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| 28 | INCA Relatório Anual 2005 | Assistência oncológica Assistência oncológica No ano de 2005, o INCA reforçou seu papel de referência para o Ministério da Saúde no tratamento de pacientes com câncer. Também desenvolveu procedimentos pioneiros na rede pública de saúde, avaliando novas tecnologias para verificar a necessidade de sua incorporação no Sistema Único de Saúde. Além disso, reformulou seu atendimento para receber os pacientes de forma cada vez mais humanizada e servir de exemplo para os demais centros da Rede de Atenção Oncológica.

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Assistência oncológica

No ano de 2005, o INCA reforçou seu papel dereferência para o Ministério da Saúde no

tratamento de pacientes com câncer. Tambémdesenvolveu procedimentos pioneiros na redepública de saúde, avaliando novas tecnologias

para verificar a necessidade de suaincorporação no Sistema Único de Saúde.

Além disso, reformulou seu atendimento parareceber os pacientes de forma cada vez mais

humanizada e servir de exemplo para osdemais centros da Rede de Atenção Oncológica.

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As cinco unidades hospitalares do Instituto -os Hospitais do Câncer I, II, III, IV e o Centrode Transplantes de Medula Óssea - trabalha-ram com uma taxa de ocupação média de85%. Em todo o estado do Rio de Janeiro, oINCA respondeu por mais de 30% dasinternações por câncer. Além de oferecer ser-viços de confirmação de diagnóstico, avalia-ção da extensão do tumor, tratamento, reabi-litação e cuidados paliativos, o INCA aindadesenvolve nessas unidades atividades de pes-quisa clínica e formação de recursos huma-nos especializados.

O INCA também tem papel fundamental naformulação e articulação das políticas relacio-nadas ao câncer no país. Coordena, por exem-plo, a expansão da assistência oncológica noBrasil. Em 2005, sua participação resultou nolançamento da nova Política Nacional de Aten-ção Oncológica, com o objetivo de ampliar asações de prevenção e diagnóstico precoce. Con-vocado em regime de emergência pelo Ministé-rio da Saúde, o INCA assumiu a coordenaçãodos hospitais da Lagoa e Cardoso Fontes no Riode Janeiro (detalhes em Desenvolvimentoinstitucional).

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ACREDITAÇÃO HOSPITALAR

A busca pelo certificado do Consórcio Brasi-leiro de Acreditação (CBA), ligado à JointCommission on Accreditation of HealthcareOrganizations, iniciada em 2004, teve seqüên-cia no exercício seguinte e, para isso, diver-sas normas operacionais foram criadas ou re-vistas com o objetivo de organizar ainda maiso processo de atendimento. Sua finalidade émelhorar a qualidade dos cuidados oferecidosà população e oferecer um ambiente seguro paraquem trabalha e circula pelos hospitais.

Em 2005, todas as cinco unidades hospitala-res do INCA foram visitadas e, pela primeira

vez, avaliadas pelos técnicos do CBA. Apenas20% dos itens analisados não estavam em con-formidade com as exigências do rigoroso Con-sórcio. O manual do CBA contém 368 padrõese 1.033 elementos de mensuração. Para darandamento ao processo de acreditação, foramcriados planos de ações que incluíram a cria-ção de políticas e procedimentos para a ad-missão de pacientes e um programa de bios-segurança para os laboratórios. No Hospitaldo Câncer I (HCI), por exemplo, criou-se umarotina para internação e alta de pacientes quedefine claramente o papel dos profissionaisnesses processos.

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HUMANIZAÇÃO

O Projeto de Humanização do INCA, vinculado à Política Nacional de Humanização do Minis-tério da Saúde, também foi intensificado em 2005. Diversas foram as ações implementadas como objetivo de nortear todo trabalho desenvolvido pelos profissionais do INCA na busca pelaqualidade de vida dos pacientes e não apenas a ausência da doença. No Hospital do Câncer IV,por exemplo, vários setores foram reformulados com intenção de adaptar a unidade aos pa-drões de um hospital exclusivamente voltado aos Cuidados Paliativos. A Seção de Radioterapiado HC I também ganhou uma nova sala de espera especialmente preparada para os pacientesinfantis. Outra ação importante foi a realização da oficina de trabalho “Como comunicar-secom o paciente em situações difíceis”, tendo como finalidade auxiliar os médicos na questãocom que se deparam diariamente.

INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA

O pioneirismo do Instituto Nacional de Cân-cer nas ações de controle do câncer foi maisuma vez evidenciado em 2005. Neste ano, oINCA realizou um procedimento inédito narede pública de saúde do país: a radiocirurgiaestereotática – que é a aplicação de dose altade radiação apenas em um determinado pon-to, sem comprometer tecidos saudáveis. Tam-bém se destaca a primeira videomediastinos-copia do estado do Rio de Janeiro. A técnicapermite avaliar com precisão o grau de evo-lução de um câncer de pulmão de forma me-nos invasiva e com muito mais rapidez. Umequipamento transmite as imagens do pulmãopara um monitor de vídeo-cirurgia, permitin-do a visualização do procedimento não sópelo cirurgião, mas por todos os presentes nasala, o que facilita o treinamento dos residen-tes do Instituto.

OTIMIZAÇÃO DO ATENDIMENTO

No Hospital do Câncer II (HCII), voltado parao tratamento de adultos matriculados nos Ser-viços de Ginecologia e Oncologia Clínica, oatendimento ambulatorial foi reformuladocom a divisão da recepção de pacientes já ma-triculadas na unidade da de pacientes recebi-das pela primeira vez. Merece registro tam-bém a reforma no centro de esterilização,onde foram instaladas duas autoclaves, má-

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quinas de esterilização a vapor e um esteri-lizador de peróxido de hidrogênio, que per-mitirá uma economia de recursos e a reduçãodo trabalho de manutenção. O HC II tambémrecebeu um novo aparelho responsável pelofornecimento de ar comprimido de alta pure-za para uso medicinal. O equipamento ali-mentará e proporcionará um melhor funcio-namento dos ventiladores pulmonares de todoo hospital, essenciais à respiração artificial dealguns pacientes internados no Centro de Tra-tamento de Terapia Intensiva (CTI).

Já o Hospital do Câncer III ampliou seu qua-dro de nutricionistas em 2005, tornando pos-sível atender a todas as pacientes submetidasao tratamento de quimioterapia neoadjuvante,além de aumentar a atividade de avaliaçãopsicológica. Nessa unidade também foi insta-

lado um posto avançado do Hospital do Cân-cer IV (HC IV) para avaliação das pacientesencaminhadas para cuidados paliativos.

Para melhoria da qualidade do tratamento dospacientes no Hospital do Câncer IV foi inau-gurada a primeira farmácia de manipulaçãodo INCA. O novo setor atende a maioria dospacientes da unidade e tem entre seus objeti-vos suprir a necessidade de aquisição de me-dicamentos fundamentais para o controle desintomas de pacientes com câncer avançado.Além da economia significativa no custo, amanipulação de medicamentos ajudará nocontrole dos sintomas, pois o tempo para aqui-sição do medicamento manipulado em outrasfarmácias era alto (tabela). Também foi insta-lado um ambulatório de acupuntura que aten-de tanto a pacientes quanto a funcionários.

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O novo setor atende a maioriados pacientes da unidade e tem

entre seus objetivos suprir anecessidade de aquisição de

medicamentos, fundamentais parao controle de sintomas de

pacientes com câncer avançado.

CERTIFICAÇÃO

Comprovando a qualidade dos serviçosoferecidos à população, o INCA recebeuimportantes certificações no ano de 2005,com destaque para a do Colégio Brasileiro deRadiologia (CBR), em relação à qualidade dasmamografias realizadas, e a da AgênciaNacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),para o Banco de Sangue de Cordão Umbilical.O Banco tornou-se o primeiro do Brasil areceber o certificado da Agência.

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TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA

Em 2005, o INCA ampliou os laboratórios doseu Centro de Transplante de Medula Óssea,o que possibilitará aumentar em 30% o nú-mero de exames de diagnóstico e de acom-panhamento de pacientes.

Um marco importante no Instituto foi a reali-zação do seu milésimo transplante de medu-la óssea. Cabe também ser mencionada a am-pliação do Registro de Doadores de MedulaÓssea (REDOME), que passou a responder pormais de 40% dos doadores para transplantesno Brasil. Em 2003, esse número era de ape-nas 11,5%. Até dezembro de 2005 foram cap-tados 174.542 doadores como resultado deuma campanha de nacional intensificação.Para aumentar ainda mais o número de ca-dastros no REDOME, o INCA firmou uma par-ceria com o grupo internacional Arcelor, quedoou mais de R$ 300 mil para a Campanha.

Outras ações da Política Nacional de Trans-plante de Medula Óssea, sob a coordena-ção do Centro de Transplante de MedulaÓssea do INCA, foram o cadastramento denovos centros para transplantes não aparen-tados de medula óssea; o desenvolvimentodos sistemas REREME e REDOME.net paracadastro de receptores de medula e de doa-dores de medula óssea, respectivamente; eo aumento do número de transplantes nãoaparentados realizados no Brasil. Foram re-alizados em 2005 no INCA 80 transplantesde medula óssea, sendo 33 alogênicos apa-rentados, 12 alogênicos não aparentados e35 autólogos; totalizando desde 1984, 1026transplantes realizados.

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* Não houve qualquer intervenção como fechamento de matrí-

culas ou suspensão de triagem que justifique a queda no núme-

ro de matriculas novas entre 2004 e 2005. Ao contrário, o crité-

rio atual do INCA, para abertura de matrículas, é mais inclusivo

do que foi no passado.

** Em relação aos indicadores TO e o TMP, os resultados estão

dentro das metas previstas e dos padrões preconizados.

*** O pequeno aumento observado na taxa de suspensão de

cirurgias, pode ter como principal causa, o aumento no nú-

mero de cirurgias de maior complexidade, sem o respectivo

aumento no nº de leitos de terapia intensiva necessários para

o suporte pós-operatório.

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PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS MÉDICO-HOSPITALARES AO SUS

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EXPANSÃO DA ASSISTÊNCIA ONCOLÓGICA NO BRASIL – PROJETO EXPANDE

Uma das atribuições do INCA é a reorganização da assistência oncológica no Brasil. O ProjetoExpande foi lançado, em 2000, pelo Ministério da Saúde com o objetivo de aumentar a capaci-dade instalada da rede de serviços oncológicos do Sistema Único de Saúde (SUS). Por intermé-dio da implantação de Unidades e Centros de Alta Complexidade em Oncologia (CACON), ospacientes começaram a ter acesso à assistência integral. Hoje, a expansão está orientada a partirda estimativa de casos novos de câncer, publicada pelo INCA, possibilitando planejar e progra-mar o crescimento da oferta de serviços de acordo com a necessidade. Para cada mil casosnovos registrados em determinada região, prevê-se a instalação de uma dessas unidades. Olevantamento para a implantação prioriza áreas localizadas no interior do Brasil ou com baixacobertura em radioterapia. Ao mesmo tempo em que amplia o atendimento à população, essaimplantação descentralizada contribui para a capacitação de profissionais.

Desde o lançamento do Projeto já foram instalados cinco centros em todo o país e já háoutros cinco em processo de implantação. Em 2005, iniciou-se a implantação de um novoCACON no estado do Pará, no município de Santarém, e a assinatura dos Protocolos deMútua Cooperação nas cidades de Tucuruí (PA) e São Luiz (MA). Para o período de 2004-2007 foi programada a implantação de pelo menos oito CACON nos estados do Maranhão(2), Rondônia, Goiás, Pará (2). Durante o ano de 2005 também foram adquiridos váriosnovos equipamentos para os Centros já em funcionamento.

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SUBSÍDIOS TÉCNICOS PARA O CON-TROLE, AVALIAÇÃO E REGULAÇÃOEM ONCOLOGIA

O INCA atua na avaliação e controle emOncologia, com a finalidade de contribuirpara a melhoria da qualidade na prestaçãode serviços oncológicos ao SUS. O Institutotrabalha em conjunto com a CoordenaçãoGeral de Sistemas de Alta Complexidade/DESRA/SAS/MS para a estruturação do sis-tema, por meio da análise processual e devistorias locais, para cadastramento no SUS.Papel idêntico o INCA também faz junto aoSistema Nacional de Transplantes/DESRA/SAS/MS. E, com a Coordenação Geral do SIAe SIH/DECAS/SAS/MS, o Instituto participa

da avaliação da prestação propriamentedita dos serviços oncológicos prestadosnas unidades cadastradas, quando solici-tados pareceres técnicos pelos gestores es-taduais ou municipais do SUS.

Também deve ser apontada a participa-ção do INCA como consultor e recep-tor na Central Nacional de Regulaçãode Alta Complexidade (CNRAC), doMinistério da Saúde, que amplia a as-sistência de alta complexidade e de altocusto, organizando o fluxo e encami-nhando os doentes que necessitam dessaassistência, por residirem em estados ondeela é insuficiente ou ainda inexistente.Abaixo, os dados de 2005

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PROGRAMA DE QUALIDADE EMRADIOTERAPIA – PQRT

Criado em 1999, o PQRT tem como objetivoestimular e promover condições que permitamàs instituições participantes a aplicação da radi-oterapia com qualidade e eficiência bem comoa capacitação de profissionais na área. Inicial-mente previsto para ser concluído até 2002, oPQRT continuou a ser desenvolvido e atualmen-te sua meta é atender a todas as instituições pres-tadoras de assistência no âmbito do SUS quepossuam serviços de radioterapia.

Em 2005, o sistema postal de avaliação da qua-lidade, inédito na América Latina, foi envia-do para a Argentina, Chile, Cuba, Uruguai eVenezuela, onde foram avaliados 23 feixes defótons de 14 instituições. Além disso, umanova página na internet passou a disponibilizarinformações para profissionais da área. O INCAtambém obteve em 2005 um patrocínio deUS$300 mil da Agência Internacional de Ener-gia Atômica, para desenvolvimento e imple-mentação de um programa de controle dequalidade em IMRT – radioterapia com inten-sidade modulada.

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