Relatório britânico alerta para riscos da mudança climática

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Relatório britânico alerta para riscos da mudança climática Agência EFE Londres, 30 out (EFE).- A mudança climática da Terra poderá ter sobre a economia um impacto tão desastroso como teve a Grande Depressão de 1930 e ainda propiciar o surgimento de 200 milhões de refugiados, segundo um relatório do Governo britânico divulgado hoje. O documento, elaborado por Nicholas Stern, assessor econômico da Administração britânica e ex-economista do Banco Mundial (BM), pinta um quadro desalentador para o caso de a comunidade internacional não tomar medidas para solucionar o problema da mudança climática. Na apresentação do relatório - considerado o mais importante já feito a pedido do Governo trabalhista -, o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, disse que o mundo não pode se permitir perder tempo, uma vez que as perspectivas dos cientistas sobre o aquecimento da Terra são "arrasadoras" e suas conseqüências, "desastrosas". O relatório Stern, que tem 700 folhas e foi batizado em referência a seu autor, adverte que a falta de ação poderá custar o equivalente a 5% do Produto Interno Bruto (PIB) global ao ano. Além disso, poderá criar milhões de refugiados devido a secas ou inundações. Segundo o documento, a mudança climática poderá ainda afetar o acesso à água potável, a produção de alimentos, a saúde pública e o meio ambiente, e milhões de pessoas poderão passar fome. O texto também destaca que é necessário investir 1% do PIB global em medidas para conter o problema. As temperaturas globais poderão aumentar entre 2 e 3 graus centígrados nos próximos 50 anos, previsão que pode piorar ainda mais se a emissão de gases poluentes continuar aumentando e que terá conseqüências sérias principalmente nos países mais pobres. O relatório também propõe incentivos sobre o uso de novas tecnologias de baixa emissão de monóxido de carbono. Caso não seja tomada nenhuma atitude a esse respeito, adverte Stern, além de milhões de refugiados, uma em cada seis pessoas no mundo todo não terá acesso à água potável. A vida silvestre se verá prejudica e estima-se que várias espécies

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As temperaturas globais poderão aumentar entre 2 e 3 graus centígrados nos próximos 50 anos, previsão que pode piorar ainda mais se a emissão de gases poluentes continuar aumentando e que terá conseqüências sérias principalmente nos países mais pobres. Caso não seja tomada nenhuma atitude a esse respeito, adverte Stern, além de milhões de refugiados, uma em cada seis pessoas no mundo todo não terá acesso à água potável. Agência EFE

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Relatório britânico alerta para riscos da mudança climática

Agência EFE

Londres, 30 out (EFE).- A mudança climática da Terra poderá ter sobre a economia um impacto tão desastroso como teve a Grande Depressão de 1930 e ainda propiciar o surgimento de 200 milhões de refugiados, segundo um relatório do Governo britânico divulgado hoje.

O documento, elaborado por Nicholas Stern, assessor econômico da Administração britânica e ex-economista do Banco Mundial (BM), pinta um quadro desalentador para o caso de a comunidade internacional não tomar medidas para solucionar o problema da mudança climática.

Na apresentação do relatório - considerado o mais importante já feito a pedido do Governo trabalhista -, o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, disse que o mundo não pode se permitir perder tempo, uma vez que as perspectivas dos cientistas sobre o aquecimento da Terra são "arrasadoras" e suas conseqüências, "desastrosas".

O relatório Stern, que tem 700 folhas e foi batizado em referência a seu autor, adverte que a falta de ação poderá custar o equivalente a 5% do Produto Interno Bruto (PIB) global ao ano.

Além disso, poderá criar milhões de refugiados devido a secas ou inundações.

Segundo o documento, a mudança climática poderá ainda afetar o acesso à água potável, a produção de alimentos, a saúde pública e o meio ambiente, e milhões de pessoas poderão passar fome.

O texto também destaca que é necessário investir 1% do PIB global em medidas para conter o problema.

As temperaturas globais poderão aumentar entre 2 e 3 graus centígrados nos próximos 50 anos, previsão que pode piorar ainda mais se a emissão de gases poluentes continuar aumentando e que terá conseqüências sérias principalmente nos países mais pobres.

O relatório também propõe incentivos sobre o uso de novas tecnologias de baixa emissão de monóxido de carbono.

Caso não seja tomada nenhuma atitude a esse respeito, adverte Stern, além de milhões de refugiados, uma em cada seis pessoas no mundo todo não terá acesso à água potável.

A vida silvestre se verá prejudica e estima-se que várias espécies desaparecerão.

Os países mais pobres do mundo serão os primeiros e os mais prejudicados pela mudança climática, ressalta o relatório, que diz que a comunidade internacional tem a obrigação de apoiá-los.

Ao apresentar o relatório na Royal Society de Londres, Stern disse que atrasar as medidas em 10 anos levará o mundo a um "território perigoso" e que o mundo não deve "permitir que esta oportunidade seja perdida" pois "a incumbência é urgente".

Apesar de tudo, o economista ressaltou que é otimista, já que ainda há tempo para evitar o pior impacto da mudança climática, desde que todos atuem "agora e em nível internacional".

"O Governo, os negócios e os indivíduos, todos precisam trabalhar juntos para responder a este desafio. A escolha de políticas fortes e deliberadas por parte dos Governos será essencial para motivar a mudança", disse o autor do documento.

O relatório foi encomendado em julho de 2005 pelo ministro da Economia do Reino Unido, Gordon Brown,

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que contratou o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore como assessor internacional em matéria de meio ambiente.

Brown informou hoje que apresentará no Parlamento um projeto de lei determinando o comprometimento do Governo com uma redução de 60% nas emissões de dióxido de carbono até 2050.

Segundo Blair, o diálogo sobre o tema - que começou na cúpula do Grupo dos Oito (G8, os sete países mais industrializados e a Rússia) no ano passado em Gleneagles (Escócia) - foi "crucial" para o alcance de uma solução para o problema.

"Não podemos esperar os cinco anos que o Protocolo de Kyoto levou para ser negociado (para reduzir as emissões de gases de efeito estufa). Simplesmente não nos podemos dar o luxo de esperar", afirmou Blair. EFE vg mac/sc ECO:ECONOMIA,AREAS-EMPRESAS,ENERGIA-MINERACAO|