Relatório crítico do Conduto Forçado Álvaro Chaves
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Ministrio da Educao Fundao Universidade Federal do Pampa Campus Alegrete
Curso de Graduao em Engenharia Mecnica
Legislao, tica e exerccio profissional de Engenharia
Prof. Fladimir Santos
Relatrio Crtico Conduto Forado lvaro Chaves
Hortncia Noronha dos Santos Matrcula:122150195
Alegrete - RS Fevereiro 2014
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Ministrio da Educao Fundao Universidade Federal do Pampa Campus Alegrete
1. INTRODUO
Este relatrio tem por finalidade investigar, de forma crtica, onde houve falhas
na ruptura do Conduto Forado lvaro Chaves, a partir das Leis 5.194 e 6.496,
do Cdigo de tica, apontar as responsabilidades civil e tcnica-profissional.
Alm disso, o que possvel perceber sobre concepo, execuo, fiscalizao e
gesto da obra supracitada.
O Conduto lvaro Chaves uma grande obra de engenharia que teve incio em
2005 e trmino em 2008, na cidade de Porto Alegre, com a finalidade de reverter
o problema crnico de alagamentos, devido m drenagem da Avenida Goethe,
rua lvaro Chaves e regies prximas, e que se intensificaram com o
asfaltamento das ruas, diminuindo a infiltrao da gua e aumentando o seu
escoamento superficial. O conduto compreende 15 mil metros de redes pluviais,
passando por 35 ruas e beneficiando cerca de 120 mil pessoas.
No dia 20 de fevereiro de 2013, aps uma chuva como h mais de 90 anos no
ocorria, houve a ruptura na laje de cobertura de um trecho da galeria da Rua
Coronel Bordini.
Este trabalho ter como base o Parecer Tcnico elaborado pelo CREA/RS, que
formou uma comisso com os especialistas reconhecidos na rea da engenharia
que abrange o Conduto. O Parecer chega s concluses a partir de documentos
disponveis, relatos de domnio pblico, alm da experincia compartilhada
pelos integrantes da comisso.
2. DOCUMENTOS APRESENTADOS
Vrios documentos foram coletados pela Comisso de avaliao do Conduto
Forado lvaro Chaves, onde um deles usado como base, o Termo de
Referncia para Elaborao dos Projetos de Engenharia Necessrios para a
Implantao do Conduto Forado lvaro Chaves, sendo muito referenciado
quanto os alertas de como se estruturar o conduto e as galerias adjacentes,
usando como referncia o Estudo de Viabilidade Tcnico-Econmica das obras
de Defesa de Porto Alegre, Canoas e So Leopoldo, Contra Inundaes, de
1968. Estes dois documentos traavam alternativas de escoamento do Conduto
lvaro Chaves, apesar de que as alteraes propostas pelo ltimo documento
citado no chegaram a ser realizadas.
O Termo de Referncia usado na construo do Conduto apresenta trs etapas de
projeto, sendo que, as duas ltimas no foram realizadas Projeto Executivo e
Projeto Executivo das redes de galeria e conduo das guas pluviais ao conduto
forado. Ao longo do texto, percebe-se que, caso fossem realizadas, a ruptura do
conduto poderia ter sido evitada.
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As Anotaes de Responsabilidade Tcnicas (ARTs) referentes aos profissionais
e empresas envolvidos na construo do Conduto Forado estavam regulares,
conforme indica Lei n6496/77.
Um dos documentos entregues comisso, no possui data e tampouco
identificao, porm apresenta vrias modificaes no conduto, que podem ter
levado a ruptura do mesmo, j que foge do projeto inicial. Esta ao fere o artigo
14 e 18 da Lei n 5194/66.
3. FALHAS APONTADAS
Diversos pontos do relatrio abordam quais falhas provocaram o sinistro do
Conduto Forado lvaro Chaves.
Diversas falhas quanto rea de mecnica dos fluidos: no houve ateno com a
presso que o conduto poderia suportar; a cavitao que porventura poderia
ocorrer nas tubulaes; a perda de carga linear de acordo com a velocidade e
vazo suportada pelo conduto.
A rea abrangente do conduto era muito extensa, e os desnveis entre montante e
jusante eram evidentes, no sendo realizadas simulaes eficientes e que
aproximassem os clculos da situao real que o Conduto poderia enfrentar,
como a chuva que ocorreu, prejudicando a estrutura e o funcionamento da obra.
De acordo com o Cdigo de tica do CONFEA, o artigo 5 que diz que o
profissional so os detentores do saber especializado de suas profisses e os
sujeitos proativo do desenvolvimento, no foi cumprido, pois notvel a falta de
ateno da equipe executora do projeto. O artigo 6 diz que o objetivo e a ao
dos profissionais da rea devem ser voltados para o bem estar e
desenvolvimento do homem, algo que no ocorreu, pois, com o mau
funcionamento do conduto, vrios transtornos ocorreram para a populao.
O artigo 8 comenta sobre a eficcia profissional, que tambm no foi exercida,
pois exige que se usem tcnicas adequadas, chegando a um resultado esperado e
de qualidade, com segurana profissional e do uso da obra.
O documento citado na seo 3 deste trabalho, que no apresentava qualquer
identificao ou data, modificando a obra do esquema original, foi de
fundamental importncia para o aparecimento de falhas estruturais, culminando
no sinistro. No houve qualquer comprometimento por parte da equipe
executora quanto avaliao da modificao no projeto como um todo.
4. CONCLUSES
A comisso especial do CREA/RS apontou que houve falhas em vrios pontos,
desde a concepo da obra, em que o trabalho confuso, apresenta verses
antagnicas de projeto, sem concluso aparente para o problema levantado;
precipitao intensa, embora a chuva intensa no justifique diretamente a falha
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que ocorreu no conduto, pois o mesmo suportava um volume de gua menor
falha de projeto; elaborao do projeto; execuo, pois poderiam ter melhorado
as condies da obra com a construo de novas galerias, sendo o uso das
galerias antigas existentes, julgado como inusitado; fiscalizao, por parte dos
rgos competentes e da prpria equipe da empresa executora e gesto da obra,
onde no se notou participao em conjunto dos engenheiros responsveis, como
mostra as modificaes realizadas em certos pontos sem a conscincia do que
poderia ocorrer no conduto como um todo.
A responsabilidade tcnica-profissional dos engenheiros credenciados e
tcnicos que elaboraram e executaram o projeto.
Em geral, nota-se que no houve prtica da boa engenharia, com falhas na parte
estrutural, no concreto, na hidrulica, na parte de mecnica dos fluidos,
inobservncia no estudo de vibraes e ressonncia, problemas com cavitao,
projeto com inovao, mas no foi dada devida ateno ao que a complexidade
de uma nova estrutura, diferente da usual para condutos forados, poderia
acarretar no projeto.
de fundamental importncia observao dos erros que ocorreram no projeto
e execuo do Conduto Forado lvaro Chaves para que estes no voltem a
ocorrer. Como foi visto muitos artigos das Leis supracitadas foram ignorados ou
negligenciados, mostrando total descaso com a legislao e cdigo de tica que,
teoricamente, deveria ser seguido por todos os membros da classe, filiada ao
CREA e CONFEA.