (sistemas de
água, esgotos, micro e macro drenagem, melhorias viárias e acessibilidade para
serviços de coleta de lixo, praças e equipamentos públicos, urbanização, contenção
de encostas e eliminação de situações de risco geotécnico e ambiental, trabalho
social e educação ambiental); e construção de unidades habitacionais para a
remoção de famílias situadas em área de risco lato sensu;
Ações de preservação e de recuperação ambiental, compreendendo a
implantação de parques e áreas verdes, de lazer e uso comum; repovoamento
vegetal e arborização urbana; recuperação ambiental de áreas degradadas; educação
ambiental e fiscalização do uso e ocupação do solo e ambiental;
Ações de saneamento ambiental: expansão de sistemas de esgotamento sanitário;
melhoria operacional e tecnológica de sistemas de esgotos existentes; pré-tratamento
de córregos afluentes de reservatórios; inovações tecnológicas de estações de
tratamento de água e melhorias nos sistemas de captação e distribuição; implantação
de aterros sanitários; e remediação de áreas degradadas de destinação de resíduos.
Este conjunto, contudo, é referencial, não podendo ser entendido como padrão a ser
aplicado de modo uniforme em todas as bacias de intervenção, visto que cada bacia tem
a sua especificidade territorial e as suas interações próprias no contexto metropolitano.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
42
Vale observar que uma das questões consideradas para a viabilização das intervenções
do Programa diz respeito à necessidade de reassentamentos involuntários, objeto de
preocupações do BIRD, conforme suas salvaguardas já comentadas. Conforme já
adiantado, as remoções serão decorrentes das ações de urbanização de favelas,
recuperação urbana e ambiental de loteamentos e de áreas de 1a categoria, cujas regiões
se encontram, atualmente, sob intensa pressão de ocupações irregulares e graves
deficiências de infra-estrutura.
Todas as ações de reassentamento são objeto da Política de Salvaguarda do BIRD OP
4.12 – Reassentamentos Involuntários, o que implicará na elaboração de Planos de
Reassentamento para todas as obras previstas, nos termos e condições preconizadas
pelo BIRD e pela legislação ambiental e habitacional vigente (inclusive de acordo com os
requisitos e condições para o licenciamento de empreendimentos junto ao
GRAPROHAB). Não devem ser realizadas obras de remoções e reassentamentos no
primeiro ano de Programa, devido à inexistência dos programas executivos que deverão
ser, ainda, contratados.
Desse modo, a prática de reassentamento se torna necessária devido, principalmente:
o à redução ou eliminação de situações de risco geotécnico e ambiental (domicílios
rústicos situados em declividades altas, sem estruturas civis adequadas e que
normalmente oferecem risco a outras famílias; favelas assentadas em áreas de 1a
categoria, ao longo de corpos d’água e reservatórios; etc.), cujas situações são
comuns nas favelas e loteamentos irregulares que serão atendidos pelo Programa,
sobretudo na sub-bacia Billings;
o recuperação de áreas ambientalmente sensíveis (margens de córregos, fundos de
vale, encostas, várzeas, etc.), cujas áreas são importantes para a melhoria ou
manutenção da qualidade ambiental e das águas. Nesses casos, após as remoções é
efetuado um processo de recuperação envolvendo o repovoamento vegetal, a
estabilização dos taludes, a reconfiguração do sistema de drenagem, etc., cujas
ações são indispensáveis à sustentabilidade ambiental nessas regiões;
o à complexidade e às dificuldades técnicas e orçamentárias para implementar infra-
estrutura urbana e de saneamento ambiental nessas áreas (casas abaixo da soleira
da rede coletora, áreas sujeitas a inundação, etc.);
o necessidade de liberação de áreas para viabilização das obras de urbanização de
favelas e recuperação urbana de loteamentos (os imóveis que interferem na
implementação do projeto ou que estejam em situação de risco são indicados para
remoção total).
Parte das famílias removidas serão transferidas para unidades habitacionais novas ou
reformadas, localizadas no interior do próprio núcleo (mas fora das áreas de 1a categoria
ou APPs – áreas de preservação permanente) ou fora dele. As unidades habitacionais
para o reassentamento serão disponibilizadas pela CDHU, sendo uma pequena parte
providenciada pelo próprio executor, neste caso, Prefeitura de São Bernardo do Campo
ou demais prefeituras que sejam selecionadas e aprovadas. Para as demandas da
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
43
CDHU, há diversas formas – ainda em análise – para a destinação das unidades
habitacionais, podendo ser viabilizado o mecanismo de Carta de Crédito (para a
aquisição do terreno e da casa), ou mesmo, a própria aquisição e/ou desapropriação de
terrenos públicos e privados para posterior destinação à população beneficiária.
No caso da Sabesp, não há remoções previstas, embora haja previsão de ações em
áreas patrimoniais que não necessitam, porém, de desapropriação e/ou aquisição de
terrenos. As servidões administrativas serão definidas em função dos projetos e, disto,
devem ser providenciadas as medidas para a sua regularização.
Nos Quadros apresentados adiante, consta uma síntese das intervenções de cada
executor no Programa Mananciais, organizadas segundos os quatro componentes
anteriormente enunciados.
Quadro 3.01. Ações da SSE no Programa, por Componente
Programas Ações
Instrumentos de Sustentação, Acompanhamento, Controle, e Viabilização do Programa (Gestão)
Apoio Técnico à operação, integração e atualização dos instrumentos de gestão (GIS e PDPA), monitoramento do uso e ocupação do solo e adequação do solo à legislação; Centro de Integração da Cidadania (CIC); Concepção, desenvolvimento, estruturação e institucionalização de instrumentos técnicos para apoio à gestão nos municípios inseridos nas áreas de mananciais da bacia do Juqueri-Cantareira, Billings, e Juqueri-Cantareira; Educação Ambiental, Monitoramento, Apoio Técnico-Operacional pós-obra e acompanhamento social pós-ocupação;Gerenciamento do Programa; Pesquisas junto a população usuária e beneficiária, mediante investigação amostral em todas as cinco bacias abrangidas; Ações de Mobilização e Apoio a Projetos de Entidades Civis;Operação do Sistema de Gestão; Rede de Informações de Apoio à Gestão; Concepção Técnica, estruturação e implantação da Rede de Informações de Apoio à Gestão; Divulgação do Sistema de Gestão (ao público);Seminários Internacionais Anuais sobre Recursos Hídricos e Desenvolvimento Urbano; Auditoria Ambiental Independente; dinamização da atividade econômica, empreendedorismo e inclusão social; Programa de Desenvolvimento de Atividades Econômicas Compatíveis, Geração de Empregos e Gerenciamento de Receitas para Proteção Ambiental; Gerenciamento das intervenções do Programa Mananciais do Alto Tietê.
Ações de Estruturação e Recuperação Urbana
Implantação de Áreas de Uso Comunitário - Recuperação de Áreas Degradadas; Projeto e Obras de revitalização urbana e recuperação de áreas degradadas (sub-bacias Guarapiranga e Billings)
Ações de Preservação e Recuperação Ambiental
Projeto e Obras de implantação do Parque Nove de Julho, abrangendo 26,9 hectares;
Ações de Saneamento Ambiental
Projetos e Obras de remediação de lixões e implantação de aterro sanitário no município de Embu-Guaçu; Identificação e avaliação das formas e locais de disposição clandestina de resíduos sólidos nos Municípios de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra; Aquisição e manutenção de equipamentos para limpeza urbana de áreas públicas e para amparo ao sistema de coleta de resíduos sólidos urbanos no município de Rio Grande da Serra
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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Quadro 3.02. Ações da SMA no Programa, por Componente
Programas Ações
Instrumentos de Sustentação, Acompanhamento, Controle, e Viabilização do Programa (Gestão)
Capacitação de Agentes Ambientais; Oficinas de Capacitação para Leis Específicas; Exposição Itinerante; Centro de Referências em Educação Ambiental; Coleção de Vídeos Educativos - Água e Meio Ambiente; Projeto Antena Verde - Educação Ambiental Através do Rádio; Implementação de Sistema de Fiscalização Ambiental nas Bacias do Guarapiranga e Billings, articulado ao Sistema de Fiscalização Integrada dos Mananciais da Bacia do Alto Tietê; Adequação das instalações físicas, visando a implementação de um Sistema de Fiscalização Ambiental e do Uso e Ocupação do Solo na Bacia do Guarapiranga, Billings, Alto Tietê-Cabeceiras e Juqueri-Cantareira; Concepção, desenvolvimento e implementação de Programa de Monitoramento do Uso e Ocupação do Solo, mediante a utilização de imagens de satélite, com supervisão de campo e um Sistema Integrado de Comunicação entre agentes de fiscalização ambiental; Monitoramento da Qualidade Ambiental
Ações de Preservação e Recuperação Ambiental
Estudos, Projetos e obras para Implantação de Parques ao longo da Represa Billings, nos município de São Paulo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, abrangendo uma área de 767.000 m2 (76,7 ha); Projeto e implantação das obras de recomposição vegetal das matas ciliares e margens da represa Billings; Projeto e obras de recuperação de áreas degradadas e revitalização urbana no município de São Paulo, compreendendo 3,6 hectares; Plano de Controle do Transporte de Cargas Perigosas (inclui a bacia do Guarapiranga)
Quadro 3.03. Ações da CDHU no Programa, por Componente
Programas Ações
Estruturação e Recuperação Urbana
Construção de unidades habitacionais, melhoria de habitações e serviços sociais para reassentamentos em áreas de recuperação urbana de favelas e loteamentos precários em municipalidades selecionadas.
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Quadro 3.04. Ações da SABESP no Programa, por Componente
Programas Ações
Instrumentos de Sustentação, Acompanhamento, Controle, e Viabilização do Programa (Gestão)
Desenvolvimento de Instrumentos Técnicos para Gestão; Modelos Hidrodinâmicos dos reservatórios Guarapiranga, Rio Grande, Taiaçupeba, Jundiaí, Biritiba, Paiva Castro, Atibainha; Sistema de Suporte à Decisão e Controle para Operação Integrada dos Mananciais do Sistema Adutor Metropolitano; Educação Ambiental e Monitoramento (incluído pós-obra)
Ações de Preservação e Recuperação Ambiental
Estações de Remoção de Carga Poluidora; Wetland Parelheiros; Retenção de detritos na captação do Guarapiranga; Planos de Manejo (Capivari, Rio Claro, Morro Grande); Remoção de Macrófitas; Dessassoreamento de reservatórios (Paiva Castro e Isolina); Infra-Estrutura para aplicação de algicidas; Implantação de Parques (Paiva Castro, Atibainha, Cachoeirinha e Isolina); Melhorias ESI – Elevatória Santa Inês
Ações de Saneamento Ambiental
Melhoria dos Processos de Tratamento de Água (automação da ETA ABV, ETA Rio Grande, ETA Rio Claro, ETA Guaraú, ETAs Alto e Baixo Cotia, melhorias e adequação dos processos, filtração, etc.); Implantação de sistemas de remoção de lodo das ETAs; Sistemas de Recuperação de Águas de Lavagem; Implantação de sistemas de abastecimento de água (PAT PROSANEAR e Grajaú); Execução e/ou ampliação de Estações Elevatórias de Esgoto; Extensão da rede coletora de esgotos (redes, coletores, linhas de recalque, etc.); Ampliação da ETE Mairiporã; Aperfeiçoamento Tecnológico; Otimização e Melhorias Operacionais (Controle); Eliminação de Extravasamentos
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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Quadro 3.05. Ações da PMSBC no Programa, por Componente
Programas Ações
Instrumentos de Sustentação, Acompanhamento, Controle, e Viabilização do Programa (Gestão)
Educação Ambiental Monitoramento e Fiscalização Planejamento Integrado Controle dos Processos Erosivos e de Produção de Sedimentos Programa de Desenvolvimento de Atividades Econômicas Compatíveis, Geração de Empregos e Gerenciamento de Receitas para Proteção Ambiental Controle da Disposição Clandestina de Resíduos Sólidos
Estruturação e Recuperação Urbana
Elaboração de Levantamentos e Programas para Adequação do Uso Habitacional / Reassentamentos Urbanização de Favelas Relocação de Áreas de 1ª Categoria e Recuperação das Áreas Desocupadas na Relocação de Áreas de 1ª Categoria Regularização e Readequação Urbana e Ambiental de Loteamentos Acompanhamento Sócio Ambiental das Intervenções Urbanas e Habitacionais
Ações de Preservação e Recuperação Ambiental
Arborização Urbana Urbanização de Áreas Públicas Livres - Criação de Praças e Equipamentos de Lazer Implantação de Parques e Unidades de Conservação Repovoamento Vegetal Recuperação de Áreas Degradadas (Intervenções de Baixo Custo em Encostas, Taludes e Áreas de Produção de Sedimentos - Bacia Rio Grande e Taquacetuba) Controle do Transporte de Cargas Perigosas
Ações de Saneamento Ambiental
Remediação do Lixão do Alvarenga Aquisição de Equipamentos para Coleta de Resíduos Sólidos Implantação de Centros de Ecologia e Cidadania Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos
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Quadro 3.06. Ações da PMG no Programa, por Componente
Programas Ações
Instrumentos de Sustentação, Acompanhamento, Controle, e Viabilização do Programa (Gestão)
Estudo para ampliação do Programa de Educação Ambiental e aquisição de materiais e equipamentos para o Programa de Educação Ambiental; Estudo para criação, regulamentação e implementação de fiscalização municipal na Bacia do Cabuçu, para o manancial subterrâneo e para a sub-bacia do Tanque Grande; Estudo para desenvolvimento e implantação do SIG; Aquisição de equipamentos e softwares para o SIG e treinamento; Aquisição de equipamentos para o laboratório central
Ações de Preservação e Recuperação Ambiental
Estudo para criação e regulamentação de APA municipal (Sub-bacia Tanque Grande); Projetos e obras de parque municipal (Sub-bacia Tanque Grande); Projeto e obras de centro de educação ambiental (Sub-bacia Tanque Grande); Estudo para criação e regulamentação de APA municipal (Sub-bacia Lagoa Azul/Lavras); Projeto e obras de parque municipal (Sub-bacia Lagoa Azul/Lavras); Estudo para ampliação da Exploração do Manancial Subterrâneo
Ações de Saneamento Ambiental
Projeto e obras das reformas gerais na ETA Tanque Grande; Projeto e obras do sistema de abastecimento de água Ururuquara e Lagoa Azul/Lavras; Estudos de viabilidade técnico-econômico-ambiental Sub-bacia Engordador e Borracha; Elaboração e implantação de Programa de Controle e Redução de Perdas;. Projeto e obras do sistema de esgotamento sanitário Lagoa Azul / Lavras
As Figuras 3.01 a 3.04 apresentadas na seqüência demonstram a localização das
intervenções do Programa, de acordo com as informações de cada executor acima
comentadas. Observa-se que parte destas ações encontra-se em revisão, conforme o
cronograma de preparação técnica do Programa Mananciais.
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Figura 3.01. Mapa das Intervenções do Programa – SSE e SMA
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Figura 3.02. Mapa das Intervenções do Programa – SABESP
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Figura 3.03. Mapa das Intervenções do Programa – PMSBC
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Figura 3.04. Mapa das Intervenções do Programa – PMG
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52
3.1. Objetivos do Programa
O Programa Mananciais tem como principais objetivos contribuir para a proteção dos
mananciais de água para abastecimento da RMSP, área de extrema escassez de
recursos hídricos, mantendo suas condições operacionais mediante o ordenamento da
ocupação de seu território e a melhoria da qualidade de vida da população
residente, particularmente no que diz respeito à infra-estrutura sanitária e à habitação.
Estes objetivos, vistos como indissociáveis, devem ser perseguidos sob uma
perspectiva de ações integradas.
O que se pretende, concretamente, é a sustentabilidade ambiental dos mananciais,
compatível à dinâmica metropolitana e ao controle dos diversos fenômenos urbanos que,
nas últimas décadas, têm comprometido os níveis de salubridade destas áreas. Com
efeito, a melhoria da qualidade de vida da população interage diretamente com os
mananciais, fato que, dentre outras providências, em especial nos casos das bacias de
drenagem dos reservatórios Billings e Guarapiranga, demanda o acesso a serviços
públicos de infra-estrutura sanitária e a condições de habitabilidade que motivem a
inclusão social e propiciem uma nova relação entre a ocupação urbana e a manutenção
dos mananciais para fins de abastecimento público.
Dadas as características das áreas de intervenção, especialmente as sub-bacias da
Billings e do Guarapiranga, onde são maiores os impactos da ocupação urbana, o
Programa prevê a execução integrada de ações de expansão e melhoria da infra-
estrutura pública urbana, de preservação ambiental e de natureza social, além de
estudos técnicos relacionados à qualidade da água e à gestão das sub-bacias. Com isso,
desdobram-se como objetivos específicos do Programa os seguintes pontos:
Correção dos principais fatores de poluição dos corpos d´água naturais;
Melhoria dos padrões de ocupação urbana;
Melhoria da qualidade de vida da população e atenuação da pobreza urbana;
Melhoria do padrão de desempenho operacional dos serviços públicos de infra-
estrutura;
Proteção e recuperação ambiental;
Contenção da ocupação inadequada e promoção de usos compatíveis com as
necessidades ambientais;
Desenvolvimento tecnológico e do processo de tratamento da água; e,
Gestão integrada das sub-bacias e estudos técnicos de interesse para esta
gestão.
Do ponto de vista estratégico, o Programa Mananciais deverá influenciar a organização
espacial e o desenvolvimento metropolitano, tendo em vista as diversas políticas,
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
53
programas e quadros urbanos, sociais, econômicos e ambientais que serão envolvidas
pela implementação dos estudos, projetos e ações estruturais, principalmente no que se
refere à melhoria das condições de qualidade ambiental dos mananciais de
abastecimento e dos padrões urbanos de algumas das áreas mais pobres da RMSP.
Melhorias urbanas são esperadas em função da valorização imobiliária8, da inclusão das
famílias e das áreas atendidas à cidade formal e da requalificação dos padrões
ambientais e socioeconômicos locais, com o fortalecimento e estruturação das
centralidades urbanas, a valorização das áreas verdes, a recuperação de áreas
degradadas e o aumento das unidades de conservação.
3.2. Critérios para a Definição do Conjunto de Intervenções do Programa
A definição e o detalhamento de um conjunto articulado de ações integradas, como o
Programa Mananciais, deve buscar aderência a objetivos e metas de sustentabilidade
ambiental, local e regional.
Com base nesses objetivos, a preparação do Programa Mananciais percorreu várias
etapas metodológicas, que visaram verificar a sua viabilidade socioeconômica, ambiental
e institucional e manter o caráter integrado do Programa, sem, no entanto, criar
demasiada dependência entre as intervenções, ao menos temporal ou geográfica, que
pudesse interferir nos planos de execução.
A primeira etapa de planejamento consistiu de um extenso levantamento das áreas
elegíveis e das demandas de intervenção, entre as inúmeras fontes de informação
disponíveis, para caracterizar e compreender os fenômenos e situações que justificassem
a realização de estudos, projetos e obras, que pudessem prevenir, mitigar ou compensar
os riscos e danos ambientais (existentes ou potenciais) incidentes sobre as áreas dos
mananciais de abastecimento público da RMSP.
No caso da bacia do Guarapiranga, o PDPA, os documentos de Avaliação do Programa
Guarapiranga e de Avaliação Ex-Post foram essenciais para um diagnóstico mais preciso
das demandas locais, que foram complementados por inspeções de campo e de trabalho
junto ao sub-comitê Cotia-Guarapiranga e às prefeituras locais, acurando assim a análise
das áreas mais críticas e merecedoras de intervenções no âmbito do Programa
Mananciais.
Na bacia da Billings, igualmente, vários trabalhos e estudos constituíram-se referências
obrigatórias para consulta e análise, entre eles, estudos coordenados pelo Instituto
Socioambiental – ISA, a Modelagem Hidrodinâmica da Billings da Secretaria Estadual de
Meio Ambiente, dentre tantos outros9. Além da pesquisa baseada em fontes secundárias,
a integração com os executores foi essencial para consolidar e atualizar as informações
levantadas, contribuindo no detalhamento de especificidades locais, que não foram
8 A valorização imobiliária foi objeto da Avaliação Econômico-financeira e de Recuperação de Custos do Projeto
Mananciais, com o levantamento em campo dos preços dos imóveis de 5 favelas urbanizadas pelo Programa Guarapiranga. Esse estudo revelou que os imóveis que receberam ações estruturais (canalização de córregos, implantação de redes de água e esgoto, abastecimento de água, sistemas de drenagem, urbanização e criação de áreas livres, contenção geotécnica, etc.) tiveram valorização superior à média do incremento tendencial provocado pela inflação ou demais índices de reajuste de preços, comprovando a existência de uma relação direta entre as melhorias urbanas e a sobrevalorização dos imóveis. Essa valorização chegou a 65% do valor inicial do imóvel (no interior das favelas) e a 35%, no entorno adjacente. 9 Entre os estudos consultados ainda estão a AAE e o EIA/RIMA do Rodoanel; os Planos, Projetos e Programas
colocalizados (Linha C – CPTM, Projeto Tietê, etc.); o Plano de Bacia do Alto Tietê e respectivos diagnósticos; relatórios da EMPLASA; etc.
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54
obtidas nas análises preliminares. Essa integração também incluiu visitas técnicas e
inspeções de campo, redundando na adequada localização e no mapeamento das áreas
elegíveis. O resultado final desses levantamentos foi a reunião e a organização de uma
base de dados específica para as áreas de mananciais, que embasou as avaliações e os
detalhamentos subseqüentes. Uma vez conhecidas as diversas realidades locais, o
passo seguinte foi a proposição e a descrição das intervenções, por parte dos executores
e co-executores do Programa Mananciais.
Com base nas características locais e regionais, nos problemas e conflitos previamente
identificados e em uma série de critérios de elegibilidade previamente informados pela
UGP10, os executores preencheram um Resumo Executivo (Ficha Descritiva de
Componente e Intervenções), com o detalhamento de cada uma das atividades previstas,
orçamentos, cronogramas físico-financeiros e demonstrativos de despesas. Ao todo
foram detalhadas 401 intervenções, distribuídas entre os quatro componentes do
Programa Mananciais e entre todas as bacias hidrográficas abrangidas. Embora os
critérios de elegibilidade já tivessem motivado uma seleção prévia das intervenções,
nessa fase, não foi feita uma análise exaustiva e integrada dos critérios técnicos,
ambientais, econômicos ou jurídico-institucionais necessários à escolha final das
propostas, conforme as metas do Programa Mananciais, que foi objeto da segunda
etapa.
De fato, o foco dessa primeira etapa foi o detalhamento das atividades a partir dos
resumos executivos, que descreveram e pormenorizaram cada intervenção em relação a:
tipologia da intervenção; responsabilidade pela execução; agentes intervenientes;
categorias de financiamento; métodos de licitação e seleção; escopo da intervenção;
justificativas e relevância para os objetivos gerais do Programa Mananciais; eventual
integração com outras ações planejadas; áreas e população beneficiadas e
caracterização socioeconômica; benefícios ambientais e potenciais; estado da arte do
documento técnico existente pertinente à contratação da obra, serviço ou estudo e
requisitos e exigências dispostos no tempo, para a devida licitação (estoque inicial de
projetos do Programa); situação do projeto, caso existente, necessidades de
complementação; fontes de recursos (recursos privados, compensação ambiental); tabela
de metas quantitativas da ação proposta; e, mecanismos de recuperação de custos.
A segunda etapa, em complemento à anterior, correspondeu ao cruzamento das
informações dos resumos executivos com os objetivos e metas do Programa Mananciais,
selecionando as atividades compatíveis com o equacionamento dos problemas
ambientais e urbanos verificados nas bacias hidrográficas abrangidas. Esse processo de
escolha e definição das intervenções apoiou-se, basicamente, em dois grupos de critérios
de seleção:
Critérios de elegibilidade (administrativo-financeiros), aplicados na etapa anterior:
foram atualizados conforme a evolução das negociações com o BIRD e demais
agentes intervenientes; e,
10
Esses critérios de elegibilidade correspondiam a requisitos administrativos e financeiros, por exemplo: enquadramento de cada proposta nas categorias de financiamento permissíveis (obras, bens, serviços, consultoria, etc.); enquadramento das ações nas modalidades de seleção e licitação, observadas e atendidas as normas brasileiras pertinentes e as guidelines do BIRD; não coincidência ou justaposição dos projetos e demais intervenções propostas com outros pedidos de financiamento ou processos em andamento; regras de contingenciamento físico e financeiro para cada atividade; diretrizes para considerar as propostas na categoria de pré-investimento; etc.
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55
Critérios técnico-ambientais, econômicos e jurídico-institucionais: cuja análise
perspectiva foi realizada de modo conjunto, com base em um modelo multicritério.
Este modelo multicritério teve como principal finalidade apoiar as decisões quanto à
seleção das intervenções, pautado em três perspectivas concomitantes de
hierarquização. Na primeira, com suporte em modelos matemáticos e de simulação
hidrológica (MQUAL), foi identificado o conjunto de intervenções estruturais de menor
custo de investimento e maior rendimento ambiental, aferido no abatimento da matriz de
cargas afluentes aos corpos hídricos (tributários e reservatórios). O primeiro passo neste
processo foi a construção de bases cartográficas, resultante da aplicação da modelagem,
que demonstrasse as cargas geradas por micro bacia (kg/dia de DBO), as cargas
afluentes aos tributários e reservatórios e o coeficiente específico de geração de cargas
(DBO kg/dia x km2), possibilitando o reconhecimento objetivo e imediato das áreas
críticas do ponto de vista hidroambiental.
A utilização desse modelo matemático – dando seqüência à mesma metodologia
empregada no planejamento da bacia do Guarapiranga, constante do PDPA – também
possibilitou reconhecer quais as intervenções eram, do ponto de vista ambiental, mais
eficazes na remoção de cargas poluidoras afluentes aos mananciais, permitindo a sua
hierarquização e, por decorrência, a seleção das ações com menores custos e maiores
benefícios ao meio ambiente.
Na segunda perspectiva, o conjunto identificado baseou-se no critério socioeconômico,
vinculando às intervenções aos benefícios econômicos e sociais decorrentes de sua
implantação. Esse processo caminhou por dois eixos distintos de análise: (i) a
abordagem dos benefícios econômicos à luz das avaliações econômico-financeiras (cujo
estudo foi realizado no Programa Mananciais a partir de metodologias específicas, como
a pesquisa de valorização imobiliária, função econométrica a partir do método de preços
hedônicos, análise dos custos de oportunidade); e, (ii) a caracterização socioeconômica
das áreas de mananciais, com destaque para as mais críticas no que concerne à
distribuição de renda, densidade urbana e índices de criminalidade. O inter-
relacionamento dessas informações configurou a base cartográfica da segunda
perspectiva de análise.
O primeiro eixo identificou, em escala geográfica adequada, as áreas onde os benefícios
econômicos seriam mais pronunciados, com base nas pesquisas de valorização
imobiliária realizadas. Assim, foram mapeadas as áreas onde os percentuais de
valorização dos imóveis seriam maiores com a implementação das intervenções,
avaliando-se desde as áreas diretamente afetadas pelas melhorias até o entorno
imediato e áreas de influência indireta. Mesmo que este estudo tenha sido detalhado no
âmbito da avaliação econômico-financeira do Programa Mananciais, seus principais
resultados corroboraram as análises socioeconômicas realizadas no âmbito do segundo
eixo de abordagem, demonstrando uma relação direta entre as áreas com maior
potencial de valorização imobiliária e a criticidade das condições sociais e econômicas
locais.
O segundo eixo consistiu na avaliação das condições socioeconômicas das áreas de
mananciais, produzindo base cartográfica com dados censitários, de estudos, pesquisas
e levantamentos efetuados e disponíveis em órgãos públicos com atuação nas áreas.
Foram elaborados mapas temáticos de distribuição de renda e densidade demográfica,
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56
identificando as situações mais críticas (baixa renda e maiores densidades).
Complementando a análise socioeconômica e das regiões de maior criticidade, foram
levantadas informações para o mapeamento da criminalidade e violência urbana (índices
de homicídio, roubo, uso e tráfico de drogas, desinteligência11, estupros, linchamentos,
lesões corporais, vítimas fatais), aumentando a atenção quando do planejamento e
definição das intervenções12. Os mapas foram gerados com base em estudos e dados do
Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP-CEPID), que
foram correlacionadas às demais condições socioeconômicas levantadas.
Na terceira perspectiva, as intervenções foram analisadas quanto à sua viabilidade
político-institucional, com relação às prioridades regionais estabelecidas, capacidade de
execução pelos organismos responsáveis e factibilidade da composição de suas fontes
de financiamento. Esta perspectiva se baseou nos elementos e critérios de elegibilidade
aplicados no detalhamento das intervenções, checando, principalmente, a justaposição
das atividades propostas com financiamentos pré-existentes, as eventuais restrições
jurídico-institucionais, como áreas em litígio, desapropriações com processos judiciais ou
reintegração de posse, não conformidade com as legislações locais, estaduais ou de
proteção dos mananciais, além de questões atinentes à capacidade do executor para
desenvolvimento e operação das intervenções.
As intervenções também foram ponderadas segundo pesos relativos, socialmente
negociados, em um primeiro momento na dimensão institucional interna ao Estado e, em
seguida, com o apoio dos colegiados regionais devidos, seja o Comitê do Alto Tietê, para
o conjunto do Programa Mananciais, sejam os sub-comitês de bacias, para fins de
hierarquização intra-regional. Nesse processo, ficou evidente a preocupação de pautar a
preparação do Programa Mananciais e a definição das propostas de intervenção pela
construção concomitante dos eixos que lhe darão sustentabilidade (concepção integrada,
arranjos institucionais e avaliação de benefícios econômicos e sociais) e, antes de definir
a estrutura de seus componentes de modo rígido e preciso, assegurar critérios e
mecanismos de apoio à decisão, capazes de flexibilizar intervenções e componentes,
ajustando-os às contingências objetivas que surgirão ao longo de sua implementação.
Neste procedimento, a interação com o Comitê e sub-comitês do Alto Tietê teve grande
peso.
A agregação dessas três perspectivas – ambiental, socioeconômica e jurídico-
institucional – foi a base para a aplicação do modelo multicritério, resultando na
elaboração e no cruzamento de mapas temáticos (aporte de cargas poluidoras nas
represas e corpos d´água, distribuição de renda, densidade demográfica), cuja
justaposição possibilitou localizar as áreas mais críticas, ou seja, de menor renda, maior
densidade e mais poluídas, conforme ilustrado na Figura 3.05 adiante.
Em seguida, foi lançado o conjunto das intervenções sobre esse mapa, verificando-se o
grau de coincidência e sobreposição das propostas de intervenção com a condição de
criticidade. Esse cruzamento possibilitou à UGP e aos executores a correção de
distorções e um ajuste mais refinado das propostas às condições de criticidade das áreas
de mananciais, permitindo uma maior aderência das intervenções aos objetivos do
11
O índice de desinteligência corresponde ao número de ocorrências devidas a falta de acordo, de compreensão, desentendimentos, etc. comumente associados a brigas de trânsito, conflitos de vizinhança, entre outros. 12
Esse levantamento consolidou propostas associadas a promoção da cidadania e participação comunitária, como o Centro de Integração da Cidadania no bairro do Grajaú (coordenada pela SERHS, com agente interveniente a Secretaria Estadual de Justiça).
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57
Programa Mananciais e possibilitando a estruturação e priorização de ações e
investimentos.
Figura 3.05. Intervenções do Programa – Matriz Multicritério
3.3. Arranjo Institucional
3.3.1. Estrutura Organizacional
Na implementação do Programa Mananciais, estão envolvidos quatro Tomadores
(Governo do Estado de São Paulo, Cia. de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
– SABESP e Prefeituras do Município de São Bernardo do Campo e de Guarulhos), os
quais assinarão Acordos de Empréstimo com o Banco Mundial.
O Governo do Estado de São Paulo tomará empréstimo em nome da SSE – Secretaria
de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo, SMA – Secretaria de Meio Ambiente
dos Estado de São Paulo e CDHU – Cia. de Desenvolvimento Habitacional e Urbano.
Para o gerenciamento das atividades de cada executor, ponderadas as atribuições e
capacidades específicas, haverá uma unidade de gerenciamento local - UGL, que se
encarregará da coordenação e acompanhamento geral das suas ações, das prestações
de contas e do relacionamento com o organismo financiador, em atendimento às
condições contratuais que venham a se estabelecer. Além das UGLs, o Programa
contará com uma UGP – Unidade de Gerenciamento do Programa, responsável por
acompanhar – de modo geral – todas as ações e resultados do Programa, possibilitando
uma análise integrada dos avanços físico-financeiros e dos outcomes do programa, além
de contribuir para a sua indispensável unidade de condução.
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58
Essa UGP estará vinculada à SSE, que desempenhará papel central no Programa,
acompanhando todas as ações dos executores e cuidando de propor correções e
(re)orientações aos desvios verificados. Durante o processo de preparação do Programa,
os executores constituíram um Conselho de Coordenação (CDC), responsável pela
formatação e configuração dos componentes e ações em cada uma das bacias e
municípios abrangidos, cuja estrutura deverá se manter durante a sua implementação,
apoiando a UGP nos trabalhos de acompanhamento geral do Programa.
Este Conselho, assim como a SSE/UGP, estará articulada ao Sistema de Gestão de
Recursos Hídricos existente, integrando todo o processo ao Comitê de Bacia do Alto
Tietê (CAT) e aos seus cinco sub-comitês, assegurando o seu envolvimento na discussão
pública do Programa. A Figura 3.06, apresentada na seqüência, sintetiza o arranjo
institucional proposto.
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59
Figura 3.06. Arranjo Institucional para a Implementação do Programa Mananciais
UNIÃO BIRD
GESP
SSE
UGP/SSE
CDC CAT
UGL/CDHU
SABESP
Acordo de Empréstimo
Acordos de Empréstimo Sub-Comitê Alto Tietê-Cabeceiras
Sub-Comitê Juqueri-Cantareira
Sub-Comitê Billings-Tamanduateí
Sub-Comitê Cotia-Guarapiranga
Sub-Comitê Pinheiros-Pirapora
UGL/SABESP
PMSP
TOMADORES - EXECUTORES
PMSBC PMG
UGL/PMSBC
UGL/PMG
Convênio
UGL/SMA
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60
3.3.2. Sistema de Gestão Ambiental
Cada uma das UGLs e também a UGP – esta última na qualidade de coordenadora
executiva das ações sob responsabilidade da SSE – terão um Sistema de Gestão Sócio-
Ambiental – SGSA destinado a gerenciar todas as ações sócio-ambientais do Programa
Mananciais, com vistas ao atendimento da legislação ambiental, das diretrizes e
salvaguardas do Banco Mundial e, essencialmente, dos compromissos assumidos por
cada executor no cumprimento e implementação das medidas mitigadoras e atenuadoras
dos impactos ambientais identificados.
O SGSA de cada UGL e da UGP estará integrado, a seu tempo, ao Sistema de Gestão
do Programa, sendo configurado a partir da seguinte estrutura:
Coordenação Técnico-Sócio-Ambiental, cujas atribuições principais incluem a
coordenação das ações técnicas e sócio-ambientais do Programa, sob
responsabilidade de cada executor, além de supervisionar e acompanhar os
processos de licenciamento ambiental, atendimento às diretrizes, critérios e políticas
de salvaguarda do BIRD. Esta coordenação será responsável, em especial, pelas
seguintes ações:
o Processos de Desapropriação, Remoção, Indenização e Reassentamento
de Famílias, decorrentes das intervenções de recuperação urbana;
o Plano de Destinação e Gestão de Resíduos Sólidos durante a implantação
das intervenções;
o Coordenação da implantação e aplicação do Manual Ambiental de
Construção – MAC;
o Plano de atendimento a emergências e acidentes, durante as obras;
o Monitoramento e fiscalização ambiental das respectivas ações no
Programa Mananciais;
o Coordenação dos Planos de Gestão Ambiental – PGAs;
o Revisão e aprovação dos projetos de infra-estrutura referentes aos
sistemas de saneamento (água, esgoto e resíduos sólidos), urbanização
de favelas e recuperação de loteamentos, proteção ambiental e
desenvolvimento institucional, cuidando: (i) da preservação, na medida do
possível, dos cursos d’água e das áreas de preservação permanente; (ii)
da utilização racional e sustentável dos territórios nas APRMs; (iii) da
compatibilidade dos projetos às exigências legais para o licenciamento e
para a execução de obra, especialmente relacionados à legislação
específica de cada APRM e demais normas aplicáveis.
o Garantir o cumprimento dos requisitos sócio-ambientais previstos nos
contratos com as empresas construtoras; nos estudos de impacto
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61
ambiental; e na legislação aplicável, nas licenças ambientais e
diretrizes/salvaguardas e regulamentos do BIRD; nas autorizações.
Unidades Executivas, compreendendo os órgãos, divisões, departamentos e demais
entidades, vinculadas a cada executor, que serão responsáveis pela
implantação/realização dos estudos, projetos, obras, etc., as quais deverão atender
todas as diretrizes, critérios e requisitos sócio-ambientais exigíveis, pondo em prática,
igualmente, as medidas e normas ambientais aplicáveis;
Supervisão Ambiental de Obras responsável pela fiscalização, acompanhamento e
orientação das ações ambientais relativas ao Manual Ambiental de Construção –
MAC (de que trata o Anexo VIII deste relatório) e às medidas mitigadoras referentes
às obras indicadas nas licenças ambientais.
Não obstante às suas atribuições executivas, a UGP na qualidade de coordenadora geral
das ações do Programa, deverá contar, também, com uma Coordenadoria Técnico-
Socio-Ambiental, atuando no acompanhamento das ações de cada uma das UGLs e dos
respectivos SGSAs, ficando responsável, dentre outras atribuições, pelo seguinte:
Discutir, de forma integrada, as questões relacionadas às ações técnicas e
ambientais resultantes do Programa, atuando como unidade de interface junto ao
BIRD;
Acompanhar a realização da gestão sócio-ambiental e a coordenação técnica das
ações no Programa por parte das UGLs, bem como a supervisão da sua
implementação;
Zelar para que sejam cumpridas as cláusulas e obrigações estabelecidas no
Acordo de Empréstimo e demais documentos e políticas, entre elas as políticas
ambientais de salvaguarda do BIRD;
Monitorar o cumprimento das diretrizes e das metas técnicas e ambientais
fixadas para a consecução dos objetivos do Programa, observando os dados e
informações dos SGSA de cada UGL;
Coordenar a elaboração de Relatórios Gerais e Pareceres Técnicos e Ambientais
a constarem dos Relatórios de Execução do Programa;
Acompanhar, supervisionar e avaliar a execução físico-financeira, técnica e
ambiental e os resultados do Programa;
Acompanhar, monitorar e apresentar resultados dos indicadores técnicos e
ambientais do Programa como um todo, que possam ser utilizados como
orientação para implantação de novos projetos;
Acompanhar a execução das obras e estudos;
Coordenar a manutenção e atualização do Sistema de Informações Gerenciais
do Programa;
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62
Dar suporte técnico às UGLs ao longo da execução das obras e serviços,
fornecimentos e estudos;
Mobilizar, sempre que necessário, com quantidade e perfil adequado, um corpo
de especialistas para avaliar os impactos de fatos imprevistos sobre o andamento
do Programa, ou realização de obras e serviços especiais e atividades afins;
3.3.3. Supervisão Ambiental de Obras
De acordo com o arranjo institucional proposto para o gerenciamento e a execução do
Programa, a função de supervisão das obras deverá ser realizada por entidade
supervisora (empresa, etc.) contratada no âmbito de cada um dos executores, isto é, da
UGL correspondente. À UGP, na condição de coordenadora geral, caberá acompanhar o
processo de supervisão de obras, provendo o apoio necessário para contribuir no alcance
das metas estabelecidas no Programa Mananciais e no atendimento às legislações e às
salvaguardas e procedimentos do BIRD.
Entre as atividades da Supervisora de Obras, no âmbito das UGLs, deverá constar a
atividade de supervisão ambiental de obras. Para tanto esta deverá disponibilizar um
profissional que será responsável pelo acompanhamento do cumprimento dos requisitos
ambientais que constam do contrato de execução das obras.
Esse profissional será responsável por verificar e atestar que todas as atividades relativas
ao meio ambiente envolvidas na construção das obras estão sendo executadas dentro
dos padrões de qualidade ambiental recomendados nas especificações de construção e
montagem, nas licenças ambientais expedidas e o Manual Ambiental de Construção.
O Manual Ambiental de Construção – MAC, apresentado no Anexo VIII deste RAA,
apresenta um conjunto de atividades que incluem desde aspectos considerados nas
diretrizes para localização e operação de canteiros até ações relativas ao gerenciamento
de resíduos, de saúde e segurança nas obras, articulando-se com outros programas
como o de Comunicação Social.
A supervisão ambiental deve trabalhar em coordenação permanente com os demais
integrantes da gestão ambiental do empreendimento, executando inspeções técnicas nas
diferentes frentes de obra ou atividades correlatas em desenvolvimento. À Supervisão
Ambiental cabe, especialmente:
Acordar e aprovar e revisar o planejamento ambiental de obras, por meio de
reuniões periódicas com a coordenação ambiental do projeto e os responsáveis
ambientais de cada construtora / lote de obras;
Implementar inspeções ambientais, para verificar o grau de adequação das
atividades executadas, em relação aos requisitos ambientais estabelecidos para
as obras e programas ambientais a elas ligados;
Verificar o atendimento às exigências dos órgãos ambientais relativas ao
processo de licenciamento do empreendimento e às recomendações das
entidades financiadoras internacionais;
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
63
Inspecionar periodicamente, e sem aviso prévio, as distintas frentes de serviço no
campo, para acompanhar a execução das obras e sua adequação ou não aos
programas de gestão ambiental;
Avaliar as atividades das equipes ambientais das empresas construtoras;
Sugerir ações e procedimentos, de modo a evitar, minimizar, controlar ou mitigar
impactos potenciais;
Propor, no caso de não atendimento dos requisitos ambientais, ou seja, na
situação de configuração de não – conformidades significativas e não resolvidas
no âmbito das reuniões quinzenais de planejamento, penalidades contra a
empresa construtora.
Avaliar, no caso de ações que tragam impactos ambientais significativos ou de
continuidade sistemática de não-conformidades significativas, a necessidade de
paralisação das obras no trecho considerado de modo a possibilitar a adoção, a
tempo, de medidas corretivas. Nesse caso, a supervisão deve preparar relatório
sintético à coordenação de gestão sócio-ambiental, informando das questões
envolvidas e da proposição de paralisação.
Avaliar periodicamente a eficiência dos programas ambientais relacionados às
intervenções físicas previstas e propor os ajustes necessários;
Preparar e apresentar relatórios periódicos de supervisão ambiental ao
empreendedor e às entidades financiadoras nacionais e internacionais. Os
relatórios de supervisão devem ser, no mínimo, mensais.
O Plano Ambiental tem como característica relevante a análise prévia do dia-a-dia das
obras. O planejamento ambiental deve ser elaborado quinzenalmente.
3.4. Cronograma e Orçamento do Programa
O Programa, em seu estágio atual de preparação, foi desenhado para execução em seis
anos, o qual é o objeto da solicitação de empréstimo.
Nos Quadros 3.07 e 3.08 são demonstrados os investimentos por componentes e por
sub-bacias, destacando-se os valores relacionados às intervenções de recuperação
urbana e saneamento ambiental, os quais, juntos, representam perto de 75% dos
investimentos totais do Programa (US$ 176,7 milhões). As bacias Billings e Guarapiranga
representam perto de 60% do montante de investimentos do Programa, totalizando pouco
mais de US$ 138,7 milhões a serem investidos.
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64
Quadro 3.07. Valor do Programa por Componente
Componente Valor (US$ milhão)
Total BIRD CP
Instrumentos de Sustentação e Gestão 32.18 13,7% 13,85 18,33
Estruturação e Recuperação Urbana 54.30 23.1% 11,50 42,80
Proteção e Recuperação Ambiental 23.16 9,9% 13,67 9,49
Saneamento Ambiental 122,38 52,1% 89,49 32.89
Front-end fee 0.32 0.1% 0.32 0.00
Sub-Total 232,34 98,9% 128,83 103,51
Recursos Não Alocados 2,66 1,1% 1,17 1,49
Total 235.00 100.0% 130.00 105.00
NOTA: Taxa de câmbio adotada: US$ 1.00 = R$ 2,5000
Quadro 3.08. Valor do Programa por Sub-Bacias de Intervenção
Componente Valor (US$ milhão)
Total BIRD CP
Guarapiranga 42,70 18,2% 27,48 15,22
Billings 96,00 40,9% 46,11 49,89
Alto Tietê-Cabeceiras 7.93 3,4% 6,60 1.33
Juqueri-Cantareira 27.36 11,6% 21,42 5,94
Cotia 8.80 3,7% 3,50 5,30
Geral (Comum a Todas as Bacias) 34,93 14,9% 15,17 19,76
Front-end-fee e Contingências 14,62 6.2% 8.55 6.07
Sub-Total 232,34 98,9% 128,83 103,51
Recursos Não Alocados 2,66 1,1% 1,17 1,49
Total 235.00 100,0% 130.00 105.00
NOTA: Taxa de câmbio adotada: US$ 1.00 = R$ 2,5000
Quanto aos investimentos por executor, o Quadro 3.09 seguinte demonstra os valores
primeiramente para os Tomadores (neste caso, o Governo do Estado de São Paulo,
compreendendo a SSE, SMA e CDHU; a Sabesp e as Prefeituras de São Bernardo do
Campo e Guarulhos).
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65
Quadro 3.09. Valor do Programa por Tomador / Executor
TOMADOR Total Financiamento Contrapartida
(US$ M) (%) (US$ M) (%) (US$ M) (%)
Estado 60,50 25,7 4,00 6,6 56,50 93,4
SSE 19,77 8,4 3,00 15,2 16,77 84,8
SMA 10,13 4,3 1,00 9,9 9,13 90,1
CDHU 30,60 13,0 0,00 0,0 30,60 100,0
SABESP 125,00 53,2 100,00 80,0 25,00 20,0
PMSBC 37,67 16,0 18,96 50,3 18,71 47,7
PMG 10,67 4,5 6,06 56,7 4,61 43,3
SUB-TOTAL 233,84 100 129,02 55 104,82 45
Recursos não alocados 1,16 0,5 0,98 84,5 0,18 15,5
TOTAL 235,00 100 130,00 55 105,00 45
NOTA: Taxa de câmbio adotada: US$ 1.00 = R$ 2,5000
Deve-se esclarecer, quanto ao valor de recursos não alocados, que o Quadro 3.09 indica o montante não alocado do Programa, isto é, sem destinação definida de projeto. Nos Quadros 3.07 e 3.08 são adicionalmente contabilizados, em US$ milhões, os recursos não alocados nos projetos a cargo de cada Tomador (GESP - 0,05; SABESP - 1,27; PMSBC - 0.14; e PMG - 0.04).
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66
______________________________________________
4. CONTEXTO GERAL DO PROGRAMA MANANCIAIS
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67
4. CONTEXTO GERAL DO PROGRAMA MANANCIAIS
4.1. Área de Abrangência do Programa Mananciais
A bacia hidrográfica do Alto Tietê corresponde à área drenada pelo rio Tietê, desde sua
nascente em Salesópolis, no extremo leste da RMSP, até a Barragem de Rasgão no
município de Pirapora do Bom Jesus. O território abrangido pela bacia corresponde ao da
UGRHI-6 (Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos13), com 5.985 km² de
superfície, extensamente urbanizada e integrada por 35 municípios onde residem 17,7
milhões de habitantes, ou quase toda a população da Região Metropolitana de São Paulo
- RMSP. A localização da bacia está ilustrada na Figura apresentada na seqüência.
Conforme o Plano da Bacia do Alto Tietê, a UGRHI-6 está subdividida em seis sub-
bacias: Alto Tamanduateí-Billings, Alto Tietê-Cabeceiras, Cotia-Guarapiranga, Juqueri-
Cantareira, Penha-Pinheiros e Pinheiros-Pirapora, as duas últimas não contempladas
com ações do Programa Mananciais. Os municípios distribuídos em cada uma das sub-
bacias são apresentados no Quadro 4.01.
Quadro 4.01. Sub-Bacias, Municípios da Bacia do Alto Tietê e Áreas de Drenagem
Sub-Bacia Municípios Área de Drenagem
(km2)
Billings Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Santo André, São Bernardo do Campo, Diadema, São Caetano do Sul, Mauá, São Paulo (parte)
1.025
Cabeceiras Arujá, Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcenlos, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Suzano
1.694
Cotia-Guarapiranga Cotia, Embu, Embu Guaçu, Itapecerica da Serra, São Lourenço da Serra, São Paulo (parte), Taboão da Serra
905
Juqueri-Cantareira Caieiras, Cajamar, Francisco Morato, Franco da Rocha, Mairiporã 713
Penha-Pinheiros São Paulo (parte) 1.019
Pinheiros Pirapora Barueri, Carapicuíba, Itapevi, Jandira, Osasco, Pirapora do Bom Jesus, Santana de Parnaíba
569
FONTE: Plano da Bacia do Alto Tietê, Relatório Final, Versão 2.0, setembro/2002.
As Áreas de Proteção aos Mananciais – APRMs representam cerca de 54% da área total
da RMSP (4.356 dos 8.051 km2) e 73% da área de drenagem da bacia do Alto Tietê,
tendo sido criadas por meio da Lei Estadual nº 1.172/76, a qual estabeleceu, além de
seus limites físicos, as normas e critérios compatíveis com a vocação ambiental destas
áreas, para o uso do solo e as demais condições para as ocupações. Boa parte dos
limites das APRMs, conforme consta nas Figuras 4.01 e 4.02 seguintes, coincide com
os das sub-bacias hidrográficas listadas, a exceção da região sudoeste do Cotia-
Guarapiranga, sul da Billings, sul e norte do Alto Tietê-Cabeceiras e leste do Juqueri-
Cantareira, cujas áreas de APRMs são maiores e, portanto, extravasam os limites das
sub-bacias.
13
As UGRHIs foram estabelecidas por meio da Lei Estadual no Lei Estadual 9.034/94, que também regulamentou o Plano
Estadual de Recursos Hídricos.
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68
Figura 4.01. Mapa de Localização (SP e RMSP)
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69
Figura 4.02. Sub-bacias abrangidas pelo Programa - Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais - APRMs
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70
4.2. Elementos de Diagnóstico: Dinâmica Urbana e Aspectos Socioeconômicos da
RMSP
A RMSP, contido o seu cenário mais substantivamente urbano pela bacia hidrográfica do
Alto Tietê, é o maior pólo de riqueza nacional, onde se localizam sedes de importantes
complexos industriais, comerciais e financeiros, que se destacam no conjunto das
atividades econômicas do país. O seu Produto Interno Bruto – PIB, em 2000, atingiu a
cifra de US$ 99,1 bilhões, cerca de 17% do total do país14, com uma renda per capita de
US$ 5,557.
Aproximadamente 37%15 da bacia do Alto Tietê encontram-se ocupadas por uma densa
malha urbana. Apesar das taxas de crescimento populacional terem sofrido uma
acentuada diminuição nas últimas décadas, situando-se atualmente em 1,61% a.a., a
área urbanizada continua em sensível expansão.
Em tempos mais recentes, que explicam a atual conformação urbana, podem ser
identificados três períodos principais de desenvolvimento e expansão metropolitana: uma
primeira fase, da década de 1950-60 até o surgimento da lei de proteção aos mananciais
em 1976; um segundo período, até meados da década de 1980; e, por fim, o terceiro
período compreendido entre meados da década de 1980 e os dias atuais16.
No primeiro período, a expansão da mancha urbana alcançou cerca de 320 km2, quase a
metade da superfície metropolitana urbanizada em 1965. Um dos principais vetores de
expansão, à época, era formado pelos municípios do ABC (Santo André, São Bernardo,
Diadema, Mauá e Ribeirão Pires), demonstrando a polaridade exercida pelos núcleos
urbano-industriais. Outro vetor também ocorreu na região leste da capital, embora com
menor grau de participação, destacando-se os municípios de Mogi das Cruzes e Suzano.
O vetor nordeste, constituído pelos municípios de Guarulhos e Arujá, também acusou
crescimento expressivo, semelhante ao vetor leste. No município de São Paulo, os
maiores acréscimos de áreas urbanizadas se deram na região sul, abrangendo também
as áreas dos mananciais Billings e Guarapiranga.
O impacto dos investimentos públicos e privados, realizados no vetor sul e no ABC, e a
consolidação do núcleo industrial de Santo Amaro, foram os aspectos mais destacados
do dinamismo econômico e produtivo que impulsionou estes vetores de expansão. Em
resposta, movimentos em favor de uma maior disciplina territorial e urbana culminaram
na aprovação, em 1975 e 1976, das Leis Estaduais nº 898 e nº 1.176, destinadas a
conter essas tendências e ordenar a cidade, sobretudo pela proteção das áreas de
mananciais metropolitanos.
14
Secretaria de Estado da Fazenda. 15
Plano da Bacia do Alto Tietê, Relatório Final, Versão 2.0, setembro/2002. 16
Estes aspectos são abordados por vários urbanistas e profissionais do setor, com destaque para as leituras realizadas por Maria José Marcondes, em “Cidade e Natureza: Proteção dos Mananciais e Exclusão Social” (EDUSP; 1999); Candido Malta Campos, em “Os Rumos da Cidade – Urbanismo e Modernização em São Paulo” (EDITORA SENAC, 2002); Henrique Dumont Villares, em “Urbanismo e Indústria em São Paulo” (REVISTA DOS TRIBUNAIS, 1946); e Regina Maria Prosperi Meyer, Marta Dora Grostein e Ciro Biderman, em “São Paulo Metrópole” (EDUSP, 2004).
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71
Os resultados, contudo, não foram animadores. No que poderia caracterizar um segundo
período, entre 1974 e 1980, os acréscimos verificados na expansão da mancha urbana
mostraram-se superiores às médias do período anterior. No interior de um aumento de
pouco mais de 33% na área metropolitana urbanizada, os vetores sul (mananciais da
Billings e Guarapiranga) e norte (Cantareira) mantiveram incrementos urbanos elevados,
agravando problemas ambientais. A expansão no vetor oeste (incluindo-se Cotia, Embu,
Itapecerica da Serra, Osasco, Barueri, Itapevi e Jandira) e o substantivo crescimento em
municípios não conurbados (Franco da Rocha, Francisco Morato e Caieiras), associados
a um processo de intensa periferização, também marcaram esse período.
Na terceira fase, de meados dos anos 1980 até os dias atuais, o ritmo de expansão
metropolitana teve uma forte inflexão, também condicionada pelos efeitos da crise
econômica da década de 1980 e dos processos de reestruturação produtiva. Na periferia,
intensificaram-se os processos de ocupação clandestina e irregular, praticamente em
todas as áreas de mananciais metropolitanos.
Estes anéis periféricos mais recentes, surgidos ou fortemente adensados desde o início
dos anos 80, ou mesmo um pouco antes, tiveram a sua origem coincidente com um
extenso período de baixo crescimento da economia brasileira, com impactos negativos
sobre a RMSP, seu mercado de trabalho e o agregado das rendas familiares. Muito
embora prosseguissem os investimentos públicos, apesar de dificuldades advindas da
sua crise fiscal, a fisionomia urbana (habitacional e de atividades terciárias) ressentiu-se
das rendas familiares médias declinantes ou estacionárias, ocasionando uma gradativa
consolidação dos anéis periféricos recentes em bases homogeneamente mais pobres do
que a situação verificada em distritos e bairros de origem e crescimento anterior.
Tanto quanto municípios como Francisco Morato, Itapevi ou Itaquaquecetuba, as áreas
de interesse direto do Programa Mananciais, especialmente Billings e Guarapiranga,
sofreram as mesmas limitações, mas com um forte agravante - a menor escala dos
investimentos públicos e privados, em função das restrições específicas estabelecidas
pela legislação de proteção de mananciais, datada da década de 1970. Como
conseqüência, os territórios destas bacias, vitais ao abastecimento público sob o ponto
vista hídrico, contudo, inseridos nos anéis periféricos segundo a morfologia urbana
metropolitana, apresentam hoje, de maneira geral, cobertura de infra-estrutura pública
menor que outras áreas de localização periférica ou, quando existente, de implantação
mais recente, excepcionalmente retardatária. Esta situação singular reitera a
necessidade, dado o fato, especialmente válido para os reservatórios urbanos da Billings
e do Guarapiranga, de um investimento continuado em infra-estrutura pública básica, em
montantes proporcionalmente superiores às de outras áreas metropolitanas, dada a sua
condição estratégica de produção de água para o abastecimento da metrópole.
Em observação aos três períodos citados, as Figuras apresentadas adiante demonstram
a evolução da mancha urbana da RMSP nos anos de 1974, 1985, 1992, 1997 e 2003, e a
caracterização do uso do solo, conforme Banco de Dados Espaciais da Bacia do Alto
Tietê do Instituto de Geociências da USP.
Por sua vez, o Quadro 4.02 expõe o histórico das taxas diferenciadas de crescimento do
município de São Paulo e da Região Metropolitana, as segundas particularmente mais
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72
elevadas do que as primeiras, a partir dos anos 1960. Este Quadro sugere o fato,
confirmado por outros dados, de que os núcleos urbanos mais centrais da RMSP sofrem
um processo de esvaziamento, mesmo possuindo infra-estrutura consolidada, que
adquire ociosidades parciais, enquanto os anéis periféricos crescem e demandam a
extensão de equipamentos básicos de infra-estrutura. As Figuras 4.03 a 4.05
apresentadas na seqüência confirmam estas assertivas.
Logo em seguida, as Figuras 4.06 a 4.11 tratam, respectivamente, da distribuição
espacial dos níveis de renda da população da RMSP e das áreas de favelas nas
principais sub-bacias de mananciais abrangidas pelo Programa Mananciais.
Quadro 4.02. Evolução da População no Município de São Paulo e na RMSP
Período
Município de São Paulo Região Metropolitana de São Paulo
População (hab) Taxa Média Anual de
Crescimento (%) População (hab)
Taxa Média Anual de Crescimento (%)
1.900 239.820 - 302.787 -
1.920 579.033 4,5% 702.248 4,3%
1.940 1.326.261 4,2% 1.568.045 4,1%
1.950 2.198.096 5,2% 2.662.786 5,4%
1.960 3.781.446 5,6% 4.854.414 6,2%
1.970 5.885.475 4,5% 8.078.287 5,2%
1.980 8.475.380 3,7% 12.549.856 4,5%
1.991 9.512.545 1,2% 15.089.744 1,9%
2.000 10.398.576 0,9% 17.807.926 1,7%
FONTE: Adaptado da Fundação Sistema Estadual de Analise de Dados - SEADE (2002).
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73
Figura 4.03. Expansão da Mancha Urbana (1974, 1985, 1992, 1997)
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74
Figura 4.04. Mancha Urbana (2003)
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75
Figura 4.05. Uso do Solo na bacia do Alto Tietê
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76
4.3. Cenários Prospectivos: Projeções Populacionais e de Expansão Urbana
Diversos trabalhos e fontes de dados dão conta de projeções populacionais para a
RMSP, com destaques para o Plano de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê - PBH-AT
(FUSP, 2000), o Plano Diretor de Abastecimento de Água – PDAA, o Plano Diretor de
Esgoto da RMSP – PDE, o Sistema Adutor Metropolitano – SAM-75, o Plano Integrado
de Aproveitamento e Controle dos Recursos Hídricos das Bacias do Alto Tietê, Piracicaba
e Baixada Santista17, IBGE, SEADE.
O PDAA e o SEADE, conforme demonstra o Quadro 4.03 seguinte, assemelham suas
projeções demográficas para os próximos vinte anos, projetando, para a RMSP, cerca de
23 milhões de habitantes em 2025. Sendo os trabalhos mais recentes, foram adotados
como referências populacionais básicas na preparação do Programa Mananciais.
17
Desenvolvido pelo Consórcio HIDROPLAN
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77
Figura 4.06. Crescimento anual dos municípios do Programa Mananciais 1970_1980
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78
Figura 4.07. Crescimento anual dos municípios do Programa Mananciais 1980_1990
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79
Figura 4.08. Crescimento anual dos municípios do Programa Mananciais 1991_2000
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80
Figura 4.09. Densidade Demográfica
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81
Figura 4.10. Níveis de Renda na RMSP
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Figura 4.11. Mapa com Localização de Favelas nas bacias Billings e na Guarapiranga
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83
De toda forma, e aqui se trata de assunto do interesse direto das bacias hidrográficas de
mananciais, especialmente Billings e Guarapiranga, os resultados dos Censos do IBGE e
as projeções populacionais mencionadas confirmam um processo crescente de
periferização urbana, com queda da população das áreas mais centrais18. Este
fenômeno deve ser atribuído a fatores como a valorização imobiliária com a troca de
usos, inclusive a verticalização, nos anéis urbanos centrais, a redução do número médio
de habitantes por domicílio e o empobrecimento da população.
Quadro 4.03. Projeções de Crescimento Populacional na RMSP (2000-2025)
Ano PDE SEADE PDAA SAM-75
2000 17.476 17.852 17.894 19.088
2005 18.267 19.130 19.368 19.882
2010 18.745 20.309 20.622 20.367
2015 18.966 21.313 21.529 20.599
2020 19.190 22.184 22.127
2025 22.957 22.564
FONTE: Relatórios de Projeto, Censos e Anuário Estatístico SEADE.
Nas áreas de interesse do Programa, as projeções populacionais mais recentes e
detalhadas têm como principal referência os estudos realizados no âmbito dos Planos
Integrados Regionais da SABESP – PIR (Vice-presidência Metropolitana de Distribuição–
M, 2002) e a operação dos modelos matemáticos de simulação (MQUAL), utilizados para
a estimativa de cargas poluidoras afluentes aos tributários e aos reservatórios.
Embora o PIR tenha efetuado projeções para os municípios operados pela SABESP
(excetuando-se da análise, portanto, os municípios de São Bernardo do Campo19,
Diadema, Santo André, São Caetano, Mogi das Cruzes e Guarulhos), os dados dos
estudos demográficos, juntamente com as interpolações apoiadas nos dados censitários
e demais projeções disponíveis, permitiram estimar a evolução demográfica nos demais
municípios, conforme Quadro 4.04, configurando-se o que se denominou como cenário
tendencial.
Neste cenário, a população situada nas cinco sub-bacias de intervenção do Programa
Mananciais totaliza pouco mais de dois milhões de habitantes em 2001, chegando a 2,8
milhões em 2021 (aumento de 40% em vinte anos). Os estudos e projeções também
18
Segundo dados do Censo IBGE 2000, analisados no âmbito dos Planos Diretores Regionais da SABESP (PIR/2002), os distritos centrais do município de São Paulo – correspondentes à Unidade de Negócio Centro da SABESP – sofreram decréscimos da população entre 1980/91 (-0,19) e entre 1991/00 (-0,56). Distritos mais centrais, como Pari, Brás, Bom Retiro e Sé, apresentaram os maiores declínios nas taxas geométricas anuais de crescimento, acima de 3% aa (91/00). Nas projeções decenais efetuadas para a região central como um todo, entre 2000 e 2011 este decréscimo persiste (-0,97), apresentando crescimento somente no período entre 2011 e 2021 (0,56). De outro lado, municípios menos centrais ou inseridos em áreas de mananciais, no todo ou em parte, apresentam taxas geométricas de crescimento anual, entre 1991 e 2000, superiores a 3%, tais como Itapecerica da Serra (4,76), Embu-Guaçu (5,18), Embu das Artes (3,26), Suzano (4,17), Guarulhos (3,52), Juquitiba (3,21), São Lourenço da Serra (5,60), Cotia (3,73), entre outros. A tendência é que essas taxas diminuam ao longo dos próximos 10 ou 20 anos, mantendo-se, contudo, taxas superiores a 2 ou 3% aa, dependendo das forças de atração – sobretudo conjunturais e econômicas – que deverão incidir sobre essas áreas. 19
Até a conclusão do PIR/DIR, o município de São Bernardo do Campo prestava os serviços de saneamento por meio de companhia municipal, cujos serviços foram transferidos para a SABESP em 2004.
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
84
indicam que esse crescimento será menos evidente nas áreas urbanas consolidadas,
mesmo que se considere o estímulo à verticalização e ao adensamento de alguns bairros
e áreas mais próximas a núcleos de funções urbanas centrais.
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
85
Quadro 4.04. População Total nas Sub-Bacias de Intervenção (2000) e Projeções Qüinqüenais do Crescimento Demográfico
(2006-2021)** Cenário Tendencial
Sub-bacias Municípios/Localidades Pop Total
(hab)*
Pop. das Sub-bacias de Intervenção (2000)
Projeções do Crescimento Demográfico
Hab T.C. 2006 T.C. 2011 T.C. 2016 T.C. 2021
Guarapiranga
Cotia 148.987 1.915 -1,09% 1.794 -0,38% 1.760 2,50% 1.991 2,50% 2.253
Embu 207.663 55.645 4,69% 73.265 4,28% 90.350 2,66% 103.013 2,66% 117.450
Embu-Guaçu 56.916 56.916 4,82% 75.487 4,00% 91.824 0,77% 95.412 0,77% 99.140
Itapecerica da Serra 129.685 128.843 3,77% 160.864 3,54% 191.403 2,62% 217.807 2,62% 247.854
Juquitiba 26.459 179 4,82% 237 4,00% 289 0,77% 300 0,77% 312
São Lourenço da Serra 12.199 547 4,29% 704 3,77% 847 1,69% 921 1,69% 1.002
São Paulo 10.434.252 492.683 1,40% 535.633 1,18% 567.885 0,27% 575.719 0,27% 583.661
Total 736.728 2,37% 847.984 1,81% 944.357 0,88% 995.164 0,92% 1.051.672
Billings
Diadema 357.064 59.319 1,40% 64.492 1,18% 68.374 0,27% 69.318 0,27% 70.274
Ribeirão Pires 104.508 84.819 3,17% 102.268 2,97% 118.364 2,17% 131.757 2,17% 146.668
Rio Grande da Serra 37.091 37.091 1,89% 41.493 1,80% 45.370 1,47% 48.798 1,47% 52.484
Santo André 649.331 28.557 1,40% 31.048 1,18% 32.916 0,27% 33.371 0,27% 33.831
São Bernardo do Campo 703.177 182.045 1,40% 197.922 1,18% 209.834 0,27% 212.731 0,27% 215.665
São Paulo 10.434.252 454.862 1,40% 494.515 1,18% 524.291 0,27% 531.522 0,27% 538.854
Total 846.693 1,61% 931.738 1,17% 999.148 0,47% 1.027.497 0,49% 1.057.775
Alto Tietê-Cabeceiras
Biritiba Mirim 24.653 24.653 2,53% 28.640 2,32% 32.115 1,47% 34.545 1,47% 37.158
Mogi das Cruzes 330.241 14.900 2,86% 17.649 2,41% 19.882 0,63% 20.521 0,63% 21.179
Paraibuna 17.009 690 3,13% 830 2,56% 942 0,31% 957 0,31% 972
Ribeirão Pires 104.508 10.298 3,17% 12.417 2,97% 14.371 2,17% 15.997 2,17% 17.807
Salesópolis 14.357 14.357 2,43% 16.585 2,18% 18.472 1,16% 19.571 1,16% 20.735
Suzano 228.690 34.932 3,13% 42.022 2,56% 47.679 0,31% 48.426 0,31% 49.185
Total 99.830 2,85% 118.142 2,05% 133.460 0,80% 140.016 0,82% 147.036
* FONTE: Censo IBGE, 2000. ** População na sub-bacia calculada a partir das projeções demográficas efetuadas para as bacias de esgotamento constantes dos Planos Diretores Regionais da SABESP. Nos municípios não operados pela SABESP, como no caso do ABC, foram efetuadas interpolações das taxas de crescimento das bacias de esgotamento adjacentes com as características apontadas nos setores censitários, na evolução da ocupação (inclusive com o uso de imagens de satélite) e nas demais projeções disponíveis.
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86
Quadro 4.04. População Total nas Sub-Bacias de Intervenção (2000) e Projeções Qüinqüenais do Crescimento Demográfico
(2006-2021)** Cenário Tendencial
Sub-bacias Municípios/Localidades Pop Total
(hab)*
Pop. das Sub-bacias de Intervenção (2000)
Projeções do Crescimento Demográfico
Hab T.C. 2006 T.C. 2011 T.C. 2016 T.C. 2021
Juqueri-Cantareira
Caieiras 71.221 779 4,51% 1.015 4,19% 1.247 2,91% 1.439 2,92% 1.662
Franco da Rocha 108.122 164 2,13% 186 2,00% 206 1,49% 221 1,49% 238
Mairiporã 60.111 47.325 3,56% 58.370 3,27% 68.546 2,11% 76.091 2,11% 84.466
Nazaré Paulista 14.410 551 1,51% 603 1,29% 643 0,43% 657 0,43% 671
Total (Sub-bacia Paiva Castro) 253.864 48.819 3,55% 60.174 2,71% 70.641 1,75% 78.409 1,76% 87.036
Guarulhos (Sub-bacia Cabuçu) 1.072.717
4.345 -2,54% 3.724 -2,05% 3.358 -0,07% 3.347 -0,07% 3.336
Guarulhos (Sub-bacia Tanque Grande) 4.978 -0,09% 4.952 -0,26% 4.887 -0,96% 4.655 -0,96% 4.435
Total (Sub-bacias Cabuçu e Tanque Grande) 1.072.717 9.323 -1,19% 8.676 -0,85% 8.245 -0,50% 8.002 -0,49% 7.771
São Paulo (Engordador) 10.434.252 224 -0,09% 223 -0,26% 220 -0,96% 209 -0,96% 200
Total 58.366 2,85% 69.072 2,29% 79.106 1,52% 86.621 1,55% 95.007
Cotia
Barueri 208.281 2.279 5,36% 3.117 5,06% 3.989 3,86% 4.820 3,86% 5.824
Carapicuíba 344.596 178.544 1,85% 199.249 1,76% 217.445 1,43% 233.491 1,43% 250.721
AT – Cotia 148.987
27.099 4,95% 36.204 4,50% 45.114 2,73% 51.614 2,73% 59.048
BT – Cotia 106.176 2,24% 121.250 2,04% 134.119 1,25% 142.684 1,25% 151.798
Jandira 91.807 1.493 -12,91% 651 -11,26% 359 -4,37% 287 -4,34% 230
Embu 207.663 7.334 -1,09% 6.869 -0,38% 6.739 2,50% 7.625 2,50% 8.627
Total 322.925 2,17% 367.342 1,76% 407.764 1,30% 440.520 1,31% 476.248
TOTAL GERAL 2.064.542 2,07% 2.334.278 1,89% 2.563.835 0,96% 2.689.817 1,01% 2.827.738
* FONTE: Censo IBGE, 2000. ** População na sub-bacia calculada a partir das projeções demográficas efetuadas para as bacias de esgotamento constantes dos Planos Diretores Regionais da SABESP. Nos municípios não operados pela SABESP, como no caso do ABC, foram efetuadas interpolações das taxas de crescimento das bacias de esgotamento adjacentes com as características apontadas nos setores censitários, na evolução da ocupação (inclusive com o uso de imagens de satélite) e nas demais projeções disponíveis.
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87
A avaliação dos dados do que chamamos cenário tendencial permite um desdobramento
em duas situações, ou cenários ainda, distintas.
Primeiro, como hipótese de trabalho, pode-se estabelecer um cenário mais pessimista, o
qual contaria com a manutenção das taxas de crescimento anual de 2000 a 2011, ou
seja, superiores a 1,5% ao ano. Neste caso, em exercício de simulação, chegaríamos a
um total de 2,5 milhões em 2011 e a 3,1 milhões de habitantes nas bacias de mananciais
metropolitanos em 2021. Inversamente - trata-se de uma segunda hipótese de trabalho a
partir do cenário tendencial -, decrescendo-se as taxas anuais para níveis menores que
1% a partir de 2006, chega-se a um cenário mais otimista: a população chegaria a 2,4
milhões em 2011 (mantendo-se próxima ao cenário pessimista ainda, devido às altas
taxas de crescimento estimadas entre 2000 e 2006) mas com forte redução em 2021,
quando a população nas APRMs totalizaria 2,6 milhões de habitantes, cerca de meio
milhão de habitantes a menos do que no cenário mais desfavorável.
Numa análise sumária do cenário tendencial20, pode-se estimar que as taxas de
crescimento populacional sejam substantivamente maiores nas áreas periféricas,
sugerindo o risco do aumento gradativo do número de favelas e ocupações irregulares
replicadas em taxas geométricas maiores que a média do crescimento demográfico para
toda a sub-bacia. Por hipótese, em termos práticos, a atual população favelada nas áreas
de mananciais, estimada em aproximadamente 250 mil habitantes (quase 12% da
população total), pode elevar-se para cerca de 450 mil habitantes (pouco mais de 16% da
população total em 2021), mantendo taxas incrementais qüinqüenais superiores a 2%
nos primeiros dez anos (2001/2011) e maiores que 1,5% no decênio seguinte
(2011/2021). A confirmação desta hipótese, não obstante, é variável dependente da
capacidade de resposta das políticas públicas para estas regiões, seja em legislação
mais adequada ao trato da realidade, sobretudo urbana destas bacias, seja em termos de
expansão e otimização da operação de infra-estrutura.
Nas cinco sub-bacias de intervenção do Programa Mananciais, sempre segundo as
premissas do cenário tendencial, observa-se que as taxas de crescimento demográfico
são mais elevadas nos primeiros dois qüinqüênios (2001/2006 e 2006/2011), tendendo
ao declínio até 2021, com taxas mais elevadas nos municípios das sub-bacias do
Juqueri-Cantareira e do Tietê-Cabeceiras. Saliente-se que as taxas de crescimento do
primeiro qüinqüênio na sub-bacia do Guarapiranga sugerem, assim como no passado
recente, uma forte pressão por ocupação nos municípios de Embu, Itapecerica da Serra e
Embu-Guaçu, todos com estimativa de taxas anuais acima de 3,5% entre 2001 e 2006,
mantidas no qüinqüênio seguinte (2006/2011). Antes de tudo, estas possibilidades são
decorrentes de um espraiamento do crescimento urbano no interior do município de São
Paulo e de alguns municípios vizinhos, no caso do vetor de ocupação marcado pela
rodovia Régis Bittencourt.
Segundo o Quadro 4.04, as sub-bacias Billings e Guarapiranga respondem, atualmente,
por cerca de 76% do contingente populacional das áreas de intervenção do Programa
20
Considera-se, nesse contexto, a deficiência de programas e investimentos públicos que dêem conta de responder – no ritmo e com a qualidade desejados – às demandas de infra-estrutura e serviços públicos e urbanos nas áreas periféricas e regiões ocupadas por favelas e loteamentos irregulares, situados, normalmente, em áreas protegidas e de vulnerabilidade ambiental.
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88
Mananciais, mantendo esta proporção até 2021. A sub-bacia Billings, contudo, demonstra
uma tendência qüinqüenal de crescimento menos pronunciada que o Guarapiranga
devido, principalmente, às taxas de crescimento de Santo André, Diadema, São Bernardo
do Campo e São Paulo, que são mais uniformes e ajustadas a um crescimento menos
explosivo em função das peculiaridades urbanas, e de Rio Grande da Serra (1,89% a.a.
no mesmo período), cujas taxas são inferiores às de Embu, Itapecerica da Serra e Embu-
Guaçu.
A análise da população total das sub-bacias, agrupada por municípios, mostra que São
Paulo, Guarulhos, Diadema, Santo André e São Bernardo do Campo respondem,
atualmente, por quase 60% do total da população nas áreas de mananciais, declinando
para menos de 51% em 2021. Essa perda relativa ocorre em paralelo ao forte
crescimento registrado nos municípios de Cotia, Embu, Itapecerica da Serra e Ribeirão
Pires, o que coincide com o maior incremento das periferias urbanas. Juntos, estes
últimos passariam a representar quase 27% do total da população das sub-bacias em
2021, contra os 20% atuais (aumento de 7% em vinte anos).
4.4. Disponibilidades e Demandas de Água: Balanço Hídrico da Bacia do Alto Tietê
Como observado, a bacia do Alto Tietê, em grande medida ocupada pela RMSP,
caracteriza-se pela baixa disponibilidade hídrica frente às significativas demandas
metropolitanas e por inúmeros conflitos reais de uso, que podem ser agravados por
outros ainda potenciais. Essa limitação quantitativa se deve à sua localização no trecho
de montante da bacia do rio Tietê, que segue a configuração singular de boa parte das
bacias hidrográficas das regiões Sudeste e Sul, com caminhamento para o Oeste interior,
em sentido oposto à vertente marítima.
Esta localização, pouco favorável, é agravada pela complexidade dos regimes hidráulicos
e hidrológicos da bacia do Alto Tietê e pelas dinâmicas espacial e demográfica da RMSP
que atuam sobre o comportamento e a qualidade dos corpos hídricos superficiais. Às
restrições de ordem quantitativa, portanto, somam-se problemas de qualidade, compondo
um cenário que exige atenção por parte do poder público, por meio de um monitoramento
constante e sofisticado e, ainda, de políticas e medidas que permitam uma administração
adequada das escassas disponibilidades hídricas per capita.
As limitações de quantidade podem ser ilustradas pela comparação com os índices
recomendados pela ONU, cujos critérios estabelecem o montante de 2.500 m3/hab/ano
como suficiente para a vida em comunidade, sendo admitido, em condição crítica, até
1.500 m3/hab/ano. Neste contexto, na bacia do Alto Tietê, conta-se com apenas 200
m3/hab/ano, ou seja, menos de 1/7 da quantidade considerada como crítica pela ONU.
Para a compensação do déficit da produção hídrica do Alto Tietê, são importados 31 m3/s
das águas do complexo formado pelas bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari
e Jundiaí (UGRHI-5), 1 m3/s da bacia da Baixada Santista (UGRHI-7) e 0,5 m3/s da bacia
do Litoral Norte (UGRHI-3), que incrementam, respectivamente, a alimentação dos
sistemas produtores de água metropolitanos Cantareira, Guarapiranga e Rio Claro. Essas
reversões representam cerca de 48% da capacidade nominal dos oito sistemas
produtores (Alto e Baixo Cotia, Cantareira, Guarapiranga, Ribeirão da Estiva, Rio Claro,
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89
Rio Grande e Taiaçupeba) que abastecem 99% da população residente na UGRHI-6,
além de 15% da demanda industrial, que complementa suas necessidades mediante
fontes próprias, essencialmente com águas subterrâneas.
Além de restrições quantitativas e também de uso de águas subterrâneas21, há que se
por em destaque a questão da qualidade da água bruta de alguns mananciais de
superfície, dadas as influências negativas da ocupação urbana ou de usos rurais. São os
casos dos reservatórios Guarapiranga, Rio Grande, Braço Taquacetuba do Reservatório
Billings, Taiaçupeba e do Rio Cotia em seu curso inferior.
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP opera
diretamente a concessão de serviços de 31 dos 35 municípios da bacia do Alto Tietê, por
intermédio de um conjunto de sistemas produtores, compostos por reservatórios de
regularização, captações, adutoras de água bruta e tratada, estações de tratamento,
reservatórios, estações elevatórias e redes de distribuição, que compõem o Sistema
Integrado de Abastecimento de Água da RMSP.
Três municípios abastecidos pelo Sistema Integrado complementam o abastecimento de
seus sistemas de distribuição com sistemas próprios de produção: Guarulhos (130 L/s),
Mogi das Cruzes (340 L/s) e Santo André (60 L/s). Além desses, existem sistemas
complementares nos municípios operados pela SABESP, como: Barueri (30 L/s),
Cajamar (115 L/s), Embu-Guaçu (30 L/s), Franco da Rocha (55 L/s), Santana de
Parnaíba (130 L/s) e Vargem Grande Paulista (10 L/s), totalizando 900 L/s. Entre os
municípios abastecidos totalmente por sistemas isolados, incluem-se: Biritiba Mirim (30
L/s), Mairiporã (100 L/s), Pirapora do Bom Jesus (40 L/s) e Salesópolis (20 L/s).
Os mananciais utilizados pelo Sistema Integrado e suas respectivas disponibilidades
médias totalizam 63 m3/s, sendo a capacidade nominal de produção total igual a 67,7
m3/s, conforme apresentado no Quadro 4.05.
Por seu turno, no que concerne às demandas hídricas, dados da SABESP para os
consumos medidos e faturados de água, nas diferentes categorias de usuários,
demonstram que 82,8% do abastecimento urbano estão relacionados ao uso doméstico
(residencial), enquanto os 17,2% restantes correspondem a consumos não residenciais,
aí incluídos os usos industriais, comerciais, públicos e mistos22.
As demandas média e máxima, segundo projeções do Plano de Bacia do Alto Tietê,
apresentadas no Quadro 4.06, são respectivamente de 64 e de 68,6 m3/s, portanto,
podendo superar a capacidade nominal de produção dos sistemas produtores (de 67,7
m3/s), fato que justifica a tomada de providências imediatas, seja para a ampliação das
capacidades de produção (novos mananciais, melhoria da eficiência nos sistemas de
21
Ver abordagem específica. 22
Entre os consumos não residenciais, mostra-se uma queda acentuada do consumo industrial de água potável, decorrente tanto da queda da atividade industrial na RMSP e da adoção de procedimentos para racionalização de consumos, como da saída de usuários da rede de distribuição por razões econômicas, em função da elevação dos preços unitários para os grandes consumidores. Por este mesmo motivo, alguns grandes consumidores residenciais e comerciais trocaram a rede de distribuição de água da região pela utilização de água subterrânea, o que explica a expressiva quantidade de poços perfurados nos últimos anos e a diminuição no consumo destes grandes usuários. Atualmente, os maiores consumidores não residenciais da SABESP são os comerciais que respondem por 8,45% da demanda.
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
90
captação e adução), seja pela adoção de medidas para a otimização operacional,
redução de desperdícios, melhoria da eficiência e qualidade dos serviços.
Entre as principais referências sobre as estimativas e projeções de demandas hídricas na
RMSP e, particularmente, nas sub-bacias abrangidas pelo Programa Mananciais,
incluem-se o Plano de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê – FUSP (2000), o Plano Diretor de
Abastecimento de Água – PDAA, o Sistema Adutor Metropolitano – SAM-75 e o Plano
Integrado de Aproveitamento e Controle dos Recursos Hídricos das Bacias do Alto Tietê,
Piracicaba e Baixada Santista, além dos estudos elaborados no âmbito dos Planos
Integrados Regionais – PIR/DIR, cujos resultados constam do Quadro 4.07, que
estabelece, para cada um dos planos mencionados, dois cenários de análise: tendencial
e dirigido (ou induzido).
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91
Quadro 4.05. Disponibilidade Hídrica dos Mananciais e Capacidade das Estações de Tratamento do Sistema Integrado
Sistema
Produtor Manancial
Disponibilidade Hídrica (m
3/s)
(1)
ETA
Capacidade
Nominal
(m3/s)
(1)
Produção
Média
(m3/s)
(2)
Municípios Abastecidos(1)
População Atendida
(1.000 hab)(3)
Alto Cotia Reservatórios Pedro Beicht e
Cachoeira das Graças 0,90 Morro Grande 1,30 1,06
Cotia, Embu, Embu Guaçu, Itapecerica da Serra
400
Alto Tietê Reservatórios Ponte Nova, Jundiaí e
Taiaçupeba 8,00 Taiaçupeba 10,00 8,95
São Paulo: zona leste (parcial), Guarulhos, Mauá (parcial), Mogi das
Cruzes, Santo André (parcial) 2.000
Baixo Cotia Rio Cotia 0,60 Baixo Cotia 1,10 0,92 Barueri, Jandira, Itapevi 200
Cantareira Reservatórios Jaguari/Jacarei,
Cachoeira, Atibainha, Paiva Castro e Águas Claras
31,30 Guaraú 33,00 31,64 São Paulo: zonas norte, central, leste
(parcial) e oeste (parcial), São Caetano do Sul
9.000
Guarapiranga/
Billings
Reservatório Guarapiranga, Rio Capivari, Braço Taquacetuba do
Reservatório Billings 14,30 ABV 14,00 13,35 São Paulo: zonas sul e sudeste 3.200
Ribeirão
da Estiva Ribeirão da Estiva 0,10
Rio Grande da Serra
0,10 0,06 Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires
(parcial) 35
Rio Claro Reservatório Ribeirão do Campo, Rio
Guaratuba 3,60 Casa Grande 4,00 3,03
São Paulo: Sapopemba, Mauá (parcial), Ribeirão Pires (parcial),
Santo André (parcial) 1.000
Rio Grande Reservatório Rio Grande 4,20 Riacho Grande
4,20 4,44 Diadema, São Bernardo do Campo,
Santo André (parcial) 1.200
Total 63,00 - 67,70 63,45 - -
FONTE: (1) Plano da Bacia do Alto Tietê (dados de 2000); (2) Plano Diretor de Abastecimento de Água da RMSP – PDAA (2003).
OBS. : A vazão média produzida é referente ao período de junho/2001 a junho/2002.
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92
Quadro 4.06. Demandas Médias e Máximas na Bacia do Alto Tietê (m3/s)
Sub-Bacia Demandas Médias
2000 (m3/s)
Demandas Máximas
2000 (m3/s)
Alto Tamanduateí 5,46 5,84
Billings 2,14 2,29
Cabeceiras 12,58 13,46
Cotia-Guarapiranga 4,19 4,49
Juqueri-Cantareira 2,82 3,02
Penha-Pinheiros 31,93 34,17
Pinheiros-Pirapora 4,96 5,30
Total 64,08 68,57
FONTE: Plano da Bacia do Alto Tietê, Relatório Final, Versão 2.0, setembro/2002.
Quadro 4.07. Projeções de Demandas Hídricas – Cenários Tendencial e Dirigido
para a RMSP (2000-2020) – Vazões Médias em m3/s
Cenários Ano HIDROPLAN SAM-75* PIR** PBH-AT* PDAA****
Tendencial
2000 67,50 62,03 64,08 66,4
2005 71,50 64,45 68,97*** 71,1
2010 73,50 66,38 78,56 75,0
2015 75,10 67,41 78,6
2020 76,10 69,26 81,7
Dirigido
2000 66,30 57,80 62,03 64,08 66,4
2005 68,10 58,74 62,99 65,92 71,1
2010 68,60 60,38 61,98 69,76 73,8
2015 68,80 62,75 59,01 75,7
2020 69,10 - 55,79 77,2
FONTES: Plano Integrado de Aproveitamento e Controle dos Recursos Hídricos das Bacias Alto Tietê, Piracicaba e Baixada Santista – “Demandas – Vol 2/4”, Consórcio HIDROPLAN (1995); Sistema Adutor Metropolitano, ENCIBRA (1995) e Planos Integrados Regionais da SABESP, PIR (2002). (*): Referem-se às demandas médias como sendo os volumes consumidos totais acrescidos das perdas correspondentes. (**): Nos municípios não atendidos pela SABESP, as projeções seguiram os critérios do PIR e, nos municípios atendidos, as taxas de crescimento demográfico das bacias de esgotamento adjacentes aos referidos municípios. (***): As projeções consideram os anos 2000, 2004 e 2010. Assim, os valores lançados para 2005, correspondem a 2004. (****): Demonstra as demandas médias para o Sistema Integrado, sendo ligeiramente inferiores aos valores apresentados para a RMSP. Ver Relatório Parcial 02 – Estudos Demográficos e de Demandas (Julho, 2003).
No caso particular do Plano de Bacia do Alto Tietê, as demandas foram desagregadas
por sub-bacia hidrográfica, conforme disposto no Quadro 4.08.
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
93
Quadro 4.08. Demanda Média por Bacia (m³/s) do PBH-AT, por Cenário
Sub-bacia Cenário Tendencial Cenário Induzido
2000 2004 2010 2000 2004 2010
Alto Tamanduateí 5,46 5,62 6,16 5,46 5,58 5,72
Billings 2,14 2,69 3,48 2,14 2,56 3,07
Cabeceiras 12,58 14,31 17,72 12,58 13,53 15,36
Cotia-Guarapiranga 4,19 5,04 6,61 4,19 4,78 5,82
Juqueri-Cantareira 2,82 3,47 4,78 2,82 3,28 4,15
Penha-Pinheiros 31,93 32,05 32,17 31,93 30,68 28,88
Pinheiros-Pirapora 4,96 5,79 7,64 4,96 5,51 6,76
Bacia do Alto Tietê 64,08 68,97 78,56 64,08 65,92 69,76
FONTE: Plano de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê. Relatório Final 1.0. FUSP: São Paulo, Outubro de 2001.
As informações disponíveis no Quadro 4.07 anterior permitem identificar que a situação
mais exigente com respeito às demandas é prevista pelo PDAA, que projeta para o
cenário tendencial uma vazão média de quase 82 m3/s, em 2020. No cálculo do PDAA,
as demandas médias são a soma dos consumos (residencial, comercial, industrial,
público e operacional), das perdas aparentes23 e das perdas reais24, sendo os cenários,
tendencial e dirigido, dimensionados com base nos parâmetros apresentados no Quadro
4.09.
Quadro 4.09. Critérios para os Cenários de Demandas Médias para a RMSP
(2000/2020)
Parâmetros
Cenários
Tendencial Dirigido
Consumo Residencial redução de 2% a partir de 2010 redução de 2% a partir de 2010 e de 3% a partir de 2015
Consumo Público redução de 20% a partir de 2005 redução de 20% a partir de 2005
Consumos Comercial, Industrial e Operacional
mantida a evolução proposta sem aplicar fator de redução
mantida a evolução proposta sem aplicar fator de redução
Perdas Aparentes redução de 2% em cada qüinqüênio, a partir de 2010, para todas as ligações
redução de 2% em 2010 e de 3% a partir de 2015 para todas as ligações
Perdas Reais
nas ligações existentes são mantidos os valores de 2000 e nas novas, reduções em todos qüinqüênios
nas ligações existentes os valores de 2000 são mantidos. Em 2010 e 2015 foi considerada a incorporação parcial das reduções das perdas ao sistema (70% da redução entre 2000 e 2010 e 95% da entre 2000 e 2015). nas ligações novas: reduções previstas em todos qüinqüênios
FONTE: PDAA (2003).
23
Corresponde à parcela utilizada pela população, mas não medida, incluindo-se aí imprecisão de micro-medição, fraudes, falhas de cadastro, favelas e outros. 24
Corresponde à parcela de água efetivamente perdida no sistema (perda física – vazamentos e extravasamentos).
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
94
Os critérios e projeções efetuadas pelo PDAA são mais recentes e, por isso, dispõem de
um acervo mais atualizado de informações (dados censitários e informações
operacionais), quando comparados aos demais estudos. Assim sendo, as demandas
expressas no PDAA demonstram que a demanda futura, nos limites de horizonte do
estudo, pode ser maior que se imaginava no passado. Não obstante, a parte a
possibilidade de que os sistemas isolados atenuem o incremento das demandas
dependentes do Sistema Integrado (Quadro 4.10), há certamente espaço para a gestão
e para reduções substantivas das demandas de água, principalmente mediante uso
racional e potencial diminuição de perdas físicas.
Quadro 4.10. Projeções de Demandas para os Municípios com Sistemas de
Abastecimento Isolados na RMSP – ETA ou Poços
Municípios
Demanda Média Mensal (m³/s)
2000 2005 2010 2015 2020
Barueri 0,84 1,08 1,30 1,46 1,61
Biritiba Mirim 0,06 0,07 0,08 0,09 0,10
Cajamar 0,13 0,15 0,18 0,20 0,22
Cotia 0,57 0,73 0,91 1,06 1,18
Embu-Guacu 0,18 0,24 0,30 0,35 0,39
Itapevi 0,54 0,62 0,66 0,68 0,70
Juquitiba 0,09 0,10 0,11 0,12 0,13
Mairiporã 0,19 0,25 0,30 0,36 0,39
Pirapora do Bom Jesus 0,07 0,10 0,12 0,14 0,16
Salesópolis 0,03 0,04 0,04 0,04 0,04
Santana de Parnaíba 0,27 0,39 0,52 0,62 0,72
São Lourenço da Serra 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08
Vargem Grande Paulista 0,11 0,16 0,20 0,23 0,26
Total 3,12 3,98 4,78 5,43 5,98
FONTE: PDAA (2003).
Em suma, na correlação entre a disponibilidade hídrica e a capacidade dos sistemas
produtores da RMSP, as demandas assumem uma importância ainda maior no
planejamento e na gestão dos recursos hídricos, tanto na ampliação dos sistemas
produtores, quanto nas medidas preventivas de controle da poluição, redução de perdas
e uso racional da água. Segundo o PDAA (2003), as disponibilidades atuais chegam a
66,1 m3/s, bastante próximo das demandas, indicando a necessidade de ampliações
próximas da produção do sistema de abastecimento em volumes apreciáveis.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
95
4.5. Sistema de Esgotamento Sanitário e Projeções das Cargas Poluidoras
A degradação da qualidade da água dos rios e córregos metropolitanos é um problema
histórico e objeto crescente do interesse da opinião pública. Nos principais rios da
metrópole – Pinheiros, Tamanduateí, Tietê (na porção central da bacia) e Cabuçu -, os
níveis de poluição são críticos, embora se verifique uma tendência de melhoria nos
últimos anos, devido a um conjunto de esforços e intervenções públicas, especialmente
do Projeto de Despoluição do Tietê, e das ações de drenagem coordenadas pela
Secretaria de Estado de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento.
As deficiências na coleta, afastamento e tratamento dos esgotos, domésticos ou
industriais representam a maior contribuição à degradação dos recursos hídricos, cujos
efeitos são a poluição visual e o desconforto com o odor; os danos à saúde pública e ao
ecossistema aquático, comprometendo funções ecológicas e hidráulicas superficiais; os
prejuízos cênico-paisagísticos e estéticos; e a perda de valor comercial em áreas
ribeirinhas. Há um processo histórico de perda de identidade dos rios e córregos, que
passaram a ser vistos pela população como depósito de esgotos, dejetos e lixo, com as
suas margens e várzeas sendo frequentemente ocupadas por favelas.
Na última década, foram viabilizados maciços investimentos na ampliação das redes de
coleta e em estações de tratamento, fazendo com que, hoje, a região conte com cerca de
65% dos esgotos coletados, dos quais 32% são tratados, em sua maioria, nas ETEs que
compõem o Sistema Integrado da SABESP25. O Quadro 4.11 organiza esses valores por
sistema, indicando o número de bacias drenantes de esgotamento26. Essas bacias e a
representação geográfica dos cinco sistemas constam da Figura 4.12 apresentada na
seqüência.
Quadro 4.11. Capacidade Nominal da ETE, Vazão Tratada e Bacias Drenantes
Sistema de Tratamento Capacidade Nominal (m3/s) Vazão Tratada (m
3/s)
No de bacias
drenantes
ABC 3,0 1,5 5
Barueri 9,5 7,4 83
Parque Novo Mundo 2,5 2,3 14
São Miguel 1,5 0,6 14
Suzano 1,5 0,8 27
Total 18,0 12,6 143
FONTE: Plano da Bacia do Alto Tietê, Relatório Final, Versão 2.0, setembro/2002.
Mesmo que o Projeto Tietê tenha viabilizado a construção e a ampliação dessas
estações, não houve ainda o aumento correspondente da vazão afluente, acusando a
existência de interligações do sistema coletor com o de águas pluviais. Em contrapartida,
25
O sistema integrado é composto por 31 dos 39 municípios que compõem a RMSP; os 8 municípios restantes dispõem de sistemas próprios de coleta, porém o sistema de transporte, interceptação e tratamento também são operados pela SABESP. 26
Alguns municípios e localidades possuem sistemas próprios de tratamento de esgoto, também operados pela SABESP, que compõem os denominados Sistemas Isolados. As bacias de esgotamento dos cinco grandes sistemas de tratamento, que compõem o Sistema Integrado, foram originadas a partir das principais bacias drenantes dos rios Pinheiros, Tietê e Tamanduateí, e dos reservatórios Billings e Guarapiranga.
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96
na ocorrência de chuvas, há um acréscimo significativo nas vazões afluentes,
confirmando a interconexão entre os sistemas e, provavelmente, ligações clandestinas na
rede. Assim sendo, as cinco ETEs que formam o Sistema Integrado utilizam 64% de sua
capacidade de tratamento em função das limitações dos sistemas de coleta,
interceptação e transporte. A conclusão próxima (segundo semestre de 2007) da última
fase do Projeto Tietê, no entanto, deverá levar a uma ocupação praticamente integral da
capacidade da ETE Barueri, cuja capacidade nominal está sendo ampliada para 10,5
m3/s.
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97
Figura 4.12. Sistema Integrado de Esgoto da RMSP
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
98
Estudos de modelagem da qualidade das águas indicam que, com a implantação do
sistema de esgoto na última década, a maior parte dos rios Tietê, Pinheiros e
Tamanduateí apresentou melhoria nos padrões de qualidade hídrica, mas sem garantir
ainda condições para a manutenção da fauna aquática. Esse quadro, embora longe de
configurar o equacionamento dos problemas de esgotamento sanitário e de degradação
dos recursos hídricos, demonstra um ganho crescente e não-desprezível na restauração
dos padrões de qualidade ambiental da RMSP.
No que se relaciona às bacias dos mananciais metropolitanos, a ausência de rede
coletora é ainda evidente em algumas sub-bacias densamente ocupadas. No caso do
Guarapiranga, os índices de atendimento foram elevados a partir do desenvolvimento do
Programa correspondente. Na Billings, estes índices devem ser elevados sensivelmente
a partir do segundo semestre de 2007, com a conclusão de obras do Projeto Tietê. Não
obstante, há a necessidade de melhorias relevantes no sistema já implantado, em função
de situações provocadas pela própria desorganização urbana, que incluem a baixa renda
média da população, que dificulta a execução efetiva das conexões domiciliares à rede
pública, os fundos de vale ocupados por favelas ou loteamentos de origem irregular, as
interpenetrações dos sistemas de esgotamento e de drenagem pluvial.
A experiência da Sabesp e de outras companhias que vêm expandindo significativamente
os sistemas de esgotamento sanitário indica que os sistemas de coleta e transporte de
esgotos, de tipo separador, funcionam bem, com operação simples e de baixo custo, em
áreas de topografia favorável, com traçado urbano regular e dimensões de pequeno a
médio porte. Em condições de topografia plana ou excessivamente acidentada, traçado
urbano irregular, como nas favelas, com longas extensões até os pontos de tratamento, a
situação se inverte, com eficiências abaixo das projetadas: os percentuais de vazão
coletada podem ser inferiores ao total de água utilizada nas economias e boa parte do
coletado perde-se ao longo do trajeto de transporte aos pontos de tratamento. Este
resultado pode ser verificado ao se percorrer córregos de bacias com percentuais de
coleta supostamente próximos à totalidade, como no caso de muitos dos tributários da
Billings e Guarapiranga.
Além dos problemas da rede de coleta, os interceptores e coletores-tronco também se
tornam partes críticas do sistema, particularmente quando devem ser construídos em
fundos de vales ocupados de modo inadequado, o que eleva os obstáculos a transpor,
como também, os riscos de rompimento e de lançamento irregular de águas pluviais e
lixo.
Em suma, as principais cargas que afluem aos reservatórios e tributários estão
relacionadas à expansão da ocupação urbana, primeiro fator a ser considerado na
composição dos cenários voltados ao controle do processo de degradação da qualidade
das águas dos mananciais da RMSP. De fato, a prioridade deve estar centrada ainda nos
esgotos domésticos lançados in natura, nos córregos ou diretamente nas represas.
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
99
4.6. Evolução da Qualidade da Água
A CETESB, órgão responsável pelo monitoramento da qualidade das águas nas bacias
hidrográficas do Estado de São Paulo, efetua o monitoramento das águas interiores por
meio de 295 pontos de amostragem (incluindo balneabilidade), nas 22 bacias
hidrográficas do Estado de São Paulo, de forma que 65 pontos (22%) estão contidos na
bacia do Alto Tietê. A densidade de pontos de monitoramento nesta bacia é a maior do
país (13,20 pontos por km2), e mais que o dobro da segunda bacia de maior densidade,
a bacia do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (6,22 pontos por km2).
Em complemento ao monitoramento da CETESB, a SABESP realiza medições periódicas
em 158 pontos, distribuídos entre os tributários (99 pontos) e reservatórios (59 pontos),
nas cinco sub-bacias abrangidas pelo Programa (só nas bacias Guarapiranga e Billings
são 118 pontos).
Para melhor caracterizar a situação e a evolução da qualidade das águas, foram
utilizados os Índices de Qualidade das Águas - IQA, de Qualidade das Águas Brutas para
Fins de Abastecimento Público – IAP e o de Qualidade da Água para Preservação da
Vida Aquática – IVA.
O Índice de Qualidade das Águas – IQA, determinado bimestralmente pela CETESB
desde 1974 para avaliação das condições sanitárias dos corpos d’água, caracteriza a
qualidade da água dos rios e dos reservatórios utilizados para o abastecimento público
da RMSP e localizados em áreas de proteção ambiental.
A densa ocupação urbana e a ampla atividade industrial fizeram com que a bacia do Alto
Tietê, juntamente com as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (UGRHI 5) e do
rio Sorocaba/Médio Tietê (UGRHI 10), apresentasse as piores condições de qualidade
das águas entre as 22 UGRHIs do Estado de São Paulo, conforme atestam os relatórios
da CETESB no período entre 2000 e 2005.
No que concerne às áreas das captações, situadas nas cinco sub-bacias abrangidas pelo
Programa Mananciais, a Figura 4.13 e o Quadro 4.12 demonstram a evolução do IQA
entre 2000 e 2005. Um dos pontos destacáveis, conforme os dados da rede de
monitoramento, é o das águas captadas no rio Cotia, para abastecimento do Sistema
Produtor Baixo Cotia, cujos valores demonstram a qualidade regular e tendencialmente
declinante nos últimos anos, configurando-se como a situação mais crítica entre todas as
captações avaliadas na bacia do Alto Tietê.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
100
Figura 4.13. Evolução do IQA nas Principais Captações das Sub-bacias Abrangidas pelo Programa Mananciais
30
40
50
60
70
80
90
100
2000 2001 2002 2003 2004 2005
Ano
IQA
PEBA00900 TIET02090 RGDE02900 GUAR00900
COGR00900 COTI03900 JQJU00900 TGDE00900
FONTE: Relatórios CETESB.
Quadro 4.12. Evolução do IQA segundo os Pontos de Captação Analisados
Ponto Corpo d´Água Localização 2000 2001 2002 2003 2004 2005
PEBA00900 Res.
Taiaçupeba Na captação da SABESP 85 79
TIET02090 Rio Tietê Captação principal de Mogi das Cruzes 65 61 60 70 68 67
RGDE02900 Res. do Rio
Grande Próximo à rodovia Anchieta, junto à captação da SABESP
85 75 74 85 81 78
GUAR00900 Res.
Guarapiranga Na captação da SABESP, junto à casa de bombas
68 74 76 75 72 74
COGR00900 Res. das Graças
Junto à captação na barragem das Graças, Cotia Alto
88 82 80 78 82 77
COTI03900 Rio Cotia No canal de captação de água da ETA do Cotia Baixo
39 38 39 47 45 35
JQJU00900 Reservatório Paiva Castro
Na Ponte Santa Inês da rodovia que liga Mairiporã à Franco da Rocha
83 83 82 85 75 77
TGDE00900 Res. Tanque
Grande Junto à barragem, no município de Guarulhos
81 81 74 77 81 77
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
101
Os parâmetros de qualidade que fazem parte do cálculo do IQA (coliformes
termotolerantes, demanda bioquímica de oxigênio, fósforo total, nitrogênio total, oxigênio
dissolvido, pH, resíduo total, temperatura da água e turbidez) refletem, principalmente, a
contaminação dos corpos hídricos ocasionada por esgotos domésticos não tratados.
Dispositivos legais, de âmbito federal (Resolução CONAMA nº 357/05) e estadual
(Decreto Estadual nº 8.468/76), estabelecem o abastecimento público e a dessedentação
de animais como usos prioritários dos recursos hídricos, além dos demais, incluindo a
preservação de comunidades aquáticas.
Segundo estes dispositivos, os padrões de qualidade da água, indicada pelo IQA,
implicam em limites que devem ser observados quando de sua utilização para o
abastecimento público. Sob determinadas condições, caso dos mananciais da RMSP,
outros parâmetros também devem ser assegurados, tais como as propriedades
organolépticas e o potencial de formação de trihalometanos das águas de mananciais.
Visando superar tais limitações, foi aprovada, em 13 de agosto de 1998, a Resolução
SMA/65, que criou o Índice de Qualidade das Águas Brutas para Fins de Abastecimento
Público – IAP e o Índice de Qualidade da Água para Preservação da Vida Aquática – IVA.
Esses dois novos índices foram validados por meio de sua aplicação aos dados da Rede
de Monitoramento da CETESB, em 1999, e amplamente debatidos por técnicos da
Secretaria de Estado do Meio Ambiente, SABESP, órgãos públicos, universidades e
organizações não governamentais.
O IAP, comparado ao IQA, é um índice mais fidedigno da qualidade da água bruta a ser
captada para a finalidade de tratamento e distribuição à população. Do mesmo modo, o
IVA foi considerado um indicador mais adequado à proteção da vida aquática, por
incorporar, com ponderação mais significativa, parâmetros como a toxicidade e a
eutrofização.
Na comparação dos valores obtidos para o IQA e IAP pela CETESB, nos anos de 2002 a
2005, observam-se diferentes caracterizações da qualidade das águas utilizadas para o
abastecimento público, avaliadas no monitoramento da bacia do Alto Tietê (Quadro
4.13).
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
102
Quadro 4.13. IQA e IAP nas Captações da Bacia do Alto Tietê Avaliadas Média do
Período 2002 a 2005
Ponto Monitorado Sistema Produtor IQA Médio IAP Médio
Braço Taquacetuba Guarapiranga Boa Regular
Reservatório Nossa Senhora das Graças Alto Cotia Boa Regular
Rio Cotia Baixo Baixo Cotia Regular Péssima
Reservatório Guarapiranga Guarapiranga Boa Boa
Reservatório Paiva Castro Cantareira Ótima Boa
Reservatório Taiaçupeba Alto Tietê Ótima Boa
Reservatório Rio Grande Rio Grande Boa Boa
Rio Tietê Mogi das Cruzes Boa Regular
O Quadro 4.14, que segue, busca sistematizar reflexões a respeito das possíveis
relações de causas e efeitos apontados pelos mencionados indicadores de qualidade das
águas.
Quadro 4.14. Possíveis Relações de Causas e Efeitos
Os valores obtidos para o Índice de Estado Trófico – IET, componente do IVA, revelam a ocorrência da eutrofização nas águas dos rios Baixo Cotia, Biritiba e dos reservatórios Guarapiranga, Braço Taquacetuba, do reservatório Billings, Rio Grande, Jundiaí e Taiaçupeba. Esse fenômeno é produzido pelo lançamento dos esgotos sanitários sem tratamento, nos afluentes e tributários desses corpos d’água, com elevadas concentrações de fósforo e nitrogênio amoniacal, macro-nutrientes necessários ao desenvolvimento fitoplanctônico, especialmente dos grupos de algas Cianofíceas, Clorofíceas e Diatomáceas. A degradação da qualidade da água de um ambiente eutrofizado é resultante do consumo do oxigênio dissolvido na decomposição das células algais que são estabilizadas na forma dos substratos necessários ao desenvolvimento de novas espécies, produzindo, dessa forma, a reincidência do processo.
Na sub-bacia Cabeceiras, a influência das atividades antrópicas resulta na detecção da toxicidade aos organismos aquáticos expostos às substâncias componentes de pesticidas (metais pesados, organoclorados e organofosforados) utilizados em culturas agrícolas existentes na bacia do Reservatório Jundiaí e carreados pela irrigação e escoamento superficial de águas pluviais. A toxicidade produzida por essas substâncias é transferida para o reservatório Taiaçupeba que também recebe a carga poluidora conduzida principalmente pelo rio Taiaçupeba-Mirim, seu tributário, corpo receptor dos esgotos lançados sem tratamento e gerados pelos habitantes de favelas e loteamentos irregulares localizados ao longo do seu curso nos municípios de Ribeirão Pires e Suzano.
A detecção do protozoário Giardia sp. e do potencial de formação de trihalometanos nas águas captadas para o abastecimento do município de Mogi das Cruzes indicam a poluição de origem orgânica, provavelmente produzida pelo lançamento de esgotos sanitários in natura nos afluentes do rio Tietê.
O processo de autodepuração das cargas poluidoras conduzidas ao Reservatório Rio Grande por seus principais tributários – rio Grande e ribeirão Pires –, favorece na obtenção dos elevados valores do IQA e do IAP. Os baixos valores do IVA são resultado da detecção de cádmio, fenóis, mercúrio e níquel, proveniente do lançamento de efluentes de indústrias localizadas na bacia. O monitoramento da SABESP detectou concentrações de cloretos e mercúrio superiores ao máximo recomendado pela Resolução CONAMA nº 357/05 nas águas do rio Grande, à jusante da Indústria Solvay, o que indica o lançamento de resíduos sólidos e/ou líquidos contendo cloreto de sódio e mercúrio, substâncias utilizadas por essa indústria química no processo de fabricação de hipoclorito de sódio, soda cáustica e resinas de PVC.
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
103
Quadro 4.14. Possíveis Relações de Causas e Efeitos (continuação)
A boa qualidade da água captada no Reservatório Guarapiranga é identificada pelos elevados valores dos índices IQA e IAP. A eutrofização desse ambiente aquático é resultado do aporte da carga poluidora gerada pela ocupação urbana existente na Margem Direita (sub-bacias dos rios Bonito e das Pedras e dos córregos São José e Tanquinho), nas sub-bacias do rio Parelheiros, córrego do Bairro Crispim (Margem Esquerda Sul), Embu-Mirim, ribeirão Itupu e córrego Guavirutuba (Margem Esquerda Norte). Além das favelas e loteamentos irregulares desprovidos de infra-estrutura sanitária, a deficiência do sistema de esgotamento sanitário produz o extravasamento dos esgotos coletados para os tributários do reservatório.
Como no Reservatório Rio Grande, o processo de autodepuração ocorrido no Reservatório Guarapiranga propicia a melhor qualidade da água no ponto da captação em relação à detectada nos braços dos tributários. A presença de algas do grupo Cianofíceas no Reservatório é principalmente devida à transferência de vazão máxima de 4 m
3/s do Braço Taquacetuba. Essas
algas, consideradas potencialmente tóxicas pela liberação de hepato e neurotoxinas, quando do rompimento de suas células, foram identificadas pela SABESP em menor número próximo à Barragem Guarapiranga, em relação ao observado nas águas do Braço do Rio Parelheiros, receptor das águas transferidas do Reservatório Billings, resultado da rotineira utilização do sulfato de cobre como algicida. O monitoramento da comunidade fitoplanctônica, realizado pela CETESB, evidenciou a presença dominante do grupo das algas Diatomáceas, responsáveis por alguns transtornos na etapa de filtração do processo de tratamento de água, como o entupimento da camada filtrante e a conseqüente redução da carreira de filtração e o maior volume de água necessário para a limpeza dessas unidades.
A péssima qualidade da água captada pelo Sistema Produtor Baixo Cotia, caracterizada pelos valores obtidos para o IAP, resulta do lançamento de esgotos domésticos e efluentes industriais no rio Cotia, advindos da ocupação urbana e do pólo industrial existente na área de drenagem desse manancial, principalmente ao longo da Rodovia Raposo Tavares. Para atendimento às exigências das portarias MS nº 1.469/00 e nº 518/04, referentes aos padrões de potabilidade, o custo desse processo de tratamento de água é o mais elevado entre os oito sistemas produtores do sistema integrado metropolitano operados pela SABESP, devido às elevadas concentrações de produtos químicos utilizados e ao rígido controle operacional exigido.
As melhores condições de qualidade da água bruta são àquelas captadas pelos sistemas produtores Alto Cotia, Cantareira, Ribeirão da Estiva, Rio Claro e Tanque Grande, conseqüência da rarefeita ocupação urbana na área de drenagem dos mananciais utilizados.
Os afluentes do rio Tietê, nos municípios de Guarulhos (Baquirivu-Guaçu) e São Paulo (Aricanduva, Juqueri, Tamanduateí e Pinheiros), são caracterizados pela má qualidade de suas águas, resultante do aporte de cargas poluidoras advindas da ocupação urbana irregular, lançamento de efluentes industriais, deficiência da infra-estrutura de afastamento dos esgotos coletados e de encaminhamento para as estações de tratamento existentes.
A Figura 4.14 apresenta a evolução da carga de fósforo gerada na bacia do
Guarapiranga para o período 2006-2021. Nesta figura são apresentados três cenários
distintos representando: a situação atual; a situação sem o Programa Guarapiranga; e a
situação com o Programa Mananciais. Todos os valores foram calculados com a
utilização do modelo MQUAL 2.0, utilizado para estabelecer a correlação entre o uso do
solo, a carga gerada, e a qualidade da água.
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
104
Figura 4.14. Evolução da Carga de Fósforo Gerada na Bacia do Guarapiranga
400
450
500
550
600
650
700
750
800
850
900
950
1000
2006 2011 2016 2021
Ano
Ca
rga
de
Fó
sfo
ro G
era
da
(kg
/dia
)
Sem Programa Guarapiranga Situação Atual Com Progama Manancias
Sem Programa Guarapiranga Situação Atual Com Projeto Mananciais
O valor da carga gerada de fósforo para o ano de 2006, considerando a população atual
e a infra-estrutura de saneamento, é de cerca de 580 kg/dia. Este valor é 27% inferior ao
valor de quase 800 kg/dia, que seria o valor esperado para os dias de hoje, caso não se
tivesse implantado o Programa Guarapiranga. Para o ano de 2021, o cenário da situação
atual projeta um valor de 725 kg/dia, 275 kg/dia inferior ao cenário de não execução do
Programa Guarapiranga, contra um valor 625 kg/dia para o cenário que considera a
implantação do Programa Mananciais.
Uma variação dos cenários apresentados nesta figura pode considerar alterações nos
padrões de operação do sistema de saneamento, e o adensamento da população em
favelas. Considerações como estas, certamente irão alterar as inclinações das curvas de
tendência, podendo afastar mais ainda as situações de implantação ou não do Programa
Guarapiranga e do Programa Mananciais.
Os investimentos na tratabilidade na ETA Alto da Boa Vista, bem como o efeito de
diluição da água do reservatório Guarapiranga com as reversões do Taquacetuba e
Capivari/Monos, contribuem para garantir sua utilização como manancial, apesar da
carga gerada hoje ser quase o dobro da preconizada quando da elaboração da Lei
Específica deste manancial. A não realização do Programa Guarapiranga levaria, com
certeza, a uma situação de comprometimento muito maior do que a observada
atualmente.
A Figura 4.15 apresenta a evolução da concentração média anual de fósforo total nos
principais tributários do reservatório Guarapiranga monitorados pela SABESP. Dos 6
tributários monitorados na margem direita, 50% excedem mensalmente a concentração
de 1 mg/L, registrando pontos de até 4,5 mg/L. Na margem esquerda dos 7 tributários
monitorados, apenas os Córregos Itupu e Guavirutuba excedem mensalmente a
concentração de 1 mg/L, registrando pontos próximos a 4,0 mg/L.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
105
Figura 4.15. Evolução das Concentrações de Fósforo Total nos Tributários do Reservatório Guarapiranga
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
mg
/L
19
91
19
94
19
97
20
00
20
03
20
06
GU220 - Córrego Guavirutuba
0,00
1,50
3,00
4,50
mg
/L
19
91
19
94
19
97
20
00
20
03
20
06
GU210 - Rio Bonito
0,00
0,06
0,12
0,18
0,24
0,30
mg
/L
19
91
19
94
19
97
20
00
20
03
20
06
GU209 - Córrego sem nome
0,00
1,50
3,00
4,50
mg
/L
19
91
19
94
19
97
20
00
20
03
20
06
GU211 - Córrego São José
0,00
1,50
3,00
4,50
mg
/L
19
91
19
94
19
97
20
00
20
03
20
06
GU212 - Córrego Tanquinho
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
mg
/L
19
91
19
94
19
97
20
00
20
03
20
06
GU213 - Rio Parelheiros
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
mg
/L
19
91
19
94
19
97
20
00
20
03
20
06
GU219 - Ribeirão Itupu
0,000,200,400,600,80
mg
/L
19
91
19
94
19
97
20
00
20
03
20
06
GU218 - Rio Embu Mirim
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
mg
/L
19
95
19
97
19
99
20
01
20
03
20
05
GU223 - Ribeirão Crispim
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
mg
/L
19
91
19
94
19
97
20
00
20
03
20
06
GU215 - Ribeirão Santa Rita
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
mg
/L
19
91
19
94
19
97
20
00
20
03
20
06
GU216 - Rio Embu Guaçu
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
106
Os tributários que apresentam maior comprometimento da qualidade da água são: Rio
Bonito, Córrego São José, Córrego Tanquinho, Ribeirão Itupu e Córrego Guavirutuba.
Observa-se que todos eles apresentam uma ligeira melhora de qualidade nos últimos
anos. Embora com concentrações menores, na ordem de 0,2 mg/L, o Rio Parelheiros é
um tributário que apresenta tendência de aumento das concentrações de fósforo.
Pode-se estabelecer uma relação entre a qualidade da água nestes cinco tributários e as
ações do Programa Guarapiranga. A utilização do modelo MQUAL permite o cômputo
das cargas afluentes nestes tributários a partir do número de habitantes, da quantidade
de esgoto coletada e exportada em cada uma destas bacias, no ano de 2000 e 2006,
com e sem as ações do Programa Guarapiranga.
O aumento da carga afluente por alguns tributários do reservatório no período 2000 a
2006, parte decorrente do aumento da população, parte decorrente das limitações de
operação do sistema de esgotamento sanitário, vem sendo compensado tanto pelo
aumento da eficiência do sistema de coleta e exportação em outros tributários, como,
aparentemente, pela diluição proporcionada pela água revertida do braço do
Taquacetuba no Reservatório Billings. Este fato é corroborado pelo monitoramento
realizado nos tributários e no reservatório. A Figura 4.16 apresenta a evolução das
concentrações de fósforo no ponto de captação, onde se pode constatar uma melhoria da
qualidade da água após o pico observado na forte estiagem de 2003 (momento mais
crítico de um período de baixas precipitações, que se iniciou em 1998/99).
Figura 4.16. Evolução das Concentrações de Fósforo Total na Captação
0,020
0,030
0,040
0,050
0,060
0,070
0,080
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Ano
Fó
sfo
ro T
ota
l (m
g/L
)
As altas taxas de crescimento da população observadas na Bacia do Guarapiranga são
outro fator que dificultou a completa recuperação da qualidade das águas do reservatório.
As Figuras 4.17 e 4.18 apresentam a evolução da população, com uma taxa de
crescimento de 4,6% aa, versus o IQA e a quantidade de produtos químicos na ETA Alto
da Boa Vista. Pode-se observar nestas figuras, que apesar da alta taxa de crescimento, o
IQUA no ponto de captação manteve-se constante, na faixa de classificação BOA da
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
107
Cetesb, e a dosagem de produtos químicos utilizada na ETA diminuiu após o pico
ocorrido no ano de 2002.
Figura 4.17. Evolução da População na Bacia do Guarapiranga e IQA no Ponto de Captação
0,65
0,7
0,75
0,8
0,85
0,9
0,95
2001 2002 2003 2004 2005
Ano
IQA
(C
apta
ção
Sab
esp)
70
71
72
73
74
75
76
77
Pop
ula
ção
(m
ilh
ões d
e h
ab
)
Pop.Guarapiranga(PIR-SABESP) IQA(Captação Sabesp)
Figura 4.18. Evolução da População na Bacia do Guarapiranga e Materiais de Tratamento na ETA Alto da Boa Vista
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Ano
Po
pu
laç
ão
(m
ilh
õe
s d
e
ha
bit
an
tes
)
0
20
40
60
80
100
120
140
Do
sa
ge
m d
e p
rod
uto
s
qu
ímic
os
(K
g/m
³)
Pop.Guarapiranga Dosagem de produtos químicos média anual (Kg/m3)
A população residente na Bacia do Guarapiranga passou de 740,0 mil no ano de 2000,
para cerca de 970,0 mil no ano de 2006. Este número é bem superior aos 770,0 mil
previstos para o cenário tendencial para o ano 2015 quando realizadas as projeções
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
108
dentro do Programa Guarapiranga. Mesmo assim as ações desenvolvidas na bacia e na
ETA Alto da Boa Vista garantiram a continuidade do fornecimento de água tratada.
As Figuras 4.19, 4.20 e 4.21 apresentam as evoluções das vazões de água bruta tratada
na ETA Alto da Boa Vista, da dosagem total de produtos químicos e da dosagem de
carvão ativado nesta estação.
Figura 4.19. Evolução das Vazões de Água Bruta Tratada (Média Anual) na ETA Alto da Boa Vista
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
16,00
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
Ano
Vazão
méd
ia (
m³/
s)
Figura 4.20. Evolução da Dosagem Total de Produtos Químicos (Média Anual) na ETA Alto da Boa Vista
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
Ano
Do
sa
gem
mé
dia
(kg
/100
0m
³)
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
109
Figura 4.21. Evolução da Dosagem de Carvão Ativado em Pó (Média Anual) na ETA Alto da Boa Vista
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
Ano
Do
sa
ge
m m
éd
ia (
kg
/10
00
m³)
A vazão média anual de água tratada nesta estação nos dois últimos anos foi de cerca de
14 m3/s, o que representa um acréscimo de 5 m3/s da vazão tratada na década de 80, e
de 3 m3/s da vazão tratada antes da realização do Programa Guarapiranga.
Pode-se notar também que a manutenção da qualidade da água distribuída à população
exigiu um aumento na dosagem total de produtos químicos na ETA a partir de 1997,
havendo um declínio após 2002. Este declínio é resultante do somatório de ações e
intervenções na bacia de drenagem, nos corpos d'água, na própria ETA e das condições
hidrometeorológicas. Um exemplo é a dosagem de carvão ativado em pó utilizada, que
teve uma melhora significativa a partir de 2003.
A Figura 4.22 apresenta a evolução do volume de água e de materiais de tratamento nas
ETAs da RMSP. Do mesmo modo que na ETA Alto da Boa Vista, a vazão tratada pelas
ETAs que cobrem a RMSP vem atendendo a demanda de água, havendo uma
diminuição no consumo de produtos químicos utilizados no tratamento e uma
estabilização nos seus custos.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
110
Figura 4.22. Evolução do Volume de Água e Materiais de Tratamento nas ETAs da RMSP
73,3
69,2
63,460,6
26,30 27,37 27,9927,81
64,864,8
66,3
63,5
0
10
20
30
40
50
60
70
80
2003 2004 2005 2006
co
ns
um
o d
e p
rod
uto
s q
uím
ico
s
62,0
62,5
63,0
63,5
64,0
64,5
65,0
65,5
66,0
66,5
va
zã
o (
m3/s
)
Consumo produtos químicos kg/1000 m3 Consumo produtos químicos R$/1000 m3 vazão m3/s
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
111
______________________________________________
5. AVALIAÇÃO AMBIENTAL DAS AÇÕES DO PROGRAMA
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
112
5. AVALIAÇÃO AMBIENTAL DAS AÇÕES DO PROGRAMA
Em estrita observância às salvaguardas ambientais do Banco Mundial (OP 4.01) e, em
especial, ao conteúdo de seus Anexos B e C (Content of an Environmental Assessment
Report for a Category a Project e Environmental Management Plan), a presente avaliação
ambiental contempla as informações pertinentes aos impactos positivos e negativos, às
medidas mitigadoras e compensatórias e ao Plano de Gestão Ambiental do conjunto de
ações do Programa Mananciais.
Esse conjunto compreende os componentes e sub-componentes listados a seguir,
aplicáveis às cinco sub-bacias do Programa Mananciais (Cotia, Guarapiranga, Billings,
Alto Tietê-Cabeceiras e Juqueri-Cantareira):
a) Instrumentos de Sustentação, Acompanhamento, Controle e Viabilização do
Programa (Gestão);
b) Estruturação e Recuperação Urbana;
c) Ações de Preservação e Recuperação Ambiental; e
d) Ações de Saneamento Ambiental, compreendendo intervenções relacionadas a
abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem e resíduos sólidos27.
As informações aqui constantes referem-se, portanto, à avaliação do conjunto de
componentes e sub-componentes do Programa, de modo abrangente, sem considerar
especificidades inerentes a cada Executor ou sub-bacia, as quais são tratadas nos
Anexos do presente documento. Uma vez que o Empréstimo junto ao Banco Mundial está
sendo efetivado de modo particularizado (com oito executores e, destes, quatro
tomadores), optou-se por apresentar as informações detalhadas de impactos, medidas
mitigadoras e Plano de Gestão Ambiental de cada Executor na forma dos citados anexos,
facilitando a avaliação dos dados e da situação de cada ente por parte do Banco Mundial.
Neste capítulo, são ressaltados os efeitos do Programa sob os enfoques regional e
supra-local. Nesta dimensão, assinale-se, são identificadas várias escalas de abordagem
e avaliação, comentando-se, primeiramente, os efeitos positivos e negativos de ordem
mais abrangente e estratégica para o desenvolvimento e sustentabilidade regional para,
em seguida, mencionarem-se – de modo mais expedito – os principais impactos sobre o
ambiente local, estes últimos mais detalhados nos Anexos de cada Executor, referente a
cada componente.
O que se põe em evidência nesta avaliação é que os efeitos são decorrentes da
integração das intervenções, partindo-se da noção de que os impactos oriundos dos
componentes de saneamento ambiental, recuperação urbana, proteção ambiental e
gestão da bacia não podem ser, simplesmente, justapostos para a obtenção de uma
análise integrada e estratégica. Não obstante, mantida a integração das intervenções,
27
O componente “ações de resíduos sólidos” foi tratado separadamente no início do processo de preparação do Projeto tendo sido incorporado, posteriormente, no conjunto de ações relacionadas a saneamento ambiental.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
113
podem ser enfocadas as sub-bacias ambientalmente mais críticas, que constituem as
áreas prioritárias para as ações do Programa.
Assim sendo, incorporou-se à presente análise o conjunto de intervenções que
desencadeiam efeitos e situações diversas, atuantes sobre o processo de proteção dos
mananciais metropolitanos e sobre o desenvolvimento regional de modo geral. É sobre
essa visão que se apóiam as recomendações, as medidas mitigadoras e
potencializadoras dos impactos, os programas e planos de monitoramento e gestão e a
tomada de decisão quanto à viabilidade e importância do Programa para a região.
A análise se inicia pelos impactos positivos e negativos identificados para a dimensão
regional. Pela importância e representatividade neste estudo, os efeitos do Programa
Mananciais sobre a qualidade ambiental e das águas são tratados de forma mais detida
num item específico, apresentado na seqüência.
O referido Quadro Síntese objetiva avaliar e comparar os principais impactos aos
indicadores-meta do Programa, quais sejam: a melhoria da qualidade de água; a
melhoria da qualidade de vida da população; e o controle/ordenamento da dinâmica de
ocupação.
5.1. Impactos do Programa sobre a Dimensão Regional
Sob uma ótica mais abrangente e estratégica, o conjunto de ações tem repercussão em
uma série de políticas, planos e programas em nível regional e metropolitano. Em
primeiro lugar, no âmbito das políticas públicas, há uma discussão em curso desde o
Programa Guarapiranga sobre a necessária existência de uma política nacional, estadual
ou metropolitana de urbanização de favelas, para o enfrentamento de situações como as
que se apresentam em muitos municípios brasileiros e, particularmente, nas bacias
produtoras de água para a RMSP.
Naturalmente, as ações do Programa Mananciais, seguidas idéias e estratégias adotadas
no Programa Guarapiranga, tendem a reforçar esse debate, fortalecendo – técnica e
institucionalmente – as bases para a elaboração de documentos e diretrizes para a
configuração e viabilidade de políticas públicas dessa natureza. Questões como o partido
técnico da urbanização de favelas e recuperação de loteamentos precários, políticas de
financiamento e investimento, sistemas de gestão em áreas de baixa renda, eficiência e
atendimento por serviços públicos, proteção especial de áreas ambiental e socialmente
sensíveis, etc., até como decorrência das ações do Programa Mananciais, comporiam a
agenda de discussões, bastante favorecidas, inclusive, pelo arranjo institucional
organizado no Programa, que facilitará a integração de informações e a articulação entre
os principais agentes intervenientes.
Dada a sua envergadura e complexidade, há que se prever impactos igualmente
positivos na (re)formulação de outras políticas públicas setoriais associadas ao
desenvolvimento e sustentabilidade das APRMs, tais como as políticas habitacionais e de
regularização fundiária, as políticas ambientais (inclusive com forte impulso à formulação
e implementação das legislações específicas de cada bacia hidrográfica, como ocorreu
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
114
no caso da legislação específica do Guarapiranga), as políticas de transportes, de
recursos hídricos, entre outras.
Nos Planos locais e regionais, igualmente, antevê-se que o conjunto de ações, de modo
geral, deve contribuir ao aperfeiçoamento dos instrumentos e sistemas locais de gestão
(aí compreendidos os Planos Diretores Municipais e demais regulamentos de
instrumentos urbanísticos e de gestão territorial motivados pelo Estatuto da Cidade, etc.),
funcionando, também, como indutor das ações e estratégias dos planos territoriais e de
recursos hídricos (PDPAs, Plano de Bacia do Alto Tietê, planos setoriais, etc.),
contribuindo para o fortalecimento dos instrumentos de gestão e, principalmente, na
integração dos sistemas de informações. Igualmente, aos programas setoriais que ainda
estão em gestação pelo poder público (ampliação das linhas de transporte ferroviário e
metroviário; programas habitacionais destinados à população de baixa renda, etc.), deve-
se incluir as demandas e resultados das ações de recuperação urbana do Programa
Mananciais, no sentido de adequar os projetos e estratégias de intervenção, conduzindo
à maior eficiência técnica e de alocação de recursos nessas iniciativas.
5.1.1. Efeitos Positivos
a) Manutenção/ Controle das Condições Operacionais dos Reservatórios
O conjunto de intervenções do Programa deverá melhorar, estima-se que de modo
substantivo, a qualidade das águas dos mananciais metropolitanos. Essa esperada
melhoria pode ter, na escala regional, um amplo reflexo sobre as políticas, planos e
programas de investimento para ampliação e melhoria no atendimento de serviços
públicos, uma vez que reorienta as estratégias de atuação das administrações locais e do
poder público estadual.
A recuperação dos mananciais evita, no curto e médio prazos, a antecipação de
investimentos públicos e, de modo especial, das concessionárias de saneamento na
busca por mananciais alternativos (mais distantes do centro de consumo), o que
certamente representaria custos bastante elevados e suficientes para impedir a
transferência de recursos e benefícios para outras melhorias urbanas e ambientais na
bacia do Alto Tietê, ou até mesmo, em todo o Estado de São Paulo (como no caso da
Sabesp).
A manutenção dos reservatórios em condições operacionalmente controladas resulta,
desta forma, em benefícios estratégicos de médio e longo prazos, propiciando que os
esforços que estão em curso (como é o caso do Projeto Tietê) e as demais ações
planejadas – também demandantes de recursos - contem com a sólida perspectiva de
sua viabilização e/ou ampliação.
b) Melhoria da Qualidade Ambiental e das Águas
O tratamento dos fatores causais, tais como a retirada das cargas afluentes aos
tributários e reservatórios (via sistemas de esgotamento, recuperação urbana, adequação
de lixões, etc.) e o aperfeiçoamento tecnológico e implantação de processos avançados
de tratamento da água bruta e tratada configuram-se em elementos importantes para
uma sensível melhoria da qualidade das águas, resultando, de um lado, na efetiva
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
115
diminuição dos gastos com a aplicação de produtos químicos, algicidas, etc. e, de outro,
na melhoria da qualidade das águas distribuídas, com efeitos diretos sobre o nível de
satisfação, conforto urbano e qualidade de vida da população abastecida pelos diversos
sistemas produtores.
A recuperação dos mananciais também propiciará outros ganhos de qualidade ambiental,
na medida em que promove a salubridade e o equilíbrio dos fenômenos naturais, mantém
a vida aquática e os processos ecológicos associados (fauna e flora aquáticas), e permite
o uso sustentável dos recursos hídricos aproveitados nas bacias a jusante do Alto Tietê.
c) Melhoria da Rede de Infra-Estrutura
Em 2000, 191 países componentes da ONU se reuniram em Nova Iorque para
estabelecer um conjunto de medidas relacionadas ao desenvolvimento global,
constituindo as chamadas “Metas do Milênio”, como forma de compromisso dos países
membros com a melhoria dos padrões sociais, econômicos e ambientais mundiais e,
sobretudo, dos países em desenvolvimento. As 8 metas, alinhadas aos preceitos da
Agenda 21 Global, Nacional e Local (no caso de São Paulo), incluem: (i) erradicação da
fome e da miséria; (ii) alcance da educação básica e de qualidade para todos; (iii)
igualdade entre sexos e valorização da mulher; (iv) redução da mortalidade infantil; (v)
melhoria da saúde das gestantes; (vi) combater a Aids, a malária e outras doenças; (vii)
sustentabilidade ambiental e melhoria da qualidade de vida; e (viii) estabelecimento de
uma parceria mundial para o desenvolvimento.
Nas questões de combate à miséria e à pobreza e da sustentabilidade ambiental, as
metas se desdobram da seguinte forma:
integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas
nacionais e reverter a perda de recursos ambientais;
reduzir pela metade, até 2015, a proporção da população sem acesso permanente e
sustentável a água potável segura;
até 2020, ter alcançado uma melhora significativa nas vidas de pelo menos 100
milhões de habitantes de bairros degradados.
Essas metas, bastante objetivas, orientam-se para a melhoria da infra-estrutura de
saneamento, o que implica a ampliação das redes de infra-estrutura dos países em
desenvolvimento e, neste caso, nas regiões densamente povoadas, como é o caso da
Região Metropolitana de São Paulo.
As melhorias, portanto, são evidentes e absolutamente direcionadas para a melhoria
global dos indicadores de saúde, meio ambiente e desenvolvimento urbano.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
116
d) Melhoria da Qualidade de Vida da População e dos Indicadores
Socioeconômicos
O processo de recuperação das áreas de mananciais, a partir de ações integradas como
ora se propõe, promove ganhos de acessibilidade aos serviços públicos locais e intra-
regionais, ampliando o atendimento e a transferência de benefícios do processo de
desenvolvimento, fortalecendo noções de cidadania e inclusão da população de baixa
renda à cidade formal, e promovendo maior integração entre a população e as
centralidades urbanas (e destas centralidades locais para as centralidades regionais),
etc.
Estes atributos diversificam e ampliam as oportunidades de inserção da população no
mercado de trabalho e na vida das cidades, promovem a requalificação urbana de áreas
antes consideradas inacessíveis ou ambientalmente comprometidas e transformam os
passivos urbanos em oportunidades de desenvolvimento local e regional, com mudanças
substantivas na qualidade de vida e nos níveis socioeconômicos.
A acessibilidade e o ordenamento territorial e urbano multiplicarão as possibilidades de
aporte de recursos e desenvolvimento nos bairros e localidades abrangidas, as quais,
seguidas as orientações e diretrizes da legislação de proteção dos mananciais e os
planos diretores locais, poderão potencializar o uso sustentável e a promoção de
atividades econômicas compatíveis com a vocação das áreas de mananciais
(propiciando, inclusive, maior agregação de valor à produção local e à gestão regional).
Essa questão é particularmente relevante no caso da integração desse esforço com os
planos, programas e políticas governamentais destinados à promoção do
desenvolvimento humano, à melhoria dos indicadores sociais e econômicos e à redução
das desigualdades sociais, de modo geral.
e) Atração de investimentos e do capital privado, elevando a competividade dessas
regiões quando comparadas a outras centralidades urbanas
Uma maior integração produtiva e de negócios, ou seja, uma crescente movimentação de
capitais na região – combinada à aplicação adequada da legislação relacionada ao uso
do solo e à qualidade da água - deve favorecer a requalificação urbana e ambiental local
e regional.
Essa condição pode motivar o fortalecimento de uma rede de serviços, comércio, etc.
intra-regional e, com efeito, - na conformidade com a nova legislação - estimular a
sustentabilidade econômica e ambiental da região, sobretudo, no caso, por uma maior
ampliação média das rendas familiares.
f) Elevação dos níveis de satisfação, bem-estar e convívio social
Um dos principais reflexos das melhorias urbanas e ambientais implementadas
corresponde ao nível de satisfação da população, expresso, em muitos casos, pela
redução dos índices de criminalidade, violência e desinteligência.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
117
No nível local, deve se tender ao uso mais efetivo dos equipamentos públicos, à maior
freqüência de atividades de lazer e recreação, à maior circulação interna aos núcleos
urbanos (essencialmente de favelas e loteamentos) e, não menos importante, aos
incentivos a reformas das habitações, instalações de pequenos comércios e, em síntese,
à maior “formalização” das atividades econômicas nessas áreas. Essas mudanças,
refletidas no nível de satisfação das comunidades diretamente beneficiadas, propagam
seus efeitos diretamente sobre as regras e os fluxos de convivência urbana, de modo que
parte da população metropolitana (particularmente na zona sul da RMSP, onde ainda se
concentram as situações sociais mais críticas), da cadeia de serviços e de apropriação
de mão-de-obra oriunda destas localidades e de serviços públicos, acolham os impactos
dessa melhoria de bem-estar coletivo.
Esse quadro tende, por conseguinte, à valorização coletiva de espaços públicos, à
criação de melhores condições para a redução do vandalismo e depreciação do
patrimônio público e, com isso, à maior integridade social, de modo compatível ao quadro
desejável de desenvolvimento sustentado regional.
g) Consolidação das estratégias de desenvolvimento sustentável regional e
proteção dos mananciais
A organização do uso do solo e a proteção ambiental nas APRMs, por meio dos
instrumentos e ações planejadas, vêm ao encontro das premissas e diretrizes
estabelecidas pelas políticas ambientais em nível nacional, estadual e regional,
destacadas a lei de proteção dos mananciais (Lei nº 9.866/97) e a legislação específica
da bacia do Guarapiranga (Lei nº 12.233/06), podendo ser combinadas com os atuais
programas e planos setoriais atualmente em desenvolvimento ou previstos para um
futuro próximo.
Isto significa, em linhas gerais, o avanço à desejada situação de sustentabilidade
econômica, social, ambiental e institucional, a partir da continuidade do fortalecimento
dos processos de decisão coletiva e descentralizada, aperfeiçoamento dos instrumentos
de apoio à gestão e orientação das ações para as melhorias ambientais e de qualidade
de vida da população.
Não obstante, esse quadro de consolidação das estratégias de sustentabilidade tende a
reforçar a necessidade de integração de esforços locais em prol de interesses comuns
metropolitanos, facilitando o diálogo entre os entes federados e, igualmente, amparando
as discussões para o fortalecimento da gestão metropolitana.
h) Fortalecimento da Atuação Inter-Institucional e dos Processos de Participação e
Controle Social
Os fluxos econômicos provocados e induzidos pela materialização de investimentos irão
exigir maior presença do Estado e maior controle social. A atuação articulada de entes da
esfera federal, estadual e municipal, seja para prover bens e serviços essenciais, seja
como promotores das normas e fiscalizadores do uso e ocupação do solo, tanto no meio
urbano como no rural, poderá criar condições básicas, indispensáveis, para um ciclo de
crescimento regional sustentável, estimulando a participação da sociedade nos foros
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
118
colegiados e, de modo geral, nas decisões que afetam a sua área de abrangência e
convívio.
Esse fenômeno tende a realçar os processos de gestão em curso (vinculados às políticas
de recursos hídricos, saneamento, etc.), fortalecendo os conselhos setoriais, a própria
participação nos sub-comitês ou Comitê de bacia hidrográfica, Agência da Bacia do Alto
Tietê, entre tantos outros.
i) Melhoria da Qualidade do Ar
Um dos principais efeitos perceptíveis da adequação dos lixões, transformando-os em
aterros sanitários, (sub-bacias Guarapiranga e BIllings) é a melhoria da qualidade do ar,
devido, principalmente, ao conjunto de medidas de redução dos passivos ambientais e às
adequações previstas.
Nos casos, serão implantadas ações que, por certo, influenciarão na qualidade do clima
local e regional, relacionadas a (i) drenagens de gases e líquidos percolados; (ii)
execução de cercamento da área, construção da portaria, portões e guaritas; (iii) poços
subterrâneos de monitoramento; (iv) adequação e implantação do sistema viário; (v)
implantação do sistema de drenagem superficial; (vi) reconformação geométrica e
revegetação; (vii) implantação das edificações de apoio e iluminação do viário; e (viii)
implantação do sistema de monitoramento ambiental e dos sistemas de drenagem.
Além disso, serão promovidas ações para o controle do acesso de catadores, o que deve
contribuir de modo pronunciado nos níveis de salubridade humana e ambiental, além de
auxiliar as famílias na busca de oportunidades dignas de geração de renda e promoção
da cidadania (por exemplo, pelo estímulo de atividades de triagem, organização,
beneficiamento e comercialização de materiais recicláveis).
j) Ampliação das Áreas Verdes, de Lazer e Recreação
A falta de opções de lazer e recreação – além da educação - tem sido apontada como um
dos fatores, do ponto de vista social, que pressionam crianças e jovens para a
criminalidade em áreas de favelas.
Apropriar-se de espaços exíguos no interior destes núcleos para a criação de
oportunidades de lazer, com isso, tornou-se um duplo desafio para os planejadores e
projetistas, de um lado, contribuindo para a mudança do perfil sócio-cultural e, de outro,
ajudando a requalificar o espaço urbano intra-favelas, evitando que áreas abandonadas,
sem iluminação ou infra-estrutura, sirvam como redutos para atividades ilegais ou usos
incompatíveis com as melhorias possíveis com os investimentos realizados e a realizar.
Essa estratégia implica um efeito direto sobre os níveis de conforto urbano geral, redução
dos índices de criminalidade e violência e melhor utilização dos equipamentos e serviços
públicos colocados à disposição da comunidade, contribuindo na replicabilidade das
soluções em outras áreas igualmente carentes. Ainda sim, sendo espaços de convívio
social usualmente associados a áreas com adequação paisagística, possibilitam a
manutenção das superfícies de permeabilidade do terreno, auxiliando, também, na
prática de ações de educação ambiental e valorização das áreas verdes ampliadas.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
119
Além das áreas de lazer, merece destaque o conjunto de ações relacionadas à ampliação
das áreas verdes nas APRMs (repovoamento vegetal, recuperação de áreas degradadas,
arborização urbana, implantação de parques lineares, etc.), o que coíbe as invasões e a
ocupação irregular – conforme realizado no âmbito do Programa Guarapiranga – e, de
modo mais abrangente, permite o aumento do índice per capita de superfície de área
verde, com reflexos diretos sobre a melhoria do microclima e, de modo indireto, sobre a
qualidade ambiental regional.
5.1.2. Efeitos Negativos
O Programa Mananciais, conforme comentado, é uma iniciativa eminentemente vinculada
à recuperação ambiental e à promoção da qualidade de vida da população residente nas
áreas de mananciais da Região Metropolitana de São Paulo, região esta bastante
degradada devido ao crescimento desorganizado e extensivo das periferias urbanas e,
consequentemente, dos processos de poluição e deterioração da qualidade das águas,
inclusive destinadas ao abastecimento público.
Portanto, trata-se – o Programa – de um conjunto de ações e medidas que visam mitigar,
atenuar ou compensar os impactos sócio-ambientais pré-existentes e, também, evitar
novas situações críticas ou negativas para a sustentabilidade destas áreas
ambientalmente sensíveis.
Na dimensão regional ou supra-local, portanto, não são identificados efeitos deletérios
significativos da implementação do Programa. O que, de fato, resta como principal
dificuldade ou impacto negativo, nesta esfera, é a expectativa que se tem atribuído ao
Programa quanto aos seus prováveis benefícios, sabendo-se, de antemão, que há uma
situação complexa a lidar, frente à qual os recursos são limitados.
Já durante a concepção e início da preparação do Programa Mananciais, desde 2003,
conheciam-se as limitações fiscais, que fixavam dificuldades de recursos de contrapartida
do estado e dos municípios. Essas limitações, de toda forma, são conhecidas de todos os
envolvidos com os investimentos públicos no Brasil.
Isto não impede que o Programa resguarde os seus objetivos precípuos. A sua própria
manutenção como prioridade e a perspectiva de acordos de empréstimo em datas
relativamente próximas indicam que, na agenda governamental, o Programa é visto como
indispensável ao tratamento de uma questão de alcance regional, de natureza estratégica
para a sustentabilidade metropolitana. Por outro lado, há a consciência clara da
complexidade do escopo do Programa – e da realidade com a qual ele deve lidar-, o que
implica outra clara noção, a de que as regiões de mananciais mais críticas, como a
Billings e o Guarapiranga, exigem investimentos permanentes e por longo período.
Por fim, como uma síntese das questões acima abordadas, apresenta-se na seqüência o
Quadro 5.01, contendo a síntese dos principais efeitos do conjunto de intervenções do
Programa Mananciais sobre a dimensão regional.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
120
Quadro 5.01. Principais Efeitos do Programa sobre a Dimensão Regional
Componentes Principais Ações
EFEITOS SOBRE A DIMENSÃO REGIONAL
IMPACTOS POSITIVOS IMPACTOS NEGATIVOS
Instrumentos de Sustentação,
Acompanhamento, Controle e
Viabilização do Programa
Instrumentalização e Operação da Gestão; Educação Ambiental, Monitoramento e Fiscalização; Planejamento, Modelagem e Controle Operacional; Capacitação e Treinamento
a) Manutenção/ Controle das Condições Operacionais dos Reservatórios b) Melhoria da Qualidade Ambiental e das Águas c) Melhoria da Rede de Infra-Estrutura d) Melhoria da Qualidade de Vida da População e dos Indicadores Socioeconômicos e) Atração de investimentos e do capital privado, elevando a competividade dessas regiões quando comparadas a outras centralidades urbanas f) Elevação dos níveis de satisfação, bem-estar e convívio social g) Consolidação das estratégias de desenvolvimento sustentável regional e proteção dos mananciais h) Fortalecimento da Atuação Inter-Institucional e dos Processos de Participação e Controle Social i) Melhoria da Qualidade do Ar j) Ampliação das Áreas Verdes, de Lazer e Recreação
a) Expectativas quanto aos resultados do Programa, frente a investimentos
Proteção Ambiental
Implantação de Parques, Proteção e Recuperação Ambiental e de Áreas Degradadas; Repovoamento Vegetal/ Arborização Urbana
Recuperação Urbana
Urbanização de Favela
Readequação Urbana de Loteamentos
Remoções e Reassentamentos
Saneamento Ambiental
Sistema de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário
Proteção e Recuperação de Mananciais e Sistemas Produtores / Processos Avançados de Tratamento de Água
Remediação e Controle Ambiental de Lixões / Gerenciamento de Resíduos Sólidos
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
121
5.1.3. Recomendações e Medidas de Caráter Estratégico
Em função dos efeitos e impactos verificados na dimensão regional, foram propostas
recomendações e medidas de caráter gerencial e estratégico com a finalidade de
subsidiar a tomada de decisões e, por decorrência, viabilizar as ações do Programa,
observando-se as diversas questões e elementos de interesse para o desenvolvimento e
a sustentabilidade ambiental das áreas de mananciais metropolitanos.
Para a melhor compreensão da relação entre os efeitos e as recomendações propostas,
estas são apresentadas no Quadro 5.02 seguinte de modo articulado aos citados
impactos sobre a dimensão regional, conforme segue.
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122
Quadro 5.02. Efeitos e Medidas Recomendadas para o Programa
IMPACTOS E RECOMENDAÇÕES GERAIS - ESTRATÉGICAS DIMENSÃO REGIONAL
EFEITOS VERIFICADOS RECOMENDAÇÕES E MEDIDAS
Aspectos Gerais
* Consolidação das estratégias de desenvolvimento sustentável regional e proteção dos mananciais
• Fortalecimento de políticas, planos e programas orientados ao desenvolvimento sustentado das APRMS • Estimulo e agilização da aprovação das legislações especificas das sub-bacias de mananciais • Reforço das políticas e estratégias regionais de desenvolvimento, atenta ao papel central da RMSP e do Estado de São Paulo na macroeconomia regional e nacional e a sua função de integração • Incentivar a regulamentação de instrumentos urbanísticos, ambientais e jurídicos para a geração de recursos e benefícios para a sustentabilidade das intervenções e melhoria contínua da situação nas APRMs (operações urbanas, parcerias público-privadas, outorga onerosa, IPTU progressivo, etc.) • Consolidação dos PDPAs e integração com os planos estratégicos nacional e regionais de desenvolvimento
Aspectos Socioeconômicos
• Melhoria da Rede de Infra-Estrutura • Melhoria da Qualidade de Vida da População e dos Indicadores Socioeconômicos • Atração de investimentos e do capital privado, elevando a competividade dessas regiões quando comparadas a outras centralidades urbanas • Elevação dos níveis de satisfação, bem-estar e convívio social
• Criação de programas e planos integrados de promoção da cidadania e valorização urbana • Estabelecer mecanismos de apoio a projetos de desenvolvimento sustentável (acesso ao crédito, tecnologias, pesquisa, etc.) • Incentivo a programas de viabilização de atividades econômicas compatíveis com a vocação das áreas de mananciais, aliadas a políticas de desenvolvimento socioeconômico local e assegurando a presença do Estado viabilização de políticas públicas e na sustentação das atividades econômicas • Estimulo à consolidação de centralidades urbanas compatíveis à vocação das APRMs, propiciando mecanismos alternativos de produção e geração de renda local e intra-regional • Implementar as políticas e estratégias apropriadas para a regularização fundiária nas APRMs • Desenvolver programas de capacitação de mão-de-obra, inclusão social e digital • Criação de mecanismos específicos de avaliação da pressão demográfica e da expansão urbana nas APRMS (vinculados aos sistemas de monitoramento e fiscalização integrada)
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123
Quadro 5.02. Efeitos e Medidas Recomendadas para o Programa (continuação)
IMPACTOS E RECOMENDAÇÕES GERAIS - ESTRATÉGICAS DIMENSÃO REGIONAL
EFEITOS VERIFICADOS RECOMENDAÇÕES E MEDIDAS
Aspectos Sócio-ambientais
• Manutenção/ Controle das Condições Operacionais dos Reservatórios • Melhoria da Qualidade Ambiental e das Águas • Melhoria da Qualidade do Ar • Ampliação das Áreas Verdes, de Lazer e Recreação
• Incremento e integração dos sistemas de monitoramento e fiscalização ambiental e de uso e ocupação do solo • Definição e implementação de estratégias diferenciadas para a proteção das comunidades tradicionais (indígenas ainda presentes nas sub-bacias das APRMs, etc.) • Realização de planos e programas de valorização dos valores socioambientais e culturais regionais • Incentivo a programas de conservação e extração sustentável e educação ambiental • Estabelecer mecanismos de controle preventivo dos efeitos previstos • Garantir a integridade das Áreas Protegidas, estabelecendo mecanismo de combate ao desflorestamento mediante: (i) compatibilização das políticas ambientais e setoriais; (ii) abertura de créditos que priorizem o uso sustentável dos recursos naturais, a segurança alimentar e geração de renda; (iii) promoção do fortalecimento institucional dos órgãos responsáveis pelo controle e fiscalização ambiental, do uso e ocupação do solo; (iv) aparelhamento dos agentes fiscalizadores estaduais, federais e municipais; (v) promoção do fortalecimento das comunidades, da organização social e qualificação profissional para a atividade econômica sustentável
Aspectos Jurídico-Institucionais
* Fortalecimento da Atuação Inter-Institucional e dos Processos de Participação e Controle Social
• Fortalecimento das formas de participação e envolvimento da população e dos diversos agentes com atuação na qualidade ambiental e na gestão urbana, amparando o processo de tomada de decisões • Articulação dos entes com atuação na área de abrangência do Programa (federal, estadual e municipal) em prol do avanço de políticas integradas para a região • Fortalecimento do sistema de gestão metropolitana e regional (foros, conselhos, Comitê de Bacia, Agência, etc.) • Definição de políticas para a manutenção e atualização dos instrumentos de apoio à gestão regional e local • Promover o fortalecimento da presença do Estado e das organizações sociais de âmbito regional na gestão das APRMs • Estimulo, por meio de programas e planos específicos, à modernização da administração pública local, com vistas à adequação do planejamento e sistemas de gestão setorial local • Organização do Estado para assistência técnica e apoio às ações de gestão local e regional
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
124
6. ALTERNATIVAS PARA O ENFRENTAMENTO DO QUADRO CRÍTICO E DOS
RISCOS RELACIONADOS À OFERTA DE ÁGUA NA RMSP
Face ao que foi exposto, em termos do cenário atual de ocupação urbana e das
tendências identificadas no processo de expansão metropolitana, dos balanços que
caracterizam as disponibilidades hídricas existentes e as demandas projetadas para o
abastecimento de água potável à população da RMSP e, também, dos impactos sobre a
qualidade das águas derivados de deficiências e problemas operacionais dos sistemas
de coleta e tratamento de esgotos, particularmente nas sub-bacias de mananciais, torna-
se evidente a criticidade dessa questão e, por conseqüência, a importância estratégica
que reveste os objetivos do Programa Mananciais.
Sob a perspectiva de uma avaliação ambiental mais abrangente, cumpre, então, verificar
a consistência da solução traçada – o Programa Mananciais –, posta frente a outras
possibilidades que serão analisadas na seqüência, a saber:
(i) primeiramente, considerados os riscos aos quais os atuais mananciais estão
sujeitos, a possibilidade de exploração de águas subterrâneas, por meio da
captação em poços e aqüíferos da RMSP;
(ii) como segunda alternativa, a exploração de disponibilidades hídricas em bacias
mais distantes, que não estejam sujeitas à ocupação pelo processo de expansão
metropolitana;
(iii) em terceiro lugar, a viabilidade de promover a remoção de grande parte da
população instalada em sub-bacias de mananciais, atuando no sentido de
restringir o processo de expansão metropolitana sobre estas áreas;
(iv) como quarta alternativa incluem-se ações diretas em rios e córregos afluentes
a reservatórios de mananciais e a adoção de tecnologias mais sofisticadas
para o tratamento das águas que serão distribuídas à população, mesmo
quando provenientes de mananciais impactados pela ocupação urbana; e, por fim,
(v) e, por fim, a opção proposta pelo Programa Mananciais, verificando
antecedentes e evidências sobre a sua factibilidade e possíveis resultados,
notadamente com base em lições e aprendizados advindos do Programa
Guarapiranga, de vertente similar.
6.1. Exploração de Águas Subterrâneas
Os mananciais subterrâneos contribuem para o suprimento complementar de água para a
RMSP, por indústrias, condomínios e empreendimentos isolados, que utilizam esses
aqüíferos28 como fonte principal ou alternativa para o atendimento das suas
28
Segundo o PDAA, não existem estudos atualizados sobre a potencialidade de exploração dos aqüíferos na RMSP. O único trabalho de abrangência regional foi desenvolvido pelo DAEE em 1975. Posteriormente, o SABESP-CEPAS (1994) estudou os aqüíferos da RMSP, realizando apenas a caracterização do usuário e da geologia. Com esta definição das unidades litoestratigráficas (Riccomini et al. 1992), São Paulo (2000) e Hirata & Ferreira (2001) estabeleceram novos aqüíferos para a Bacia do Alto Tietê – BAT, com base nas capacidades específicas de um grupo selecionado de poços tubulares. Estudos de abrangência local dos aqüíferos na RMSP estão em Pacheco (1984), Parisot (1983), SABESP-A.A. Noronha Serviços de Engenharia S/A (1986), Consórcio HIDROPLAN (1995), Bertolo (1996), Iritani (1993), Menegasse-Velazquez (1996).
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
125
necessidades diárias de água. Julga-se que aproximadamente 7,8 m³/s sejam extraídos
dos sistemas aqüíferos da Bacia do Alto Tietê, por meio de 6 a 7 mil poços tubulares em
funcionamento, num universo de 9 a 10 mil poços perfurados29. Há um incremento na
construção de novas captações na razão de 450 poços por ano, tendo como
conseqüência o aumento dos volumes extraídos.
Os recursos subterrâneos na RMSP relacionam-se, basicamente, a duas unidades
aqüíferas conhecidas: o Sistema Aqüífero Cristalino – SAC e o Sistema Aqüífero
Sedimentar – SAS, cujas características e capacidades podem ser observadas no
Quadro 6.01.
Quadro 6.01. Potencial Hídrico Subterrâneo da Bacia do Alto Tietê (Hirata &
Ferreira, 2001)
Sistema Aqüífero
Aqüífero Proposto Poços
Estudados Profundidade Média (m)
Vazão Média (m³/h)
Capacidade Específica (Q/s m³/h/m)
Média Mediana Desvio Padrão
Sedimentar
São Paulo (Osp) 17 129,0 9,51 0,48 0,49 1,20
Resende (Orl, Orf) 111 165,5 15,24 0,91 0,31 0,79
Cristalino
Rochas Graitóides (Pєf, Pєg, Pєgo, Pєgn)
90 198,5 9,07 0,20 0,09 0,30
Rochas Metamórficas (Pєa, Pєq, Pєx)
73 176,4 17,48 1,35 0,29 4,63
Obs: Osp = predominantemente camadas de areia e cascalho; Orl = predominância de lamitos arenosos a argilosos, com seixos e fragmentos de quartzo; Orf = predominância de lamitos seixosos com lamitos arenosos subordinados; Pєf = predominância de filitos ocorrendo subordinadamente xistos; Pєg = rochas granitóides predominantemente maciças de granulação variada; Pєgo = rochas granitóides orientadas e/ou foliadas, de granulação variada, incluindo porções gnáissicas, migmatíticas e blastomiloníticas associadas; Pєgn = rochas granitóides predominantemente gnáissicas incluindo porções locais de rochas granitóides orientadas, xistos feldspatizados e milonitos subordinados; Pєa = anfibolitos; Pєq = predominância de quartzos, com ocorrências subordinadas de metassilititos e xistos; e Pєx = predominância de micaxistos, com quartizitos e metassilititos subordinados, localmente feldspatizados.
Os poços tubulares na RMSP possuem pequenas vazões individuais, mesmo em obras
bem construídas e localizadas. As vazões médias são de 10 a 15 m³/h (3 a 4 L/s),
excepcionalmente 20 m³/h (5 L/s), dependendo da formação aqüífera. Devido às
variações nas características hidráulicas dos aqüíferos, a construção de novos poços
exige estudos específicos para determinação de suas vazões. As águas subterrâneas
são uma alternativa pouco onerosa, pois aliam a facilidade de captações de baixa
manutenção, com águas de boa qualidade natural que não necessitam de tratamento.
Uma exploração sustentável do aqüífero é limitada por dois fatores: as vazões extraídas
que não podem ultrapassar a recarga ou uma fração da recarga e a densidade dos
poços, que deve garantir uma interferência sem grandes descensos no nível de água.
Estimativas preliminares indicam potencialidades de vazões exploráveis superiores a 32
m³/s (1.016,85 Mm³/a), considerando 50% da recarga total para a Bacia do Alto Tietê.
Uma avaliação em cada uma das sub-bacias mostrou que em todas possuem
disponibilidade hídrica para futuras explorações, particularmente em Cabeceiras, Cotia-
Guarapiranga e Billings-Tamanduateí.
29
Os 3 mil poços sem uso podem causar a contaminação do lençol freático, caso não tenham sido adequadamente vedados após sua operação.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
126
A grande motivação da busca dos recursos subterrâneos está no preço da água cobrado
pelas concessionárias. O custo da perfuração de um poço tubular de 150 m de
profundidade no aqüífero cristalino pode ser amortizado em 6 a 7 meses (vazões de 5
m³/h, em regime de 18 h). Essas questões elevam as tendências de exploração dos
mananciais subterrâneos, mesmo sem uma demanda pré-estabelecida para uso desses
recursos.
Parte dos municípios operados pela SABESP utiliza total ou parcialmente água
subterrânea para o abastecimento público, entre eles Mairiporã (Sede e Terra Preta),
Cajamar (Sede, Polvilho, Jordanésia e Capital Ville), Santana do Parnaíba (Sede,
Fazendinha, Parque 120, São Pedro, Bairro Germano), Pirapora do Bom Jesus (Vila
Nova; Green Hill, Paiol, Morro Branco, Cristal Park), Vargem Grande Paulista; Biritiba
Mirim (Hiroy), Salesópolis (Vila dos Remédios e Vila Bragança) e Embu-Guaçu (Cipó e
Colônia). A potencialidade aqüífera nessas localidades, assim como na maioria dos
poços da RMSP, está associada às condições atuais e futuras de exploração (densidade
de poços), de recarga local do aqüífero e de produtividade individual do poço. O PDAA,
ao analisar o uso atual e futuro do recurso hídrico subterrâneo, apontou que nos
municípios de Biritiba Mirim e Salesópolis, a exploração das águas subterrâneas é ainda
reduzida, podendo esta ser incentivada. Na região Oeste, em contrapartida, estão as
maiores tendências de incremento na exploração, particularmente em Santana do
Parnaíba e Pirapora do Bom Jesus. Os municípios de Cajamar, Santana do Parnaíba,
Pirapora do Bom Jesus (Green Hill e Paiol) e Embu-Guaçu (Colônia) são os mais
produtivos, com uma vazão média por poço superior a 36 m³/h.
A qualidade das águas subterrâneas na RMSP é boa, com baixa salinidade, condizentes
com o tipo de rocha e a sua rápida circulação. Apenas nos sistemas sedimentares, há
problemas de águas com conteúdo elevado de ferro e manganês e, mais restritamente,
enxofre. As águas são medianamente a pouco agressivas às tubulações e filtros,
demandando baixa manutenção dos equipamentos de bombeamento e revisões dos
filtros e da integridade do poço. Embora não exista levantamento sistemático da
deterioração da qualidade das águas subterrâneas pela contaminação antrópica na
RMSP, sabe-se que os sistemas aqüíferos, como um todo, podem ser considerados
bons. Os relatos de contaminação de aqüífero, são pontuais e restritos às proximidades
da fonte poluente, atingindo a parte superior do aqüífero.
Entre as principais restrições para a adoção dessa alternativa estão o custo de
implantação e operação dos sistemas (principalmente energia elétrica) e o modus
operandi de exploração dos aqüíferos, tendo em vista, exatamente, que a exploração
sustentável depende, em larga medida, dos aspectos associados à recarga e à
densidade ou proximidade dos poços de exploração. Extrações que excedem a vazão de
recarga farão com que as águas sejam retiradas do armazenamento (reservas
permanentes), que, como reservas estáticas, são limitadas no longo prazo. Além disso, a
exploração do volume integral de recarga pode causar impactos nos cursos de água
superficiais, limitando seus fluxos de base, após prolongados períodos, mesmo que se
considere a existência de mecanismos de aumento da própria recarga. Existem grandes
dificuldades em estabelecer qual seria uma vazão segura (safe yield) de um aqüífero
(Custodio 2002), devido às incertezas associadas a estimativas de recarga e das
características do aqüífero, ou ainda, a quantificação dos problemas que a exploração
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
127
indesejada do aqüífero pode trazer. Quando vários poços próximos exploram o mesmo
aqüífero, seus rebaixamentos são somados e a resultante pode levar à exaustão do
aqüífero ou a sérios incrementos nos custos de obtenção da água subterrânea,
associados ao aprofundamento de poços, mudança nos equipamentos de bombeamento
e aumento no consumo de energia, etc.
A análise da interferência entre poços mostrou, entretanto, maiores limitações. Áreas com
densidade de 16 poços/km2, com vazões iguais ou superiores a 171 m³/dia/poço
(9,5 m³/h), em um sistema limitado de aporte lateral de água, pode criar rebaixamentos
médios superiores a sua espessura saturada de 139 m. O mesmo impacto é observado
para uma densidade menor de 9 poços/km2, com vazões de 412 m³/dia/poço (22,9 m³/h).
No caso da existência de um aporte lateral, que se traduz na não utilização do aqüífero
nas zonas contíguas à zona de exploração, haveria a possibilidade de maiores
densidades. No caso de 16 poços/km2, explorando a 412 m³/dia/poço (22,9 m³/h), os
rebaixamentos médios seriam de 46 m. Já, com a mesma vazão, mas com uma
densidade de 25 poços/km2, os rebaixamentos calculados seriam de 80 m. A limitação
que a densidade de poços impõe à exploração está associada à não existência de poços
na zona contígua a que se está analisando. Isto quer dizer que, mesmo havendo uma
grande densidade de poços, isto poderá ser suportado, desde que as zonas próximas
possam ceder água através de fluxos horizontais. Caso contrário, se estas zonas também
estiverem sob exploração, haverá limitações e grandes descensos no nível do aqüífero.
Assim sendo, existindo um disciplinamento nas perfurações de poços na RMSP haverá
possibilidade de extrações significativas de água do aqüífero, inclusive reduzindo as
pressões hoje existentes na demanda pública de água. Entretanto, caso a interferência
em áreas localizadas se acentue, haverá o abandono de poços, causado pelo aumento
dos custos de obtenção de água e, sobretudo, pela impossibilidade de extração, devido à
reduzida espessura saturada do aqüífero. Isto redundará na migração do usuário da água
subterrânea para a rede pública, aumentando a demanda de água, que hoje se aproxima
do limite em algumas áreas. A exploração sem controle dos aqüíferos pode, ainda,
ocasionar problemas pela indução de águas contaminadas de porções mais superficiais
para os níveis mais profundos e mais protegidos dos aqüíferos. Por fim, e não menos
importante, uma das principais restrições para o uso extensivo dos mananciais
subterrâneos é a complexidade de operação de um grande número de poços com baixas
vazões, cujo manejo ou controle centralizado pode ser difícil e oneroso em uma área
extensa e diversificada como a RMSP. Uma das alternativas assinaladas pelo PDAA, a
ser considerada, é o incentivo do uso privado da água subterrânea em áreas não
densamente exploradas, além de campanhas esclarecendo as potencialidades e
limitações como forma de aumentar, de maneira racional, o uso da água subterrânea.
6.2. Disponibilidades Hídricas em Bacias mais Distantes
Segundo o PDAA da RMSP, o atendimento das demandas hídricas para os próximos
vinte anos não tem condição de ser simplesmente equacionado com a otimização
operacional dos sistemas produtores ou com melhorias tecnológicas nos processos de
tratamento de água, muito embora estes propiciem ganhos importantes para o aumento
dos volumes de água disponíveis.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
128
O PDAA também observa que, dos sistemas produtores existentes e projetados,
conforme Quadro 6.01, as demandas são atendidas somente caso entrem em operação
novos sistemas de reservação e produção, como os reservatórios Biritiba e Paraitinga
(mais ampliação da ETA Taiaçupeba), o rio Pequeno (contribuinte do rio Grande) e o
sistema Juquiá-Juquitiba.
Como possibilidades mais remotas, foram igualmente estudados os aproveitamentos das
bacias circunvizinhas à do Alto Tietê, tais como o Alto Juquiá, rio São Lourenço, Paraíba
do Sul, Médio Tietê e Ribeira do Iguape, todos com perspectivas menos favoráveis de
utilização, dadas as dificuldades para obtenção de outorgas de direitos de uso ou os
elevados custos financeiros para implementação e operação dos sistemas.
Quadro 6.02. Disponibilidade dos Sistemas Produtores (m3/s) e Projeções de
Incremento, segundo o Plano Diretor de Água da RMSP
Sistemas Produtores Disponibilidade Hídrica (m
3/s)
Atual 2005 2010 2015 2020
Sistemas Existentes
Cantareira 31,3
Guarapiranga/Billings 14,31 4,0
2
Alto Tietê 9,73
Rio Grande 4,84
Rio Claro 4,0
Alto Cotia 1,15
Baixo Cotia 0,86
Ribeirão da Estiva 0,1
Sub-total Existentes 66,1 4,0
Sistemas Projetados
Alto Tietê (Paraitinga-Biritiba-Taiaçupeba - Otimização 5,97
Braço Rio Pequeno-Ligação Braço R.Grande 2,2
Juquiá em Juquitiba - Bomb./ Sta.Rita 4,7
Itapanhaú - Bomb. / Biritiba 2,8
Itatinga - Bomb. / Jundiaí 2,1
Capivari-Monos - Bomb. / Guarapiranga 2,1
São Lourenço - Bomb. / Sta.Rita 30
Paraíba do Sul - Bomb. Paraibuna / Pte.Nova 15
Paraíba do Sul - Bomb.Jaguarí / Atibainha 30
Médio Tietê - Bomb. Barra Bonita / S.Paulo 30
Ribeira do Iguape / S.Paulo (Isoterma) 40
Sub-total Projetados 8,1 4,7 2,8 2,1
Total Geral (Acumulado) 66,1 78,2 80,6 83,4 85,58
FONTE: PDAA – Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da RMSP. Encibra/Hidroconsult – (Relatório Parcial 03 – Estudo dos Sistemas Produtores: Mananciais: Maio 2003).
OBS.: 1: Guarapiranga + Capivari + Taquacetuba (2 m³/s); 2 Ampliação da reversão do Taquacetuba; 3 Vazão atual de recalque da EE de Biritiba de 6,2 m
3/s; 4 0,6m³/s ainda não outorgados; 5 Vazão regularizada na seção da represa da
Graça (represa Pedro Beicht + área intermediária); 6 Garantia de 95% (0,6 m3/s com garantia de 100%); 7 Incremento dos
reservatórios Biritiba e Paraitinga acrescidos da otimização operacional e enchimento do Taiaçupeba; 8 Não considera, no resultado final acumulado, os incrementos de vazão dos sistemas Capivari-Monos, São Lourencinho, Paraíba do Sul, Médio Tietê e Ribeira do Iguape
Assim, as quatro primeiras alternativas que serão apresentadas, inserem-se dentre
aquelas como viabilidade em horizontes mais próximos, em princípio, dando conta da
expansão da demanda decorrente do crescimento vegetativo da população
metropolitana. Fato relevante é a constatação de que a Grande São Paulo não conta com
alternativas viáveis frente à possível perda de um manancial estratégico, como se coloca,
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
129
hoje, o do Guarapiranga, constatação esta que reforça a importância de cuidados
adicionais com este reservatório.
- Sistema Alto Tietê
Este sistema fornece cerca de 9,7 m³/s para a RMSP e contempla os aproveitamentos de
Ponte Nova, Jundiaí e Taiaçupeba (já implantados), Biritiba e Paraitinga, além da
Estação de Bombeamento Tietê-Biritiba.
O reservatório Taiaçupeba, apesar de ter as obras de barramento concluídas, opera com
o seu reservatório apenas parcialmente preenchido, devido a problemas de
desapropriação com a indústria de papel Manikraft, localizada na área de inundação do
reservatório. Apesar do litígio estar praticamente resolvido, resta ainda o reassentamento
de cerca de oitocentas famílias, que invadiram a área de inundação e adjacentes e têm
contribuído para o aumento da carga poluidora do reservatório.
A configuração do Sistema, inclusive de sua ETA, não considera o efeito de regularização
de vazões do reservatório de Paraitinga e da transferência das águas do reservatório de
Biritiba para o de Jundiaí. Assim sendo, a capacidade atual da EE Biritiba não permite
efetuar o recalque otimizado das disponibilidades hídricas afluentes à mesma, uma vez
que a capacidade foi projetada para a configuração final do Sistema. Essas
disponibilidades hídricas são constituídas atualmente, das vazões regularizadas efluentes
de Ponte Nova, bem como, das não regularizadas da área de drenagem intermediária do
rio Tietê entre Ponte Nova e foz do rio Biritiba. Toda a ampliação do Sistema até a vazão
de 15 m3/seg. consta de uma proposta de PPP – Parceria Público-Privada, considerada
prioritária pela Sabesp para breve lançamento.
- Braços da Represa Billings
Outra alternativa de sistema produtor refere-se ao aproveitamento de segmentos da
Represa Billings, correspondentes aos braços Pedra Branca, Capivari e Pequeno. O
braço do Pequeno (cujo projeto foi contratado pela SABESP) possui uma área de
drenagem de 48,8 km2, prevendo-se a transferência de 2,2 m3/s para o braço do rio
Grande, a fim de reforçar este Sistema Produtor.
- Aproveitamento do Juquitiba
Este aproveitamento corresponde à transposição da bacia do rio Juquiá para a bacia do
Alto Tietê, que possui pleno aproveitamento de seus recursos hídricos pela Companhia
Brasileira de Alumínio – CBA30, que detém concessão de exploração de energia
hidrelétrica, por meio de uma cascata de usinas implantadas a jusante do local de
aproveitamento pretendido. No entanto, o Decreto Presidencial de 1996 assegura, no seu
artigo 5º, “o direito de derivação das águas do Alto Juquiá, com reversão de até 4,7 m³/s,
para abastecimento público da RMSP”. Assim sendo, o HIDROPLAN propôs o
aproveitamento com transposição de águas da bacia do rio Juquiá para a bacia do
Guarapiranga, por intermédio de uma captação a fio d'água situada nas proximidades da
30
Segundo o PDAA, a concessão da CBA foi conferida por meio do Decreto Federal n° 30.617/52, para exploração de energia, renovada por Decreto Presidencial em 27/06/96.
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130
localidade de Juquitiba (área de drenagem de 508 km2), pouco a jusante da foz do rio
São Lourenço; um primeiro trecho de linha adutora ao longo da rodovia Régis Bittencourt
(BR-116) com extensão de 11 km; um segundo trecho em direção à localidade de bairro
Jacuba, com extensão de 6 km; e um trecho final em túnel, que transpõe o divisor de
águas Juquiá-Guarapiranga e desemboca no vale do rio Santa Rita, com extensão de 7
km.
- Sistema Itatinga-Itapanhaú
Estes aproveitamentos, que não são prioritários, mas uma alternativa primeira, stand-by,
aos anteriores, consistem em duas transposições das bacias dos rios Itapanhaú e Itatinga
para a bacia do Alto Tietê, com a transferência das águas do reservatório de Itapanhaú
(área de drenagem de 84 km2) para o de Itatinga (área de drenagem de 88 km2), e daí
para o reservatório de Jundiaí, já na bacia do Alto Tietê, via estação de recalque. As
barragens dos reservatórios resultariam numa área de inundação total de 20,4 km2, ou
seja, cerca de 12% da área de drenagem total das bacias contribuintes aos citados
reservatórios.
Os rios Itatinga e Itapanhaú, apesar de possuírem altas vazões específicas médias por
unidade de área (77 L/s/km² e 43 L/s/km², respectivamente), apresentam uma grande
variação entre as vazões mínimas e máximas. Assim sendo, devem ser estabelecidos
volumes de regularização de vazões nestes locais, para a diminuição das capacidades
das estações elevatórias a serem utilizadas nas respectivas transposições para a bacia
do Alto Tietê, garantindo a eficiência da operação. Sem essa reservação, seria
necessário trabalhar com estações elevatórias de grande capacidade que ficariam
ociosas na maior parte do tempo. Nesse sentido, nas alternativas cotejadas no Quadro
6.01, está estudada a transferência das vazões do Itapanhaú para o reservatório Biritiba
(2,8 m3/s), e do Itatinga para o Jundiaí (2,1 m3/s), totalizando 4,9 m3/s de incrementos
previstos.
Na seqüência, as alternativas que serão analisadas constituem possibilidades mais
remotas, fora das perspectivas de horizontes próximos, em função mesmo das projeções
populacionais e de demandas efetuadas no estudo da Sabesp. Elas, no entanto, são útes
para esclarecer a dificuldade técnica e econômica de substitutição de mananciais
metropolitanos ora em operação, como a própria Guarapiranga.
- Sistema Capivari-Monos
Para essa alternativa, já existe uma reversão de 1 m3/s em operação, para a área de
drenagem da bacia do Guarapiranga, fato que confere antecedente para uma ampliação,
considerando as mesmas condições de atendimento do Artigo 10, da Lei nº 9.034, de
27/12/94. Esta captação envolve uma área de drenagem de cerca de 37 km2 e é efetuada
numa pequena barragem de elevação de nível d’água. Há duas variantes de
aproveitamento das disponibilidades hídricas da bacia do Capivari-Monos, quais sejam:
duas barragens, a do Médio (área de drenagem de 94 km2) e a do Alto Capivari (área
de drenagem de 37km2), sendo que este último forma o reservatório regularizador do
Sistema; uma elevatória (Alto Capivari), que transfere as águas do reservatório do
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
131
Médio para o do Alto Capivari; uma barragem no rio Embura (afluente do rio Capivari);
e o canal do ribeirão Vermelho, que conduz as águas para o rio Embu-Guaçu, e daí
para ao reservatório Guarapiranga. O reservatório do Alto Capivari inundaria a atual
captação da SABESP no rio Capivari; e,
as águas seriam captadas num pequeno reservatório de compensação mensal a ser
formado logo a jusante da foz do ribeirão dos Campos, afluente do rio Capivari pela
margem esquerda, e conduzidas por recalque até o reservatório existente na atual
captação da SABESP. O pequeno barramento formador desse último reservatório
deverá ser remodelado e alteado, para conseguir uma elevação maior do nível d’água
e possibilitar a transposição das águas do Capivari por gravidade para a bacia do
Guarapiranga, seguindo o mesmo caminho delineado na variante anterior.
Vale ressaltar que o rio Capivari faz parte da bacia do rio Branco, eleito como principal
manancial abastecedor dos municípios de Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá, Praia Grande e
São Vicente.
- Bacia do Rio Paraíba do Sul
A transposição de bacia, quando envolve mais de um Estado da Federação, representa
um impasse de difícil solução, caso desta bacia, com área total de 56.500 km2, que drena
os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, além de ser de grande
importância no aproveitamento hidroenergéticos e no abastecimento da Região
Metropolitana do Rio de Janeiro e de outras cidades do Estado. Os sistemas de gestão,
Federal e dos Estados, apresentam diferenças no ritmo de implementação, dificultando o
processo. Para a sintonização destes sistemas, foi assinado em março de 2002 o
Convênio de Integração entre a Agência Nacional de Águas – ANA, os Estados
envolvidos e o Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul –
CEIVAP, para a gestão integrada dos recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio
Paraíba do Sul. Este convênio visa a gestão integrada dos recursos hídricos
“independentemente de sua dominialidade, mediante a integração técnica e institucional
para a implantação e operacionalização dos instrumentos de gestão de recursos hídricos,
efetivando a bacia hidrográfica como unidade de planejamento e gestão”.
Pelos atos jurídicos em vigor, a operação dos reservatórios de Paraibuna/Paraitinga,
Santa Branca, Jaguari e Funil deve manter uma vazão afluente a Santa Cecília de 250
m³/s. Os estudos realizados mostram que sem a construção da barragem de Buquira não
seria possível garantir a vazão de 250 m³/s em Santa Cecília, mas somente 240 m³/s e,
no âmbito da situação atual, não há saldo hídrico disponível na bacia do Paraíba do Sul
para uma eventual transposição para a RMSP. Assim sendo, não se vislumbra,
atualmente, que uma solicitação de outorga para essa transposição possa ter uma
resposta, a médio prazo, face aos interesses conflitantes pelo uso da água na bacia e da
complexidade institucional ali instalada.
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
132
- Bacia do Rio Sorocaba
Na região de Sorocaba verifica-se uma tendência de crescimento populacional, tornando
uma eventual transposição um assunto crítico. O rio Sorocaba, afluente do rio Tietê, faz
parte da bacia do Médio Tietê. A partir da represa de Itupararanga, o rio Sorocaba
percorre 227 km e recebe a contribuição de diversos afluentes. No município de
Votorantim, as águas do rio Sorocaba são represadas na forma do reservatório de
Itupararanga, importante manancial da região, banhando terras de outros municípios. A
represa de Itupararanga, localizada no alto curso do rio Sorocaba, foi construída pela
antiga LIGHT para gerar energia elétrica (1912). Uma derivação para a RMSP,
constituindo uma transposição de bacia hidrográfica, é uma solução julgada, pela
legislação ambiental e de águas, como extrema, passível de estudos aprofundados sobre
os efeitos na bacia de origem.
Segundo o Relatório de Situação dos Recursos Hídricos do CBH-SMT, este reservatório
é responsável por cerca de 63% do abastecimento público da bacia, sendo o principal
manancial abastecedor da cidade de Sorocaba (cerca de 500.000 habitantes), que possui
outorga federal para derivar uma vazão de 1,95 m³/s. Além disso, há um acordo entre a
CBA, DAEE e CETESB para que seja descarregada uma vazão mínima de 6,0 m³/s para
a manutenção das condições sanitárias do trecho do rio Sorocaba a jusante, evitando
mortandades de peixes verificadas em meados da década de 1990. A soma destas
vazões compromete quase que 90% da vazão regularizada do reservatório de
Itupararanga, sem contar que as águas de sua bacia de contribuição são aproveitadas
para irrigação. Segundo notícias veiculadas no jornal da ONG SOS Itupararanga, essa
irrigação consome uma vazão de 1,5 m³/s. Frente a esse panorama, a utilização das
águas do trecho alto da bacia do rio Sorocaba para o abastecimento da RMSP torna-se
bastante complexa.
- Sistema Cantareira (ampliação)
O Sistema Cantareira, que compreende os municípios de Mairiporã, Atibaia, Nazaré
Paulista, Piracaia, Joanópolis, Vargem e Bragança Paulista, desvia 31 m³/s da bacia dos
rios Piracicaba e Juqueri, para o Alto Tietê, autorizado por dez anos pelo DAEE mediante
a aprovação da Portaria DAEE nº 1213, de 06 de agosto de 2004, a qual dispõe sobre a
outorga à SABESP a concessão das vazões máximas médias mensais e autorização
administrativa, para fins de abastecimento público, do Sistema Cantareira, apoiando-se
nas Resoluções Conjuntas ANA/DAEE nº 428 e 429/0431, com a finalidade de abastecer
a RMSP. Essa derivação causa uma situação permanente de escassez na bacia do rio
Piracicaba, considerada modelo de gestão pela situação crítica de seus recursos
hídricos, pelo Decreto nº 28.489/88. Como a densidade demográfica da região tende a
crescer, a possibilidade de aumento da vazão outorgada, para o Sistema Cantareira,
coloca-se próxima da inviabilidade.
31
A renovação da outorga para captação da Bacia do Piracicaba apóia-se na Resolução Conjunta ANA/DAEE 428 de 04 de agosto de 2004, que “dispõe sobre as condições de operação dos reservatórios Jaguari-Jacareí, Cachoeira e Atibainha, localizados na Bacia do Rio Piracicaba, pertencentes ao Sistema Cantareira” e na Resolução n
o 429, de 04 de agosto de
2004, que “delega competência e define os critérios e procedimentos para a outorga do direito de uso de recursos hídricos de domínio da União no âmbito das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí”.
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
133
- Bacia do Rio São Lourenço
Esta bacia está inserida na UGRHI do Ribeira de Iguape e no Litoral Sul, onde o balanço
hídrico identifica uma larga margem de saldos para uso consuntivo. Sua utilização
dependeria de um conjunto de obras para propiciar o bombeamento das águas para
alturas geométricas superiores a 600 m e captação em bacia vizinha no mesmo Estado.
O estudo elaborado em 1980, pelo DAEE, visava ao aproveitamento dos recursos
hídricos da bacia do rio Juquiá, incluindo seu principal afluente o rio São Lourenço (do
sul), cuja foz se situa logo a montante da cidade de Juquiá, mediante um sistema de
barramentos, canais e estações elevatórias ao longo do rio (sem interferir, portanto, com
as usinas da CBA) até o sopé da serra. A transposição das águas para as cabeceiras do
rio Juquiá (reservatório de Rosas) seria por intermédio de uma usina reversível de 552 m
de queda bruta, após a qual seriam revertidas para o reservatório de Guarapiranga por
outro sistema de barramentos, canais e estações de recalque. Com a primeira etapa,
seriam derivados até 69 m³/s, com possibilidade de implantação em sub-etapas. O PDAA
contempla apenas os recursos hídricos da bacia do rio São Lourenço, com a
transferência de até 30 m³/s para a RMSP32, com desenvolvimento em sub-etapas.
Por fim, cabe o registro de alternativas pontuais, muitas delas viáveis, contudo, sem
potencial de equacionamento das demandas globais para expansão das disponibilidades
hídricas em favor da RMSP.
- Pequenos Mananciais e Sistemas Isolados
Consiste em pequenas tomadas em cursos d’água na RMSP (tais como Guaió, Juqueri,
Cabuçu e Engordador) além de poços que podem servir aos sistemas isolados da região. O Baixo Juqueri teria capacidade nominal de 1.252 L/s, correspondendo à demanda
máxima diária dos municípios de Caieiras, Franco da Rocha e Francisco Morato no ano
de 202033.
Outro pequeno manancial cogitado é o do rio Cabuçu de Cima (Sistema Produtor
Cabuçu), mediante a restauração da antiga barragem do Cabuçu, podendo-se contar
com uma vazão de cerca de 300 L/s. O SAEE de Guarulhos, que pretende explorar o
aproveitamento para atender a demanda de água das regiões do Cabuçu e do Parque
Continental, elaborou em agosto de 1999 o Relatório Ambiental Preliminar do Sistema
Produtor Cabuçu. Os demais sistemas – Barrocada e Engordador – representam uma
vazão regularizada potencialmente aproveitável de 120 L/s em cada sistema.
32
Nesta alternativa consta uma usina reversível que faria a transferência das águas da bacia do São Lourenço para as cabeceiras do Juquiá (no Planalto) com potência instalada de 1.890 MW, contra os 3.780 MW do Plano do DAEE. Também seriam realizadas modificações no conjunto de obras nas cabeceiras do Juquiá, com a eliminação do reservatório de Rosas e nova concepção das obras de transferência das águas para a bacia do Guarapiranga. 33
O Baixo Juqueri, entrando em operação com 1,2 m3/s retiraria do Paiva Castro, uma vazão média de igual proporção.
Por isto, a SABESP estudou a possibilidade de acrescentar uma vazão adicional, proveniente dos córregos Itaim e Moenda, minimizando a contribuição do Paiva Castro, preservando as vazões do Sistema Cantareira.
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
134
- Restrições às Alternativas de Novos Mananciais
Embora as alternativas mencionadas apresentem viabilidade de implantação, mesmo que
em diversas magnitudes, estão sujeitas a uma série de restrições operacionais e
econômico-financeiras. Numa projeção dos custos de implantação e operação desses
sistemas (Quadro 6.02), observa-se que seriam necessários cerca de R$ 628 milhões
em investimentos para o atendimento das demandas até 2021 (data-base de maio de
200234), sendo R$ 244,3 milhões para a implantação das estruturas (ampliação da
reversão do Taquacetuba, otimização do Taiaçupeba e implantação dos demais
reservatórios) e R$ 383,4 milhões associados aos custos operacionais, incluindo-se,
neste último, os gastos com energia elétrica e os custos de tratamento da água bruta35.
Quadro 6.03. Custos Estimativos de Implantação e de Operação dos Mananciais
Alternativos
Sistemas Produtores Custos de
Implantação (R$ 1.000)
Custos de Operação (R$ 1.000)
Natureza 2005 2010 2015 2020 Total
Guarapiranga/Billings 57.898 TR 2.661 13.306 13.306 13.306 42.580
EE 999 4.995 4.995 4.995 15.984
Alto Tietê (Paraitinga-Biritiba-Taiaçupeba – Otimização
35.029 TR 8.256 41.278 41.278 41.278 132.089
EE 604 3.022 3.022 3.022 9.670
Braço Rio Pequeno-Ligação Braço R.Grande
17.719 TR 2.572 12.859 12.859 12.859 41.150
EE 306 1.529 1.529 1.529 4.892
Juquiá em Juquitiba - Bomb./ Sta.Rita
133.630 TR 7.358 36.788 36.788 80.934
EE 5.102 25.510 25.510 56.122
Sub-total Custos 244.276 TR+EE 15.398 89.449 139.287 139.287 383.421
Custos Totais (Implantação + Tratamento + Energia) 627.697
FONTE: PDAA (2003); SABESP (2005). OBS.:TR = Custos Operacionais de Tratamento e EE = Custos Operacionais de Energia Elétrica
Essa estrutura de custos considera a manutenção de condições apropriadas de produção
dos mananciais existentes, implicando na inexistência de situações que inviabilizem a
captação ou o tratamento nas ETA e, portanto, garantindo a regularidade do
abastecimento. Ou seja, na medida que os mananciais acusem a degradação acelerada
da qualidade das águas, deverão ser antecipados recursos e investimentos para pôr em
operação os mananciais alternativos e, conforme a magnitude e intensidade dos
problemas, trazidos à discussão a viabilidade técnica, econômica e ambiental de
sistemas produtores mais complexos, como o São Lourenço, o Paraíba do Sul, o Médio
Tietê ou o Ribeira do Iguape. Essa aceleração no processo de degradação, além de
exigir a antecipação de recursos, acaba por onerar os sistemas de tratamento de água,
tendendo à elevação dos custos.
34
As projeções não fizeram a atualização monetária para os 20 anos, podendo os valores projetados ser mais elevados. 35
No cálculo dos custos de tratamento inclui despesas com a aplicação de algicidas nas represas, produtos coagulantes e auxiliares de coagulação, corretores de pH, materiais oxidantes / desinfectantes, produtos utilizados para fluoretação água, sistemas avançados para controle de gosto e odor (tais como sistemas de carvão ativado em pó e pemanganato de potássio, na ETA Alto da Boa Vista – Sistema Guarapiranga), entre outros.
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
135
No caso de um agudo comprometimento da qualidade das águas no curto prazo e, por
decorrência, a exigência do aproveitamento dos mananciais mais distantes, os custos de
implantação poderiam superar a casa dos R$ 6 bilhões, somados a custos operacionais
bastante elevados (próximos a R$ 657 milhões anuais), aderentes, além disso, a uma
série de custos sociais e impactos ambientais.
Conclui-se, portanto, pela importância estratégica da opção representada pelo Programa
Mananciais, como intervenção capaz de, ao lado de outros benefícios sociais, postergar
os elevados investimentos requeridos para viabilidade de mananciais mais distantes.
6.3. Remoção de Grande Parte da População Instalada em Sub-bacias de
Mananciais
A segunda alternativa refere-se à possível remoção das populações que, direta ou
potencialmente, gerem e contribuam com a poluição aos corpos d´água. Essa alternativa
só se valida e alcança os benefícios desejados quando retira boa parcela de cargas
poluidoras dos mananciais, o que implica na transferência da população para fora das
sub-bacias ou, conforme as condições locais, no seu assentamento em áreas com
sistemas eficazes de coleta e tratamento das cargas. Porém, esta alternativa apresenta
questionamentos, por exemplo, quanto ao número de remoções necessárias para manter
os mananciais em condições operacionais e ambientalmente sustentáveis, como
também, ao local de destino das famílias removidas, com os respectivos, e elevados,
custos sociais, econômicos e ambientais envolvidos.
As questões relativas à quantidade de remoções e custos dizem respeito a três diferentes
escalas de análise: (i) uma primeira escala regional, mais abrangente, onde o cálculo
corresponderia ao total de remoções necessárias à manutenção e/ou controle das
condições ambientais e de qualidade das águas dos mananciais, para o abastecimento
público; (ii) uma segunda escala, circunscrita às cinco sub-bacias atendidas pelo
Programa, na qual seriam mensuradas as remoções de todas as famílias sem condições
de serem atendidas, ao menos no curto prazo, com infra-estrutura para tratamento de
cargas poluidoras, portanto, devendo ser removidas; e (iii) uma última escala,
correspondente ao número de famílias estabelecido e atendido pelo componente de
recuperação urbana do Programa Mananciais, imaginando-se, neste exercício, que a
totalidade dessas famílias fosse removida (ao invés de contar, conforme a proposta do
Programa, com projetos de urbanização de favelas ou loteamentos36, por exemplo).
- Remoção com Maior Abrangência Regional
Quanto à primeira escala, é difícil estimar o número efetivo de remoções que assegurem
a manutenção ou melhoria da qualidade das águas, tendo em vista a diversidade de
variáveis que podem influir nos indicadores ambientais, por exemplo, naqueles
relacionados ao aporte de poluição industrial e difusa. Esta estimativa, contudo, pode ser
36
Estas estratégias prevêem o desadensamento de favelas para implementação de infra-estrutura e promoção de melhorias no sistema viário, em áreas mais favoráveis do ponto de vista urbanístico, geotécnico e ambiental, com a adequação e construção de novas unidades habitacionais no interior dos assentamentos. Essa experiência foi bem-sucedida no Programa Guarapiranga, pois esta alternativa não era solução para o reassentamento em grande escala, mas para resolver as dificuldades de implantação dos conjuntos habitacionais da CDHU. Ao final, esta alternativa possibilitou a continuidade das obras de urbanização é revelou suas vantagens, sendo sua adoção em projetos futuros recomendada.
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
136
preliminarmente efetuada com auxílio do mesmo modelo matemático (MQUAL) utilizado
para a construção dos cenários de desenvolvimento, cuja base de dados e respectivos
coeficientes permitem estimar valores. Pelo modelo, admitindo-se o cenário tendencial,
têm-se aproximadamente 2.308 kg/dia de P Total, em 2011, e 1.731 kg/dia de P Total,
em 2.021, afluindo aos corpos d´água nas cinco sub-bacias abrangidas pelo presente
estudo (descontadas as cargas difusas e outros fatores de interferência).
Esses dados, devidamente correlacionados aos coeficientes do modelo matemático,
permitiram estimar que, em 2011, seriam 1,48 milhões de habitantes (quase 400 mil
famílias) lançando cargas poluidoras diretamente aos corpos d´água (tributários e
reservatórios) e, em 2021, 1,1 milhão de habitantes (aproximadamente 280 mil famílias).
Essa população – no presente exercício estimativo – deveria ser removida para que a
poluição deixasse de afluir aos corpos hídricos. Com este número de remoções, restaria
avaliar o local de destino das famílias removidas e os diversos custos associados.
Assinale-se, antes disso, que um processo de remoções e reassentamento dessa
magnitude é de enorme e inédita complexidade37.
Admitindo-se um coeficiente urbanístico de aproveitamento máximo igual a 2,5, taxa de
ocupação máxima de 80% e terrenos (lotes mínimos) de 75 m2 (o que permitiria um
número máximo de três famílias por lote), chegar-se-ia a uma demanda de 123.455 lotes
em 2011 e 91.611 lotes em 2021, ou seja, áreas de 926 e 687 ha para acolher,
respectivamente, as famílias a serem reassentadas, de acordo com estimativas
populacionais.
Essa área considera apenas o espaço ocupado por habitações de, no máximo, três
pavimentos, sem atenção aos 35% preconizados no artigo 4º da Lei Lehmann, para
circulação, equipamentos urbanos e comunitários e espaços livres de uso público, que
equivaleria a 324 ha adicionais, em 2011, e 240 ha em 2021. Esse cenário é bastante
crítico uma vez que demanda mais área para as remoções.
Nas situações apresentadas e em inúmeras alternativas que podem decorrer de suas
combinações, o resultado é o mesmo: a necessidade de uma área bastante extensa para
acomodação das famílias removidas das áreas de mananciais. O esforço para obtenção
e apropriação dessa área envolve, ainda, a dificuldade do poder público em mobilizar
órgãos e instituições, públicas e privadas, associações de moradores, proprietários de
terras, órgãos de financiamento e demais agentes intervenientes, para uma ação
integrada e coordenada que empreenda um programa de reassentamento dessa
dimensão.
Sem embargo às questões institucionais e de viabilidade técnica e operacional, há que
considerar também os custos envolvidos em uma ação dessa natureza. Como referência,
no Programa de Saneamento Ambiental da bacia do Guarapiranga, onde foram
37
Quais sejam: condições de acessibilidade e mobilidade urbanas; conexão com centros de consumo, trabalho e serviços; situação física dos terrenos (aspectos geotécnicos, drenagem, topografia, etc.); clima e restrições ambientais (áreas de preservação, várzeas, etc.); conflitos com os usos pré-existentes; a condição social e fundiária; etc.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
137
reassentadas 2.839 famílias38, o custo médio por família beneficiada foi de US$ 14.83339,
com intervenções da CDHU que, em valor atualizado, corresponde a R$ 39.910/família40.
Multiplicando-se esse valor unitário pela demanda de reassentamentos, isto é, de
370.364 famílias, em 2011, ou de 274.834 famílias, em 2021, chega-se a uma estimativa
de investimentos próxima a R$ 14,8 bilhões (US$ 6,9 bi41), em 2011, e R$ 11 bilhões
(US$ 5,1 bilhões), em 2021.
Além das dificuldades físico-territoriais, institucionais e financeiras, há trâmites
burocráticos e jurídicos para a remoção das famílias de suas habitações, onde,
seguramente, podem coexistir movimentos e iniciativas de legalização da posse da terra
(processos de concessão, se imóvel público, ou usucapião, se imóvel privado), que
podem assegurar o direito de propriedade ou de uso da habitação pelo morador atual,
constitucionalmente garantido.
- Remoções com Abrangência Microrregional e Local
No âmbito microrregional e local, destacam-se duas escalas de análise: aquela
correspondente à população das cinco sub-bacias em condições críticas para o
atendimento imediato com infra-estrutura e, a outra, referente ao universo de famílias
atendidas pelo componente de recuperação urbana do Programa Mananciais.
No primeiro caso, há incertezas quanto ao número de famílias em situação de alto risco
ou de criticidade ambiental nas cinco sub-bacias abrangidas por esta avaliação
ambiental, principalmente, devido aos problemas cadastrais, ao dinamismo do
crescimento de áreas irregulares e favelas e à diversidade e complexidade das
ocupações e das eventuais soluções individuais de cada uma das áreas. Com base em
dados do IBGE (condição da ocupação, dados sanitários de conexão de residências à
rede de esgotos e pluvial), nos levantamentos e informações obtidas junto às Prefeituras,
em dados secundários obtidos junto ao CEM-CEBRAPE (Centro de Estudos da
Metrópole) e em pesquisas de campo, esse número foi estimado em 84.680 famílias, em
2011, e 68.240 famílias em 2021.
A partir dessas informações e sob os critérios urbanísticos adotados (escala regional),
seriam necessários 212 hectares (mais de 28 mil lotes) em 2011 e 171 ha (quase 23 mil
lotes) para acomodar a população a ser reassentada. Os custos decorrentes, mantidos
os valores unitários de R$ 39.910,00/família, chegariam a R$ 3,4 bilhões (US$ 1,6 bi),
em 2011, e a R$ 2,7 bilhões (US$ 1,3 bi), em 2021.
Por fim, com respeito à última escala, admite-se como objeto de análise o número de
famílias beneficiadas no componente de recuperação urbana do Programa Mananciais,
que engloba ações de urbanização de favelas, recuperação e infra-estruturação de
loteamentos irregulares, ações sociais e a construção de unidades habitacionais para
38
Destas famílias, 1.764 foram reassentadas em conjuntos habitacionais (262 pela PMSP e 1.502 pela CHDU); 869 relocadas para unidades habitacionais construídas nas próprias favelas (654 pela PMSP e 215 pela CHDU); e 206 foram para habitações nas favelas em sistema de xadrez (127 pela PMSP e 79 pela CHDU). 39
Este valor inclui os custos de transferência das famílias, aquisição dos terrenos, trabalhos sociais, alojamentos provisórios, melhorias, etc. 40
A conversão de US$ para R$ considerou o valor do dólar da data base dos orçamentos da CDHU (dez/94), que era de US$ 1,00 = R$ 0,846. A atualização deste valor foi pelo IGP-M. 41
Nesta conversão foi considerado o valor do dólar em 03/06: US$ 1 = R$ 2,15
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
138
uma parcela da população. Com ações de urbanização de favelas, serão beneficiadas
10.169 famílias; recuperação de loteamentos, 19.977 famílias; e remoções e
reassentamentos (CDHU), 1.350 famílias, totalizando 31.496 famílias a serem
beneficiadas neste componente, no período correspondente à execução do Programa (6
anos). Nesses termos, seguidos os mesmo parâmetros das estimativas anteriores,
seriam necessários 10.499 lotes (79 hectares) para transferência das famílias, com
investimentos previstos em R$ 1,27 bilhão (US$ 584 milhões).
Às análises das duas escalas aqui enunciadas aplicam-se, da mesma forma, as
dificuldades jurídico-institucionais (p. ex, a regularização fundiária e concessões), técnico-
operacionais, financeiras e ambientais, todavia, em proporções diferenciadas.
Novamente, conclui-se que também esta alternativa auxilia o interesse pela opção
representada pelo Programa Mananciais, dados os elevados investimentos e as
complexidades – jurídica, institucional, técnica, social e operacional – envolvidas na
remoção de grandes contingentes populacionais.
6.4. Ações Diretas em Corpos Hídricos Afluentes a Reservatórios de Mananciais e
Sofisticação de Tecnologias Empregadas para o Tratamento da Água
Constata-se hoje um grande avanço mundial no desenvolvimento e aplicação de
alternativas tecnológicas de intervenções, tanto em corpos d’água, como em estações de
tratamento de água, na busca de garantir qualidade hídrica voltada ao abastecimento
público. Estas alternativas exigem uma visão sistêmica, na qual a garantia de
manutenção de fornecimento e distribuição de água potável à população passa por
intervenções que incluem ações no território da bacia, nos corpos d’água e nos sistemas
de tratamento e de gestão.
Portanto, as alternativas que serão analisadas – de intervenções direta em corpos
hídricos afluentes a reservatórios e de sofisticação de tecnologias empregadas em
Estações de Tratamento de Água (ETAs) – não devem ser vistas como excludentes
frente ao Programa Mananciais, mas como ações complementares que podem,
perfeitamente, estar inseridas dentre as intervenções previstas, desenhadas em função
das características de cada sub-bacia de manancial e dos comportamentos limnológicos
de cada reservatório envolvido.
Em outras palavras, as ações de redução do aporte de carga poluidora em mananciais
incluem a implantação e a melhoria da infra-estrutura de saneamento, inclusive a
urbanização de favelas, devendo ser complementadas por intervenções diretas nos
corpos d’água afluentes aos mananciais, com vistas à melhoria da água bruta, que pode
ser comprometida, tanto por cargas de origem difusa, quanto pela eficácia dos sistemas
de esgotamento sanitário. As intervenções nos corpos d’água não visam substituir a
coleta e o afastamento de esgotos que, dentre outras funções, buscam a melhoria da
qualidade de vida e da saúde pública da população. O que se procura, mediante
alternativas tecnológicas complementares, é assegurar a melhoria da qualidade dos
corpos hídricos.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
139
Do mesmo modo, a sofisticação das tecnologias empregadas em estações de tratamento
de água visa não apenas aprimorar o tratamento de água bruta de má qualidade, mas,
acima de tudo, garantir o fornecimento contínuo de água de qualidade à população, tendo
como referência padrões internacionais de potabilidade. Essa perspectiva sistêmica, com
ações complementares na bacia, nos corpos d’água e nas ETAs, preconiza uma
abordagem integrada do sistema, tendência esta observada em todo o mundo.
- Ações Diretas nos Corpos d’Água Afluentes a Reservatórios de Mananciais
A sistematização de dados de monitoramento da qualidade da água e do uso do solo
permite traçar alternativas tecnológicas para a redução e o controle de cargas poluidoras
lançadas nos corpos d’água. Experiências com remediação de lagos eutrofizados e/ou
com sedimentos contaminados nos EUA, Canadá, Holanda e no Brasil revelam que
inexiste uma solução única aplicável para todos os corpos d’água, em função de suas
características distintas relativas à morfologia, hidrologia, hidrodinâmica, limnologia e
ecologia.
Dentre as diferentes alternativas tecnológicas para melhoria da água bruta estão as
wetlands, que correspondem a áreas úmidas, naturais ou artificialmente construídas, nas
quais é desenvolvida uma intensa inter-relação entre solo, água, flora e fauna,
constituindo um ecossistema capaz de modificar e controlar a qualidade da água. As
wetlands construídas utilizam os princípios básicos das naturais, sendo projetadas para
atingir as mesmas funções no ecossistema, podendo ser constituídas de vegetação
emergente e flutuante, além de sistemas com processo de filtração ascendente ou
descendente, através de camadas de solo. As wetlands podem ser utilizadas na redução
das cargas afluentes aos reservatórios utilizados para o abastecimento público,
controlando a poluição difusa, especialmente nos períodos chuvosos, e como tratamento
terciário na remoção de nutrientes dos efluentes das estações de tratamento de esgotos.
O barramento de tributários a montante de reservatórios é outro recurso utilizado no
abatimento das cargas de nutrientes e orgânicas e do material em suspensão, também
eficiente na retenção de metais pesados. Esta alternativa de recuperação e manejo de
lagos e reservatórios é utilizada com sucesso no abatimento da carga de fósforo nos
tributários, pela National Urban Runoff Program – NURP, nos EUA.
Uma alternativa às pré-barragens são as bacias de detenção, secas ou molhadas, que
tanto abatem os picos de cheia como os sólidos sedimentáveis afluentes ao reservatório,
podendo ser construídas enterradas, como reservatórios subterrâneos, ou na superfície.
Os nutrientes presentes na água são sedimentados e removidos após o período chuvoso.
A implantação de lagoas de estabilização na foz de tributários poluídos é uma outra
opção, que exige um regime de afluência sem grandes variações ao longo do tempo,
tendo sua aplicação reduzida no abatimento das cargas de tempo seco, cujas flutuações
seguem basicamente o regime de geração de esgotos domésticos.
A remoção de nutrientes nos tributários também pode ser obtida com a sua inativação
por sedimentação ou flotação. Experiências de inativação de nutrientes com flotação têm
alcançado resultados positivos na RMSP, onde diversas instalações encontram-se em
operação. Esta técnica visa reduzir a carga poluidora do tributário de um reservatório por
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
140
intermédio do processo de coagulação/floculação e flotação com ar insuflado, sendo o
lodo gerado encaminhado para tratamento e disposição final. Nos ensaios de floculação
seguidos por flotação realizados em amostras de água coletadas nos rios Tietê e
Pinheiros foram observadas reduções de até 75% da DBO e até 92% de fosfato total.
Diretamente em reservatórios, existe a possibilidade da aplicação de algicidas no
combate aos grandes florescimentos de algas, que utilizam compostos como o sulfato de
cobre, sulfato de alumínio ou peróxido de hidrogênio, podendo contribuir com o aumento
da toxicidade no ambiente. Assim, a utilização de algicidas deve ser precedida de
estudos que indiquem o composto, a forma, a freqüência e as condições para aplicação.
A utilização de barragens de contenção de algas é uma alternativa para o
confinamento e remoção das populações resultantes de eventos de florações de algas,
evitando seu encaminhamento à ETA, onde podem provocar entupimento de filtros,
geração de gosto e odor, ou toxicidade, conforme a espécie.
A introdução de peixes fitoplanctófagos, como a carpa prateada chinesa
Hypophthalmichthys molitrix, constitui alternativa para o controle de algas indesejáveis
em reservatórios eutrofizados, com experiências realizadas no Lago Paranoá, em
Brasília/DF, voltadas ao controle da floração de cianobactérias. Esta espécie, de fácil
adaptação em reservatórios eutrofizados, remove grande quantidade de carga interna de
nutrientes com a incorporação na biomassa algal.
A circulação forçada da coluna d’água do reservatório também constitui uma técnica
de controle das concentrações de oxigênio dissolvido em níveis adequados, quando se
observa extratificação, que inibe tanto a solubilização de ferro e manganês a partir de
reações de redução no fundo do reservatório, como a prevalência das cianobactérias na
comunidade fitoplnactônica. No entando, sua aplicação deve ser feita com critérios para
evitar a ressolubilização de susbstâncias presentes nos sedimentos.
- Sofisticação de Tecnologias para o Tratamento da Água
As ações nas ETAs visam a identificar, recomendar e implantar instalações e
procedimentos operacionais que garantam, de forma eficaz e com custo reduzido, a
tratabilidade da água captada, para que esta possa ser distribuída à população sempre
dentro dos limites preconizados pela saúde pública. Estudos de tratabilidade podem ser
realizados em ETA piloto, para avaliação da eficiência tanto de processos existentes,
como de sofisticações adicionais. Experiências com ETAs-piloto na RMSP têm permitido
grandes avanços e otimizações na operação, pois permitem avaliar, por exemplo, opções
de distintos processos de tratabilidade, sob o ponto de vista técnico e econômico,
envolvendo diversas alternativas dos processos de oxidação, coagulação, floculação,
decantação, filtração e adsorção com carvão ativado.
Além da otimização dos processos praticados nas ETAs, deve-se avaliar a introdução de
técnicas avançadas de tratamento, tanto para a manutenção de padrões de potabilidade
numa eventual alteração da água bruta, como na prevenção a novas classes de
contaminantes estudados, tais como os disruptores endócrinos. Entre estas técnicas
estão, por exemplo, a otimização e compatibilização dos processos de pré-oxidação e
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
141
remoção de gosto e odor, a utilização de leitos filtrantes adsorvedores (carvão ativado
granular e areia), e a utilização de ozônio em distintas fases do tratamento, associado ou
não ao carvão ativado granular com atividade biológica.
Como experiência antecedente, o sistema de dosagem de carvão ativado em pó foi
implantado pelo Programa Guarapiranga para fazer frente aos problemas de gosto e odor
que decorrentes da presença na água de algas cianofíceas. O sistema foi dimensionado
para a faixa de concentração que era realidade na época (150 a 200 ng/L de MIB ou
Geosmina). As concentrações residuais destes compostos aumentaram
progressivamente, tornando o sistema existente subdimensionado para o cenário atual.
A eficiência do processo de remoção de gosto e odor através do carvão ativado em pó
teve uma melhora significativa a partir de 2003 quando se implantou a pré-aprovação do
produto, o que tem garantido atendimento aos padrões de qualidade estabelecida em
especificação técnica. Embora as condições para aplicação do carvão no Sistema
Guarapiranga possam ser consideradas ideais, cabe ressaltar que a ETA ABV possui as
limitações de uma estação de tratamento convencional, que muitas vezes reduzem os
benefícios decorrentes da efetiva remoção alcançada com o uso do carvão ativado em
pó.
6.5. A Opção do Programa Mananciais: Mitigação e Gestão de Conflitos entre
Urbanização e Proteção de Mananciais da RMSP
Expostas as dificuldades e limites concernentes às alternativas de (i) exploração de
disponibilidades hídricas em bacias mais distantes, e de (ii) remoção de grande parte da
população instalada em bacias de mananciais, e destacado o caráter complementar da
alternativa (iii) de intervenção direta em corpos d’água afluentes em reservatórios de
mananciais e sofisticação de tecnologias para o tratamento da água, cumpre esclarecer a
consistência das diretrizes e da estratégia propostas para o Programa Mananciais.
Como já observado anteriormente, o Programa tem por áreas de atuação todas as mais
importantes bacias hidrográficas de mananciais produtoras de água para a Região
Metropolitana de São Paulo. As áreas de concentração das intervenções, aspecto
também já destacado, são as da Billings e do Guarapiranga, onde foram mais
pronunciados os efeitos da expansão do anel periférico urbano - ocupação desordenada,
pobreza e infra-estrutura ainda insuficiente de serviços.
Os impactos negativos sobre a qualidade da água, especialmente nestas bacias
hidrográficas mais críticas, advêm de um conjunto grande de fatores mais diretamente
relacionados ao uso e ocupação urbana do solo, o qual, por sua vez, deriva de uma
dinâmica regional, metropolitana, que envolve tanto os investimentos públicos quanto
fenômenos típicos do mercado privado. Da mesma forma, a natureza da ocupação
guarda relação direta com a evolução e distribuição das rendas familiares, que diz
respeito a comportamentos macroeconômicos, evidentemente fora da esfera de
interferência, no mínimo, de governos regionais e locais.
As áreas de concentração do Programa, nesta linha de interpretação, constituem hoje
reservatórios urbanos, com características bastante definidas, em uma escala de
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
142
importância para o abastecimento público para a qual não se encontram precedentes.
Por sua vez, a ocupação urbana concentra-se nas vizinhanças dos reservatórios,
incluindo loteamentos e outras iniciativas de maior padrão de renda predominantemente,
um número elevado e extensivo de assentamentos de baixa renda e de núcleos
favelados. Os impactos maiores sobre as águas das represas, sobretudo no caso do
Guarapiranga – também na Billings, após o estabelecimento de novas regras de
bombeamento das águas do rio Pinheiros para o seu espelho d’água -, vêm dos esgotos
sanitários e das cargas difusas, em especial urbanas, isto é, de milhares de fontes
emissoras espalhadas por territórios que ainda apresentam infra-estrutura sanitária
insuficiente.
Frente a tais características básicas, a concepção do Programa Mananciais foi
empreendida com um enfoque inter-institucional e multidisciplinar, características estas
que se julga adequadas à natureza do desafio a enfrentar - problemas intensivos de uso
e ocupação do solo, freqüentemente associados a quadros acentuados de pobreza
urbana e a seus fortes impactos sobre a qualidade das águas dos reservatórios e seus
afluentes. Isto implica, em conseqüência, a participação, em regime cooperativo, de
organismos diversos, pertencentes a esferas também diversas de governo. Neste
sentido, o Programa Mananciais segue a mesma lógica do Programa Guarapiranga, com
um número maior de organizações executoras por força da maior extensão da área de
intervenções.
Por outro lado, a concepção multidisciplinar apresenta aspectos para os quais cabe
chamar atenção. A experiência anterior é, em larga medida replicada, ou seja, parte do
orçamento agregado do Programa será destinado à expansão de infra-estrutura sanitária,
especialmente do sistema de esgotamento sanitário, à urbanização de favelas e à
melhoria urbanística de loteamentos de baixa renda média. Estas ações visam tanto à
melhoria direta da qualidade de vida da população quanto à redução, pela interceptação
de esgotos ou pela melhoria da coleta e da disposição final de resíduos sólidos, das
cargas de outra maneira afluentes aos reservatórios. Da mesma forma, o Programa
Mananciais deverá investir na criação de áreas socialmente úteis e ambientalmente
protegidas, como parques, parques lineares (marginais às represas e aos cursos d’água)
e áreas públicas de lazer.
À parte tais intervenções, o Programa deve voltar seus esforços também a ações
estruturais inovadoras e a ações não-estruturais, sobretudo àquelas voltadas à gestão
dos territórios. Parte delas deriva do aprendizado com as experiências do Programa
Guarapiranga e, de maneira geral, com as lições que podem ser extraídas da expansão
de infra-estrutura pública tradicional em áreas populacionalmente densas, de padrão
urbano desorganizado e de renda baixa.
Uma das opções adotadas pelo Programa é, complementarmente à expansão de
sistemas de esgotamento sanitário, a implantação de unidades de tratamento de
córregos antes do seu deságüe nos reservatórios. Esta medida, prevista para diversas
bacias, parte de dois princípios: (i) as áreas de mananciais impõem investimentos em
montante e qualidade superiores às de outros quadrantes não-produtores de água para o
abastecimento público, dado o seu caráter essencial à sobrevivência da Metrópole; (ii)
em territórios com as características da Billings, do Guarapiranga, de parte do Alto Tietê e
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
143
do Baixo Cotia, o rendimento de estruturas tradicionais é menor que o usual, resultando
em uma carga residual de efluentes que afeta a qualidade dos corpos d’água.
Sucintamente, a experiência detecta tanto a adesão mais baixa das famílias à utilização
de sistemas públicos quanto, em especial, uma interação mais complexa entre os
sistemas de esgotamento e de microdrenagem (no interior dos domicílios e nos sistemas
de responsabilidade pública direta ou indireta). Da mesma forma, a experiência e os
estudos indicam um relevante run-off urbano, que merece um tratamento específico
próprio e prioritário.
Na mesma linha, o Programa Mananciais tem igualmente por objetivo o investimento em
melhorias dos sistemas de infra-estrutura já implantados, uma vez que as dificuldades
detectadas também interferem na operação diária de redes coletoras, coletores-tronco,
elevatórias e interceptores. As bacias impõem a adoção de padrões diferenciados de
projeto e operacionais, que elevem os rendimentos dos sistemas, sem prejuízo da
comentada necessidade de estruturas adicionais para o pré-tratamento dos cursos
d’água.
Por último, ainda nesta circunscrição de atividades, o Programa pretende a modernização
tecnológica e de processos das estações de tratamento de água, neste caso também
utilizando os estudos e os avanços do conhecimento proporcionados pelo Programa
Guarapiranga.
Em resumo, o Programa Mananciais adota uma estratégia firmada sobre os seguintes
aspectos:
Participação em regime integrado de organismos públicos diversos, função dos
aspectos multifacetados dos problemas urbanos e de qualidade da água a equacionar
ou controlar.
Investimentos em infra-estruturas públicas clássicas de esgotamento sanitário, de
drenagem e de resíduos sólidos.
Urbanização de núcleos favelados, isto é, trato direto de uma tipologia de ocupação
marcada pela informalidade.
Implantação de estruturas de pré-tratamento de corpos d’água, para controle de
cargas difusas urbanas e de efluentes não coletados pelos sistemas de saneamento
convencionais.
-Investimentos em melhorias tecnológicas e de processo de estações de tratamento
de água, permitindo elevação da sua capacidade de lidar com situações mais críticas
do ponto de vista de qualidade da água bruta.
A propósito, dois pontos essenciais devem ser observados. Os quatro primeiros aspectos
relacionados revelam, para o Programa, a estratégia escolhida de melhoria da qualidade
da água bruta dos reservatórios. Neste sentido, o quinto aspecto apresenta natureza
complementar e de segurança, indispensável a um sistema de enorme impacto sobre a
saúde pública. Por outro lado, a característica multi-institucional e integrada do Programa
aplica-se, dentro de cada bacia merecedora de intervenção, às sub-bacias mais críticas,
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
144
concentradoras de esforços e intervenções, com efeitos mensuráveis sobre a qualidade
de vida da população e das águas. Neste sentido, e sem contradição com o elemento
integrado maior do Programa, os resultados esperados virão, em larga medida, do
somatório de esforços conjugados em várias sub-bacias prioritárias, delimitadas de forma
compatível a uma meta básica quanto à qualidade da água - a manutenção das
condições operacionais, a um custo controlado, do conjunto dos reservatórios objeto do
Programa para a finalidade de abastecimento público.
Uma outra linha do Programa, também essencial, diz respeito ao desafio da gestão dos
territórios. Durante o Programa Guarapiranga, foi possível definir as diretrizes e os
aspectos técnicos essenciais à modificação da legislação incidente sobre os territórios de
mananciais. Esta última, ao longo do tempo, mostrou-se inadequada ao tratamento de
aglomerados urbanos cada vez mais caracterizados pela alta densidade e aguda
informalidade. Dando curso ao promovido anteriormente, a legislação aprovada
recentemente para a bacia do Guarapiranga deverá ser replicada, com os ajustes e
compatibilidades necessárias, para as demais bacias objeto do Programa. Esta linha de
atuação institucional, cabe assinalar, parte da natureza comum do problema a enfrentar e
de uma cultura de cooperação entre diferentes esferas e organismos governamentais que
se firmou ao longo de década e meia.
Por sua vez, o Programa reconhece o caráter metropolitano da questão dos mananciais.
Sua estratégia de “institutional building”, nos limites de um federalismo de tipo singular
como o brasileiro, visa à elaboração de um marco jurídico-legal que mantenha a
disposição cooperativa, forneça-lhe regras socialmente sancionadas e contorne, com a
distribuição pactuada de responsabilidades, a ausência forçada de uma hierarquia de
poderes normativos e executivos no interior das regiões metropolitanas como a de São
Paulo.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
145
______________________________________________
7. PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL - PGA
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
146
7. PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL - PGA
7.1. Ações e Medidas Previstas no PGA
O Plano de Gestão Ambiental - PGA é um elemento norteador das ações de atenuação,
ou mesmo prevenção, dos efeitos ambientais adversos gerados pela implementação do
Programa Mananciais, constituindo-se num instrumento fundamental para o planejamento
e gestão ambiental das áreas impactadas.
Segundo a Política de Salvaguarda do BIRD – OP.4.01 – Anexo C – o PGA constitui-se
num conjunto de medidas de monitoramento, mitigação e medidas institucionais a serem
tomadas durante a implementação e operação do Programa visando eliminar os impactos
ambientais e sociais adversos, ou reduzi-los a níveis aceitáveis. O PGA, em síntese, é a
reunião daqueles programas ambientais previamente apontados nos estudos e
avaliações ambientais, dotados de detalhamentos técnicos, físicos e econômico-
financeiros, caracterizando-se, por isso, num plano ou num roteiro sistemático de
atribuições e atividades a serem desenvolvidas pelos executores do Programa a fim de
assegurar a menor incidência ou amplitude de eventuais danos decorrentes das
intervenções do Programa Mananciais sobre os recursos ambientais.
Dado o caráter multi-setorial e multi-institucional do Programa Mananciais, adotou-se a
estratégia de configuração de um PGA independente para cada executor, considerando-
se, inicialmente, a existência de quatro Tomadores (Governo do Estado de São Paulo,
Sabesp e Prefeituras de Guarulhos e São Bernardo do Campo) e, por conseguinte, a
necessidade de montagem dos respectivos Sistemas de Gestão Ambiental para cada
qual.
Desse modo, apresentam-se nos Anexos I a VI do presente Relatório Ambiental, os
PGAs de todos os executores do Programa Mananciais, acrescidos de uma síntese dos
impactos positivos e negativos decorrentes do conjunto de intervenções (destacadamente
as obras estruturais), das medidas mitigadoras e compensatórias propostas e, também,
de aspectos relacionados à capacitação institucional para a gestão do Programa.
Tais informações, em síntese, apresentam um conjunto de medidas de caráter
preventivo, mitigador e compensatório para os possíveis impactos negativos
identificados, destacando-se, entretanto, que a principal característica do Programa
Mananciais é a de um conjunto de ações de recuperação sócio-ambiental, portanto
corretivo e mitigador das vulnerabilidades e problemas verificados. Desse modo, as
ações do PGA coincidem com os componentes do Programa de cada executor, isto é,
todas as ações e medidas mitigadoras previstas no Programa foram incluídas no conjunto
de ações dos seus componentes. No Quadro 7.01 seguinte é demonstrada uma síntese
das ações do PGA de cada executor constantes dos Anexo I a VI deste RAA, destacando
que os custos das medidas mitigadoras/PGA estão incorporados ao orçamento total dos
componentes do Programa.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
147
Quadro 7.01 - Descrição sintética da composição dos programas, sub-programas e projetos que compõem o Plano de Gestão
Ambiental
Executor: SSE - Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo
Programas Ações Incluídas no PGA
Instrumentos de Sustentação, Acompanhamento, Controle, e Viabilização (Gestão)
Apoio Técnico à operação, integração e atualização dos instrumentos de gestão (GIS e PDPA), monitoramento do uso e ocupação do solo e adequação do solo à legislação; Centro de Integração da Cidadania (CIC); Concepção, desenvolvimento, estruturação e institucionalização de instrumentos técnicos para apoio à gestão nos municípios inseridos nas áreas de mananciais da bacia da Billings e Juqueri-Cantareira; Educação Ambiental, Monitoramento, Apoio Técnico-Operacional pós-obra e acompanhamento social pós-ocupação;Gerenciamento do Programa; Pesquisas junto a população usuária e beneficiária, mediante investigação amostral em todas as cinco bacias abrangidas; Ações de Mobilização e Apoio a Projetos de Entidades Civis;Operação do Sistema de Gestão; Rede de Informações de Apoio à Gestão; Concepção Técnica, estruturação e implantação da Rede de Informações de Apoio à Gestão; Divulgação do Sistema de Gestão (ao público); Seminários Internacionais Anuais sobre Recursos Hídricos e Desenvolvimento Urbano; Auditoria Ambiental Independente; dinamização da atividade econômica, empreendedorismo e inclusão social;Programa de Desenvolvimento de Atividades Econômicas Compatíveis; Geração de Empregos e Gerenciamento de Receitas para Proteção Ambiental; Gerenciamento das intervenções do Programa Mananciais do Alto Tietê
Ações de Estruturação e Recuperação Urbana
Implantação de Áreas de Uso Comunitário - Recuperação de Áreas Degradadas; Projeto e Obras de revitalização urbana e recuperação de áreas degradadas nos nas sub-bacias Guarapiranga e BIllings
Ações de Preservação e Recuperação Ambiental
Projeto e Obras de implantação do Parque Nove de Julho, abrangendo 26,9 hectares;
Ações de Saneamento Ambiental
Projetos e Obras de conversão de lixões em aterros sanitários no município de Embu-Guaçu e avaliação da capacidade operacional e de suporte dos aterros existentes; Identificação e avaliação das formas e locais de disposição clandestina de resíduos sólidos na sub-bacia Billings; Aquisição e manutenção de equipamentos para limpeza urbana de áreas públicas e para amparo ao sistema de coleta de resíduos sólidos urbanos na sub-bacia Billings
Executor: SMA - Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo
Instrumentos de Sustentação, Acompanhamento, Controle, e Viabilização do Programa (Gestão)
Capacitação de Agentes Ambientais; Oficinas de Capacitação para Nova Lei Específica; Exposição Itinerante; Centro de Referências em Educação Ambiental; Coleção de Vídeos Educativos - Água e Meio Ambiente; Projeto Antena Verde - Educação Ambiental Através do Rádio; Implementação de um Sistema de Fiscalização Ambiental na Bacia do Guarapiranga e Billings, articulado ao Sistema de Fiscalização Integrada dos Mananciais da Bacia do Alto Tietê; Adequação das instalações físicas, visando a implementação de um Sistema de Fiscalização Ambiental e do Uso e Ocupação do Solo na Bacia do Guarapiranga, Billings, Alto Tietê-Cabeceiras e Juqueri-Cantareira; Concepção, desenvolvimento e implementação de Programa de Monitoramento do Uso e Ocupação do Solo, mediante a utilização de imagens de satélite, com supervisão de campo e um Sistema Integrado de Comunicação entre agentes de fiscalização ambiental; Monitoramento da Qualidade Ambiental
Ações de Preservação e Recuperação Ambiental
Obras de implantação do Parque Nove de Julho, abrangendo 26,9 hectares; Estudos, Projetos e obras para Implantação de Parques ao longo da Represa Billings, nos município de São Paulo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, abrangendo uma área de 767.000 m2 (76,7 ha); Projeto e implantação das obras de recomposição vegetal das matas ciliares e margens da represa Billings; Projeto e obras de recuperação de áreas degradadas e revitalização urbana no município de São Paulo, compreendendo 3,6 hectares; Plano de Controle do Transporte de Cargas Perigosas (inclui a bacia do Guarapiranga)
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
148
Quadro 7.01 - Descrição sintética da composição dos programas, sub-programas e projetos que compõem o Plano de Gestão
Ambiental (continuação)
Programas Ações Incluídas no PGA
Executor: CDHU - Cia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano
Estruturação e Recuperação Urbana
Construção de unidades habitacionais, melhoria de habitações e serviços sociais para reassentamentos em áreas de recuperação urbana de favelas e loteamentos precários em municipalidades selecionadas.
Executor: SABESP - Cia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
Instrumentos de Sustentação, Acompanhamento, Controle, e Viabilização do Programa (Gestão)
Desenvolvimento de Instrumentos Técnicos para Gestão; Modelos Hidrodinâmicos dos reservatórios Guarapiranga, Rio Grande, Taiaçupeba, Jundiaí, Biritiba, Paiva Castro, Atibainha; Sistema de Suporte à Decisão e Controle para Operação Integrada dos Mananciais do Sistema Adutor Metropolitano; Educação Ambiental e Monitoramento (incluído pós-obra)
Ações de Preservação e Recuperação Ambiental
Estações de Remoção de Carga Poluidora; Wetland Parelheiros; Retenção de detritos na captação do Guarapiranga; Planos de Manejo (Capivari, Rio Claro, Morro Grande); Remoção de Macrófitas; Dessassoreamento de reservatórios (Paiva Castro e Isolina); Infra-Estrutura para aplicação de algicidas; Implantação de Parques (Paiva Castro, Atibainha, Cachoeirinha e Isolina); Melhorias ESI – Elevatória Santa Inês
Ações de Saneamento Ambiental
Melhoria dos Processos de Tratamento de Água (automação da ETA ABV, ETA Rio Grande, ETA Rio Claro, ETA Guaraú, ETAs Alto e Baixo Cotia, melhorias e adequação dos processos, filtração, etc.); Implantação de sistemas de remoção de lodo das ETAs; Sistemas de Recuperação de Águas de Lavagem; Implantação de sistemas de abastecimento de água (PAT PROSANEAR e Shangri-la); Execução e/ou ampliação de Estações Elevatórias de Esgoto; Extensão da rede coletora de esgotos (redes, coletores, linhas de recalque, etc.); Ampliação da ETE Mairiporã; Aperfeiçoamento Tecnológico; Otimização e Melhorias Operacionais (Controle); Eliminação de Extravasamentos
Executor: PMSBC - Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo
Instrumentos de Sustentação, Acompanhamento, Controle, e Viabilização do Programa (Gestão)
Educação Ambiental ; Monitoramento e Fiscalização; Planejamento Integrado; Controle dos Processos Erosivos e de Produção de Sedimentos; Programa de Desenvolvimento de Atividades Econômicas Compatíveis, Geração de Empregos e Gerenciamento de Receitas para Proteção Ambiental; Controle da Disposição Clandestina de Resíduos Sólidos
Estruturação e Recuperação Urbana
Elaboração de Levantamentos e Programas para Adequação do Uso Habitacional / Reassentamentos; Urbanização de Favelas; Relocação de Áreas de 1ª Categoria e Recuperação das Áreas Desocupadas na Relocação de Áreas de 1ª Categoria; Regularização e Readequação Urbana e Ambiental de Loteamentos; Acompanhamento Sócio Ambiental das Intervenções Urbanas e Habitacionais
Ações de Preservação e Recuperação Ambiental
Arborização Urbana ; Urbanização de Áreas Públicas Livres - Criação de Praças e Equipamentos de Lazer; Implantação de Parques e Unidades de Conservação; Repovoamento Vegetal; Recuperação de Áreas Degradadas (Intervenções de Baixo Custo em Encostas, Taludes e Áreas de Produção de Sedimentos - Bacia Rio Grande e Taquacetuba); Controle do Transporte de Cargas Perigosas
Ações de Saneamento Ambiental Remediação do Lixão do Alvarenga; Aquisição de Equipamentos para Coleta de Resíduos Sólidos; Implantação de Centros de Ecologia e Cidadania; Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
149
Quadro 7.01 - Descrição sintética da composição dos programas, sub-programas e projetos que compõem o Plano de Gestão
Ambiental (continuação)
Executor: PMG - Prefeitura Municipal de Guarulhos
Instrumentos de Sustentação, Acompanhamento, Controle, e Viabilização do Programa (Gestão)
Estudo para ampliação do Programa de Educação Ambiental e aquisição de materiais e equipamentos para o Programa de Educação Ambiental; Estudo para criação, regulamentação e implementação de fiscalização municipal na Bacia do Cabuçu, para o manancial subterrâneo e para a sub-bacia do Tanque Grande; Estudo para desenvolvimento e implantação do SIG; Aquisição de equipamentos e softwares para o SIG e treinamento; Aquisição de equipamentos para o laboratório central
Ações de Preservação e Recuperação Ambiental
Estudo para criação e regulamentação de APA municipal (Sub-bacia Tanque Grande); Projetos e obras de parque municipal (Sub-bacia Tanque Grande); Projeto e obras de centro de educação ambiental (Sub-bacia Tanque Grande); Estudo para criação e regulamentação de APA municipal (Sub-bacia Lagoa Azul/Lavras); Projeto e obras de parque municipal (Sub-bacia Lagoa Azul/Lavras); Estudo para ampliação da Exploração do Manancial Subterrâneo
Ações de Saneamento Ambiental Projeto e obras das reformas gerais na ETA Tanque Grande; Projeto e obras do sistema de abastecimento de água Ururuquara e Lagoa Azul/Lavras; Estudos de viabilidade técnico-econômico-ambiental Sub-bacia Engordador e Borracha; Elaboração e implantação de Programa de Controle e Redução de Perdas;. Projeto e obras do sistema de esgotamento sanitário Lagoa Azul / Lavras
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
150
7.2. Sistema de Gestão Ambiental do Programa
7.2.1. Licenciamento Ambiental das Ações do Programa
O Programa Mananciais está em conformidade com o conjunto de leis e normas
nacionais e estaduais que disciplinam a questão dos recursos hídricos, meio ambiente e
uso e ocupação do solo, tanto no que diz respeito às diretrizes para o planejamento e a
gestão dos territórios em áreas de proteção aos mananciais quanto as regras para o
licenciamento ambiental dos projetos e obras. Desde a preparação do Programa até a
sua fase de implantação e pós-obra, deverão ser seguidos todos os requisitos legais e
obtidas todas as licenças ambientais pertinentes, em respeito ao amplo esforço
empreendido pelo poder público nas últimas duas décadas para o ordenamento territorial
e a sustentabilidade dos mananciais da RMSP.
Para o licenciamento ambiental, O Programa está de acordo com as legislações nacional
e estadual que definem as regras e procedimentos para o licenciamento e a gestão
ambiental das intervenções e empreendimentos, com destaque para as Resoluções
CONAMA 01/86 e 237/97, a Resolução SMA 42/94 (Estado de São Paulo) e as
Resoluções CADES 61/2001 e 69/2002 do Município de São Paulo e, também, as Leis
Estaduais 898/75 e 1.172/76; Lei Específica do Guarapiranga e respectivo regulamento
(Lei Estadual 12.233/06 e Decreto Estadual 51.686/07), todas apoiadas nas diretrizes e
critérios da legislação ambiental brasileira.
A Secretaria Estadual de Meio Ambiente será o órgão licenciador para todas as
atividades e projetos que impliquem em impactos ao meio ambiente, excetuando-se os
empreendimentos habitacionais, que ficarão por conta do GRAPROHAB (também no
nível estadual) e os projetos circunscritos ao município de São Paulo, os quais serão
poderão ser licenciados pela SVMA por meio do CADES e DECONT. Uma vez que nem
todas as obras e intervenções do Programa Mananciais possuem um nível de
detalhamento compatível com as regras de licenciamento ambiental ou com as
exigências do BIRD - por não terem ainda avançado no nível de concepção ou de projeto
de engenharia – as modalidades de licenciamento poderão sofrer alterações, após
definições oficiais dos órgãos licenciadores sobre tais empreendimentos. Ainda sim, em
todo o processo está prevista a realização de consultas públicas, conforme preconiza a
legislação ambiental.
7.2.2. Arranjo Institucional e Sistema de Gestão Ambiental
Na implementação do Programa Mananciais estão envolvidos quatro Tomadores
(Governo do Estado de São Paulo, Cia. de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
– SABESP e Prefeituras dos Municípios de São Bernardo do Campo e Guarulhos), os
quais assinarão Acordos de Empréstimo com o Banco Mundial. Também participa do
Programa, na qualidade de executor – porém, sem tomar empréstimo do BIRD – a
Prefeitura do Município de São Paulo.
Para o gerenciamento das atividades de cada executor, conforme já mencionado, haverá
uma unidade de gerenciamento local - UGL, que se encarregará da coordenação e
acompanhamento geral das suas ações, das prestações de contas e do relacionamento
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
151
com o organismo financiador, e também com uma UGP – Unidade de Gerenciamento do
Programa, responsável por acompanhar de forma mais abrangente todas as ações e
resultados do Programa, possibilitando uma análise integrada dos avanços físico-
financeiros e dos resultados do Programa Mananciais. A UGP atuará tanto como
executora das ações sob responsabilidade da SSE como também na condição de
coordenadora das ações, conforme ora enunciado.
Cada uma das UGLs e também a UGP – esta última na qualidade de coordenadora
executiva das ações sob responsabilidade da SSE – terão um Sistema de Gestão Sócio-
Ambiental – SGSA destinado a gerenciar todas as ações sócio-ambientais do Programa
Mananciais, com vistas ao atendimento da legislação ambiental, das diretrizes e
salvaguardas do Banco Mundial e, essencialmente, dos compromissos assumidos por
cada executor no cumprimento e implementação das medidas mitigadoras e atenuadoras
dos impactos ambientais identificados. Estes SGSAs de cada executor estarão
integrados a um Sistema de Gestão do Programa, composto por:
(iv) Coordenação Técnico-Sócio-Ambiental, responsável pela coordenação das
ações técnicas e socioambientais por parte dos executores e
acompanhamento do processo de licenciamento ambiental, verificando,
também, o atendimento das diretrizes e salvaguardas do BIRD;
(v) Unidades Executivas, vinculadas a cada executor, responsáveis pela
implementação do PGA e pelo atendimento às normas de licenciamento,
diretrizes e salvaguardas ambientais;
(vi) Supervisão Ambiental de Obras, à qual caberá a fiscalização,
acompanhamento e orientação das ações ambientais, em estrita atenção ao
que dispõe o PGA e o Manual Ambiental de Construção, apresentado no
Anexo VIII deste RAA. À Supervisão Ambiental cumpre, também, preparar e
apresentar relatórios mensais a serem submetidos aos executores e ao BIRD
via UGP, efetuando, ainda, o planejamento ambiental das ações, com
periodicidade quinzenal.
A Figura 7.01 seguinte demonstra, na forma de um fluxograma, as diversas ações e
responsabilidades institucionais no âmbito do Sistema de Gestão Ambiental, incluindo-se
as atribuições relativas ao licenciamento ambiental e à implementação e gestão do PGA.
Na Figura 7.02 seguinte, apresenta-se um esquema das ações de remoção e
reassentamento do Programa Mananciais, segundo a lógica das responsabilidades
institucionais, considerando as fases de licenciamento ambiental desse tipo de
intervenção e o envolvimento dos diversos atores em cada etapa dessas ações.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
152
Figura 7.01. Ações e Responsabilidades Institucionais - SGA
O Sistema de Gestão Ambiental, aplicável aos PGAs de cada executor, deverá se
configurar como um instrumento de gerenciamento ambiental, dotado dos processos e
procedimentos gerenciais e administrativos necessários para a execução dos programas
ambientais estabelecidos, de tal forma a possibilitar a correta implantação, operação e
controle/fiscalização daquelas atividades previstas em cada programa, componente, etc.
Da mesma forma que no caso dos executores, o SGA do Programa Mananciais, como
um todo, conterá os mesmos processos e procedimentos gerenciais, aplicáveis ao
conjunto dos PGAs dos executores, no sentido de verificar o andamento global do avanço
e dos resultados de implementação das medidas mitigadoras e compensatórias previstas
em cada um dos PGAs.
Assim, o SGA do Programa, a ser coordenado pela UGP, deve ser entendido de um
modo mais amplo e abrangente, constituindo-se numa ferramenta essencial para o
acompanhamento de todos os PGAs, através da identificação e controle dos aspectos
ambientais significativos e garantindo o cumprimento dos requisitos legais, metas e
Elaboração dos Estudos de Concepção e Projetos de
Engenharia
UGP/SSE UGL/SMA UGL/CDHU
UGL/SABESP UGL/PMSBC
UGL/PMG UGL/PMSP
Licenciamento Ambiental (RAP)
SMA DAIA DUSM DEPRN
Ações fora do Município de SP
Ações no Município de SP
PMSP CADES DECONT DEPAV
Execução das Intervenções
Acompanhamento das Intervenções / Benefícios
Comunidades Locais Beneficiários
Controle Social Lideranças (Associações, etc.) ONGs Comitê Alto Tietê Sub-Comitês de Bacia
Implantação / Supervisão Ambiental / Gestão do PGA
Operação, Manutenção e Sustentabilidade das Intervenções
GESP ( SSE, CDHU e SMA); Secretaria Justiça; DAEE; SABESP; PMSBC; PMG; Comitês e Sub-comitês de Bacia; Oscips; Associação de Moradores; Liderança Locais; Defesa Civil
Monitoramento Comitês e Sub-comitês de Bacia SMA/Cestesb Sabesp
SUPERVISÃO UGP
Supervisão Ambiental
Obras
Fornece Relatórios Mensais e
Planos Quinzenais
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
153
diretrizes do BIRD, que são aplicáveis aos empreendimentos os quais exige-se ou não o
licenciamento ambiental.
Figura 7.02. Responsabilidades Institucionais no Âmbito das Ações de Remoção e Reassentamento no Programa Mananciais
Levantamento da forma de organização da população na área a ser urbanizada
CDHU / Prefeitura
Informação da população sobre a importância e do
Projeto, impactos e
Preparação da população para o cadastramento
CDHU / Prefeitura
Lideranças Locais Associações Comunitárias
Apresentação das alternativas de intervenção
e discussão do projeto
CDHU / Prefeitura
Elaboração dos Projetos de Urbanização de Favelas e
Recuperação de Loteamentos CDHU / Prefeitura
Elaboração do Plano de Reassentamento
CDHU / Prefeitura
Licenciamento
SMA / GRAPROHAB
Participação Comunitária Manifestações por Escrito
Consultas/ Audiências Públicas
Planejamento da Remoção e Transferência
das Famílias Notificação das Familias
Implantação do Projeto
CDHU / Prefeitura
Apresentação de alternativas de
atendimento habitacional Criação de Comissão
para Acompanhamento
Identificação de grupos de vizinhança
Arrolamento e habilitação das famílias a serem
reassentadas
Preparação da população para as obras e para as
remoções Plantões semanais para
atendimento da população afetada
Execução das Obras e Remoções
Acompanhamento das famílias durante a
mudança Recepção das famílias no
novo conjunto habitacional
Supervisão de Obras
UGLs
Acompanhamento Geral
UGP
Acompanhamento Pós- Obra (Pesquisas de
Satisfação, Educação Ambiental, etc.) CDHU
Reuniões Palestras Eventos Entrevistas Questionários etc.
CDHU / Prefeitura
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
154
______________________________________________
8. RESULTADOS DAS CONSULTAS PÚBLICAS
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
155
8. RESULTADOS DAS CONSULTAS PÚBLICAS
8.1. Fase de Preparação do Programa
As Salvaguardas ambientais do BIRD (OP 4.01), com relação às consultas públicas,
definem que nos projetos de Categoria A deverá haver um processo de consulta aos
grupos afetados pelo projeto e ONGs acerca dos aspectos ambientais relevantes,
levando em consideração as suas opiniões.
Com base nessa premissa e também nas diretrizes da legislação brasileira e estadual, o
processo de preparação do Programa Mananciais contemplou uma série de consultas
públicas realizadas, respectivamente, nos sub-comitês Billings-Tamanduateí, Cotia-
Guarapiranga, Alto Tietê-Cabeceiras e Juqueri-Cantareira, durante o período de janeiro
de 2004 e dezembro de 2006, todas abertas ao público.
As reuniões tiveram por objetivo apresentar e debater as idéias e propostas para a
estruturação dos componentes do Programa, informando o público em geral sobre a
necessidade de realização dos estudos ambientais do Programa Mananciais, destacando
as implicações e impactos das intervenções previstas sobre as áreas de mananciais e,
com efeito, sobre todo o espaço regional. As apresentações também objetivaram
identificar demandas e condicionantes por parte dos executores e da sociedade em geral
para a viabilidade e priorização do conjunto de intervenções, buscando-se ouvir as
opiniões e comentários do público com relação ao processo de preparação do programa
e de sua avaliação ambiental.
Assim, para a discussão dos Termos de Referência e para a apresentação do Programa
Mananciais, durante a sua fase de preparação, foram realizados vários eventos,
coordenados pela UGP – Unidade de Gerenciamento do Programa Mananciais.
A seguir, apresentam-se as informações do evento realizado em 31 de julho de 2006, no
Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, em Santo André, constando os dados
principais, as datas e a relação de participantes, além de fotos do local. Em anexo, é
apresentada a ATA da referida reunião.
- Reunião Realizada em 31/ 07/ 2006
Local: Consórcio Intermunicipal do Grande ABC - Santo André - SP
Horário: 18:00 hs.
Participantes:
Sr. Ricardo Araújo – UGP Programa Mananciais
Sr. Dirceu Yamazaki – UGP Programa Mananciais
Sra. Márcia Nascimento - SMA
Sr. Eduardo Raccioppi – Entidade Aruanda Ambiente
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
156
Sr. Soares– Segmento Sociedade Civil
Sr. Flávio Souto Casarini Jr. - SEMASA – Município de Santo André
Sr. Luis Palini Jr. – SAAE Representante do Município de Guarulhos
Sr. Jorge K. Massoyama- SANED representante do Município de Diadema
Sra. Nerci- Coordenadora da SABESP - Programa Guarapiranga
Sra. Maria Tereza Diniz – Representante da P.M.S.P/SEHAB
Sra. Sonia Lima - representante da P.M de S. Bernardo do Campo
Sra. Mariza Prota- Representante SABESP – Secretária Executiva do Subcomitê Cotia-
Guarapiranga
Entidades da Sociedade Civil Organizada, Lideranças locais, Associações Civis e
Ouvintes.
Tema: Apresentação do Conteúdo e da Estratégia de Preparação do Programa de
Saneamento Ambiental dos Mananciais do Alto Tietê.
Na fase mais recente de preparação do Programa, após a conclusão do Relatório
Ambiental (RAA), do Marco de Reassentamento e do Relatório de Impacto Social,
também foram efetuadas consultas públicas com o propósito de apresentar e discutir tais
documentos junto aos diversos atores e agentes intervenientes das sub-bacias
abrangidas pelo Programa Mananciais. Foram dois encontros, realizados no dia 04 de
junho de 2007, nos sub-comitês Cotia-Guarapiranga e Billings Tamanduateí,
respectivamente, contando com a participação de vários segmentos de órgãos públicos,
iniciativa privada e sociedade civil organizada, entre eles, as representantes das próprias
comunidades que serão beneficiadas com as intervenções do Programa.
A seguir apresenta-se uma síntese das principais informações, questionamentos e
comentários realizados durante esses eventos, de modo que os registros fotográficos,
listas de participantes e demais documentos comprobatórios das consultas encontram-se
no Anexo VIII do presente documento.
Vale ressaltar que os dois eventos também foram registrados integralmente por meio de
gravação em áudio e vídeo, cujo material está disponível na Sede da Secretaria de
Saneamento e Energia – SSE. A taquigrafia das reuniões, conforme informação das
respectivas Secretarias Executivas dos dois sub-comitês, constarão de Ata específica, a
ser consolidada nas próximas semanas, as quais serão repassadas para a UGP/SSE.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
157
- Reunião Sub-Comitê Cotia-Guarapiranga
Data: 04/06/07
Horário: 14:00 h
Local: Sede da Universidade UNISA - Município de Itapecerica da Serra
Lista de Participantes: Anexa, incluindo-se órgãos públicos, entidades da sociedade civil
Organizada, Lideranças locais, Associações Civis e Ouvintes.
Tema: Apresentação do Programa de Saneamento Ambiental dos Mananciais do Alto
Tietê e dos Relatórios Ambientais entregue ao BIRD na fase de Preparação do
Programa.
Principais Intervenções:
As principais questões levantadas durante a reunião dizem respeito, basicamente, às
questões de implantação de infra-estrutura e aspectos relacionados ao processo de
regularização das ocupações, sobretudo daquelas áreas já urbanizadas no Programa
Guarapiranga. As transcrições aqui efetuadas baseiam-se nas anotações efetuadas
durante o evento, cujo conteúdo integral constará das respectivas Atas as quais conterão
a taquigrafia do evento.
Primeira Intervenção:
Um primeiro questionamento referiu-se à ausência de interligação dos sistemas de
esgotamento sanitário do município de Embu à ETE Barueri, de modo a acusar, ainda,
impactos ambientais decorrentes desse aspecto.
Esclarecimentos:
O Sr. Ricardo Araújo, da UGP/SSE, esclareceu – com o apoio de informações da equipe
da Sabesp, presente no evento – que parte dos esgotos já está sendo exportada, de
modo que a Sabesp está executando intervenções para completar o sistema de
esgotamento na região, estimando-se que até meados de 2008 tal sistema esteja
concluído.
Segunda Intervenção:
O vice-presidente do Sub-Comitê da bacia hidrográfica do Cotia-Guarapiranga, Sr. Nei,
questionou sobre a efetividade de aplicação da lei específica do Guarapiranga, sobretudo
discorrendo sobre as dificuldades de se regularizarem as ocupações e áreas já
urbanizadas no âmbito do Programa Guarapiranga.
Esclarecimentos:
O Sr. Ricardo Araújo esclareceu, primeiramente, que o atendimento das demandas
sociais, no âmbito do Programa, deverá ser bastante ampliado com a atual possibilidade
de incremento dos recursos da CDHU para investimentos em provisão de unidades
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
158
habitacionais, a qual, somadas às ações de urbanização, deverão contribuir para a
melhoria das condições sociais e urbanas. Do ponto de vista da lei específica, o Sr.
Ricardo foi amparado por explicações da representante da Secretaria Estadual de Meio
Ambiente que discorreu sobre os principais elementos da Lei Específica e do seu recente
regulamento com relação às condicionantes para a regularização fundiária, destacando o
PRIS - Programas de Recuperação de Interesse Social e o fato de que seriam
regularizáveis - através dos PRIS - os assentamentos demarcados como ZEIS,
comprovadamente implantados até a data da promulgação da lei, neste caso, janeiro de
2006. Além disso, segundo o artigo 34 da lei, a regularização somente poderá ser
efetuada após dois anos do término da implantação, “condicionada à comprovação de
que as condições de saneamento ambiental estabelecidas pelo respectivo PRIS”.
Também houve esclarecimentos acerca dos recentes dispositivos legais que contribuirão
para o processo de regularização das ocupações, com destaque para a Emenda da
Constituição Estadual n° 23, sancionada em 31.01.2007, que prevê em seu art. 1º uma
nova redação ao inciso VII, abrindo novas possibilidade de áreas verdes ou institucionais
de loteamentos terem sua destinação e objetivos alterados, isto é, desafetados.
Após novas intervenções sobre a questão da efetividade das ações implementadas no
Programa Guarapiranga, o Sr. Ricardo lembrou daquelas intervenções de melhorias dos
aterros dos municípios de Itapecerica da Serra e Embu, destacando as condições de
operação deste último.
- Reunião Sub-Comitê Billings - Tamanduateí
Data: 04/06/07
Horário: 18:00 h
Local: Consórcio Intermunicipal do Grande ABC - Santo André - SP
Lista de Participantes: Anexa, incluindo-se órgãos públicos, entidades da sociedade civil
Organizada, Lideranças locais, Associações Civis e Ouvintes
Tema: Apresentação do Programa de Saneamento Ambiental dos Mananciais do Alto
Tietê e dos Relatórios Ambientais entregue ao BIRD na fase de Preparação do
Programa.
Principais Intervenções:
Os principais comentários efetuados no âmbito deste evento dizem respeito,
principalmente, à necessidade de maior debate e participação dos municípios que não
são Tomadores de empréstimos, tais como Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, entre
outros. Outras questões também enfocaram a necessidade de uma leitura/ênfase do
Programa acerca de aspectos sociais. Da mesma forma que no evento antecedente, os
comentários transcritos a seguir baseiam-se em anotações, cujo conteúdo integral
constará das respectivas Atas taquigrafadas.
PROGRAMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DOS MANANCIAIS DO ALTO TIETÊ
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
159
Primeira Intervenção:
Foi observada a importância dos municípios de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra
participarem do Programa Mananciais, uma vez que a ausência de investimentos
destinados a tais municípios poderia prejudicar a obtenção de resultados e melhorias
para a bacia Billings como um todo. Também houve questionamentos sobre a não
previsão de recursos e habitações por parte da CDHU nestes municípios, o que seria
bastante desejável e necessário ante as demandas existentes e verificadas.
Esclarecimentos:
O Sr. Ricardo Araújo, da UGP/SSE esclareceu que o orçamento de cerca de R$ 60
milhões da CDHU – previsto no Programa Mananciais - não é suficiente para dar conta
do atendimento de toda a demanda para remoção e reassentamento de famílias em
todas as sub-bacias da RMSP. Porém, com a perspectiva de ampliação do aporte de
investimentos da CDHU, para cerca de 300 milhões, por certo, haverá discussão com as
prefeituras para definição do atendimento das demandas.
Segunda Intervenção:
Foram feitos comentários concernentes à necessidade de uma abordagem mais “social”
para o Programa Mananciais, discorrendo-se sobre a importância de valorização de
ações não estruturais e de apoio às comunidades locais. Foi questionado sobre qual o
montante de recursos destinada a tais ações e como essa abordagem poderia ser
fortalecida no Programa.
Esclarecimentos:
O Sr. Ricardo Araújo da UGP/SSE, embora não tivesse o valor exato para ser informado
neste momento, lembrou que fará um levantamento e disponibilizará tais informações.
Porém destacou que o Programa admite, pelo menos, três grandes grupos de
intervenção que têm conotação fortemente social, quais sejam: (i) primeiramente, o
Programa – diferentemente dos programas anteriores - terá um componente inédito: a
implantação de um Centro de Integração da Cidadania, a ser implantado no Grajaú (uma
espécie de poupa tempo do judiciário), onde a comunidade terá a disposição vários tipos
de serviços públicos gratuitos, além de espaços para a promoção do lazer, cultura e
desenvolvimento institucional.
Outra questão que o Programa destaca são as ações de apoio a entidades da sociedade
civil organizada para a execução de projetos de interesse ambiental e social para o
desenvolvimento e proteção das sub-bacias abrangidas. O Programa, conforme se
destacou, não repassará – simplesmente – recursos a tais entidades, mas sim dará apoio
à implementação de projetos factíveis e bastante aderentes aos objetivos de recuperação
da bacia. Essa seleção de projetos, por isso, será efetuada por meio de concurso
públicos, concentrando os investimentos naquelas ações com maior eficiência ambiental
e social.
Um terceiro grupo de intervenções diz respeito à implantação de áreas de recreação e
lazer dentro de favelas e loteamentos irregulares, de modo a ampliar as oportunidades de
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convívio social e lazer na comunidade. Além disso, o Sr. Ricardo destacou que
moradores do entorno também utilizam estas áreas.
Além desses três grupos, outras ações são previstas e o Programa também está aberto
para novas proposições que possam surgir. Há, também, idéias de se gastar pouco
dinheiro público e captar dinheiro privado para tais intervenções.
Terceira Intervenção:
Foi destacada a importância do Projeto Orla do Guarapiranga, cujas intervenções
valorizam a ocupação das margens do reservatório e das APPs. Também destacou o fato
do Programa objetivar a manutenção da qualidade da água e a sua importância para a
bacia BIllings.
Quarta Intervenção:
Foi observado, pela Sra. Loide Cruz, da PMSP (uma das responsáveis pela elaboração
do Projeto Orla do Guarapiranga, por parte da Sub-Prefeitura do Socorro) que o Projeto
Orla – dada a sua importância e abrangência na melhoria da qualidade ambienta e de
vida – poderia ser estendido a todos os municípios da Billings, lançando-se um desafio
para a integração dos entes municipais para a sua discussão.
Esclarecimentos:
O Sr. Ricardo Araújo da UGP/SSE concordou com a terceira e quarta intervenções,
destacando que o Projeto Orla é uma inovação e poderia ser realmente estendido.
Quinta Intervenção:
O Sr. Secretário de Habitação e Meio Ambiente do Município de São Bernardo do
Campo, Sr. Ademir Silvestre, levantou dois aspectos importantes: (i) o fato dos
municípios de Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra participarem ativamente do
Programa, ainda que se considerem as restrições na capacidade de endividamento e
pagamento deste, ou seja, analisando as situações onde o Estado precisaria tutelar. (ii)
destacou a importância da questão de fiscalização, citando o exemplo da transferência de
50 famílias oriundas de Mairiporã para São Bernardo do Campo, com problema na
fiscalização municipal. Nesse sentido, destacou que em São Bernardo do Campo há
regiões com boa infra-estrutura e, nestas áreas, é que se deve contar com programas de
ocupação e não buscar espaços vagos ou áreas/loteamentos novos. Nesse sentido,
ainda, valorizou ações de verticalização em áreas de mananciais.
Esclarecimentos:
O Sr. Ricardo Araújo da UGP/SSE ressaltou, novamente, a ampliação dos investimentos
da CDHU em unidades habitacionais como fator para a ampliação das discussões com
os demais municípios, ressaltando que as famílias serão relocadas para áreas próximas,
preferencialmente dentro das APRMs. Destacou a dificuldade para aquisição de terrenos
por causa dos preços elevados e, também, mencionou que a verticalização seria
discutível, pois nos casos de Conjuntos Habitacionais verticais implantados no Programa
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Guarapiranga, houve certa dificuldade com relação a taxas de condomínio, manutenção
de áreas comuns, etc., motivando o retorno de famílias às favelas ou a insatisfação de
parte dos beneficiários.
8.2. Fase de Implementação do Programa
Tanto as políticas ambientais vigentes quanto as salvaguardas do BIRD estabelecem a
necessidade de envolver e comunicar a sociedade e os grupos de interesse ao longo de
toda a execução do Programa, informando sobre os resultados e avanços do processo e,
conforme o caso, resolverem-se questões que afetem a qualidade ambiental e de vida da
população.
Essa participação propicia, inclusive, a correção de distorções ou mesmo a revisão metas
e objetivos estabelecidos para o Programa, possibilitando que ajustes sejam feitos em
prol da melhoria da qualidade da água, dos padrões urbanos e de ocupação das áreas de
mananciais, de inclusão social e promoção da cidadania e melhoria da qualidade de vida
em geral.
Nesse sentido, a UGP e as UGLs de cada executor implementarão um sistema de
comunicação e de consultas públicas que contemplará as seguintes atividades:
Participação regular nas reuniões ordinárias dos respectivos sub-comitês de bacia
hidrográfica e no Comitê de Bacia do Alto Tietê, ou nas reuniões extraordinárias
quando os temas relacionarem-se ao planejamento, execução e resultados do
Programa Mananciais;
Criação de espaço de comunicação para acesso da população e dos demais
interessados aos documentos públicos do Programa, entre eles os próprios
relatórios ambientais, marcos e planos de reassentamento, relatório de impacto
social, relatórios de andamento e de progresso, etc.. Esse espaço poderá ser um
site específico da própria UGL/UGP, boletins informativos, etc., cuidando que
acolher as sugestões, comentários e opiniões destes interessados;
Realização de seminários anuais de avaliação do Programa, cuja atividade,
inclusive, está incluída no rol de ações da SSE – Secretaria Estadual de
Saneamento e Energia no âmbito do Programa Mananciais. Estes Seminários têm
como principal objetivo demonstrar e discutir os resultados e avanços do
Programa acerca dos objetivos de melhoria da qualidade ambiental e das águas
dos mananciais metropolitanos e de melhoria dos padrões urbanos e da qualidade
de vida da população, abrindo aos diversos agentes públicos, privados e da
comunidade a oportunidade de manifestarem-se sobre tais questões;
Através do espaço de comunicação a ser criado (website, etc.) e, também, nos diversos
eventos pertinentes ao Programa (como no caso dos Seminários), a UGP e as UGLs
fornecerão – com a devida antecedência - materiais e documentos que apóiem a
discussão e qualifiquem o envolvimento desses atores, incluindo-se folders, cartazes,
cópias de relatórios, releases, etc., disponibilizando-os, também, no formato digital.
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______________________________________________
9. FICHA TÉCNICA
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9. FICHA TÉCNICA
- Elaboração do Relatório de Avaliação Ambiental
Alceu Guerios Bittencourt
Nelson Nucci
Antonio Carlos Matos
Edgard Jordão Tonso
Luis Eduardo G. Grisotto
Maria Helena Queiroz Lobo
Luciana Pena
Fabiana Konig Fernandes
Gustavo Adolfo Piagentini Marques
- Supervisão da Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo
Ricardo Guilherme Araújo
Dirceu Rioji Yamazaki
Amauri Pollachi
Regina Bragança
- Supervisão do Banco Mundial
Paula Pini - Washington (EUA)
Alexandre Fortes – Brasília (Brasil)
Francisco Lobato (Brasil)
- Assessoria Técnica e Gerencial de Preparação do Programa
Consórcio COBRAPE / CNEC / JNS
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ANEXOS
Anexo 1 - Anexo Ambiental – SSE
Anexo 2 - Anexo Ambiental – SMA
Anexo 3 - Anexo Ambiental – CDHU
Anexo 4 - Anexo Ambiental – SABESP
Anexo 5 - Anexo Ambiental – PMSBC
Anexo 6 - Anexo Ambiental – PMG
Anexo 7 – Consultas Públicas
Anexo 8 – Manual Ambiental de Construção
Anexo 9 – Fichas Ambientais