Relatório Anual 2011 -...

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Relatório Anual 2011

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Relatório Anual 2011

Por dentro daActionAid Brasil

Quem somosA ActionAid é uma organizaçãointernacional sem fins lucrativos, com40 anos de atuação no combate à pobrezano mundo. Estamos presentes em 43países na África, Ásia, Américas, Oceaniae Europa. No Brasil atuamos desde 1999,com sede no Rio de Janeiro e, a partir de2011, com um novo escritório em Recife,Pernambuco. Temos 1.800 funcionáriosno mundo, 49 deles atuando no Brasil.Somos dirigidos por um Conselho e umaAssembleia com representação de diversossetores da sociedade.

Como trabalhamosAcreditamos que a pobreza é a negaçãode direitos básicos e que as pessoasque vivem essa situação se encontramem relações de poder injustas e desiguaisque perpetuam esse ciclo. Empoderamento,solidariedade e campanha são as formascom as quais a ActionAid trabalha paraa conquista dos direitos e a superaçãoda pobreza. Assim, desenvolvemoscapacidades e criamos oportunidades paraas pessoas pobres exercerem seu potenciale poder para mudar. Estimulamosa solidariedade da sociedade em apoioa essa mudança. Realizamos campanhasde mobilização pública para pressionaros que têm o poder de decisão,como governos e outras instâncias,a implementarem políticas em sintoniacom as necessidades das pessoas pobres.

Onde estamosA ActionAid atua em 13 estados brasileirosnas Regiões Norte, Nordeste e Sudeste,em parceria com organizações e movimentossociais que representam mulheres, agricultoresfamiliares, agricultores sem terra, quebradeirasde coco babaçu, quilombolas, pescadores,moradores de periferia urbana e favelas.Atingimos mais de 300 mil pessoas em cercade 1.300 comunidades em todo o Brasil.

MissãoTrabalhamos junto com as pessoas pobrese excluídas para acabar com a pobrezae as injustiças.

VisãoQueremos um mundo sem pobrezae injustiças, onde cada pessoa desfruteo direito de ter uma vida digna.

ValoresRespeito mútuo

Equidade e Justiça

Honestidade e Transparência

Solidariedade com as pessoas pobres

Independência de qualquer filiação religiosaou político-partidária

Coragem e Convicção

Humildade

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Carta doCoordenadorExecutivoCaros parceiros, apoiadores e doadores,

Tenho o prazer de me apresentar a vocês como o novo Coordenadorda ActionAid Brasil.

O Brasil está passando por mudanças profundas e rápidas, e a ActionAid Brasil,também! Enquanto que a pobreza extrema diminui e a classe média cresce,o modelo de desenvolvimento baseado no agronegócio para exportação,mineração, e investimentos em infraestrutura também está gerando novasexclusões, despejos e desigualdades. Nosso país passa a ter mais influênciainternacional, desempenhando um papel significativo em ajuda externa.

Para enfrentar esse paradoxo, nosso desafio é o de fortalecer as habilidadesdas comunidades, redes e movimentos de pessoas pobres com os quaistrabalhamos para aumentar seu acesso às políticas públicas e resistirà apropriação dos recursos naturais pelas grandes corporações. Ao mesmotempo, também estamos comprometidos em criar oportunidades para quebrasileiros se engajem em atividades de solidariedade que vão desde doaçõesa envolvimento em campanhas.

Esses novos desafios exigiram uma série de mudanças internas para aumentara capacidade da ActionAid Brasil de alcançar sua missão.

Internamente, finalizamos o ano com uma nova estrutura interna de equipe, queestá em mais sintonia com nossos desafios. O Conselho Nacional foi renovado,aprimorando o conjunto de profissionais disponíveis para governar a organização.Testamos e aprovamos sistemas administrativos mais detalhados que permitemmais controle e transparência nos orçamentos. A ActionAid Brasil agora contacom 25 parcerias locais. Abrimos um novo escritório no Nordeste do Brasil paramelhorar o monitoramento das parcerias em áreas rurais.

Nossa captação de recursos também foi muito bem sucedida. Além de conquistarnovos doadores para apoiar nosso trabalho no Brasil, começamos um programade apadrinhamento no Haiti com ótimos resultados, que confirmaram o interessee potencial dos brasileiros em contribuir para outros lugares do mundo.

Esse relatório apresenta as principais conquistas e impactos do trabalhoda ActionAid Brasil em 2011. Exemplos de empoderamento, solidariedadee campanhas ilustram como as pessoas estão ganhando poder para mudar,como os cidadãos estão sendo solidários com a mudança, e como as campanhasestão conquistando as mudanças na prática. Apreciamos o esforço de toda aequipe, e o apoio contínuo dos membros do Conselho, parceiros, doadores ecidadãos que fazem possível nosso incansável trabalho para vencer a pobreza.

Atenciosamente,

Adriano Campolina

DIREITO À

Alimentação

Com a melhoria da produção, os agricultores estãoconseguindo aumentar a oferta de produtos paraatender mercados institucionais e fornecer às feirasagroecológicas realizadas nos municípios. O parceiroMST, por exemplo, conseguiu que 200 famíliasassentadas conquistassem acesso ao Programade Aquisição de Alimentos (PAA), que compra aprodução de agricultores familiares para abastecerescolas, creches e outros equipamentos públicos.Outras 400 famílias estão inscritas para virem aparticipar do PAA em 2012. Realizou-se um trabalhode sensibilização com todos os assentamentos paraesclarecer dúvidas e motivar a participação dosagricultores no PAA. O exemplo das famílias queentraram no programa mostrou que tiveram acessoseguro, justo e previsível à renda para os seusprodutos agrícolas, melhorando suas vidas.

Direito a um futurosem fome e pobrezaAs mudanças climáticas são uma preocupaçãoespecial da ActionAid por agravarem avulnerabilidade das pessoas pobres. Por isso,agimos em 2011 para aumentar a conscientizaçãoe a capacidade das pessoas de lutar pelos seusdireitos, aprimorar a habilidade da sociedade civilpara organizar, mobilizar e influenciar políticas,instituições e o governo sobre como garantir queesforços locais de enfrentamento da pobreza nãosejam perdidos ou ameaçados por decisões eescolhas que ameacem a sustentabilidade do planeta.

A defesa e promoção do direito à alimentação é umdos principais trabalhos da ActionAid para pôr fim àpobreza. Muitas são as ameaças a esse direito,sobretudo para a população pobre rural. Na novadinâmica da economia brasileira, os setoresdo agronegócio, de biocombustíveis, mineraçãoe indústrias extrativistas estão crescendo de formaagressiva e, em muitos casos, criando novasexclusões e destruindo o meio ambiente. O preçoda terra está subindo devido a novos investimentos.Os agricultores pobres não conseguem suportara pressão e acabam deixando o campo. Milhõesde famílias sem terra não estão vendo progressona reforma agrária e permanecem excluídas.

Mesmo nesse cenário difícil, a ActionAid Brasile seus parceiros conquistaram avançossignificativos em 2011.

Acesso à terra e à produçãonas comunidadesEm parceria com a organização local CAA, nonorte de Minas Gerais, conseguimos fazer com queo Tribunal Federal reconhecesse o direito do povoindígena Xakriabá à posse de três fazendas.

Continuamos a promover práticas agroecológicas,gestão dos recursos hídricos e o reforço daeconomia solidária. Sete parceiros locais foramgestores do programa de formação para aconvivência com o semiárido, especialmente naassessoria a agricultores familiares em comoconstruir cisternas de captação de água de chuvapara abastecimento humano e implantar unidadesprodutivas. Esse programa atinge 35.866 famíliaspor meio da atuação de 10 parceiros locais nasáreas mais pobres do Nordeste e do norte deMinas Gerais. O reconhecimento de suaimportância foi sinalizado pelo Ministério doDesenvolvimento Social ao renovar recursos para oseu financiamento.

A produção de alimentos também continuou a seruma prioridade do nosso trabalho. Dos 16 parceiroslocais rurais, oito já estão utilizando a agroecologiacomo a base produtiva de sua agricultura, e cincoa estão iniciando. Seguimos estimulando osprocessos de troca de experiências entre os parceirospara aumentar o conhecimento e aprendizadocoletivo com base na agroecologia, e assim ajudara que todos consigam fazer a transição para essaforma de produção livre de veneno, que gera rendae não agride o meio ambiente.

Participamos ativamente nas negociaçõesinternacionais sobre alterações climáticas, comoa Conferência do Clima COP 17, em Durban,África do Sul, onde a ActionAid Brasil fortaleceuo diálogo com os negociadores brasileirose representantes do governo, iniciando tambémdiscussões sobre a Conferência deDesenvolvimento Sustentável Rio+20, realizadano Rio de Janeiro, em junho de 2012. Apoiamoso Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticasno desenvolvimento de propostas sobre comoa pobreza, clima e vulnerabilidade estãoprofundamente relacionados e devem serconsiderados na promoção de justiça ambiental.

Preocupados em monitorar a expansão dosbiocombustíveis no Brasil e seu possível reflexonegativo sobre a segurança alimentar, o acesso àterra e a destruição do meio ambiente, realizamosalguns estudos: Cortina de fumaça: a históriaescondida por trás da produção debiocombustíveis; investimentos do BNDES nestaatividade na América Latina, particularmenteno Paraguai, na Bolívia e na Guatemala;um estudo de caso sobre o impacto da produçãode biocombustíveis na vida das mulheres ruraisde Alagoas; e uma análise de quatro experiênciasde pequenos agricultores em relação às atividadesdo Programa Nacional de Produção e uso debiodiesel. A partir deles, pretendemos contribuirpara a sensibilização e mobilização da sociedadecivil brasileira contra o risco da expansão daprodução de biocombustíveis.

CAMPANHA

AlimentAÇÃO: um Direitode TodosA campanha começou uma nova fase junto com osparceiros locais brasileiros, com foco agora emcomo as pessoas podem exigir o cumprimento deseu direito constitucional à alimentação. Por meiodo Conselho Nacional de Segurança Alimentar(CONSEA), foram distribuídos 300 mil panfletosem todos estados sobre o que significa a inclusãodo direito à alimentação na Constituição, o quecaracteriza sua violação e quais são osprocedimentos para exigir seu cumprimento. Essepanfleto facilitou a preparação da sociedade civilpara a IV Conferência Nacional sobre SegurançaAlimentar e Nutricional, em novembro. Para celebrara nomeação de José Graziano da Silva como novodireitor geral da FAO, a ActionAid e seus parceirosentregaram um prato – símbolo da campanha –a Graziano, durante reunião no CONSEA,confiando-lhe o empenho no combate à fome.

Não apostem com nossacomida!Convidamos o público brasileiro a participar de umaação online internacional pressionando os lideresmundiais das 20 economias mais fortes do mundo –o G20 – a regularem a especulação financeira comprodutos alimentícios. O foco de nossasreivindicações foi sobre a necessidade de controlara volatilidade dos preços dos alimentos, sob riscode agravamento da fome mundial. Essa campanhatrouxe 800 novos ativistas brasileiros para a nossabase de apoiadores. Contribuímos para a elaboraçãode um documento de posição da sociedade civilbrasileira que foi apresentado ao Secretário-Geralda Presidência e divulgamos o que estavaacontecendo nas negociações em tempo real peloTwitter e pelo Facebook, durante a reunião do G20.

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DIREITO À

EducaçãoO direito à educação ainda é um grande desafiono Brasil. Apesar de alguns avanços sinalizadospela UNESCO em termos de aumento dosnúmeros de alfabetização, o índice derepetência na primeira infância ainda é o maiordentre os países latino americanos, 24,5%,o que muito comumente leva ao abandonoescolar. A recente redução da oferta deestabelecimentos de ensino nas áreas ruraistambém é preocupante.

Em 2011, atuamos fortemente para garantiro acesso ao ensino nas áreas rurais brasileirase para defender uma educação inclusivae de qualidade para todos. Seiscentosrepresentantes de várias organizações, entreos quais o nosso parceiro local, o MST,se manifestaram em Brasília para exigir melhorqualidade da educação nas áreas de reformaagrária. Realizamos uma reunião com 50participantes do meio rural e alguns parceirosurbanos, que fortaleceu as ações desensibilização para uma educaçãocontextualizada para as zonas rurais,com base na agroecologia.

Continuamos ainda nosso forte trabalho coma Campanha Nacional de Educação. Durantea Semana de Ação Mundial pela Educação,que acontece todo ano em abril, e que tevecomo tema inspirador Diferenças Sim,Desigualdades, Não!, distribuimos materiais emobilizamos pelo menos cinco parceiros locaisem atividades que envolveram mais de 200 milpessoas em todos os estados do país.

Outra ação da Campanha Nacional deEducação foi a pressão para a aprovaçãodo Plano Nacional de Educação no Congresso.Esse Plano ainda está no parlamento e acampanha tem sido muito atuante, com váriasatividades em Brasília. Vinte e sete eventospúblicos foram realizados em 14 estadose no DF, com a participação de mais de 8 milpessoas, incluindo 30 parlamentares. A despeitoda pressão, a proposta de destinação de 10%do PIB para investimento público em educaçãoainda não avançou.

EMPODERAMENTO

Atividades para criançasapadrinhadas aumentam ointeresse das crianças na escolaUma escola de uma pequena comunidade rural no Estadoda Paraíba, onde a ActionAid atua, estava ameaçada defechar, pois só tinha 18 alunos. Nosso parceiro local,AS-PTA, contatou essa escola para organizar atividadeseducativas durante os períodos em que as criançasescrevem mensagens para seus doadores no Reino Unido.O efeito foi muito positivo na escola, pois atraiu muitosestudantes, e hoje 46 crianças estudam lá. “Quandoas atividades das mensagens começaram a acontecer nanossa escola, muitas crianças de comunidades vizinhascomeçaram a vir aqui. Essa iniciativa nos ajudou a aprendere a trabalhar na escola com vários temas que fazem parte

da realidade das crianças. Eles trouxeram as peçasteatrais com temas ligados à vida das crianças, à suacomunidade, à natureza, e foi um verdadeiro sucesso!As crianças não conseguiam parar de falar sobre isso.Um mapa da comunidade foi feito por elas, mostrandoas fontes de água, árvores, suas casas e a escola. Apósessa iniciativa, começamos a planejar as atividadesescolares de um modo diferente, relacionando oconteúdo de classe à realidade das crianças, e agoraé parte do nosso plano escolar. As peças de teatro,das quais antes as crianças tinham apenas ouvido falar,mudaram seu comportamento: hoje os alunos estão maisinteressados e organizados.”, conta Joselita Araújo,professora da escola. “Na escola, aprendi que a minhacasa, minha comunidade, tudo é parte do ambientee todo mundo precisa cuidar das árvores, se queremoster uma vida saudável.”, conta Thalita, 8 anos.

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DIREITOS DAS

Mulheres

265 mulheres de 45 grupos de agricultoresdessa região; o aumento da visibilidade dogrupo de produção culinária Maré de Sabores,do parceiro local Redes de Desenvolvimentoda Maré; e a incorporação gradual deperspectiva dos direitos das mulheres notrabalho do parceiro AS-PTA, na Paraíba,que promoveu, pela primeira vez, uma marchacelebrando o Dia Internacional da Mulher.

Realizamos ainda o projeto piloto CidadesSeguras para as Mulheres, em três cidadesde Pernambuco, Região Nordeste, e comquatro parceiros locais, e a preparação de umabase preliminar para identificar a vulnerabilidadede crianças e adolescentes (especialmentemeninas) provenientes de três localidadesda periferia do Recife, capital do Estadode Pernambuco. Esta pesquisa foi crucialpara a aprovação do projeto Redução daExploração Sexual de Meninas no Recife,cofinanciado pela organização Comic Relief,para a prevenção e proteção das crianças eadolescentes no contexto da exploração sexual,prostituição e uso de crack.

Atualmente o Brasil ainda é marcado pordesigualdades baseadas em gênero e raça.Dados de 2011 revelam que 35,2% dosdomicílios brasileiros são chefiados por mulheres;29,2% das mulheres negras não têm umaocupação remunerada; mulhereseconomicamente ativas gastam 22,4 horas porsemana para as tarefas domésticas, enquantoque os homens na mesma situação gastamapenas 9,8 horas; 91,4% das mulheres ematividades sem remuneração não contribuempara a previdência social; 43,1% das mulheresvítimas de abuso físico sofreram essa agressãona sua própria casa, e 36,8%, em vias públicas.Assim, a erradicação da pobreza significatambém superar as desigualdades de gêneroe assegurar a independência das mulheres.

Garantir a autonomia das mulheres continua a serum pilar fundamental do trabalho da ActionAid.É através de processos de formação, oficinas,intercâmbio de experiências e outras iniciativasque as mulheres desenvolvem capacidadese abrem novos caminhos para geração de rendae fortalecimento econômico e político.

Por meio do nosso trabalho com a CF-8, emMossoró/Rio Grande do Norte, as mulheres estãomelhorando a sua geração de renda ao acessarpolíticas públicas como o Programa de Aquisiçãode Alimentos (PAA), o Programa Nacional deAlimentação Escolar (PNAE) e o ProgramaNacional de Agricultura Familiar – Mulher(PRONAF). Em Alagoas, a parceria local MMTR-ALrealizou uma palestra para 31 famílias sobrea importância de fazer parte do PAA,especialmente para as mulheres. O parceiro CF8também utilizou a atividade com as crianças deredigir cartas para seus doadores para incentivarque elas refletissem sobre os papéis dos homense mulheres e as divisões de gênero.

Além disso, o CMTR-MA realizou quatro oficinasde formação em geração de renda, beneficiando120 mulheres. As oficinas destacaram aimportância da organização de grupos produtivospara acessar essas políticas de comercializaçãoe participar em feiras. Outro grande semináriocom 181 pessoas, das quais 127 eram mulheres,apresentou o acesso a programas e projetosdestinados a mulheres trabalhadoras rurais,associações e cooperativas.

Foram destaques também o trabalho defortalecimento do Fórum de Mulheres deMirandiba, conduzido pela Conviver, que envolve

EMPODERAMENTO

Fortalecimentoeconômico das mulheresEm 2011, os parceiros locais CF-8 (RN),CMN (PE) e CMTR (MA), em conjunto,aconselharam 82 grupos produtivosde mulheres, promovendo cerca de25 oficinas de capacitação e 11 trocasde experiências.

“Hoje eu sou outra mulher, maiscomunicativa, ativa, participativa,solidária, independente e feliz. Comosendo a representante e coordenadorado grupo, eu viajo para falar com nossasparcerias como o Banco do Brasil. Temoshá nove anos uma parceria com o Palácioda Alfândega, que nos permite produzirfantasias de Carnaval e melhorar o nossorendimento no começo de ano. Hojetemos nosso próprio estúdio.”, diz MariaCristina Sousa, costureira, assessoradapelo CMN (PE).

CAMPANHA

Mulheres marchampor direitos“É melhor morrer lutando, do que morrer de fome.”,afirmava a agricultora Margarida Alves.

Com o lema 2011 Razões para Marchar pordesenvolvimento sustentável com justiça, igualdade,autonomia e liberdade, 70 mil mulheres ruraisde todo o Brasil participaram da 4ª Marchade Margaridas, em Brasília, nos dias 16 e 17de agosto. Margarida Alves era uma agricultorae líder sindical que lutava pelos direitos. Ela foibrutalmente assassinada em 12 de agosto de 1983e deixou uma história inspiradora de lutas. O nomeda Marcha é uma homenagem a ela.

A Marcha é organizada por 14 grandes movimentos,federações e sindicatos de trabalhadores. Nesta4ª edição, 16 parceiros locais da ActionAid Brasilparticiparam. Seu objetivo é ser uma ação estratégicapara ganhar visibilidade, reconhecimento social epolítico, e cidadania plena para as mulheres rurais,do campo e da floresta. Uma semana antes damobilização nacional, os representantes de todos osmovimentos sociais organizadores já estavam tendoreuniões com os Ministérios do Meio Ambiente,Saúde, Desenvolvimento Social e outros, para garantirque as exigências fossem reconhecidas pelo governo.Em 2011, suas demandas foram divididas em seteáreas: biodiversidade e democratização dos recursosnaturais; terra, água e agroecologia; segurançae soberania alimentar e nutricional, autonomiaeconômica, geração de trabalho e renda; umaeducação não sexista, sexualidade e violência,saúde pública e direitos reprodutivos; e, por último,democracia, poder e participação política.

No final da Marcha, as mulheres rurais entregaramà presidente Dilma Rousseff um conjunto deexigências a serem negociadas com diferentespartes e ministérios do governo. As exigênciasforam apreciadas e respondidas pela presidenteDilma, definindo promessas do governo para cadauma das reivindicações feitas. Agora o movimentodas mulheres rurais está monitorando as açõesdo governo para que ele cumpra suas promessas.

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DIREITO À

Cidade e àParticipaçãoDemocrática

Os parceiros locais também expandiram seutrabalho em torno dos impactos de grandesintervenções urbanas e megaeventos nas cidades,participando das bases dos Comitês da Copa doMundo nas cidades do Rio de Janeiro e Fortaleza.É interessante notar a pesquisa realizada sobreo impacto de megaeventos no Complexo da Maré,área de trabalho do parceiro local Redes deDesenvolvimento da Maré. O seminário parao lançamento dos resultados da pesquisa mobilizoucerca de 250 moradores para a reflexão sobre oassunto. Atualmente, os líderes locais cobramacesso público aos orçamentos, projetos e aoslocais onde as construções serão feitas.

O CEACC, no Rio de Janeiro, realizou a atividadeMergulho na Cidade de Deus, discutindo comas crianças os principais problemas enfrentadosonde vivem. Também no Rio, o parceiro Redesde Desenvolvimento da Maré passou a envolveras crianças nas reuniões de pauta mensais daequipe do jornal Maré de Notícias, avaliando asquestões que são relevantes a partir de suaperspectiva. Destacamos ainda o trabalho dosparceiros locais ETAPAS e Conviver no projetoConstruindo Cidades Seguras para as Mulheres.

O governo também está atraindo muitosinvestimentos estrangeiros diretos, com ênfasena exploração de novas reservas de petróleoprofundas, nos investimentos de logísticae infraestrutura – com ênfase na construçãoe transporte, principalmente em construções,aeroportos e transportes urbanos para osmegaeventos (Copa 214 e Olimpíadas 2016).Investimentos no novo desenho urbano levamos mais pobres a serem despejados de áreasvaliosas e mandados para áreas remotas. Garantiro direito à cidade para todos e à participaçãodemocrática nos processos de decisão é um dostemas de trabalho da ActionAid.

Direito à cidade parasuperar a pobreza urbanaEm 2011, com nosso apoio, parceiros urbanosdesenvolveram iniciativas importantes paracombater a pobreza nas cidades. Por meiodo trabalho do parceiro local UNAS, na favelaHeliópolis, em São Paulo, cerca de 500 unidadeshabitacionais foram entregues, e o acesso à redede água e esgotos foi concedido a cerca de 90%da população local. Na favela Nova Holanda, doComplexo da Maré, no Rio, nosso parceiro localRedes de Desenvolvimento da Maré, juntamentecom redes locais, conseguiu garantir que mais de180 jovens completassem o ciclo complementardo ensino fundamental e do ensino médio.Na Cidade de Deus, o CEACC ajudou a reforçaros direitos cidadãos de 230 crianças e jovensatravés da implementação de atividadesesportivas e culturais. A abordagem baseadanos direitos adotada por estes parceiros estádando frutos em termos de mudanças duradourasnas vidas das pessoas no que diz respeito àhabitação e educação. Ampliamos nosso trabalhoem direito à cidade com o início da parceria coma organização FAMCC, no Piauí, que tambémé membro da União de Moradia Popular e doFórum Nacional de Reforma Urbana – FNRU.

Participação das pessoaspobres nas políticas públicasFizemos uma análise dos avanços e limitações datransferência de renda do programa Bolsa Família,que está sendo usada como uma ferramentapara a elaboração de posição da ActionAid Brasilsobre o novo programa social Brasil Sem Miséria,e como base para a construção de uma agendapopular de direitos.

O projeto ELBAG (Alfabetização Econômica emAnálise Orçamentária para Governança), coordenadopela ActionAid Brasil e realizado em diferentespaíses, conduziu sua primeira formação global edeu início às atividades locais na Guatemala eNicarágua. O projeto visa capacitar as comunidadespobres para monitorar o orçamento público e cobrartransparência dos seus governos. Houve uma breveconsulta com parceiros locais brasileiros sobresuas experiências de controle social sobre osorçamentos públicos para ilustrar o manual ELBAG.Mas permanece o desafio de fortalecer o tema domonitoramento do orçamento com as parcerias locaisno Brasil, que deve ser levado à frente em 2012,com o manual de ELBAG disponível em português.

CAMPANHA

A violência que as Mulheressofrem na cidade“Muitas vezes, eu desisti de ir a uma festa, porque oônibus não passa com muita frequência. Quando estoucom um homem eu espero pelo ônibus, mas, quandoestou sozinha, eu tenho medo de esperar, de serassaltada no ônibus e de chegar tarde demais. A ideiade andar sozinha me preocupa muito.” Maria de Souza,membro do Grupo Espaço Mulher na comunidade dePassarinho, Recife (PE).

Em 2011, a ActionAid Brasil, junto aos escritórios daorganização na Libéria, Nepal, Camboja e Etiópia,participou do projeto piloto Construindo Cidades Seguraspara as Mulheres. No Brasil, o processo foi desenvolvidoem cidades pequenas, médias e grandes de Pernambuco,em parceria com a CMN, ETAPAS, Conviver e CMC.O tema foi recebido por essas organizações comgrande entusiasmo, embora nem a ActionAid Brasilnem os seus parceiros tivessem experiência anteriorde trabalho focado na segurança pública das mulheres.O processo consistiu em analisar os impactos daviolência que as mulheres sofrem nos espaços públicos.Elas mesmas mapearam as inseguranças queenfrentam nos caminhos que percorrem dia a dia nassuas cidades, como, por exemplo, falta de luz,transportes inadequados, e que fomentam assédios detoda natureza. Debateram, então, como isso limita suaspossibilidades de escolha e desenvolvimento, comodesde fazer um curso noturno até que trajeto percorrer nacidade para garantir sua segurança, mesmo que isso lhesconsuma mais horas do dia. O projeto trouxe importantesaprendizados e dados relevantes para a continuidadedo trabalho da ActionAid nessa área. Um dosdestaques é a constatação de que os lugares públicosnão são tão públicos assim, e na verdade são entendidoscomo o “espaço expandido do lar”. A cidade abre osbraços à mulher como agente do consumo e fecha osolhos para a contribuição que essas mulheres trazemcomo trabalhadoras, para a economia das cidades. Outroexemplo são as mulheres, especialmente as negras, quecontinuam carregando os maiores fardos da pobreza, dadesigualdade e da violência. Ao fim da etapa de reflexão,iniciou-se o momento de estabelecer os diálogos locaisentre as mulheres e o poder público, abrindo-se umprocesso em que parte das demandas levantadas emum debate privado se transforma em objeto de debatepúblico. E, espera-se, políticas mais adequadas quemelhorem a qualidade de vida das mulheres nascidades em que vivem. Em 2012, a ActionAid Brasilvai continuar a discussão sobre cidades seguras apartir dos elementos discutidos no projeto piloto.

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SOLIDARIEDADE E

VisibilidadeAo final de 2011 conquistamos mais 2.772 novosdoadores brasileiros para nossa rede deapoiadores. Graças a esse crescimento, pudemosabrir uma nova área de trabalho no Piauí, um dosestados mais pobres do Nordeste, inteiramentefinanciada por doadores brasileiros. Lançamos oMulheres do Brasil, um produto regular de doaçãonovo, de apoio a nossas iniciativas de promoçãodos Direitos da Mulher. Iniciamos também comsucesso um programa de solidariedade pioneiro,por meio do qual doadores brasileiros podemapadrinhar crianças no Haiti.

Realizamos duas visitas a comunidades nas quaistrabalhamos. Uma aconteceu na Cidade de Deus,Rio de Janeiro, onde os doadores acompanharamum dia de atividades com as crianças envolvidasem nosso projeto. A outra visita foi uma novaedição do Mão na Massa, misto de turismoe ativismo social. Dessa vez, 12 doadoresembarcaram numa viagem de cinco dias paraconhecer a Chapada Diamantina, na Bahia,e depois seguiram para a comunidade de Barbosa,para construir em mutirão uma cozinha para umgrupo de mulheres de nosso projeto e, assim,ajudá-las a expandir suas atividades e gerar rendapara suas famílias.

O ano foi movimentado com a visita de grandescelebridades. Durante sua apresentação no Brasil,o ex-Beatle Paul McCartney tocou com três jovensmúsicos do projeto apoiado pela ActionAid noComplexo da Maré, no Rio de Janeiro, poucoantes de seu show no estádio do Engenhão, emmaio. O músico tocou a famosa canção Twist andShout no berimbau que ganhou dos jovens, e aindaaprendeu um baião e ensinou um blues.

A atriz britânica e embaixadora da ActionAid EmmaThompson também visitou a Maré com sua família,em visita ao Brasil, pintou azulejos com ascrianças, visitou a biblioteca e jantou com aembaixadora brasileira da ActionAid, a atriz JuliaLemmertz, sua filha Luiza, e as atrizes Malu Mader,Letícia Sabatella, Betty Gofman e o esposo HugoBarreto, e o ator Rodrigo Santoro. EmmaThompson compartilhou com os atores suaemoção em ter visitado a Maré e tantos outroslugares na África e na Ásia como embaixadora daActionAid, e pediu o envolvimento dos artistasbrasileiros na luta pelo fim da pobreza no Brasil.

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PRESTAÇÃO DE

contasA receita da ActionAid Brasil é composta pordoações regulares de pessoas físicas, de parceriasinstitucionais e de grandes doações individuais.Nossos doadores individuais são brasileiros,italianos, ingleses, suecos e gregos.

Em 2011, as doações de pessoa físicarepresentaram 99% da receita total. Apesar deuma perda significativa de receita de pessoa físicaproveniente da Grécia e ligeira perda no ReinoUnido, houve uma compensação por umcrescimento na Itália e Brasil.

Não houve novos contratos de parceriasinstitucionais (fontes oficiais e de outras parcerias),

mas mantivemos os atuais, que estão sendogerenciados desde antes de 2010. Nossos contratosatuais são com a Fundação Corti, União Europeia,Danida (governo da Dinamarca) e Ford Foundation.O contrato com a Wallace Foundation foi renovado.

Nossas contas foram auditadas e aprovadas pelaempresa BDO e pela auditoria interna da ActionAidInternacional. O Conselho e a Coordenação Gestorada ActionAid estão trabalhando juntos para controlare mitigar os riscos financeiros impostos pela criseeconômica na Europa e pela flutuação da moeda. Esteprocesso deve ser aprofundado em 2012, juntamentecom a flexibilidade necessária para adaptar os planosse ocorrer uma mudança substancial no contexto.

Receitas (R$)2009 2010 2011

Doações de pessoas físicas(brasileiras e estrangeiras) 9.612.157,24 11.104.476,64 11.082.747,84

Brasil 2.993.662,23Estrangeiro 8.089.085,61

Doações institucionais(AAI, fundações e agênciasde cooperação) 3.144.757,66 1.836.645,92 30.784,73

Total 12.756.914,90 12.941.122,56 11.113.532,57

Doações de pessoas físicas

Embora tenha havidocrescimento no númerode doadores, adesvalorização da libranão permitiu umaumento tão expressivoda receita.

Reservas2009 2010 2011

GBP (£) 954.000,00 953.000,00 148.000,00

Taxa Média 3,060 2,714 2,674

R$ 2.919.240,00 2.586.442,00 395.678,00

Análise Temática (R$)2009 2010 2011

Direito à Alimentação 3.220.658,22 39% 3.549.447,28 38% 3.361.193,29 41%

Direitos das Mulherese Afrodescendentes 2.080.515,15 25% 2.399.677,39 25% 1.981.386,87 24%

Direito à Educação 1.515.000,44 19% 1.941.536,00 21% 1.206.648,36 15%

Direito à ParticipaçãoDemocrática 1.370.175,76 17% 1.481.112,66 16% 1.672.016,50 20%

Total 8.186.349,57 100% 9.371.773,32 100% 8.221.245,02 100%

Despesas • Análise Estatutária (R$)2009 2010 2011

Projetos 8.186.349,57 65% 9.371.773,32 74% 8.221.245,04 66%

Captaçãode Recursos 1.889.157,59 15% 1.657.468,10 13% 1.872.700,00 15%

Gerais eAdministrativas 2.518.876,79 20% 1.642.280,20 13% 2.316.974,68 19%

Total 12.594.383,95 100% 12.671.521,62 100% 12.410.919,71 100%

Observação: Este demonstrativo contempla as despesas realizadas a partir de receitas oriundas de todas as doações recebidaspela ActionAid Brasil (do exterior e locais). As receitas locais (Apadrinhamento Brasil) são distribuídas da seguinte forma:Projetos – 80%, Administrativo – 10% e Captação – 10%

OndeatuamosSECRETARIADO INTERNACIONAL

Joannesburgo, África do Sul

ESCRITÓRIOS REGIONAIS

África ÁsiaNairobi, Quênia Bangcoc, Tailândia

Américas EuropaRio de Janeiro, Brasil Bruxelas, Bélgica

AMÉRICAS

Brasil | Estados Unidos | Guatemala | Haiti |Nicarágua | República Dominicana

EUROPA

Bélgica | Dinamarca | França | Grécia | Holanda |Irlanda | Itália | Reino Unido | Suécia

ÁSIA

Afeganistão | Bangladesh | Camboja | China |Índia | Laos | Mianmar | Nepal | Paquistão |Tailândia | Vietnã

ÁFRICA

África do Sul | Burkina Fasso | Burundi | Etiópia |Gâmbia | Gana | Quênia | Libéria | Malauí |Moçambique | Nigéria | República do Congo |Ruanda | Senegal | Serra Leoa | Somalilândia |Tanzânia | Uganda | Zâmbia | Zimbábue

OCEANIA

Austrália

ConselhoKristina MichahellesSilvio Caccia BavaLindolpho SouzaClelia MauryRudi LewinFátima MelloReginaldo Sales MagalhãesVerena AlbertiJacqueline PitanguyFrancisco Menezes

AssembleiaAndrea Alice da Cunha FariaBeatriz HerediaCarlos Eduardo de SouzaDavid Santos (Frei David)Guacira de OliveiraGustavo Lins RibeiroJosé Maurício ArrutiMaíra MartinsMaria Celi ScalonMarilene Souza

Conselho FiscalNelson de Almeida CostaUaçaí de Magalhães LopesAndrea Alice da Cunha Faria.

EQUIPE GESTORA

Gestor ExecutivoAdriano Campolina

Gestor de ProgramasAvanildo Duque

Gestora da RegiãoNordeste e do Programade Direito das MulheresAna Paula Ferreira

Gestor FinanceiroAdministrativoApostolos Michalas

Gestor de Captaçãode RecursosBruno Benjamim

Gestora deVínculos SolidáriosCelia Bartone

Gestora de Comunicaçãoe CampanhasGlauce Arzua

Parceiroslocais

AQCC

AS-PTA

ASSEMA

CAA

CAATINGA

CEACC

CF8

CMC

CMN

CMTR

COMSEF

Conviver

CTA

ESPLAR

ETAPAS

FAMMC

FASE

Grãos de Luz

MIQCB

MOC

MMTRP

MST

Redes deDesenvolvimentoda Maré

SASOP

UNAS

Rua Morais e Vale, 111 / 5º andar – CentroCEP 20021-260 Rio de Janeiro – RJ – BrasilTel.: +55 21 2189 4600Fax: +55 21 2189 [email protected]

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